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APG – SOI VI S8P1 - NEFROLITÍASE OBJETIVOS DE ESTUDO - REVER A MORFOFISIOLOGIA DOS RINS; - ENTENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA NEFROLITÍASE. - DIFERENCIAR OS TIPOS DE CÁLCULOS RENAIS , MORFOFISIOLOGIA DOS RINS RINS Os rins têm um formato de grão de feijão, apresentando uma borda convexa e outra côncava, na qual se situa o hilo, onde entram e saem os vasos sanguíneos, entram nervos e saem os ureteres. Estão situados retroperitonealmente na parede abdominal posterior, sendo o rim direito localizado 1 a 2 cm abaixo do esquerdo. Ele é revestido por uma delgada cápsula frouxamente aderida, formada principalmente por tecido conjuntivo denso. O parênquima renal é formado pelo córtex, externamente, e pela medula renal, internamente. A medula é formada pelas pirâmides renais, que são separadas umas das outras por projeções do córtex renal (colunas renais) e se projetam em direção à pelve renal. Cada pirâmide renal, juntamente com o córtex renal que a envolve, constitui um lobo renal. Os lobos renais podem ser subdivididos em lóbulos. Cada lóbulo é formado por um grupo de néfrons que desembocam em um único ducto coletor. O néfron é a unidade funcional do rim, formado pelo corpúsculo renal (glomérulo e cápsula de Bowman), túbulo contorcido proximal, alça de Henle (ramo descendente, ramos ascendentes fino e espesso), túbulo contorcido distal e ducto coletor. Existem cerca de um milhão de néfrons em cada rim. O sangue entra no corpúsculo renal através da arteríola aferente, que se ramifica formando uma rede capilar chamada de glomérulo. A cápsula glomerular, também chamada de cápsula de Bowman, envolve o glomérulo. O sangue é filtrado pelo glomérulo, passa para o interior da cápsula de Bowman e segue, então, para as estruturas tubulares dos rins, onde ocorre reabsorção de água e eletrólitos para formar o produto final da filtragem renal: a urina. HELLEN CAROLINE - MED T35 - SÃO LUCAS - PORTO VELHO-RO - 2024/1 NEFROLITÍASE DEFINIÇÃO Nefrolitíase, também conhecida como cálculo renal ou pedra nos rins, é uma condição médica caracterizada pela formação de pequenos depósitos sólidos (pedras) nos rins ou no trato urinário. Essas pedras são compostas principalmente de sais minerais e podem variar em tamanho, desde pequenos cristais até pedras maiores. COMO OS CÁLCULOS SÃO FORMADOS? As pedras nos rins são formadas quando a urina apresenta quantidades maiores que o normal de determinadas substâncias, como cálcio, oxalato e ácido úrico ou que têm uma diminuição na quantidade de alguns fatores que impediriam a aglomeração desses cristais, como, por exemplo, o citrato. Essas substâncias podem se precipitar e formar pequenos cristais que, depois, vão se aglutinar e se transformarão em pedras. Alguns fatores são considerados de risco, pois contribuem para o surgimento do cálculo renal. Nós temos substâncias conhecidos como inibidores da formação de cálculo, isso explica o motivo de apenas algumas pessoas desenvolverem cálculo renal. Dentre os diversos inibidores, citrato, magnésio e pirofosfato são responsáveis por 20% da atividade inibitória. ● Citrato atua como inibidor de cálculos de oxalato de cálcio e de fosfato de cálcio por meio da redução de cálcio iônico disponível, reduzindo sua precipitação, sua agregação e seu crescimento ● Magnésio diminui a concentração de oxalato iônico e eleva o ponto de saturação do oxalato de cálcio. ● Pirofosfato altera a saturação do fosfato de cálcio, diminuindo sua cristalização. ● Glicoproteínas também são descritas como inibidoras, em particular nefrocalcina e proteína de Tamm-Horsfall, sintetizadas nos túbulos renais e diminuem a agregação de cristais de oxalato de cálcio monoidratado. Por conseguinte, podemos reconhecer que a concentração aumentada de constituintes dos cálculos, as mudanças do pH urinário, a diminuição do volume de urina e a presença de bactérias influenciam a formação de cálculos. HELLEN CAROLINE - MED T35 - SÃO LUCAS - PORTO VELHO-RO - 2024/1 TIPOS DE CÁLCULOS Existem quatro tipos principais de cálculos: (1) Cálculos de cálcio; (2) Cálculos de estruvita; (3) Cálculos de ácido úrico; (4) Cálculos de cistina. - Cálculos de Cálcio: Os cálculos formados por deposição de cálcio são os mais comuns, correspondendo