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Autor: Prof. Tadeu dos Santos Colaboradores: Prof. Wanderlei Sergio da Silva Profa. Christiane Mazur Doi Prática de Ensino: o Uso dos Recursos Didáticos em Sala de Aula Professores conteudistas: Tadeu dos Santos / Wanderlei Sergio da Silva Tadeu dos Santos Graduado em Psicanálise pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP‑SP), em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Professor Carlos Pasquale (FFCLQP), especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC‑SP), mestre em Educação pelo Programa de Supervisão e Currículo da PUC‑SP e doutor em Ciências da Religião, com ênfase em Teologia e História pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP‑SP). De 1987 a 2003, atuou na Rede Estadual e Municipal de Ensino na cidade de São Paulo como professor, vice‑diretor e diretor de escola. A partir de 1997, no Ensino Superior, foi professor e coordenador de curso de Pedagogia e Educação Física nos municípios de São Paulo e Santos. Em 2015, ingressou como docente na UNIP, lecionando disciplinas didático‑pedagógicas no curso de Pedagogia. Também trabalhou como orientador de estágio na Coordenadoria de Estágios em Educação. Wanderlei Sergio da Silva Graduado em Geografia e mestre em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP), e doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Trabalhou durante 15 anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) em pesquisas relacionadas às geociências e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, totalizando cerca de 100 projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. Em 2001, ingressou na UNIP, onde lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo relacionadas à Geografia, ao Meio Ambiente e ao Planejamento, bem como matérias didático‑pedagógicas no curso presencial de Psicologia (licenciatura). É líder da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor responsável pelas disciplinas relacionadas a Prática de Ensino, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da Educação. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S237p Santos, Tadeu dos. Prática de ensino: o uso dos recursos didáticos em sala de aula / Tadeu dos Santos. – São Paulo: Editora Sol, 2024. 48 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230. 1. Recursos. 2. Sala de aula. 3. Tecnologias. I. Título. CDU 371.133 520.01 – 24 Profa. Sandra Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora das Unidades Universitárias Profa. Silvia Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Revisão: Prof. Alexandre Ponzetto Vitor Andrade Luiza Gomyde Sumário Prática de Ensino: o Uso dos Recursos Didáticos em Sala de Aula APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 1 O QUE SÃO OS RECURSOS DIDÁTICOS? ....................................................................................................9 2 A INCLUSÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NA ESCOLA ..................................................................... 11 3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NA EDUCAÇÃO ..................... 14 4 SITUAÇÕES DE MODELIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA ............................................................................................... 18 5 A TV E O VÍDEO NA SALA DE AULA .......................................................................................................... 18 5.1 Cinema ...................................................................................................................................................... 20 6 A FOTOGRAFIA NA SALA DE AULA ............................................................................................................ 21 7 NAVEGAR É PRECISO: A WEB 2.0 E SUAS FERRAMENTAS ............................................................. 25 7.1 O blog na educação ............................................................................................................................. 26 7.2 Wiki e Google Docs .............................................................................................................................. 27 7.3 Redes sociais .......................................................................................................................................... 27 7.4 Webquest ................................................................................................................................................. 27 7.5 Streaming ................................................................................................................................................ 29 8 DESAFIOS: A MODELIZAÇÃO DA PRÁTICA INTEGRANDO OS VELHOS E OS NOVOS RECURSOS DIDÁTICOS ...................................................................................................................... 31 7 APRESENTAÇÃO Esta disciplina analisa a importância dos recursos didáticos em sala de aula. Para tanto, tem início com a conceituação de tais recursos e seus históricos, a fim de inserir o futuro professor no contato com esta temática. Posteriormente, são apresentadas situações de modelização da prática pedagógica no uso desses recursos em sala de aula, favorecendo a observação de práticas pedagógicas de cunho interdisciplinar. A sala de aula é um lugar privilegiado em que ocorre o encontro de alunos com professores e entre alunos. Ela pode ser um espaço lúdico ou autoritário, ou um lugar onde vozes silenciadas do currículo se posicionam ou se calam. Cabe ao professor criar um espaço democrático que estimule a criatividade e a reflexão, no qual tais vozes sejam ouvidas e respeitadas. A questão no cerne da sala de aula é o processo de ensino/aprendizagem. Nele, os recursos didáticos são elementos que proporcionam ao professor referências e critérios para tomar decisões na formulação de seu planejamento e nas suas intervenções. Durante muito tempo, a lousa, o giz, os livros didáticos e os textos escritos foram os recursos mais utilizados pela prática docente. Atualmente, as tecnologias da informação e comunicação estão no centro das discussões. A TV, o vídeo, o blog e as ferramentas coletivas on‑line – como Wiki e Googleservir de orientação ao aluno. 7) Os alunos irão expor a problemática levantada. O professor deve liderar a discussão, tendo em vista que já realizou a leitura dos textos. Serão exercitadas nesta fase a tolerância, a convivência e a liberdade de expressão. 8) Professor e alunos produzirão um texto coletivo tendo como referência as produções individuais e coletivas. 9) Os alunos irão decidir como farão a apresentação da produção. 10) Nesta fase, o professor deve solicitar ao aluno para avaliar cada momento do projeto. A avaliação é formativa, e o portfólio é uma boa opção para a avaliação. A respeito da avaliação formativa, veja o que diz Zabala (1998, p. 201): A partir de uma opção que contempla como finalidade fundamental do ensino a formação integral da pessoa, e conforme uma concepção construtivista, a avaliação sempre tem que ser formativa, de maneira que o processo avaliador, independentemente se seu objeto de estudo, tem que observar as diferentes fases de uma intervenção que deverá ser estratégica. Quer dizer, permita conhecer qual é a situação de partida, em função de determinados objetivos gerais bem definidos (avaliação inicial); um planejamento da intervenção fundamentado e, ao mesmo tempo, flexível, entendido como uma hipótese de intervenção; uma atuação na aula, em que as atividades e tarefas e os próprios conteúdos de trabalho se adequarão constantemente (avaliação reguladora) às necessidades que vão se apresentando para chegar a determinados resultados (avaliação final) e a uma compreensão e valoração sobre o processo seguido, que permita estabelecer novas propostas de intervenção (avaliação integradora). No projeto de aprendizagem colaborativa, professor e aluno são participantes ativos na construção do conhecimento. A metodologia proposta por Moran, Masetto e Behrens (2013) também compreende em suas fases os princípios básicos da educação divulgados pela Unesco: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. 36 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Todavia, um projeto de aprendizagem colaborativa só fará sentido se vinculada a uma proposta curricular em rede, porque todo tema, quando contextualizado, está ligado a uma rede de significados. A organização curricular linear tradicional, isto é, a que ainda temos no Brasil, que tem uma sequência de assuntos a serem trabalhados nas disciplinas, limita o aluno a perceber que os conhecimentos se relacionam de forma complexa e transversal. A escola vive um descompasso em relação à sociedade atual, na qual crianças, jovens e adultos recebem informações em uma rede que é atualizada a todo momento. Há um longo caminho a ser percorrido. Muitas transformações serão necessárias para a modelização da prática pedagógica diante dos recursos didáticos da era digital, inclusive porque há lugares no Brasil onde não há acesso à rede de internet, ou que ela ainda é deficitária, onde encontramos somente o quadro negro, o livro didático e o giz. Contudo, o uso consciente dos recursos didáticos implica acompanhar as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, superando os tradicionalismos. As práticas sociais contemporâneas são participativas e colaborativas. Esse fato gerou uma mudança de mentalidade em nossos jovens, apesar de a escola continuar operando no modelo hierárquico, centralizado e disciplinador, criando uma tensão entre os imigrantes digitais e os nativos digitais. A maneira de ensinar dos imigrantes digitais (professores) nem sempre está de acordo com a melhor forma de aprender ou que desperte interesse dos nativos digitais (alunos). O uso dos diferentes recursos didáticos, com linguagens distintas, aproxima professor e aluno. A formação continuada dos professores pode diminuir esse hiato entre os imigrantes digitais e os nativos digitais. Por meio dos saberes dos docentes, construídos e delineados por Tardif (2002), é possível observar que a formação do professor não se restringe somente aos anos em que uma pessoa frequenta a universidade, cursos de graduação ou em sua formação continuada em cursos de pós‑graduação, especialização e/ou atualização, mas tem início no processo de socialização primária – sobretudo nos anos de escolaridade anterior à formação profissional. O docente, mesmo antes de ingressar no curso de formação de professores, tem uma representação do que é ser professor e o que é seu local de trabalho, a escola. Ele já frequentou a escola por pelo menos 12 anos, período necessário a sua chegada à universidade. Como nos diz Tardif (2002), “[...] uma boa parte do que os professores sabem sobre o ensino, sobre os papéis dos professores e sobre como ensinar provém de sua própria história de vida, principalmente de sua socialização enquanto aluno”. Entretanto, a educação acadêmica é indispensável para a formação docente, pois é nela que o formando poderá questionar e refletir sobre seus saberes adquiridos em fases pré‑profissionalizantes e complementá‑los com os saberes técnicos indispensáveis para o exercício da profissão. Por meio do conhecimento técnico, terá condições de compreender o que ensinar e aprender. Assim, poderá construir conceitos e valores novos sobre a escola e a profissão que almeja. Essa trajetória, que se inicia nos bancos escolares, se estenderá por toda a sua vida, porque “os saberes dos professores são temporais, são utilizados e se desenvolvem no âmbito de uma carreira, isto é, ao longo de um processo temporal de vida profissional de longa duração” (Tardif, 2002, p. 70). 