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SISTEMA DE ENSINO DIREITO CIVIL Contratos em Espécie - Parte V Livro Eletrônico 2 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Sumário Apresentação .................................................................................................................4 Contratos em Espécie - Parte V ......................................................................................5 1. Constituição de Renda .................................................................................................5 1.1. Definição ...................................................................................................................5 1.2. Forma ......................................................................................................................5 1.3. Proximidade com o Legado de Alimentos .................................................................6 1.4. Constituição de Renda Onerosa sobre Imóvel: Subsiste como Direito Real? Cabe o Registro na Matrícula do Imóvel? ................................................................................6 1.5. Impenhorabilidade da Renda Gratuita se Houver Pacto ............................................ 7 1.6. Limite Temporal da Constituição de Renda ............................................................... 7 1.7. Direito de Acrescer .................................................................................................. 7 1.8. Resgate como Forma de Extinção da Constituição de Renda ....................................8 2. Jogo e Aposta .............................................................................................................8 2.1. Legislação ................................................................................................................8 2.2. Definição .................................................................................................................8 2.3. Jogos Institucionalizados ou Não Institucionalizados ...............................................9 2.4. Jogos Esportivos e Não Esportivos .........................................................................9 2.5. Jogos Gratuitos Institucionalizados ou Não..............................................................9 2.6. Classificação dos Jogos e Apostas ........................................................................ 10 3. Fiança ....................................................................................................................... 13 3.1. Legislação .............................................................................................................. 13 3.2. Definição ............................................................................................................... 13 3.3. Interpretação e Forma Escrita .............................................................................. 15 3.4. Sub-rogação.......................................................................................................... 15 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 3.5. Cofiadores, Solidariedade e Benefício de Divisão ................................................... 15 3.6. Benefício de Ordem ou de Excussão ...................................................................... 16 3.7. Classificação quanto à Extensão da Obrigação (Fiança Total ou Parcial) ................ 16 3.8. Classificação quanto à Duração .............................................................................17 3.9. Extinção .................................................................................................................17 4. Transação................................................................................................................ 20 4.1. Legislação ............................................................................................................. 20 4.2. Definição .............................................................................................................. 20 4.3. Transação Judicial e Extrajudicial ......................................................................... 20 4.4. Objeto: Direitos Disponíveis ................................................................................... 21 4.5. Natureza Declaratória ........................................................................................... 21 4.6. Princípio da Indivisibilidade da Transação .............................................................. 21 4.7. Interpretação Restritiva ........................................................................................22 4.8. Proteção de Terceiros e o Caso dos Honorários Sucumbenciais ............................22 4.9. Restrições à Anulabilidade ....................................................................................22 5. Compromisso ...........................................................................................................23 Resumo ........................................................................................................................24 Questões de Concurso ..................................................................................................27 Gabarito ....................................................................................................................... 31 Gabarito Comentado .....................................................................................................32 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL ApresentAção Olá, querido(a) amigo(a)!! Vamos continuar tratando de contratos em espécie. A diretriz é a mesma: estamos focando em concursos públicos e, por isso, só aprofunda- remos em temas que realmente costumam ser cobrados em concurso. Vamos em frente! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL CONTRATOS EM ESPÉCIE - PARTE V 1. Constituição de rendA 1.1. definição O contrato de constituição de renda está disciplinado nos arts. 803 e ss do CC. Renda são as várias e sequenciais prestações em dinheiro ou em outros bens pagas por uma pessoa à outra. Logo, a constituição de renda é o contrato por meio do qual uma parte se obriga ao pagamento de prestação periódica a outra, a título gratuito ou após o recebimento de uma coisa (móvel ou imóvel). Nesta última hipótese, o contrato será oneroso e também real (real, porque o contrato só nasce com a entrega da coisa ao rendeiro, que, por conta des- se contrato, passará a ter a obrigação de pagar a renda). Esse contrato pode ser gratuito ou oneroso. Como sujeitos desse contrato, temos: a) Instituidor, censuísta ou censuente: é quem entrega ao rendeiro bens móveis ou imó- veis ao rendeiro (isso, na constituição de renda onerosa); b) Rendeiro, censuário ou censatário: é quem se obriga ao pagamento de uma renda (pres- tação periódicas).DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A fiança deve ser de valor igual ou superior ao da obrigação principal, dada sua natureza de garantia. Errado. Pode ser inferior, ao contrário do dito na questão, conforme art. 822 do CC: Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada. Questão 11 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: O valor da fiança deve ser igual ao valor da obrigação principal. Errado. Pode ser menor (art. 823, CC). Questão 12 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) Ao contrá- rio da garantia real, a fiança é garantia pessoal, em que o fiador se obriga ao cumprimento da obrigação de terceiro, podendo as partes estipular a solidariedade entre fiador e o afiançado, embora a regra seja a subsidiariedade. Certo. Garantia pessoal ou fidejussória é aquela por meio do qual alguém se compromete a pagar uma dívida no caso de inadimplência. A fiança é um exemplo. Como regra, o fiador pode se valer do benefício de ordem (que estabelece uma espécie de subsidiariedade). O benefício de ordem é previsto no art. 827, parágrafo único, do CC e garante ao fiador o direito de exigir que, antes de qualquer penhora de seus bens, seja feita a expropriação de bens do afiançado, bens esses indicados pelo fiador e situados no município. É possível, porém, que seja pactuada a solidariedade, caso em que sequer o fiador poderá se valer do benefício de ordem, conforme art. 828, II, do CC. Veja os dispositivos retrocitados: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito. Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador: I – se ele o renunciou expressamente; II – se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário; III – se o devedor for insolvente, ou falido. Questão 13 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia parcial da garantia. Certo. A ineficácia aí é total, e não parcial, consoante Súmula n. 322/STJ (“A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia”). Questão 14 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges não implica a ineficácia total da garantia. Errado. Implica sim a ineficácia total (Súmula n. 322/STJ). Questão 15 (CESPE/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTA- DA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. Certo. É a Súmula n. 322/STJ. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 16 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia parcial da garan- tia. Errado. A ineficácia aí é total, e não parcial (Súmula n. 322/STJ). Questão 17 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) O fiador, na locação, responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. Certo. É a Súmula n. 214/STJ (“O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de adi- tamento ao qual não anuiu”). Questão 18 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor, conforme o Código Civil. Certo. É o art. 835, CC: Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sem- pre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 19 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: A fiança, sem prazo determinado, gera a possibilidade de exoneração unilateral do fiador. Certo. É o art. 835, CC. Questão 20 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A obrigação do fiador não passa aos herdeiros, por sua natureza personalíssima, extinguindo-se com a morte do garante. Errado. A obrigação devida até a data da morte do fiador passa sim aos seus herdeiros, conforme art. 836 do CC: Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. Questão 21 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) É inválida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Errado. É válida por força do art. 3º, VII, da Lei n. 8.009/90: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenci- ária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I – em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias; II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III – pelo credor de pensão alimentícia; III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietá- rio que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL IV – para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII – por obrigação decorrente de fiançaconcedida em contrato de locação. Questão 22 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo responde pela execução do julgado. Errado. Não responde, ao contrário do dito na questão (Súmula n. 268/STJ: “O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo”). Questão 23 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) O contrato de transação atinge somente direitos patrimoniais, inclusive dos entes municipais, que po- dem, por exemplo, dispor de seus bens conforme o interesse da administração. Errado. Direitos de entes públicos não são de caráter privado, e sim público; logo, não se lhes aplica a transação disciplinada no CC, que se restringe a direito patrimoniais de caráter privado, con- forme art. 841 do CC. Veja esse dispositivo: Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação. Questão 24 (MPE-PB/PROMOTOR/MPE-PB/2018/ADAPTADA) A transação, no Código Civil, submete-se a regime contratual, interpretando-se sempre ampliativamente, e, por ela, é pos- sível transmitir, declarar e reconhecer direitos. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL A interpretação é restritiva, e não ampliativa. Ademais, não se transmite nem se declara direi- tos por meio da transação. Veja o art. 843 do CC: Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se decla- ram ou reconhecem direitos. Questão 25 (VUNESP/ASSISTENTE JURÍDICO/PREF. SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP/ 2019/ ADAPTADA) Permite-se a transação quanto aos direitos patrimoniais de caráter público ou privado. Errado. Só para direitos patrimoniais de caráter privado (art. 841, CC). Questão 26 (MPE-PB/PROMOTOR/MPE-PB/2018/ADAPTADA) A transação, no Código Civil, submete-se a regime contratual, não aproveitando nem prejudicando senão aos que nela in- tervierem, mesmo que diga respeito a coisa indivisível, não se anulando por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. Certo. São os arts. 844 e 849 do CC: Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível. § 1º Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador. § 2º Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os ou- tros credores. § 3º Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos codeve- dores. Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa. Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 41 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 27 (VUNESP/PROCURADOR/UNICAMP/2018) A nulidade de uma das cláusulas es- tabelecidas em instrumento de contrato de transação, implica, em regra, a) em perdas e danos, em favor da parte prejudicada b) na possibilidade de revisão judicial da transação, reestabelecendo-se seu equilíbrio. c) na nulidade da transação como um todo. d) na possibilidade de anulação da transação, no prazo decadencial de 4 (quatro) anos. e) na possibilidade de anulação da transação, no prazo decadencial de 2 (dois) anos. Letra c. É o art. 848 do CC: Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta. Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados, independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará os demais. Carlos Elias Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo. 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Resgate como Forma de Extinção da Constituição de Renda 2. Jogo e Aposta 2.1. Legislação 2.2. Definição 2.3. Jogos Institucionalizados ou Não Institucionalizados 2.4. Jogos Esportivos e Não Esportivos 2.5. Jogos Gratuitos Institucionalizados ou Não 2.6. Classificação dos Jogos e Apostas 3. Fiança 3.1. Legislação 3.2. Definição 3.3. Interpretação e Forma Escrita 3.4. Sub-rogação 3.5. Cofiadores, Solidariedade e Benefício de Divisão 3.6. Benefício de Ordem ou de Excussão 3.7. Classificação quanto à Extensão da Obrigação (Fiança Total ou Parcial) 3.8. Classificação quanto à Duração 3.9. Extinção 4. Transação 4.1. Legislação 4.2. Definição 4.3. Transação Judicial e Extrajudicial 4.4. Objeto: Direitos Disponíveis 4.5. Natureza Declaratória 4.6. Princípio da Indivisibilidade da Transação 4.7. Interpretação Restritiva 4.8. Proteção de Terceiros e o Caso dos Honorários Sucumbenciais 4.9. Restrições à Anulabilidade 5. Compromisso Resumo Questões de Concurso Gabarito Gabarito Comentado AVALIAR 5: Página 44:c) Beneficiário: é quem recebe a renda. Pode ser o instituidor ou um terceiro por aquele indicado. Trata-se de instituto em desuso, pois raramente alguém irá querer entregar um imóvel de sua propriedade a outrem para, em compensação, receber uma renda vitalícia ou dificilmente alguém irá, voluntariamente, se comprometer a pagar uma renda a outrem sem contrapartida algum. 1.2. formA É contrato solene, pois, em qualquer caso de constituição de renda, independentemente do valor envolvido, é obrigatória a escritura pública (art. 807, CC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 1.3. proximidAde Com o LegAdo de ALimentos Resultado similar ao do contrato de constituição de renda pode ser obtido por meio de testamento em que se estipule um legado de alimentos. Afinal de contas, o testador pode de- terminar que o legado consista em renda vitalícia ou pensão periódica (art. 1.926, CC). 