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Autora: Profa. Elaine Cristina Pardi Domingues
Colaboradoras: Profa. Andrea Wild
 Profa. Christiane Mazur Doi 
 
Estruturas de Mercado 
e Concorrência
Professora conteudista: Elaine Cristina Pardi Domingues 
Graduada em Direito, especialista em Direito Empresarial, mestre em Direito Empresarial e doutora em Filosofia do 
Direito. Advogada e professora titular da Universidade Paulista (UNIP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
D671e Domingues, Elaine Cristina Pardi.
Estruturas de Mercado e Concorrência / Elaine Cristina Pardi 
Domingues. – São Paulo: Editora Sol, 2025.
132 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Mercado. 2. Controle. 3. Cade. I. Título.
681.3
U522.42 – 25
Prof. João Carlos Di Genio
Fundador
Profa. Sandra Rejane Gomes Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Profa. M. Marisa Regina Paixão
Vice-Reitora de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Renata Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Material Didático
Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
Projeto gráfico: Revisão:
 Prof. Alexandre Ponzetto Vitor Andrade
 Auriana Malaquias
Sumário
Estruturas de Mercado e Concorrência
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ESTRUTURAS DE MERCADO ........................................................................................................................ 11
1.1 Mercado: estruturas e mecanismos básicos .............................................................................. 11
1.1.1 Concorrência perfeita ........................................................................................................................... 14
1.1.2 Monopólio ................................................................................................................................................. 16
1.1.3 Oligopólio ................................................................................................................................................... 18
1.1.4 Concorrência monopolística .............................................................................................................. 20
1.2 Estruturas de mercado de fatores de produção ...................................................................... 21
1.2.1 Monopsônios ............................................................................................................................................ 22
1.2.2 Oligopsônios ............................................................................................................................................. 23
2 CONTROLE DAS ESTRUTURAS .................................................................................................................... 24
2.1 Cade ........................................................................................................................................................... 25
2.1.1 Origem e finalidade ................................................................................................................................ 25
2.1.2 Estrutura e composição........................................................................................................................ 27
2.2 Atos de concentração ......................................................................................................................... 34
2.2.1 Conceito e espécies ................................................................................................................................ 34
2.2.2 Conceitos jurídico-econômicos na análise dos atos de concentração ............................. 38
3 ATUAÇÃO DO CADE NOS ATOS DE CONCENTRAÇÃO........................................................................ 44
3.1 Controle preventivo ............................................................................................................................. 44
3.2 Critério de submissão e gun jumping .......................................................................................... 45
3.3 Análise dos atos de concentração ................................................................................................. 50
3.3.1 Aprovação e reprovação ...................................................................................................................... 51
3.3.2 Acordo em controle de concentração (ACC) ............................................................................... 56
4 CONTROLE DAS CONDUTAS ........................................................................................................................ 62
4.1 Poder econômico e abuso de poder ............................................................................................. 62
4.2 Infrações da ordem econômica ...................................................................................................... 63
4.2.1 Condutas concertadas, unilaterais e cartelização ..................................................................... 66
4.2.2 Noções sobre o processo administrativo no Cade ..................................................................... 73
Unidade II
5 CONTROLE REPRESSIVO DO CADE ........................................................................................................... 80
5.1 Sanções por infração da ordem econômica .............................................................................. 80
5.1.1 Medidas preventivas e compromisso de cessação .................................................................... 81
5.1.2 Acordo de leniência e colaboração premiada ............................................................................. 83
6 TUTELA DA LIVRE CONCORRÊNCIA – LEI N. 12.529/2011 ............................................................... 86
6.1 Defesa da concorrência ..................................................................................................................... 86
6.1.1 Origem do direito concorrencial no Brasil .................................................................................... 87
6.1.2 Livre-iniciativa e livre concorrência na CF ................................................................................... 88
6.1.3 Relação entre os princípios ................................................................................................................. 90
6.1.4 Legislação antitruste ............................................................................................................................. 91
7 AGÊNCIAS REGULADORAS E AS RELAÇÕES DE CONCORRÊNCIA ............................................... 92
7.1 Agências reguladoras ..........................................................................................................................governamentais sob responsabilidade do Cade;
II – planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades relacionadas 
aos Sistemas de Pessoal Civil da Administração Federal, de Administração dos 
Recursos de Tecnologia da Informação, de Serviços Gerais, de Planejamento 
e de Orçamento Federal, de Contabilidade Federal, de Administração Financeira 
Federal, de Organização e Inovação Institucional do Governo Federal e de 
Gestão de Documentos de Arquivo, no âmbito do Cade;
III – articular-se com os órgãos centrais dos sistemas federais referidos 
no inciso II, além de informar e orientar as unidades do Cade quanto ao 
cumprimento das normas administrativas estabelecidas;
32
Unidade I
IV – instaurar a tomada de contas dos ordenadores de despesa e dos demais 
responsáveis por bens e valores públicos e de todo aquele que der causa a 
perda, extravio ou outra irregularidade que resulte em dano ao erário;
V – promover, articular e orientar as ações relacionadas à produção de 
conhecimento e à gestão de informações sobre as atividades de planejamento 
e de administração, no âmbito do Cade; e
VI – coordenar a elaboração de relatórios de atividades, inclusive o relatório 
anual de gestão (Cade, 2021).
Já o MPF atua junto ao Cade por meio de um representante designado pelo procurador-geral da 
República, após ouvida a manifestação do Conselho Superior. Compete a esse representante emitir 
parecer nos processos administrativos destinados à imposição de sanções por infrações à ordem 
econômica, seja de ofício ou a requerimento do conselheiro relator (Brasil, 2011, art. 20).
O art. 2º do RiCade (Cade, 2021), ao tratar da estrutura organizacional da autarquia, classifica seus 
órgãos nas seguintes categorias: de assistência direta e imediata ao presidente do Cade; seccionais; 
específicos e singulares; e órgão colegiado.
 
Art. 2º O Cade tem a seguinte estrutura organizacional:
I – órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente do Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica:
a) Gabinete – GAB-Pres;
b) Assessoria Internacional; e
c) Assessoria de Comunicação Social;
II – órgãos seccionais:
a) Diretoria de Administração e Planejamento;
b) Auditoria; e
c) Procuradoria Federal Especializada junto ao Cade;
d) Corregedoria.
III – órgãos específicos e singulares:
a) Superintendência-Geral – SG;
33
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
b) Departamento de Estudos Econômicos – DEE; e
IV – órgão colegiado: Tribunal Administrativo de Defesa Econômica.
Parágrafo único. A estrutura, a competência e o funcionamento das unidades 
subordinadas aos órgãos descritos neste artigo serão estabelecidos em ato 
normativo específico (Cade, 2021).
Com base na Lei n. 12.529/2011, que disciplina os órgãos de constituição e de apoio e suporte ao Cade, 
e no seu regulamento interno, a autarquia tem a estrutura organizacional representada pela figura 1.
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Órgão de assistência direta e 
imediata ao Presidente do Cade
Estrutura 
Organizacional
Órgãos Específicos 
e Singulares
Órgão Colegiado
Órgãos Seccionais
Figura 1 
Disponível em: https://shre.ink/e3Fq. Acesso em: 28 maio 2025.
Atualmente, o SBDC é formado pelo Cade e pela Seprac, do Ministério da Fazenda.
 Lembrete
A Seprac é um dos órgãos sucessores da antiga Seae. Essa mudança ocorreu 
após desdobramento institucional originado pelo Decreto n.  9.266/2018, 
atualmente revogado.
Embora a Seprac integre o SBDC, não mantém vínculo direto com o Cade, 
atuando, na prática, como um órgão de natureza consultiva e opinativa.
34
Unidade I
Em termos gerais, a Seprac é responsável pela advocacia da concorrência no âmbito da administração 
pública federal e da sociedade civil. Suas finalidades incluem, entre outras, a promoção da competitividade 
e da inovação na economia brasileira, a atuação no monitoramento de mercados, a análise de impacto 
regulatório de políticas públicas setoriais, bem como a proposição, a coordenação e a execução de ações 
ligadas à gestão de políticas de infraestrutura.
2.2 Atos de concentração
2.2.1 Conceito e espécies
Para compreender melhor o tema, deve-se definir atos de concentração econômica. Eles são definidos 
pelo art. 90 da Lei n. 12.529/2011 como:
• a fusão entre duas ou mais empresas anteriormente independentes;
• a aquisição, por uma ou mais empresas, do controle ou de partes de outras;
• a incorporação de uma ou mais empresas por outra;
• a celebração de contrato associativo, consórcio ou joint venture entre duas ou mais empresas.
Ressalta-se que, para os efeitos legais, não são considerados atos de concentração os consórcios 
ou associações formados exclusivamente para participar de licitações promovidas pela administração 
pública direta ou indireta, bem como os contratos celebrados em decorrência dessas licitações.
A respeito de concentração econômica, Forgioni (2005, p. 646) acentua:
 
Trata-se de conceito bastante simples, que expressa o aumento de riquezas em 
poucas mãos. Consequentemente, a ideia de concentração relaciona-se com o 
aumento de poder econômico de um ou mais agentes que atuam no mercado 
relevante. É importante ainda relevar que o conceito de concentração foi dado, 
primeiramente, pela doutrina econômica e é um conceito empírico-factual, e 
não técnico-jurídico.
Nas palavras de Carvalho (1995, p. 91-92):
 
Concentração de empresas é todo o ato de associação empresarial, seja por 
meio da compra parcial ou total dos títulos representativos de capital social 
(com direito a voto ou não), seja através da aquisição de direitos e ativos, 
que provoque a substituição de órgãos decisórios independentes por um 
sistema unificado de controle empresarial.
35
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Compete ao Cade apreciar atos de concentração econômica que envolvam operações de fusão, 
incorporação ou que constituam novo grupo econômico, ou ainda quando uma empresa adquire o ativo 
ou parcela do patrimônio de outra, mas desde que os agentes econômicos envolvidos preencham certos 
requisitos previstos na Lei n. 12.529/2011, conforme será abordado mais adiante.
Os atos de concentração são maneiras como os agentes econômicos se unem sob o ponto de vista 
jurídico e/ou econômico para realizar operações societárias.
Destaca-se, entre os atos de concentração, a fusão, que consiste em uma operação societária por 
meio da qual duas ou mais sociedades se unem para constituir uma nova, que as sucederá em todos os 
seus direitos e suas obrigações.
Nos termos do art. 228 da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), a fusão é definida como: 
“[...] operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova que lhes 
sucederá em todos os direitos e obrigações”. De forma semelhante, o Código Civil, Lei n. 10.406/2002, em 
seu art. 1.119, dispõe: “A fusão determina a extinção das sociedades que se unem para formar sociedade 
nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações”.
O propósito da fusão é a união dos recursos patrimoniais e empresariais das sociedades envolvidas, 
resultando na criação de uma nova pessoa jurídica, distinta daquelas que lhe deram origem, com 
personalidade jurídica própria.
Por sua vez, incorporação é a operação societária pela qual uma sociedade absorve uma ou mais 
outras sociedades, exigindo a aprovação dos sócios de todas as empresas envolvidas. Nessa operação, 
a sociedade incorporada é extinta como pessoa jurídica, permanecendo apenas a incorporadora, que 
assume todos os direitos e obrigações da outra.
O Código Civil, em seu art. 1.116, acentua: “Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas 
por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na  forma 
estabelecida para os respectivos tipos”. Para a realização dessa operação,é necessário observar  as 
formalidades previstas no art. 227 da Lei n. 6.404/1976:
 
Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades 
são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.
§ 1º A assembleia geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo 
da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado 
pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os 
peritos que o avaliarão.
§ 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da 
operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à 
incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora.
36
Unidade I
§ 3º Aprovados pela assembleia geral da incorporadora o laudo de avaliação e 
a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover 
o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação.
Com efeito, a incorporação resulta na dissolução das sociedades incorporadas e no aumento do 
capital social da sociedade incorporadora. Essa operação caracteriza-se por:
• Envolver a transferência integral do patrimônio, uma vez que todos os direitos e as obrigações são 
absorvidos pela incorporadora.
• Possibilitar a participação dos acionistas ou sócios das sociedades incorporadas na estrutura 
societária da incorporadora.
• Ocasionar a extinção das sociedades incorporadas, que são absorvidas pela incorporadora, 
conforme disposto no art. 1.118 do Código Civil e no § 3º do art. 227 da Lei n. 6.404/1976.
A aquisição é a operação em que uma empresa adquire o controle ou parcela substancial da 
participação acionária de outra empresa. Por exemplo, quando uma empresa adquire o controle das 
ações de outra envolvendo um alto investimento e controle. Assim, há maior impacto sobre a gestão e 
esse processo tem menos probabilidade de ser revertido, diferentemente da fusão.
Na aquisição, após a escolha da empresa, essa operação deverá ocorrer em duas etapas, ou seja, 
aplica-se aquilo que é conhecido no meio corporativo como due diligence, que consiste na negociação 
propriamente dita e na integração.
A due diligence compõe-se de duas etapas: a primeira compreende o processo de aquisição 
propriamente dita, quando são realizados levantamentos e análises sistêmicas sobre a empresa a ser 
adquirida, geralmente baseados nos custos financeiros da transação; a segunda etapa consiste na 
integração, na qual deve ocorrer um planejamento cultural de integração entre as empresas. O que se 
busca com esse processo é a agregação de valor, e a empresa adquirida contribui com a adquirente, seja 
de forma apenas estratégica, seja como ajuda financeira (Tanure; Cançado, 2005).
O processo de tomada de controle é conhecido no meio empresarial como takeover. Os processos 
de fusão e aquisição podem tanto objetivar o aumento da riqueza dos acionistas, como a maximização da 
utilidade gerencial, podendo ou não haver sinergismo em tais operações, ou seja, benefícios recíprocos 
(Camargos; Barbosa, 2003).
Para o Cade (2022), joint venture “é a associação entre dois ou mais agentes econômicos para a 
criação de um novo agente econômico, sem a extinção dos agentes que lhe deram origem”. Em geral, 
são acordos ou parcerias que podem resultar em atividades conjuntas de pesquisa e desenvolvimento, 
transferência de tecnologias entre parceiros, concessão de exclusividade de produção e até acordos no 
campo de marketing, que podem implicar participação acionária ou não.
37
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
É importante que no contrato de joint venture seja prevista a independência dos agentes econômicos, 
constituindo ato jurídico e econômico complexo. O lado positivo é beneficiar consumidores, e o negativo, 
elevar o poder de mercado do conjunto de empresas envolvidas (Avellar; Teixeira; De Paula, 2012).
O contrato de joint venture não está previsto no Código Civil ou em legislação específica. Contudo, tem 
sido muito utilizado no Brasil nas associações entre empresas nacionais e entre nacionais e estrangeiras.
 Saiba mais
A respeito de joint venture, amplie seus estudos com a leitura do artigo 
a seguir:
AVELLAR, A. P.; TEIXEIRA, H. A.; DE PAULA, G. M. Joint ventures e a política 
antitruste brasileira. Revista Econômica Contemporânea, Rio de Janeiro, 
v. 16, n. 3, p. 463-486, dez. 2012.
 
Como visto, a concentração de empresas pode se realizar de diversas maneiras, podendo haver 
maior ou menor potencialidade de restrição à concorrência. O fenômeno da concentração não é 
desconhecido da legislação, pois a Lei n. 6.404/1976 disciplina as operações de fusão, incorporação e 
coligação de sociedades. Não existem restrições ao processo concentração, que inclusive está previsto 
na lei (Masso, 2016).
Segundo Bagnoli (2013), a empresa que realiza uma concentração econômica pode efetivá-la em 
razão de eficiências econômicas que deseja alcançar no cenário pós-concentração ou, apenas, para 
eliminar a concorrência. A concentração por motivações econômicas busca eficiência com economias 
de escala e de escopo, compartilhamento tecnológico, custo de capital, economias tributárias e outros 
benefícios. Nos casos de concentrações que objetivam eliminar a concorrência, compete ao Estado 
exercer coibição.
De qualquer forma, para Bagnoli (2013), a concentração entre concorrentes, por si só, já é uma 
limitação à concorrência. Em função disso, são relevantes a análise e o controle dessas operações pelos 
órgãos de defesa da concorrência, que devem auferir se os benefícios resultantes da concentração serão 
distribuídos igualmente entre os participantes, de um lado, e os consumidores ou usuários, de outro.
Seja qual for a forma societária, fusão, incorporação, aquisição, reorganização societária, aquisição 
de participações e joint venture, as concentrações econômicas são tradicionalmente classificadas em 
três categorias: horizontais, verticais e conglomeradas (Bagnoli, 2013).
As concentrações horizontais são aquelas que se realizam entre concorrentes, ou seja, entre agentes 
que atuam no mesmo nível da cadeia produtiva. Elas oferecem maior risco à ordem econômica. Podem ter 
por escopo neutralizar a concorrência entre os agentes atuantes no mesmo mercado, possibilitando um 
aumento abusivo dos preços e restrições de mercado tanto para fornecedores como para consumidores.
38
Unidade I
Segundo Salomão Filho (2013), é fundamental uma boa compreensão da noção de concentração 
horizontal. Observe o excerto a seguir.
 
É considerada concentração horizontal não apenas aquela integração entre 
empresas que fabriquem ou comercializem o mesmo produto. Firmas no 
mesmo mercado são consideradas todas aquelas que se incluem na mesma 
definição de mercado relevante. Assim, todos os fabricantes de produtos 
substitutos, que, em caso de aumento de preços, passariam a ser consumidos, 
devem ser incluídos no mercado (Salomão Filho, 2013, p. 325).
Já as concentrações verticais são aquelas que se realizam entre agentes econômicos que atuam nos 
diferentes estágios de uma cadeia produtiva. Geralmente, há uma relação comercial entre os agentes 
envolvidos, como vendedor e comprador ou prestador de serviços, a exemplo da atividade de produção 
e distribuição. Elas podem ter por escopo dificultar o acesso do concorrente a determinado insumo ou 
matéria-prima. Trata-se de uma limitação indireta da concorrência, a qual dificulta a entrada de um 
novo competidor no mercado ou o desenvolvimento de sua atividade empresarial. Pode ocorrer uma 
integração vertical em virtude de uma operação de concentração econômica, na qual uma organização 
produtiva passa a atuar em níveis diferentes de uma mesma cadeia produtiva e interligadas, de modo 
que a concorrência em um mercado pode ser diretamente afetada pelos resultados do outro.
Por sua vez, as concentrações conglomeradas são aquelas que ocorrem entre dois agentes 
econômicos que não são concorrentes, isto é, que não têm qualquer relação entre si. Esse atode 
concentração é muito discutido e seu controle é limitado.
Independentemente de qual seja a categoria de concentração, cada qual ocorrerá sempre em um 
mesmo mercado, chamado de mercado relevante da operação. A delimitação desse mercado é o primeiro 
passo para aferir uma possível dominação do mercado ou um abuso dessa posição capaz de prejudicar 
a livre concorrência.
As formas de concentração devem ser analisadas pelo Cade com base em certos critérios para a 
apuração (medição) da concentração do mercado, considerando o mercado relevante e outros conceitos 
jurídico-econômicos importantes na apuração dos riscos que o ato de concentração pode causar, tema 
que estudaremos a seguir.
2.2.2 Conceitos jurídico‑econômicos na análise dos atos de concentração
O Cade (2016a) tem uma cartilha com conceitos jurídico-econômicos envolvidos na análise de 
atos de concentração e de casos de infração à ordem econômica. O primeiro conceito é o de mercado 
relevante, que é o principal método de análise para medição do poder de mercado e que define a 
margem de concorrência entre as empresas.
A definição de mercado relevante pondera duas dimensões: a do produto e a geográfica. O objetivo 
é delimitar um espaço no qual a substituição do produto por outro seja impossível, ou porque o produto 
não tem substitutos, ou pela dificuldade de obtê-los.
39
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
A referida cartilha do Cade (2016a) define mercado relevante como:
 
um produto ou grupo de produtos e uma área geográfica em que tal(is) 
produto(s) é (são) produzido(s) ou vendido(s), de forma que uma firma 
monopolista poderia impor um pequeno, mas significativo e não transitório 
aumento de preços, sem que com isso os consumidores migrassem para 
o consumo de outro produto ou o comprassem em outra região. Esse é o 
chamado teste do monopolista hipotético, e o mercado relevante é definido 
como sendo o menor mercado possível em que tal critério é satisfeito 
(Cade, 2016a, p. 8).
Essa definição utiliza o teste do monopolista hipotético, segundo o qual o mercado relevante é 
determinado como o menor conjunto de produtos e a menor área geográfica necessários para que 
um monopolista hipotético possa impor um aumento de preços que seja pequeno, mas significativo e 
não transitório.
O Guia para análise de atos de concentração horizontal (Cade, 2016b), o chamado guia H, por sua 
vez, traz a delimitação do mercado relevante como:
 