37 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Por esse motivo e por vivermos em um momento histórico em que a única constante é a mudança, os professores precisam encarar sua formação como ininterrupta. A formação continuada está de acordo com a necessidade de o docente ser um dos principais protagonistas da mudança, pelo menos no âmbito da escola; portanto, sua formação e sua prática têm que ser constantemente revistas, repensadas. Nóvoa (1992, p. 23) diz que “o aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. Ainda a respeito disso, Nóvoa (1997, p. 26) acentua que “a troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado para desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando”. O autor destaca que isso enriquece cada vez mais seus saberes e suas práticas, dando‑lhe autonomia e segurança em sua reflexão. A formação permite ao professor não só o saber em sala de aula, pois ele precisa conhecer as questões da educação e as diversas práticas analisadas pelas perspectivas das várias teorias pedagógicas. É necessário, também, conhecer o desenvolvimento de seu aluno em seus múltiplos aspectos: afetivo, cognitivo e social, bem como refletir criticamente sobre seu próprio papel diante de seus alunos e da sociedade. É preciso ampliar a compreensão do saber ensinar, pois, segundo Tardif (2002), os fundamentos do ensino são, ao mesmo tempo, existenciais, sociais e pragmáticos. São existenciais porque o professor é um ser no mundo, e seu pensamento parte de sua história de vida, ou seja, de seu processo de construção de identidade. Nesse contexto, o indivíduo articulará fatores biológicos, psicológicos e sociais, criando um conjunto que se manifesta no nível intraindividual, por meio da consciência e das atividades, e no nível interindividual, considerando as relações entre indivíduo com os grupos aos quais pertence. O processo de construção da identidade se dá pelo diálogo interno do indivíduo e pela interiorização da realidade social, que constituem as relações interpessoais. Esse é um processo de transformação (Ciampa, 2001). Na visão de identidade aqui usada, ou seja, na ótica de Ciampa, a identidade é uma unidade contínua de transformação em um processo histórico e no qual a históriaé da autoprodução humana, o que faz do ser humano um ser de possibilidades. A formação continuada dos professores é uma das possibilidades da escola para começar a se reorganizar. Por fim, os recursos didáticos têm um papel importante no processo de ensino/aprendizagem, cabendo ao professor aproveitá‑los como meio de estimular a pesquisa, o acesso à informação e construção do conhecimento, integrando as diferentes linguagens – oral, escrita e digital. Observação Para Karnal (2016, p. 94), uma boa aula é aquela que instiga, faz pensar e provoca reflexão. “Uma boa aula não precisa de tecnologia. A tecnologia é uma ferramenta privilegiada, jamais o objetivo em si”. 38 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Resumo As transformações que estão ocorrendo a nível mundial desde o final da década de 1980, após o fim da Guerra Fria, como a globalização econômica, a mundialização da cultura, a redução das distâncias espaçotemporais e o questionamento das identidades mestras, baseadas na ideia de raça, fazem que a escola reveja o seu papel e suas práticas. Vimos que as pesquisas realizadas no campo da educação nesses últimos anos têm promovido grandes debates sobre os meios de ensino mais viáveis para atender às necessidades de alunos e professores no contexto escolar que ainda mistura velhas e novas concepções de ensino. Diante desse cenário, a renovação pedagógica preconiza o papel central dos professores no planejamento de sua prática. Nesse processo, os recursos didáticos são um dos elementos que proporcionam ao docente referências e critérios para tomar decisões durante a formulação de seu planejamento e nas intervenções no processo ensino/aprendizagem. Durante muito tempo, a lousa, o giz, os livros didáticos e os textos escritos foram os recursos mais usados na prática docente. Na sociedade atual, as TICs estão no centro das discussões. A TV, o vídeo, o blog, as ferramentas coletivas como Wiki e Google Drive, por exemplo, são os recursos didáticos mais aplicados para promover a aprendizagem. O uso dos diferentes recursos na educação está relacionado com a evolução do homem e o desenvolvimento das tecnologias de cada época. Estudamos o conceito de recursos didáticos e como eles estiveram presentes no cenário educacional, aproximando‑se da temática. Depois, elencamos situações de modelização da prática pedagógica tendo em vista o avanço da era digital. 39 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Exercícios Questão 1. Vimos, no livro‑texto, que em 1996 a Unesco, por meio da Comissão Mundial para a Educação do Século XXI, repensou o papel da educação no contexto da globalização. Essa comissão elaborou um amplo relatório, propondo quatro pilares para servirem de base à educação do atual milênio. Esse relatório resultou no livro intitulado Educação: um tesouro a descobrir, sob a coordenação de Jacques Delors. A obra afirma que a principal função da educação é fazer que todos possam descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo, redescobrindo o tesouro escondido em cada pessoa. Figura 9 Disponível em: https://shre.ink/rUyc. Acesso em: 11 mar. 2024. Conforme Delors et al. (2001), os quatro pilares para a construção desse paradigma são: • aprender a conhecer; • aprender a fazer; • aprender a conviver; • aprender a ser. 40 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Em relação a esses pilares, avalie as afirmativas. I — O “aprender a conhecer” visa essencialmente ao domínio de um repertório de saberes codificados. II — O “aprender a fazer” tem vínculo com a questão da formação profissional: como ensinar o aluno a colocar em prática os seus conhecimentos e como adaptar a educação ao trabalho. III — O “aprender a ser” considera que a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa D. Análise da questão Delors et al. (2001) acentuam o seguinte: • Aprender a conhecer: visa não tanto um repertório de saberes codificados, mas antes o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Pode ser considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida humana. Aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. • Aprender a fazer: aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Contudo, a segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a colocar em prática os seus conhecimentos e, também, como adaptar a educação ao trabalho. • Aprender a conviver: a educação formal e outras organizações educativas e associações devem, em seus programas, iniciar os jovens em projetos de cooperação. Na prática letiva diária, a participação de jovens e professores em projetos comuns pode dar origem à aprendizagem de métodos de solução de conflitos e constituir uma referência para a vida futura dos alunos. 41 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA • Aprender a ser: a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo ser humano deve estar preparado para ser autônomo e decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. Questão 2. De acordo com Silva (2012, p. 27), “na escola, a TV e o vídeo também precisam funcionar como recursos tecnológicos incorporados à prática pedagógica dos professores, contribuindo para o processo de inclusão digital [...]. Moran (1995) faz as seguintes propostas de utilização de vídeo na escola: • vídeo como sensibilização; • vídeo como ilustração; • vídeo como conteúdo de ensino; • vídeo como produção; • vídeo como espelho; • vídeo como integração/suporte de outras mídias. Em relação a essas utilizações, avalie as afirmativas. I — O vídeo como ilustração pode ser usado para auxiliar a mostrar o que se fala em aula e a compor cenários desconhecidos pelo aluno. II — O vídeo como produção pode ser empregado para o registro de eventos, de aulas, de estudo do meio, de experiências, de entrevista e de depoimentos. III — O vídeo como espelho pode ser utilizado para o professor se ver na tela, examinar sua comunicação com os alunos e, assim, aprimorar‑se. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa E. 42 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Análise da questão Segundo Moran (1995), temos o que segue: • Vídeo como sensibilização: é o de uso mais importante na escola, por possibilitar introduzir um novo assunto para despertar a curiosidade e a motivação para novos temas. • Vídeo como ilustração: para ajudar a mostrar o que se fala em aula, compor cenários desconhecidos pelo aluno. • Vídeo como conteúdo de ensino: para ser usado como webaulas, com assuntos preparados para alunos e organizados como conteúdos didáticos. • Vídeo como produção: registro de eventos, de aulas, de estudo do meio, de experiências, de entrevista, de depoimentos. 1) Como intervenção: visa interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma trilha sonora, ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. 2) Como expressão: os alunos devem ser incentivados a produzir dentro de uma disciplina ou de forma interdisciplinar vídeos que possam ser publicados. • Vídeo como espelho: é de grande valia para o professor se ver na tela, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos. • Vídeo como integração/suporte de outras mídias: vídeo como suporte da televisão e do cinema. Pode‑se gravar programas importantes de televisão para utilizaçãoem aula. 43 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA REFERÊNCIAS Audiovisuais ANTUNES, A.; BELOTTO, T. FOMER, M. Televisão. In: Titãs. Televisão. Rio de Janeiro: Warner Music, 1985. CD. Faixa 1. CONSTRUÇÃO da escrita – parte 1. Publicado pelo canal Nova Escola. 