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BIOQUÍMICA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Benisio Ferreira da Silva Filho 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Enquanto isso no núcleo celular... 
A análise da bioquímica celular, que abrange a compreensão dos 
mecanismos de replicação do material genético e da manifestação dos genes, 
revela-se imprescindível em diversas esferas da biologia e das ciências da 
saúde. 
A replicação do material genético, por exemplo, garante a proliferação 
celular, tanto durante a mitose (processo de divisão celular que resulta em 
células descendentes geneticamente idênticas) quanto na meiose (processo de 
divisão celular que leva à formação de células sexuais haploides). A 
compreensão desse fenômeno é crucial para apreender o crescimento e 
desenvolvimento dos seres vivos, sendo esses mecanismos realizados por 
processos bioquímicos, dependentes de proteínas. 
Além disso, a replicação do material genético constitui um mecanismo 
preciso para preservar a informação genética durante a divisão celular. Falhas 
nesse procedimento podem ocasionar mutações, que, por sua vez, podem estar 
relacionadas ao surgimento de patologias genéticas e câncer. A compreensão 
da replicação do material genético é relevante na investigação de tratamentos 
contra o câncer, visto que muitas terapias buscam interromper a reprodução 
descontrolada das células, uma característica essencial nas células cancerosas. 
A manifestação dos genes, por sua vez, é o processo pelo qual a 
informação genética contida no material genético é empregada para a síntese 
de proteínas, e todo esse processo é uma dinâmica bioquímica. Essas 
macromoléculas são essenciais para a estrutura e função celular, 
desempenhando funções cruciais em processos metabólicos, sinalização e 
estruturais. A manifestação dos genes é de grande importância para o 
desenvolvimento e a especialização celular. As células do organismo humano 
compartilham um conjunto idêntico de genes, mas sua manifestação específica 
determina suas características e funções particulares. 
Diversas patologias têm suas raízes em modificações na manifestação 
dos genes, portanto, é importante saber como ocorrem os processos de 
duplicação do DNA (replicação) e expressão gênica. A compreensão da 
regulação genética pode propiciar o desenvolvimento de terapias para corrigir ou 
modular essas alterações, apresentando novas perspectivas para o tratamento 
 
 
3 
de enfermidades genéticas e outras condições. O entendimento da manifestação 
dos genes, do mesmo modo, é essencial para a engenharia genética, visto que 
possibilita a manipulação controlada de genes para variados propósitos, 
incluindo a produção de proteínas terapêuticas, a alteração de organismos para 
fins industriais e agrícolas, entre outros. 
Em síntese, a investigação da bioquímica celular, notadamente no que se 
refere à replicação do material genético e à manifestação dos genes, revela-se 
crucial para compreender os processos fundamentais que regem a vida, 
contribuindo para avanços significativos na saúde humana e na biotecnologia 
que irá servir a humanidade. 
TEMA 1 – QUAL A IMPORTÂNCIA BIOQUÍMICA DA REPLICAÇÃO DO DNA? 
Nas células do organismo humano, o núcleo celular possui 46 
cromossomos, constituídos por material genético composto por DNA e proteínas. 
Nos filamentos de DNA, encontram-se os genes, que representam as unidades 
fundamentais da hereditariedade e contêm as instruções para a produção de 
proteínas. É amplamente reconhecido que as enzimas catalisam todas as 
reações vitais, sendo que os ácidos nucleicos orientam essas enzimas. Desse 
modo, é plausível afirmar que os ácidos nucleicos possuem a instrução (nos 
genes) para que a célula possa sintetizar as proteínas responsáveis por todas 
as operações celulares nos organismos vivos. 
Agora que temos a compreensão de que os ácidos nucleicos 
desempenham uma função na preservação da informação genética e na 
produção de proteínas, é relevante explorar a estrutura dessas moléculas: tanto 
o DNA quanto o RNA (Figura 1) são macromoléculas compostas por uma 
extensa sequência de nucleotídeos interligados, sendo que cada nucleotídeo é 
composto por um açúcar, um fosfato e uma base nitrogenada. Considerando que 
os ácidos nucleicos são polímeros, cada elemento monomérico presente nesse 
polímero é um nucleotídeo. 
Um componente nucleotídico representa a unidade primordial dos ácidos 
genéticos (RNA e DNA). Cada bloco nucleotídico compreende uma estrutura de 
açúcar (ribose no RNA ou desoxirribose no DNA) unida a um grupo fosfatado e 
uma base formada por nitrogênio. As bases utilizadas no DNA são: adenina (A), 
citosina (C), guanina (G) e timina (T). No RNA, a base uracila (U) preenche o 
espaço designado à timina. 
 