o processo de identificação do conjunto de agentes econômicos 
(consumidores e produtores) que efetivamente reagem e limitam as decisões 
referentes a estratégias de preços, quantidades, qualidade (entre outras) da 
empresa resultante da operação (Cade, 2016b, p. 13).
A delimitação do mercado relevante tem por objetivo fixar um espaço geográfico e material no 
qual ocorre a concorrência entre os agentes econômicos, reunindo empresas nas quais a produção 
tenha efeito imediato e substancial no comportamento dos demais agentes econômicos, especialmente, 
quando envolve preços e produção. O mercado relevante é o palco onde as relações de concorrência 
são travadas, é o local de atuação do agente econômico, cuja conduta, ainda que potencial, é analisada 
(Bagnoli, 2013).
Depreende-se, assim, que a análise do mercado relevante deve ser feita em dois níveis: no do produto, 
também chamado de nível material ou mercado relevante material; e no geográfico ou mercado 
relevante geográfico.
O mercado relevante material, sob a ótica da demanda, compreende todos os produtos ou serviços 
considerados pelo consumidor substituíveis entre si em razão de suas características, seus preços e 
sua utilização.
A delimitação desse mercado é realizada a partir da perspectiva do consumidor. Segundo 
Coelho (2012), se o produto ou serviço pode ser substituído, de acordo com o consumidor médio, por 
outros da mesma qualidade e ofertados na mesma localidade ou região, então também farão parte do 
mercado relevante todos os outros produtos ou serviços substitutos. Nesse caso, os produtos ou serviços 
são fungíveis e fazem parte do mesmo mercado relevante material.
40
Unidade I
Para verificar a substitutibilidade, o Guia para análise de atos de concentração horizontal (Cade, 
2016b) prevê que seja verificada a possibilidade de os consumidores desviarem sua demanda para outros 
produtos. Para tal exame, o Cade considera diversos fatores, tais como:
• perfis dos clientes (renda, idade, sexo, educação, profissão, localização, 
mobilidade ou outras características observáveis);
• dimensionamento do mercado desses clientes (quantidade ou 
faturamento);
• natureza e características dos produtos e/ou serviços;
• importância dos preços dos produtos e/ou serviços;
• importância da qualidade dos produtos e/ou serviços;
• importância da marca, do crédito, de prazos de pagamento, de forma 
e momentos de consumo;
• evidências de alteração do padrão de compra dos consumidores no 
passado, em resposta a aumento de preços ou termos de comercialização;
• informações de pesquisas realizadas com consumidores, concorrentes, 
entre outros;
• documentos das requerentes, em relação a como eles compreendem 
o grau de substituição dos produtos quando apresentam o mercado a 
acionistas ou ao público em geral;
• evidências de discriminação de preços entre consumidores, entre 
localidades e entre marcas (Cade, 2016b, p. 13-14).
Também é possível verificar essa substitutibilidade por intermédio do fenômeno da elasticidade 
cruzada, pelo qual o preço de um bem afeta a quantidade demanda de outro bem, isto é, o aumento 
do preço de um bem ou serviço faz com que se eleve o aumento da procura de outro. Isso demonstra 
que o consumidor está disposto a substituir um produto ou serviço por outro, incluindo-os no mesmo 
mercado relevante material (Bagnoli, 2013).
O mercado relevante geográfico, por sua vez, abrange determinada área na qual os agentes econômicos 
exercem a oferta e a demanda dos produtos ou serviços em condições de concorrência equivalentes.
Após ter a noção de espaço ou área na qual se dá a competição, pode-se compreender o mercado 
relevante geográfico. Nesse espaço, é possível que um agente econômico eleve seus preços sem perder 
um número significativo de compradores, caso em que estes não possam utilizar produtos substitutos 
41
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
ou inexistam outros fabricantes de sucedâneos localizados fora daquela área e dispostos a ingressar 
maciçamente no mercado geográfico em questão (Bagnoli, 2013).
Ao delimitar a área geográfica em que as empresas ofertam seus produtos ou que os consumidores 
buscam mercadorias (bens ou serviços), o monopolista conseguirá impor elevações de preço. O Cade (2016b) 
pode considerar diversos fatores, tais como:
• onde as requerentes estão localizadas;
• onde as concorrentes estão localizadas;
• onde os consumidores estão situados;
• onde ocorrem as vendas;
• qual o hábito de compra dos consumidores (se são os consumidores 
que se deslocam para adquirir produtos ou se são os vendedores que 
se deslocam para vender os seus produtos, ou ambos);
• que distância os consumidores geralmente se deslocam para adquirir 
o produto;
• que distância os fornecedores geralmente se deslocam para vender 
seu produto;
• diferenças nas estruturas de oferta e/ou preços entre áreas geográficas 
vizinhas, inclusive a possibilidade de importações;
• custo, em relação ao preço da mercadoria, de distribuição/transporte;
• tempo e outras dificuldades de transporte da mercadoria (em termos 
de segurança do transporte, da viabilidade do transporte, das questões 
referentes a aspectos regulatórios e tributários);
• custos envolvidos na troca de fornecedores localizados em outro 
mercado geográfico;
• necessidade da proximidade dos fornecedores em relação aos 
consumidores;
• participação das importações na oferta doméstica;
• evidências sobre migração de consumidores entre áreas geográficas 
distintas em resposta a aumento de preços ou alterações de termos 
de comercialização(Cade, 2016b, p. 14-15).
42
Unidade I
Segundo Bagnoli (2013), é possível estabelecer a existência de um mercado geográfico único se:
i) O consumidor estaria disposto a deixar o local onde está situado para 
adquirir o produto ou utilizar o serviço em outra área às vezes distante 
de onde se encontra;
ii) Os custos dos transportes deixariam os produtos ou serviços locais em 
condições de independência e indiferença em relação aos ofertados 
pelos agentes econômicos de outras áreas;
iii) As características do produto ou serviço, como, por exemplo, 
durabilidade e resistência ao transporte, permitiriam a comercialização 
em áreas relativamente distantes de sua origem;
iv) Os incentivos governamentais representariam impeditivos ao ingresso 
de novos agentes econômicos no mercado; e
v) A existência de barreiras à entrada, como impostos de importação ou o 
elevado custo para constituir uma rede de distribuição, demonstraria 
se o mercado é impermeável ao ingresso de novos competidores 
(Bagnoli, 2013, p. 188).
A definição geográfica e material do mercado relevante deve ser feita pelo órgão antitruste a partir 
do caso concreto.
Exemplo de aplicação
Suponha que um atacadista do setor frutífero, embora detentor de uma pequena parcela do mercado 
de frutas frescas, esteja gradualmente adquirindo todas as empresas fornecedoras de bananas na região 
sudeste do Brasil.
Para avaliar se tal aquisição configura ou não domínio de mercado relevante, é necessário considerar 
a questão sob a perspectiva do consumidor localizado na região geográfica mencionada.
Caso, na região Sudeste, o consumo de frutas frescas ocorra de forma geral e a banana possa ser 
facilmente substituída por outras frutas em qualquer circunstância, então o mercado relevante será o 
de frutas frescas. Nessa hipótese, as aquisições realizadas pelo atacadista não representariam risco à 
concorrência, tampouco configurariam conduta infracional, considerando sua baixa participação nesse 
segmento mais amplo.
Por outro lado, se os consumidores da região não renunciam ao consumo de banana em determinadas 
situações e não a substituem por nenhuma outra fruta, então o mercado relevante será o de bananas. 
Nessa situação, ao adquirir todas as empresas desse segmento, o empresário configurará uma prática de 
dominação de mercado (Santos; Gonçalves; Marques, 1991, apud Coelho, 2012). 
43
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Para análise do caso concreto, é vital a definição do mercado relevante, uma vez que ele é o espaço 
no qual o poder de mercado pode ser detectado.
A análise clássica realizada pelo Cade envolve pelo menos quatro ou cinco etapas para que o 
órgão  decida se a operação pode ser aprovada sem restrições, se são necessários “remédios” ou se 
a operação não pode ser autorizada. A primeira etapa é a definição de mercado relevante para aferir o 
nível de concentração de poder de mercado; em seguida, deve-se verificar se existe a probabilidade de 
exercício abusivo desse poder.
Outro conceito fundamental na análise dos atos de concentração é o de posição dominante. 
A Lei n. 12.529/2011 estabelece que há presunção de posição dominante quando uma empresa ou um 
grupo de empresas detém o controle de parcela substancial do mercado relevante, de modo que seja 
possível, de maneira deliberada e unilateral, alterar as condições de mercado.
A legislação considera parcela substancial do mercado relevante aquela em que a empresa ou o 
grupo de empresas controla 20% desse mercado. No entanto, a Lei n. 12.529/2011 confere ao Cade 
a possibilidade de modificar esse percentual para setores específicos da economia, conforme a 
particularidade de cada caso (Brasil, 2011, art. 36, § 2º).
A par disso, verifica-se que a posição dominante está diretamente relacionada com a participação 
no mercado (market share). Na prática, o market share (quota de mercado) funciona como um sinal 
de alerta para a existência do poder de mercado, que poderá vir a se concretizar com a operação de 
concentração. Entretanto, mesmo que a empresa seja detentora de uma parcela expressiva do mercado, 
somente será alvo da atuação dos órgãos antitrustes se abusar de sua posição.
Além disso, a participação que um agente econômico tem em determinado mercado pode ser 
resultado de um processo natural de eficiência econômica que lhe permitiu uma posição dominante e, 
nesse caso, não caracteriza nenhuma prática anticoncorrencial.
A existência de posição dominante é comprovada por diversos fatores e nenhum deles é decisivo por 
conta própria. O grau de concentração de participação de mercado é apenas um dos elementos no complexo 
controle das estruturas. O Cade, diante de elevado percentual de participação, dará prosseguimento 
ao exame das etapas seguintes, como a verificação de existência de barreiras à entrada de competidores e a 
dificuldade ou impossibilidade de substituição de produtos, além das eficiências produzidas pela operação, 
com o fito de conferir se realmente o agente econômico é capaz de alterar estruturalmente o mercado 
relevante (Zanchetta, 2018).
Para analisar os atos de concentração, deve-se conhecer o conceito de poder de mercado.
De acordo com a cartilha do Cade (2016a), o poder de mercado é a capacidade que uma empresa 
ou um grupo de empresas tem para manter o sistema de preços acima no nível competitivo do mercado 
sem que isso acarrete a perda de todos os clientes. Só dessa maneira é que ambos são capazes de fixar 
seus preços acima do preço de mercado, caso contrário, os consumidores adquiririam produtos a preços 
mais competitivos.
44
Unidade I
Já o poder econômico está relacionado à condição econômica da empresa, envolve sua capacidade 
econômica de realizar investimentos, executar grandes obras ou serviços, algo que somente é possível 
em função da situação econômica.
O poder econômico, por si só, não configura um ilícito. A intervenção da lei somente se justifica 
quando o exercício desse poder compromete as estruturas do livre mercado. Assim, conforme a CF 
(Brasil, 1988, art. 173, § 4º), a lei deve reprimir o abuso do poder econômico que tenha por objetivo a 
dominação dos mercados, a eliminação da concorrência ou o aumento arbitrário dos lucros.
Nesse sentido, o poder econômico está atrelado ao poder de mercado, já que uma empresa detentora 
de poder econômico poderá perfeitamente interferir no mercado, inclusive praticando por longo prazo 
preços abaixo do nível de mercado e prejudicando a concorrência.
Por outro lado, não se deve confundir posição dominante (participação de mercado) com poder 
de mercado (poder econômico), embora ambos possam coincidir. O fato de uma empresa ter posição 
dominante em um mercado relevante não significa necessariamente que ela detém poder de mercado, 
pois este poder consiste na capacidade de uma empresa aumentar preços sem perder seus clientes; 
somente a existência de posição dominante também não é fator suficiente para que a empresa tenha 
capacidade de aumentar unilateralmente os preços. Assim, a existência de posição dominante é condição 
necessária, mas não suficiente para a existência de poder de mercado (Cade, 2016a).
Deve-se acentuar, ainda, o conceito de abuso de poder econômico formulado pelo Cade (2016a, 
p. 9), que consiste no “comportamento de uma empresa ou grupo de empresas que utiliza seu poder de 
mercado para prejudicar a livre concorrência, por meio de condutas anticompetitivas”.
3 ATUAÇÃO DO CADE NOS ATOS DE CONCENTRAÇÃO
3.1 Controle preventivo
A Lei n. 12.529/2011 determina que o controle dos atos de concentração pelo Cade deve ser prévio 
e realizado no prazo máximo de 240 dias, contados a partir do protocolo da petição ou de sua eventual 
emenda (Brasil, 2011, art. 88, § 2º). Esse prazo pode ser prorrogado por até 60 dias, caso haja solicitação 
das partes envolvidas na operação; ou ainda por até 90 dias, mediante decisão fundamentada do Tade 
(Brasil, 2011, art. 88, § 9º).
A Lei n. 8.884/1994 (Lei Anterior da Concorrência) previa que a notificação dos atosde concentração 
poderia ser feita antes de sua consumação ou até 15 dias após a realização da operação. Sem dúvida, 
as partes envolvidas escolhiam a segunda opção. Dessa forma, o controle dos atos de concentração era 
facultativo a posteriori.
Esse controle posterior facultativo era considerado pouco eficaz e recebia críticas, entre as quais permitir 
às partes envolvidas acelerar o processo de concentração, atrasando o controle estrutural pelo Cade e 
deixar de fornecer todas as informações de forma completa, dificultando a verificação tempestiva de atos 
45
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
anticoncorrenciais. Além disso, depois de consumada a operação, tornava-se mais difícil a aplicação de 
restrições eficazes ou até mesmo a dissolução da operação de concentração (Zanchetta, 2018).
O controle prévio adotado pela lei atual (Brasil, 2011, art. 88, § 3º) impede a consumação de atos 
de concentração antes da aprovação pelo Cade, sob pena de configuração de prática conhecida como 
gun jumping (“queimar a largada”), com aplicação da pena de nulidade do ato e imposição de multa 
pecuniária que pode variar entre R$ 60 mil a 60 milhões, conforme estudaremos adiante.
No controle prévio, as partes não podem concluir a operação antes da decisão final da autoridade 
antitruste, com o objetivo de preservar a situação dos agentes envolvidos na operação e, por consequência, 
tornar efetivas as decisões de veto.
A análise prévia dos atos de concentração traz maior segurança jurídica às empresas envolvidas, 
além de permitir ao Cade a tomada de decisão antes que efeitos econômicos anticoncorrenciais sejam 
produzidos com a efetivação da operação, evitando-se, assim, consequências irreversíveis.
Com efeito, a legislação brasileira adota o critério de análise exclusivamente prévia das operações, 
não mais admitindo a análise posterior, exceto nos casos de controle repressivo. Nessa hipótese, o Cade 
tem discricionariedade para exigir a submissão posterior de atos de concentração que não se enquadrem 
nos critérios de notificação obrigatória, desde que o faça no prazo de até um ano. Isso ocorre quando o 
órgão entende que, mesmo em patamares de faturamento inferiores aos exigidos por lei, determinada 
operação pode representar potencial risco a um mercado relevante específico (Brasil, 2011, art. 88, § 7º).
3.2 Critério de submissão e gun jumping
As análises concorrenciais realizadas pelo Cade são baseadas em critérios legais previstos na 
Lei n. 12.529/2011, no RiCade (Cade, 2021), no Guia para análise de atos de concentração horizontal 
(Cade, 2016b), na Resolução n. 33/2022 (Cade, 2022b) e na jurisprudência do órgão.
Estão submetidos à análise prévia do Cade os atos de concentração descritos no art. 90 da 
Lei n. 12.529/2011, desde que se enquadrem no critério do faturamento previsto no art. 88 do mesmo 
diploma legal.
Ambos os artigos da referida lei devem ser analisados em conjunto, e o critério de submissão adotado 
é o do faturamento, mas isso não foi sempre assim. Na vigência da lei anterior (Lei n. 8.884/1994) havia 
duplo critério de submissão dos atos de concentração:
• o critério da participação de mercado, se a operação atingisse 20% de um mercado relevante e/ou;
• o critério do faturamento, se qualquer dos participantes tivesse registrado faturamento bruto 
anual no último balanço de R$ 400 milhões.
Na sistemática da atual lei, não há mais o critério da participação de mercado, mas apenas o do 
faturamento ou volume de negócios. Essa lei estabelece o critério do faturamento ou volume de negócios:
46
Unidade I
Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os atos de 
concentração econômica em que, cumulativamente:
I – pelo menos um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no 
último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no país, 
no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00 
(quatrocentos milhões de reais); e
II – pelo menos um outro grupo envolvido na operação tenha registrado, no 
último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no país, 
no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$  30.000.000,00 
(trinta milhões de reais).
§ 1º Os valores mencionados nos incisos I e II do caput deste artigo poderão 
ser adequados, simultânea ou independentemente, por indicação do Plenário 
do Cade, por portaria interministerial dos Ministros de Estado da Fazenda e 
da Justiça (Brasil, 2011, art. 88).
A Portaria Interministerial n. 994 (Cade, 2012), amparada pelos Ministérios da Justiça e da Fazenda, 
alterou os valores fixados nos incisos I e II do art. 88 da Lei n. 12.529/2011, passando a estipular os 
seguintes montantes: R$ 750 milhões e 75 milhões), respectivamente.
É importante destacar que esse critério não se limita à parte envolvida na operação, mas ao grupo 
econômico ao qual ela está relacionada e que atinja o faturamento estabelecido na lei no território 
nacional. Nos termos da Resolução n. 32 do Cade (2021), que disciplina a notificação dos atos de 
concentração, entende-se como partes da operação as entidades diretamente envolvidas no negócio 
jurídico e os respectivos grupos econômicos. O Cade, entretanto, por meio da referida resolução, define 
o que é grupo econômico apenas para efeitos de adequação do critério do faturamento para submeter 
uma operação à sua análise.
A Lei n. 12.529/2011 também eliminou o critério anterior de participação de mercado de 20% para 
a caracterização de concentração no mercado relevante. A remoção desse critério de market share 
representa um avanço significativo no sistema antitruste brasileiro, alinhando-se mais estreitamente ao 
direito antitruste norte-americano, cujas normas são reconhecidas como umas das mais avançadas em 
termos de controle de concentrações. Além disso, essa mudança segue as recomendações das entidades 
internacionais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) (Cordovil 
et al., 2012).
Em virtude de sua complexidade, a participação de mercado deve ser objeto de análise nas etapas 
posteriores do controle estrutural, mas não parece adequada para determinar, previamente, se uma 
operação oferece risco anticoncorrencial em potencial, portanto, deve ser objeto de submissão e exame 
pelo Cade. Além disso, ao realizar a notificação junto ao Cade, as partes envolvidas na operação poderão 
ampliar o mercado relevante do produto e do local (geográfico), a fim de diluir o poder de mercado 
(Zanchetta, 2018).
47
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
O critério do faturamento ou volume de negócios também oferece riscos, na medida em que 
desobriga empresas que não atingiram o faturamento exigido pela lei à notificação da operação, embora 
possam estar exercendo poder de mercado suficiente para controlar preços, limitar a produção ou impor 
barreiras à entrada de novos competidores no mercado. A ideia de poder de mercado geralmente está 
atrelada a grandes empresas, com faturamentos expressivos, mas isso não é uma regra, porque em 
mercados regionais ou locais empresas com faturamento médio ou pequeno podem exercer efetivo 
poder de mercado (Zanchetta, 2018).
A Lei n. 12.529/2011, em seu art. 88, § 7º, atribui ao Cade a faculdade de requerer a submissão de atos 
de concentração que não se enquadrem nos critérios de notificação obrigatória, no prazo de até um 
ano, caso o órgão entenda que, mesmo com faturamento inferior aos limites estabelecidos, a operação 
possa acarretar danos a um mercado relevante.
Quanto ao controle dos atos de concentração, deve-se ressaltar que a Lei n. 12.529/2011, no art. 88, 
§§ 2º, 3º e 4º, adota o critério da análise exclusivamente prévia das operações. Isso significa que tais atos 
não poderão ser consumados antes de serem analisados pelo Cade.
Além da obrigatoriedade do controle prévio, se os agentes econômicos envolvidos no ato de 
concentração, que se enquadrem nos critérios de notificação obrigatória, deixarem de submeter 
a operação ao Cade, configurar-se-áa prática conhecida como gun jumping, conceito amplamente 
abordado na literatura e na jurisprudência estrangeira.
A prática de gun jumping é vedada pela lei antitruste brasileira e consiste na consumação de atos 
de concentração econômica antes que a análise prévia pelo Cade seja concluída. A esse respeito, a 
Lei n. 12.529/2011 dispõe o seguinte:
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes envolvidas na operação os 
atos de concentração econômica em que, cumulativamente: [...]
Os atos que se subsumirem ao disposto no caput deste artigo não podem ser 
consumados antes de apreciados, nos termos deste artigo e do procedimento 
previsto no Capítulo II do Título VI desta Lei, sob pena de nulidade, sendo 
ainda imposta multa pecuniária, de valor não inferior a R$ 60.000,00 
(sessenta mil reais) nem superior a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões 
de reais), a ser aplicada nos termos da regulamentação, sem prejuízo da 
abertura de processo administrativo, nos termos do art. 69 desta Lei (Brasil, 
2011, art. 88, § 3º).
Esse dispositivo obriga as partes a absterem-se de concluir o ato de concentração antes da finalização 
da análise prévia pelo Cade, sob pena de declaração de nulidade da operação, imposição de multa 
pecuniária, com valores variando entre R$ 60 mil e 60 milhões, além da possibilidade de abertura de 
processo administrativo contra as partes envolvidas.
48
Unidade I
Ademais, até a decisão final sobre o ato de concentração, as condições de concorrência entre as 
empresas envolvidas na operação deverão ser preservadas (Brasil, 2011, art. 88, § 4º).
O RiCade (Cade, 2021), em seu art. 107, estabelece que o pedido de aprovação de atos de concentração 
econômica, conforme previsto no art. 88 da Lei n. 12.529/2011, deve ser prévio. No § 1º do art. 107, 
determina que as notificações dos atos de concentração devem ser protocoladas, preferencialmente, após 
a assinatura do instrumento formal que vincule as partes e antes de qualquer ato relativo à operação ser 
consumado. Já no § 2º do mesmo artigo, especifica que as partes envolvidas devem manter as estruturas 
físicas e as condições competitivas inalteradas até a apreciação final do Cade, sendo vedadas quaisquer 
transferências de ativos e qualquer tipo de influência de uma parte sobre a outra, bem como a troca de 
informações concorrencialmente sensíveis, salvo quando estritamente necessária para a celebração do 
instrumento formal que vincule as partes.
Essa vedação para proibir a troca de informações entre os agentes econômicos envolvidos na 
operação tem por objetivo evitar que informações concorrenciais sensíveis sejam transmitidas 
desnecessariamente entre as partes, de modo a acarretar prejuízos à livre concorrência caso o ato de 
concentração não seja consumado, seja por falta de aprovação do Cade, seja por questões referentes à 
própria negociação.
A Lei n. 12.529/2011, assim como o RiCade, não identifica quais atos poderiam ou não ser interpretados 
como consumação de uma operação, isto é, serem considerados gun jumping.
Com o objetivo de estabelecer critérios mais claros e evitar a prática de gun jumping, o Cade 
elaborou o Guia para análise da consumação prévia de atos de concentração econômica (Cade, 2015b). 
Esse documento é estruturado em três seções: definição de gun jumping e das atividades que podem 
ser caracterizadas como tal; procedimentos para reduzir os riscos de gun jumping; possíveis punições.
O referido guia Cade (2015b) lista as práticas que podem configurar gun jumping:
• troca de informações concorrencialmente sensíveis;
• definição de cláusulas contratuais que impliquem uma integração prematura;
• condução de certas atividades que caracterizem a efetiva consumação de ao menos parte 
da operação.
O referido guia exemplifica algumas práticas que incluem a troca de informações concorrencialmente 
sensíveis, como:
a) custos das empresas envolvidas; b) nível de capacidade e planos de 
expansão; c) estratégias de marketing; d) precificação de produtos (preços 
e descontos); e) principais clientes e descontos assegurados; f) salários de 
funcionários; g) principais fornecedores e termos de contratos com eles 
celebrados; h) informações não públicas sobre marcas e patentes e Pesquisa 
49
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
e Desenvolvimento (P&D); i) planos de aquisições futuras; j) estratégias 
competitivas, entre outras informações que normalmente não seriam trocadas 
entre concorrentes (Cade, 2015b, p. 7).
Todo ato de concentração enseja algum grau de troca de informações entre as empresas participantes, 
como ocorre, por exemplo, nas auditorias (due diligence) existentes em fusões e aquisições. Contudo, a 
extensão da troca de informações pode variar conforme o grau de integração das partes em decorrência 
do ato e a complexidade do negócio (Cade, 2015b). Assim, embora possam ser identificadas certas 
informações particularmente sensíveis, será o abuso na troca de informações que pode caracterizar o 
gun jumping.
Segundo o Cade (2015b), as trocas de informações comercialmente sensíveis podem ser minimizadas 
com a agregação/anonimização dos dados para apresentação à outra parte, exibição de dados com certa 
defasagem de tempo e o estabelecimento de clean teams e parlor rooms.
O referido guia (Cade, 2015b) acentua algumas condições segundo as quais as trocas de informações 
poderiam ocorrer sem violação da lei concorrencial:
• A adoção de um protocolo antitruste, ou seja, um procedimento específico estabelecido em âmbito 
privado, entre as partes, a ser observado por comitês independentes para tratar tais informações.
• A formação de clean team e/ou comitê executivo, de forma que a troca de informações ocorra 
apenas por intermédio do clean team, que deve ser o único ponto de contato entre as empresas.
• Compromisso de confidencialidade pelos membros do clean team e do comitê executivo.
• Os dados concorrencialmente sensíveis recebidos pelo clean team somente devem ser divulgados 
ao comitê executivo de forma agregada e/ou histórica, com periodicidade recomendável de no 
mínimo três meses de sua ocorrência.
• Monitoramento das discussões mantidas por membros do comitê executivo (parlor room), com o 
propósito de tratar do futuro processo de integração entre as empresas envolvidas na operação 
para garantir que nenhuma informação concorrencialmente sensível seja objeto das discussões.
Além disso, o guia do Cade (2015b) acentua o protocolo antitruste como um documento que 
reflete os procedimentos específicos a serem observados pelas partes até a decisão final do Cade.
O clean team e o comitê executivo são instâncias independentes que podem ser formadas tanto 
por funcionários, consultores independentes ou ambos (clean team), quanto por executivos de cada 
empresa (comitê executivo). O primeiro é indicado para operações complexas e é responsável por enviar, 
receber, reunir, analisar e tratar as informações relativas ao ato de concentração. É recomendável que 
seus membros firmem um termo de confidencialidade e sigam rigorosamente o protocolo antitruste 
previamente acordado entre as partes (Cade, 2015b, p. 10).
50
Unidade I
Por sua vez, o parlor room consiste na realização de reuniões, entre os membros do comitê executivo, 
destinadas a tratar do processo de integração entre as empresas envolvidas na operação. Elas devem 
ser monitoradas para garantir o sigilo de informações concorrencialmente sensíveis e não devem ser 
compartilhadas. As reuniões também não devem resultar de qualquer tipo de ingerência ou parceria 
entre as empresas até a aprovação final pelo Cade (2015b).
 Saiba mais
Sobre os procedimentos que podem ser adotados para diminuir o risco da 
prática de gun jumping, leia o guia a seguir:
CADE. Guia para análise da consumação prévia de atos de concentração 
econômica. Brasília, 2015b. Disponível em: https://shre.ink/e3u9. Acesso em: 
28 maio 2025.
Apesar de não conseguir prever todas as hipóteses de condutas ilícitas caracterizadoras da consumação 
prévia de atosde concentração, os cuidados listados pelo guia servem como referência às empresas para 
que elas consigam evitar as penalidades que poderão ser infringidas pelo Cade, caso se configure a 
prática do gun jumping.
3.3 Análise dos atos de concentração
Como já analisado, a partir da vigência da Lei n. 12.529/2011, o controle dos atos de concentração 
passou a ser prévio à efetiva operação, ou seja, mediante notificação prévia e análise custo-benefício. 
Na sistemática da lei anterior, o controle era feito a posteriori, e as partes tinham 15 dias úteis após 
a conclusão do negócio para submeter à aprovação do Cade, caso a operação atingisse 20% de um 
mercado relevante ou qualquer dos participantes tivesse um faturamento anual de R$ 400 milhões 
(Schapiro; Carvalho; Cordovil, 2013).
A lei atual altera os requisitos necessários para o controle dos atos de concentração, adotando 
outros critérios, como: faturamento de, no mínimo, R$ 750 milhões de uma das partes e, no mínimo, 
R$ 75 milhões da outra parte. Lembrando que a lei exclui o requisito da participação de empresa ou 
grupo de empresas em 20% do mercado relevante para efeito da notificação.
O prazo para a conclusão do processo administrativo de controle dos atos de concentração é de 
240 dias, contados a partir do protocolo da petição ou sua emenda, podendo ser prorrogado por até 
60 dias a pedido das partes envolvidas ou por até 90 dias, mediante decisão fundamentada do tribunal 
(Brasil, 2011, art. 88, §§ 2º e 8º).
Os arts. 53 a 65 da Lei n. 12.529/2011 analisam os atos de concentração pelo Cade. Esse processo é 
feito em etapas, conforme será abordado adiante, resultando em aprovação ou reprovação.
51
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
 Lembrete
A troca de informações concorrencialmente sensíveis deve ser evitada 
para que não se configure a prática de gun jumping.
3.3.1 Aprovação e reprovação
A primeira etapa da análise dos atos de concentração é a da notificação, que deve ser prévia.
A Resolução Cade n. 33/2022, que regula a notificação obrigatória dos atos de concentração, define 
uma lista de documentos e informações que deve ser apresentada pelos requerentes para formalizar o 
pedido de aprovação do ato de concentração. A relação de documentos exigidos é abrangente, visando 
fornecer ao Cade os subsídios necessários para realizar a análise dentro dos prazos estabelecidos pela 
lei. O pedido de aprovação dos atos de concentração econômica implica o pagamento de uma taxa 
processual no valor de R$ 85 mil, conforme disposto no art. 23 da Lei n. 12.529/2011.
Essa resolução também prevê o procedimento sumário de análise de atos de concentração na 
seção 2, enumerando as hipóteses de operações, que devem observar o rito sumário pelo Cade. Em 
operações simples, com menor potencial ofensivo à concorrência, basta apresentar um número reduzido 
de informações e documentos.
O art. 8º da Resolução Cade n. 33/2022 elenca as hipóteses enquadradas no procedimento sumário, 
como as operações de:
I – Joint-ventures clássicas ou cooperativas: casos de associação de duas ou 
mais empresas separadas para a formação de nova empresa, sob controle 
comum, que visa única e exclusivamente à participação em um mercado cujos 
produtos/serviços não estejam horizontal ou verticalmente relacionados;
II – Substituição de agente econômico: situações em que a empresa adquirente 
ou seu grupo não participava, antes do ato, do mercado envolvido, ou 
dos mercados verticalmente relacionados e, tampouco, de outros mercados 
nos quais atuava a adquirida ou seu grupo;
III – Baixa participação de mercado com sobreposição horizontal: as situações 
em que a operação gerar o controle de parcela do mercado relevante 
comprovadamente abaixo de 20%, a critério da Superintendência-Geral, de 
forma a não deixar dúvidas quanto à irrelevância da operação do ponto 
de vista concorrencial;
IV – Baixa participação de mercado com integração vertical: nas situações em 
que nenhuma das requerentes ou seu grupo econômico comprovadamente 
52
Unidade I
controlar parcela superior a 30% de quaisquer dos mercados relevantes 
verticalmente integrados;
V – Ausência de nexo de causalidade: concentrações horizontais que resultem 
em variação de HHI inferiores a 200, desde que a operação não gere o 
controle de parcela de mercado relevante superior a 50%;
VI – Outros casos: casos que, apesar de não abrangidos pelas categorias anteriores, 
forem considerados simples o suficiente, a critério da Superintendência-Geral, 
a ponto de não merecerem uma análise mais aprofundada.
A decisão de enquadramento em procedimento sumário é discricionária e será adotada pelo Cade 
conforme critérios de conveniência e oportunidade, com base na experiência dos órgãos do SBDC e na 
identificação dos atos de concentração que tenham menor potencial ofensivo à concorrência. Os atos 
de concentração enquadrados em procedimento sumário devem ser decididos no prazo de 30 dias, a 
contar do protocolo de petição ou de sua emenda (Cade, 2022b).
O pedido de aprovação dos atos de concentração econômica deverá ser protocolado junto ao Cade 
e encaminhado à SG, com as informações e os documentos previstos na Resolução n. 32/2022 para 
análise. Se a SG verificar que a petição não preenche os requisitos exigidos pela referida resolução, 
poderá determinar que a petição seja emendada.
Após o protocolo do ato de concentração, ou de sua emenda, a SG deverá publicar um edital no 
Diário Oficial da União (DOU) informando o nome dos requerentes, a natureza da operação e os setores 
econômicos envolvidos (Brasil, 2011, art. 53, § 2º). Essa medida é necessária para garantir a publicidade 
do processo, permitindo que terceiros interessados participem da análise e, caso haja aprovação pelo 
Cade, possam impugnar a decisão, se desejarem.
Os terceiros interessados são aqueles cujos direitos podem ser afetados pela decisão final, como 
concorrentes ou associações de defesa dos direitos dos consumidores (Masso, 2016).
O art. 117 do RiCade (Cade, 2021) determina que o pedido de intervenção de terceiro cujos interesses 
possam ser afetados deverá ser apresentado no prazo de 15 dias da publicação do edital, podendo, 
a critério da SG ou do presidente, conceder dilação de até 15 dias, a pedido do terceiro interessado 
quando estritamente necessário para a apresentação de documentos e pareceres.
Após a publicação do ato, a SG, conforme o art. 54 da Lei n. 12.529/2011, tomará as seguintes providências:
I – conhecerá diretamente do pedido, proferindo decisão terminativa, quando 
o processo dispensar novas diligências ou nos casos de menor potencial 
ofensivo à concorrência, assim definidos em resolução do Cade; ou
II – determinará a realização da instrução complementar, especificando as 
diligências a serem produzidas (Brasil, 2011).
53
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
A SG pode determinar a realização de instrução complementar, que inclui a reunião de novos 
documentos ou diligências. Concluída essa etapa, poderá considerar a instrução satisfatória e seguir 
com a análise do mérito, ou considerá-la insatisfatória, caso incompleta. Nesse caso, poderá declarar 
a operação como complexa e exigir nova instrução, com a indicação das diligências necessárias (Brasil, 
2011, art. 56).
Após a conclusão das instruções complementares e conforme o art. 57 da Lei n. 12.529/2011, a SG 
poderá aprovar o ato sem restrições ou impugná-lo perante o tribunal, caso entenda que a operação deve 
ser rejeitada, aprovada com restrições ou que faltam elementos para avaliar seu impacto na concorrência.
Sempre que impugnar um ato perante o tribunal, a SG deverá demonstrar o potencial lesivo do ato 
à concorrência e as razões pelas quais ele não deve ser aprovado integralmente ou deve ser rejeitado 
(Brasil, 2011, art. 57, parágrafo único).
O processo será encaminhado ao tribunal quando houver impugnação do ato de concentração pela 
SG ou recurso interposto por terceiros.
No prazo de 15 (quinze) dias contado a partir da publicação dadecisão da 
Superintendência-Geral que aprovar o ato de concentração, na forma do 
inciso I do caput do art. 54 e do inciso I do caput do art. 57 desta Lei:
I – caberá recurso da decisão ao Tribunal, que poderá ser interposto por 
terceiros interessados ou, em se tratando de mercado regulado, pela respectiva 
agência reguladora;
II – o Tribunal poderá, mediante provocação de um de seus Conselheiros 
e em decisão fundamentada, avocar o processo para julgamento, ficando 
prevento o Conselheiro que encaminhou a provocação (Brasil, 2011).
A interposição de recurso por terceiros interessados ou a decisão de avocar suspende a execução do 
ato de concentração econômica até decisão final do tribunal.
Em relação à interposição de recurso, o art. 65, § 1º, da referida lei dispõe que o conselheiro relator 
o receberá em até cinco dias úteis e poderá adotar as seguintes decisões:
• conhecer do recurso e fixar a sua inclusão em pauta para julgamento;
• conhecer do recurso e definir a realização de instrução complementar pela SG;
• não conhecer do recurso e determinar o seu arquivamento.
Os requerentes da operação, em contrapartida, poderão se manifestar contra o recurso interposto 
em até cinco dias úteis contados do conhecimento do recurso no tribunal ou da data do recebimento 
do relatório com a conclusão da instrução complementar elaborada pela SG.
54
Unidade I
 Observação
Após a manifestação dos requerentes, o tribunal poderá aprovar o ato 
de concentração com ou sem restrições ou não aprovar.
Segundo Cordovil et al. (2011), o conselheiro relator poderá proferir decisão liminar para antecipar 
alguns efeitos do ato de concentração antes de analisar o mérito da decisão. Trata-se aqui da possibilidade 
de constituir o Apro reverso, também regulamentado nos arts. 114, 115 e 116 do RiCade (Cade, 2021).
 Observação
O Apro é o acordo para reversibilidade da operação. Vigente na lei 
anterior, era um acordo de caráter interlocutório que buscava preservar 
condições para uma eventual reversibilidade da operação, caso esta viesse 
a ser vetada. Agora que o julgamento da operação é prévio, essa decisão 
assemelha-se a um Apro às avessas.
Esse mecanismo permite que as partes iniciem os procedimentos de 
integração e demais etapas necessárias à realização do ato de concentração 
antes de o tribunal vir a julgá-lo, mas observando determinadas condições 
a serem impostas pelo conselheiro relator (Cordovil et al., 2012).
Após a instrução, o conselheiro relator determinará a inclusão do processo em pauta para julgamento. 
Ao julgar o mérito do pedido de aprovação do ato de concentração, o tribunal poderá aprová-lo 
integralmente, rejeitá-lo ou aprová-lo parcialmente, com as restrições que deverão ser observadas como 
condição de validade e eficácia do ato, conforme disposto no art. 61 da Lei n. 12.529/2011.
O § 2º do art. 61 da Lei n. 12.529/2011 exemplifica algumas restrições, como:
• venda de ativos ou de um conjunto de ativos que constitua uma atividade empresarial;
• cisão de sociedade;
• alienação de controle societário;
• separação contábil ou jurídica de atividades;
• licenciamento compulsório de direitos de propriedade intelectual;
• outras medidas que se fizerem necessárias para eliminar os efeitos prejudiciais à ordem econômica.
Julgado o mérito do ato de concentração, a decisão não poderá ser revista pelo Poder Executivo, 
mas poderá ser reapreciada pelo Poder Judiciário quanto aos aspectos formais, uma vez que a decisão 
foi proferida por órgão colegiado e técnico (Bagnoli, 2013).
55
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Destaca-se ainda que, conforme os §§ 5º e 6º do art. 88 da Lei n. 12.529/2011, os atos de concentração 
que resultem na eliminação de concorrência em parte substancial de mercado relevante, na criação ou 
no reforço de uma posição dominante, ou que possam resultar na dominação de mercado relevante 
de bens ou serviços, só poderão ser autorizados se, na análise dos ganhos de eficiência específicos da 
operação, forem observados, cumulativa ou alternativamente:
• aumento da produtividade ou da competitividade;
• melhoria da qualidade de bens ou serviços;
• propiciação de eficiência e desenvolvimento tecnológico ou econômico;
• repasse aos consumidores de parte significativa dos benefícios decorrentes do ato.
Na prática, ao exercer o controle dos atos de concentração, o Cade pondera o custo-benefício 
decorrente do ato antes de decidir sobre a licitude da operação, ou seja, as eficiências que pode gerar 
em relação aos prejuízos que pode causar.
A figura 2 ilustra as etapas da análise dos atos de concentração pelo Cade:
Atos de concentração - art. 88
240 até 
330 dias
Aprovação do ato
Aprovação do ato 
com restriçõesAprovação Rejeição do ato
Recurso ao tribunal - 15 dias
Julgamento do tribunal
Impugnação do ato ao tribunal
Manifestação do requerente (30 dias)
Requerimento encaminhado à SG
Figura 2 
Adaptada de: Bacchi e Schapiro (2012).
56
Unidade I
 Lembrete
Terceiros poderão recorrer da decisão da SG que aprovar o ato de 
concentração no prazo de 15 dias, contados a partir da publicação da 
decisão, conforme o art. 65 da Lei n. 12.529/2011.
3.3.2 Acordo em controle de concentração (ACC)
Trata-se de um “remédio” para possibilitar a aprovação de um ato de concentração pelo Cade 
mediante a imposição de determinadas condições aos participantes da operação a fim de evitar efeitos 
nocivos à concorrência.
Na vigência da Lei n. 8.884/1994, havia a figura do compromisso de desempenho, que foi abolido 
pela lei atual, criando-se o ACC. No entanto, o art. 92 da Lei n. 12.529/2011, que disciplinava o ACC, foi 
vetado pelo presidente. O objetivo do veto foi restringir a possibilidade de celebração de acordos na fase 
instrutória dos processos, porém o veto não se estende às demais referências do instituto (Aguilar, 2014).
A atual Lei n. 12.529/2011 faz referência ao ACC em diversos dispositivos legais. O art. 9º, V e X, 
dispõe sobre a competência do plenário do tribunal para aprovar tais acordos. Já o art. 13, X, atribui à SG 
a responsabilidade de sugerir ao tribunal as condições para celebração e a fiscalização do cumprimento 
desses acordos. Além disso, o art. 46, § 2º, prevê o ACC como causa de suspensão da prescrição das ações 
punitivas (Aguillar, 2014).
No entanto, em virtude do veto presidencial ao art. 9º da Lei n. 12.529/2011, inexiste na referida 
lei previsão sobre o conteúdo, a forma ou os procedimentos para a elaboração do ACC. Atualmente, o 
RiCade (Cade, 2021) disciplina o seu procedimento, e o Guia remédios antitruste (Cade, 2018) aborda 
todos os aspectos necessários para a aplicação do referido instituto.
Conforme o Guia remédios antitruste (Cade, 2018), os chamados remédios consistem em restrições 
necessárias para mitigar os potenciais efeitos prejudiciais decorrentes de um ato de concentração, nos 
termos do art. 61 da Lei n. 12.529/2011. Ainda segundo o referido guia, a finalidade desses remédios é 
impedir que a operação de concentração resulte na eliminação da concorrência em parte substancial do 
mercado relevante, aumente a possibilidade de coordenação entre concorrentes, crie ou fortaleça uma 
posição dominante, ou mesmo leve à dominação do mercado relevante de bens ou serviços (Brasil, 2011, 
arts. 36 e 88).
Se o ato de concentração não for aprovado integralmente, a imposição de remédios constitui 
condição necessária para sua aprovação. O escopo do ACC é estabelecer condições para a aprovação 
da operação mediante a adoção de cláusulas que permitam afastar efeitos anticompetitivos, com 
determinadas modificações ou restrições na operação.
57
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Todavia, nos casos em que a operação apresentar potencial lesivo à concorrência e não for viável 
a aplicação de remédios, o ato de concentração deverá ser rejeitado pelo tribunal do Cade (Brasil, 
2011, art. 88).
Os remédios podem ser negociados com as partes envolvidas no ato de concentração, por meio de 
ACC, com base nas recomendaçõesda SG, quando da impugnação, ou de decisões do tribunal, seguindo 
a regulamentação ditada pelo art. 125 do RiCade (Cade, 2021).
Os remédios também podem ser determinados unilateralmente pelo tribunal do Cade ou fazer 
parte dos chamados termos de compromisso de cessação (TCC), quando constatadas infrações à ordem 
econômica, nos termos dos arts. 36 e 38 da Lei n. 12.529/2011, conforme será analisado.
Segundo o art. 61 da Lei n. 12.529/2011, compete ao tribunal, no julgamento do pedido de aprovação 
do ato de concentração, “aprová-lo integralmente, rejeitá-lo ou aprová-lo parcialmente, caso em que 
determinará as restrições que deverão ser observadas como condição para a validade e eficácia do ato”.
Ainda, o § 2º do referido artigo determina que tais restrições (remédios) incluem:
I – a venda de ativos ou de um conjunto de ativos que constitua uma 
atividade empresarial;
II – a cisão de sociedade;
III – a alienação de controle societário;
IV – a separação contábil ou jurídica de atividades;
V – o licenciamento compulsório de direitos de propriedade intelectual; e
VI – qualquer outro ato ou providência necessários para a eliminação dos 
efeitos nocivos à ordem econômica (Brasil, 2011).
O art. 125 do RiCade diz que o acordo pode ser apresentado desde o momento da notificação até 