2011. 1 vídeo. (9 min). Disponível em: https://shre.ink/r1Us. Acesso em: 11 mar. 2024. CONSTRUÇÃO da escrita – parte 2. Publicado pelo canal Nova Escola. 2011. 1 vídeo. (6 min). Disponível em: https://shre.ink/r1UW. Acesso em: 11 mar. 2024. CONSTRUÇÃO da escrita – parte 3. Publicado pelo canal Nova Escola. 2011. 1 vídeo. (9 min). Disponível em: https://shre.ink/r1Ud. Acesso em: 11 mar. 2024. CONSTRUÇÃO da escrita – parte 4. Publicado pelo canal Nova Escola. 2014. 1 vídeo. (10 min). Disponível em: https://shre.ink/r1UT. Acesso em: 11 mar. 2024. ENCONTRO com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá. Direção: Sílvio Tendler. Rio de Janeiro: Caliban Produções, 2006. 90 min. GILBERTO GIL. Pela internet. In: GILBERTO GIL. Quanta. Atascadero: Mesa/Bluemoon Recordings, 1997. 1 CD. Faixa 10. MARTINHO DA VILA. Pelo telefone. Compositores: Donga e Mauro de Almeida. In: MARTINHO DA VILA. Origens (Pelo telefone). Nova York: RCA Records, 1973. 1 CD. Faixa 7. PRO DIA nascer feliz. Direção: João Jardim. Brasil: Copacabana Filmes, 2006. 88 min. A REDE social. Direção: David Fincher. EUA: Columbia Pictures. 2010. 121 min. Textuais BEHRENS, M. A. Paradigma da complexidade: metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios. Petrópolis: Vozes, 2006. BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. In: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. ed. Campinas: Papirus, 2013. (Coleção Papirus Educação) BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 009/2001. 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Para que os pontos elencados sejam desenvolvidos com clareza, veremos, inicialmente, o conceito de recursos didáticos e como eles estiveram presentes no cenário educacional, visando a aproximá‑lo da temática trabalhada. Em seguida, apresentaremos situações de modelização da prática pedagógica tendo em vista o avanço da era digital. Vamos lá! Boa leitura! 8 INTRODUÇÃO As teorias críticas e pós‑críticas que ganharam espaço nas discussões educacionais a partir da década de 1980 não se limitaram a perguntar “o quê?”; incluíram questões como “por quê?”, “por que esse conhecimento, e não outros?”, “por que privilegiar determinado tipo de identidade e cultura, e não outra?”. Os aspectos sociológicos e antropológicos que passaram a pautar as discussões curriculares questionavam, por exemplo, o fazer pedagógico e a relação da formação dos professores a questões políticas, sociais e culturais. As pesquisas realizadas no campo da educação nos últimos 20 anos têm promovido grandes debates em relação aos meios de ensino mais viáveis para atender necessidades dos alunos e dos professores no contexto escolar perante os avanços tecnológicos. Para tal, buscam integrar e inserir a tecnologia no fazer pedagógico e expandir os limites temporais e espaciais da sala de aula. O uso de materiais concretos como lousa, giz, material dourado, ábaco, jogos, computador, slides, filmes e outros recursos para trabalhar o conhecimento do aluno constitui uma ação didática, e o emprego desses recursos está alinhado com uma certa época e certa experiência profissional. Dessa forma, os recursos didáticos têm relevância inegável, pois estão inseridos no campo da didática, essencial na formação do professor que busca desenvolver uma postura crítica e reflexiva do fazer pedagógico. O uso das tecnologias de informação e comunicação no contexto escolar é um assunto amplamente discutido. Hoje, por exemplo, a EAD é uma realidade. Há três décadas não imaginaríamos que isso poderia ocorrer. O uso da internet implica questões econômicas e sociais, e por isso ela é considerada um fenômeno global; por transformar o modo da sociedade se organizar. Impulsionada pela era digital, a comunicação ficou mais ágil por meio das redes digitais de telecomunicações e similares; consequentemente, acelerou a transmissão e distribuição de informações multimídia (texto, imagem, vídeo e som). Nesse contexto, o acesso à informação e ao conhecimento está na palma de nossas mãos. A escola já não é o único espaço para buscar conhecimento, que agora podemos acessar de qualquer lugar e a qualquer hora. É importante salientar que, diferentemente do que diz o senso comum, o uso das tecnologias da informação e do conhecimento não diminui o papel da escola e do professor. 9 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA 1 O QUE SÃO OS RECURSOS DIDÁTICOS? De acordo com o Dicionário etimológico da língua portuguesa, a palavra recurso é um substantivo masculino que significa “ato ou efeito de recorrer, auxílio, meio de provocar a reforma ou a modificação” (Cunha, 2007). Assim, podemos dizer que recurso didático pode ser considerado um conjunto de dispositivos que auxilia o professor no processo ensino/aprendizagem. Marcos Pereira dos Santos (2005), em sua pesquisa sobre a origem e inclusão dos recursos didáticos na educação, destaca que eles, de início, eram tidos como meios de ensino. Com o passar dos anos e o desenvolvimento científico, cultural e social, eles ganharam importância no cenário educacional e passaram a receber diferentes denominações: recursos audiovisuais, educação visual, material de instrução, educação audiovisual, recursos de aprendizagem, meio educacional, tecnologia da educação, comunicação educacional e engenharia audiovisual. Observação Apesar das diferentes denominações, os recursos didáticos são os meios utilizados pelo professor e/ou escola para atingir os objetivos educacionais. De acordo com Candau (1983), o processo ensino/aprendizagem é multidimensional por abarcar, por exemplo, a dimensionalidade técnica, que se refere a uma ação pedagógica intencional, sistemática, e que busca organizar as condições que melhor propiciem a aprendizagem. Todavia, a autora acentua que a dimensão técnica não deve estar dissociada das questões político‑sociais e ideológicas. O fazer deve estar sempre associado a perguntas: “por que fazer?” e “para que fazer?”, para que a ação pedagógica não fique abstrata e descontextualizada. Para Silva (2003), as teorias tradicionais de educação, ao aceitarem o status quo, ou seja, os conhecimentos e saberes dominantes, acabaram privilegiando a técnica “quê? e “como?”, ou, em outras palavras, “como temos esse conhecimento inquestionável a ser transmitido, qual é a melhor forma de transmiti‑lo?”. Pesquisas realizadas no campo da educação nos últimos 20 anos promoveram grandes debates sobre os meios de ensino mais apropriados para atender a necessidades de alunos e professores no contexto escolar diante dos avanços tecnológicos, buscando inserir e integrar a tecnologia no fazer pedagógico e expandir os limites temporais e espaciais da sala de aula. Apesar dos constantes questionamentos, não podemos negar a importância dos recursos didáticos na educação. Historicamente, eles se constituem como uma das principais vias para a apreensão dos conteúdos curriculares pelos alunos. O pesquisador Schramn (apud Santos, 2005) classificou os recursos de ensino em quatro gerações: • Meios de ensino de primeira geração: cartazes, mapas, gráficos, materiais escritos, exposições, modelos, quadro‑negro etc. 10 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA • Meios de ensino de segunda geração: manuais, livros‑texto e de exercícios, testes impressos. • Meios de ensino de terceira geração: fotografias, diapositivos, filmes mudos e sonoros, discos, rádio, televisão. • Meios de ensino de quarta geração: instrução programada, laboratórios de línguas e emprego de computadores. A classificação de Schramn foi feita com base na evolução histórica e na aplicação desses recursos ao longo do tempo e da história da educação. No Brasil, a mais conhecida é a destacada no quadro a seguir. De acordo com Parra (apud Haydt, 2011), podemos elencá‑los em: • Recursos visuais: apelam para a visão. • Recursos auditivos: aplicados para a audição. • Recursos audiovisuais: reúnem estímulos visuais e auditivos. Quadro 1 – Classificação brasileira de recursos audiovisuais Recursos visuais Recursos auditivos Recursos audiovisuais Álbum seriado Aparelho de som Filmes Cartazes Discos Dispositivos e filmes sem som Exposição Fitas cassete Cinema sonoro Fotografias CDs Televisão Flanelógrafo Rádio Videocassete Gráficos CD‑ROM Programa para computadores com som Gravuras Aparelho de DVD Mapas Computador Modelos Mural Museus Objetos Quadro de giz Quadros Transparências Fonte: Mello (2004). Na atualidade, outros recursos didáticos são agregados a recursos audiovisuais pautados na internet: base de dados, e‑mail, áudio e videoconferência, como propõe Gil (2005). 11 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Nas duas classificações apresentadas, podemos perceber que os recursos estão categorizados. Apesar de terem sido introduzidos em épocas diferentes e serem distintos, privilegiando em determinados momentos o ensino individual e em outros o coletivo, muitos desses recursos (quadro‑negro, livro didático, cartazes, flanelógrafo, mapas, rádio, televisão etc.), aliados a ferramentas da era digital (computador, câmera digital, internet), têm sido utilizados pelos professores atualmente (Santos, 2005). 