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@laryssawanderley 
Clínica de pequenos animais 
dermatologia 
 
DEMODICICOSE CANINA 
v O que é e como acontece? 
Ø Ácaros do gênero Demodex são parasitas 
obrigatórios da pele canina, vivendo nos 
folículos pilosos e ocasionalmente em 
glândulas sebáceas. Em condições normais, o 
hospedeiro controla a população. Quando há 
defeito de imunidade celular (linfócitos T) 
ou predisposição hereditária, ocorre a 
multiplicação exacerbada desse ácaro na 
pele causando a doença e as lesões. 
Ø Não é contagiosa, a transmissão dos ácaros 
ocorre sobretudo durante a amamentação 
Ø É importante evitar a reprodução de animais 
afetados. 
Ø Mais comum em animais com predisposição, 
fêmeas, cães de raça pura, pelo curto. Em 
animais jovens 18 
meses. 
Ø Na forma adulta sempre investigar 
imunossupressão (neoplasias, 
endocrinopatias, doenças autoimunes, 
infecciosas). Alguns fatores que agravam, 
como a desnutrição, estro/gestação, estresse, 
endoparasitoses, quimioterapia/corticoterapia. 
v Formas clínicas: 
Ø Localizada: (1–5 lesões): comum em jovens; 
pode regredir sozinha. Prurido e piodermite 
são raros. 
(Localizada) 
Ø Generalizada: (>5 lesões, podal, 
periocular/otodemodicidose), causa 
alopecia/hipotricose, pápulas, pústulas, 
escamas, crostas, eritema, piodermite 
secundária é frequente, prurido variável. 
 
(Generalizada) 
v Classificação: 
Ø Pododemodicicose: Ocorre nas regiões 
palmoplantar, digital e interdigital. Seus 
sinais clínicos incluem alopecia, eritema, 
espessamento da pele interdigital, pústulas, 
crostas, fissuras, e geralmente dolorosa, 
podendo causar claudicação 
 
. 
(Pododemodicicose) 
 
 
 
@laryssawanderley 
Ø Demodicicose periocular: Ocorre na pele ao 
redor dos olhos. Apresenta alopecia 
localizada em região periocular, eritema 
discreto, descamação, crostas finas. O 
prurido geralmente é leve ou ausente (só 
aparece se houver piodermite). No 
diagnóstico, o raspado profundo pode ser 
incômodo, preferir fita adesiva para coleta. 
§ Muitas vezes pode regredir 
espontaneamente, se for localizada em 
animais jovens, caso evolua para a forma 
generalizada, tratar com isoxazolinas. 
 
(Demodicicose periocular) 
Ø Otodemodicidose: Ocorre no conduto 
auditivo externo (orelhas). Pode apresentar 
alopecia e descamação em pavilhão auricular; 
otite externa com eritema e crostas, 
podendo ser confundida com otite por sarna 
otodécica (Otodectes cynotis). 
§ Tratamento: sistêmico (isoxazolinas). Não 
adianta usar só gotas auriculares, pois 
o ácaro está em folículos pilosos. 
 
v Diagnóstico: 
Ø Anamnese: Descrição temporal (início do 
quadro, local que iniciou, escala de prurido 
0-10, local das lesões, se piora em 
determinado período, por exemplo no verão), 
checar antecedentes (pais e irmãos com 
atopia), checar medicações prévias (tópicas 
como shampoos e sistêmicas como ATB ou 
corticoides) e se há melhora ou piora com o 
uso. 
Ø Raspado cutâneo profundo: (várias áreas, 
pele íntegra, evitar ulcerações). Ótima 
sensibilidade e baixo custo. Em Shar-Pei, 
pododemodicidose crônica e infecção 
bacteriana, o exame pode complicar/ser 
menos fácil. 
Ø Fita adesiva (imprint): boa sensibilidade 
(≈75–100%), menos traumático, útil em 
periocular, peribucal, interdigital. 
Ø Tricograma: baixa sensibilidade; não usar 
para decidir suspensão de terapia. 
Ø Histopatologia: raramente. Útil nos suspeitos 
com exames negativos (p.ex., Shar-Pei). 
Ø Dica prática: conte estágios 
(larvas/ninfas/adultos/ovos). Na evolução boa, 
você deve ver queda progressiva da carga e 
ausência de imaturos nas reavaliações (sinal 
de que o ciclo foi quebrado). 
 
v Diagnósticos diferenciais: 
Ø HAC (hiperadrenocorticismo) tem que ser 
descartado quando a sarna aparece em 
animal adulto. 
Ø A Leishmaniose causa lesões parecidas. 
Ø Dermatofitose por infecção fúngica também 
faz lesões alopecicas e circulares que não 
coçam igual a demodex. 
Ø Piodermites tem manifestações clinicas 
semelhantes, pode ser a causa primária ou 
estar associada a demodex. 
 
 
@laryssawanderley 
v Tratamento: 
Ø Objetivos: controlar ácaros, tratar 
complicações secundárias 
(piodermite/malassezia/seborreia), e buscar 
doente de base quando houver. A remissão 
clínica vem antes da “cura parasitológica”. + 
de 3 meses. 
Ø Isoxazolinas: fluralaner (BRAVECTO), 
sarolaner (SIMPARIC), afoxolaner 
(NEXGARD) 1ª opção atual na demodicidose 
generalizada. Excelente eficácia e adesão. 
Ø Lactonas macrocíclicas (ivermectina 0,4–
0,6 mg/kg SID VO; mínimo 2 meses). 
Atenção para raças sensíveis 
(Collies/Shelties/Spitz/PAustraliano, etc) pois 
pode atravessar BHE (neurotoxicidade). 
Nestes casos, preferir selamectina. 
Ø Seborreia: Shampoos (Sebotrat S para 
seborreia seca e Sebotrat O para seborreia 
oleosa). 
Ø Piodermite e Malassezioze: Micodine 
(Shampoo), Cloresten (Shampoo antifúngicoo 
e antibacteriano) 
Ø Antibióticos para piodermite grave: 
cefalexina 30 mg/kg BID VO ou 
enrofloxacina 5 mg/kg BID VO, mínimo 3 
semanas. 
Ø Controle do prurido: clemastina 0,05–0,1 
mg/kg BID VO, evitar corticoide sempre que 
possível (imunossupressão). 
Ø Uso tópico: Semanalmente. 
Ø Observações: Não é alergia, portanto não 
tratar com corticoide, pois piora o estado do 
animal. Sempre realizar raspado antes de 
iniciar a terapêutica. 
v Quando parar o tratamento? 
Ø Fazer 3 raspados de pele negativos 
consecutivos com intervalos de 15 dias. O 
primeiro controle após 8 semanas do início 
do tratamento. (Atenção: cura clínica ≠ cura 
parasitológica). 
v Prevenção/recorrência: 
Ø Evitar reprodução e considerar castração, 
principalmente em fêmeas portadoras, 
pois piora no estro, evitar imunossupressão 
desnecessária.

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