30  dias da decisão de impugnação pela SG e deve ser homologado pelo tribunal (Cade, 2021).
O art. 128 do mesmo regimento também estabelece que, na hipótese de aprovação parcial de um 
ato de concentração, caberá ao tribunal determinar os remédios, ou seja, as restrições que deverão ser 
observadas como condição para que o ato tenha validade e eficácia, conforme previsto no art. 61 da 
Lei n. 12.529/2011.
De forma geral, os remédios podem ser classificados em dois tipos: em estruturais, quando envolvem a 
transmissão definitiva de direitos e ativos; em comportamentais, que se referem a práticas comerciais sem 
a necessária transmissão de direitos e ativos, podendo acarretar restrições a determinados direitos, como o 
uso de marcas e patentes. É importante acentuar que um ACC pode envolver mais de um tipo de remédio.
58
Unidade I
Como exemplos de restrições estruturais, podem ser destacadas as hipóteses previstas no § 2º do 
art. 61 da Lei n. 12.529/2011, tais como:
• a venda de ativos ou de um conjunto de ativos que configure uma atividade empresarial;
• a cisão de sociedades;
• a alienação de controle societário ou de participações societárias;
• a transferência definitiva de direitos de propriedade intelectual, incluindo patentes, marcas e outros.
Os remédios comportamentais, por sua vez, devem ser utilizados de forma complementar e 
alternativa em situações em que um remédio estrutural não for efetivo ou for desproporcional. Eles 
consistem em obrigações de práticas comerciais, financeiras ou econômicas das partes envolvidas no 
ato de concentração, englobando ou não ativos diretamente afetados por ele nos mercados relevantes 
relativos à operação (Cade, 2018).
Segundo o Cade (2018), podem ser citados como exemplos de remédios comportamentais:
• separação contábil ou jurídica de atividades;
• suspensão ou eliminação de cláusulas de exclusividade de fato ou de direito em relações comerciais 
entre as partes envolvidas no ato de concentração;
• suspensão de direitos políticos ou societários advindos de participações ou dos efeitos 
concorrenciais derivados de instrumentos financeiros;
• licenciamento obrigatório de propriedade intelectual, inclusive marcas e outros.
Com base na jurisprudência do Cade, é possível verificar casos em que foram aplicados remédios 
estruturais e comportamentais, como os atos de concentração entre Sadia/Perdigão, Kroton/Anhanguera, 
Condor/Tigre e o emblemático caso Nestlé/Garoto.
Perdigão e Sadia – Brasil Foods
A fusão da Perdigão e Sadia foi anunciada em 19 de maio de 2009, uma transação avaliada em 
R$ 10 bilhões, originando a BRF Brasil Foods S.A. Naquele momento, representava um domínio de mais 
de 50% de diversos segmentos do mercado brasileiro de alimentos processados, chegando a patamares 
superiores a 90% em alguns casos. Portanto, uma alta concentração de mercado.
As partes envolvidas alegaram eficiências, mas o Cade entendeu que as eficiências apresentadas 
não estavam diretamente ligadas à operação. As marcas eram as mais valiosas do mercado, além de o 
investimento em marketing ser muito maior do que o dos concorrentes. O órgão considerou que não havia, 
no mercado, rivais à altura de Sadia e Perdigão em nenhuma das áreas em que essas empresas atuavam.
59
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Em 13 de julho de 2011, o Cade conheceu a operação e a aprovou condicionada à assinatura de termo 
de compromisso de desempenho (TCD), atualmente denominado ACC. Entre as restrições impostas pelo 
TCD, estava a venda de algumas fábricas e centros de distribuição, além da suspensão do uso da marca 
Perdigão no território nacional pelo prazo de cinco anos em lasanhas, pizzas congeladas e afins.
A lógica da decisão do Cade foi a de preservar as eficiências geradas pela operação e, ao mesmo tempo, 
adotar medidas que incentivassem a entrada de novas empresas nos mercados relevantes afetados.
Kroton e Anhanguera
Em dezembro de 2013, a SG encaminhou ao tribunal parecer em que apontava que a associação 
entre Anhanguera e Kroton geraria concentração de poder econômico em alguns mercados de 
educação superior. Foram acentuadas preocupações em relação à concorrência na oferta de cursos 
de graduação presenciais e a distância.
Para sanar os efeitos anticompetitivos, a SG recomendou ao tribunal do Cade que a operação fosse 
condicionada à aplicação de remédios concorrenciais. Assim, em maio de 2014, o Cade aprovou com 
restrições a incorporação da totalidade do capital social da Anhanguera Educacional Participações S.A. 
pela Kroton Educacional S.A.
A aprovação da operação estava condicionada ao cumprimento de um conjunto de medidas previstas 
em ACC firmado entre o órgão antitruste e as requerentes, como:
• A alienação da Uniasselvi, pertencente à Kroton, a um terceiro.
• Medidas comportamentais relacionadas aos problemas municipais não solucionados com a 
alienação da Uniasselvi, ou seja, a bandeira Kroton ou Anhanguera que tivesse maior participação 
de mercado nos cursos em que foram verificados problemas concorrenciais ficaria impedida de 
ofertar vagas; e a outra, com menor participação, não poderia expandir sua oferta de matrículas.
• Solução de problemas de concorrência potencial, impedindo que, durante o prazo de três anos, as 
requerentes ofertassem cursos problemáticos em diversos municípios.
• Previsão de metas de qualidade objetivas no que se refere à oferta de cursos de ensino a distância, 
bem como o aumento da proporção atual de mestres ou doutores para 80% e o incremento de 
ferramentas disponíveis e de material didático.
• Obrigação de notificar todas as operações sobre aquisição de controle de instituições que 
oferecessem cursos de graduação a distância e informar as aquisições que disponibilizassem 
graduação presencial por um período de três anos.
• Obrigação de apresentar relatório sobre os compromissos assumidos.
60
Unidade I
Após mais de dois anos de negociações, o Cade aprovou a fusão entre as empresas, desde que, entre 
outras providências, a Kroton alienasse uma de suas universidades, o que resultaria em desconcentração 
de mercado, e, com a aprovação da operação, a Kroton passou a ter 66% do capital.
Condor e Tigre
Nesse caso, houve a compra da totalidade das quotas do capital da Condor Pincéis Ltda. pela Tigre 
S.A. Tubos e Conexões. O Cade verificou que as duas empresas eram os dois maiores agentes econômicos 
dos mercados envolvidos, e a Tigre passaria a deter mais de 70% do mercado.
As partes envolvidas na operação apresentaram apenas remédios comportamentais na proposta de 
ACC, ao passo que o Cade determinou que os remédios estruturais seriam necessários para a aprovação 
da operação.
A primeira medida estruturalapresentada seria a venda de ativos no mercado de pincéis. Para a 
linha imobiliária – que abrange trinchas, rolos, acessórios para pintura, broxas e escovas –, foi proposta 
a venda de centros de distribuição dos produtos. Por fim, houve o licenciamento da marca Condor a 
terceiro, já que a Tigre não poderia ficar com ela.
A Condor e a Tigre não aceitaram os remédios estruturais propostos e não apresentaram qualquer 
contraproposta em relação a uma medida estrutural que propiciasse maior rivalidade no mercado de 
pincéis. Assim, após várias negociações, sem que houvesse um consenso, o Cade reprovou a operação.
Nestlé/Garoto
O Cade aprovou com restrições, em novo julgamento, que ocorreu em 7 de junho de 2023, após mais 
de 20 anos, a compra da Garoto pela Nestlé, autorizando a celebração de acordo judicial.
A operação teve início em 2002, mas foi reprovada pelo Cade em 2004, pois resultaria em uma 
concentração de mais de 58% do mercado nacional de chocolates, o que levou a empresa compradora 
a propor ação judicial em 2005.
Convém mencionar que, na época em que a operação foi reprovada pelo Cade, a análise dos atos de 
concentração era feita a posteriori pelo órgão, ou seja, após a concretização do negócio.
Com base em uma decisão judicial de 2009, que determinou ao Cade a reabertura do ato de 
concentração e a realização de novo julgamento do caso, a autarquia retomou, em junho de 2021, a 
análise da operação para fazer teste de mercado em nova instrução processual.
Em uma nova avaliação, a SG demonstrou que entre 2001 e 2021 houve significativa entrada de 
concorrentes nos segmentos que levantaram preocupações na primeira avaliação: chocolates sob todas 
as formas e cobertura de chocolate. No primeiro, a participação de mercado da Nestlé/Garoto caiu de 
50%-60% em 2001 para 30%-40% em 2021; no segundo, a empresa saiu de 80%-90% para 20%-30%, 
deixando de ser a líder no setor.
61
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
A SG considerou também que a rivalidade no mercado de chocolates foi reconfigurada nos últimos 
20 anos e, por isso, argumentou que não fazia sentido manter a decisão de reprovação.
Para autorizar a operação, o Cade decidiu que a Nestlé deveria cumprir uma série de remédios 
comportamentais, que são medidas relacionadas à atividade interna da empresa, por exemplo, obrigações 
de fazer e não fazer:
• A Nestlé não poderá adquirir, pelo período de cinco anos, ativos que representem, acumuladamente, 
participação igual ou superior a 5% do mercado brasileiro de chocolates.
• A Nestlé se compromete a comunicar ao Cade, por um prazo de sete anos, qualquer aquisição de 
ativos que caracterize ato de concentração no mercado nacional de chocolates abaixo do patamar 
de 5%, ainda que o outro grupo envolvido no negócio não atinja os parâmetros de faturamento 
para notificação obrigatória da operação à autarquia.
• Também pelo período de sete anos, a Nestlé se compromete a não intervir nos pedidos de terceiros 
para a concessão de redução, suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre a importação 
de chocolates.
• A Nestlé deverá manter em produção a fábrica da Garoto em Vila Velha (ES) durante o período 
mínimo de sete anos.
 Saiba mais
Para compreender melhor os casos estudados, leia:
CADE. Cade aprova, com restrições, a criação da BRFoods. Brasília, 2011. 
Disponível em: https://shre.ink/e3zh. Acesso em: 28 maio 2025.
CADE. Cade aplica conjunto de restrições à união de Kroton e Anhanguera. 
Brasília, 2014. Disponível em: https://shre.ink/e3zT. Acesso em: 28 maio 2025.
CADE. Cade não autoriza compra da Condor pela Tigre. Brasília, 2015a. 
Disponível em: https://shre.ink/e3Rk. Acesso em: 28 maio 2025.
CADE. Tribunal do Cade aprova solução para o caso Nestlé/Garoto. Brasília, 
2016c. Disponível em: https://shre.ink/e3EF. Acesso em: 28 maio 2025.
62
Unidade I
4 CONTROLE DAS CONDUTAS
Entre as atribuições que lhe são conferidas pela Lei n. 12.529/2011, compete ao Cade exercer 
o  controle das estruturas de mercado e das condutas consideradas infracionais praticadas contra a 
ordem econômica.
O controle das condutas é exercido de forma repressiva com a finalidade de investigar e punir 
as infrações da ordem econômica cujos efeitos potenciais ou reais possam acarretar a eliminação da 
concorrência, a dominação dos mercados ou o aumento arbitrário dos lucros.
4.1 Poder econômico e abuso de poder
O poder econômico é a capacidade econômica do agente em fazer investimentos, realizar grandes 
obras e serviços, algo que não seria possível se não tivesse condição econômica (Bagnoli, 2013). Ele 
surge naturalmente da organização da atividade econômica de produção ou prestação de serviços, 
que pode gerar lucro, dando lugar ao dinheiro; este poder, sem dúvida, tem importância em qualquer 
momento histórico (Bastos, 2003).
A princípio, tem-se como normal o exercício do poder econômico, porque se supõe que todas 
as empresas estão em igualdade de condições na livre concorrência, respeitando as leis de mercado 
(Bastos, 2003). Além disso, em uma economia de mercado pautada nos princípios da livre-iniciativa, 
da propriedade privada dos meios de produção e da livre competição, o poder econômico surge como 
resultado da atuação dos agentes econômicos.
O poder econômico está relacionado com a situação econômica de uma empresa ou ao grupo 
econômico do qual faça parte. Ele é exercido no mercado e pode ser compreendido como a capacidade 
de uma empresa de impor ao mercado a sua vontade em maior ou menor grau.
A esse respeito, convém trazer à tona os esclarecimentos acentuados a seguir:
O poder econômico, note-se, é um dado de fato inerente ao livre mercado. 
Se a organização da economia se pauta na liberdade de iniciativa e de 
competição, então os agentes econômicos são necessariamente desiguais, 
uns mais fortes que outros. Ou seja, conforme assentou Miguel Reale, o 
poder econômico não é em si ilícito, mas é o instrumento normal ou natural 
de produção e circulação de riquezas nas sociedades constitucionalmente 
organizadas em função do modelo da economia de mercado (Franceschini; 
Franceschini, 1985, p. 521, apud Coelho, 2012, p. 264).
O simples fato de uma empresa deter poder de mercado não é, por si só, considerado ilegal. No 
entanto, quando esse poder é utilizado de forma abusiva por uma empresa ou por um grupo de 
empresas, por meio de condutas que prejudiquem a livre concorrência, caracteriza-se o abuso de poder 
econômico. Nesse contexto, Coelho (2012, p. 265) complementa:
63
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Se o empresário titular de poder econômico exerce-o ao competir com os 
demais agentes atuantes no mesmo mercado, e lucra ou tira vantagens de sua 
posição destacada, nada há de irregular nisso. É apenas o jogo competitivo 
característico do regime capitalista, em que os mais fortes, economicamente 
falando, se valem desse fator de supremacia para ampliar a participação 
no mercado, evidentemente em detrimento da de outros empresários [...]. 
Somente quando a própria competição está em risco, a Constituição, para 
assegurar, reputa abusivo o seu exercício e autoriza à lei a repressão.
A CF combate o abuso do poder econômico no art. 173, § 4º, ao estabelecer que: “a lei reprimirá 
o abuso do poder econômico que tenha como objetivo a dominação dos mercados, a eliminação da 
concorrência e o aumento arbitrário dos lucros” (Brasil, 1988).
Portanto, segundo a CF, nem todas as manifestações de exercício do poder econômico estão no 
campo do que a lei pode considerar ilícito administrativo, mas apenas aquelas que têm ou podem ter o 
efeito de domínio de mercado, eliminação da concorrência ou aumento arbitrário dos lucros.
O abuso do poder econômico pode ser entendido como uma violação às leis do mercado e à ordem 
jurídica vigente, na medida em que o mercado é protegido constitucionalmente como bem coletivo 
(Bastos, 2003). Assim, condutas que violem as leis de mercado atingem interesses de toda a sociedade.
A dominação de mercado compreende a participação92
7.1.1 Conceito e características ................................................................................................................... 93
7.1.2 Principais agências reguladoras no Brasil ..................................................................................... 95
7.2 Atuação indireta do Estado na regulação ................................................................................102
7.2.1 Agências reguladoras e o incentivo à concorrência ...............................................................103
7.2.2 Defesa da concorrência e a proteção ao consumidor ...........................................................104
8 LEI N. 9.019/1995: AAD E ACORDO DE SUBSÍDIOS E DIREITOS 
COMPENSATÓRIOS (ASMC) ...........................................................................................................................107
8.1 Gatt e a OMC .......................................................................................................................................107
8.1.1 AAD e ASMC............................................................................................................................................109
8.2 Procedimentos administrativos para imposição de medidas de defesa ......................112
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Você, que em breve será um operador do direito, precisa compreender que há duas formas 
de concorrência que o direito considera ilícitas: a concorrência desleal e a praticada com abuso de 
poder econômico.
A concorrência desleal prejudica os interesses particulares dos empresários concorrentes, sendo 
reprimida em nível civil e penal, conforme disciplinado na Lei n. 9.279/1996 (Lei da Propriedade 
Industrial). Por sua vez, a concorrência praticada com abuso de poder econômico fere as estruturas do 
livre mercado, denominadas infrações da ordem econômica, também reprimidas em nível administrativo 
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Essas duas formas de concorrência, embora sejam ilícitas, se diferem também quanto aos interesses 
envolvidos. Na concorrência desleal, a lei tutela o interesse privado dos empresários que competem entre 
si; na concorrência praticada com abuso de poder econômico, existe um interesse macroeconômico a 
ser tutelado – a estrutura do livre mercado –, portanto, há o interesse público do Estado para coibir 
tais abusos.
Neste livro-texto, você aprenderá como os mercados atuam, resultando em diferentes tipos de 
estruturas de mercado, como a concorrência perfeita, os monopólios e os oligopólios. Observará, ainda, 
como essas estruturas afetam os preços, a produção ou a comercialização dos produtos, impactando o 
próprio consumo.
O conhecimento dessas estruturas de mercado é primordial para entender como o Estado exerce o 
controle preventivo por meio do Cade sobre operações societárias, como fusões e aquisições, com o fito 
de evitar que resultem em domínio de mercado. Para controlar essas estruturas, há a Lei n. 12.529/2011, 
também conhecida como Lei Antitruste.
Na defesa da concorrência, você verá que o Cade exerce um controle repressivo – com a imposição 
de sanções administrativas – quanto às práticas anticompetitivas, como acordos de fixação de preços, 
cartelização e abuso de posição dominante, chamadas de infrações da ordem econômica, previstas no 
art. 36 da Lei n. 12.529/2011 (Lei da Concorrência).
Em suma, compreenderá que o Estado, na defesa da concorrência, deve garantir a liberdade 
de competição entre os agentes econômicos para preservar o funcionamento adequado da economia de 
mercado; para tanto, deve atuar como agente normativo, regulador e fiscalizador da atividade econômica.
É importante acentuar que o conhecimento sobre estruturas de mercado e concorrência abrirá ao 
operador do direito um leque de opções no mercado de trabalho, como: a elaboração de contratos 
e participações em transações comerciais, para garantir que não violem as leis da concorrência; a 
assessoria jurídica em operações societárias; e as negociações e resoluções de conflitos.
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Este livro-texto adota uma linguagem jurídica clara, simples e objetiva. No texto, também foram 
inseridos alguns recursos importantes, como: lembrete e observação, que destacam informações 
relevantes sobre os assuntos abordados; saiba mais, que traz novas informações ou aprofunda o estudo 
dos temas; e, ao final de cada unidade, há um resumo acentuando os pontos principais.
Boa leitura!
INTRODUÇÃO
Como ciência social, o direito se relaciona com outras áreas do conhecimento humano, como a 
economia e a política. A relação entre direito e economia faz com que o legislador crie normas de 
conteúdo econômico, ou seja, normas de direito econômico.
O direito da concorrência é um desdobramento do direito econômico e consiste num conjunto de 
normas que disciplinam a política econômica da concorrência e as relações entre os agentes econômicos 
na realização da atividade econômica. Em outros termos, o direito econômico, ao lado do direito 
constitucional e administrativo, regula e fiscaliza a livre-iniciativa e a livre concorrência, competindo ao 
direito da concorrência, que consiste num ramo dessa área jurídica, reprimir o abuso do poder econômico 
que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Nesse contexto, o papel do Estado deve ser o de agente normativo, regulador e fiscalizador da 
atividade econômica. No âmbito do direito da concorrência, isso envolve a regulação (Lei n. 12.529/2011) 
e a fiscalização (Cade), exercendo um controle preventivo e reprimindo práticas anticoncorrenciais, 
como cartéis, abuso de posição dominante e acordos de fixação de preços.
Essa intervenção do Estado na ordem econômica conta com a atuação do Cade e da Secretaria 
de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência (Seprac), que fazem parte do Sistema 
Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), conforme será estudado.
Vinculado ao Ministério da Justiça, o Cade é uma autarquia federal com sede e foro no Distrito 
Federal e exerce, em todo o território nacional, as competências fixadas pela Lei n. 12.529/2011. Esse 
órgão exerce três funções básicas:
• preventiva: realizando o controle sobre fusões, aquisições, incorporações e outros atos de 
concentração econômica envolvendo grandes empresas e que sejam capazes de colocar em risco 
a livre concorrência;
• repressiva: combatendo os cartéis e outras condutas infracionais nocivas ao ambiente 
concorrencial;
• educativa: com o fito de fomentar a concorrência e informar à sociedade sobre as diversas 
condutas que possam contrariar a livre concorrência.
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Em suma, o Cade tem a missão de zelar pela defesa da concorrência no mercado. No âmbito do 
Poder Executivo, é o órgão responsável por coibir administrativamente as infrações contra a ordem 
econômica e também estabelecer uma política educacional na disseminação da livre concorrência.
Portanto, este livro-texto tem o objetivo de analisar as principais estruturas de mercado e verificar 
quais delas podem comprometer a livre concorrência, impactando os preços, o consumo e acarretando 
prejuízos aos consumidores. Busca-se verificar como o Estado deve exercer o controle das estruturas e 
das condutas e demonstrar a intervenção indireta do Estado por intermédio das agências reguladoras 
e as relações de concorrência. Você vai compreender que, com a globalização econômica, o conceito 
de mercado foi ampliado, por isso também devem ser sancionadas práticas desleais no comércio 
internacional, como o dumping e os subsídios.
Este livro-texto foi dividido em duas unidades (I e II). Na unidade I, apresentamos:
• mercado: estruturas e mecanismos básicos (concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e 
concorrência monopolística);
• estruturas de mercado de fatores de produção: monopsônios e oligopsônios.
A respeito do Cade, serão abordados temas como:
• sua origem, finalidade e composição;
• atos de concentração (conceito, espécies e conceitosque determinado agente econômico tem em 
uma certa estrutura de mercado e que, a princípio, pode ser resultado de sua eficiência competitiva, mas 
poderá vir a se caracterizar como ilícito anticoncorrencial, se houver o exercício abusivo de sua posição 
para prejudicar a livre concorrência, resultando nas infrações contra a ordem econômica, conforme 
estudaremos a seguir.
É fundamental esclarecer que, no Brasil, não se pune a simples posição dominante de um empresário, 
mas sim o exercício abusivo dessa posição. Nesse sentido, Forgioni (2016, p. 277) explica: “o poder 
econômico não é um direito, mas sim um fato, uma situação (fática), que confere ao agente econômico 
indiferença e independência em relação aos outros agentes e às leis de mercado”.
Assim, quando se fala de abuso do poder econômico, não há propriamente abuso de um direito, porque 
o poder econômico é uma situação de fato, mas poderia se entender como “abuso dos direitos de liberdade 
econômica, seguindo a linha de Vicente Ráo, para quem a repressão ao abuso de direito como princípio se 
aplicaria a todo o ordenamento jurídico” (Forgioni, 2016, p. 278).
4.2 Infrações da ordem econômica
O art. 36 da Lei n. 12.529/2011 dispõe que:
Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os 
atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam 
produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:
64
Unidade I
I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou 
a livre-iniciativa;
II – dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III – aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV – exercer de forma abusiva posição dominante.
§ 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na 
maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não 
caracteriza o ilícito previsto no inciso II do caput deste artigo.
§ 2º Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de 
empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições 
de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado 
relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores 
específicos da economia (Brasil, 2011, art. 36).
O § 3º do art. 36 apresenta um rol exemplificativo de condutas, as quais, quando se configuram nas 
hipóteses previstas no caput e nos incisos do mesmo artigo, caracterizam infração à ordem econômica. 
Logo, só se configura infração contra a ordem econômica se houver a prática de conduta prevista 
no § 3º do art. 36 e se o efeito de tal conduta, potencial ou efetivo, puder resultar na dominação de 
mercado, na eliminação da concorrência ou no aumento arbitrário dos lucros (Brasil, 2011).
É importante esclarecer que o exercício abusivo de posição dominante, previsto no inciso IV do 
art. 36 da Lei n. 12.529/2011, não deve ser entendido como um efeito autônomo e independente em 
relação aos incisos I, II e III do mesmo artigo. Isso ocorre porque o art. 173, § 4º, da CF fixa os efeitos 
lesivos à ordem econômica em apenas três situações: a dominação dos mercados, a eliminação da 
concorrência e o aumento arbitrário de lucros.
Ademais, limitar, falsear ou prejudicar a concorrência, dominar mercado relevante e aumentar 
arbitrariamente os lucros são formas de exercer abusivamente posição dominante. Assim, “exercer de 
forma abusiva posição dominante” deve ser interpretado em conjunto com os demais efeitos constantes 
do artigo, sob pena de incorrer o legislador ordinário em inconstitucionalidade (Coelho, 2012).
A partir da análise do caput do art. 36 da Lei n. 12.529/2011, é possível concluir que a caracterização 
da infração à ordem econômica dependerá dos efeitos, sejam potenciais ou efetivos, que resultem na 
eliminação da concorrência, na dominação do mercado ou no aumento arbitrário de lucros. Dessa forma, 
uma prática empresarial poderá ser ou não considerada concorrência ilícita, a depender dos efeitos que 
ela gera ou pode vir a gerar.
65
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
 Observação
Imagine a conduta de determinado fabricante de componentes de 
veículos automotores terrestres que negocie a mesma peça, em igual 
quantidade, com dois diferentes revendedores: um deles é empresário 
antigo no mercado, com fama de bom pagador e com quem o fabricante 
sempre manteve excelentes e frutíferas relações; o outro é empresário 
recém-estabelecido no ramo e com fama de mau pagador. É natural e 
normal diferenciar, exclusivamente sob o ponto de vista subjetivo, os dois 
revendedores, concedendo ao primeiro empresário vantagem comercial 
negada ao outro (Coelho, 2012).
Na situação narrada, não haverá infração da ordem econômica se 
os efeitos do tratamento discricionário não ultrapassarem os limites das 
relações negociais entre os empresários envolvidos.
O § 3º do art. 36 da Lei n. 12.529/2011 lista algumas condutas que podem configurar infração à 
ordem econômica, desde que tenham como objeto ou possam gerar efeitos anticoncorrenciais. Como 
exemplos, podem ser citados:
• acordos de exclusividade;
• venda casada;
• abuso de posição dominante;
• recusa de contratar;
• criação de dificuldades para o concorrente;
• formação de cartel;
• cartel em licitações;
• indução de conduta uniforme;
• preços predatórios;
• fixação de preços de revenda;
• restrições territoriais e de base de clientes.
66
Unidade I
Podem ser destacadas ainda duas modalidades principais de infração da ordem econômica: as 
infrações que somente se concretizam pela realização de acordo entre empresários, ainda que de forma 
verbal; e as que são realizadas apenas por um agente econômico, tidas por unilaterais. As primeiras são 
chamadas colusão e podem ser de três espécies:
• horizontais: celebradas entre agentes econômicos que atuam em um mesmo nível da cadeia 
produtiva (por exemplo, condutas concertadas entre fabricantes concorrentes);
• verticais: acordos entre empresários situados em diferentes estágios da produção e circulação 
econômica (por exemplo, atuação concertada entre fornecedor e distribuidor);
• de concentração: quando empresas se submetem a um mesmo controle econômico com ou sem 
perda da autonomia jurídica (Coelho, 2012).
4.2.1 Condutas concertadas, unilaterais e cartelização
As condutas concertadas representam exemplos de infrações à ordem econômica que devem ser 
objeto de ação repressiva pelo Cade. De acordo com Bagnoli (2016), as condutas concertadas (colusão 
horizontal/cartel e colusão vertical) são as práticas coletivas previstas nos incisos I e II do § 3º do art. 36 
da Lei n. 12.529/2011.
Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de 
culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou 
possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: [...]
§ 3º As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem 
hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração 
da ordem econômica:
I – acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer 
forma:
a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente;
b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou 
limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência 
restrita ou limitada de serviços;
c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial 
de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, 
fornecedores, regiões ou períodos;
d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública;
II – promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme 
ou concertada entre concorrentes.
67
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Bagnoli (2016, p. 363) ressalta que tais condutas são “delitos-meios”, ou seja, não configuram, por si 
só, ou pelo seu objeto, infração à ordem econômica, mas apenas na medida em que se enquadrem em 
alguma das hipóteses previstas nos incisos do caput do art. 36, quais sejam: “I – limitar, falsear ou de 
qualquerforma prejudicar a livre concorrência ou a livre-iniciativa; II – dominar mercado relevante 
de bens ou serviços; III – aumentar arbitrariamente os lucros; e IV – exercer de forma abusiva posição 
dominante” (Brasil, 2011).
 Observação
As condutas concertadas são praticadas por meio de acordos horizontais 
e verticais. Dessa forma, para detectar corretamente os efeitos de um 
determinado acordo, é necessário individualizar todos os mercados que 
serão atingidos, bem como a posição que cada um dos agentes econômicos 
ocupa em um segmento de mercado.
Como exemplo, temos a produção e a distribuição de cerveja em 
determinado país. No primeiro estágio da cadeia está a empresa fabricante 
do malte e, na sequência, a cervejaria. Em seguida, os distribuidores de 
cerveja no atacado e, por último, os bares e restaurantes, que vendem aos 
consumidores finais. Os contratos celebrados entre a fabricante do malte, 
a cervejaria, os distribuidores e os bares são verticais; já os contratos 
celebrados entres as cervejarias são acordos horizontais (Forgioni, 2016).
A seguir, serão destacadas algumas das principais condutas concertadas, previstas no art. 36, § 3º, 
I e II, da Lei n. 12.529/2011:
Preços concertados (Brasil, 2011, I, “a”)
Referem-se a um acordo entre empresas concorrentes para fixação de preços e condições de venda, 
configurando uma das principais infrações à ordem econômica. Esse tipo de conduta pode envolver o 
aumento ou a redução concertada de preços. No caso do aumento concertado, o objetivo é transferir a 
renda dos consumidores para as empresas oligopolistas. Já a redução concertada de preços visa dificultar 
o acesso de novos concorrentes ao mercado.
Atuação concertada em licitação pública (Brasil, 2011, I, “d”)
Essa prática ocorre quando empresas concorrentes em uma licitação combinam previamente os 
preços ou ajustam vantagens. Porém, essa conduta só caracteriza abuso do poder econômico se os 
efeitos dessa prática impactarem a estrutura do mercado, conforme o art. 173, § 4º, da CF. Caso o 
ajuste entre as licitantes tenha como único objetivo vencer a licitação, sem repercussões nas condições 
competitivas do mercado, configura-se apenas o crime de frustração do caráter competitivo da licitação, 
previsto no art. 337-F do Código Penal (Brasil, 1940).
68
Unidade I
Conduta comercial uniforme ou concertada (Brasil, 2011, II)
Essa conduta é mais ampla do que a simples padronização de preços e condições de venda. 
Por exemplo, se um empresário pretende ingressar em um mercado para fornecer matéria-prima, onde 
existem poucas e pequenas empresas fornecedoras, e decide reunir todos os industriais que compram o 
insumo (eventualmente insatisfeitos com as condições oferecidas), propondo melhores condições, mas 
condicionadas ao cancelamento de todos os pedidos junto aos pequenos fornecedores, configura-se 
a padronização de comportamento. Nesse caso, não se trata de um acordo explícito, mas de uma 
concertação tácita (Coelho, 2012).
Já em relação às condutas unilaterais, também merecedoras de ações repressivas pelo Cade, Bagnoli 
(2016) as define como práticas singulares ou restritivas verticais, caracterizadas pelas restrições impostas 
em mercado de origem, por produtores ou ofertantes de bens ou serviços sobre os mercados verticalmente 
relacionados ao longo da cadeia produtiva. O autor acentua que elas implicam a criação de mecanismos 
para excluir os concorrentes, seja pela criação de barreira à entrada, seja pela elevação  dos custos 
dos competidores, seja pelo exercício coordenado de poder de mercado entre agentes.
As condutas mais comuns incluem a fixação de preços de revenda, as restrições territoriais e de base 
de clientes, os acordos de exclusividade, a recusa de negociação, a venda casada e a discriminação de 
preços. A Lei n. 12.529/2011 estabelece um rol exemplificativo de condutas que podem ser caracterizadas 
como unilaterais, conforme previsto nos incisos III a XIX do § 3º do art. 36 da referida lei:
III – limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado;
IV – criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao 
desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou 
financiador de bens ou serviços;
V – impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, 
equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição;
VI – exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos 
meios de comunicação de massa;
VII – utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros;
VIII – regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para 
limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção 
de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados 
à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição;
IX – impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e 
representantes preços de revenda, descontos, condições de pagamento, 
quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras 
condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;
69
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
X – discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio 
da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda 
ou prestação de serviços;
XI – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições 
de pagamento normais aos usos e costumes comerciais;
XII – dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações 
comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte 
em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou 
anticoncorrenciais;
XIII – destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários 
ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de 
equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los;
XIV – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial 
ou intelectual ou de tecnologia;
XV – vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do 
preço de custo;
XVI – reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a 
cobertura dos custos de produção;
XVII – cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa 
causa comprovada;
XVIII – subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização 
de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro 
ou à aquisição de um bem; e
XIX – exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, 
intelectual, tecnologia ou marca (Brasil, 2011).
A partir da análise do dispositivo mencionado, é possível constatar que as condutas unilaterais podem 
se configurar por meio de diversos comportamentos isolados ou práticas restritivas verticais. A  seguir, 
analisaremos as condutas mais comuns, embora outras também possam ocorrer:
• Fixação de preços de revenda: o produtor estabelece, por meio de contrato, o preço (mínimo, 
máximo ou rígido) a ser praticado pelos distribuidores/revendedores. Trata-se de uma modalidade 
de restrição vertical, pois envolve agentes econômicos que atuam em diferentes fases da cadeia de 
produção e circulação, como franqueador e franqueado, concedente e concessionário, ou 
distribuidor e revendedor.
70
Unidade I
• Restrições territoriais e de base de clientes: o produtor impõe restrições quanto à área de 
atuação dos distribuidores/revendedores, limitando a concorrência e dificultando a entrada em 
diferentes regiões.
• Acordos de exclusividade: os compradores de um determinado bem ou serviço se comprometem 
a adquiri-lo com exclusividade de um determinado vendedor (ou vice-versa), ficando proibidos de 
comercializar os bens dos concorrentes.
• Recusa de negociação: o fornecedor ou comprador, ou um conjunto de fornecedores ou 
compradores, de determinado bem ou serviço estabelece unilateralmente as condições em que 
estará disposto a negociar, geralmente com um distribuidor/revendedorou fornecedor, muitas 
vezes criando uma rede própria de distribuição/revenda ou fornecimento.
• Venda casada: o ofertante de um determinado bem ou serviço impõe a condição de que, para a 
venda de um produto, o comprador também adquira outro bem ou serviço.
• Discriminação de preços: o produtor utiliza seu poder de mercado para fixar preços diferentes para 
o mesmo produto ou serviço, discriminando compradores individuais ou grupos de compradores 
para se apropriar de uma parcela do excedente do consumidor, elevando seus lucros.
O Cade (2024) criou o Guia V+: guia de análise de atos de concentração não horizontais, para 
analisar as operações que envolvam atos de concentração não horizontais (verticais e conglomerais) 
entre empresas.
No que tange à cartelização ou formação de cartel, a Cartilha do Cade (2016a, p. 14) o define como:
Cartel é qualquer acordo ou prática concertada entre concorrentes para fixar 
preços, dividir mercados, estabelecer quotas ou restringir produção, adotar 
posturas pré-combinadas em licitação pública, ou que tenha por objeto 
qualquer variável concorrencialmente sensível. Os cartéis, por implicarem 
aumentos de preços e restrição de oferta e nenhum benefício econômico 
compensatório, causam graves prejuízos aos consumidores, tornando bens 
e serviços completamente inacessíveis a alguns e desnecessariamente 
caros para outros.
Segundo Forgioni (2016, p. 2019): “as avenças entre empresas concorrentes (que atuam, pois, no 
mesmo mercado relevante geográfico e material) e que visam a arrefecer a competição existente entre 
elas, são denominados cartéis”.
Em síntese, podem ser considerados cartéis os acordos firmados entre concorrentes com o objetivo 
de desestimular ou neutralizar a concorrência entre eles, desde que esses acordos possam gerar um dos 
efeitos tipificados nos incisos do art. 36 da Lei n. 12.529/2011.
71
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Como já mencionado, o cartel é uma prática colusiva que tem diversos objetivos, como a fixação de 
preços, a divisão de mercados e a restrição da produção. Com base na extensão do tema e na importância, 
passaremos a abordar apenas os cartéis de preços.
Há dois tipos de acordos de uniformização de preços, conforme a estrutura do mercado relevante 
em que os agentes atuam: os acordos celebrados por agentes econômicos que têm o mesmo poder 
econômico; e os acordos price leadership (acordos de liderança de preços), em que um agente tem 
poder econômico suficiente para impor sua política de preços aos demais agentes que fazem parte do 
mercado (Forgioni, 2016).
No primeiro caso, o acordo pode ocorrer por intermédio da elevação do preço de determinado 
produto conforme percentual fixo em virtude de acordo entre os concorrentes. No segundo caso, não 
se pode falar em acordo, na medida em que o ato anticoncorrencial é imposto pelo agente econômico 
detentor de maior poder econômico e dependerá da capacidade dos demais agentes de resistir ou não 
para que lhe possa ser imputada conduta infracional (Forgioni, 2016).
Os acordos price leadership relativos à uniformização de preços são motivo de preocupação, porque 
nem sempre se caracterizam como colusão e acarretam responsabilidade para todos os agentes econômicos 
envolvidos. Em alguns casos, pode se tratar de abuso de posição dominante de um agente econômico, na 
medida em que esse agente se impõe como líder em relação aos seus concorrentes, determinando os 
preços que serão praticados, enquanto os concorrentes estarão apenas em uma posição de sujeição.
Uma empresa coagida a participar de um cartel pode denunciá-lo. Segundo o art. 86 da 
Lei n. 12.529/2011, a pessoa jurídica e/ou funcionário que faz parte de um cartel pode celebrar um 
acordo de leniência com o Cade para receber imunidade administrativa e penal, desde que cumpra o 
dever de colaboração e demais requisitos legais, conforme será objeto de estudo posteriormente.
É importante salientar que o alinhamento de preços, por si só, não é indício suficiente que aponte 
a existência de um cartel. São necessários, além de dados econômicos, indícios factuais de que há ou 
houve algum tipo de acordo ou coordenação entre os empresários do setor para aumentar ou combinar 
o preço dos produtos ou serviços ofertados.
O comportamento uniforme ou a existência de price leadership pode não caracterizar necessariamente 
um comportamento colusivo ou abuso de posição dominante. Ao revés disso, pode ser resultado 
de um processo competitivo entre os agentes econômicos, denominado paralelismo consciente pela 
doutrina jurídica.
A economia reconhece que o alinhamento de preços não é considerado colusivo em algumas 
situações. No caso de interdependência dos concorrentes, em que os produtos são homogêneos, as 
tecnologias empregadas são equivalentes e os custos de produção são semelhantes, pressupõe-se que os 
competidores tendem a praticar preços próximos. Em razão dessa interdependência, por exemplo, o pão 
“francês” pode ser vendido nas padarias de uma mesma localidade por preços em geral idênticos, mas 
os padeiros não fecham nenhum acordo objetivando restringir a competição entre eles (Coelho, 2012).
72
Unidade I
Outra situação é a liderança de preços, cujo alinhamento não decorre de cartelização e é estudada 
pela economia. Em segmentos de mercado em que existam uma ou poucas empresas de porte e várias 
menores, a probabilidade é que essas últimas ajustem seus preços com os daquelas, acompanhando os 
aumentos e as reduções (Coelho, 2012).
É necessário comprovar que os agentes econômicos não agiram de forma espontânea ao traçar suas 
estratégias de preços, mas por intermédio de colusão. Não basta o paralelismo de preços, é necessário 
“algo a mais”, que se comprove um plus, ou seja, um elemento adicional capaz de demonstrar que o 
comportamento dos agentes não foi espontâneo (Forgioni, 2016).
Trata-se aqui da aplicação da teoria do “paralelismo plus”. Observe o que acentua Coelho (2012, p. 284):
O paralelismo de preços, em suma, pode indicar a colusão fundada num acordo 
expresso, num acordo tácito (por vezes, chamado de “paralelismo consciente”) 
ou simplesmente o regular funcionamento do mercado. O desafio do direito 
antitruste consiste em distinguir basicamente essas duas últimas hipóteses. 
No enfrentamento dessa questão, considera-se que o paralelismo de preços 
não é indício de cartelização tacitamente estabelecida quando há explicação 
econômica que o justifica como manifestação do regular funcionamento 
do mercado. Em outros termos, para que se configure o ilícito, é necessário 
um plus factor, isto é, um elemento a mais além do paralelismo de conduta 
(Sullivan-Harrison, 1992, p. 125). Essa formulação ficou conhecida como a 
teoria do “algo mais que o paralelismo” ou “paralelismo plus”. Por ela, em 
síntese, do simples fato de concorrentes praticarem preços próximos não deriva 
nenhum ilícito concorrencial se é justificável, sob o ponto de vista econômico, 
o paralelismo, e não há outros elementos caracterizadores de colusão.
A prova da existência de colusão entre os agentes econômicos é difícil de ser obtida. São utilizados 
como meio de provas para se caracterizar e punir cartéis: atas de reuniões, escutas telefônicas, mensagens 
trocadas entre concorrentes etc.
Para descaracterizar qualquer tipo de alinhamento, há situações em que agentes econômicos se 
reúnem sob o pretexto de fazerem parte de associações de classes, mas com o objetivo ilícito de troca de 
informações sensíveis sobre preços, condições de venda e identificação de clientes, aspectos que ferem 
o direito de concorrência.
Para propiciar a obtenção de provas da existência do cartel, também é possível a celebração do 
acordo de leniência, previsto na Lei n. 12.529/2011, mediante a cooperação dos agentes investigados.
A cartelização é considerada a conduta anticoncorrencial mais grave e amplamente reconhecida 
como a mais séria infração à ordem econômica. Segundo dados da OCDE, os cartéis geram um sobrepreço 
estimado entre 10% e20%, quando comparados aos preços praticados em mercados competitivos 
(Cade, 2022).
73
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
 Saiba mais
Aprofunde seus conhecimentos sobre acordos com a leitura do artigo 
indicado a seguir:
FERRAZ, D. A. Acordos horizontais, acordos verticais e a jurisprudência 
norte-americana e europeia sobre a matéria. Revista de Direito Internacional, 
Brasília, v. 9, n. 2, p. 149-160, jul./dez. 2012. Disponível em: https://shre.ink/eqLn. 
Acesso em: 28 maio 2025.
 