2 A INCLUSÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NA ESCOLA Os recursos didáticos comomeio e/ou material usados pelo professor para auxílio no processo ensino/aprendizagem são antigos. O século XVII marca o nascimento da escola moderna, influenciada por várias questões: revolução cultural e educativa do humanismo, tensões da Reforma e da Contrarreforma, crise da escolástica, revolução burguesa e ascensão do Estado, que busca a formação de técnicos com conhecimentos específicos. Organizada e administrada pelo Estado, a escola passa a ser responsável pela formação do homem cidadão, do homem técnico, do intelectual, e não somente o bom cristão ou católico dos séculos anteriores. Todavia, foi no século XVIII, com o processo de laicização, que nasceu a escola nos moldes contemporâneos, com características públicas, estatais e civis, com uma estrutura sistêmica e crença na alfabetização como processo de crescimento democrático e coletivo. Na Europa, essa crença levou à produção e difusão do livro, que veio a exercer uma ação também educativa (Cambi, 1999). No Brasil, esse modelo de escola laica chegou tardiamente. O modelo de escola do século XVI até o início do século XX é centrado na transmissão de conhecimentos pelo professor. O aluno era um ser passivo, que deveria assimilar as explanações dadas pelo docente. O papel ativo cabia a este, e o estudante era um simples receptáculo que recebia as informações, sem interagir. A prática pedagógica tinha como foco a memorização, e as atividades não eram necessariamente contextualizadas. A aula expositiva era o método mais usado, e ganha importância, nesse contexto, o livro didático, o giz e o quadro‑negro. O recurso didático servia apenas como apoio, e era preparado antecipadamente. Cabia somente ao aluno aprender o que já era predeterminado. Esse modelo de prática pedagógica ficou conhecido como pedagogia tradicional. A pedagogia da escola nova, disseminada no início do século XX, diferentemente da pedagogia tradicional, buscava colocar o aluno como centro do processo e recomendava o uso dos métodos ativos, sugerindo que o professor utilizasse todos os recursos que estivessem a seu alcance e que envolvesse a realidade de seus alunos no processo educativo, com a finalidade de ativar os processos mentais e estimular seu interesse. Nesse cenário, ganhou relevância Maria Montessori, que criou uma série de atividades sensoriais para as crianças na fase pré‑escolar e escolar. Ela pode ser considerada um marco entre o método intuitivo dos realistas e os métodos ativos. No que se refere ao uso dos recursos audiovisuais, a didática renovada dos métodos ativos teve como destaque Célestin Freinet. Ele sugeriu usar o cinema na educação como forma de suscitar debate e discussões. Propôs o uso da biblioteca, que denominava biblioteca escolar, para o uso de pesquisa e consulta. Criou a proposta da imprensa na escola para editar o material escrito pelos próprios alunos. Todavia, foi na Segunda Guerra Mundial que o uso dos recursos audiovisuais ganhou força. Os EUA desenvolveram um programa de formação militar para os 12 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA jovens que tinha como instrumento básico os recursos audiovisuais. Devido ao sucesso do programa, eles foram incorporados à educação (Haydt, 2011). A inclusão dos recursos didáticos audiovisuais na educação levou ao desenvolvimento da ideia de que uma boa escola, equipada com recursos didáticos (laboratórios organizados, equipamentos, manuais técnicos, livro didático etc.), seria a base para uma educação eficiente. A interação entre professor e aluno ainda era mínima; a maior interação era com a tecnologia. Pautada na eficiência, racionalidade e produtividade, a pedagogia tecnicista tinha como base o planejamento e as técnicas instrucionais, com o objetivo de formar cidadãos competentes para atuar no mercado de trabalho: a escola formaria a mão de obra, e por isso a adoção dos cursos técnicos nas escolas foi grande nesse período. No Brasil, essa pedagogia marcou a década de 1970. Forjada no seio de uma sociedade capitalista com base no sistema fabril, o professor passou a ser visto como o responsável por disseminar os conteúdos científicos (elaborados pelos técnicos de ensino) aos alunos. Essa época foi marcada pela valorização da tecnologia, do capital e da indústria. Na década de 1980, as discussões educacionais no Brasil surgiram em razão de duas correntes denominadas progressistas: pedagogia crítico-social dos conteúdos e pedagogia libertadora, de Paulo Freire. Educadores como Dermerval Saviani, Libâneo e Guiomar Namo de Mello estavam à frente da pedagogia crítico‑social dos conteúdos. Eles defendiam a função social transformadora da educação, porém sem desconsiderar a importância dos conteúdos acumulados pela sociedade. De acordo com Libâneo (2006, p. 70), Para a pedagogia crítico‑social dos conteúdos, a escola pública cumpre a sua função social e política, assegurando a difusão dos conhecimentos sistematizados a todos como condição para a efetiva participação do povo nas lutas sociais. Não considera suficiente colocar como conteúdo escolar a problemática social cotidiana, pois somente com o domínio do conhecimento, habilidades e capacidades mentais podem os alunos organizar, interpretar e reelaborar as suas experiências de vida em função dos interesses de classe. O que importa é que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experiências socioculturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos. Paralelamente, essa pedagogia convivia com a pedagogia libertadora, relativa à questão dos conteúdos. Paulo Freire, entre outros, defendia que a atividade escolar deveria estar centrada nas discussões sociais e políticas. [...] poder‑se‑ia falar de um ensino centrado na realidade social, em que professor e alunos analisam problemas e realidades do meio socioeconômico e cultural, da comunidade local, com seus recursos e necessidades, tendo em vista a ação coletiva diante desses problemas e realidades (Libâneo, 2006, p. 69). 13 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Em ambas as tendências, os livros didáticos sofreram duras críticas. Os tradicionais métodos de alfabetização de marcha sintética e analíticos, que usavam a cartilha, começaram a ser questionados. Entravam em cena as pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita de Emilia Ferreiro. Alguns recursos, como material dourado nas aulas de matemática, ganharam maior expressividade na prática docente, bem como o uso de vídeos e livros paradidáticos. Esses recursos também eram utilizados na formação dos professores, como o documentário A construção da escrita. As novas propostas estavam sendo discutidas, mas as velhas práticas ainda habitavam a sala de aula. Muitos professores ignoravam as novas propostas, que eram verticalizadas de cima para baixo. Foram anos de muitas mudanças, e as principais só ocorreram no início da década de 1990, impulsionadas pelas novas tecnologias e pelo avanço da globalização. Esse processo representou o ápice das grandes mudanças no planeta, destacando‑se a revolução tecnológica (cibernética, informática, eletrônica), a reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais regionais (não mais ideológicos) e a hibridização entre culturas populares locais e uma “cultura de massa” supostamente universal (Santos, 2005). Observação Nesse cenário, os meios de ensino de terceira geração, como fotografias, rádio e televisão, e os de quarta geração, como instrução programada e laboratórios de línguas, ganharam importância na educação. As escolas foram equipadas com computadores, internet, TV e outros recursos didáticos audiovisuais; os professores, todavia não chegaram a ser devidamente preparados para utilizá‑los. Saiba mais Para conhecer alguns dos recursos didáticos citados, como flanelógrafo, cartazes, quadro de pregas, entre outros, consulte a bibliografia a seguir. FREITAS, O. Equipamentos e materiaisdidáticos. Brasília: Universidade de Brasília, 2007. HAYDT, R. C. C. Didática geral. 5. ed. São Paulo: Ática, 2011. PILETTI, C. Didática geral. 24. ed. São Paulo: Ática, 2010. 14 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA 3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NA EDUCAÇÃO Hoje, o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) no contexto escolar é um assunto amplamente discutido na área da educação. Este livro‑texto, por exemplo, é um material produzido para a modalidade EAD. Há três décadas, jamais imaginaríamos que isso pudesse ocorrer! Todavia, o momento atual é fruto de um processo histórico de desenvolvimento tecnológico. Francis Bacon, no século XVI, dizia que o ser humano foi criado para dominar a mãe natureza – saber é poder! Esse poder se percebe na rapidez das evoluções tecnológicas proporcionadas pelo ser humano em um curto espaço de tempo, tais como a invenção de luz elétrica, fotografia, cinema, telefone, TV, vídeo, satélite, computador e internet – isso sem falar da imprensa no século XV e do relógio, que tiveram uma importância fundamental para o acesso à informação e o aparecimento da máquina, impulsionando o processo de industrialização. A educação foi aos poucos incorporando algumas dessas tecnologias. Na década de 1940, os EUA começaram a usar os meios audiovisuais para a formação militar de jovens. A TV e o rádio, na década de 1960, se tornaram meios de comunicação de massa, ditando tendências, valores etc. Na década de 1970, os PCs (personal computers) já eram realidade nas escolas e casas dos EUA. No Brasil, o Instituto Universal Brasileiro, na década de 1940, e o Projeto Minerva, na década de 1970, usaram o rádio para desenvolver um programa de educação. Posteriormente, na década de 1980, o Telecurso Segundo Grau foi transmitido pela TV. Houve outros programas educativos usando esses veículos de comunicação, mas a grande revolução tecnológica que entraria em curso no início da década de 1990, e que possibilita você estar aqui no EAD, é a digital. Pela digitalização, a computação (a informática e suas aplicações), as comunicações (transmissão e receção de dados, voz, imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pinturas, fotografias, músicas etc.) aproximam‑se vertiginosamente – o computador vira aparelho de TV, a foto favorita sai do álbum para um disquete, e pelo telefone entra‑se na internet (Takahashi, 2000). O impacto pelo uso da internet teve implicações em questões econômicas e sociais. Ela é considerada um fenômeno global por potencializar a reorganização da sociedade. Para Milton Santos (2005), os processos de globalização e inovação tecnológica promoveram a expansão da informação, caracterizando uma sociedade em que o fluxo de produtos, dinheiro, ideias e pessoas tomaram proporções nunca antes observadas na história, definindo novas formas de relacionamento social e organização do trabalho. Tais aspectos influenciaram diretamente o debate do papel da educação em todos os países, e no Brasil não foi diferente. Em 1996, a Unesco, por intermédio da Comissão Mundial para a Educação do Século XXI, repensou o papel da educação no contexto da globalização. Essa comissão elaborou um amplo relatório propondo quatro pilares para servirem de base à educação do milênio atual. O relatório resultou no livro Educação: um tesouro a descobrir, coordenado por Jacques Delors. A obra afirma que a principal função da educação é fazer que todos possam descobrir, reanimar e fortalecer o seu potencial criativo, 15 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA redescobrindo o tesouro escondido em cada pessoa. De acordo com Delors e colegas (2001), os quatro pilares fundamentais para a construção desse paradigma são: • Aprender a conhecer: visa não tanto ao domínio de saberes codificados, mas sim ao domínio dos próprios instrumentos do conhecimento. Pode ser considerado, simultaneamente, um meio e uma finalidade da vida humana. Aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. • Aprender a fazer: aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Contudo, esta última está mais ligada à questão da formação profissional: ensinar o aluno a colocar em prática os próprios conhecimentos