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1.A tolerância imunológica é essencial para prevenir que o sistema imunológico ataque tecidos próprios. Esse processo envolve mecanismos centrais, que ocorrem no timo e na medula óssea, e mecanismos periféricos que agem fora dos órgãos linfoides primários. A falha na tolerância pode levar a doenças autoimunes. Explique como a tolerância central e periférica são estabelecidas e mantenha exemplos de doenças autoimunes associadas a falhas em cada um desses mecanismos. R: A tolerância central é aquela que ocorre em órgãos linfóides primários (Timo para células T e Medula óssea para células B) com linfócitos ainda imaturos específicos para autoantígenos, ou seja, ainda está se desenvolvendo, e podem vir a encontro dos antígenos nos órgãos linfoides geradores (ou centrais) e são deletados, mudam sua especificidade (somente as células B) ou, no caso das células T CD4+, diferenciam-se em linfócitos reguladores (Tregs), como exemplos de mecanismos da tolerância central temos a seleção negativa que ocorre tanto em células B quanto nas células T e também a edição do receptor que ocorre em células B. Já a tolerância periférica é aquela que ocorre nos tecidos periféricos (linfonodos, baço e etc) com linfócitos maduros e entram aos tecidos periféricos, em que podem ser inativados ou deletados ao encontrarem autoantígenos nesses tecidos, ou podem ser suprimidos pelas Tregs, exemplos de mecanismos é a supresão promovida por células T regulatórias (Tregs) e a anergia. Em relação as doenças autoimunes causadas pela falha desses mecanismos temos o Lúpus eritematoso sistêmico (LES), a Artrite reumatoide, Diabetes tipo 1, Tireoidite de hashimoto, e outras. 2.As células T reguladoras (Tregs) desempenham um papel crucial na manutenção da tolerância periférica, prevenindo respostas autoimunes contra o próprio organismo. A disfunção dessas células está associada a várias doenças autoimunes. Explique o papel das Tregs na tolerância imunológica, mencionando os mecanismos moleculares que utilizam para suprimir respostas autoimunes e suas falhas nas doenças autoimunes. R: As células T reguladoras (Tregs) é um agrupamento de linfócitos T que tem o papel importante na manutenção da tolerância periférica, assim ela impede que o sistema imune de atacar os próprios tecidos do organismo. Grande parte das células T reguladoras são as CD4+ que é expressa em altos níveis de CD25 (cadeia do receptor de IL-2). Mas também, expressam um fator chamado de FOXP3, o que é necessário para o desenvolvimento e função das células. E as Tregs atuam com vários mecanismos moleculares, com a finalidade de suprimir a resposta imune, sendo elas: - As Tregs produzem citocinas como a IL-10 e TFG- , o que impossibilitam a ativação de linfócitos, células dendríticas e macrófagos; - Expressam CTLA-4, que pode impedir ou retirar moléculas B7 expressas pelas APCs, assim as células apresentadoras são incapazes de fornecer coestimulação via CD28 e ativar células T; - As células T reguladoras podem se ligar aos receptores de IL-2 e consumir este fator de crescimento essencial das células T, reduzindo a sua disponibilidade para as células T responsável pela resposta; Já a falha nessas células pode se associar a doenças autoimunes, sendo que elas são capazes de realizar mecanismos de supressão, e que sem a supressão há abertura para o desenvolvimento das mesmas. 3.Durante a maturação das células T no timo, células auto-reativas são eliminadas por apoptose, num processo conhecido como deleção clonal. Esse mecanismo é vital para evitar o desenvolvimento de autoimunidade. Descreva como a deleção clonal ocorre e explique como a falha nesse mecanismo contribui para o surgimento de doenças autoimunes como a esclerose múltipla e a diabetes tipo 1. R: A deleção clonal é um mecanismo no qual uma célula T imatura no timo ou a célula B na medula óssea sofre a morte através da apoptose como consequência do reconhecimento de um autoantígeno. Dando início nos órgãos linfoides primários, onde as células apresentadoras de antígenos exibem peptídeos do próprio organismo que estão associados as moléculas de MHC, então os linfócitos T e B que estão em desenvolvimento interagem com essas células apresentadoras e caso reconheça com uma alta afinidade o peptídeo próprio emite um sinal de alerta. Assim, o linfócito que reconhece fortemente um antígeno próprio é induzido a apoptose, causando então a morte desse linfócito. Já a falha no mecanismo de deleção deixa uma abertura para que esses linfócitos autorreativos escapem e entrem em circulação, podendo dar início a uma resposta imune contra seu próprio organismo. Na Esclerose Múltipla, a falha do mecanismo pode permitir que linfócitos T autorreativos contra a mielina escapem e migrem para o SNC omde irá gerar uma resposta inflamatória que irá destroir a mielina, já no caso da Diabete tipo 1, ocorre uma destruição das células beta do pâncreas pelas células T autoimunes. 