4.2.2 Noções sobre o processo administrativo no Cade
O Cade exerce o controle preventivo e repressivo para garantir a livre concorrência.
O controle preventivo é exercido na análise dos atos de concentração econômica, ao passo que 
o controle repressivo ocorre a partir das condutas tipificadas nos incisos do § 3º do art. 36 da Lei n. 
12.529/2011 como infrações contra a ordem econômica. Seu objetivo é coibir os efeitos reais ou potenciais 
de práticas anticoncorrenciais que visem à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao 
aumento arbitrário dos lucros.
A apuração das condutas tipificadas como infrações da ordem econômica pode ser realizada por 
meio de inquérito administrativo, instaurado pela SG, nos termos do art. 66 da Lei n. 12.529/2011, ou 
mediante a abertura de processo administrativo, se houver indícios suficientes de infração.
A instauração de inquérito administrativo poderá ocorrer de ofício, por meio de representação exibida 
por qualquer interessado, ou a partir de peças de informação, quando os indícios de infração à ordem 
econômica não forem suficientes para a abertura de processo administrativo (Brasil, 2011, art. 66, § 1º).
Também poderá ser instaurado inquérito administrativo ou processo administrativo por meio de 
representação do Congresso Nacional, ou de qualquer uma de suas casas, assim como da Seae/MF, das 
agências reguladoras e da Procuradoria Federal especializada junto ao Cade.
A instauração de inquérito administrativo por representação formulada por interessado pode resultar 
em três procedimentos (Forgioni, 2016):
• Procedimento preparatório de inquérito administrativo: caso haja dúvida sobre a competência 
do Cade para tratar da conduta analisada, a SG poderá instaurar procedimento preparatório 
(Brasil, 2011, art. 66, § 2º).
• Inquérito administrativo: quando não houver indícios suficientes de infração à ordem econômica 
para a abertura de processo administrativo, a SG poderá instaurar inquérito administrativo (Brasil, 
2011, art. 66, § 1º).
74
Unidade I
• Abertura de processo administrativo: na hipótese de indícios suficientes de infração à ordem 
econômica, a SG determinará imediatamente a abertura de processo administrativo.
Em relação ao despacho que determinar o arquivamento do procedimento preparatório, indeferir o 
requerimento de abertura de inquérito administrativo ou seu arquivamento, cabe recurso de qualquer 
interessado ao superintendente-geral no prazo de cinco dias úteis, contados a partir da ciência da 
decisão (Cade, 2021, arts. 139, § 4º, e 144).
O inquérito administrativo deverá ser encerrado no prazo de 180 dias, contados da data de sua 
instauração, prorrogáveis por até 60 dias, por meio de despacho fundamentado e quando o fato for de 
difícil elucidação e o justificarem as circunstâncias do caso concreto (Brasil, 2011, art. 66, § 9º).
No caso dos processos de apuração de infrações à ordem econômica, os procedimentos preparatórios 
e inquéritos administrativos podem tramitar em sigilo, no interesse das investigações e a critério da SG.
Após o encerramento do inquérito administrativo, a SG dispõe do prazo de até 10 dias úteis, 
contados a partir da data do encerramento, para decidir sobre a instauração do processo administrativo 
ou seu arquivamento.
O tribunal do Cade poderá, mediante provocação de um conselheiro e em decisão fundamentada, 
avocar o inquérito administrativo ou o procedimento preparatório de inquérito administrativo arquivado 
pela SG. Requisitado o inquérito administrativo, o conselheiro relator, no prazo de 30 dias úteis, poderá: 
confirmar a decisão de arquivamento da SG ou transformar o inquérito em processo administrativo, 
determinando a realização de instrução complementar, podendo solicitar à SG que a conduza (Brasil, 
2011, art. 67, §§ 1º e 2º).
O processo administrativo, conforme fixado no art. 69 da Lei n. 12.529/2011, é um procedimento em 
contraditório, cujo objetivo é assegurar ao acusado o direito à ampla defesa em relação às conclusões 
do inquérito administrativo.
Após a instauração do processo administrativo, o representado terá o prazo de 30 dias para apresentar 
sua defesa e especificar as provas que deseja produzir, incluindo a qualificação completa de até três 
testemunhas (Brasil, 2011, art. 70).
Concluída a instrução processual, a SG notificará o representado para destacar novas alegações 
no prazo de cinco dias úteis. Em até 15 dias úteis após o término do prazo para novas alegações, a SG 
enviará os autos do processo ao presidente do tribunal, emitindo um relatório circunstanciado com sua 
recomendação pelo arquivamento ou pela configuração da infração.
Remetido o processo ao tribunal do Cade, o seu presidente o distribuirá, por sorteio, ao conselheiro 
relator, que poderá determinar novas diligências e solicitar à SG que as realize. Concluídas as diligências, 
o conselheiro relator notificará o representado para, no prazo de 15 dias úteis, apresentar alegações 
finais. Depois, o processo será incluído em pauta de julgamento por solicitação do conselheiro relator.
75
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Nos termos do art. 79 da Lei n. 12.529/2011, a decisão do tribunal será fundamentada e conterá, no 
caso da existência de infração à ordem econômica, os seguintes aspectos:
I – especificação dos fatos que constituam a infração apurada e a indicação 
das providências a serem tomadas pelos responsáveis para fazê-la cessar;
II – prazo dentro do qual devam ser iniciadas e concluídas as providências 
referidas no inciso I;
III – multa estipulada, sua individualização e dosimetria;
IV – multa diária em caso de continuidade da infração;
V – as demais sanções descritas na Lei n. 12.529, de 2011, se for o caso;
VI – multa em caso de descumprimento das providências estipuladas, se 
for o caso; e
VII – o prazo para pagamento da multa e para cumprimento das demais 
obrigações determinadas.
Parágrafo único. A decisão do Tribunal será publicada dentro de 5 (cinco) 
dias úteis no Diário Oficial da União (Brasil, 2011).
76
Unidade I
 Resumo
Vimos nesta unidade que a economia estuda a satisfação das necessidades 
humanas, que são ilimitadas, em virtude da escassez de recursos. No Brasil, a 
economia é predominantemente capitalista e de mercado, sendo regulada 
pelas leis de oferta e demanda.
Existem quatro tipos de mercados: concorrência perfeita, monopólio, 
oligopólio e concorrência monopolística. No mercado de fatores de 
produção, existem estruturas como o monopsônio e o oligopsônio, que 
podem afetar negativamente os consumidores.
Estudamos que o Cade é o órgão responsável por zelar pela livre 
concorrência entre as empresas, atuando no combate a abusos do poder 
econômico. Por sua vez, a Lei n. 12.529/2011 estabelece as sanções aplicáveis 
às práticas que configuram infrações à ordem econômica.
O poder econômico é natural em uma economia de livre concorrência, 
mas se torna ilícito quando seu uso prejudica a competição. A CF reprime o 
abuso de poder econômico, focando em condutas que visam à dominação do 
mercado. Por sua vez, o Cade analisa atos de concentração econômica, como 
fusões, aquisições e incorporações, para evitar prejuízos à concorrência. 
A Lei n. 12.529/2011 institui o controle prévio dos atos de concentração 
econômica no Brasil.
Acentuamos, ainda, que as infrações econômicas incluem atos que 
limitam a concorrência, dominam mercados ou aumentam lucros de forma 
arbitrária. O Cade aplica sanções cabíveis, como multas e outras penalidades. 
O objetivoé garantir um ambiente de mercado equilibrado, protegendo a 
concorrência e os consumidores. O Cade trabalha para prevenir práticas 
anticoncorrenciais e promover a livre concorrência. Além disso, utiliza 
conceitos como mercado relevante, posição dominante e poder de mercado 
para analisar os atos de concentração.
Por fim, vimos que o acordo em controle de concentração (ACC) é uma 
ferramenta para mitigar possíveis efeitos anticompetitivos. O Cade também 
fiscaliza condutas no mercado, investigando e punindo práticas que afetam 
a ordem econômica. As decisões do órgão são tomadas de forma técnica e 
colegiada, objetivando garantir a livre concorrência no mercado.
77
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
O que é a concorrência e qual é a sua importância?
Diariamente, diversos consumidores e ofertantes negociam produtos e serviços em ambientes 
denominados como “mercados”. Para os primeiros, o nível de satisfação ou bem-estar advindo do consumo 
de determinado bem ou serviço orienta sua disposição a demandar (comprar). Para os segundos, os custos 
dos recursos empregados para se constituir esse produto ou serviço orienta sua disposição a ofertar 
(vender). A concorrência é o processo pelo qual, por um lado, diferentes consumidores disputam entre si 
pela aquisição de determinado produto ou serviço e, por outro, diferentes fornecedores de um bem ou 
serviço tentam conquistar a preferência dos consumidores. Os meios empregados nesse processo são os 
preços, a qualidade do produto ou serviço e a inovação. Portanto, por meio da concorrência, os agentes 
econômicos empregariam o máximo esforço possível para alcançar seus objetivos, o que contribuiria 
para a obtenção de uma máxima utilidade ou bem-estar, sem desperdício dos recursos econômicos, que 
são finitos.
Em síntese, a livre concorrência maximiza o bem-estar social, na medida em que aumenta a eficiência 
alocativa, a eficiência produtiva e a capacidade de inovação dos mercados.
A eficiência alocativa é alcançada quando a produção de bens ou serviços (em qualidade e 
quantidade) atende aos desejos dos consumidores, refletindo a exata proporção dos preços que estes 
estão dispostos a pagar. Assim, reduz-se a chance de os preços e/ou serviços produzidos não serem de 
interesse do consumidor.
A eficiência produtiva diz respeito à capacidade de produzir e de distribuir a custos mínimos. Dessa 
forma, a pressão contínua decorrente da concorrência dos agentes econômicos incentiva os produtores 
a reduzir custos e, consequentemente, a praticar preços menores, sob pena de perderem clientes para 
outros negócios mais eficientes.
Por fim, o processo de adequação às preferências do consumidor representa o incentivo necessário 
para que os agentes econômicos invistam em pesquisa e tecnologia, de forma a melhorar os seus 
produtos e serviços.
Adaptado de: https://shre.ink/e3Eo. Acesso em: 28 maio 2025.
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta.
78
Unidade I
I – A concorrência nos mercados leva à maximização do bem-estar social ao aumentar a eficiência 
alocativa, a eficiência produtiva e a capacidade de inovação, o que possibilita aos agentes econômicos 
melhorar os produtos e reduzir os custos.
II – A eficiência produtiva no mercado é alcançada quando os consumidores determinam os custos de 
produção e os fornecedores ajustam seus preços de acordo com a disposição de pagamento dos compradores.
III – A concorrência no mercado sempre reduz a qualidade dos produtos, uma vez que os produtores 
se concentram exclusivamente na redução de custos para manter os preços baixos.
É correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com o texto, a concorrência contribui para o bem-estar social ao aumentar 
a eficiência no uso dos recursos (alocativa), na redução de custos (produtiva) e ao estimular a inovação, 
o que resulta em produtos e serviços melhores e mais acessíveis.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a eficiência produtiva depende da capacidade de os produtores reduzirem os custos de 
produção sem comprometer a qualidade. A influência dos consumidores no mercado se dá por meio da 
demanda, mas eles não determinam diretamente os custos de produção.
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a concorrência pode pressionar os produtores a reduzir custos, mas isso não leva 
necessariamente à redução da qualidade; pelo contrário, ela também incentiva os produtores a 
melhorar a qualidade dos produtos e serviços, por meio da pesquisa e da inovação, para se manterem 
competitivos no mercado.
79
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Questão 2. A respeito do tema estruturas de mercado, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I – A concorrência perfeita resulta em preços eficientes para os consumidores, visto que os produtos 
são homogêneos e os consumidores têm total informação sobre o mercado.
porque
II – Essa forma de mercado garante lucros elevados para as empresas, visto que elas podem praticar 
preços acima do custo marginal sem perder clientes.
É correto afirmar que:
A) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção justifica a primeira.
B) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda asserção não justifica a primeira.
C) A primeira asserção é verdadeira, e a segunda asserção é falsa.
D) A primeira asserção é falsa, e a segunda asserção é verdadeira.
E) As duas asserções são falsas.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das asserções
I – Asserção verdadeira.
Justificativa: em um mercado de concorrência perfeita, os produtos são homogêneos (sem 
diferenciação) e os consumidores têm acesso a todas as informações necessárias sobre preços e 
características, o que leva à alocação eficiente de recursos e à prática de preços mais baixos.
II – Asserção falsa.
Justificativa: em um mercado de concorrência perfeita, as empresas não podem praticar preços acima 
do custo marginal sem perder clientes, já que há muitas empresas ofertando produtos homogêneos e os 
consumidores podem facilmente mudar para outra empresa que pratique um preço mais baixo.jurídico-econômicos na análise dos atos de 
concentração);
• sua atuação nos atos de concentração (controle preventivo, critério de submissão e gun jumping);
• análise dos atos de concentração (aprovação e reprovação e acordos em controle de 
concentração (ACC);
• poder econômico e abuso de poder;
• infrações da ordem econômica (condutas concertadas, unilaterais, cartelização e noções sobre o 
processo administrativo no Cade).
Na unidade II, apresentamos:
• o controle repressivo do Cade (sanções por infração da ordem econômica, medidas preventivas e 
compromisso de cessação e acordo de leniência e delação premiada);
• a defesa da concorrência (origem do direito concorrencial no Brasil, livre-iniciativa e livre 
concorrência na Constituição Federal de 1988 (CF) (Brasil, 1988), a relação entre os princípios e a 
legislação antitruste);
10
• as agências reguladoras e as relações de concorrência (conceito, características e as principais 
agências reguladoras no Brasil);
• a atuação indireta do Estado na regulação (agências reguladoras e o incentivo à concorrência, 
defesa da concorrência e a proteção ao consumidor);
• a Lei n. 9.019/1995, destacando o acordo antidumping (AAD), o de subsídios e direitos compensatórios, 
o Gatt, a OMC, a AAD, o acordo de subsídios e medidas compensatórias (ASMC) e os procedimentos 
administrativos para imposição de medidas de defesa).
Bom estudo!
11
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Unidade I
1 ESTRUTURAS DE MERCADO
1.1 Mercado: estruturas e mecanismos básicos
Antes de analisarmos o mercado e suas várias estruturas, convém trazer alguns conceitos da ciência 
econômica para compreender melhor como os mercados estão organizados.
A economia é uma ciência social que se preocupa em estudar o modo como a sociedade administra 
os recursos produtivos escassos (mão de obra, terra, capital, matéria-prima e outros) na produção de 
bens e serviços e a forma de distribuição desses recursos entre os membros da sociedade, com o objetivo 
de satisfazer às necessidades humanas ilimitadas.
A escassez é um problema existente em todas as sociedades: se os recursos ou fatores de produção 
são escassos, as necessidades humanas são ilimitadas e se renovam constantemente.
Dessa forma, o papel da economia é contribuir para melhorar a afetação dos recursos produtivos, a fim 
de permitir o seu aprimoramento, a redução dos custos operacionais e a maximização da lucratividade.
Com a escassez dos recursos produtivos em contraposição às necessidades humanas ilimitadas, 
surgem alguns problemas econômicos fundamentais: o que e quanto produzir? Como produzir? Para 
quem produzir?
Em relação aos problemas econômicos fundamentais que surgem a partir da escassez dos fatores de 
produção, Vasconcellos e Garcia (2014, p. 22) explicam:
 
