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Riscos ambientais e os programas de segurança Sumário Riscos ambientais 6 Agentes físicos Agentes químicos Agentes biológicos Agentes ergonômicos Agentes relacionados a riscos de acidentes Acidente de trabalho Identificação e análise de riscos 22 Identificação de riscos Técnica de incidentes críticos What-If Causa e efeito Análise e avaliação de riscos Análise preliminar de riscos Análise de modos de falha e efeitos Análise de árvore de falhas CLIQUE NO CAPÍTULO PARA SER REDIRECIONADO Sumário Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho 36 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho- SESMT Dimensionamento Cipa Estruturação e dimensionamento Processo eleitoral Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho 50 PCMSO PGR PCMAT Referências 61 CLIQUE NO CAPÍTULO PARA SER REDIRECIONADO Objetivos Definição Para o início do desenvolvimento de uma nova competência; Se houver necessidade de se apresentar um novo conceito; Nota Importante quando forem necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; As observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; Explicando Melhor Você Sabia? Algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; Curiosidades indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se for necessária; Saiba Mais Reflita Textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; Acesse Resumindo Se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; Quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; Atividades Testando Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; Quando o desenvolvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas. 1 @faculdadelibano_ Riscos ambientais Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Objetivos Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender os riscos ambientais. A presença de riscos de maior ou menor grau varia entre as atividades laborais e cabe aos profissionais de segurança e saúde ocupacional aplicarem os conhecimentos técnicos aliados aos aspectos legais de forma integrada. E então? Motivado? Vamos lá! Antes de o trabalho ser o responsável por sustentar o homem e sua família, ele é, também, um importante instrumento de realização pessoal. É a partir do trabalho que o homem expressa sua criatividade, exercita seu potencial analítico e expressa seus pensamentos, trazendo valor à sua rotina diária. Além disso, em função de seus horários de trabalho, o sujeito estipula sua rotina diária, organiza suas atividades, desenvolve hábitos, faz vínculos e se torna membro de uma sociedade. Entretanto, o espaço, os instrumentos, as máquinas, as posições durante o trabalho e outros itens do ambiente organizacional colocam o trabalhador em situações que podem interferir na sua integridade física. A prevenção dessas situações é algo que está ao alcance dos homens, já que uma de nossas características de superioridade em relação aos demais seres vivos é a capacidade de raciocinar e prevenir, ou seja, pensar e identificar prováveis falhas antes que elas ocorram. Competem aos gestores, técnicos, tecnólogos e engenheiros desenvolver um roteiro para eliminar ou minimizar tais situações. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Definição “Risco” é um termo comum em diferentes campos do conhecimento, podendo ter definições variadas de acordo com o contexto no qual é aplicado. Pode ser definido como toda e qualquer variável presente ao ambiente de trabalho capaz de alterar e/ou condicionar a capacidade produtiva do indivíduo, causando ou não agressão ou depressões à saúde deste: mobília, utilização do espaço físico e áreas, ambiente térmico e suas variáveis; prescrição e conteúdo das tarefas, relações interpessoais, informações, maquinaria, ferramentas e a intervenção sobre elas (BARBOSA FILHO, 2011). Os riscos podem ser observados sob dois pontos de vista: quantitativo e qualitativo. Do aspecto quantitativo, então, é a probabilidade de ocorrer o acidente, enquanto da perspectiva qualitativa é o perigo decorrente da situação. Não existe uma forma única de classificar os riscos, eles variam de acordo com o autor. Além disso, a ISO 31000 de 2009 deu início ao desenvolvimento de sistemas de gestão de riscos, estabelecendo princípios e diretrizes e, em seu item 2.1, caracteriza risco como efeito da incerteza nos objetivos. Também expressa risco em termos de uma combinação de consequências de um evento, bem como a probabilidade de ocorrência associada. Esse protocolo foi sendo aprimorado ao longo do tempo para atender melhor as demandas das situações fáticas atuais. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lançou o ISO 31000:2018, norma que substitui a de 2009, focando no gerenciamento dos danos à reputação ou marca, crime cibernético, risco político e terrorismo, tornando a norma mais abrangente e ajustada ao ambiente contemporâneo. Propondo mudanças na revisão dos princípios da gestão de risco; liderança da alta administração, ênfase na gestão de risco interativa e manutenção de modelo de sistemas abertos. A partir dessa normalização, o risco pode ser definido como sendo a combinação da probabilidade e da gravidade ou da exposição com a gravidade dos efeitos à saúde, tal como expresso pelas fórmulas a seguir. FÓRMULA: Risco = probabilidade de ocorrência do dano versus gravidade do dano. Risco = exposição versus gravidade dos efeitos à saúde. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 A confusão entre ISO e ABNT é comum, mas são duas entidades distintas com funções específicas no mundo das normas técnicas. Vamos esclarecer: ISO (International Organization for Standardization) é uma organização internacional independente, não- governamental, que desenvolve normas técnicas para diversos setores. Essas normas são adotadas por vários países e têm como objetivo padronizar processos, produtos, serviços, sistemas, entre outros. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), é o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil. Funciona como um fórum nacional para desenvolvimento e adoção de normas que são utilizadas como referência no país. A ABNT pode adotar normas internacionais (como algumas da ISO) e adaptá- las à realidade brasileira, mas também desenvolve normas específicas para o Brasil. Segundo a ISO, ainda, convém considerar as características dos ambientes para analisar os riscos. Essas características de trabalho são os aspectos presentes nos ambientes. Na segurança do trabalho, risco conceitua-se como uma ou mais natureza passível de causar um dano. O regramento da Segurança do Trabalho e saúde ocupacional é complexa e formada por normas, portarias e leis de diferentes órgãos e setores. Além das normas técnicas e regulamentadoras específicas, há também as portarias e leis. Como é o caso da Portaria n.º 1.069/2019, Portaria da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, que apresenta os procedimentos referentes ao embargo e à interdição, unindo o apresentado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na NR. Essa portaria define embargo e interdição como medidas de urgência, cabendo aos auditores fiscais do trabalho (AFT) determinarem sua necessidade. O auditorum papel importante na coleta de informações sobre riscos. Os membros da comissão estão constantemente monitorando o ambiente de trabalho e ouvindo as preocupações dos funcionários. Participam de investigações de acidentes e incidentes, o que ajuda a identificar as causas raiz e a desenvolver estratégias para evitar a recorrência desses eventos. Portanto, a CIPA contribui para a gestão de risco, fornecendo dados e informações valiosas que podem ser usados para tomar decisões informadas. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/inspecao-do-trabalho/manuais-e-publicacoes/sesmtmanualdousuarioFAQ.pdf Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 A CIPA desempenha um papel importante na colaboração entre empregadores e funcionários na gestão de riscos. A comissão reúne representantes de ambas as partes, permitindo que eles trabalhem juntos para resolver problemas de segurança. Essa colaboração é fundamental para identificar riscos, implementar medidas preventivas e melhorar continuamente as práticas de segurança no local de trabalho. Pode influenciar diretamente na redução de acidentes e doenças ocupacionais. Através da identificação e prevenção de riscos, bem como do estabelecimento de medidas corretivas, a comissão contribui para um ambiente de trabalho mais seguro. Isso não só protege a saúde e a segurança dos trabalhadores, mas também reduz os custos associados a acidentes e doenças ocupacionais, o que é benéfico para as empresas. Resumindo E então? Conseguiu entender os dois serviços de segurança do trabalho e saúde ocupacional apresentados? Ficou claro? Para lhe ajudar a fixar, vamos resumir tudo o que vimos. O SESMT de uma organização foi instituído a partir da NR- 4, sendo composto de profissionais técnicos da área de saúde, segurança e engenharia, com foco prevencionista, cujo dimensionamento ocorre em função do grau de risco da atividade desenvolvida e da quantidade de colaboradores. Sua principal atribuição consiste em aplicar a ciência técnica para garantir a integridade física e psicológica dos colaboradores, bem como cuidar da qualidade do ambiente laboral nos mais variados empreendimentos e organizações. O outro serviço existente é a Cipa, regulamentada pela NR-5, que consiste em uma comissão formada por representantes do patrão e dos funcionários. Essa comissão tem como incumbência a atenção com a saúde e a integridade física dos colaboradores, bem como de todas as pessoas que interagem com o ambiente laboral. Entre as atividades acatadas pela Cipa, podem ser destacadas ações de sensibilização dos colaboradores, em todos os níveis (da alta administração ao chão de fábrica). Sem esse trabalho de sensibilização, as ações tomadas para promover a segurança do ambiente acabam encontrando barreiras para sua eficiência, tendo em vista que o foco principal destas é o próprio colaborador. 