4.O mimetismo molecular ocorre quando antígenos microbianos compartilham semelhanças estruturais com antígenos próprios, levando a uma resposta imunológica cruzada. Explique como o mimetismo molecular pode induzir autoimunidade e dê exemplos de doenças autoimunes em que esse mecanismo desempenha um papel importante, como a febre reumática e a esclerose múltipla. R: O mimetismo molecular ocorre podendo fazer a indução da autoimunidade, porque quando os linfócitos começam a atuar para fazer a eliminação do patógeno, acabam quee eles podem identificar células do próprio corpo incorretamente, como também sendo o patógeno, devido a essa semelhança mimética do patógeno à constituintes das nossas células, levando então a ter lesões e morte de células corporais. Já a febre reumática ocorre porque quando o indivíduo entra em contato com Estreptococos, (específicos reumatogênicos) nas articulações, o corpo inicia as respostas imunológicas (entre essas a dos linfócitos/ imunidade adaptativa) gerando anticorpos, que depois acabam sem querer identificando células do coração e cérebro como patógenos pela semelhança entre as proteínas da bactéria e das nossas células. Na esclerose múltipla já ocorre porque quando o indivíduo se contamina com certos vírus que tem semelhanças com o patógeno e a glicoproteína das bainhas de mielina das células nervosas presentes na espinha. Após gerar a resposta imunológica (principalmente adaptativa e geração de anticorpos) reconhece de forma errada as células do próprio corpo (mielina), assim ataca elas e gera a esclerose por conta do desgaste da bainha de mielina, o que acaba enfraquecendo os impulsos nervosos gerando fraqueza muscular e danos à coordenação. 5.A tolerância periférica é necessária para controlar células auto-reativas que escapam da deleção clonal no timo. Dois mecanismos principais incluem a indução de apoptose e a anergia funcional. Explique como esses mecanismos operam para manter a tolerância e explique como a falha em cada um deles pode contribuir para doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e a artrite reumatoide. R: Os mecanismos de controle da tolerância periférica trabalham fazendo o controle da atividade de linfócitos maduros, (aqueles que chegam do sistema central), fazendo com que ao reagirem aos antígenos próprios do corpo (self) e desenvolvendo uma resposta para que esses mecanismos possam trabalhar. Já a indução da apoptose induz a morte celular, ou seja, a morte desse linfócito, a deleção. A anergia atua na inativação da função dos linfócitos, e assim faz com que os mesmos não consigam reagir a um antígeno. Se houver a falha dos mecanismos de controle, os linfócitos que reconhecem um antígeno próprio (proveniente das células do próprio corpo do indivíduo, como glicoproteínas de membrana) serão liberados e não terão sua funcionalidade cortada, assim irá gerar uma resposta a células do próprio corpo, atacandoas mesmas e causando lesões, as doenças autoimune sistêmicas órgão inespecíficas como lúpus e artrite reumatóide. Ambas essas doenças são causadas pelo ataque dos linfócitos aos tecidos corporais, no caso do lúpus gerando desde a simples manchas na pele, mancha de borboleta, (devido ao acometimento das células epiteliais e do tecido cutâneo), e até mesmo a necessidade de transplante de órgãos devido a lesões e perda de funcionalidade dos tecidos devido ao ataque (fígado, rins). Na artrite reumatóide gera em principal danos às articulações, (desgaste que gera muita dor) devido ao ataque às células responsáveis por produzir o líquido sinovial. 6.Os autoanticorpos são marcadores importantes em diversas doenças autoimunes. Eles podem causar danos aos tecidos ao formar complexos imunes, ativar o complemento ou interagir diretamente com células. Descreva o papel dos autoanticorpos em doenças autoimunes, explicando os mecanismos pelos quais eles contribuem para o dano tecidual. R: O papel dos autoanticorpos em doenças autoimunes é porque eles atacam os próprios tecidos do corpo, podendo causar danos através dos mecanismos de: Opsonização e Fagocitose (quando os autoanticorpos se ligam as células do corpo os mesmos dão sinal que essas células devem ser destruídas, aí os macrófagos vêm e fagocitam as células); Formação de imunocomplexos (os autoanticorpos podem se ligar a antígenos presentes no sangue e formar imunocomplexos, e assim esses complexos deposita em diferentes órgãos e tecidos causando inflamação e lesão); Função celular (os autoanticorpos podem se ligar aos receptores celulares, o que irá impedir que funcionem de forma correta, sendo exemplo a Miastenia gravis). 