• O que e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, 
a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades 
de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas 
quantidades a serem fabricadas.
• Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de 
produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado 
o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes 
produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. 
Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele 
que tiver o menor custo de produção possível.
12
Unidade I
• Para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus 
membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. 
A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda 
nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos 
salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas 
também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela 
se transmite por herança (Vasconcellos; Garcia, 2014, p. 22).
A resposta a essas três perguntas fundamentais dependerá do tipo de organização econômica 
aplicada, ou seja, do sistema econômico adotado pelo país.
 Observação
O sistema econômico é o modo como uma sociedade organiza a produção, 
a distribuição e o consumo de bens e serviços buscando melhorar o padrão 
de vida e o bem-estar. Assim, pode-se definir um sistema econômico como 
a forma política, social e econômica como uma sociedade se organiza 
(Vasconcellos; Garcia, 2014).
Os sistemas econômicos podem ser classificados em: sistema de economia de mercado ou capitalista; 
sistema de economia centralizada ou planificada, defendida pelo modelo socialista; e sistema econômico misto.
O sistema de economia de mercado é regido pelas leis de mercado (oferta x demanda), predominando 
a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção; no sistema de economia centralizada 
ou socialista, as decisões econômicas são tomadas por um órgão central de planejamento, e a propriedade 
dos meios de produção (capital, matéria-prima, terra, prédios, bancos e outros) é pública.
Atualmente, nenhum país adota uma economia centralizada de forma pura, mas um sistema misto, 
em virtude da ascensão do sistema capitalista e da globalização econômica, algo que contribuiu para a 
abertura econômica de alguns países, mesmo que de forma mais limitada.
Apesar de todos os esforços, não há um sistema econômico perfeito, e, mesmo em um sistema 
capitalista, com alto grau de liberdade econômica, haverá falhas.
O mercado, por sua vez, pode ser entendido como uma forma de intercâmbio entre compradores e 
vendedores por meio da qual são realizadas a compra e a venda de bens e serviços (Troster; Morcillo, 1994).
A palavra mercado vem do latim mercatus. No direito romano antigo, designava o local em que 
mercadores e consumidores se encontravam para realizar as trocas comerciais, identificando-se, 
portanto, com a ideia de local físico.
Com a globalização econômica e os avanços tecnológicos, as transações comerciais evoluem em 
escala mundial, e o resultado é uma ampliação do conceito de mercado, para designar transações 
comerciais e financeiras que são realizadas em comum pelos agentes econômicos, independentemente 
do local, com o propósito de incluir também os mercados virtuais.
13
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
O funcionamento da economia de mercado está baseado na lei da oferta e da demanda, ou seja, 
por empresários que querem vender determinados produtos e por consumidores que desejam comprar.
A procura ou demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que o consumidor 
deseja adquirir, enquanto a oferta envolve as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao 
mercado, ambas em determinado espaço de tempo.
A quantidade que o consumidor deseja adquirir de um bem, em um dado período, dependerá 
primeiramente do preço. Quanto maior for o preço do bem, menor será a quantidade que o indivíduo 
desejará adquirir. A demanda também depende de outras variáveis, como o preço dos outros bens, a 
renda do consumidor e as preferências e os hábitos dele.
Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores, entre eles, de seu próprio 
preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das metas ou dos objetivos dos empresários. Quanto 
mais baixos forem os preços, ou seja, quando forem suficientes apenas para cobrir os custos de produção, 
menor será a oferta; porém, se aumentar o preço, aumentará também a quantidade ofertada.
Em um mercado livre e competitivo, o preço de um bem tende a ser definido pelo equilíbrio entre a 
oferta e a demanda. Assim, a quantidade produzida será igual à quantidade demandada.
A relação entre demanda e oferta de mercado define o preço e a quantidade de equilíbrio de um 
determinado bem ou serviço. O preço e a quantidade, por seu turno, dependerão da forma ou estrutura de 
um mercado, isto é, se ele é competitivo, com muitas empresas produzindo um produto, ou concentrado 
em poucas ou em uma única empresa (Vasconcellos; Garcia, 2014).
Nem sempre a relação entre oferta e demanda encontraráo seu ponto de equilíbrio, podendo 
haver excesso de demanda ou de oferta, mas se houver competição entre os consumidores e entre os 
ofertantes, haverá uma tendência natural no mercado para chegar ao equilíbrio.
No entanto, pode haver pressões ou interferências de agentes econômicos que têm poder para afetar 
o preço de mercado (Vasconcellos; Garcia, 2014), resultando em estruturas de mercado imperfeitas.
Dessa forma, o mercado deve ser analisado a partir de certas estruturas de mercado, que captam 
aspectos relevantes sobre como os mercados estão organizados, permitindo a criação de determinados 
modelos (Troster, 2014). Cada estrutura destaca aspectos importantes da relação entre oferta e demanda.
Com base na análise das estruturas de mercado, é possível avaliar os efeitos da oferta e da demanda, 
tanto no mercado de bens e serviços (concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência 
imperfeita ou monopolística), como no mercado de fatores de produção (monopsônio e oligopsônio).
A estrutura de mercado é estudada a partir da economia e é um conceito fundamental para descrever 
a organização e o comportamento das empresas em um determinado setor. Ela está relacionada a certas 
características e condições que são vitais para definir como as empresas interagem, competem entre si, 
influenciam os preços e a oferta de bens e de serviços.
14
Unidade I
A compreensão das estruturas de mercado é essencial para analisar o funcionamento e o desempenho 
econômico de um setor, permitindo a adoção de decisões estratégias e de políticas de regulação e 
fiscalização da concorrência.
A concorrência representa a ideia de disputa ou competição entre empresários com o objetivo de 
conquistar parcelas do mercado e maximizar seus lucros. É justamente por meio dessa dinâmica que se 
torna possível coibir abusos, exigindo, em certos casos, a intervenção do Estado para regular e reorganizar 
estruturas de mercado consideradas anticompetitivas. Na realidade, o direito concorrencial não busca 
proteger o mercado em si, mas sim preservar a concorrência como valor fundamental (Salomão Filho, 
2013). Para isso, intervém, sempre que necessário, nas estruturas econômicas, a fim de evitar o domínio 
de mercado por meio de formas organizacionais imperfeitas.
Vasconcellos e Garcia (2014), ao proporem uma discussão sobre as diversas formas de mercado, 
afirmam que:
 