a 70 a 80% dos casos. Na maioria das vezes, compõem-se de oxalato de cálcio e, eventualmente, podem ser de fosfato de cálcio. Esses cálculos são formados quando há urina alcalina, que aumenta a supersaturação do fosfato, podendo ser encontrados na acidose tubular renal distal ou no hiperparatireoidismo primário. Em geral, os cálculos de cálcio são arredondados, radiodensos e não costumam apresentar aspecto coraliforme. - Cálculos de ácido úrico: constituem aproximadamente 10 a 15% dos casos. Podem ser puros ou abrigar quantidades variáveis de cálcio. Caracteristicamente, são radiotransparentes, não visíveis, portanto, à radiografia simples de rins, ureter e bexiga (RUB), e aparecem na urografia excretora como falhas de enchimento. HELLEN CAROLINE - MED T35 - SÃO LUCAS - PORTO VELHO-RO - 2024/1 - Os cálculos de estruvita: são formados por fosfato amoníaco magnésio e representam aproximadamente 5 a 10% dos cálculos. Pouco radiodensos, são grandes e caracteristicamente coraliformes. - Cálculos de cistina: pouco radiopacos e com aspecto de vidro moído (ground-glass) à RUB – constituem aproximadamente 1% do total. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A nefrolitíase pode ser totalmente assintomática, com diagnóstico acidental por meio de exames de imagens, ou causar apenas dor vaga, em flancos. Entretanto, a apresentação característica é de cólica nefrética. Em geral, inicia-se com dor localizada na região lombar, no flanco ou na fossa ilíaca, súbita, forte, geralmente unilateral, em cólica, não aliviada com repouso ou posição, irradiada para o trajeto ureteral, a região de bexiga e a genitália externa. Pode haver disúria e hematúria macroscópica concomitantes. Náuseas e vômitos são comuns. Ao exame físico, notam-se frequentemente taquicardia, palidez, sudorese, dor à palpação em região de ângulo costovertebral e distensão abdominal leve, porém não associada a sinais de irritação peritoneal. A combinação de dor lombar, febre, calafrios e sepse se dá na pielonefrite obstrutiva calculosa, situação de elevadas morbidade e mortalidade. DIAGNÓSTICO - Exame de urina - Pode revelar hematúria microscópica e apontar sinais sugestivos de infecção urinária. Além disso, a identificação do tipo de cristal presente na urina é capaz de ajudar na identificação do tipo HELLEN CAROLINE - MED T35 - SÃO LUCAS - PORTO VELHO-RO - 2024/1 de cálculo existente. (A presença ou não de cristais da urina não exclui, ou determina o diagnóstico) - Métodos de imagem: TC helicoidal não contrastada (preferencial) e USG do trato urinário (segunda escolha). ● Ultra-sonografia (USG) - É eficiente para a avaliação de litíase renal, sendo capaz de analisar a integridade do parênquima renal e o grau de dilatação do sistema coletor. É capaz de detectar cálculos radiopacos e radiotransparentes, mas pode não identificar cálculos de pequenas dimensões. ● TC helicoidal não contrastada: Considerada o melhor exame para o diagnóstico da nefrolitíase (“padrão-ouro”) com sensibilidade = 98% e especificidade = 100%. Tem a vantagem de ser realizada sem contraste iodado e de forma mais rápida do que a urografia excretora, identificando diversos tipos de cálculo, inclusive os de ácido úrico (que são radiotransparentes no RX simples). TRATAMENTO A maioria dos pacientes podem ser manejados conservadoramente com analgesia durante o episódio agudo. - Tratamento inicial da cólica renal é realizado com analgésico potente, opiáceo ou anti-inflamatórios não esteroides (AINE). Os AINEs têm a possívelvantagem de diminuir o tônus do músculo liso ureteral, tratando, assim, diretamente o espasmo ureteral. Hidratação forçada na cólica renal aguda não é indicada. Estudos sugerem que o tratamento com bloqueadores alfa (tansulosina) por até quatro semanas, além da terapia conservadora, pode facilitar a passagem espontânea do cálculo em pacientes que apresentam cálculo ureteral entre 5 e 10 mm de diâmetro. - As opções atuais para terapia de cálculos que não passam espontaneamente incluem litotripsia por onda de choque, litotripsia uretroscópica com sondas eletrohidráulicas ou a laser, nefrolitotomia percutânea e remoção laparoscópica de cálculos. A remoção cirúrgica aberta do cálculo raramente é necessária. HELLEN CAROLINE - MED T35 - SÃO LUCAS - PORTO VELHO-RO - 2024/1