7.A inflamação crônica é um estado de ativação contínua do sistema imunológico, que pode levar à quebra da tolerância imunológica. Explique como a inflamação crônica pode contribuir para o desenvolvimento de autoimunidade, abordando a relação entre a produção de citocinas inflamatórias e a ativação de células auto-reativas. R: A inflamação crônica pode contribuir pois é um processo no qual abrange a ativação demorada de células e mediadores inflamatórios. A produção de forma exarcebada de citocinas como a IL-1 e IL-6 aumentam a resposta imune, causando assim a ativação descontrolada de linfócitos T e B. Essas citocinas mudam a forma de apresentação dos antígenos são apresentadas as células T tornando- as mais imunogênicas, e podem causar então danos diretos aos tecidos liberando antígenos que podem ser vistos como estranhos pelo nosso sistema imune. E também a inflamação crônica pode levar a expansão de co-receptores nas células T como CD28 e CTLA-4 o que também pode ativar mais linfócitos autorreativos. E a produção excessiva de citocinas inflamatórias cria um microambiente que facilita a multiplicação e a ativação das células T autorreativas, que assim acabam produzindo mais citocinas inflamatórias, preservando um ciclo vicioso. Com isso, o surgimento de autoanticorpos e de células T autorreativas podem causar danos a tecidos e órgãos dando origem a doença autoimune. 8.A predisposição genética desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de doenças autoimunes, com várias variantes genéticas associadas à falha de mecanismos de tolerância imunológica. Explique o impacto de fatores genéticos, como polimorfismos em genes HLA e genes de citocinas, no risco de desenvolver doenças autoimunes, com exemplos de doenças associadas a essas mutações. R: O polimorfismo em genes HLA é um agregado de genes polimórficos que codificam proteínas responsáveis pela apresentação de antígenos as células T. Já em relação a variação genética podem modificar a forma como os antígenos são apresentados, causando então uma resposta imune e assim aumentando o risco de autoimunidade. O locus do HLA sozinho auxilia para metade ou mais da suscetibilidade genética. Então, como as citocinas são proteínas que regulam a resposta imune, polimorfismos em genes de citocinas podem afetar a atividade destas moléculas, modificando o equilíbrio entre as respostas inflamatórias e anti-inflamatória, a presença de determinados alelos no HLA em combinação com polimorfismos pode aumentar a suscetibilidade a doenças como exemplo a Espondilite anquilosante o que possui risco relativo de praticamente 90 e o alelo HLA específico é o B27. 9.Fatores ambientais como infecções, exposições químicas e dietas têm sido implicados na quebra da tolerância imunológica. Explique como fatores ambientais podem influenciar o desenvolvimento de autoimunidade. R: Os fatores ambientais podem influenciar na autoimunidade, pois eles realizam um trabalho crucial na modulação da resposta imune, e em determinadas circunstâncias, podendo desencadear então o surgimento de doenças autoimunes. Podemos citar a possibilidade do mimetismo molecular em explicar essa combinação entre algumas infecções e o desenvolvimento de doenças autoimunes, já que a resposta imune é ativada por uma infecção, pode cruzar e reagir com moléculas do próprio organismo. Assim a apresentação de substâncias químicas presentes no ambiente pode estimular respostas imunes anormais e contribui para o desenvolvimento de autoimunidade. Com isso, algumas substâncias químicas podem mimetizar antígenos próprios, e outros podem alterar a função de células imunes ou danificar tecidos, então liberando antígenos que irão desencadear uma resposta imune. E em relação a dieta pode afetar diretamente a microbiota intestinal, alimentos processados, gorduras saturadas e açúcares podem promover inflamação crônica que consequentemente pode gerar uma doença autoimune, como a doença de Crohn. 10.Os linfócitos B têm um papel central na autoimunidade por meio da produção de autoanticorpos, que podem formar complexos imunes e promover inflamação. Descreva como esses complexos imunes contribuem para o dano tecidual em doenças autoimunes e explique o impacto de terapias que visam os linfócitos B em doenças autoimunes. R: Os linfócitos B realizarem a produção de autoanticorpos tem como consequências a formação de complexos imunes, os quais são compostos por antígenos e autoanticorpos, podendo então armazenar em diversos tecidos, provocando resposta inflamatória intensa. O armazenamento desses complexos em tecidos ativa o sistema complemento, que quando é ativado promove a lise celular e atrai células inflamatórias para o local onde esses complexos estão. Assim, esses complexos podem ligar também a receptores presentes nos neutrófilos e macrófagos, o que irá estimular a fagocitose e a liberação de enzimas proteolíticas que contribuem para a destruição tecidual. Então terapias, que visam os linfócitos B tem sido favorável no tratamento de doenças autoimunes, sendo que uma vez a produção de anticorpos é reduzida, ou então ocorre a retirada das células B produtoras de autoanticorpos, as terapias reduzem a formação destes complexos e reduzem a inflamação conseguindo diminuir o dano tecidual. 