4 @faculdadelibano_ Programas de saúde ocupacion6l e de segurança do trabalho Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde Capítulo 4 ocupacional e de segurança do trabalho Objetivos Ao término deste capítulo, você será capaz de conhecer os programas relacionados à saúde ocupacional e à segurança do trabalho. Esses programas são de caráter obrigatório, sendo o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) a todas as empresas, e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT) àquelas da construção civil. Está curioso para saber mais sobre eles? Vamos lá! FIGURA 17 Trabalho FONTE Freepik O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo saúde-doença tem implicações éticas, técnicas e legais, que refletem na organização e no provimento de atitudes voltadas à saúde da classe trabalhadora. O Brasil é caracterizado por uma vasta quantidade de legislações e, ao mesmo tempo, um alto índice de descumprimento destas. Riscos ambientais e os programas de segurança Program6s de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 O Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), a partir da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), e levando em consideração o art. 200 da CLT, aprovou as normas regulamentadoras. Mas isso você já sabe, não é? FIGURA 18 Ministério do Trabalho e Emprego FONTE Freepik As legislações referentes às NRs passaram por uma inovação no fim de 1994 e, então, tornou-se obrigatória às organizações, o que diz respeito tanto à elaboração quanto à implementação de dois programas: PCMSO e PGR. Além desses programas, outro de destaque nas legislações brasileiras é o PCMAT, instituído pela NR-18. A elaboração dos três programas, além de suas respectivas obrigatoriedades, é extremamente importante para a organização. Eles ajudam na proteção de possíveis afastamentos, acidentes de trabalho, diminuição de condições insalubres e, se bem empregados, provocam aspectos positivos em fatores econômicos da organização. Diante disso, a elaboração e a implementação destes permite, aumentar a proteção tanto para a empresa quanto para seus gestores (contratantes) e colaboradores, evitando acidentes e proporcionando, consequentemente, melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho. PCMSO A NR-7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implantação por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados do Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Sua existência jurídica é assegurada, em âmbito de legislação, pela última atualização da Portaria n.º 1.031, de 6 de dezembro de 2018. A NR-07 define ser de caráter obrigatório elaborar e implementar esse programa a todos os locais com colaboradores, tendo em vista promover e preservar a saúde. O PCMSO, como vemos, não é algo pelo qual a empresa pode ou não optar. É um programa preventivo e obrigatório regulamentado pela Norma NR 07 do Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece as “[…] diretrizes e requisitos para o desenvolvimento do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO – nas organizações […].”. FIGURA 19 Lei FONTE Freepik O PCMSO pode passar por alterações a qualquer momento, seja de forma completa ou parcial, sempre que forem identificadas mudanças nos riscos ocupacionais, em função de mudanças nos processos/ambientes de trabalho; ou por novas descobertas da ciência médica, em relação a efeitos de riscos existentes; mudança de critérios de interpretação dos exames; ou, ainda, reavaliações do reconhecimento dos riscos. O PCMSO é um documento que não precisa ser homologado ou registrado nas Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs). Ele é arquivado no estabelecimento à disposição da fiscalização. Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 PGR O PGR está regido por mais de uma NR. Foi estabelecido pela NR-9, na Portaria n.º 8.873, de 23 de julho de 2021, como sendo obrigatória, visando concretizar o processo de gerenciamento de riscos da organização. Assim, torna-se obrigatório que a empresa elabore o seu PGR, tendo como finalidade consolidar as informações para que se preserve a saúde e a integridade dos trabalhadores no ambiente de trabalho. A NR-01 passou por recente alteração, publicada pela portaria SEPRT nº 6730, queimpactaram no gerenciamento de risco e nos requisitos de implementação do PGR. FIGURA 21 PGR FONTE Freepik Você Sabia? NR-9 antes tratava do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientes), no entanto, em 2022, houve a transição do PPRA para o PGR, sendo este último mais completo e abrangente, pois incluiu os riscos de acidentes e ergonômicos que não haviam sido estabelecidos no primeiro programa. Os principais objetivos do PGR são: • Evitar que aconteçam riscos ocupacionais. • Identificar os possíveis perigos e agravantes que possam existir na empresa e que possam prejudicar a saúde do trabalhador. Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 • De acordo com os riscos identificados, adotar medidas de prevenção. • Especificar qual o nível do risco ocupacional. • Realizar o monitoramento dos riscos ocupacionais. Analisando os objetivos do PGR, podemos concluir que esse programa procura identificar os riscos e eliminá-los, com a finalidade de garantir uma máxima proteção. A empresa, ao adequar-se ao PGR, está cumprindo a lei e, além disso, adquirindo uma maior credibilidade frente ao mercado, pois demonstra que a empresa se dedica aos cuidados dos seus funcionários e da sua equipe, o que gera, consequentemente, a ideia de que também cuida bem dos seus clientes. Para que se implemente o PGR, é necessário considerar não somente as medidas que devem ser adotadas para preservação dos riscos, mas em conjunto, seguir um programa dinâmico que deve contar com um acompanhamento de todos os fatos que podem incorrer em riscos no ambiente de trabalho para o trabalhador. Assim, para que o PGR seja colocado em prática, é necessário adotar as seguintes medidas: 1. Identificação dos fatores de risco. 2. Adoção de medidas de proteção. 3. Monitoramento da saúde ocupacional. 4. Realização de um acompanhamento contínuo. FIGURA 22 Fatores de risco FONTE Freepik Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 O PGR deve ser elaborado por todos os empregadores que possuam empregados celetistas em seu quadro, com a exceção de: • Microempreendedor individual. • Microempresas e empresas de pequeno porte. O relatório do PGR pode ser guardado tanto em formato físico quanto em digital. O que vale salientar é que o empregador deve garantir um amplo e irrestrito acesso a esse documento aos fiscais e aos empregados. Saiba Mais No meio digital, o governo federal disponibilizou um website onde se pode fazer o login e cadastrar a empresa, inserindo todos os dados do PGR nesse sistema, permitindo que se tenha um melhor controle sobre o programa de gerenciamento de riscos. Para acessar, clique aqui. PCMAT O setor da construção civil é um dos principais ramos de atividade do país, diretamente ligado ao desenvolvimento econômico, pois promove incrementos capazes de elevar o crescimento. O desenvolvimento econômico aliado à construção civil se dá tanto pela valorização das atividades, pela elevada geração de empregos, como também pelo efeito multiplicador de renda e sua interdependência estrutural. Entretanto, as condições de trabalho desse importante setor econômico, normalmente, são precárias, o desenvolvimento sociocultural dos colaboradores, geralmente, é baixo e a quantidade de riscos a que são expostos é elevadíssima. Em função disso, ainda são inúmeros os acidentes de trabalho. Dessa forma, a NR-18 é crucial, pois define as diretrizes administrativas, de planejamento e organização, tendo por finalidade estabelecer medidas preventivas acerca das condições de trabalho na construção civil. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/inspecao-do-trabalho/pgr Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 Sua existência jurídica é assegurada, em nível de legislação ordinária, no inciso I do art. 200 da CLT, e sua última atualização pela Portaria n.º 261, de 13 de abril de 2018. A necessidade de atender aos requisitos dessa norma não tira a obrigação de cumprimento das demais normas regulamentadoras e outras legislações vigentes. Nenhum colaborador pode permanecer no canteiro de obras sem que estejam sendo cumpridas todas as disposições da referida norma e, antes do início da obra, é necessário que seja comunicado à DRT informações como endereço, tipo, data de início e previsão de término e a quantidade de colaboradores prevista. A alteração na NR-18 teve forte impacto no setor desconstituindo e substituindo o PCMAT (Programa de condições do meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil) pelo PGR é uma norma de gestão de segurança direcionada para o setor da construção civil. O PCMAT é extinto e e substituído pelo PGR. O PCMAT era um documento minucioso que objetivava prevenir acidentes de trabalho em todas as esferas do segmento, sendo agora englobada pelo PGR. A NR-18 é uma norma de gestão de segurança direcionada para o setor da construção civil. A nova NR-18 é imperativa para todas as empresas, mas as obras iniciadas antes da vigência da nova NR-18 em 2021, podem manter a NR-18 com as orientações antigas. FIGURA 23 Segurança do trabalho FONTE Freepik O Programa de Gerenciamento de Risco é composto por vários documentos. Os documentos são exigidos pela NR 18. São eles: • Programa educativo, com carga horária, abordando sobre a prevenção de acidentes Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 de trabalho; • Layout inicial e atualizado do canteiro de obras, assim como a previsão de dimensionamento das áreas de vivências; • Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas pelo PGR — elaboradas de acordo com a fase da construção; • Especificações técnicas das proteções coletivas e individuais utilizadas; • Projeto de execução de proteções coletivas, de acordo com as etapas da construção; • Memorial com descrição sobre as condições de meio ambiente de trabalho de tarefas e operações (risco de doenças ocupacionais e quais são elas, risco de acidentes e quais são eles, além das medidas preventivas que devem ser adotadas). O profissional encarregado de desenvolver o programa possui diversas opções à disposição para sua elaboração. É possível realizá-lo diretamente no local de trabalho, por meio de entrevistas, registros escritos, fotografias, plantas do ambiente, gravações em vídeo e outras abordagens. É importante notar que o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve ser armazenado de forma segura por um período mínimo de 20 anos. Esse armazenamento deve ser feito nas instalações de origem do projeto e estar acessível a todas as partes interessadas, bem como às autoridades de fiscalização. FIGURA 24 Cipa FONTE Freepik O desenvolvimento do PGR é uma obrigação das construtoras e não dos fornecedores contratados, caberá a estes entregar o inventário de riscos de suas atividades para ser contemplado no programa. Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 Os programas de saúde ocupacional e segurança do trabalho têm um impacto significativo e benéfico para as empresas em diversas frentes. Essas iniciativas visam proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores, prevenir acidentes e doenças ocupacionais, além de garantir o cumprimento das regulamentações trabalhistas. Vejamos os principais impactos desses programas nas organizações. 1. Redução de acidentes edoenças ocupacionais: um dos impactos mais evidentes e positivos é a redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Programas bem implementados identificam riscos, estabelecem medidas preventivas e promovem a conscientização entre os funcionários. Isso resulta em menos tempo de trabalho perdido devido a acidentes e menor exposição da empresa a processos judiciais relacionados à segurança no trabalho. 2. Melhoria da produtividade: um ambiente de trabalho seguro e saudável contribui diretamente para o aumento da produtividade. Funcionários que se sentem seguros e bem cuidados tendem a ser mais engajados e produtivos. A redução do absenteísmo devido a doenças relacionadas ao trabalho também beneficia a continuidade das operações. 3. Economia de custos: a implementação de programas de saúde ocupacional e segurança do trabalho pode levar a economias substanciais para as empresas a longo prazo. Menos acidentes e doenças significam menos despesas com tratamento médico, compensação de trabalhadores e substituição de funcionários ausentes. Além disso, a conformidade com regulamentações ajuda a evitar multas e sanções governamentais. 4. Reputação e Responsabilidade Social: empresas que se preocupam com a saúde e segurança de seus funcionários tendem a ter uma melhor reputação no mercado. Isso pode atrair talentos qualificados, melhorar a imagem da marca e aumentar a lealdade do cliente. A responsabilidade social corporativa também desempenha um papel importante na construção de relacionamentos sólidos com partes interessadas. 5. Conformidade com a legislação: a implementação de programas de saúde ocupacional e segurança do trabalho é fundamental para cumprir as regulamentações trabalhistas e de segurança, evitando litígios e sanções legais. Empresas que não seguem as normas correm o risco de enfrentar multas substanciais e danos à reputação. 6. Ambiente de trabalho mais saudável: um ambiente de trabalho seguro e saudável melhora a qualidade de vida dos funcionários. Isso resulta em uma equipe mais satisfeita, o que, por sua vez, pode levar a uma redução da rotatividade de pessoal e a uma melhoria na moral dos funcionários. Riscos ambientais e os programas de segurança Programas de saúde ocupacional e de segurança do trabalho Capítulo 4 7. Inovação e eficiência: a busca contínua por melhores práticas de saúde e segurança muitas vezes estimula a inovação e a eficiência nos processos de trabalho. À medida que as empresas buscam maneiras de eliminar riscos e melhorar a segurança, podem encontrar soluções que também aumentem a eficiência operacional. Os programas de saúde ocupacional e segurança do trabalho têm uma série de impactos positivos para as empresas. Além de proteger a saúde e a segurança dos funcionários, eles contribuem para a redução de custos, aumento da produtividade, melhoria da reputação e conformidade com regulamentações. Portanto, investir em saúde ocupacional e segurança do trabalho não é apenas uma obrigação legal, mas também uma estratégia inteligente para o sucesso empresarial a longo prazo. Resumindo E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que entre os programas de segurança exigidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a partir das NRs, encontram-se o PCMSO, o PGR e o PCMAT, sendo os dois primeiros de caráter obrigatório a todas as organizações que tenham colaboradores sob o regime da CLT, e o último específico à indústria da construção civil, que também tenha colaboradores sob o regime da CLT. O PCMSO, instituído pela NR- 9, tem por objetivo evitar e identificar antecipadamente, desenvolver monitoramento e controle de possíveis agravos ao bem-estar do funcionário. Consiste em um programa que aponta mecanismos e comportamentos a serem seguidos pelas organizações em decorrência dos riscos do ambiente de trabalho. O PGR, instituído pela NR-9, tem em vista identificar as condições do ambiente de trabalho, bem como estabelecer as medidas de prevenção de riscos ocupacionais necessários. O PCMAT, instituído pela NR-18, tem como finalidade o estabelecimento de medidas de caráter administrativo, de planejamento e organização para promover meios de segurança preventiva nos ambientes de trabalho da construção civil. Riscos ambientais e os programas de segurança Referências BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 28 mar. 2022. BRASIL. Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, p. 14809, 1991. BRASIL. Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, p. 50, 1999. BRASIL. Portaria MTPS n.º 510, de 29 de abril de 2016. NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2016. BRASIL. Portaria n.º 261, de 18 de abril de 2018. Altera o item18.21 – Instalações Elétricas – da Norma Regulamentadora n.º 18 (NR-18) – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Ministério de Estado do Trabalho e Emprego. Secretária de Inspeção do Trabalho. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, p. 51-52, 2018. BRASIL. Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de 2019. NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2019. MATTOS, U.; MÁSCULO, F. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. PAGANELLA, W. O. Reconhecimento e controle de riscos ambientais nas atividades de triagem de material reciclável. 2011. 42 f. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. TAVARES, C. R. G. Segurança do Trabalho 1: introdução à segurança do trabalho. Natal: Ministério da Educação, 2009. http://www.planalto.gov.br/fiscal do trabalho analisará o risco, de forma fundamentada, a partir de sua consequência e probabilidade, de forma separada. No que tange à consequência, classifica-se em: morte, severa, significativa, leve e nenhuma. Agentes físicos Gestão de risco refere-se ao processo sistemático de identificar, analisar, avaliar, tratar e monitorar riscos em diferentes contextos, seja no âmbito empresarial, financeiro, ambiental, seja em qualquer outro setor. O objetivo principal é minimizar possíveis impactos negativos e maximizar oportunidades. Esse processo começa com a identificação das potenciais ameaças ou oportunidades que podem afetar o alcance de objetivos definidos. Uma vez identificados, os riscos são analisados em termos de Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 probabilidade de ocorrência e impacto potencial. Com base nesta análise, estratégias são desenvolvidas para mitigar, transferir, aceitar ou evitar esses riscos. A gestão de risco é um componente essencial da tomada de decisão, ajudando organizações e indivíduos a atuar em ambientes incertos, tomando medidas proativas para proteger seus ativos e interesses. Em última análise, a gestão de risco busca garantir a sustentabilidade e o sucesso contínuo em meio às incertezas do mundo contemporâneo. Os riscos em segurança do trabalho e saúde ocupacional desempenham um papel central na compreensão e gestão dos ambientes laborais. Eles representam os potenciais perigos que podem prejudicar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. O reconhecimento desses riscos é o primeiro passo para a prevenção. Ao identificar as ameaças existentes em determinado ambiente ou processo de trabalho, é possível estabelecer estratégias para minimizá-las ou eliminá-las. O papel dos riscos, portanto, serve como um alerta, uma ferramenta diagnóstica para moldar práticas mais seguras. Os riscos físicos são aqueles causados por fatores com propensão de alterar as características no local que, no instante subsequente, poderá causar agressões a quem estiver no ambiente. FIGURA 1 Agentes físicos FONTE Freepik Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Pode-se caracterizar os riscos físicos em três condições: necessidade de um meio de transmissão para lastrar o efeito nocivo; capacidade de ação mesmo que não haja contato direto com a fonte; e resulta, na maior parte dos casos, em lesões imediatas e crônicas. Definição Agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. A NR-9 estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos identificados no gerenciamento de riscos ocupacionais e o PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos - da NR-1. O texto da Norma é dado pela Portaria SEPRT n.º 6.735, de 10 de março de 2020. A gravidade e a existência dos riscos físicos se dão em função da concentração a qual o colaborador está exposto, ou seja, uma máquina que emite ruído pode não ser prejudicial a um colaborador, ao mesmo tempo que pode resultar em surdez progressiva ou instantânea. Dessa forma, entende-se que depende da exposição. Com relação a isso, os limites de tolerância para a exposição aos agentes físicos são estabelecidos pela NR-15. Agentes químicos Como apresentado nos riscos físicos, os riscos químicos também podem resultar em danos àqueles colaboradores que não tenham contato direto com o agente. São considerados riscos químicos aquelas substâncias que podem adentrar o organismo do colaborador por via respiratória ou que, em decorrência da exposição, possa ser absorvido pelo organismo por contato ou ingestão. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Além disso, tais substâncias podem alterar a composição do ambiente, e incluem os elementos pertencentes à área da toxicologia, que é a ciência responsável por analisar as implicações danosas resultantes das interações de substâncias químicas. São considerados agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. FIGURA 2 Agentes químicos FONTE Freepik Você Sabia? Poeiras são partículas sólidas dispersas no ar, cujo diâmetro é maior que 0,5 µm. Fumos são partículas sólidas resultantes da condensação de gases, dispersas no ar, com diâmetro maior que 1 µm. Névoas são partículas líquidas dispersas no ar; neblinas são partículas líquidas cujo diâmetro é menor que 0,5 µm. Por fim, gases são elementos em estado gasoso quando estão em sua temperatura normal. Os agentes químicos podem estar presentes nos ambientes organizacionais em diferentes estados: gasoso, líquido, sólido ou, ainda, partículas suspensas no ar (denominadas “aerodispersoides”). Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Agentes biológicos Definição Os riscos biológicos são aqueles ocasionados por agentes biológicos inseridos nos processos de trabalho, ou seja, micro-organismos presentes no ambiente de trabalho que podem penetrar no organismo por diversas formas, tais como contato, ingestão ou vias respiratórias. Consideram-se agentes biológicos as bactérias, os fungos, os bacilos, os parasitas, os protozoários, os vírus, entre outros. Além disso, incluem-se nessa categoria situações decorrentes da falta de higienização dos locais de trabalho, por exemplo, em consequência da presença de animais transmissores de doenças (ratos e moscas). Diversas doenças podem ser resultantes de riscos biológicos, entre as quais é possível destacar tuberculose, malária e febre amarela. Essas doenças podem ser enquadradas como doenças profissionais, desde que o colaborador esteja exposto aos micro- organismos no decorrer de sua função laboral. Agentes ergonômicos Os riscos ergonômicos são decorrentes de fatores fisiológicos e psicológicos relacionados ao exercício laboral. Tais fatores podem alterar o organismo e o estado emocional dos colaboradores, interferindo em sua saúde, segurança e produtividade. O risco ergonômico tem relação com o termo “ergonomia” que, por sua vez, consiste no estudo da adaptação do trabalho às características dos sujeitos, de modo a permitir o máximo de conforto, segurança e bom desempenho do exercício de sua profissão. Assim, segundo Paganella (2011, p. 5), considera- se risco ergonômico “qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada, etc”. Estes, ainda, podem provocar problemas de caráter psíquico e físico nos colaboradores, tendo em vista que resultam em danos no organismo e no estado emocional, danificando seu rendimento, saúde e segurança. Como consequências de riscos ergonômicos podemos citar: lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), cansaço físico, dores musculares e de coluna, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas e do aparelho digestivo etc. Assim, entende-se que os riscos ergonômicos podemassumir as mais diversas formas e particularidades, variando desde posição inadequada para desempenho laboral até inadequações de maquinários às características do colaborador. Além destes agentes diretos, há outros fatores que podem contribuir para acidentes de trabalho, como o estresse, a fadiga e a falta de treinamento adequado. A gestão eficaz desses riscos exige a identificação e avaliação contínua dos agentes, a implementação de controles adequados e a conscientização dos trabalhadores sobre as melhores práticas de segurança. Agentes relacionados a riscos de acidentes Os riscos de acidentes são causados em decorrência da existência de chances de dano, ou seja, situações que expõem o colaborador a possibilidades de sofrerem lesão. Esse risco pode ser denominado, ainda, como aqueles que ocorrem em função de agentes mecânicos. Todos os agentes analisados até aqui têm potencial de causar acidentes? O que difere estes dos mecânicos? Nesse caso, são consideradas situações imprevistas ou em decorrência de desastre ou falta de atenção que possa causar dano ao colaborador. Os agentes favoráveis a riscos de acidentes são caracterizados como aqueles de atuação específica aos postos de trabalho, ação nos usuários diretos do agente e que, caso ocorram, resultem em lesões imediatas e agudas, na maioria dos casos. Assim, Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 estão inclusos nessa classificação todos os fatores que podem apresentar dano ao colaborador e que tenham relação com o ambiente de trabalho, tais como materiais cortantes, posicionamento inadequado de equipamentos, falhas no arranjo físico, falta de sinalização, falhas no sistema elétrico e/ou na estrutura física. FIGURA 3 Acidente de trabalho. FONTE Freepik Acidente de trabalho Acidente de trabalho é definido como aquele que ocorre durante ou em razão das atividades profissionais desempenhadas pelo empregado, podendo resultar em lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade laboral, temporária ou permanente. Esse conceito também engloba: aquele que acontece no local e durante o horário de trabalho, resultante de uma ação súbita e imprevista. Ocorre no percurso entre a residência e o local de trabalho do empregado e vice-versa. São consideradas como acidente de trabalho quando provenientes de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente. A identificação e notificação corretas dos acidentes de trabalho são fundamentais, pois permitem a adoção de medidas preventivas, reduzindo riscos e evitando novos acidentes. Adicionalmente, a caracterização de um evento como acidente de trabalho garante ao trabalhador direitos específicos, dependendo da legislação de cada país, como assistência médica e garantia de retorno ao emprego após a recuperação. Quando abordamos os riscos dos ambientes de trabalho, estamos lidando diretamente com aspectos de saúde individual e coletiva. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Segundo a NR-3, considera-se grave e iminente risco, toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador. Para auxiliar na assimilação, veja, a seguir, o quadro contendo tais exemplos. QUADRO 1 Classificação de riscos e exemplos de agentes FONTE Elaborado pela autoria (2020). Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 A partir do quadro anterior, é possível ter uma visão sintetizada sobre os tipos dos riscos e seus exemplos. Todos os riscos apresentados podem resultar em um acidente de trabalho (AT) ou um incidente. Acerca disso, diferentes legislações abordam a definição de AT, conforme veremos a seguir: I) Decreto n.º 3.048, de 6 de maio de 1999, do Regulamento da Previdência Social: Define como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa (BRASIL, 1999). II) Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991, dos Planos de Benefícios da Previdência Social (vide Lei n.º 13.135, de 17 de junho de 2015): Define acidente de trabalho como o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico, ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991). Além das definições legais, existe a definição sob perspectiva prevencionista, que qualifica acidente de trabalho como qualquer evento não programado que descontinue o fluxo normal do trabalho, passível de provocar danos físicos e/ou funcionais, morte do colaborador ou, ainda, perdas materiais e econômicas à organização e ao meio ambiente. Explicando Melhor O que diferencia o conceito de Acidente de Trabalho visto nas legislações frente à visão prevencionista é que, legalmente, acidente é definido em casos nos quais ocorra lesão física, enquanto do ponto de vista da prevenção, englobam-se danos materiais, tempo para investigar e implantar medidas corretivas. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 É importante diferenciar, também, acidente de incidente. Incidente é uma ocorrência que, sem ter resultado em danos à saúde ou à integridade física de pessoas, tinha potencial para causar tais agravos. Vamos adotar como exemplo a queda de um andaime. Se a queda acontece próxima a um colaborador e este sai a tempo, sem sofrer lesão, podemos classificar como incidente, entretanto, se esse andaime cai sobre um colaborador e ele sofre a quebra de um osso, já consideramos como acidente. Para fins de leis sobre Previdência Social, consideram-se acidente do trabalho: doença profissional (aquela decorrente do exercício do trabalho) e doença do trabalho (decorrente das condições do trabalho). Não são abrangidas como acidente de trabalho as doenças degenerativas e referentes a grupo etário, bem como adquiridas em regiões nas quais ela se desenvolva e as doenças que não interferem na capacidade laboral. Algumas situações são equiparadas a acidente de trabalho, sendo elas: relacionado ao trabalho que contribua diretamente para dano ao colaborador; em decorrência de agressão física ou ofensa física intencional; em função de imprudência, desabamento, inundação, incêndio e outros; resultado de contaminação acidental durante exercício laboral. Em alguns casos, em que o acidente ocorre fora do local e horário de trabalho, pode ser considerado acidente de trabalho desde que tenha sido na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa, na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito ou em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, incluindo veículo de propriedade do segurado. FIGURA 4 Ofensa física intencional FONTE Freepik Outro ponto importante com relação a acidentes de trabalho é a emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 A CAT está prevista no artigo 169 da CLT(Consolidação das Leis de Trabalho),na Lei n.º 8213/1991 (Lei que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social). A lei nº 61.784, de 28 de novembro de 1967, define o Regulamento do Seguro de Acidentes do Trabalho de caráter obrigatório. A CAT garante ao trabalhador acidentado o direito de reconhecimento do acidente sofrido, independentemente da gravidade. A CAT deve ser preenchida em seis vias – ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao serviço de saúde que atende o colaborador, ao colaborador, à empresa, ao sindicato e à Delegacia Regional do Trabalho –, nos seguintes casos: I) todos os acidentes de trabalho; II) todas as doenças ocupacionais profissionais ou do trabalho; III) todas as suspeitas de doenças ocupacionais profissionais ou do trabalho. O prazo para preenchimento e divulgação da CAT à Previdência Social é de um dia útil após a ocorrência, com exceção de morte, em que deve ser feito imediatamente. Como a maioria dos documentos atuais são digitalizados, o site da Previdência Social disponibiliza um modelo do formulário CAT em branco, que deve ser preenchido pela empresa. Para enviar o CAT, acesse o site do INSS. Dados necessários e obrigatórios para a emissão, o CAT on- line só será emitido com a posse de todos eles. • Dados da empresa (razão social, CNPJ, CNAE, endereço e contato); • Dados do acidentado (nome, nome da mãe, data de nascimento, número da CTPS, identidade, PIS, endereço e informações de contato); • Data, hora e tipo da ocorrência; • Descrição da ocorrência; • Atestado médico, caso tenha sido emitido. São emitidas 4 vias do CAT, sendo: • Uma do colaborador; • Uma do INSS; • Uma do segurado; • Uma da empresa. O CAT deve ser preenchido e enviado até o dia útil subsequente ao ocorrido, quando não houver falecimento do colaborador. Em casos de óbito, o CAT deve ser feito imediatamente. Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 Frente ao apresentado, é de fundamental importância que as organizações desenvolvam mecanismos para gerenciar os riscos de seus ambientes, sendo essa gestão um ponto central da estratégia organizacional. O principal aspecto está relacionado à identificação dos riscos inerentes às atividades, devendo estar integrado ao contexto cultural dos ambientes de trabalho. Saiba Mais Que tal conhecer um pouco mais sobre a ISO 45001? A normativa sobre Sistemas de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) fornece orientações para que os ambientes laborais sejam mais seguros e saudáveis, evitando lesões e problemas de saúde aos colaboradores. Recomendo, então, a leitura da matéria “Destrinchando a ISO 45001”. Para acessar, clique aqui. Resumindo E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os profissionais da segurança e saúde ocupacional precisam ser capazes de identificar os riscos, a fim de minimizá-los, buscando a melhoria do ambiente e dos métodos de trabalho, levando ao ambiente de trabalho a implantação de uma cultura prevencionista e colaborativa no desenvolvimento da segurança ocupacional de todos os envolvidos. Os riscos podem ser agrupados em: ambientais (físicos, químicos e biológicos), de acidentes e ergonômicos. Como exemplo, pode-se citar ruído e vibrações como agentes físicos, produtos químicos e poeira como agentes de risco químico e bactérias e fungos na categoria de agentes biológicos. Com relação a riscos ergonômicos, há o levantamento manual de cargas e posturas inadequadas; já com relação a risco de acidentes, as máquinas sem proteção e os animais peçonhentos. A importância de conhecer e saber identificar https://revistaadnormas.com.br/2020/01/21/destrinchando-a-iso-45001 Riscos ambientais e os programas de segurança Riscos ambientais Capítulo 1 esses riscos está em evitar possíveis acidentes, bem como incidentes. Vimos que acidente e incidente são expressões comuns, que se diferem pela ocorrência (acidente) ou não (incidente) de lesão ao trabalhador. Os acidentes de trabalho são consequências de atos ou condições inseguras que geram perdas tanto ao colaborador quanto ao empregador e, em decorrência disso, merecem a devida atenção na sua prevenção, que ocorre controlando e minimizando os riscos. Frente ao que foi apresentado neste capítulo, fica claro, então, que considerar as condições de trabalho de forma integrada é de extrema importância para a proteção, o desenvolvimento e a melhoria contínua da qualidade de vida dos colaboradores em vários aspectos, minimizando riscos e evitando acidentes. 2 @faculdadelibano_ Identificação e análise de riscos Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 Objetivos Nesta competência, você aplicará os conhecimen- tos obtidos sobre riscos ambientais, de forma a ge- renciá-los a partir de técnicas de gestão, incluindo identificação e análise de riscos. A aplicação des- ses conhecimentos é fundamental para a melhoria das condições de trabalho e, consequentemente, da produtividade. Está curioso para este aprendizado? Vamos continuar aprendendo juntos! A possibilidade de situações não desejadas e não previsíveis no ambiente de trabalho é algo que preocupa desde os gestores até os próprios colaboradores, não é mesmo? Para evitar tais situações, é importante que sejam desenvolvidos mecanismos para gerenciá-las. Para que as ações do gerenciamento sejam eficazes, é preciso que sejam realizados estudos iniciais envolvendo os riscos dos ambientes de trabalho, a fim de investigar incansavelmente todas as situações passíveis de ocorrer. A partir desse estudo, é possível estimar com maior precisão as chances de cada situação acontecer e quais efeitos serão decorrentes destas. Entretanto, apesar de ser de fundamental importância, ainda há falta de consenso nas organizações sobre as terminologias e os conceitos adotados para essa temática. Isso resulta em análises individualizadas, ou silos, que dificultam o gerenciamento integrado dos riscos ou, ainda mais grave, resulta em um gerenciamento superficial. Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 As técnicas de gestão de riscos podem ser aplicadas em vários locais de trabalho, nos mais diferentes tipos de ambientes e setores, bem como nos níveis de gerenciamento (do operacional ao estratégico), tendo em vista a importância de prevenir os riscos. FIGURA 5 Ações eficazes. FONTE Freepik É essencial que, além do gerenciamento, seja mantido um histórico organizacional, de modo a permitir um monitoramento contínuo do ambiente de trabalho, bem como das decisões que vêm sendo tomadas nesse contexto. Reflita Até aqui, ficou clara a gravidade dos riscos dos ambientes de trabalho, não é? Então, antes de darmos continuidade, vamos refletir. Quanto custa um acidente de trabalho para uma organização? O que representa, para um gestor, os riscos do ambiente de trabalho? O que significa um risco no ambiente de trabalho para o trabalhador? Como é possível gerenciar esses riscos? O processo de gestão de riscos pode ser desenvolvido a partir de etapas propostas pela norma AS/NZS 4360: 2004, que guia a gestão de riscos e, inclusive, foi adotada para a ISO 31000. A gestão de risco é um processo estruturado que visa identificar, avaliar, controlar e monitorar incertezas que podem afetar objetivos estabelecidos, seja em uma organização, projeto ou qualquer outro contexto. O principal objetivo é assegurar que riscos sejam gerenciadosproativamente, permitindo a tomada de decisões mais informada e a Estabelecimento do contexto Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 maximização de oportunidades, ao mesmo tempo em que minimiza adversidades. O processo de gestão de risco geralmente envolve: • Identificação de Riscos: reconhecer e listar potenciais eventos ou condições que podem resultar em consequências negativas ou positivas. • Avaliação de Riscos: estimar a probabilidade de ocorrência de um risco e o impacto associado, determinando assim sua relevância. • Tratamento de Riscos: definir a melhor estratégia para lidar com cada risco identificado, seja evitando, transferindo, mitigando ou até mesmo aceitando o risco. • Monitoramento e Revisão: acompanhar e analisar o cenário de riscos continuamente, fazendo os ajustes necessários à medida que novas informações são disponibilizadas ou o contexto muda. • Comunicação: assegurar que todas as partes interessadas estejam cientes dos riscos e das medidas adotadas para gerenciá-los. Ao adotar uma abordagem sistemática para a gestão de riscos, organizações podem proteger seus ativos, reputação e stakeholders, ao mesmo tempo em que se posicionam de maneira estratégica para aproveitar oportunidades no ambiente em que atuam. Contextualização dos riscos Identificação Análise Avaliação FIGURA 7 Adaptada de Mattos e Másculo (2011, p. 62). FONTE Adaptada de Mattos e Másculo (2011, p. 62). Tratamento dos riscos C o m u n ic a ç ã o e c o n s u lt a E st im a ti v a d o s ri s c o s M o n it o ra m e n to e a n á li s e c rí ti c a Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 A aplicação dessas etapas pode ser feita por qualquer organização, independentemente do tipo e porte. Conforme a figura anterior, existem etapas a serem desenvolvidas, e elas se relacionam entre si. É importante que o processo de gestão tenha início logo depois da ocorrência do acidente, pois, com o passar do tempo, o local e os dados podem ser alterados. Érecomendado, ainda, quesejamfeitosregistrosfotográficos do local, coletados depoimentos dos envolvidos para posterior preparação do relatório do acidente, indicando os motivos e as indicações de correção e melhoria. Ademais, a adoção de mecanismos para identificar, analisar e avaliar os riscos deve ser considerado investimento por parte dos empregadores, tendo em vista que, além das melhorias do ambiente de trabalho, esses investimentos vão garantir a produtividade dos colaboradores, reduzindo os riscos e, consequentemente, os acidentes e as doenças profissionais. Identificação de riscos A identificação dos riscos consiste, como o nome indica, em identificar onde, quando, como e por que determinadas situações acontecem ou podem acontecer. Parte-se do princípio do ininterrupto questionamento, procurando os motivos do acidente e suas analogias com o ambiente de trabalho. FIGURA 8 Identificação de riscos FONTE Freepik Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 Inicialmente, para que os riscos sejam gerenciados de forma adequada, é imprescindível que sejam mapeados e documentados os processos para os quais se almeja identificar os riscos adjuntos. Assim, para que seja possível aplicar qualquer uma das técnicas de investigação, é necessário adquirir e minutar determinados dados essenciais para a averiguação, como: • Dados sobre o colaborador que sofreu o acidente (nome, função, idade, cargo, lesão, parecer médico). • Informações sobre o atendimento (socorros iniciais adotados, hora, descrição e testemunhas). • Registro do histórico do colaborador no que tange à segurança do trabalho (treinamentos, acidentes anteriores, uso dos equipamentos de proteção etc.). Após o acontecimento de um acidente ou incidente, prontamente, deve-se começar o procedimento de averiguação de riscos para impedir que eventos dessa natureza voltem a ocorrer. A investigação deve sempre contar com a participação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e, se indispensável, com profissionais externos, caso os profissionais internos não sejam satisfatórios. Ferramentas adequadas devem ser utilizadas para a coleta de informações que auxiliem nesse processo de identificação dos riscos. Existem várias técnicas de identificação, sendo as mais comuns: técnica de incidentes críticos, análise What-If e de causa e efeito, entre outras. Técnica de incidentes críticos A ferramenta chamada Técnica de incidentes críticos, é uma técnica operacional, de caráter qualitativo, a ser aplicada na fase operacional, a fim de identificar incidentes. Por incidente, entende-se qualquer situação insegura que possa resultar em acidente de trabalho. Assim, essa técnica consiste em uma forma de identificar erros e condições inseguras que colaboram para o acontecimento de incidentes (sem lesões), sobretudo nos casos em que se almeja identificar perigos sem a utilização de metodologias mais robustas e, ainda, quando o tempo é restrito. Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 O objetivo dessa técnica é detectar tais situações e tratar os riscos que estas representam. Para tal, é necessário que sejam entrevistados uma quantidade significativa de colaboradores, envolvendo todos os setores da empresa, de forma a representar as diferentes intervenções. A amostra dos entrevistados precisa ser feita de forma aleatória para garantir representatividade, bem como para que não haja tendências nas respostas e estas devem ser o mais abrangente possível. No decorrer da aplicação dessa técnica, o investigador questiona um grupo de colaboradores e solicita que cada um lembre e descreva atos ou condições inseguras que tenham percebido no ambiente de trabalho. É importante que essa técnica seja aplicada de forma periódica e que, a cada aplicação, sejam mudados os entrevistados, a fim de identificar novas áreas-problema, ou seja, novos incidentes críticos. What-If A análise What-If que, em português, significa “e se”, consiste em uma técnica especulativa, de caráter qualitativo e geral, de simples emprego e muito benéfica, como abordagem inicial para identificação e detecção de riscos, em qualquer etapa do projeto ou processo, bem como em serviços. Baseia-se em metodologias de brainstorming, que consistem em jogos de perguntas, objetivando identificar “o que” poderá acontecer (decorrências indesejadas) e “se” determinado fato der errado (perigo). Além disso, é desenvolvida a partir de dinâmicas de grupo. Para aplicação, são organizadas reuniões entre duas equipes (guia/questionadora e colaborativo), e estas vão desenvolvendo perguntas sobre procedimentos, instalações e processos da organização. Para que seja eficaz, é preciso que a equipe conhecedora e familiarizada (denominada guia ou questionadora) organize, anteriormente à reunião, itens para guiar a discussão. Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 FIGURA 9 Método What if FONTE Freepik Os itens para guiar a discussão devem ser formados com perguntas iniciando com o termo “e se” (eis a justificativa para o nome da técnica), tal como: e se houver interrupção no fornecimento de energia? E se houver superaquecimento no equipamento? As respostas dessas perguntas guiarão as discussões sobre os riscos existentes. É sugerido que essa análise seja empregada para avaliar a implicação à continuação operacionalde equipamentos, espaços e integrações, no que diz respeito a serviços múltiplos de manutenção, sobretudo aqueles pertinentes às particularidades de elétrica e instrumentação. Além disso, a aplicação periódica pode apresentar bons resultados no que diz respeito à atualização de riscos. Causa e efeito A análise de causa e efeito é conhecida por diferentes nomenclaturas na literatura, como diagrama de causa e efeito, diagrama de Ishikawa, espinha de peixe, entre outros. Essa ferramenta da qualidade é apresentada na ISO 31.010 como norteadora do processo de análise de riscos. Ela auxilia na organização do brainstorming para a identificação das possíveis causas de determinado problema, ou seja, os possíveis riscos de certas situações. Para construir o diagrama, parte-se do princípio de que o acidente (efeito) não é resultante de uma única causa, mas decorrente de um conjunto de fatores (situações) que desencadeiam o processo. Para preenchimento das causas, é importante que sejam reunidos colaboradores e que estes opinem sobre os fatores que possam ter resultado no acidente em questão. Pessoas Processo Equipamento Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 Para aplicar essa técnica, inicialmente, é necessário selecionar o problema que será analisado (acidente). Então, delimita-se uma linha horizontal com um retângulo ao final. Nesse retângulo, será escrito o problema. Ao longo da linha horizontal são desenhadas linhas diagonais, representando as causas. Após o desenho da figura, inicia-se o debate com as pessoas envolvidas a partir de brainstorming, que consiste em um processo demorado. Entretanto, como é o “coração” dessa ferramenta, é preciso que seja feito de forma focada, para que os detalhes também sejam considerados na análise. No decorrer do debate, as causas identificadas vão sendo agrupadas em categorias. Ao final, caso necessário, essas causas podem ser elencadas de acordo com a importância ou gravidade. Na figura a seguir são apresentados os grupos para relacionar as causas, quais sejam: materiais, meio ambiente, máquina (equipamentos), mão de obra, método (forma de desenvolver o trabalho) e medida (indicadores). Esses grupos podem ser adaptados de acordo com o contexto organizacional apresentado, ou seja, não necessariamente todos esses grupos terão causas relacionadas ao que está sendo analisado. CAUSA CAUSA CAUSA CAUSA CAUSA CAUSA Problema FIGURA 10 Exemplificação da estrutura de aplicação de um diagrama de causa e efeito FONTE Elaborada pela autoria (2020). Análise e avaliação de riscos A partir da identificação dos riscos feita com as técnicas aprendidas, é importante, então, que sejam compreendidos, criticados e estimados o nível de criticidade de cada risco, ou seja, que sejam analisados. É importante que a avaliação seja tanto quantitativa Materiais Ambiente Gestão Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 quanto qualitativa. Ao quantificar, comprova- se o controle da exposição ou inexistência do risco, dimensiona a exposição e subsidia-se o equacionamento das medidas de controle. Dessa forma, técnicas de análise e avaliação de riscos se constituem em desenvolver atividades orientadas para quantificar a perda máxima provável decorrente do risco, ou seja, permite quantificar a probabilidade de ocorrer um risco e suas consequências, bem como a gravidade destas. Existem diferentes técnicas para analisar os riscos, das quais serão apresentadas a seguir: análise preliminar de riscos (APR), análise de modos de falha e efeitos (AMFE) e análise de árvore de falhas (AAF). Análise preliminar de riscos A Análise preliminar de riscos consiste em uma técnica qualitativa para análise inicial, sendo utilizada para identificar fontes de perigo, analisar consequências e propor medidas corretivas simples. É comumente aplicada na fase de projeto ou desenvolvimento de projetos e processos. A forma mais usual de desenvolver uma Análise preliminar de riscos é a partir da organização dos dados em um quadro, conforme apresentado no quadro a seguir. O primeiro passo para tal consiste em identificar quais atividades organizacionais serão analisadas. QUADRO 2 Exemplificação da estrutura de aplicação de uma Análise preliminar de riscos FONTE Elaborado pela autoria (2020). Selecionada a atividade, inicia-se o processo com a identificação dos riscos desta e, em seguida, as causas do risco. A partir disso, é possível constatar as consequências do risco e sua causa. Para propor a categoria do risco, pode-se analisar aspectos como Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 frequência, grau da consequência ou a combinação dessas duas categorias. Por fim, a última coluna (ou último item a ser analisado) consiste na identificação das ações para a situação em questão. A aplicação da Análise preliminar de riscos auxilia a eleger os espaços da instalação, onde devem ser desenvolvidas as metodologias mais detalhadas para analisar riscos, ou seja, atua como precursora de outras análises. Ademais, também pode ser utilizada como mecanismo de monitoramento e revisão geral para processos operacionais em andamento, desvendando aspectos que podem ser imperceptíveis no cotidiano. Análise de modos de falha e efeitos A AMFE é uma metodologia hábil de engenharia que identifica, qualifica e investiga as falhas de componentes específicos e como estas estão distribuídas. Na área de segurança do trabalho, vem sendo aplicada em situações específicas, como fontes de risco e análise ergonômica do trabalho. A Análise de modos de falha e efeitos é uma metodologia hábil de engenharia que identifica, qualifica e investiga as falhas de componentes específicos e como estas estão distribuídas. Na área de segurança do trabalho, vem sendo aplicada em situações específicas, como fontes de risco e análise ergonômica do trabalho. O procedimento é semelhante a outras técnicas, sendo desenvolvido a partir da organização de uma equipe que irá examinar o produto ou processo em questão no que diz respeito a funcionalidades, falhas prováveis, efeitos e causas. A partir desta caracterização, os riscos são avaliados desde o estabelecimento de indicadores que, então, serão calculados para que sejam selecionados os riscos de maior prioridade. Frente ao apresentado, entende-se que o foco está nas falhas e nos efeitos destas sobre os componentes de um sistema, sendo, portanto, uma metodologia objetiva e com foco localizado. Com base nessa análise, são definidas as medidas para suavizar tais riscos, promovendo maior confiança ao produto/processo. Análise de árvore de falhas Já o método da Análise de árvore de falhas, que é uma ferramenta dedutiva, de caráter Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 qualitativo ou quantitativo, que tem por finalidade analisar riscos a fim de determinar a probabilidade de ocorrência de eventos finais. Para seu desenvolvimento, inicialmente, é identificada e selecionada uma falha (ou efeito) e, então, desta, são desdobradas falhas básicas ou eventos primários. É bastante utilizada, tendo em vista que é aberta, ou seja, aceita diferentes justificativas para os acidentes, identificando e relacionando-os com falhas existentes no ambiente organizacional. O método adotado é de dedução e parte da premissa que determinada falha ou um grupo de falhas resultou no acidente. O resultado dessa análise são sistemas organizados a partir de uma representação gráfica, que é estruturada como uma árvore lógica e, para tal, são utilizadas simbologias específicas advindas da álgebra booleana.Além disso, é possível calcular a frequência e a probabilidade de ocorrência de cada componente e, então, aplicar tais probabilidades para identificar as ações necessárias. Saiba Mais Quer ver a aplicação de uma das técnicas abordadas? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: “Aplicação da análise preliminar de risco para identificação de riscos ergonômicos nas atividades de professores do ensino fundamental II”. Para acessar, clique. O uso de ferramentas para coleta de informações na gestão de risco tem se tornado uma prática cada vez mais comum nas organizações modernas. Essas ferramentas são projetadas para coletar e analisar dados relevantes que podem ajudar as empresas a identificar e mitigar riscos em seus processos, produtos ou serviços. Embora essas ferramentas ofereçam uma série de benefícios, também é importante reconhecer os impactos que elas podem ter no ambiente de trabalho. https://riut.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/17524/1/CT_CEEST_XXXVII_2019_41.pdf Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 Em primeiro lugar, as ferramentas de coleta de informações podem proporcionar uma maior transparência e visibilidade dos riscos para os funcionários. Isso pode ser uma vantagem, pois permite que os membros da equipe estejam cientes dos possíveis desafios e ameaças que a organização enfrenta. No entanto, essa transparência também pode criar ansiedade e preocupação entre os funcionários, especialmente se os riscos identificados forem graves. Portanto, as empresas precisam adotar uma abordagem equilibrada ao compartilhar informações sobre riscos, garantindo que os funcionários entendam o contexto e as medidas de mitigação que estão sendo implementadas. A Lei n.º 6.514/77 , artigo 157, garante ao empregado o direito de receber as instruções e indicação precisa dos riscos a que está exposto. Além disso, as ferramentas de coleta de informações podem afetar a cultura organizacional. A cultura de uma empresa desempenha um papel fundamental na forma como os funcionários interagem, tomam decisões e lidam com desafios. Quando as ferramentas de gestão de risco são introduzidas, elas podem mudar a dinâmica da cultura ao incentivar uma mentalidade mais orientada para a gestão de riscos. Isso pode ser benéfico para a empresa, pois pode melhorar a capacidade de lidar com ameaças potenciais. No entanto, também pode criar resistência entre os funcionários que estão acostumados a uma cultura diferente. Portanto, é importante que as organizações promovam a conscientização sobre a importância da gestão de riscos e forneçam treinamento adequado para ajudar os funcionários a se adaptarem a essa nova mentalidade. Outro impacto no ambiente de trabalho é o aumento da carga de trabalho para os profissionais encarregados da coleta e análise de informações. À medida que as organizações buscam reunir dados detalhados sobre os riscos, pode haver uma pressão adicional sobre as equipes de gestão de risco para processar e interpretar essas informações de maneira eficaz. Isso pode levar a um aumento do estresse e da carga de trabalho, e é importante que as empresas reconheçam esses desafios e forneçam recursos adequados para apoiar as equipes. Por fim, as ferramentas de coleta de informações também podem influenciar a forma como as decisões são tomadas nas organizações. Ao fornecer dados objetivos sobre riscos, essas ferramentas podem ajudar a informar e orientar as decisões de gestão. No entanto, é importante lembrar que os dados por si só não devem ser o único fator Riscos ambientais e os programas de segurança Identificação e análise de riscos Capítulo 2 considerado. As decisões devem levar em conta uma variedade de informações, incluindo a intuição e a experiência dos líderes, para serem eficazes. Resumindo E então, conseguiu aprender? Para conferirmos se isso aconteceu, vamos fazer uma breve revisão sobre o que vimos. Partindo do pressuposto de que já sabemos os principais agentes causadores de riscos presentes nos ambientes de trabalho e que, caso não sejam tomadas precauções, podem prejudicar a saúde e a integridade física dos colaboradores, vimos, neste capítulo, as técnicas de gestão desses riscos. A gestão de riscos é um método ativo, continuado e imprescindível para o bom gerenciamento de qualquer organização. Além disso, fornece subsídios para a tomada de decisões. Assim, conhecer os agentes, quantificar e qualificá-los e, principalmente, estabelecer medidas de controle à exposição a eles é condição basal para que as atividades profissionais sejam desempenhadas com qualidade. Entre as técnicas existentes, vimos aqui a técnica de incidentes críticos, What-If e causa e efeito para a identificação de riscos e, no que tange à análise e à avaliação, vimos APR, AMFE e AAF. Cabe à empresa, no que diz respeito a seus gestores, selecionar e adotar essas técnicas, a fim de ter um maior controle acerca dos fatores que interferem em seus processos. Ademais, a falta de consenso na prática resulta em uma gestão de riscos em silos, ou seja, isoladamente, fazendo com que cada área da organização use expressões diferentes, o que dificulta o gerenciamento, bem como a participação de todos os envolvidos no ambiente organizacional. Ficou claro, a partir deste capítulo, então, que adotar mecanismos para identificar, analisar e avaliar os riscos deve ser considerado um investimento por parte dos empregadores, tendo em vista que, além das melhorias do ambiente de trabalho, esses investimentos vão garantir a produtividade dos colaboradores, reduzindo os riscos e, consequentemente, os acidentes e as doenças profissionais. 3 @faculdadelibano_ Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde Capítulo 3 ocupacional e segurança do trabalho Objetivos Ao término deste capítulo, você será capaz de entender os serviços de saúde e medicina do trabalho e suas funcionalidades. Consta em lei que qualquer organização que possua trabalhador deve cumprir as obrigatoriedades deste contexto, e a efetividade da garantia da segurança do trabalho relaciona-se ao comprometimento da alta administração. E então? Animado? Vamos lá! Em decorrência dos riscos ambientais, as organizações buscaram definir meios para fazer o controle e reduzir seus custos com acidentes e doenças ocupacionais, para que se mantivessem competitivas. Nesse contexto, a temática da segurança e saúde no trabalho é acatada como estratégia organizacional, tendo em vista que sua ação está diretamente relacionada ao fator principal da produtividade: a mão de obra. A efetividade das medidas relacionadas à segurança do trabalho relaciona-se com o nível de envolvimento e empenho da alta administração, que precisa encaminhar e acompanhar o sistema de gestão de riscos, estabelecendo diretrizes para a implementação e o monitoramento das medidas de gerenciamento dos riscos e controle interno, perseguindo, assim, o alcance dos principais objetivos. Grande parte das empresas no Brasil tem isenção de constituir formalmente os serviços relacionados à saúde ocupacional e segurança do trabalho, tendo em vista que não possuem mais que 20 ou 50 colaboradores, tal como preconiza a legislação sobre formação de Cipa e SESMT. Consta em lei que qualquer organização que possua trabalhador deve cumprir as obrigatoriedades desse contexto. Ou seja, apesar de não Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 ser obrigada a ter profissionais especializados, caberá ao gestor as responsabilidades sobre saúde e segurançade seus colaboradores. Assim, neste capítulo, veremos esses serviços instituídos em normas regulamentadoras específicas. Em casos nos quais se faz necessário, o grupo de profissionais da área de segurança do trabalho de uma organização é estruturado a partir de uma equipe multidisciplinar. Esta compõe o SESMT, definido pela NR-4, que envolve os seguintes profissionais: • Técnico de segurança do trabalho. • Engenheiro de segurança do trabalho. • Médico do trabalho. • Enfermeiro de segurança do trabalho. • Auxiliar em enfermagem do trabalho. Além do SESMT, as organizações precisam instituir sua Cipa, conforme preconiza a NR-5. A Cipa é formada por representantes do patrão e dos funcionários, tendo por missão cooperar para que as ações do SESMT sejam prevencionistas. A seguir, abordaremos cada um desses serviços. FIGURA 11 Saúde e segurança FONTE Freepik Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho- SESMT Em casos nos quais se faz necessário, o grupo de profissionais da área de segurança do trabalho de uma organização é estruturado a partir de uma equipe multidisciplinar. Esta compõe o SESMT, definido pela NR-4, que envolve os seguintes profissionais: • Técnico de segurança do trabalho. • Engenheiro de segurança do trabalho. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 • Médico do trabalho. • Enfermeiro de segurança do trabalho. • Auxiliar em enfermagem do trabalho. Além do SESMT, as organizações precisam instituir sua Cipa, conforme preconiza a NR-5. A Cipa é formada por representantes do patrão e dos funcionários, tendo por missão cooperar para que as ações do SESMT sejam prevencionistas. O Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho é fundamental e tem como sua responsabilidade agendar mensalmente as informações atuais de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade. Tais informações precisam fornecer subsídios sobre a tipologia do acidente, localidades, datas e horários, entre outras informações que possam ajudar a avaliar os acontecimentos. FIGURA 12 SESMET FONTE Freepik Segundo o inciso XXII do art. 7.º da Constituição Federal, é direito do trabalhador a “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (BRASIL, 1988, on-line). Ademais, apesar da CLT já citar a existência desse tipo de serviço nos ambientes organizacionais, o SESMT só foi constituído oficialmente em 1972 com a publicação de uma portaria sobre a formação técnica nessa área, tornando obrigatória a sua existência em empresas com mais de 100 colaboradores. Essa legislação fez com que o Brasil fosse o primeiro país a constituir tal serviço em suas empresas, tornando possível melhorar a imagem do país frente ao alto índice de acidentes de trabalho perante o cenário internacional. Dessa forma, a legislação foi um marco entre um período de equívocos e o período assertivo da abordagem dos assuntos referentes à segurança do trabalho e à saúde do colaborador. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 O item 4.1 da referida norma expressa a obrigatoriedade da implantação do SESMT a empreendimentos particulares e públicos que tenham funcionários administrados sob o regime da CLT. Esse programa tem por objetivo agenciar a saúde e resguardar a integridade do colaborador em seu ambiente laboral. Para garantir que o SESMT tenha qualidade no atendimento aos colaboradores, o Ministério do Trabalho exige que ele tenha seu registro protocolado no órgão local, que é feito a partir do Sistema SESMT a partir da Portaria n.