As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente 
de três características:
a) número de empresas que compõem esse mercado;
b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou 
diferenciados);
c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse 
mercado (Vasconcellos; Garcia, 2014, p. 91).
Ao ponderar essas características, é possível analisar os diversos tipos de mercado onde se disputa a 
concorrência entre os agentes econômicos, conforme estudaremos a seguir.
1.1.1 Concorrência perfeita
Os mercados perfeitamente competitivos ou de concorrência perfeita correspondem a um modelo 
idealizado dos mercados de bens e serviços. Trata-se de uma explicação meramente teórica de como 
os mercados atuariam e de como os agentes em regime de concorrência pura agiriam (Bagnoli, 2013).
O modelo de concorrência perfeita é aquele no qual existem muitos vendedores e muitos compradores, 
de modo que nenhum deles, isoladamente, consegue afetar a oferta, tampouco o preço de equilíbrio do 
produto ou serviço (Troster; Morcillo, 1994).
Esse modelo de mercado é considerado ideal, mas na prática não é passível de ser atingido em 
sua plenitude, em razão do grande número de vendedores e compradores, todos de porte pequeno e, 
portanto, incapazes de influenciar o preço de produtos ou serviços e a atuação de outros competidores. 
Se uma empresa nessas condições aumentasse seus preços, perderia seus compradores, que procurariam 
15
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
outro fornecedor; ou se reduzisse demasiadamente os preços, não teria como manter os custos de 
produção, o que implicaria prejuízos (Bagnoli, 2013).
Nos mercados perfeitamente competitivos devem prevalecer algumas condições, tais como 
(Spínola, 2013):
• Existência de muitos vendedores e compradores (todos de porte pequeno): essa característica 
também é chamada de mercado atomizado, como átomos. Isso significa que cada decisão individual 
deles pouco ou nada interferirá sobre o mercado como um todo.
• Os produtos são homogêneos: todas as empresas oferecem um produto semelhante, ou seja, 
não há diferença de embalagem e qualidade nesse mercado.
• Transparência dos mercados: os participantes do mercado têm acesso a todas as informações 
relevantes, ou seja, conhecem os preços, os custos, a qualidade etc.
• Livre entrada e saída de empresas (mobilidade): todas as empresas participantes poderão 
entrar e sair do mercado de forma imediata. Não há barreiras para o ingresso de competidores no 
mercado. Por exemplo, se uma empresa está produzindo agasalhos esportivos e não tem lucro, 
desistirá de produzir o bem e começará a criar outros bens mais lucrativos.
• A empresa é tomadora de preços (price taker): o preço de mercado é um dado fixado pelas 
empresas e pelos consumidores.
• Racionalidade: os empresários sempre maximizam o lucro e os consumidores maximizam a 
satisfação ou utilidade derivada do consumo. Assim, os agentes agem racionalmente.
Quando todas essas condições estiverem presentes, estaremos diante de um mercado de 
concorrência perfeita.
Outro fator importante na concorrência perfeita diz respeito aos lucros, que não serão os mesmos 
entre as empresas. Existe a presunção de que as empresas de um mercado adotam a mesma tecnologia, 
assim, em um curto período, as instalações fixas também serão diferentes entre elas, de modo que os custos 
e os lucros também o serão. Além disso, a longo prazo, não existe expectativa de lucros extraordinários, 
ou seja, quando as receitas superam os custos, mas apenas os lucros normais, que representam a 
remuneração do empresário. Na concorrência perfeita, como o mercado é transparente, os lucros obtidos 
pelas empresas mais eficientes serão notados pelas entidades de outros mercados ou setores e, com isso, 
atrairá novas organizações para o mercado, já que inexistem barreiras ao acesso de novos competidores. 
Assim, com o ingresso de novos competidores, haverá o aumento da oferta de mercado e os preços cairão, 
influindo também nos lucros extras, que poderão findar (Vasconcellos; Garcia, 2014).
Se as empresas pretendem obter lucros mais expressivos, devem desenvolver ao máximo a tecnologia, 
incorporando novas técnicas produtivas. Portanto, para obter mais lucro na concorrência perfeita, elas 
deverão buscar eficiência, por meio do melhor aproveitamento dos fatores produtivos e da modernização 
16
Unidade I
tecnológica para reduzir de forma expressiva o seu custo à medida que aumente a produção (Troster; 
Morcillo, 1994).
Na realidade, não é comum a existência da concorrência perfeita, já que os concorrentes sempre 
encontrarão maneiras de quebrá-la, pois sempre que uma empresa detiver controle sobre os preços 
poderá exercer influência sobre eles e consolidar sua posição individual no mercado. 
1.1.2 Monopólio
Opondo-se aos mercados perfeitamente competitivos ou de concorrência perfeita, encontramos os 
imperfeitamente competitivos, como é o caso do monopólio, que, embora permita a existência de algum 
tipo de concorrência entre produtores, carece das circunstâncias ideais da concorrência perfeita.
A expressão monopólio vem do grego monos, “um”, e polein, “vender”, ou seja, “um para vender”. Ele 
é caracterizado pela atuação de uma empresa ofertante de um produto ou serviço no mercado que tem 
plena capacidade de fixar o preço.
A empresa monopolista, por ser a única a ofertar o produto ou serviço no mercado, determina o preço 
de equilíbrio, de acordo com sua capacidade de produção. Se ela elevar a oferta, o preço de mercado 
diminuirá; se reduzir a oferta, o preço aumentará (Vasconcellos;Garcia, 2014). Isso não significa que 
ela estará livre para aumentar os preços em demasia, já que poderá pesar muito para uma parcela dos 
consumidores, que deverão reduzir ou até abandonar o consumo, dependendo do produto ou serviço.
O monopólio não se aplica unicamente àquelas empresas que detêm 100% do mercado, mas também 
a situações em que um dos produtores detém parcela significativa do mercado, por exemplo 50%, e 
seus concorrentes são todos pequenos, incapazes, qualquer um deles, de influenciar o preço de mercado 
(Salomão Filho, 2013).
Nesse mercado, a diferenciação entre os produtos e a constituição de uma rede de compradores 
constantes permite ao produtor uma condição mais favorável, diferente daquela que teria se os seus 
produtos ou serviços concorressem diretamente com os de outros vendedores. Como resultado, o 
preço praticado pode ser maior do que de fato seria e ainda ocorrer uma limitação na produção ou 
comercialização do bem ou produto.
Embora esse modelo não seja perfeito, não se pode punir uma empresa que conquistou seus 
compradores pela qualidade do produto e tem um preço mais elevado no mercado. Tal situação deve ser 
tolerada, desde que a empresa monopolista não se valha de práticas anticoncorrenciais para manter sua 
posição dominante no mercado.
Nos mercados imperfeitamente competitivos, como é o caso do monopólio, a concorrência entre 
os agentes econômicos não ocorre de forma natural, mas deve ser impulsiona pelo Estado, que deverá 
estimular a competição, regular e fiscalizar a atuação dos participantes no mercado para evitar práticas 
anticoncorrenciais.
17
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Uma estrutura de mercado de monopólio pode se concretizar a partir das seguintes características:
• uma empresa detém parcela substancial da produção do bem ou serviço;
• pode não haver produtos substitutos próximos; 
• existem barreiras à entrada de empresas concorrentes.
Algumas causas podem intervir no surgimento do monopólio, servindo, inclusive, como barreira 
de acesso para novos competidores, como: surgimento de monopólio puro ou natural; concessão de 
patentes; controle de matérias-primas essenciais; e monopólio estatal.
O monopólio puro ou natural pode surgir em um mercado que requer elevado volume de capital. 
Uma empresa que já faz parte desse mercado, em grande dimensão econômica, consegue reduzir de 
forma expressiva o seu custo por unidade de produto à medida que aumenta a produção (Troster; 
Morcillo, 1994). Dessa forma, torna-se muito difícil outra empresa oferecer um preço equivalente ao da 
monopolista, o que gera uma barreira para a entrada de novos competidores nesse mercado.
A concessão de patente é outro fator que pode ocasionar barreiras à entrada de novos competidores 
no mercado, porque enquanto não expirar o prazo de duração da patente, e o direito de exploração não 
cair em domínio público, a empresa titular da patente terá exclusividade na produção do bem.
 Observação
A patente de invenção vigorará por até 20 anos e a de modelo de utilidade, 
por até 15 anos, contados da data do depósito no Instituto Nacional da 
Propriedade Industrial (INPI), conforme determina o art. 40 da Lei n. 9.279/1996.
Dessa forma, enquanto não expirados os prazos, o titular da patente terá direito de exclusividade 
sobre o bem objeto da patente.
Já o controle de matérias-primas indispensáveis à produção de determinado produto pode gerar 
também barreira de acesso ao mercado, a exemplo do controle exercido nas minas de bauxita por 
empresas produtoras de alumínio.
Por sua vez, o monopólio estatal ou institucional ocorre quando somente uma empresa estatal ou 
concessionária privada ou mista tem o controle da oferta de determinados serviços que são considerados 
estratégicos ou de segurança nacional e gozam de proteção legal, como é o caso dos setores de energia, 
comunicação e petróleo. O preço não é fixado pelo mercado nesses setores e eles são marcados pela 
atuação de apenas um agente econômico, que não se vê ameaçado pela concorrência, na medida 
em que essa estrutura, por si só, já se constitui como barreira à entrada de novos competidores no 
mercado. Além da própria estrutura do monopólio, ele se difere da concorrência perfeita no que diz 
respeito aos lucros.
18
Unidade I
No mercado monopolista, como existem barreiras à entrada de novas empresas, os lucros extraordinários 
tendem a persistir a longo prazo; ao contrário da concorrência perfeita, na qual inexiste expectativa de 
lucros extraordinários, mesmo a longo prazo, apenas os lucros normais. O cenário só mudaria com o 
ingresso de novos competidores, quando haveria o aumento da oferta no mercado e a queda nos lucros.
No monopólio, o preço de venda será maior do que na concorrência perfeita, e a quantidade ofertada 
do produto será menor, o que trará prejuízos aos consumidores, que pagarão mais pelo produto ou 
serviço e o terão em menor quantidade.
Para coibir abusos e proteger os consumidores nesses mercados, o Estado deve intervir por meio de 
regulação e fiscalização, conforme será estudado adiante.
1.1.3 Oligopólio
A expressão oligopólio advém do grego oligoi, que significa “poucos”, e polein, “vender”, isto é, 
“poucos para vender”.
Trata-se de uma estrutura de mercado que está posicionada entre a concorrência perfeita e os 
monopólios. Os mercados oligopolizados se caracterizam pela existência de um pequeno número de 
empresas que dominam a oferta de um produto ou serviço, ou, ao contrário, podem existir muitas empresas 
ofertantes, mas poucas com capacidade de dominar o mercado.
O oligopólio tem prevalecido no Brasil, como no mundo ocidental, podendo se configurar na 
indústria de transporte aéreo, farmacêutico, de papel, alimentos, bebidas, entre outros. Nesses mercados, 
as quantidades ofertadas ou os preços podem ser fixados por meio de cartéis ou paralelismo de preços. 
O cartel constitui-se por acordo tácito ou expresso entre um grupo de empresas que visa adotar uma 
política de preços comum e/ou atingir uma maximização conjunta dos lucros (Troster; Morcillo, 1994).
Podem ser considerados cartéis acordos explícitos ou tácitos entre concorrentes do mesmo mercado, 
abrangendo uma parcela substancial do mercado relevante, para controlar preços, quotas de produção, 
distribuição e divisão territorial entre agentes econômicos envolvidos, com a finalidade de aumentar 
preços e lucros concomitantemente para níveis mais próximos dos de monopólio.
Certos fatores estruturais podem contribuir para a formação de cartéis, como alto grau de 
concentração do mercado, imposição de barreiras à entrada de novos competidores e homogeneidade 
de produtos e de custos.
Os mercados oligopolizados exigem uma atuação mais efetiva das autoridades antitrustes na proteção 
da livre concorrência, pois nessa estrutura de mercado pode atuar um pequeno número de empresas 
que ofertam produtos diferenciados ou homogêneos e com a existência de barreiras à entrada de 
novos competidores. Em alguns casos, apesar da pequena quantidade de ofertantes, esse mercado pode 
ser altamente competitivo, mas em outros pode configurar-se uma situação quase de monopólio, por 
intermédio de práticas colusivas (Bagnoli, 2013).
19
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
 Observação
A palavra colusão significa “acordo entre partes com o fim de prejudicar 
e lesar terceiros; conluio”.
Nesse sentido, práticas colusivas podem resultar em conluio, acordo, 
condutas concertadas, decisão de associação que, de alguma maneira, 
afetem a posição de terceiros concorrentes, fornecedores ou consumidores.
Em alguns oligopólios, há uma situação de interdependência econômica entre os vendedores, isto é, 
quando todos os agentes têm uma parcela significativa do mercado, as decisões sobre o preço e a produção 
podem ser interdependentes, porque a decisão de um vai influenciar significativamente a dos demais.
Esse comportamento interdependente entre os agentes econômicos exige uma atuação mais 
perspicaz dos órgãos de defesa daconcorrência, conforme assevera Bagnoli (2013, p. 193):
 