1.4. Constituição de rendA onerosA sobre imóveL: subsiste Como direito reAL? CAbe o registro nA mAtríCuLA do imóveL? No CC/16, a constituição de renda era tratada como contrato (arts. 1.424 a 1.431) e, sob a designação de rendas constituídas sobre imóvel, como direito real sobre coisa alheia (arts. 749 e 754). A propósito, na Lei de Registros Públicos, ainda hoje se prevê o registro, na matrícula, das rendas constituídas sobre imóvel (art. 167, I, “8”, Lei n. 6.015/73). No CC, a constituição de renda é tratada apenas como um contrato típico. Inexiste, ade- mais, dispositivo no CC dispositivo similar ao antigo art. 1.431 do CC/16. Nesse contexto, ressai a seguinte discussão: o imóvel entregue pelo instituidor é onerado ou não por algum gravame real? A nós nos parece que foi extinta a figura do direito real “rendas constituídas sobre imó- veis”, de maneira que, na constituição de renda com transferência de imóvel, o rendeiro torna- -se proprietário pleno da coisa. Na matrícula do imóvel, o registro poderá ser feito com fulcro no art. 167, I, “8”, da LRP; todavia, o efeito desse ato de registro será o da transferência da propriedade plena, e não o da instituição do direito real sobre coisa alheia. Assim, em tese, o imóvel poderia ser recuperado pelo instituidor, na hipótese de resolução do contrato por inadimplemento (art. 810, CC). Todavia, se o imóvel já tiver sido alienado a ter- ceiros pelo rendeiro, só restará ao instituidor perdas e danos, conforme regra de propriedade ad tempus (art. 1.360, CC). Nada impede, todavia, que, no contrato de constituição de renda, o instituidor – que pode exigir garantias reais e fidejussórias – imponha que o rendeiro onere o imóvel recebido com uma hipoteca ou que receba o imóvel sob a condição resolutiva consistente no inadimple- mento das prestações periódicas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 1.5. impenhorAbiLidAde dA rendA grAtuitA se houver pACto No caso de constituição de renda a título gratuito, o instituidor pode determinar a impe- nhorabilidade das rendas (art. 813, CC). Pode, também, se quiser, instituir outras cláusulas restritivas da propriedade (inalienabilidade ou incomunicabilidade), pois se trata de ato de liberalidade e é direito do generoso direcionar a liberalidade. Não é viável tal procedimento na constituição de renda onerosa, pois o rendeiro não pode tornar impenhoráveis os próprios bens diante de terceiros, ainda que por meio de um contrato oneroso. Isso violaria o princípio do patrimonialidade, que só pode ser excepcionado quando há lei expressa (art. 789, CPC1). 1.6. Limite temporAL dA Constituição de rendA Jamais a constituição de renda poderá ser estipulada para além da vida do credor das rendas (seja este o instituidor, seja este um terceiro beneficiário), pois a finalidade da consti- tuição da renda é a garantia da sobrevivência de uma pessoa, e não de suas gerações futuras (art. 806, CC). Nada impede, todavia, que a constituição de renda vá além da vida do devedor, caso em que seus herdeiros assumirão, até o limite do quinhão respectivo, o dever de conti- nuar a prestar a renda ao credor. 1.7. direito de ACresCer Se os beneficiários forem cônjuges, poder-se-á invocar o direito de acrescer legal previs- to para a doação conjuntiva, mediante incidência, por analogia, do art. 551 do CC (direito de acrescer legal). Em outras hipóteses, pode-se ser estipulado o direito de acrescer (direito de acrescer convencional). 1 Art. 789, CPC: “O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 1.8. resgAte Como formA de extinção dA Constituição de rendA O resgate da constituição de renda é um modo de extinção precoce do contrato de consti- tuição de renda por ato do próprio rendeiro e consiste no fato de este antecipar um valor que, se sujeito aos juros legais, garantiria uma renda ao beneficiário durante todo o período pre- visto no contrato. Não há previsão legal para tanto, mas essa hipótese de extinção é admitida como decorrência do direito do devedor de pagar a dívida (art. 304, CC). 2. Jogo e ApostA 2.1. LegisLAção O contrato de jogo e aposta está nos arts. 814 e seguintes do CC. Há, porém, leis espe- cíficas a disciplinar determinados jogos e apostas, como a lei das loterias (Decreto-Lei n. 6.259/1944) e a Lei do Turfe (Lei n. 7.291/1984) a permitir apostas em corridas de cavalo com o objetivo de arrecadar recursos para a equideocultura nacional. 2.2. definição Jogo e aposta são contratos onerosos aleatórios, porque vincula a prestação de um dos contratantes à álea (sob a forma de risco, sorte ou azar). São contratos bilaterais (ou sinalag- máticos), onerosos e aleatórios. Jogo e aposta são distintos no conceito, mas similares na disciplina jurídica. Jogo é quando o resultado depende do desempenho, da competência, da experiência e da sorte do contratante, de maneira que, caso este obtenha êxito em determinado ato, receberá a quantia estipulada. Aposta é quando o resultado não depende das partes, e sim de um ato ou fato alheio, de sorte que o contratante será considerado vencedor e, portanto, terá o direito ao recebimen- to do valor estipulado, se seu prognóstico vier a concretizar-se. Há disputa pela melhor opinião. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 2.3. Jogos instituCionALizAdos ou não instituCionALizAdos O jogo pode ser institucionalizado ou não institucionalizado. Diz-seinstitucionalizado o jogo cujas regras são fixadas por entidade representativa dos participantes, como o futebol profissional (regulamentado pela FIFA e CBF), o vôlei (regulamentado pela Vôlei). É, todavia, não institucionalizado o jogo quando as regras são fixadas pelos próprios jogadores. 2.4. Jogos esportivos e não esportivos É possível classificar os jogos conforme a sua modalidade: esportiva ou não esportiva. É esportivo, quando o preparo físico dos jogadores é fundamental, e é não esportivo em caso contrário. Ex. de jogo esportivo: ginástica olímpica, surfe, natação, futebol. Ex. de jogo não esportivo: bridge, gamão, golf e pôquer. Jogos esportivos institucionalizados são chamados de “desporto” e é tratado na Lei Pelé (Lei n. 9.615/1998). 2.5. Jogos grAtuitos instituCionALizAdos ou não No mundo jurídico, jogos ou apostas gratuitos não institucionalizados não possuem relevância alguma, ou seja, não são fatos jurídicos (não são contratos, portanto), a exem- plo do jogo de cartas de final de semana ou da partida de futebol (a famosa “pelada”) entre amigos. Quando, porém, o jogo ou a aposta gratuitos são institucionanalizados, há relevân- cia jurídica, pois comumente possuem expressivas repercussões econômicas, sociais e patrimoniais. A entidade representativa estabelece as formas de solução dos conflitos surgidos ao longo do jogo por meio de órgãos integrantes da Justiça Desportiva (arts. 49 ao 55 da Lei Pelé). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 2.6. CLAssifiCAção dos Jogos e ApostAs 2.6.1. Ilícitos ou Proibidos Em geral, a exploração pública dos jogos ou apostas proibidos são os jogos de azar, assim entendidos aquele cujo resultado depende predominantemente da sorte. A lei de contravenções penais (art. 50 do Decreto-Lei n. 3.688/41) expressamente o condena quando tiver finalidade econômica. Não se inclui aí jogos ou apostas a dinheiro feitos entre amigos. O que se proíbe é a mercantilização da sorte. 2.6.2. Lícitos Os jogos ou apostas lícitos podem ser: a) Tolerados: a lei não os proíbe, mas também não lhes regulamenta expressamente. Não se enquadra entre os jogos de azar de que trata a Lei de Contravenções Penais. b) Autorizados: são os legalmente permitidos de forma expressa. Ex.: loteria esportiva, super-sena, lotomania etc. 2.6.3. A Questão da Exigibilidade das Dívidas de Jogos ou Apostas e os Ter- ceiros de Boa-fé Salvo os jogos ou apostas lícitos autorizados e os prêmios oferecidos em competições esportivas, intelectuais ou artísticas cujos competidores observem as regras legais e regula- mentares, todas as demais espécies de jogos (os ilícitos e os lícitos tolerados) só geram obri- gação natural às partes, assegurada, porém, o direito à devolução do que foi pago se houve dolo ou se o perdente for menor ou interditado (art. 814, CC)2. 