º 559, de 2 de junho de 2016. Para cadastro no sistema, é necessário informar os dados da organização (número de colaboradores, jornadas de trabalho e grau de risco), a quantidade e quais profissionais fazem parte, bem como seus respectivos horários de trabalho. Esse sistema tem como objetivos: I. Auxiliar a comunicação entre o órgão responsável e a organização. II. Melhorar a agilidade do procedimento de registro. III. Acelerar casos de atualização cadastral. IV. Conferir os requisitos da NR-4 antes de efetivar SESMT. V. Possibilitar uma fiscalização mais adequada a partir das informações disponibilizadas no sistema. O SESMT pode ser composto de quatro classes de profissionais (médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar ou técnico em enfermagem do trabalho), sendo que o seu dimensionamento está disciplinado no quadro II da mencionada NR-4. O engenheiro de segurança, o médico e o enfermeiro do trabalho necessitarão dedicar, ao menos, três horas (tempo parcial) ou seis horas (tempo integral) por dia para as ações do SESMT. A norma estabelece, ainda, as atribuições dos profissionais que compõem os SESMT. Entre as competências é importante ressaltar algumas: • Aplicar os conhecimentos a todos os componentes do ambiente de trabalho (desde colaborador à máquina). • Deliberar os equipamentos de proteção necessários tanto de cunho individual quanto de caráter coletivo. • Garantir que o estabelecido em todas as NRs seja cumprido. • Promover integração contínua com a Cipa, bem como apoiar, treinar e atender conforme for necessário. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 • Realizar atividades de sensibilização, educação e direcionadoras a partir de campanhas. • Tirar dúvidas dos colaboradores e torná-los conscientes sobre riscos, acidentes de trabalho e doenças. O SESMT será avaliado a cada seis meses por uma comissão formada por representantes das organizações, do sindicato de trabalhadores e da delegacia do órgão competente ou de acordo com o estabelecido em convenções. É imprescindível que o SESMT tenha integração constante com a Cipa, atuando como mecanismo multiplicador. Esses serviços devem desenvolver estudos, analisar as demandas dos colaboradores e estabelecer soluções, tanto para a correção quanto para a prevenção. Além disso, como parte integrante desse serviço, tem-se o ambulatório, que deve ser de responsabilidade do médico do trabalho que, por sua vez, deve ser o coordenador do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). De modo geral, fica evidente que a presença dos profissionais do SESMT nas empresas é de fundamental importância, tanto para a integridade dos colaboradores como para o sucesso das organizações e do bem-estar da sociedade, uma vez que esses profissionais, por meio de seu conhecimento científico, serão os responsáveis pela modificação das características de trabalho, bem como da promoção de maior qualidade de vida nos ambientes laborais. FIGURA 13 Promoção de qualidade de vida. FONTE Freepik Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 Dimensionamento Outro ponto importante a ser destacado é que é possível que uma organização tenha um SESMT centralizado, que atenderá a um grupo de empreendimentos de sua propriedade nos casos em que a distância entre o empreendimento no qual o SESMT está localizado e os demais não ultrapasse cinco quilômetros. Para dimensionar o SESMT, aplica-se a NR-4. O processo de dimensionar o SESMT está vinculado à gradação do risco da atividade central e à quantidade de colaboradores do local, conforme os quadros I e II da NR-4. O quadro I aborda o código, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e o grau derisco (GR) para fins de dimensionamento do SESMT, conforme exemplificado no quadro a seguir. QUADRO 3 Exemplificação do quadro I da NR-4 FONTE Elaborado pela autoria com base em Brasil (2016, p. 9). De posse do grau de risco, é necessário ter informações acerca da quantidade de colaboradores para, então, dar continuidade ao dimensionamento a partir da observação do quadro II da NR-4, apresentado no quadro a seguir. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 QUADRO 4 Fragmento do quadro II da NR-4 FONTE Elaborado pela autoria com base em Brasil (2016, p. 35). A quantidade de profissionais a compor o SESMT é dada pela relação grau de risco versus número de colaboradores. A NR-4 apresenta, ainda, alguns apontamentos com relação ao dimensionamento do SESMT, sendo eles: • Não se consideram estabelecimentos os canteiros de obras e as frentes de trabalho com menos de 1.000 funcionários e localizados no mesmo estado, território ou Distrito Federal. • Em casos em que 50% ou mais dos colaboradores atuem em atividade com grau superior ao da atividade principal, o dimensionamento é feito a partir do maior risco. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 Cipa A Cipa é responsável pelos assuntos de segurança e saúde na organização, sendo formada por trabalhadores. Foi criada em 1944, porém instituída legalmente pela NR-5, que define condições para dimensionamento, obrigatoriedades e condicionantes para seus membros. FIGURA 14 Cipa FONTE Freepik Devem constituir e manter em funcionamento as organizações privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados (BRASIL, 2019). É possível estabelecer três objetivos principais dessa comissão: prevenir acidentes e doenças do trabalho, controlar os riscos e propor sugestões para acabar ou neutralizar os riscos. Uma das formas de incentivar e motivar para alcançar tais objetivos é a partir de campanhas educativas. FIGURA 15 Exemplificação de uma campanha de sensibilização da Cipa FONTE Tavares (2009). Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 Ademais, na referida NR são instituídas as responsabilidades do empregador e dos colaboradores. Ao empregador, cabe o papel de promover aos componentes da Cipa os caminhos necessários para desempenharem suas pertinências, avaliando tempo satisfatório para a execução dos trabalhos constantes no plano de trabalho. Nota A diferença básica entre a Cipa e o SESMT é que este é composto, exclusivamente, por profissionais especialistas em segurança e saúde no trabalho, enquanto aquela é uma comissão partidária constituída por empregados, normalmente, leigos em prevenção de acidentes. Já aos colaboradores, cabe participar da eleição de seus representantes; colaborar com a gestão da Cipa; indicar à Cipa, ao SESMT e ao empregador situações de riscos e apresentar sugestões para melhoria das condições de trabalho; e observar e aplicar, no ambiente de trabalho, as recomendações quanto à prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho. Qualquer ação referente à Cipa deve ser formalizada, e a documentação referida deve estar disponível para que seja fiscalizada. Além disso, a participação de todos é extremamente necessária para que os resultados esperados sejam alcançados. Estruturação e dimensionamento A estruturação da Cipa é feita a partir de um processo eleitoral interno, conforme requisitos estabelecidos pela respectiva norma regulamentadora, sendo formada por representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no quadro I da NR-5, apresentado na figura a seguir. Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 Indicação Indicação FIGURA 16 Estruturação da Cipa FONTE Elaborada pela autoria (2020). Presidente; Efetivos; Suplentes O representante dos empregados e do empregador é conhecido como “cipeiro”, e é importante que ele esteja em comunicação frequente com o empregador, a fim de auxiliar o SESMT e os colaboradores. Dessa forma, o cipeiro exerce papel importante nas ações de prevenção da empresa. Além dos membros escolhidos por indicação de empregador e empregados (presidente, efetivos e suplentes), a Cipa é formada por um secretário. A quantidade de membros a compor a Cipa vincula-se ao agrupamento de setores econômicos pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que consta no quadro II da NR-5, bem como a quantidade de colaboradores. Diferentemente do dimensionamento do SESMT, aqui, inicialmente, identificamos o CNAE no quadro II e o grupo no qual essa atividade está inserida e, então, consulta-se o quadro I, conforme apresentado no quadro a seguir. ESTRUTURAÇÃO Empre gador Colabo dente; ivos; entes Presi Efet Supl radores Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 QUADRO 5 Fragmento do quadro I da NR-5 FONTE Elaborado pela autora com base em Brasil (2019, p. 10). É importante destacar que, nos casos em que a empresa não tem obrigatoriedade de constituir a Cipa, exige-se que seja designada uma pessoa com treinamento específico de 20 horas para exercer as atribuições dessa comissão. Processo eleitoral A estruturação da Cipa se dá a partir de processo eleitoral. Para que ele ocorra, é necessário que, 60 dias antes de findado o mandato atual, o empregador fixe um edital por 15 dias. Este possibilitará que todos que tenham interesse se inscrevam e, aqueles interessados, terão garantia de emprego até a eleição. A eleição deverá ocorrer no prazo de 30 dias antes de findado mandato, com voto secreto e durante os turnos de trabalho. Os membros eleitos terão sua posse protocolizada com o prazo de um dia útil e passarão Riscos ambientais e os programas de segurança Serviços de saúde ocupacional e segurança do trabalho Capítulo 3 por treinamento de 20 horas. Então, a empresa protocolizará no Ministério do Trabalho em até 10 dias: cópias das atas da eleição (de instauração e de posse), o calendário das reuniões anuais (devem ser 12 entre o início e o fim do mandato). Depois de protocolizado, não é possível cancelar, exceto em casos nos quais a empresa encerra suas atividades. Saiba Mais Quer saber um pouco mais sobre esse tema? Recomendamos o acesso ao guia de perguntas e respostas do Sistema SESMT. Esse documento tem por finalidade auxiliar as organizações a cumprirem com as obrigatoriedades dos itens 4.17 da NR-4, sendo disponibilizado pelo Governo Federal no ano de 2016. Para acessar, clique aqui. A presença da CIPA no ambiente de trabalho promove uma cultura de segurança. Os membros da comissão trabalham em conjunto para avaliar as condições de trabalho, identificar riscos potenciais e propor medidas preventivas. Isso incentiva todos os funcionários a estarem mais atentos à segurança no local de trabalho, criando um ambiente mais seguro para todos. Além disso, a CIPA desempenha