O cuidado para se analisar caso a caso deve ser muito grande, pois poderá 
estar-se diante de um comportamento interdependente entre os agentes, 
que limitam a produção para atingir um preço que seria praticado por um 
monopolista, ou simplesmente numa situação onde se aplicaria a teoria 
dos jogos, em que a estratégia racional de determinado agente se pauta no 
provável comportamento de seu concorrente.
 
Em cada situação devem-se verificar algumas peculiaridades, como a 
ocorrência de se seguir o líder (follow the leader) e a caracterização de um 
“paralelismo de conduta” e sua distinção de um “paralelismo consciente”, tão 
comum em mercados competitivos oligopolizados, e que seria considerado 
anticoncorrencial na incidência da condição plus.
Convém explicar que o primeiro ensaio sobre a teoria dos jogos foi realizado por Cournot a partir 
do estudo do comportamento dos oligopolistas. Em 1950, o matemático norte-americano John Nash 
generalizou a teoria e seu trabalho lhe rendeu o Prêmio Nobel de Economia, resultando no que hoje 
é conhecido como Nash Equilibrium, isto é, na situação de equilíbrio, a estratégia de cada um dos 
jogadores deve ser a melhor resposta para a estratégia do outro.
 Saiba mais
Para compreender melhor a teoria dos jogos, leia:
ABRANTES, M. L. P. A teoria dos jogos e os oligopólios. São Paulo: Multitema, 
2004. Disponível em: https://shre.ink/e3SU. Acesso em: 28 maio 2025.
 