2 Há quem defenda que, no caso de jogos ou apostas ilícitos, não cabe esse direito de devolução na hipótese de dolo, de maneira que o dinheiro envolvido deveria ser revertido em prol de alguma entidade filantrópica nos termos do art. 883 do CC. Clovis Bevilaqua, sem citar, porém, essa reversão para entidades filantrópicas, afirmava que o direito à repetição de indébito no caso de dolo “não aproveita aos jogos proibidos” (Bevilaqua, 1979, p. 608). Preferimos, porém, não acom- panhar esse entendimento diante do fato de que, mesmo nos jogos proibidos, há uma aceitação social que faria muito penoso afastar o direito à repetição do indébito, especialmente tendo em vista que, se o Estado quisesse punir os jogado- res, poderia fazê-lo por meio do Direito Penal (tipos penais ou contravenções) ou do Direito Administrativo (multas). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL O perdedor no jogo ou na aposta, embora tenha obrigação de pagar o valor estipulado, não poderá ser submetido a procedimento de exigibilidade pelo credor (como ação judicial). É por isso que o costume é os apostadores exigirem a entrega prévia do dinheiro da aposta ou do jogo. Todavia, caso o perdedor pague a quantia, não poderá repetir o indébito, por ter satisfei- to uma obrigação natural. A essa impossibilidade de repetição de indébito decorre do que a doutrina designa de princípio da soluti retentio (= o credor pode reter o pagamento feito, pois a dívida, embora inexigível, era devida). Exceções de casos em que se admite a repetição de indébito: “dolo do ganhador” ou “menoridade ou incapacidade do perdedor. Em relação ao “dolo do ganhador”, é cabível que o prejudicado reivindique a restituição do que foi pago quando o ganhador utilizou artifícios malicioso para afastar a álea e garantir seu êxito. Cuida-se de proteção conferida pelo ordenamento à boa-fé. No tocante à “menoridade ou incapacidade do perdedor”, se quem perdeu era menor ou incapaz, este poderá reaver o que pagou. Trata-se de proteção dada pelo ordenamento ao incapaz. Entendemos que, apesar de o art. 814 do CC aludir apenas a “menor ou interdito”, temos que esse preceito tem de ser interpretado extensivamente para abranger qualquer in- capaz, ainda que não interditado, pois a finalidade é proteger quem não tem discernimento mínimo para compreender os atos da vida civil, ainda mais quando estes estão distorcidos com os feitiços do mundo dos jogos. Seja como for, terceiros de boa-fé (assim incluídos os que desconhecem a origem de dívida de jogo), todavia, são protegidos dos efeitos da nulidade desses negócios dissimula- dores (art. 814, § 1º, do CC). Ex.: terceiro endossatário de cheque utilizado como pagamento de dívida de jogo. A razão de ser para se considerar dívida de jogo não autorizado como obrigação natural é a de que o ordenamento jurídico não entende pertinente armar o aparato estatal de tutela dos direitos (como o Poder Judiciário) para a satisfação de dívidas de jogos, salvo os casos de jogos legalmente permitidos, de violações à boa-fé e de desrespeito à incapacidade civil. Isso, porque os jogos e apostas, em regra, decorrem de mero divertimento sem utilidade social suficiente a despertar a tutela jurisdicional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Reitere-se que há duas exceções em que dívidas de jogos geram obrigações civis (exi- gíveis), e não naturais: a) Jogos lícitos autorizados (art. 814, § 2º, CC): nesses casos, a obrigação é exigível, de maneira que o vencedor poderá exigir, pelas vias cabíveis, o pagamento do valor contratado. Ex.: ganhador na Mega-Sena poderá exigir da CEF o pagamento do valor estipulado, por se cuidar de jogo expressamente disciplinado em lei. b) Competição esportiva, intelectual ou artística desde obedecidas as regras legais e regulamentares (art. 814, § 3º, CC): entendemos que essa competição não precisa ter lei específica e que a expressão “regras regulamentares” deve abranger as regras colocadaspelo organizador do evento, e não regras estatais. A competição necessariamente precisa ser esportiva, intelectual ou artística, de maneira que um torneio de bingo não estaria alcan- çado por não ser uma competição com esses adjetivos. Temos, ainda, que, em alguns casos em que não há um acordo de vontades entre o organizador da competição e o competidor (ou seja, quando não há um negócio jurídico bilateral, ou melhor, quando não há o contrato de jogo ou de aposta), o prêmio oferecido em competição se enquadra como uma verdadei- ra promessa de recompensa, que é um negócio jurídico unilateral e é exigível nos moldes dos arts. 854 ao 860 do CC. 2.6.4. Exigibilidade de Empréstimos para Jogos ou Apostas São obrigações naturais as decorrentes de empréstimos contraídos no ato da aposta ou do jogo (art. 815, CC). Todavia, empréstimos contraídos posteriormente ao jogo são exigíveis. 2.6.5. Distinção em Relação aos Contratos Diferenciais Os contratos diferenciais são os “mercados a termo” com títulos de bolsa, Mercadorias ou valores. Em razão deles, especula-se a alta ou a baixa dos títulos, para obtenção de lucro. Trata-se de negócio extremamente comum no mercado da bolsa de valores, em virtude do qual os investidores buscam obter lucro mediante a expectativa de alta ou baixa do título. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL O art. 816 do CC/2002 afasta qualquer equiparação dos contratos diferenciais aos de jo- gos ou de apostas, prestigiando a função econômica relevantíssima daqueles para a econo- mia e reconhecendo que a diversão não é uma das finalidades desses contratos, ao contrário do que sucede nos contratos de jogos e apostas. O já revogado art. 1.479 do art. CC/16 esta- belecia o contrário. Dessa forma, o ordenamento confere pleno vigor ao tão comum mercado a termo. 2.6.6. Sorteio como Resolução de Conflitos ou de Divisão de Coisas Não é considerado jogo, e sim forma lícita de transação (para compor partes litigantes) ou de partilha (para divisão de coisa comum). Não almeja, com o sorteio, ao lucro ou à perda nem à diversão, como no jogo, e sim à solução de um problema. Trata-se de uma “reminiscência das ordálias”3, formas de resolução de conflito utilizado na Idade Média. 3. fiAnçA 3.1. LegisLAção O contrato de fiança é disciplinado nos arts. 818 e seguintes do CC. Há, porém, leis es- pecíficas a disciplinar determinadas espécies de fiança, como a fiança em locação de imóvel urbano (Lei do Inquilinato – Lei n. 8.245/91). Nesse caso, o CC se aplica subsidiariamente. 3.2. definição Fiança é o contrato por meio do qual o fiador se obriga a satisfazer uma obrigação de ou- trem (afiançado) no caso de inadimplência deste. As partes desse contrato são duas: o fiador e o credor da obrigação garantida. Note que o afiançado não é parte do contrato de fiança. Como, pelo contrato de fiança, o fiador não possui proveito econômico algum, o contrato de fiança é gratuito. Há, porém, contratos atípicos por meio dos quais se paga alguém para que se torne fiador, mas esse não é contrato típico de fiança. Há também casos conhecidos 3 Washington de Barros Monteiro (apud Gonçalves, 2010, p. 551) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL como “seguro-fiança”, por meio do qual a seguradora recebe um valor (prêmio) para, no caso de inadimplência de uma obrigação (sinistro), pagar a quantia estipulada (cobertura securitá- ria), mas aí há um contrato de seguro. Alerte-se que há controvérsia doutrinária acerca da existência de fiança onerosa. Trata-se de tema controverso da doutrina4. Em concurso público, a VUNESP já admitiu ao considerar esta questão como correta: Questão 1 (VUNESP/JUIZ/TJSP/2018/ADAPTADA) O contrato de fiança é celebrado entre o fiador e credor do afiançado, podendo ser gratuito ou oneroso, mas o fiador, se como tal demandado, poderá compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado. Certo. Questão como essa merecia anulação diante do dissenso doutrinário. As garantias das obrigações podem ser: (1) pessoal ou fidejussórias (quando uma pessoa se obriga a garantir a obrigação) ou (2) real (quando uma coisa é vinculada à satisfação da dívida). A fiança representa uma garantia fidejussória, pois a pessoa do fiador se obriga a satisfazer a obrigação no caso de inadimplemento do devedor originário. Por isso, a fiança também pode ser chamada de caução fidejussória. Quanto às garantias reais, podemos citar os direitos reais de garantia (hipoteca, penhor e anticrese), a alienação fiduciária em garantia, a caução de móveis e imóveis e outros. 