 
4 
A construção de moléculas de DNA e RNA resulta na agregação de 
amplas cadeias de elementos nucleotídicos. Estes, constituindo as sequências, 
decodificam o conteúdo informacional contido no RNA e no DNA. O ácido 
desoxirribonucleico (DNA, para abreviar) representa a estrutura transportadora 
de informações genéticas para o desenvolvimento e a operação de um 
organismo. O DNA consiste em duas correntes associadas que se torcem, 
formando um padrão semelhante a uma espiral dupla – uma configuração 
chamada de dupla hélice. 
Cada corrente possui uma espinha dorsal composta por aglomerados 
alternados de açúcar (desoxirribose) e fosfato. Cada açúcar está ligado a uma 
das quatro bases: adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou timina (T). As duas 
correntes são conectadas por vínculos químicos entre as bases: adenina se 
conecta à timina, e citosina se conecta à guanina. A sequência das bases ao 
longo da espinha dorsal do DNA codifica informações biológicas, como 
instruções para gerar uma proteína ou molécula de RNA. 
Figura 1 – Comparando DNA e RNA 
 
Crédito: DiBtv/Shutterstock. 
TEMA 2 – A CONSTRUÇÃO BIOQUÍMICA DO DNA E DO RNA 
A unidade que irá construir a molécula de DNA e de RNA é o monômero 
nucleotídeo. Todos os nucleotídeos possuem uma estrutura-base igual entre 
eles, porém a base nitrogenada é que irá caracterizar cada um deles (Figura 2). 
Outro pequeno detalhe é o fato de a hidroxila do carbono 2 não existir no DNA, 
mas apenas no RNA. 
 
 
5 
Figura 2 – O que vai diferenciar os nucleotídeos são as bases nitrogenadas 
 
Crédito: Zizou7/Shutterstock. 
Se os nucleotídeos estiverem no DNA, o carbono 2 possui apenas um H, 
e no RNA uma OH. 
A adenina (A) está entre as quatro bases nucleotídicas do DNA, sendo as 
restantes: citosina (C), guanina (G) e timina (T). Dentro de uma molécula dupla 
de DNA, as bases adenina em uma sequência combinam-se com as bases de 
timina na sequência oposta. A disposição das quatro bases nucleotídicas 
codifica as orientações do DNA. 
A timina (T) é uma das quatro bases nucleotídicas do DNA, sendo as 
restantes: adenina (A), citosina (C) e guanina (G). Dentro de uma molécula de 
DNA dupla, as bases timina em uma sequência combinam-se com as bases 
adenina na sequência oposta. A sequência das quatro bases nucleotídicas 
codifica as orientações do DNA. 
A citosina (C) é uma das quatro bases nucleotídicas do DNA, sendo as 
outras: adenina (A), guanina (G) e timina (T). Dentro de uma molécula dupla de 
DNA, as bases citosina em uma sequência associam-se às bases guanina na 
sequência oposta. A sequência das quatro bases nucleotídicas codifica as 
orientações do DNA. 
Guanina (G) faz parte das quatro bases nucleotídicas do DNA, sendo as 
demais: adenina (A), citosina (C) e timina (T). Dentro de uma molécula de DNA 
dupla, as bases guanina em uma sequência unem-se às bases citosina na 
sequência oposta. A disposição das quatro bases nucleotídicas codifica as 
orientações do DNA. A Figura 3, a seguir, apresenta uma forma monofosfatada 
dos nucleotídeos e as bases nitrogenadas caracterizando os diferentes 
nucleotídeos do DNA. 
 