01.A doença autoimune ocorre quando o sistema de defesa perde a capacidade de reconhecer o que é “original de fábrica”, levando à produção de anticorpos contra células, tecidos ou órgãos do próprio corpo. São exemplos de doença autoimune: a) Diabetes tipo 1, Esclerose múltipla e Tireoide de Hashimoto. b) Tireoide de Hashimoto, Doença celíaca e Fenilcetonúria. c) Esclerose múltipla, Psoríase e Fibrose cística. d) Diabetes tipo 2, Distrofia miotônica e Síndrome de Marfan e) Diabetes tipo 1, Diabetes tipo 2 e Síndrome de Turner. 02. Sobre as doenças autoimunes, assinale a alternativa correta. a). As respostas autoimunes não são capazes de causar autodestruição na saúde de um indivíduo. b) Lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e doença de Hashimoto são exemplos de doenças autoimunes. c) As doenças autoimunes decorrem principalmente de fatores genéticos, sendo que fatores ambientais praticamentenão interferem no curso dessas doenças. d) A anemia hemolítica é considerada autoimune quando os antígenos do próprio organismo reagem com as hemácias. e) A artrite reumatoide é caracterizada pela inflamação crônica da sinóvia, porém não pode ser considerada uma doença autoimune pois não há presença de anticorpos em grandes quantidades. 03. Qual das seguintes opções NÃO é uma doença autoimune? a). Doença de Graves b) Artrite reumatoide c) Diabetes tipo 2 d) Lúpus eritematoso sistêmico (lúpus) 04. As drogas utilizadas para o tratamento de doenças autoimunes podem também ter qual dos seguintes efeitos? a). Melhoram a capacidade do organismo de combater infecções b) Suprimem a capacidade do organismo de combater infecções c) Interferem nos genes causadores da doença autoimune d) Fornecem genes saudáveis para corrigir a doença autoimune 05. A imunodeficiência combinada grave (SCID) é uma doença que resulta em um baixo número ou ausência de células, quais são essas essas células? a). NK b) Linfócitos B c) Linfócitos T d) Linfócitos B e T e) Neutrófilos 06. Sobre as doenças autoimunes, assinale a alternativa correta. a). As respostas autoimunes não são capazes de causar autodestruição na saúde de um indivíduo. b) Lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e doença de Hashimoto são exemplos de doenças autoimunes. c) As doenças autoimunes decorrem principalmente de fatores genéticos, sendo que fatores ambientais praticamente não interferem no curso dessas doenças. d) A anemia hemolítica é considerada autoimune quando os antígenos do próprio organismo reagem com as hemácias. e) A artrite reumatoide é caracterizada pela inflamação crônica da sinóvia, porém não pode ser considerada uma doença autoimune pois não há presença de anticorpos em grandes quantidades. 07.Sobre os mecanismos gerais de tolerância que abrangem linfócitos T e linfócitos B, assinale VERDADEIRO (V) ou FALSO (F). ( V ) Esses mecanismos eliminam ou inativam linfócitos que expressam receptores de alta afinidade para autoantígenos. ( V ) A tolerância é antígeno-específica, ou seja, resulta do reconhecimento antigênico pelos clones individuais de linfócitos. ( V ) A autotolerância pode ser induzida tanto em linfócitos em processo de maturação nos órgãos linfoides primários quando em linfócitos maduros nos órgãos linfoides secundários. ( V ) Um exemplo de tolerância central é aquela que ocorre no timo durante o desenvolvimento dos linfócitos T. ( V ) Linfócitos maduros que eventualmente reconheçam autoantígenos nos tecidos periféricos se tornam incapazes de serem ativados (anergia) ou morrem por apoptose. ( V ) As células T reguladoras participam do processo de tolerância periférica. ( V ) Alguns autoantígenos são sequestrados do sistema imune por barreiras anatômicas (ex.: testículos, olhos, etc) enquanto outros são ignorados pelo sistema imune (ignorância imunológica). 08. A tolerância imunológica é definida como a não resposta a um antígeno, induzida pela prévia exposição a este antígeno. Em relação a esta tolerância, é INCORRETO afirmar-se que: a). indivíduos normais são tolerantes aos seus antígenos; b) podem ser administrados antígenos exógenos por vias que induzam tolerância em linfócitos específicos; c) a tolerância é imunologicamente específica; d) o principal mecanismo de tolerância central é a anergia ou inativação funcional; e) induz-se anergia pelo reconhecimento do antígeno sem co-estimulação adequada.