4 Para aprofundamento, recomendamos este nosso artigo: OLIVEIRA, Carlos E. Elias de Oliveira. O contrato típico de fiança pode ser oneroso? Disponível: https://profcarloselias.blogspot.com/2020/06/o-contrato-tipico-de-fianca-pode-ser.html. Elaborado em 3 de junho de 2020. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://profcarloselias.blogspot.com/2020/06/o-contrato-tipico-de-fianca-pode-ser.html 15 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 3.3. interpretAção e formA esCritA Por se tratar de contrato gratuito, é vedada interpretação extensiva dele (art. 819, CC). A doutrina e a jurisprudência costumam ir além do art. 819 do CC (que só bane a interpretação extensiva) para definir que a interpretação tem de ser restritiva, mas, ao nosso sentir, também se admite interpretação declarativa. Ademais, o contrato de fiança é solene (ou formal), porque necessariamente tem adotar uma forma prevista em lei: a forma escrita (art. 819, CC). Esse rigor se justifica pelo fato de a fiança ser gratuita e, portanto, não trazer nenhum proveito financeiro ao fiador, de sorte que, no mínimo, é fundamental exigir maior segurança na manifestação de sua vontade. A vedação à interpretação extensiva e a exigência de forma escrita decorre do princípio da proteção simplificada do agraciado5. 3.4. sub-rogAção O fiador não é um terceiro em relação à obrigação garantida e, por isso, se vier a pagá-la, é necessário assegurar-lhe direito regressivo contra o devedor originário (o afiançado). Esse direito de regresso é assegurado de modo especial por meio da sub-rogação, de sorte que o crédito contra o afiançado, com todos os seus privilégios (ex.: hipoteca dada pelo afiançado), são transferidos ao fiador (art. 831, CC). 3.5. CofiAdores, soLidAriedAde e benefíCio de divisão Se houver mais de um fiador, há solidariedade entre eles por força do art. 829 do CC, salvo se pactuarem expressamente o contrário. Esse pacto contrário que afasta a solidariedade legal é chamado de “benefício de divisão”, assim designado porque cada fiador só pagará a sua quota proporcional na dívida (art. 829, CC). A proporção da quota de cada um deve estar indicada no contrato, mas, havendo silêncio, deve-se presumir quotas iguais na forma das obrigações divisíveis e indivisíveis (arts. 257 ao263, CC). 5 OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da pro- teção simplificada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pes- quisas/CONLEG/Senado, Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/ nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.senado.leg.br/nepleg http://www.senado.leg.br/nepleg 16 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 3.6. benefíCio de ordem ou de exCussão Em regra, o fiador não é devedor solidário, mas sim o que chamamos de “devedor subsi- diário especial”6, assim batizado porque o fiador tem o direito ao benefício de ordem ou de excussão. O benefício de ordem é uma faculdade dada ao fiador de, até a fase de defesa no processo judicial (até a contestação), exigir que, em primeiro lugar, sejam executados os bens do afian- çado, mas, para tanto, ele terá de indicar bens do afiançado no município em valor suficiente para a satisfação da dívida (art. 827, CC). O benefício de ordem é a regra geral. Só é afastado quando houver pacto em contrário (por meio de uma cláusula contratual de renúncia do fiador à solidariedade ou de uma cláusula de solidariedade entre o fiador e o afiançado) ou quando o afiançado for insolvente ou falido (art. 828, CC). 3.7. CLAssifiCAção QuAnto à extensão dA obrigAção (fiAnçA totAL ou pArCiAL) A fiança total ou ilimitada é a que recai sobre toda a obrigação garantida, com inclusão de seus acessórios, como os encargos moratórios e também as despesas judiciais. É a regra geral, conforme o art. 822 do CC. Apesar de o texto do art. 822 do CC dá a entender que os acessórios só são cobráveis do fiador “desde a citação”, o STJ dá interpretação extensiva para entender que todos os encargos moratórios são devidos, independentemente de serem devidos antes ou não da citação. Nos casos de mora ex re, a mora se constitui desde a data do vencimento, razão por que, nesse caso, o fiador terá de pagar os encargos moratórios desde esse momento, apesar de este ser anterior à citação. Já no caso de mora ex personae, a mora se constitui com a interpelação judicial ou extrajudicial: a citação é apenas um dos vários modos de interpelação, de modo que o art. 822 do CC, por atecnia, só se referiu a essa hipótese específica (STJ, REsp 1264820/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 30/11/2012). 6 Na doutrina, há quem apenas chama de devedor subsidiário (Tartuce, 2019-B, p. 507), mas preferimos acrescer o adjetivo especial porque, na verdade, o fiador tem um benefício de ordem na forma do art. 827 do CC, que lhe impõe o dever de indicar, já em juízo, um bem penhorável do afiançado na localidade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL A fiança parcial ou limitada é a que recai apenas sobre parte da obrigação. Depende de pacto expresso. 3.8. CLAssifiCAção QuAnto à durAção A fiança pode ser por prazo determinado ou indeterminado. Depende do que for pactuado. Havendo silêncio, presume-se que é por prazo indeterminado (art. 835, CC). 3.9. extinção 3.9.1. Noção Geral Os arts. 837 ao 839 do CC trata da extinção do contrato de fiança. A fiança, por ser contrato acessório, extingue-se com o pagamento da obrigação garan- tida, seja pelo afiançado, seja pelo fiador. Trata-se do que chamamos de extinção normal do contrato de fiança. Há, porém, o que chamamos de extinção anormal da fiança, assim entendida todas as demais causas extintivas, as quais podem ser divididas em duas hipóteses: a) a alteração das condições da obrigação original por ato de vontade do credor e sem consentimento do fiador; e b) impossibilidade da sub-rogação por culpa do credor (art. 838, II, CC). c) Exoneração. 3.9.2. Alterações das Condições da Obrigação por Vontade do Credor A primeira hipótese de extinção abrange os casos de: a) concessão de moratória ao devedor sem consentimento do fiador (art. 838, I, CC); b) novação sem consentimento do fiador (art. 366, CC); c) dação em pagamento aceita pelo credor (art. 833, III, CC). Nesses casos, o fiador não foi consultado sobre mudanças na obrigação principal e, por isso, ou há o risco de agravar a dívida garantida, ou se reduzem as chances de o fiador obter O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL êxito em eventual ação regressiva. Assim, por exemplo, se o fiador dá moratória (dá mais prazo para pagamento) ao devedor, esse tempo adicional pode ser suficiente para o devedor se endividar mais ainda, de maneira que, quando o fiador for exercer o direito de regresso, as suas chances de ter êxito são reduzidas. Quanto ao caso de dação em pagamento, ela extingue a obrigação principal, mas, se ocor- rer a evicção da coisa recebida, o art. 359 do CC restaura a obrigação primitiva. A pergunta é: a fiança também é restaurada? A resposta é não, porque o art. 833, II, do CC veda essa ressur- reição da fiança. E há motivos para tanto: o fiador não pode ficar obrigado após a extinção da obrigação principal, salvo se ele assim tiver expressamente pactuado. 3.9.3. Impossibilidade de Sub-rogação por Culpa do Credor A segunda hipótese (impossibilidade da sub-rogação por culpa do credor) decorre do de- ver de boa-fé objetiva que impõe ao credor não prejudicar o êxito no exercício do direito de regresso do fiador contra o afiançado. Trata-se de hipótese bem genérica para abranger qual- quer hipótese em que uma conduta do credor, como o seu retardamento em cobrar a dívida após tomar notícia de eventual empobrecimento do afiançado, pode comprometer o futuro direito de regresso do fiador contra o devedor. Nesse sentido, o art. 839 do CC prevê que, se o credor retarda a execução após o fiador ter invocado o benefício de ordem indicando bens pe- nhoráveis do afiançado em valor suficiente para a satisfação da dívida, a fiança se extinguirá caso o devedor caia em insolvência. 