 
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Figura 3 – As bases nitrogenadas diferenciamos nucleotídeos 
 
Crédito: Ali DM/Shutterstock. 
Um nucleotídeo é ligado ao outro na mesma fita pela ligação fosfodiéster 
(Figura 4). 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 4 – A ligação entre os nucleotídeos – ligação fosfodiéster – é realizada 
pela enzima DNA polimerase 
 
Crédito: Jaya Bharathi A./Shutterstock. 
Um par de bases consiste em duas bases nucleotídicas de DNA 
compatíveis que se unem para formar um “degrau da escada do DNA”. O DNA 
é formado por duas sequências associadas que se enrolam, adotando a 
configuração de uma hélice dupla – um arranjo denominado dupla espiral. Cada 
sequência possui uma espinha dorsal composta por agrupamentos alternados 
de açúcar (desoxirribose) e fosfato. Cada açúcar está vinculado a uma das 
quatro bases: adenina (A), citosina (C), guanina (G) ou timina (T). As duas 
sequências permanecem conectadas por meio de ligações de hidrogênio entre 
pares de bases: adenina combina-se com timina, e citosina combina-se com 
guanina (Figura 5). 
 
 
 
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Figura 5 – Para montar a molécula de DNA, ocorrem duas ligações: fosfodiéster 
entre os nucleotídeos da mesma fita e entre as bases nitrogenadas de fitas 
complementares 
 
Crédito: Dee-sign/Shutterstock. 
Por fim, vamos falar da Uracila (U), que faz parte das quatro bases 
nucleotídicas do RNA e emparelha-se com a adenina. Em uma molécula de 
DNA, o nucleotídeo timina (T) substitui a uracila. O fato de a uracila estar 
presente no RNA, e não no DNA, contribui para a propensão do RNA à rápida 
degradação. Isso possibilita à célula alterar quais genes estão ativos, já que os 
RNAs mais antigos não permanecem por muito tempo (Figura 6). 
Figura 6 – Nucleotídeo exclusivo do RNA Uracila 
 
Crédito: A Step BioMed/Shutterstock. 
 
 
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Tudo isso está devidamente organizado no núcleo das células eucariontes 
juntamente com proteínas estruturais, as histonas, que começam a se organizar 
e formam a estrutura do cromossomo (Figura 7). 
Figura 7 – Como é armazenado o DNA no núcleo das células 
 
Crédito: Dee-sign/Shutterstock. 
TEMA 3 – COMO O DNA É DUPLICADO? 
A replicação ou duplicação é um trabalho proteico (enzimas específicas). 
A duplicação do DNA do código hereditário implica na expansão da disposição 
de DNA. Nesse procedimento, ocorrem a segregação das duas sequências 
nucleotídicas e a geração de sequências complementares. A reprodução 
antecede a segregação celular, mitose, acontecendo durante a fase S do ciclo 
celular. 
O processo de duplicação tem início com a desvinculação das duas tiras 
que compõem o código genético. Imediatamente após, há a associação dos 
nucleotídeos desligados no núcleo a um nucleotídeo correspondente em uma 
das tiras. Nesse momento, surgem duas configurações de DNA, compostas por 
uma tira original, pertencente à estrutura precursora, e uma tira recém-formada. 
Esse método é reconhecido como semiconservador. 
 
 
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Figura 8 – Replicação é um processo semiconservativo em que parte da 
molécula anterior faz parte da nova molécula 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
As duas moléculas geradas serão constituídas por uma tira que pertencia 
à molécula precursora e por uma tira recentemente sintetizada. Devido ao fato 
de as novas moléculas serem formadas por uma tira “antiga” e uma “nova”, esse 
procedimento é chamado de semiconservador. A duplicação é orientada pela 
ação de certas enzimas, como a helicase, responsável por desenrolar a hélice 
de DNA e separar as correntes nucleotídicas. 
A etapa inicial da replicação envolve a separação das duas tiras que 
compõem a molécula de DNA, graças à atuação de enzimas, como a helicase. 
Isso ocorre em locais onde existem sequências específicas de nucleotídeos, 
denominados pontos de origem da replicação. As enzimas envolvidas nesse 
processo identificam esses pontos e unem-se ao DNA, gerando as chamadas 
forquilhas de replicação. 
Em células procarióticas, cujo DNA possui disposição circular, esse 
processo começa em um único ponto. Em células eucarióticas, como nas células 
humanas, ele tem início em diversos pontos. Posteriormente, as várias forquilhas 
 
