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O Popular e o Nacional

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Seminário: o Popular e o Nacional
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Comunicação
ABI – Comunicação Social
História da Comunicação
Professor: Fernando Gerheim 
Noturno – EC3
Eduarda Gomes
Guilherme Moreno
Paulo Paiva 
Rodrigo Salgado
O presente seminário tem por fim aprofundar o conteúdo citado no capítulo O Popular e o Nacional do livro A Moderna Tradição Brasileira, de Renato Ortiz. Além disso, comporá a nota final da disciplina História da Comunicação. 
O Popular e o Nacional
	Para Ortiz, o advento da sociedade de consumo acarreta uma crescente despolitização da sociedade. A biografia dos grandes homens da ação da vida política, de empresários, cede lugar à dos ídolos do entretenimento (esportistas, artistas etc.). O estímulo não recai mais sobre a ação transformadora, mas sim no conformismo da nova sociedade. O processo de despolitização se vincula à própria lógica da cultura de massa, que por um lado diminui a expressão dos antagonismos criando uma unidimensionalidade social. Enquanto isso o individualismo, como uma concepção pública marcadamente burguesa, que carrega consigo o ideal de libertação, universaliza-se aumentando a demanda cultural do mercado.				
	Com a meta de atender esta demanda cultural de mercado, a imprensa passa a ser financiada pelo próprio mercado. Há em decorrência disso um processo de despolitização. O jornalismo, por exemplo, que anteriormente era político passa a ser o empresarial. Acaba-se com a noção do jornalismo com missão de atender as necessidades do público. Agora ele é efeito por e para resultados comerciais. Empresas como Última Hora e a TV Excelsior, que nasceram comprometidas politicamente, não resistem; apesar de possuírem as técnicas da indústria cultural, elas não detêm sua lógica (no caso, elas apoiam o populismo – decadente depois do golpe). A Globo, em contrapartida, numa aliança com o Estado para possibilitar os objetivos da intenção nacional, acaba por colher os benefícios do domínio televisivo.			
	Quando se analisa o período militar o que chama mais a atenção no que diz respeito à repressão cultural não é tanto a existência da censura, que de uma forma se encontra associada à existência em si do aparelho de Estado, mas a sua extensão, que se coaduna em pressões diretas e indiretas. No Brasil, o Estado é o agente da modernização. Questões como a contracultura, as drogas, a desarticulação do discurso e o modismo da psicanálise são encaradas cultura da depressão pós 1968 – vítimas do Estado autoritário e não do processo de racionalização da sociedade. A estes movimentos, no país, tradicionalmente responsabiliza-se a questão política e não de modificação estrutural da sociedade.
	Isto modifica a questão sobre o nacional e o popular. No Brasil a tradição intelectual registrava o popular como aquilo ligado ao folclórico e buscava alinhar isso à tradição nacional. Nos anos 1930 assiste-se, segundo o autor, a uma ebulição do folclorismo, mesmo porque a cultura popular é geralmente regional e opõe-se ao Estado centralizador; é um certo lamento cultural saudosista de quem havia perdido o poder político. Nos anos 1950 e 1960 a cultura popular é encarada como aquilo que deve levar as massas à consciência crítica, destacando-se o esforço de gente como Paulo Freire, instituições como o CPC da UNE, a Teologia da Libertação. Mas em ambos casos a cultura popular é encarada sob o prisma político, seja de formação da nação ou libertação da mesma.											A consolidação da Industria Cultural muda justamente este perfil. O popular passa a ser encarado como aquilo que é mais consumido, a aceitação da ideia de aprovação da população pelo consumo. Acentua-se a dicotomia entre trabalho cultural e expressão política. Quanto à questão do nacional, a indústria cultural redimensiona equacionando a identidade nacional, mas a reinterpretando em termos mercadológicos; são consumidores integrados. Há uma nítida reinterpretação da cultura nacional-popular para a cultura de mercado-consumo. A valorização do regional a partir de então se dará como parte do nacional. A televisão olha o regional a partir do centro, como fazendo parte de uma cultura cosmopolita, moderna e massificada.				
	A EMBRAFILME afirma incentivar o cinema que é consumido por todos e não mais um cinema “elitista”, segundo suas críticas ao Cinema Novo, que atingia apenas aqueles que tinham acesso a tal cultura. Ao falar de um cinema para todos, o faz com base na ideia de um mercado consumidor de massa. 
	Nesta época ascende na TV brasileira uma estática que visa construir uma realidade brasileira. Sair das temáticas estrangeiras para chegar àquilo que chamam de o mais próximo do cotidiano no Brasil. Há uma virada discursiva que atribui alienação ao desconhecimento da realidade da vida no Brasil. Há uma cruzada realista para atender a demanda de uma massa generalizada, ampla e comum. A partir daí haverá uma inclinação deste discurso a afirmar que esta linguagem é uma linguagem nacionalista. Esta postura aparenta a realização do projeto cultural dos anos 1950 e 1960, entretanto tudo se efetiva no contexto de uma cultura popular de massa no funcionamento da indústria cultural.

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