3.9.4. Exoneração (Resilição Unilateral) e o “Prazo de Rescaldo” 3.9.4.1. Fiança por Prazo Determinado Se a fiança é por prazo determinado, o fiador não pode resilir unilateralmente a fiança de modo imotivado. Admitir o contrário seria romper a legítima expectativa do credor, que só aceitou a obrigação principal por conta da garantia fidejussória (ex.: o banco não teria em- prestado um dinheiro sem a garantia de que a fiança duraria o prazo do contrato de mútuo). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 3.9.4.2. Fiança por Prazo IndeterminadoSe a fiança é por prazo por prazo indeterminado, o fiador pode, a qualquer momento, no- tificar o credor para, imotivadamente, resilir o contrato de fiança, mas, em razão em proteção da legítima expectativa do credor, o fiador permanecerá obrigado por 60 dias. Em outras pala- vras, a notificação resilitória o contrato de fiança a um termo resolutivo de 60 dias da data da notificação (art. 835, CC)7. Chamamos esse prazo adicional de “prazo de rescaldo”. Esse “prazo de rescaldo” só se aplica para esse caso e, portanto, não pode ser estendida para as hipóteses de extinção motivada da fiança: nos contratos gratuitos, interpretação ex- tensivas ou analogias da lei não podem ser utilizadas para beneficiar o agraciado (o credor) em detrimento do generoso (o fiador). É o enunciado n. 547/JDC (“Na hipótese de alteração da obrigação principal sem o consentimento do fiador, a exoneração deste é automática, não se aplicando o disposto no art. 835 do Código Civil quanto à necessidade de permanecer obri- gado pelo prazo de 60 (sessenta) dias após a notificação ao credor, ou de 120 (cento e vinte) dias no caso de fiança locatícia”). 3.9.4.3. Caso Especial: Notificação Resilitória Precoce na Fiança por Prazo Determinado e Comparação com o Caso da Lei do Inquilinato Indaga-se: se, na fiança por prazo determinado, o fiador expedir a notificação resilitória antes do fim do prazo, o que acontece? Temos que nada, pois, além de ser vedado que o fiador se exonere imotivadamente nesse caso, com o fim do prazo determinado, automaticamente a fiança se extinguirá. 7 Quando se trata de fiança em locação de imóvel urbano, o prazo de rescaldo é de 120 dias e também só se aplica para locação por prazo indeterminado, pois, quando tratar de locação por prazo determinado, é vedada a resilição unilateral por parte do fiador (arts. 39 e 40, X, da Lei do Inquilinato – Lei n. 8.245/91). Se o fiador expedir a notificação resilitória antes do fim do prazo (no caso de locação por prazo determinado), a extinção da fiança só ocorrerá 120 dias após o fim desse prazo, ou seja, após o contrato se tornar por prazo indeterminado (STJ, REsp 1798924/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/05/2019). É preciso lembrar que, no regime da lei do inquilinato, se a fiança é dada para uma locação por prazo determinado, ela – salvo pacto em contrário – se estende para além desse prazo até a efetiva devolução do imóvel, pois, findo o prazo prefixado, a locação se torna por prazo indeterminado. Isso é o texto expresso do art. 39 da Lei do Inquilinato. Antes desse dispositivo, que foi alterado em 2009, não havia essa prorrogação automática da fiança, que se extinguia automaticamente após o fim do prazo do contrato de locação, salvo pacto em contrário no sentido de que a fiança subsistiria até a entrega das chaves (STJ, AgInt no AREsp 1358695/PR, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 08/04/2019). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL A situação é diferente no regime da locação de imóvel urbano, pois, lá, à luz do art. 39 da Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91), a fiança em locação por prazo determinado não se extin- gue com o fim do prazo, mas apenas com a devolução do imóvel, salvo pacto expresso. É que, lá, há automaticamente a prorrogação, por prazo indeterminado, da locação predial urbana após o fim do prazo estipulado se o locador não se opuser à permanência do inquilino nos trinta dias seguintes, tudo por força de lei (arts. 46, § 1º, 50 e 56, parágrafo único, da Lei do Inquilinato). Por isso, para essa hipótese, a notificação resilitória precoce (antes do fim do prazo) permitirá o início da fluência do prazo de rescaldo (que é de 120 dias lá) ocorra com o fim do prazo do contrato, conforme decisão do STJ (STJ, REsp 1798924/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/05/2019). 4. trAnsAção 4.1. LegisLAção A transação está disciplinada nos arts. 840 e seguintes do CC. Deve-se atentar, porém, para normas especiais, como o CPC para casos de transações em juízo e o art. 171 do CTN para transações em matéria tributária. 4.2. definição Transação é o contrato por meio do qual as partes, para evitar ou terminar um litígio, fazem concessões mútuas. É pressuposto desse contrato a existência iminente ou potencial de um conflito por direitos, pois o objetivo desse contrato é que as partes, “abrindo mão” reciproca- mente dos direitos que entendem ter, chegam a um acordo (transação) para evitar ou terminar o litígio. 4.3. trAnsAção JudiCiAL e extrAJudiCiAL A transação pode ser: a) extrajudicial: dá-se quando o direito em litígio não está sendo discutido em pro- cesso judicial. Deve ser feita por escrito e, se a lei exigir escritura pública para a nego- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL ciação de qualquer dos direitos envolvidos, também a transação abrangendo esse direito deverá ser por escritura pública (art. 842, CC). Assim, se a transação envolve um imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, ela deverá ser por escritura pública por força dos arts. 108 e 842 do CC. b) Judicial: dá-se quando o direito controvertido já é objeto de processo judicial. A transação judicial tem de ser submetida à homologação do juiz a fim de que o feito seja extinto com resolução do mérito ou, se for o caso, seja suspenso na forma da lei processual (art. 842, CC). Apesar de o art. 842 do CC exigir escritura pública para a for- malização da transação quando o direito está em litígio, o fato é que, como também esse dispositivo admite a transação por termo nos autos, essa exigência é vazia na prática, pois nada impede que as partes façam a transação por instrumento particular e peçam a homologação em juízo: essa homologação transformará o instrumento particular em “termo nos autos”. 4.4. obJeto: direitos disponíveis A transação só pode abranger direitos patrimoniais de caráter privado por serem disponí- veis, como discussões entre os cônjuges relativas à partilha de bens no momento do divórcio (art. 841, CC). 4.5. nAturezA deCLArAtóriA A transação tem natureza declaratória: ela não gera transmissão de direitos, mas apenas a declaração ou o reconhecimento deles por ficção do art. 843 do CC. 4.6. prinCípio dA indivisibiLidAde dA trAnsAção Como a transação implica concessões recíprocas, daí decorre o princípio da indivisibili- dade da transação, segundo o qual nenhuma cláusula da transação pode ser declarada nula isoladamente. Nula qualquer das cláusulas, nula será a transação inteira (art. 848, CC). Isso afasta a redução do negócio jurídico prevista no art. 184 do CC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL 4.7. interpretAção restritivA Também por conta da existência de concessões recíprocas, a transação tem de ser inter- pretada restritiva a fimde evitar que, por meio de malabarismos hermenêuticos, qualquer das partes surpreenda a outra reivindicando direitos inesperados (art. 843, CC). 4.8. proteção de terCeiros e o CAso dos honorários suCumbenCiAis A transação não pode beneficiar nem prejudicar terceiros, tudo por força do art. 844 do CC, que enfatiza o princípio da relatividade dos efeitos do contrato. Por isso, o fiador fica exone- rado se não participou da fiança (art. 844, § 1º, CC). Se se tratar de transação judicial, caso os advogados das partes não tenham participado da transação, ela não poderá prejudicar o direito deles aos honorários sucumbenciais, confor- me enunciado n. 442/JDC (“a transação, sem a participação do advogado credor dos honorá- rios, é ineficaz quanto aos honorários de sucumbência definidos no julgado”). 