 
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formadas se juntam, acelerando a replicação. O processo ocorre em ambas as 
direções da tira de DNA. 
As helicases movimentam-se ao longo das tiras de DNA, dissociando as 
correntes. As áreas onde as correntes se separam assumem a configuração de 
Y e são conhecidas como garfos de replicação. Para evitar a reunificação das 
correntes, as proteínas ligantes ao DNA de cadeia única (SSB) se aderem às 
correntes simples, mas o fazem de forma a manter as bases livres para a união 
dos nucleotídeos. 
À medida que essas uniões ocorrem e a nova tira, chamada tira 
complementar, é produzida, essas proteínas se desprendem do DNA. É vital 
recordar que, nas moléculas de DNA, as bases nitrogenadas se associam da 
seguinte maneira: Timina (T) – Adenina (A). 
A tira que será formada inicia-se com uma porção de RNA. Essa tira inicial 
de RNA, produzida por meio da ação da enzima primase, é denominada 
oligonucleotídeo inicial (primer, em inglês). O oligonucleotídeo inicial é elaborado 
a partir de um nucleotídeo de RNA, e posteriormente, os demais são 
adicionados, utilizando a tira de DNA como modelo. O oligonucleotídeo inicial 
completo é, então, emparelhado com a tira-modelo, e a nova tira de DNA é 
iniciada. O oligonucleotídeo inicial, quando completo, apresenta entre cinco e 10 
nucleotídeos. 
A origem da produção da nova tira de DNA ocorrerá na extremidade 3' do 
oligonucleotídeo inicial. Enzimas, chamadas DNA-polimerases, começam a unir 
os nucleotídeos desligados no núcleo ao oligonucleotídeo inicial e, em seguida, 
adicionam os nucleotídeos complementares aos da tira-modelo. 
Devido à configuração do DNA, os nucleotídeos só podem ser 
adicionados na extremidade 3' do oligonucleotídeo inicial ou da tira de DNA que 
está sendo sintetizada. Dessa forma, a nova tira poderá ser prolongada apenas 
no sentido do lado do carbono da pentose ligado ao fosfato (carbono 5') em 
direção ao carbono 3' da pentose (5'→3'). 
À medida que o garfo vai sendo aberto, a adição de nucleotídeos em uma 
das tiras ocorre de maneira contínua; essa tira é denominada tira principal ou tira 
contínua. No entanto, para que a outra tira seja ampliada nesse sentido, a adição 
de nucleotídeos ocorrerá no sentido oposto ao da progressão do garfo, por meio 
de fragmentos, chamados de fragmentos de Okazaki (em células eucarióticas, 
eles possuem entre 100 e 200 nucleotídeos). Essa tira é chamada de tira 
 
 
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retardada ou tira descontínua. Ao contrário da tira principal, que requer apenas 
um oligonucleotídeo inicial, cada fragmento dessa tira deve ser iniciado 
separadamente. 
Ao final, a enzima DNA ligase une os fragmentos, formando uma tira única 
de DNA. Agora, existem duas moléculas de DNA, exatamente idênticas quanto 
à sequência de nucleotídeos, sendo que essas moléculas são formadas por uma 
tira antiga, pertencente à molécula precursora, e uma tira nova. 
O procedimento efetuado com duas tiras-modelo visa evitar erros de 
multiplicação. Quando isso ocorre, diversos mecanismos podem atuar na 
correção do erro. Por exemplo, quando uma base se associa erroneamente à 
tira, enzimas identificam o erro e substituem a base. Contudo, dependendo do 
tipo de erro, o ciclo celular pode ser interrompido temporária ou 
permanentemente, ou até mesmo a morte programada da célula, por apoptose, 
pode ser provocada. 
Figura 9 – Dinâmica da replicação ou duplicação do DNA 
 
Crédito: Dee-sign/Shutterstock. 
TEMA 4 – COMO A INFORMAÇÃO SAI DO DNA? 
O ácido ribonucleico (RNA) representa uma molécula polimérica crucial 
para a maioria das operações biológicas, quer seja executando a função em si 
(RNA não codificante) ou servindo como um modelo para a produção de 
proteínas (RNA mensageiro). O RNA é constituído de uma cadeia de 
nucleotídeos. As células empregam o RNA mensageiro (mRNA) comoforma de 
transmissão das informações genéticas (utilizando as bases nitrogenadas 
guanina, uracila, adenina e citosina, indicadas pelas letras G, U, A e C) que 
 
