Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP ATIVIDADE OBRIGATÓRIA DE ESTÁGIO EM ANÁLISES CLÍNICAS FARMÁCIA EAD São Paulo, 28 de Novembro de 2024 INTRODUÇÃO Um laboratório de análises clínicas é um espaço onde são colhidos diversos materiais biológicos com o objetivo de verificar o estado de saúde de um paciente ou investigar doenças. As coletas para os exames podem ser realizadas no próprio espaço, assim como hospitais, postos de coletas e até mesmo no domicílio do paciente. Então, dentre os materiais coletados para exames, podem ser: sangue, urina, saliva, fezes, esperma, fragmentos de tecido, líquido pleural (água no pulmão) entre outros. Um dos principais profissionais nos laboratórios são os técnicos em análise clínica e analistas de laboratório, cuja principal tarefa é a coleta e processamento dos materiais biológicos para estudo. Mas, esses profissionais também são responsáveis por: ● Realizar exames microscópicos; ● Efetuar testes laboratoriais; ● Preparar amostras dos materiais colhidos; ● Orientar os pacientes antes, durante e após os exames; ● Operar, calibrar e manter os equipamentos em perfeitas condições; ● Liberar os laudos Cada estabelecimento possui uma gama diferente de exames realizados, alguns são esses abaixo: ● Bioquímicos, como glicose e colesterol; ● Sorológicos, como dengue e hepatite C; ● Hormonais, como TSH, testosterona e cortisol; ● Hematológicos, como hemogramas e plaquetas; ● Hemostasia, como coagulograma; ● Parasitológicos, como parasitológico de fezes; ● Microbiológicos, como cultura de secreções; ● Uroanálise, como exame de rotina de urina; ● Imunológicos, como testes de alergias; ● Genéticos de alta complexidade, como exoma. Além disso, os espaços também realizam exames genéticos para diagnóstico de doenças infecciosas, genéticas e oncológicas, além de testes de paternidade. Sabemos que em toda área de atuação e principalmente serviços prestados à população podem haver erros, e com os laboratórios de análises clínicas não é https://www.unimedriopreto.com.br/blog/diabetes/ https://www.unimedriopreto.com.br/blog/fique-longe-da-dengue-a-prevencao-depende-de-voce/ diferente, eles estão evoluindo para incorporar novas tecnologias, com processos controlados em todas as fases analíticas, visando minimizar possíveis erros descritos na literatura. Os erros em serviços de laboratório abrangem três tipos principais: pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos. Os erros pré-analíticos ocorrem antes da análise da amostra, como problemas de rotulagem. Os erros analíticos acontecem durante a análise da amostra, enquanto os erros pós-analíticos ocorrem depois da produção do resultado, como falhas na comunicação dos resultados. Apesar de os erros pré-analíticos serem os mais comuns, erros clinicamente significativos podem ocorrer em todas as fases do teste. É essencial garantir a entrega correta e oportuna dos resultados e comunicações críticas após a análise. A fase analítica inicia na realização dos exames pelos equipamentos automatizados ou por profissionais capacitados de maneira manual. O controle de qualidade é aplicado nesta etapa para certificar bons resultados, pois existem vários parâmetros a serem avaliados como: exatidão, precisão, sensibilidade e especificidade. Para avaliar esses dados é necessário estar atento à calibração das máquinas, conservação dos reagentes e também a sua reprodutibilidade (ALMEIDA,2022). A fase pós-analítica representa o laudo do exame, no qual se obteve os resultados após terem sido analisados pelos equipamentos e os operadores de forma manual. Com tais dados em mãos ocorre a etapa de liberação e revisão dos resultados feitos pelo profissional capacitado na área. Após a aprovação desses resultados será feito a organização dos laudos seguindo os padrões do Sistema de Informações Laboratorial, mantendo o aspecto do laudo de maneira objetiva para que seja de fácil interpretação pelo médico solicitante (ALMEIDA,2022). As fases analíticas funcionam juntas desde a coleta até a entrega dos resultados. Os erros de diagnóstico são uma ameaça para a segurança dos pacientes e podem acarretar em um atraso ou até mesmo a falta de um diagnóstico, mesmo diante de uma grande evolução no desenvolvimento desses processos ainda existem falhas nos laboratórios. Portanto, com a rápida evolução dos processos é necessário que haja um melhor preparo dos profissionais, a adoção de métodos e ferramentas de gestão mais eficazes por parte dos laboratórios, deste modo garantido a qualidade (SANTOS, 2020). A definição de alertas críticos é crucial, assim como avaliar a significância dos resultados. Estudos mostram que as taxas de erro nos laboratórios podem ser subestimadas devido a métodos de detecção inadequados