e, também, adaptar o aprendido ao trabalho. • Aprender a conviver: a educação formal e outras organizações educativas e associações devem, em seus programas, iniciar os jovens em projetos de cooperação. Na prática letiva diária, a participação de jovens e professores em projetos comuns pode ensinar a solucionar conflitos e constituir uma referência para a vida futura dos alunos. • Aprender a ser: a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade etc. Todo ser humano deve estar preparado para ser autônomo e decidir, por si, como agir nas diferentes circunstâncias da vida. Observação Esses pilares, apesar de divididos em quatro, contêm em si a proposta de uma formação considerando a identidade e subjetividade do professor. Para que fosse possível ofertar essa formação, era necessário repensar a formação do professor. Para tanto, foi elaborada a proposta de diretrizes para a formação inicial de professores da Educação Básica em cursos de nível superior (Brasil, 2002). Esse documento sintetiza as principais exigências da função docente: • Adotar comportamentos típicos de colaboração e trabalho em equipe. • Utilizar novas metodologias, estratégias e recursos de apoio. • Elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos previstos no currículo, incentivando atividades de enriquecimento curricular. • Assumir e lidar diretamente com a diversidade existente entre os alunos. Essas diretrizes revelam a necessidade de inovar a formação do professor, que, no contexto atual (ou seja, no mundo globalizado, pós‑moderno, com sua flexibilidade e incertezas), não pode mais 16 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA desenvolver apenas saberes técnicos especializados; essa formação também deve ser continuada. Para atender às exigências da sociedade atual, não é mais possível o professor desenvolver‑se plenamente apenas com a formação inicial. Nesse contexto, a educação se torna um tema recorrente. A informação e o conhecimento passam a ser bens capitais na dita sociedade da informação ou sociedade do conhecimento. A linguagem digital vai ganhando cada vez mais espaço no Brasil e no mundo, e as tecnologias da informação e do conhecimento vão adentrando lares, escolas, hospitais, empresas etc. nos seguintes formatos: • Computadores pessoais. • Câmeras de vídeo e foto para computador ou webcam. • Suportes para guardar e portar dados (HDs, cartões de memória, pen drives, etc.). • Telefonia móvel (celulares). • TV por assinatura. • TV a cabo. • TV por antena parabólica. • Internet. • World wide web (principal interface gráfica da internet). • Streaming (fluxo contínuo de áudio e vídeo via internet). • Podcasting (transmissão sob demanda de áudio e vídeo via internet). • Captura eletrônica ou digitalização de imagens (scanners). • Fotografia digital. • Vídeo digital. • Cinema digital (da captação à exibição). • TV digital e o rádio digital. • As tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless). • Wi‑Fi. • Bluetooth. 17 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Lembrete Impulsionada pela era digital, a comunicação ficou mais ágil por meio das redes digitais de telecomunicações e similares; consequentemente, agilizou a transmissão e distribuição de informações multimídia (texto, imagem, vídeo e som). Assim, como já foi dito, o acesso à informação e ao conhecimento está na palma de nossas mão. A escola já não é o único espaço para buscarmos conhecimento, que agora está disponível em qualquer lugar,a qualquer hora. No entanto, diferentemente do que diz o senso comum, o uso das tecnologias da informação e do conhecimento não diminui o papel da escola e do professor; pelo contrário, expande‑o, porque “[...] cabe à escola e ao professor direcionar e capacitar os alunos a explorar responsavelmente os novos caminhos” (Sunaga; Carvalho, 2015, p. 141). As TICs nos convidam a reorganizar a nossa forma de ver e compreender o conhecimento, e a rever a questão do uso do tempo e do espaço na escola, repensando a forma de avaliação e as metodologias de ensino. Observação Não podemos mais negar que as TICs estão na escola, e as grandes questões são: como as tecnologias são discutidas por gestores e professores? De que forma os docentes estão incorporando‑as em sua prática pedagógica? Será que as TICs são utilizadas de forma crítica no espaço escolar? Afinal, qual é a função delas na escola? Reflita sobre essas questões confrontando‑as com a realidade vivida no seu estágio. Saiba mais Para saber mais sobre o impacto da globalização na sociedade e o que representou para a educação, consulte as referências a seguir. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005. SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998. ENCONTRO com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá. Direção: Sílvio Tendler. Rio de Janeiro: Caliban Produções, 2006. 90 min. 18 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA 4 SITUAÇÕES DE MODELIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NO USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Vimos como as transformações tecnológicas foram influenciando a educação, alterando os meios adotados pelo professor para atingir os objetivos educacionais. Hoje em dia, as tecnologias digitais desafiam a prática pedagógica do professor, já que o aluno pode aprender on‑line ou offline. O espaço da escola e o tempo para acessar o conhecimento estão em constante tensão com o modelo de escola que prima pelo ensino presencial em turnos, turmas e horários. Com as tecnologias móveis, o acesso a plataformas como Blackboard, Moodle ou às gratuitas na web 2.0 permite construir uma aprendizagem significativa. As ferramentas disponíveis, como a plataforma que você utiliza para a sua formação, compreendem uma série de dispositivos (blogs, chats, fóruns, diário…) que facilitam a aprendizagem. Esse ambiente, denominado formal, permite que você e o professor acompanhem cada etapa do processo. Entretanto, há um conjunto de ferramentas disponíveis na web 2.0 (blogs, Google Docs, Wiki) que são gratuitas e fáceis de usar e que também oferecem a oportunidade de interação entre alunos e professores. Esses dispositivos informais propiciam a experiência entre o presencial e o virtual. Dessa forma, há uma necessidade de modelização da prática pedagógica do professor em vista dos recursos didáticos oferecidos pelas tecnologias móveis. A seguir, veremos alguns desses meios que estão sendo e/ou podem ser incorporados pelos docentes. 5 A TV E O VÍDEO NA SALA DE AULA A televisão é um dos veículos de comunicação que as pessoas mais acessam. Em 1985, a banda Titãs lançou um hit chamado Televisão. Na música, eles tecem uma crítica contundente a esse meio de comunicação de massa, que, muitas vezes, influencia de forma persuasiva e passiva o receptor por meio de imagens. Com um simples clique, podemos mudar de canal e outras imagens aparecerão, não exigindo esforço físico nem conhecimentos de leitura e escrita. A programação já está pronta; temos somente o trabalho de escolher o que assistir. Com o fascínio exercido pelas imagens, podemos acreditar que as mensagens do telejornal são ditas para nós. Consumimos a imagem sem refletir sobre ela – esse é o lado obscuro da televisão. No Brasil, a televisão chegou durante a década de 1950. É o meio de comunicação mais influente até hoje. Nos anos 1960, começou a ser usada como veículo de comunicação com viés educativo. A TV Cultura, em parceria com o Estado, foi uma das primeiras iniciativas, e, com o passar dos anos, outras propostas surgiram. Atualmente, a TV e o vídeo são realidades presentes em muitas escolas. Então, questiona‑se: por que não integrar o uso desses recursos tecnológicos na educação de nossos jovens de forma crítica? Incorporados à prática pedagógica, eles podem servir de mediadores para desenvolver uma postura crítica do poder que as mídias exercem sobre as pessoas. 19 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA De acordo com Silva (2017), na escola, a TV e o vídeo também precisam funcionar como recursos tecnológicos incorporados à prática pedagógica dos professores, contribuindo para o processo de inclusão digital. Moran (1995) faz as seguintes propostas de aproveitamento de vídeo na escola: • Vídeo como sensibilização: é o de uso mais importante na escola, por possibilitar introduzir um novo assunto de uma forma que desperta a curiosidade e a motivação para novos temas. • Vídeo como ilustração: para ajudar a mostrar o que se fala em aula e acompor cenários desconhecidos pelo aluno. • Vídeo como conteúdo de ensino: para ser usado como webaulas, trabalhando assuntos preparados para os alunos e organizados como conteúdos didáticos. • Vídeo como produção: é o registro de eventos, de aulas, de estudo do meio, de experiências, de entrevista, de depoimentos. — Como intervenção: visa interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma trilha sonora, ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. — Como expressão: os alunos devem ser incentivados a produzir, em uma disciplina ou de forma interdisciplinar, vídeos publicáveis. • Vídeo como espelho: é de grande valia para o professor se ver na tela, examinar sua comunicação com os alunos e observar suas qualidades e defeitos. • Vídeo como integração/suporte de outras mídias: vídeo como suporte da televisão e do cinema. Pode‑se gravar programas de TV importantes para usar em sala de aula. A seguir, contamos orelato de uma professora de escola pública do 6˚ ano do Ensino Fundamental. Ela desenvolveu um projeto de ciências com produção de vídeo na escola. É um bom exemplo de modelização da prática com o uso do vídeo. As crianças adoram imagens, vídeos, desenhos animados, fotografias etc. Pensei em desenvolver alguma atividade que pudesse motivar as crianças. Quando conheci a ferramenta Windows Movie Maker, tive a ideia de tentar criar pequenos vídeos com as produções dos alunos. Havia um grande problema na escola: a falta de cuidado com o lixo. Os alunos jogavam o lixo em qualquer canto, as salas viravam uma bagunça e ficava tudo muito feio. Tentei casar o projeto com a ideia de tentar preservar o ambiente escolar. Foi aí que surgiu a ideia do projeto. Coloquei o título A escola também é sua, preserve‑a! A sorte é que na escola havia uma máquina digital e aí saí com os alunos tirando fotos de tudo. Tiramos fotos das salas, da biblioteca, dos banheiros, da entrada da escola etc. Depois, em outra aula, levei as fotos em meio impresso e pedi que os alunos, em grupos, escrevessem algumas frases 20 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA com base nas imagens. Surgiram várias frases interessantes. Com essas fotos e as frases dos alunos, tentamos construir um storyboard, selecionamos músicas e um dia levei todo mundo para o laboratório de informática. Não dava para cada um sentar em um computador, também era preciso baixar o programinha. Então coloquei meu laptop acoplado com o datashow para ir mostrando à turma o processo de construção do vídeo com o Windows Movie Maker. Eu sei que esse vídeo foi o maior sucesso, os alunos adoraram a atividade (Silva, 2017, p. 29). Lembrete Na escola, a TV e o vídeo também precisam funcionar como recursos tecnológicos incorporados à práticapedagógica, contribuindo para o processo de inclusão digital (Silva, 2017). 