 
13 
guiam a síntese de proteínas específicas. Vários vírus codificam sua informação 
genética utilizando um genoma de RNA. 
Algumas moléculas de RNA desempenham um papel ativo nas células, 
catalisando reações biológicas, controlando a expressão genética ou 
percebendo e transmitindo respostas a sinais celulares. Um desses processos 
ativos é a formação de proteínas, uma função generalizada em que as moléculas 
de RNA direcionam a síntese de proteínas nos ribossomos. Esse procedimento 
faz uso de moléculas de RNA de transferência (tRNA ou RNA transportador) 
para transportar aminoácidos ao ribossomo, onde o RNA ribossômico (rRNA) 
então conecta os aminoácidos para criar proteínas codificadas. 
A síntese de RNA é intermediada pela enzima RNA Polimerase, utilizando 
o DNA como molde, um processo identificado como transcrição. O início da 
transcrição se origina na ligação da enzima a uma sequência promotora no DNA 
(geralmente situada “a jusante” de um gene). A dupla hélice do DNA é 
desenovelada pela ação da helicase da enzima. A enzima então avança ao longo 
da fita-modelo na direção 3' para 5', formando uma molécula de RNA 
complementar com o alongamento ocorrendo na direção 5' para 3'. A sequência 
de DNA também determina o local onde a síntese de RNA será terminada. 
Os RNAs iniciais transcritos frequentemente passam por modificações por 
enzimas após o processo de transcrição. Por exemplo, uma cauda poli(A) e um 
cap 5' são adicionados ao pré-mRNA eucariótico, enquanto os íntrons são 
removidos pelo spliceossomo. 
Existem também várias polimerases de RNA dependentes de RNA que 
usam o RNA como modelo para a produção de uma nova fita de RNA. Diversos 
vírus de RNA (como o poliovírus), por exemplo, utilizam esse tipo de enzima para 
replicar seu material genético. Além disso, a polimerase de RNA dependente de 
RNA participa da via de interferência do RNA em muitos organismos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 10 – Dinâmica da transcrição de RNA 
 
Crédito: Dee-sign/Shutterstock. 
O RNA transportador (tRNA) comunica informações sobre uma sequência 
de proteínas aos ribossomos e carrega aminoácido até os ribossomos, que são 
as unidades de produção de proteínas na célula. É codificado de forma que cada 
trinômio de nucleotídeos (um códon) corresponda a um aminoácido. Em células 
eucarióticas, após a transcrição do precursor de RNA mensageiro (pré-mRNA) 
do DNA, ele é processado para amadurecer o mRNA. Esse processo exclui os 
íntrons – seções não codificantes do pré-mRNA. 
Os íntrons são removidos do pré-mRNA por spliceossomos, que incluem 
vários pequenos RNAs nucleares (snRNA), ou os íntrons podem ser ribozimas 
que se ligam autonomamente. O RNA também pode ser alterado, com seus 
nucleotídeos sendo substituídos por nucleotídeos diferentes de A, C, G e U. Nos 
eucariotos, as modificações nos nucleotídeos do RNA são frequentemente 
coordenadas por pequenos RNAs nucleolares (snoRNA; 60-300 nt), encontrados 
no nucléolo e nos corpos de Cajal. Os snoRNAs se emparelham com enzimas e 
as direcionam para um ponto em um RNA, onde essas enzimas realizam a 
modificação do nucleotídeo. Os rRNAs e tRNAs são extensivamente 
modificados, mas snRNAs e mRNAs podem ser alvos de modificações de bases, 
assim como o RNA pode ser metilado. 
O mRNA é então transportado do núcleo para o citoplasma, onde se 
associa aos ribossomos e é traduzido em sua forma proteica correspondente 
com a ajuda do tRNA. Em células procarióticas, que não têm compartimentos no 
núcleo e no citoplasma, o mRNA pode se associar aos ribossomos enquanto 
está sendo transcrito do DNA. Após um período específico, a mensagem se 
 