e relutância em publicar erros. Erros em serviços de laboratório podem causar danos aos pacientes, com estimativas indicando que 5% a 10% dos erros podem levar a danos e principalmente a insatisfação do paciente com o serviço oferecido pelo laboratório escolhido pelo mesmo. Imagem 1: Erros analíticos. Fonte:IBAP cursos. Tabela 1: Erros analíticos em laboratórios de análises. Fonte: Autoria Própria. A fase pré-analítica é a que tem o maior número de erros identificados. Para evitar erros, é importante orientar o paciente sobre a forma correta de coleta de amostras, como não fumar nas horas anteriores ao exame e não consumir bebidas alcoólicas. Segundo a ISO 22367:2008, um erro laboratorial pode ser definido como falha na realização de ação, de acordo com o planejado ou a intenção, ou uso de um plano errado para atingir um objetivo, podendo ocorrer em qualquer etapa do processo laboratorial, desde a requisição do exame até o reporte do resultado, incluindo a sua interpretação ou reação diante do seu recebimento. As ferramentas da qualidade disponíveis para a avaliação de risco, redução das não conformidades, erros e eventos adversos que podem ser aplicadas ao ambiente laboratorial, são: ● Padronização e treinamento; ● Análises de causa raiz; ● Análise de Pareto; ● Brainstorming; ● Diagrama de Ishikawa; ● Cinco porquês; ● Failure Mode and Effect Analysis; ● outras, como acreditação e benchmarking. O gerenciamento de riscos tem sido integrado no cotidiano, focando mais na prevenção de incidentes do que na identificação de erros. Isso resulta em processos menos vulneráveis. Conforme a norma ISO 22367:2008, para diminuir erros em laboratórios clínicos, a identificação de incidentes deve seguir certos procedimentos como fazer auditorias internas, relatórios de notificações de acidentes e manter uma boa conduta caso aconteça. Sabemos que é preciso investigar erros laboratoriais para determinar intervenções adequadas,temos que localizar e identificar e nomear como: ● Responsabilizar o erro; ● Identificar em que fase do processo o erro aconteceu; ● Erro cognitivo ou não cognitivo, sistêmico ou ativo; ● Impactos no paciente ou na assistência. A avaliação dos impactos no desfecho clínico e a existência de eventos adversos é fundamental, pois, com base nessas informações, será possível: ● Manter a conexão entre laboratório e paciente; ● Determinar a ordem de prioridade das intervenções; ● Obter dados valiosos para auxiliar na obtenção de recursos. A participação de médicos e equipes extra laboratoriais na investigação de eventos adversos decorrentes de erros laboratoriais é de fundamental importância, pois eles detêm informações nem sempre disponíveis às equipes laboratoriais, o que lhes permite obter dados sobre o impacto dos incidentes, os quais, dificilmente, seriam conhecidos pela equipe do laboratório (Yuan et al. 2005). O uso dosindicadores da qualidade vem sendo valorizado na gestão dos laboratórios clínicos para otimizar a qualificação e a quantificação das falhas nos diferentes processos laboratoriais, bem como para auxiliar a implantação de medidas corretivas e preventivas e apontar a eficácia das ações tomadas. Apesar da falta de padronização na identificação e classificação de incidentes de erros laboratoriais, os relatos indicam uma baixa frequência de eventos adversos, geralmente de alta evitabilidade. Isso é devido às barreiras existentes no processo laboratorial. Recomenda-se a identificação, monitoramento e prevenção desses incidentes, incentivando o uso de indicadores de qualidade na segurança do paciente. Em organizações que realizam testes laboratoriais remotos, é importante mitigar os riscos de eventos adversos através de boas práticas e capacitação periódica dos profissionais de saúde. REFERÊNCIAS GRUPO IBES. Erros pré-analíticos, analíticos e pós-analíticos em Laboratório Clínico. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2024. Importância da fase pré-pré analítica nos exames laboratoriais. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2024. VIEIRA, K. F. et al.. A utilidade dos indicadores da qualidade no gerenciamento de laboratórios clínicos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 47, n. J. Bras. Patol. Med. Lab., 2011 47(3), p. 201–210, jun. 2011. SONMEZ et al. Erros da Fase Pré-Analítica: Experiência de um Laboratório Central. The Cureus Journal of Medical Science, 12(3): e7335, 2020. Publicado em 20 de março de 2020. FLEURY MEDICINA E SAÚDE. Análises Clínicas: O Que É, Importância e Procedimentos! Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2024. SHCOLNIK, W. Erros relacionados ao laboratório. Em: Segurança do paciente: conhecendo os riscos nas organizações de saúde. [s.l.] Editora FIOCRUZ, 2019. p. 237–262.