5.1 Cinema As primeiras projeções cinematográficas ocorreram em 28 de dezembro de 1895 em Paris. Os inventores do primeiro cinematógrafo foram os irmãos Lumière, capaz de projetar sequências com duração de 50 segundos cada, retratando cenas do cotidiano de Paris. No século XX, o cinema ganhou repercussão e acabou se tornando a grande indústria que conhecemos hoje, principalmente nos EUA. O cinema é feito de imagens e sons em sequência. Ele nos emociona, nos permite refletir e viajar para os lugares que um dia sonhamos em conhecer ou que nunca pensamos que existiria. Em Indochina, a eterna La Belle de Jour, Catherine Deneuve, mostra as deslumbrantes paisagens da Indochina, ex‑colônia francesa conhecida atualmente como Vietnã, em meio à exploração e pobreza. O aparecimento da TV e do vídeo possibilitaram que o cinema adentrasse as casas e a sala de aula. Infelizmente, ainda estamos imersos em uma cultura na qual o cinema é majoritariamente visto como entretenimento, e muitos professores o usam apenas para ilustrar as aulas de forma lúdica e atraente (Duarte, 2002). O uso do cinema na educação, porém, como linha de pesquisa nas universidades brasileiras, tem apresentado reflexões interessantes sobre o uso desse recurso na sala de aula. Em sua obra Cinema e educação, Duarte (2002) recorre a Bourdieu para dizer que o cinema desenvolve no sujeito a “competência de ver”. Ou seja, cria possibilidades para ele analisar e compreender a linguagem cinematográfica. Contudo, essa competência não é construída somente vendo filmes; ela depende das experiências culturais e da relação do sujeito com os produtos culturais. Dessa forma, a escolha por determinados tipos de filmes depende da interpretação do grupo social. [...] ir ao cinema, gostar de determinadas cinematografias, desenvolver os recursos necessários para apreciar os mais diferentes tipos de filmes etc., longe de ser apenas uma escolha de caráter exclusivamente pessoal, constitui uma prática social importante que atua na formação geral dessas pessoas e 21 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA contribui para distingui‑las socialmente. Em sociedades audiovisuais como a nossa, o domínio da linguagem é requisito fundamental para transitar bem pelos diferentes campos sociais (Duarte, 2002, p. 14). Em países do chamado “primeiro mundo”, o cinema tem um valor cultural e social, e por isso é considerado uma expressão cultural. No Brasil, esse caminho ainda está sendo trilhado. A editora Autêntica desenvolveu as seguintes coleções: A escola vai ao cinema; A diversidade cultural vai ao cinema; A mulher vai ao cinema; A infância vai ao cinema. Essas coleções são um ótimo exemplo de como esse recurso didático pode ser uma excelente ferramenta de ensino se for bem situada e trabalhada em sala de aula. Saiba mais Os livros a seguir podem ajudar a entender melhor a importância do cinema na sala de aula e os cuidados que devemos tomar ao utilizá‑lo. DUARTE, R. Cinema e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. METZ, C. Linguagem e cinema. São Paulo: Perspectiva, 1980. TEIXEIRA, I. A. C.; LOPES, J. S. M. (org.). A escola vai ao cinema. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. TURNER, G. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997. Há também dois projetos que estão disponíveis na internet: PROJETO TELA CRÍTICA. [Homepage]. c2024. Disponível em: https://tinyurl.com/yuzm7vnt. Acesso em: 15 mar. 2024. VILLAÇA, M. Projeto “O cinema vai à escola”. Cultura é Currículo, São Paulo, 2 abr. 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/2p85fww5. Acesso em: 15 mar. 2024. 6 A FOTOGRAFIA NA SALA DE AULA Atualmente, as imagens (televisivas, cinematográficas ou fotográficas) invadem os nossos sentidos. Então, por que não trabalhar a fotografia em sala de aula? Como o cinema, a fotografia tem um modo de desenvolver a “competência de ver”. Esse exercício de observar e desvelar significados exige da educação um trabalho de articulação entre percepção, imaginação e conhecimento que valorize os diferentes pontos de vista dos envolvidos no processo. 22 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Educar o olhar faz que o educando desenvolva a capacidade de perceber as nuances da imagem figurativa e decompô‑la via linguagem falada, devolvendo ao outro as várias possibilidades de interpretação daquilo que é visto. Na fenomenologia, afirma‑se que o ser humano enxerga em perspectiva. Dependendo do ângulo em que estiver, pode‑se ver o mesmo objeto de maneiras diferentes. Os impressionistas influenciaram a forma de olhar para o mundo no final do século XIX ao representarem, na pintura, os objetos que viam a sua volta. O movimento e a luz fizeram com que essa escola devolvesse ao ser humano a capacidade de criar sentidos e perceber o mundo em variadas direções. Souza e Lopes (2002, p. 66), ao tratarem da máquina fotográfica como objeto mediador do olhar do outro, colocam‑na como observadora, posição que transforma o olhar entre pessoas e a relação pessoas × objetos. Essa relação “expande‑se e beneficia‑se através do uso da técnica [fotográfica], pois não somos mais apenas olhados pelo outro, mas por objetos que se comunicam conosco de modo peculiar, exigindo novas maneiras de interlocução e de revelação. Estamos falando, portanto, da máquina fotográfica como uma espécie de máquina de visão […].”. Para as autoras, a câmera fotográfica oferece a possibilidade de expandirmos a nossa percepção, promovendo a habilidade de apreender o mundo físico e social. Dessa forma, o uso da fotografia permite ao aluno dialogar no campo da estética e da ética, fazendo com que adquira uma postura crítica a respeito de questões sociais. A atividade extraída do livro didático Língua portuguesa: caderno do estudante é um bom exemplo de como trabalhar uma questão tão debatida nos dias atuais: o preconceito com o recurso fotográfico. Um professor de língua portuguesa queria discutir com seus estudantes o tema preconceito. Para tanto, ele selecionou várias fotos de personagens importantes e colocou‑as na lousa. Depois, pediu para que cada aluno anotasse no caderno, de acordo com cada figura, o que achava que cada uma dessas pessoas fazia; pediu gentilmente que, caso alguém soubesse de quem se tratava nas fotos, que não contasse aos demais alunos. Figura 1 – Nelson Mandela (ex‑presidente da África do Sul) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). 23 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Figura 2 – Simone de Beauvoir (filósofa) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). Figura 3 – Tony Blair (político) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). Figura 4 – Toni Morrison (escritora) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). 24 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Figura 5 – Ferran Adrià (cozinheiro) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). Figura 6 – Éric Cantona (ex‑jogador de futebol) Fonte: São Paulo (2014, p. 123). Depois de alguns minutos, o professor deu a seguinte dica, que: entre as pessoas nas fotos, havia um jogador de futebol, um cozinheiro, um político, um escritor, um filósofo e um presidente. Após maisalguns minutos, pediu que eles dissessem quais profissões eles haviam designado para cada pessoa. A maioria dos alunos atribuiu a profissão de acordo com a aparência da pessoa – muitos acharam que Nelson Mandela (figura 1) era jogador de futebol, que a escritora estadunidense Toni Morrison (figura 4) fosse uma cozinheira, que o jogador Éric Cantona (figura 6) era político, que o cozinheiro Ferran Adrià era um escritor ou jogador de futebol e Simone de Beauvoir (filósofa) fosse de uma cozinheira. A figura que os alunos mais acertaram foi a de Tony Blair (político). 25 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Depois dessa atividade, o professor conversou com os alunos e explicou que a maioria deles buscou na aparência das pessoas motivos oudados visuais que os ajudassem a formular hipóteses sobre quais eram suas profissões, e questionou o grupo sobre essa atitude. O professor também perguntou aos alunos sobre a semelhança entre o exercício que eles haviam acabado de realizar e a atitude que eles tinham quando encontravam uma pessoa pela primeira vez, e se eles tinham alguma ideia do motivo de agirmos de tal forma. Os alunos puderam se expressar livremente a respeito, antes de o professor distribuir um texto específico sobre estereótipos e preconceitos. Observe que o professor lança mão de fotografias para levantar os conhecimentos prévios dos estudantes. Considerando como a atividade foi proposta, os alunos acabaram expondo seus preconceitos enraizados, assim como o docente. Tal método permitiu que os estudantes trabalhassem o sentido da visão e a comunicação por ele estabelecida com o mundo para contextualizar a tarefa proposta, ou seja, foi por meio das fotografias que a atividade pedagógica foi desenvolvida. 7 NAVEGAR É PRECISO: A WEB 2.0 E SUAS FERRAMENTAS Figura 7 Disponível em: https://shre.ink/rUsH. Acesso em: 11 mar. 2024. A web 2.0 é a segunda geração da plataforma de rede mundial de comunicação (também conhecida como world wide web), mais rápida e dinâmica que a sua primeira versão, a web 1.0. Além da lentidão, na versão antiga a participação do usuário era passiva. Acessava‑se informações, participava‑se de fóruns, chats, videoconferências, lista de discussões etc., mas não havia a possibilidade de elaborar ou expor a sua posição. Na web 2.0, os sites deixam de ser estáticos e os usuários podem transitar mais facilmente. É uma web colaborativa, na qual as pessoas interagem na organização do conteúdo, podendo completar informações, inserir dados etc. As principais ferramentas da web 2.0 são sites como blogs, Wiki, ferramentas de comunicação (Skype, Messenger), grupos de discussão (Yahoo!), redes sociais (MySpace, Orkut, Facebook, Twitter), 26 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA compartilhamento de arquivos (Google Docs, Flickr, Picasa, YouTube), entre outros. Tais dispositivos proporcionam a interatividade e a colaboração entre seus usuários. Quando bem utilizados, podem servir como fontes de informação, espaços de construção colaborativa e divulgação de trabalhos científicos. Para Moran (2013, p. 42), com os recursos oferecidos pela web 2.0, Professores e alunos podem criar páginas com todos os recursos integrados. Nela o professor pode disponibilizar seus materiais, textos, apresentações, vídeos, grupos de discussão, compartilhamento de documentos, blogs etc. Com isso, ele pode diminuir o tempo dedicado a passar informações, a dar aulas expositivas, concentrando‑se em atividades criativas e estimulantes, como as relativas à contextualização, interpretação, discussão e realização de novas sínteses. 