4.9. restrições à AnuLAbiLidAde O art. 849 do CC impõe limites às causas de anulabilidade da transação, só permitindo a anulação por dolo, coação ou erro quanto à pessoa ou à coisa controvertida. O parágrafo único desse preceito veda expressamente anulação por erro de direito sobre as questões em litígio. Trata-se de preceito destinado a evitar a perenização do conflito com discussões sobre a anulabilidade do negócio. Apesar do silêncio, temos que, apesar do silêncio, a transação pode ser anulada por inca- pacidade relativa das partes, visto que a capacidade civil é um pressuposto do contrato. Também consideramos anulável a transação se faltar a outorga conjugal prevista nos arts. 1.847 e 1.849 do CC, pois esse negócio não pode prejudicar terceiros, conforme se extrai do art. 844 do CC, que tem de ser lido em conjunto com o art. 849 do CC. Pelo mesmo motivo – proteção de terceiros –, temos que a transação pode ser anulada por fraude contra credores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Não consideramos cabível, porém, a anulação pelos demais vícios de consentimento (le- são e estado de perigo) diante do texto do art. 849 do CC. Há, porém, respeitadíssimos dou- trinadores em sentido contrário ao nosso, admitindo a anulação dos negócios jurídicos por qualquer vício de consentimento, mesmo os não citados no art. 849 do CC, pois o rol desse dispositivo seria meramente exemplificativo, com exceção apenas do erro de direito quanto a questões controvertidas por força do parágrafo único do art. 849 do CC (Tartuce). Por fim, fique claro que o art. 849 do CC não alcança casos de nulidade, mas apenas de anulabilidade, seja porque o seu texto só faz alusão a este último vício, seja porque a nulidade decorre de violação de norma de ordem pública. 5. Compromisso Compromisso é o contrato por meio do qual as partes estabelecem que o litígio entre elas deverá ser resolvido por um árbitro, e não pelo Poder Judiciário. Geralmente, o compromisso se materializa como uma das cláusulas de contratos de compra e venda, de prestação de serviço etc. Trata-se da cláusula compromissória. Os arts. 851 ao 853 do CC trazem regras gerais sobre o compromisso, mas é preciso aten- tar também para a Lei de Arbitragem (Lei n. 9.307/1996) e para o CPC. Trata-se de matéria estudada no direito processual civil de modo mais aprofundada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL RESUMO Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte- údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola. Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às questões. O resumo desta aula é este: a) O contrato de constituição de renda está disciplinado nos arts. 803 e ss do CC. b) A constituição de renda é o contrato por meio do qual uma parte se obriga ao pagamento de prestação periódica a outra, a título gratuito ou após o recebimento de uma coisa (móvel ou imóvel). c) É contrato solene, pois, em qualquer caso de constituição de renda, independentemente do valor envolvido, é obrigatória a escritura pública (art. 807, CC). d) Jamais a constituição de renda poderá ser estipulada para além da vida do credor das rendas (seja este o instituidor, seja este um terceiro beneficiário), pois a finalidade da consti- tuição da renda é a garantia da sobrevivência de uma pessoa, e não de suas gerações futuras (art. 806, CC). Nada impede, todavia, que a constituição de renda vá além da vida do devedor, caso em que seus herdeiros assumirão, até o limite do quinhão respectivo, o dever de conti- nuar a prestar a renda ao credor. e) Salvo os jogos ou apostas lícitos autorizados e os prêmios oferecidos em competições esportivas, intelectuais ou artísticas cujos competidores observem as regras legais e regula- mentares, todas as demais espécies de jogos (os ilícitos e os lícitos tolerados) só geram obri- gação natural às partes, assegurada, porém, o direito à devolução do que foi pago se houve dolo ou se o perdente for menor ou interditado (art. 814, CC). f) Fiança é o contrato por meio do qual o fiador se obriga a satisfazer uma obrigação de outrem (afiançado) no caso de inadimplência deste. As partes desse contrato são duas: o fiador e o credor da obrigação garantida. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL g) Como, pelo contrato de fiança, o fiador não possui proveito econômico algum, o contra- to de fiança é gratuito. h) Por se tratar de contrato gratuito, é vedada interpretação extensiva dele (art. 819, CC). i) O contrato de fiança é solene (ou formal), porque necessariamente tem adotar uma for- ma prevista em lei: a forma escrita (art. 819, CC). j) Se houver mais de um fiador, há solidariedade entre eles por força do art. 829 do CC, sal- vo se pactuarem expressamente o contrário. Esse pacto contrário que afasta a solidariedade legal é chamado de “benefício de divisão”. k) O benefício de ordem é uma faculdade dada ao fiador de, até a fase de defesa no pro- cesso judicial (até a contestação), exigir que, em primeiro lugar, sejam executados os bens do afiançado, mas, para tanto, ele terá de indicar bens do afiançado no município em valor suficiente para a satisfação da dívida (art. 827, CC). l) O benefício de ordem é a regra geral. Só é afastado quando houver pacto em contrário (por meio de uma cláusula contratual de renúncia do fiador à solidariedade ou de uma cláu- sula de solidariedade entre o fiador e o afiançado) ou quando o afiançado for insolvente ou falido (art. 828, CC). m) A fiança se extingue com: • concessão de moratória ao devedor sem consentimento do fiador (art. 838, I, CC); • novação sem consentimento do fiador (art. 366, CC); • dação em pagamento aceita pelo credor (art. 833, III,CC). • impossibilidade da sub-rogação por culpa do credor (art. 838, II, CC). n) Se a fiança é por prazo determinado, o fiador não pode resilir unilateralmente a fiança de modo imotivado. o) Se a fiança é por prazo por prazo indeterminado, o fiador pode, a qualquer momento, no- tificar o credor para, imotivadamente, resilir o contrato de fiança, mas, em razão em proteção da legítima expectativa do credor, o fiador permanecerá obrigado por 60 dias (art. 835, CC). p) A transação está disciplinada nos arts. 840 e seguintes do CC. q) Transação é o contrato por meio do qual as partes, para evitar ou terminar um litígio, fazem concessões mútuas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL r) A transação só pode abranger direitos patrimoniais de caráter privado por serem dis- poníveis, como discussões entre os cônjuges relativas à partilha de bens no momento do divórcio (art. 841, CC). s) Como a transação implica concessões recíprocas, daí decorre o princípio da indivisibi- lidade da transação, segundo o qual nenhuma cláusula da transação pode ser declarada nula isoladamente. Nula qualquer das cláusulas, nula será a transação inteira (art. 848, CC). t) Também por conta da existência de concessões recíprocas, a transação tem de ser in- terpretada restritiva. u) Compromisso é o contrato por meio do qual as partes estabelecem que o litígio entre elas deverá ser resolvido por um árbitro, e não pelo Poder Judiciário. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL QUESTÕES DE CONCURSO Questão 1 (CESPE/TITULAR/CARTÓRIO TJDFT/2019) Helena obrigou-se, a título gratuito, mediante contrato que exige escritura pública para ter validade, ao pagamento, pelo período determinado de um ano, de uma prestação mensal a Ana. A respeito dessa situação hipotéti- ca, assinale a opção que apresenta a denominação do contrato celebrado entre Helena e Ana. a) contrato de constituição de renda b) contrato de agência e distribuição c) contrato de depósito necessário d) contrato de doação e) contrato estimatório Questão 2 (VUNESP/PROCURADOR/UNICAMP/2018) Os casos de dívida de jogo e garantia real prestada por terceiro representam, respectivamente, obrigação a) nula; de garantia pessoal. b) anulável; com debitum sem obrigatio. c) com schuld sem haftung; com haftung sem schuld. d) com debitum e obrigatio; com schuld sem haftung. e) ilícita; com debitum e obligatio. Questão 3 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: É espécie de contrato bilateral. Questão 4 (CESPE/PROCURADOR/PREF. BOA VISTA-RR/2019/ADAPTADA) Em contratos de fiança, a declaração de vontade do fiador pode ser expressa ou presumida. Questão 5 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A fiança só pode ser estipulada com o consentimento do devedor. Questão 6 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) Tratando- -se de contrato acessório, o contrato de fiança impõe o consentimento do devedor, porque é o devedor quem o indica ao credor. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 7 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) Admite-se a interpretação extensiva da fiança, desde que não resulte em obrigações não pre- vistas no contrato, vedando-se a analogia. Questão 8 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) As dívidas futuras não podem ser objeto de fiança. Questão 9 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) Somente as dí- vidas já existentes podem ser objeto de fiança, podendo-se demandar o fiador ainda que ilíquida a obrigação do devedor principal. Questão 10 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A fiança deve ser de valor igual ou superior ao da obrigação principal, dada sua natureza de garantia. Questão 11 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: O valor da fiança deve ser igual ao valor da obrigação principal. Questão 12 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) Ao contrá- rio da garantia real, a fiança é garantia pessoal, em que o fiador se obriga ao cumprimento da obrigação de terceiro, podendo as partes estipular a solidariedade entre fiador e o afiançado, embora a regra seja a subsidiariedade. Questão 13 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia parcial da garantia. Questão 14 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges não implica a ineficácia total da garantia. Questão 15 (CESPE/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 16 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia parcial da garan- tia. Questão 17 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) O fiador, na locação, responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. Questão 18 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor, conforme o Código Civil. Questão 19 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: A fiança, sem prazo determinado, gera a possibilidade de exoneração unilateral do fiador. Questão 20 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A obrigação do fiador não passa aos herdeiros, por sua natureza personalíssima, extinguindo-se com a morte do garante. Questão 21 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) É inválida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Questão 22 (NC-UFPR/PROCURADOR/CÂMARA DE QUITANDINHA-PR/2018/ADAPTADA) O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo responde pela execução do julgado. Questão 23 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) O contrato de transação atinge somente direitos patrimoniais, inclusive dos entes municipais, que po- dem, porexemplo, dispor de seus bens conforme o interesse da administração. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 24 (MPE-PB/PROMOTOR/MPE-PB/2018/ADAPTADA) A transação, no Código Civil, submete-se a regime contratual, interpretando-se sempre ampliativamente, e, por ela, é pos- sível transmitir, declarar e reconhecer direitos. Questão 25 (VUNESP/ASSISTENTE JURÍDICO/PREF. SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP/ 2019/ ADAPTADA) Permite-se a transação quanto aos direitos patrimoniais de caráter público ou privado. Questão 26 (MPE-PB/PROMOTOR/MPE-PB/2018/ADAPTADA) A transação, no Código Civil, submete-se a regime contratual, não aproveitando nem prejudicando senão aos que nela in- tervierem, mesmo que diga respeito a coisa indivisível, não se anulando por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. Questão 27 (VUNESP/PROCURADOR/UNICAMP/2018) A nulidade de uma das cláusulas es- tabelecidas em instrumento de contrato de transação, implica, em regra, a) em perdas e danos, em favor da parte prejudicada b) na possibilidade de revisão judicial da transação, reestabelecendo-se seu equilíbrio. c) na nulidade da transação como um todo. d) na possibilidade de anulação da transação, no prazo decadencial de 4 (quatro) anos. e) na possibilidade de anulação da transação, no prazo decadencial de 2 (dois) anos. 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C 27. c O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL GABARITO COMENTADO Questão 1 (CESPE/TITULAR/CARTÓRIO TJDFT/2019) Helena obrigou-se, a título gratuito, mediante contrato que exige escritura pública para ter validade, ao pagamento, pelo período determinado de um ano, de uma prestação mensal a Ana. A respeito dessa situação hipotéti- ca, assinale a opção que apresenta a denominação do contrato celebrado entre Helena e Ana. a) contrato de constituição de renda b) contrato de agência e distribuição c) contrato de depósito necessário d) contrato de doação e) contrato estimatório Letra a. Questão trata do contrato de constituição de renda, conforme art. 803 do CC: Art. 803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito. Questão 2 (VUNESP/PROCURADOR/UNICAMP/2018) Os casos de dívida de jogo e garantia real prestada por terceiro representam, respectivamente, obrigação a) nula; de garantia pessoal. b) anulável; com debitum sem obrigatio. c) com schuld sem haftung; com haftung sem schuld. d) com debitum e obrigatio; com schuld sem haftung. e) ilícita; com debitum e obligatio. Letra c. Dívida de jogo é, em regra, dívida não exigível, ou seja, é dívida que existe (há o schuld), mas não há a exigibilidade, ou seja, não há como “responsabilizar” o devedor (não há o haftung). Por outro lado, no caso de garantia real dada por terceiro, este não tem a dívida originaria- mente (não há o schuld contra ele), mas, mesmo assim, ele pode ser “responsabilizado” pela dívida de outrem (há, pois, o haftung). Por isso, o gabarito é a letra “c”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 3 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE CAMPO LIMPO PAULISTA-SP/2018/ ADAPTADA) A respeito do contrato de fiança, é certo afirmar: É espécie de contrato bilateral. Errado. É contrato unilateral, pois só gera obrigação a uma das partes: fiador. O credor não tem ne- nhuma obrigação perante o fiador, que é a outra parte do contrato. Questão 4 (CESPE/PROCURADOR/PREF. BOA VISTA-RR/2019/ADAPTADA) Em contratos de fiança, a declaração de vontade do fiador pode ser expressa ou presumida. Errado. Tem de ser escrita e, portanto, tem de ser expressa, sob pena de nulidade (arts. 166 e 819 do CC). Veja: Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: (...) IV – não revestir a forma prescrita em lei; Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. Questão 5 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) A fiança só pode ser estipulada com o consentimento do devedor. Errado. Não há necessidade de consentimento do devedor (art. 820, CC). Veja: Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua von- tade. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 6 (VUNESP/PROCURADOR/CÂMARA DE MAUÁ-SP/2019/ADAPTADA) Tratando- -se de contrato acessório, o contrato de fiança impõe o consentimento do devedor, porque é o devedor quem o indica ao credor. Errado. Não é preciso consentimento do devedor (art. 820, CC). Questão 7 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) Ad- mite-se a interpretação extensiva da fiança, desde que não resulte em obrigações não previstas no contrato, vedando-se a analogia. Errado. É vedado interpretação extensiva para a fiança (art. 819, CC). Questão 8 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. CÂMARA DE SERTÃOZINHO/2019/ADAPTADA) As dívidas futuras não podem ser objeto de fiança. Errado. Pode sim (art. 821, CC). Veja: Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste caso, não será deman- dado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor. Questão 9 (FCC/PROCURADOR/PREF. DE CARUARU-PR/2018/ADAPTADA) Somente as dí- vidas já existentes podem ser objeto de fiança, podendo-se demandar o fiador ainda que ilíquida a obrigação do devedor principal. Errado. Dívida futura também pode ser objeto de fiança, ao contrário do dito na questão (art. 819, CC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para TANIA MARIA LUIZ SANTOS - 07391898759, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 44www.grancursosonline.com.br Carlos Elias Contratos em Espécie – Parte V DIREITO CIVIL Questão 10 (FCC/PROCURADOR/PREF.