 
15 
decompõe em seus nucleotídeos constituintes com a assistência de 
ribonucleases. 
O RNA de transferência (tRNA) é uma cadeia pequena de RNA composta 
por, aproximadamente, 80 nucleotídeos, que transfere um aminoácido específico 
para uma cadeia polipeptídica em crescimento no local ribossômico da síntese 
proteica durante a tradução. Possui sítios de ligação de aminoácidos e uma 
região anticódon para o reconhecimento de códons, que se associa a uma 
sequência específica na cadeia de RNA mensageiro por meio de ligações de 
hidrogênio. 
O RNA ribossômico (rRNA) serve como o componente catalítico dos 
ribossomos. O rRNA constitui a parte do ribossomo que abriga o processo de 
tradução. Os ribossomos eucarióticos contêm quatro moléculas distintas de 
rRNA: 18S, 5,8S, 28S e 5S rRNA. Três dessas moléculas de rRNA são 
sintetizadas no nucléolo, enquanto uma é produzida em outra localização. No 
citoplasma, o RNA ribossômico e as proteínas se unem para criar uma 
nucleoproteína denominada ribossomo. O ribossomo se associa ao mRNA e 
realiza a síntese de proteínas. Múltiplos ribossomos podem estar conectados a 
um único mRNA em qualquer instante. Quase todo o RNA encontrado em uma 
célula eucariótica convencional é rRNA. 
Figura 11 – Ribossomo realizando processo de tradução da informação do RNA 
para sequência de aminoácidos (síntese proteica) 
 
Crédito: Ali DM/Shutterstock. 
 
 
16 
TEMA 5 – PROTEÍNAS PARA O FUNCIONAMENTO CELULAR 
As proteínas, quando comparadas aos carboidratos e aos lipídios, 
realizam de fato todo o trabalho, a ação das atividades celulares. Carboidratos 
são importantíssimos, e lipídios também. Não existe uma célula, seja ela 
eucarionte ou procarionte, sem a presença de lipídios e carboidratos. Sem a 
participação direta deles, as células não seriam construídas (lipídios) nem 
haveria os ácidos nucleicos (carboidratos). 
Sem as proteínas não haveria o trabalho, o transporte, a quebra ou a 
montagem de outras moléculas que fazem da unidade celular algo ativo. Seguem 
alguns exemplos. 
• Como que uma célula recebe um sinal, uma comunicação? Existem 
proteínas que realizam esse trabalho de “recepção” de sinal. A membrana 
plasmática possui muitas proteínas com a capacidade de interpretar 
diferentes sinais. Essas proteínas receptoras de sinal também podem 
estar dentro da célula, alguns hormônios entram na célula e seus 
receptores são “intracelulares”. 
• Como ocorrem a organização e o posicionamento das organelas 
dentro das células? Ocorrem por intermédio do citoesqueleto, que é 
basicamente o conjunto de 3 tipos de feixes proteicos (microtúbulos, 
feixes intermediários e filamentos de actina). 
• Como se dão o movimento e o transporte dentro da célula? Com a 
formação de vesículas envolvendo esse conteúdo, que será carregado 
por proteínas motoras por meio dos microtúbulos. Ou não precisa ser 
criada uma vesícula (isso depende do que será transportado), e essa 
proteína motora se liga e levará até o destino “por meio dos microtúbulos”. 
As coisas não voam nem ficam nadando dentro da célula. E tudo isso é 
organizado pelas proteínas. 
• Como o DNA é duplicado? Proteínas fazem esse trabalho. 
• Como ocorre a síntese de RNA? Proteína RNA Polimerase. 
• Como as reações metabólicas aqui estudadas acontecem? Proteínas 
realizam o reconhecimento de uma molécula e modificam, são as 
enzimas. O trabalho das enzimas garante as atividades aqui estudadas. 
• Como que uma célula permite a entrada ou saída de moléculas ou 
íons da célula? Proteínas na membrana. 
 