7.1 O blog na educação O blog é um formato on‑line de comunicação que possibilita a publicação de textos, fotos, áudios e links para outras páginas, além de promover a interatividade entre os usuários. Por ser uma ferramenta interativa, permite que as informações sejam atualizadas constantemente pelo professor e pelos alunos. O uso desse recurso incentiva a pesquisa, permitindo que o aluno selecione e arquive as informações. O armazenamento das postagens por ordem de entrada serve também de parâmetro para avaliar a trajetória individual de cada aluno. Na educação, há diferentes tipos de blogs: de poemas, obras literárias, projetos, narrativas e jornais acadêmicos. Compartilhamos a seguir o relato de uma professora do 5˚ ano do Ensino Fundamental, participante do Programa Mídias na Educação, que investiu na criação de um blog com sua turma. No início do ano, vários alunos estavam pouco motivados para a escrita. Iniciei uma conversa com os alunos sobre a internet e percebi o interesse de todos. Daí tive a ideia de criar um blog para a turma como espaço de troca de experiências de leitura e escrita. O nome do blog foi eleito pela turma depois de uma votação e ficamos com o nome Blog Página Escrita. A partir de então, comecei a trabalhar com um pequeno projeto didático e o blog foi colocado como eixo desta ação para despertar o interesse pela leitura e escrita nas crianças. No blog, criamos o espaço “circuito de leituras”, no qual os alunos podiam visualizar os livros que cada um estava lendo no momento. Havia também o “mural de recados”, onde os alunos iam comentando, escrevendo sobre os textos que estavam lendo, dicas de outros sites de que eles gostavam etc. O problema era o tempo curto que tínhamos para levar os alunos para o laboratório da escola. Também às vezes muitos computadores ou estavam quebrados ou não tinham acesso à internet. Mas mesmo assim insistimos e continuamos o trabalho. O bom foi quando pedimos que cada aluno tentasse construir a própria biografia. Antes disso, levamos algumas biografias para a sala, discutimos sobre esse gênero, vimos as biografias dos autores que os alunos liam e depois pedimos 27 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA que eles escrevessem um pouco sobre eles próprios. Aí foi um tal de “Xiii, não sei fazer isso não! Ah, essa tarefa é muito complicada”. Mas quando dissemos que os textos deles seriam publicados no blog da turma, parece que a coisa mudou de foco. O trabalho foi finalizado com a exposição do blog em uma feira de conhecimento da escola. Acho que a internet ajudou, motivou os alunos a escrever e entender melhor a importância da escrita (Silva, 2017, p. 24‑25). 7.2 Wiki e Google Docs São duas ferramentas colaborativas que permitem a um ou mais usuários trabalharem no mesmo texto. Esses softwares estão disponíveis on‑line e não precisam ser instalados na máquina. O próprio sistema controla as alterações, e há um histórico que grava as alterações realizadas. O uso desses recursos permite ao professor acompanhar o trabalho dos alunos e interagir na produção coletiva ou individual. 7.3 Redes sociais O Facebook se destaca como rede social. Lançado em 2004 por Mark Zuckerberg, o site permite a conexão entre as pessoas. Nele, pode‑se criar um perfil e compartilhar ideias, fotos, vídeos e textos. Interage‑se com as publicações dos outros usuários tecendo comentários ou apenas “curtindo”. Cria‑se eventos, grupos e é possível participar de grupos de interesse. Segue‑se pessoas, compartilhando suas publicações, ou interage‑se com elas em seus posts. Um bom exemplo do uso dessa tecnologia é o grupo “O conhecimento move sua vida”. Criado pelo Sesi‑SC, em 2014, com o objetivo de mobilizar jovens e adultos que não concluíram a Educação Básica no tempo devido. O uso das redes sociais em sala de aula é um tema que tem provocado acalorados debates entre professores e pesquisadores. Todavia, não podemos deixar de pensar em formas de agregar essa realidade à sala de aula, sob pena de deixarmos de acompanhar a velocidade de expansão das comunicações na educação. Hoje somos milhões de usuários no mundo compartilhando informações. Além de Facebook, X (antigo Twitter), Instagram, WhatsApp, Telegram, MySpace e LinkedIn, o Google+ e o YouTube compõem as chamadas rede sociais, num processo de evolução contínuo. O YouTube é uma ferramenta que oferece a oportunidade para alunos e professores criarem e assistirem vídeos com diferentes objetivos para uso na sala de aula; vai depender da criatividade do professor. 7.4 Webquest Esse conceito foi criado pelo professor Bernie Dodge, da Universidade Estadual de San Diego, em 1995. É um recurso didático colaborativo que fomenta a pesquisa de forma orientada. As informações com as quais os alunos interagem são parcial ou totalmente advindas da internet. Para Bernie Dogde, as tarefas a serem executadas na proposta da Webquest são lições com uma estrutura como qualquer outra, mas o fundamental é que são apresentadas em tarefas executáveis e interessantes. Como não exige nenhum software especial além dos utilizadospara navegar na rede, a única habilidade requerida do professor é criar páginas na web. 28 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Bernie classifica a Webquest em curta e longa; a curta leva de uma a três aulas para ser explorada pelo aluno, já a longa pode levar de uma semana a um mês. Silva (2012) destaca, no quadro a seguir, os passos para construir uma Webquest. Quadro 2 – Estrutura da Webquest Webquest Título da Webquest: Disciplina: Público‑alvo: Inserir uma figura relacionada com a WQ: Introdução Tarefa: descrever qual é a tarefa a ser desenvolvida. A tarefa pode ser: – Elaboração de um produto. – Alguma experiência prática. – Criação de textos, elaboração de situações‑desafio etc. – Desenvolvimento de uma atividade prática. – Realização de um exercício de investigação. O processo: é a descrição do passo a passo, ou seja, é preciso colocar as etapas para a realização da tarefa. O aluno precisa conhecer como deve realizar a tarefa. O professor precisa orientar sobre as fontes de pesquisa, bem como toda a metodologia a ser utilizada para o desenvolvimento da atividade proposta. Avaliação: é interessante descrever os desempenhos a serem observados, bem como os critérios de avaliação que serão utilizados. Conclusão: resume os assuntos explorados e os objetivos alcançados com a atividade. Neste passo, é importante que o aluno compreenda o que apreendeu com a atividade, gerando um processo de autoavaliação. Referências e/ou créditos: informa as fontes de onde foram retiradas as informações para montar a Webquest: quando da web, coloca‑se o link; quando material físico, coloca‑se a referência bibliográfica. Fonte: Silva (2012, p. 19). 29 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA 7.5 Streaming Streaming é a transmissão de dados de vídeo ou música sem armazená‑los no disco rígido. Essa tecnologia tem ganhado espaço no Brasil nos últimos anos desde a melhora da oferta de velocidade das conexões de internet. Deezer, Spotify, Google Play Música e o Apple Music são exemplos de plataformas digitais de música que permitem ao usuário ouvir, criar e compartilhar playlists. O serviço de streaming de vídeo mais famoso no Brasil é a Netflix, seguido por Amazon Prime, Globo Play, HBO Max etc. O avanço de toda essa tecnologia teve início em dezembro de 1996, com o programa IBM Bamba, que realizou a primeira transmissão de um lançamento musical pela internet no Brasil – a música “Pela internet”, de Gilberto Gil: Criar meu web site Fazer minha home‑page Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleje Que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve um oriki do meu velho orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipé Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve meu e‑mail até Calcutá Depois de um hot‑link Num site de Helsinque Para abastecer Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via Internet Um grupo de tietes de Connecticut De Connecticut acessar O chefe da Mac Milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus pra atacar programas no Japão Eu quero entrar na rede pra contactar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na Praça Onze Tem um videopôquer para se jogar (Gilberto Gil, 1997). 30 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA O lançamento da música de Gil mereceu destaque no jornal Folha de S.Paulo de 14 de dezembro de 1996. “Pela internet” poderá ser ouvida na estação Diversão e Arte do Universo Online a partir das 18h deste sábado. O endereço é http://www.uol.com.br/ diversao/musica/. A música ficará disponível no site do UOL até 14 de janeiro. A transmissão será realizada em tempo real, por meio do aplicativo Real Áudio – usado para o envio e recebimento imediato de sons via internet. Para poder ouvir a música de Gil pela rede, o primeiro requisito é ter um computador com placa de som. O segundo é copiar o Real Áudio, disponível gratuitamente a partir da seção Diversão e Arte (http://www.uol.com.br/ diversao/musica/gil2.htm). “Pela Internet” será lançada oficialmente às 17h no site de Gilberto Gil […] (Souza, 1996). A referida música é uma homenagem aos 100 anos do primeiro samba gravado, chamado Pelo telefone, escrito por Donga e Mauro de Almeida. O samba canta que “O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar/ que na Carioca tem uma roleta para se jogar”(Martinho da Vila, 1973). Cem anos depois, Gil avisa o chefe da polícia carioca pelo celular “que lá na Praça Onze tem um videopôquer para se jogar”. Gil, com um refinamento peculiar, mostra como a tecnologia, em cem anos, mudou a forma de comunicação. Ele brinca com o dito popular “com quantos paus se faz uma canoa?” ao cantar “com quantos gigabytes se faz uma jangada? e “um barco que veleje nesse infomar”. Seria possível continuar a análise da música criando um blog para destacar a importância das novas tecnologias na sociedade da informação, ou desenvolver uma Webquest com a mesma temática. Enfim, há diferentes formas de agregar os velhos recursos didáticos (quadro‑negro, giz, lousa, livros didáticos) aos novos, tornando a prática pedagógica mais atrativa para os “nativos digitais”. Saiba mais Para se aprofundar na questão das TICs na educação, consulte: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 21. ed. Campinas: Papirus, 2013. (Coleção Papirus Educação) SUNAGA, A.; CARVALHO, C. S. As tecnologias digitais no ensino híbrido. In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (org.). Ensino híbrido: personalização na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. 31 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. LEVY, P. O que é o virtual. São Paulo: Editora 34, 1996. HARASIM, L. et al. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on‑line. São Paulo: Senac, 2005. A REDE social. Direção: David Fincher. EUA: Columbia Pictures. 2010. 121 min. 8 DESAFIOS: A MODELIZAÇÃO DA PRÁTICA INTEGRANDO OS VELHOS E OS NOVOS RECURSOS DIDÁTICOS Os recursos didáticos surgidos na era digital abrem novas possibilidades para a prática docente. Todavia, há desafios para modelização de novas práticas. O primeiro envolve os problemas estruturais que afligem o país. A desigualdade social e econômica é uma questão que assola a população brasileira, dificultando o acesso a serviços básicos como saúde, transporte, habitação e educação. Esse contratempo se agrava devido à vasta extensão territorial, provocando diferenças regionais dentro de um mesmo país. A educação poderia impulsionar a mudança. Todavia, como nos mostra o filme Pro dia nascer feliz, do diretor João Jardim, as escolas públicas brasileiras apresentam problemas estruturais sérios, que vão da precariedade das instalações físicas à formação, qualificação e valorização dos professores. No filme fica evidente a diferença entre o sistema público de ensino e as escolas privadas. Para além disso, a evasão escolar e a repetência ainda são problemas que enfrentamos em nossas escolas. Na Educação Infantil, em grandes centros, há falta de vagas. Os currículos também têm sofrido duras críticas por especialistas, por não serem atraentes, afastando muitos jovens da escola. Contudo, as políticas públicas têm implementado ações que buscam minimizar essas adversidades. O Proinfo (Programa Nacional de Informática na Educação), por exemplo, foi responsável por equipar as escolas com recursos tecnológicos e organizar cursos de formação para professores, voltados para o uso didático‑pedagógico das TICs no cotidiano escolar. De acordo com uma pesquisa sobre o uso das TICs nas escolas brasileiras, realizada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil, 99% das escolas públicas do país têm computadores, 95% com acesso à internet. Entretanto, somente uma pequena porcentagem das máquinas estãoinstaladas na sala de aula, e muitos estão em laboratórios. Outra questão importante é quanto ao acesso à internet, porque há uma diferença em relação à velocidade dependendo da região (Conectividade..., 2023). Apesar desses entraves, o acesso às tecnologias continua sendo realizado pelos alunos por meio de seus smartphones, tablets, laptops ou pelo computador de casa. Dessa forma, os problemas estruturais não são um impedimento para o uso das novas tecnologias. 32 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA As tecnologias digitais móveis podem ser acessadas de qualquer lugar, a qualquer hora e de muitas formas (Moran, 2013). Portanto, a sala de aula não se configura mais como o único espaço para acessar a informação. A segunda questão a ser tratada – e que transcende os problemas de precariedade física – é representada pela tensão entre os “imigrantes digitais” e os “nativos ditais”. A maioria dos professores tem uma formação deficitária em relação ao uso das novas tecnologias; apesar de estarem se aproximando dessas ferramentas, precisam de um tempo para se adaptar, e por isso são considerados imigrantes digitais. Os jovens que estão na escola cresceram lidando com a internet e dispositivos tecnológicos, e a linguagem digital faz parte de seu cotidiano – eles são os chamados nativos digitais. Essa tensão vai exigir do professor uma nova postura. Não se trata somente de migrar do quadro‑negro para o blog; ele precisa se ver como um mediador de descobertas, e não um provedor de conhecimentos. Precisa entender que seu papel é fundamental no processo, em especial para a elaboração e execução dos projetos que desenvolvem os conteúdos previstos. Para Mercado (2002, p. 17), a sociedade do conhecimento exige um novo perfil de professor, ou seja, alguém: Comprometido: com as transformações sociais e políticas; com o projeto político‑pedagógico assumido com e pela escola. Competente: evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite uma prática interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias educacionais. Um profissional reflexivo, crítico, competente no âmbito de sua própria disciplina, capacitado para exercer a docência e realizar atividades de investigação. Crítico: que revele, através de sua postura, suas convicções, seus valores, sua epistemologia e sua utopia, fruto de uma formação permanente; seja um intelectual que desenvolve uma atividade docente crítica, comprometida com a ideia do potencial do papel dos estudantes na transformação e melhoria da sociedade em que se encontram inseridos. Aberto a mudanças: ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa; que contribua para que o conhecimento das aulas seja relevante para a vida teórica e prática dos estudantes. Exigente: que promova um ensino exigente, realizando intervenções pertinentes, desestabilizando e desafiando os alunos para que desencadeie a sua ação reequilibradora; que ajude os alunos a avançarem de forma autônoma em seus processos de estudos e interpretarem criticamente o conhecimento e a sociedade de seu tempo. 33 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA Interativo: que concorra para a autonomia intelectual e moral de seus alunos, trocando conhecimentos com profissionais da própria área e com os alunos no ambiente escolar, construindo e produzindo conhecimento em equipe, promovendo a educação integral, de qualidade, possibilitando ao aluno desenvolver‑se em todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, moral, física, estética. Observação O perfil de professor desenhado por Mercado (2002) é um desdobramento da proposta das diretrizes para a formação inicial de professores da Educação Básica em cursos de nível superior de 2002. O perfil de profissional comprometido e competente se coaduna com as diretrizes e com a questão de elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos previstos no currículo; estar aberto a mudanças, podendo associar a questão de utilizar novas metodologias, estratégias e recursos de apoio; ser interativo, com a capacidade de promover comportamentos típicos de colaboração e trabalho em equipe. O terceiro ponto é o desafio para a modelização das práticas. Se retomarmos os recursos didáticos oferecidos pelas tecnologias móveis e os compararmos com o quadro‑negro, livro didático, cartazes mapas etc., notaremos que os primeiros incitam o uso colaborativo. O sujeito não é um mero espectador. Tomemos como exemplo as redes sociais; por meio delas, o jovem interage o tempo todo. Por isso, as diretrizes trazem a necessidade de usar novas metodologias de ensino. Historicamente, vimos que os recursos didáticos não são neutros, estando relacionados com a realidade política e social de cada época. As metodologias não fogem à regra. Assim, o uso de métodos que utilizam somente a linguagem oral e escrita, baseados na transmissão e memorização, não são compatíveis com uma sociedade em que os meios de comunicação e informação avançam de forma avassaladora. Moran, Masetto e Behrens (2013) defendem que o maior desafio para os professores é optar por mudar o eixo do ensinar para caminhos que levem ao aprender. Isso não representa romper com a linguagem oral e escrita, mas reconhecer, considerar e incorporar a linguagem digital, criando processos metodológicos mais significativos para a aprendizagem e, consequentemente, fazendo que o aluno se aproxime da linguagem digital de forma crítica. Zabala (1998), Hernández (2000), assim como Moran, Masetto e Behrens (2013) ressaltam que a metodologia de projetos é a que mais se aproxima da realidade atual, em que o mundo é uma teia, uma rede de conexões. Essa metodologia é um caminho possível para atender às demandas individuais e coletivas dos alunos, desenvolvendo o espírito de pesquisa, colaboração, cooperação e trabalho em equipe. A metodologia de projetos, ao propor um tema, incita a investigação, fugindo de atividades de memorização. As múltiplas informações e opiniões permitem aos alunos desenvolverem o espírito crítico. Professor e aluno, numa parceria colaborativa, aprendem a investigar e pesquisar. Para auxiliar o 34 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA professor nesse processo, Moran, Masetto e Behrens (2013) criaram uma sugestão de roteiro para apoiar o professor no desenvolvimento de projetos. Para os autores, não se trata de um modelo acabado e fechado, e sim de uma proposta que pode ser adaptada à realidade de cada professor. Problematização do tema Contextualização Aulas teóricas exploratórias Pesquisa individual Produção individual Discussão coletiva, crítica e reflexiva Produção coletiva Produção final (prática social) Avaliação coletiva do projeto Apresentação e discussão do projeto Figura 8 – Projeto de aprendizagem colaborativa Adaptada de: Moran, Masetto e Behrens (2013). Segundo Moran, Masetto e Behrens (2013), as fases do projeto de aprendizagem colaborativa desenvolvidas são: 1) Proposta do tema, que deve ser discutido com o aluno, podendo envolver uma ou mais disciplinas. 2) O professor deve instigar os alunos a levantar problemas e/ou questões relativas ao tema do projeto. 3) Exploração do tema, mostrando suas conexões com a realidade dos alunos, os aspectos históricos, políticos, sociais e culturais referentes à problemática levantada. 35 PRÁTICA DE ENSINO: O USO DOS RECURSOS DIDÁTICOS EM SALA DE AULA 4) Elas não devem exceder a três encontros. O objetivo desta fase é clarear e instrumentalizar o aluno sobre o assunto. O professor apresenta as seções e subseções do tema com o fito de suscitar a pesquisa. 5) Com o delineamento realizado no passo anterior, o aluno irá buscar, acessar e investigar as informações que possam solucionar a problemática levantada. 6) O aluno, com o material levantado e disponibilizado pelo grupo, irá elaborar um texto. Para que haja boa qualidade, o professor pode levantar algumas categorias ou tópicos para