 
17 
Sempre que existir a necessidade de energia (calor) para permitir o 
trabalho proteico, uma molécula de ATP deverá ser quebrada para liberar esse 
calor e permitir a realização do trabalho por parte da proteína. 
Ao longo do nosso estudo, vocês viram a importância de a célula produzir 
bastante ATP, mas será esta a única forma de viabilizar a vida? 
5.1 Diferentes formas de produção de energia a partir de diferentes fontes 
O que estudamos até aqui diz respeito ao metabolismo de células animais. 
Para os cursos da área da saúde, esses ensinamentosbioquímicos são 
essenciais para o desenvolvimento dos futuros profissionais. 
No entanto, essas vias não são as únicas, pois existem outras fontes e 
formas de realização do metabolismo. É viável categorizar os seres vivos de 
acordo com a maneira pela qual adquirem a energia e o carbono essenciais para 
a síntese do material celular. Eles se dividem em duas amplas categorias 
conforme as fontes de energia: aqueles que são fotossintetizantes, captando e 
utilizando a luz solar, e os que são quimiossintetizantes, que obtêm sua energia 
pela oxidação de um combustível químico. 
Combustível químico? Carboidrato ou ácido graxo, conforme vimos em 
nosso estudo, porém esses combustíveis foram produzidos por outros 
organismos. Obtemos eles pela alimentação, uma vez que não conseguimos 
produzir nosso próprio alimento celularmente como as plantas, por exemplo, pois 
somos heterotróficos. No entanto, esses não são os únicos. Alguns seres 
quimiossintetizantes oxidam combustíveis inorgânicos, como SO4, NO2 a NO3 a 
Fe2. 
Tanto os fotossintetizantes quanto os quimiossintetizantes podem ser 
subdivididos com base na capacidade de sintetizar todas suas biomoléculas 
diretamente a partir do CO2 (autotróficos) ou na necessidade de nutrientes 
orgânicos formados por outros organismos (heterotróficos). A descrição do modo 
de nutrição de um organismo pode ser feita pela combinação desses termos. Por 
exemplo, cianobactérias são fotoautotróficas, enquanto seres humanos são 
quimio-heterotróficos. Distinções mais sutis podem ser estabelecidas, visto que 
muitos organismos podem obter energia e carbono de mais de uma fonte em 
diferentes condições ambientais ou estágios de desenvolvimento. 
 
 
18 
NA PRÁTICA 
Dicas para estudar Bioquímica: 
• estabeleça uma dinâmica de interação entre os elementos, desenhando 
a célula ou o tecido e posicionando os elementos envolvidos; 
• identifique as interações entre os elementos, compreendendo quem 
interage com quem, os produtos gerados e as consequências; 
• crie uma “sequência de eventos” visualmente compreensível, destacando 
o início, as reações e o fim com o produto desejado ou sua eliminação; 
• priorize a compreensão da dinâmica de interações antes de se preocupar 
com os nomes complicados, memorizando-os posteriormente. 
Utilize exemplos dados pelo professor em videoaulas como referência 
para seus estudos. 
FINALIZANDO 
As vias e atividades metabólicas estudadas não representam uma forma 
única de atividade celular. Você deve aprofundar seus estudos em 
bioquímica com a leitura dos livros. Este estudo apresentou os conceitos dos 
principais livros de bioquímica, porém há muito mais a ser visto. Lembre-se de o 
que determinará que você seja um bom profissional na área da saúde é o quanto 
que você irá estudar, se aprofundar e se esforçar ao longo dos anos para 
entender com os professores e campos de estágio como aplicar isso 
profissionalmente. Achar que apenas este material e as videoaulas sejam 
suficientes para sua formação é pensar pequeno. 
Pense grande! Bons estudos e boa sorte! 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2017. 
LAURALEE, S. Fisiologia humana: das células aos sistemas. 7. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2011. 
NELSON, D. D.; COX M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 7. ed. 
São Paulo: Sarvier, 2019. 
	CONVERSA INICIAL
	Enquanto isso no núcleo celular...
	TEMA 1 – QUAL A IMPORTÂNCIA BIOQUÍMICA DA REPLICAÇÃO DO DNA?
	TEMA 2 – A CONSTRUÇÃO BIOQUÍMICA DO DNA E DO RNA
	TEMA 3 – COMO O DNA É DUPLICADO?
	TEMA 4 – COMO A INFORMAÇÃO SAI DO DNA?
	TEMA 5 – PROTEÍNAS PARA O FUNCIONAMENTO CELULAR
	Na prática
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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