20
Unidade I
Ressalte-se, ainda, que é possível identificar a existência de oligopólios com produtos diferenciados, 
como no caso da indústria de automóveis e cigarros, ou oligopólios com produtos homogêneos, que são 
substitutos perfeitos entre si, como alumínio, cimento e cobre.
Os oligopólios têm certas especificidades, exigindo uma análise mais detalhada em cada caso para 
detectar se existe um comportamento competitivo entre os agentes econômicos ou um paralelismo de 
preços e/ou de condutas de acordos tácitos, muito embora algumas condutas possam ser previsíveis 
nesse modelo de mercado.
1.1.4 Concorrência monopolística
Como o próprio nome já sugere, é uma estrutura de mercado que tem algumas condições da 
concorrência perfeita e do monopólio, subsistindo em uma posição intermediária entre essas duas 
formas, mas não se confundindo com o oligopólio.
Observe a seguir suas principais características:
• Existência de grande número de empresas ofertantes, do mesmo modo que ocorre na concorrência 
perfeita, em que se disputa uma fração da produção total do mercado.
• Cada empresa produz e vende um produto diferenciado, mas com substituto próximo, isto é, na 
maioria dos mercados há essa diferenciação entre os produtos. Exemplificando: não existe um 
tipo homogêneo de perfume, automóvel, vinho etc.
• Existência de livre entrada e saída de empresas, pois inexistem barreiras legais ou de qualquer 
outro tipo que impeçam a entrada e a saída das empresas desse mercado.
Embora essa estrutura tenha um número relativamente grande de empresas, nesse modelo a 
concorrência imperfeita também se faz presente, na medida em que as empresas produzem produtos 
diferenciados, embora com substitutos próximos. Assim, na maioria dos mercados, existem diferentes 
marcas de sabonete, refrigerante, sabão em pó e outros produtos.
Apesar da existência de competição nesse mercado, o fornecedor poderá enfrentar certa dificuldade 
na fixação dos preços, uma vez que pode haver um pequeno poder monopolista que estabeleça o 
preço do produto. Por exemplo, em uma determinada área pode existir grande número de profissionais 
habilitados, porém os mais renomados e especializados podem cobrar preços muito maiores e acima da 
média dos cobrados pelos demais profissionais (Vasconcellos; Garcia, 2014).
Os fatores que podem ocasionar a diferenciação dos produtos são variados, como composição 
química, potência, embalagem, ou pela adoção de estratégias de venda, como marketing, publicidade, 
promoções, atendimento e brindes. Na prática, cada produtor procura diferenciar o seu produto com a 
finalidade de torná-lo insubstituível.
21
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Nessa estrutura, cada empresa tem certo poder na fixação dos preços; no entanto, a existência de 
produtos que podem ser substituídos por outros permite aos consumidores adotar alternativas para 
driblar o aumento de preços.
Assim como na concorrência perfeita, na monopolística prevalece a ideia de que não existem 
barreiras para a entrada de novos competidores no mercado. Por essa razão, a expectativa de lucros 
extraordinários a curto prazo trará novas empresas para esse mercado, mas a longo prazo perceberão 
que só existem os lucros normais.
1.2 Estruturas de mercado de fatores de produção
Foram analisadas as estruturas de mercados de bens e serviços. A partir de agora, estudaremos o 
mercado de compra ou demanda de fatores de produção, que compreende mão de obra, terra, capital 
e tecnologia e apresenta diferentes estruturas. Trata-se do estudo do fenômeno oposto ao poder do 
vendedor, isto é, o poder do comprador.
Conforme explicitado por Vasconcellos e Garcia (2014), o mercado de fatores de produção deriva do 
mercado do produto:
 
Como o mercado de fatores depende da demanda de insumos pelos setores 
produtores de bens e serviços, ou seja, deriva do mercado do produto, a 
demanda por esses fatores é chamada de demanda derivada. Por exemplo, 
como a demanda de autopeças deriva da demanda de automóveis, se 
houver redução da demanda de automóveis, cairá também a demanda por 
autopeças (Vasconcellos; Garcia, 2014, p. 95-96).
O mercado de fatores de produção pode se estruturar na forma de concorrência perfeita, monopólio, 
oligopólio e, ainda, como monopsônio e oligopsônio.
A concorrência perfeita no mercado de fatores pode ocorrer em um mercado no qual há uma oferta 
grande do fator de produção, tornando constante o preço desse fator. Os ofertantes do fator de produção, 
por serem em grande número, não conseguem elevar o preço dos seus serviços. Exemplificando: em um 
mercado de fatores consistente em mão de obra não especializada, se esta for muito elevada, resultará 
na constância do preço desse fator.
O mercado de fatores pode adotar a forma de monopólio, se apenas um único monopolista realiza 
a venda de certo insumo, ou a forma de oligopólio, quando poucas empresas vendem determinado 
insumo. Além dessas duas formas de estruturação do poder, há o monopsônio e o oligopsônio, que 
expressam no campo da demanda o mesmo que o monopólio e o oligopólio representam no campo da 
oferta, conforme será analisado a seguir.
22
Unidade I
1.2.1 Monopsônios
Eles são uma forma inversa ao monopólio. Trata-se de uma estrutura de mercado na qual existem 
apenas um único comprador e inúmeros vendedores. A empresa compradora impõe um preço de compra 
dos fatores de produção, variando apenas a quantidade adquirida.
A compradora pode ser chamada de monopsonista (Bagnoli, 2013), a qual adquire determinados 
fatores de produção para utilizá-los na fabricação de um produto, que posteriormente será repassado 
aos consumidores. Nesse sentido, destaca-se a posição de Bagnoli (2013) sobre o assunto:
 
No caso dos monopsônios e oligopsônios o raciocínio é muito parecido 
com o dos monopólios ou oligopólios, só que o agente monopsionista 
ou oligopsionista detém essa posição em outro patamar da estrutura do 
mercado; no momento de adquirir produtos ou serviços de fornecedores 
para repassar ao consumidor final, e não propriamente no momento da 
oferta do produto ou serviço ao consumidor final.
Entende-se o monopsônio pela atuação de um único agente econômico 
no mercado para adquirir de fornecedores um produto ou serviço para ele, 
monopsionista, oferecer ao consumidor final. Sem a ameaça da concorrência, 
ou, ainda, a possibilidade de os “fornecedores” ofertarem seus produtos ou 
serviços para outros agentes econômicos que atuariam junto ao consumidor 
final, cria-se uma sujeição dos fornecedoresao agente monopsionista. É o 
monopsionista que poderá determinar preços e condições de pagamento 
e, caso o fornecedor não se sujeite a essas determinações, poderá ver 
restringida a oferta de seus produtos ou serviços ao consumidor final 
(Bagnoli, 2013, p. 195).
O monopsônio pode ser explicado como um mercado no qual existe apenas um único comprador 
de determinado insumo para muitos vendedores ou, na condição de uma empresa que se instale em 
uma pequena cidade do interior e, por ser a única, acaba se tornando demandante exclusiva de toda a 
mão de obra da cidade local e das cidades próximas, concentrando para si toda a oferta de mão de obra 
(Vasconcellos; Garcia, 2014).
É importante destacar que o monopsonista não é o consumidor final, mas sim aquele que compra o 
insumo para inseri-lo na cadeia produtiva e, geralmente, não tem interesse em repassar ao consumidor 
os preços menores que obteve pelo insumo adquirido com seu poder no mercado, ao contrário, costuma 
apropriar-se dessa diferença de preço como lucro (Salomão Filho, 2013).
Quanto ao consumidor, podem ocorrer duas situações: se o monopsonista detém poder apenas de 
demanda em relação ao fator de produção e não tem ingerência quando revende o produto; se também 
tem poder no mercado na oferta do produto final. A respeito dessas duas situações, convém trazer à 
tona as explicações de Salomão Filho (2013, p. 202-203):
 
23
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Em uma primeira situação, o monopsonista não detém poder no mercado 
quando revende. Opera em situação de concorrência perfeita. Essa situação 
é mais frequente do que se imagina. Basta, por exemplo, que aquele produto 
tenha larga gama de substitutos no mercado final ou, então, que o próprio 
insumo utilizado tenha muitos substitutos. Em ambos os casos o agente 
econômico pode deter poder como comprador do insumo mas ser apenas 
mais um concorrente na venda do produto final. Ora, havendo concorrência 
perfeita, o preço do produto final é determinado pelo mercado, sendo 
apenas um dado para o produtor [...]. Não há, portanto, qualquer vantagem 
ou desvantagem para o consumidor.
Caso, por outro lado, o monopsonista também tenha poder no mercado na 
venda do produto final, a tendência, ao contrário do que se poderia esperar, 
é o aumento, e não a diminuição de preços. Isso porque, como visto, o custo 
marginal do monopsonista é mais elevado do que para aqueles produtores 
que operam em concorrência perfeita na aquisição de seus insumos.
Depreende-se, assim, que sob o ponto de vista exclusivo do consumidor, deve haver uma preocupação 
do órgão de defesa da concorrência em relação àquelas empresas monopsonistas e que também 
são monopolistas.
No monopsônio também podem haver práticas anticoncorrenciais praticadas contra os interesses 
dos vendedores, na medida em que o comprador tem poder de estabelecer o preço que deseja pagar pelos 
fatores de produção ou, até mesmo, reduzir o preço do produto, subtraindo a quantidade demandada.
1.2.2 Oligopsônios
Caracterizam-se pela existência de poucos compradores que dominam um mercado no qual há 
muitos vendedores. Podemos citar como exemplos:
• quando duas ou três empresas de laticínios adquirem a maior parte do leite dos inúmeros 
produtores rurais de uma determinada região;
• quando existem em determinado mercado algumas indústrias automobilísticas, e esse pequeno 
número compra praticamente todas as peças e acessórios da indústria de autopeças.
Desse modo, os oligopsônios podem se formar a partir de um pequeno número de agentes econômicos 
agindo no mercado como tomadores de serviços ou na aquisição de produtos para inseri-los na cadeia 
produtiva e, posteriormente, repassá-los aos consumidores (Bagnoli, 2013).
No oligopsônio também existe o risco de a empresa, além de oligopsonista, se destacar como 
oligopolista; nessa situação, são maiores as chances de um comportamento paralelo dos oligopsonistas 
na venda de seu produto final. A situação poderá ser agravada quando o agente econômico que atua 
como monopsonista ou oligopsonista também detém a posição de monopolista ou oligopolista. Assim, 
24
Unidade I
teria tal agente o poder de mercado nos dois estágios da cadeia: tanto como adquirente de insumos 
junto aos fornecedores (monopsionista ou oligopsionista), como na venda ou prestação de serviço ao 
consumidor final (monopolista ou oligopolista).
A respeito dos riscos inerentes a essas estruturas de poder, destacam-se as contribuições de Salomão 
Filho (2013, p. 203):
 
Com efeito, como visto nos itens anteriores, elemento-chave para o 
funcionamento da estrutura oligopolista é a transmissão completa e rápida 
de informações sobre preço e quantidade produzida pelos oligopolistas. 
Ora, claramente existindo um oligopsônio, o incentivo para a criação do 
oligopólio é enorme. Para empresas que já encontram meios de se organizar 
para aquisição conjunta de insumos, trocar informações sobre as condições 
de venda do produto final é bastante simples. O “custo da informação” 
é bastante baixo.
A adoção da perspectiva exclusivamente do consumidor importaria excluir das 
preocupações concorrenciais os oligopsônios e monopsônios em que fosse 
possível demonstrar que não há possibilidade de criação de um oligopólio 
ou monopólio e os monopsônios e oligopsônios em geral em que o agente 
econômico fosse o consumidor final. Para um sistema que pretenda impedir 
todas as formas de abuso do poder econômico, seja qual for a vítima desse 
abuso – seja ela o consumidor ou o produtor –, essas situações devem 
também ser objeto de atenção.
A legislação antitruste brasileira, como sistema que pretende coibir todas as estruturas de abuso 
do poder econômico, se aplica aos monopsônios e oligopsônios, já que o poder dos monopsonistas e 
oligopsonistas pode acarretar a prática de condutas anticoncorrenciais contra fornecedores e, ainda, 
contra consumidores, se tais estruturas resultarem também em monopólio e oligopólio.
2 CONTROLE DAS ESTRUTURAS
Passaremos agora a estudar o controle das estruturas de mercado que possam ocasionar atos de 
concentração econômica, seja por intermédio de fusões ou incorporações de empresas, pela constituição 
de sociedade para exercer o controle de empresas ou qualquer forma de agrupamento societário que 
gere a participação da empresa ou grupo de empresas.
No tópico a seguir também será analisada a atuação da autoridade antitruste, que tem poder para 
impor restrições aos atos de concentração e, de alguma forma, dificultar ou eliminar a livre concorrência.
25
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
2.1 Cade
2.1.1 Origem e finalidade
O Cade foi oficialmente criado pela Lei n. 4.137/1962, embora já houvesse sido instituído 
anteriormente, em 1945, por meio do Decreto-lei n. 7.666/1945, conhecido como Lei Malaia. Naquela 
época, o órgão recebia o nome de Comissão Administrativa de Defesa Econômica, porém o decreto-lei 
foi revogado no mesmo ano em que entrou em vigor (Aguillar, 2014).
O art. 8º da Lei n. 4.137/1962 estabelecia o Cade com a finalidade de apurar e reprimir os abusos do poder 
econômico. No entanto, essa legislação permaneceu em vigor até a promulgação da Lei n. 8.884/1994, 
mas sem exercer grande relevância prática durante esse período.
Foi com a CF, ao instituir uma nova ordem econômica, que o direito concorrencial passou a ocupar 
posição de destaque. Até então, a atuação do Estado restringia-se a uma função de interventor direto na 
economia, seja por meio de empresas estatais, seja pela fixação de preços. A nova ordem constitucional, 
por sua vez, conferiu ao Estado o papel de agente normativo e regulador da atividade econômica, com 
atribuições voltadas a fiscalização, incentivo e planejamento.
A CF também consagrou a livre-iniciativa como um dos fundamentos da ordem econômica, juntamente 
com a valorização do trabalho humano, e elegeu a livre concorrência como um de seus princípios 
norteadores (Brasil, 1988, art. 170, IV). Além disso, determina que a lei deve reprimir o abusodo poder 
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos 
lucros (Brasil, 1988, art. 173, § 4º).
Nesse contexto, orientada pelos preceitos constitucionais da livre-iniciativa, livre concorrência, 
função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico, 
foi sancionada a Lei n. 8.884/1994, um marco importante na defesa da concorrência no Brasil. Essa 
norma transformou o Cade em autarquia federal, conferindo-lhe maior autonomia e atribuindo-lhe a 
responsabilidade de prevenir e reprimir infrações à ordem econômica, entre outras funções (Bagnoli, 
2013). Até então, o Cade atuava em conjunto com a Secretaria Nacional de Direito Econômico (SNDE), 
conforme previa a Lei n. 8.158/1991.
Apesar de ser denominado conselho, o Cade não tinha, à época de sua criação, nem atualmente, 
as características típicas de um conselho. O órgão opera como um tribunal administrativo de defesa 
econômica, vinculado ao Ministério da Justiça, e é composto por um presidente e seis conselheiros.
A Lei n. 8.884/1994 foi um divisor de águas no direito concorrencial brasileiro, ao conferir ao 
Cade maior autonomia para exercer o controle da concorrência sob dois enfoques principais: atos de 
concentração e condutas anticoncorrenciais. Para exercer essas funções, o Cade atuava ao lado de outros 
órgãos que integravam o SBDC, composto pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), pela Secretaria de 
Acompanhamento Econômico (Seae) e pelo próprio Cade (Aguillar, 2014).
26
Unidade I
Durante a vigência da Lei n. 8.884/1994, entretanto, o número de atos de concentração reprovados 
pelo Cade foi relativamente baixo, o que gerou insatisfação quanto à eficácia do SBDC.
Segundo Aguillar (2014), com base em dados extraídos dos relatórios anuais do Cade, que analisaram 
apenas os casos julgados quanto ao mérito dos atos de concentração, foi possível chegar a resultados 
que evidenciam essa percepção.
 
Excluídos os dados de 1999, o nível de atos de concentração aprovados sem 
restrições é da ordem de 94,4% do total dos casos julgados. O percentual 
de casos em que há restrições é de 4,6% do total de casos julgados. Apenas 
0,8% dos atos de concentração submetidos ao Cade recebe exigência de 
Compromisso de Desempenho. E o percentual de reprovações é de menos 
0,1%, sob o mesmo critério comparativo.
Esses números indicam ou uma grande timidez por parte do Cade na 
apreciação dos casos de concentração empresarial que lhe são submetidos, 
ou, então, que os requisitos do art. 54 da Lei n. 8.884/94 para submissão 
dos atos ao Cade estão muito aquém dos limites desejáveis. O fato é que a 
estrutura montada para a apreciação desses casos, contando com o apoio 
da SDE e da Seae, mais a própria estrutura do Cade, para resultar em apenas 
seis reprovações entre mais de cinco mil atos de concentração, em 16 
anos de trabalho, resulta profundamente ineficiente, na primeira hipótese, 
ou excessiva, na segunda, numa análise à função preventiva do sistema 
(Aguillar, 2014, p. 271-272).
O SBDC acabou sendo reformulado em 2011, pela entrada em vigor da atual Lei n. 12.529/2011. Por 
esse diploma legal, o Cade absorve algumas das competências da SDE e da Seae, passando a instruir os 
processos de análise e julgamento de atos de concentração e as ações de prevenção e de repressão às 
infrações da ordem econômica (Vasconcellos; Garcia, 2014).
Convém destacar que a principal mudança trazida pela Lei n. 12.529/2011 foi a exigência de 
submissão prévia ao Cade das operações de fusões e aquisições de empresas, e não posteriormente, 
como acontecia na vigência da lei anterior.
O art. 4º da Lei n. 12.529/2011, atual legislação que regula a defesa da concorrência no Brasil, dispõe 
que o Cade é uma entidade judicante, com jurisdição em todo o território nacional e constituída como 
autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça. De acordo com a norma, o Cade tem sede e foro no 
Distrito Federal e exerce as competências previstas na referida lei.
 
O Cade, na condição de autarquia, não realiza função jurisdicional, é bom 
lembrar que o nosso sistema não é o francês. Quando lemos “jurisdição” 
devemos pensar em aplicação administrativa da legislação contra o abuso 
de poder econômico, o que não veda a apreciação judicial quando for o caso 
(Masso, 2016, p. 164).
27
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Embora o Cade seja constituído como uma autarquia, ele não tem o status de agência reguladora 
da concorrência, em vez disso, é um órgão de defesa da concorrência. Entre as suas principais 
funções, destaca-se o controle preventivo dos atos de concentração, com a finalidade de evitar efeitos 
anticoncorrenciais no mercado. Além disso, cabe ao Cade julgar e punir, na esfera administrativa, aqueles 
que cometem infrações contra a ordem econômica, e suas decisões não estão sujeitas a recurso perante 
outro órgão administrativo. Também não fazem parte das atribuições do órgão a regulação de preços ou 
a análise dos aspectos penais das condutas que investiga e sua competência não se confunde com 
aquelas desempenhadas pelas entidades de defesa dos consumidores ou dos trabalhadores.
A finalidade do Cade é proteger a livre concorrência no mercado, prevenindo e reprimindo as 
infrações contra a ordem econômica, com base nos ditames constitucionais da livre-iniciativa, 
liberdade de concorrência e outros. Suas atribuições estão definidas pela Lei n. 12.529/2011 e são 
complementadas pelo Regimento Interno do Cade (RiCade – Cade, 2021), aprovado pela Resolução 
n. 32/2021, com atualizações.
A autarquia exerce três funções:
• Preventiva: ao analisar e, em seguida, decidir sobre as fusões, aquisições de empresas, incorporações 
e outros atos de concentração econômica entre grandes empresas que possam expor a risco a 
livre concorrência.
• Repressiva: ao exercer, em todo o território nacional, a investigação e, depois, julgar cartéis e 
outras condutas prejudiciais à livre concorrência.
• Educativa: ao informar o público em geral sobre as diversas condutas que possam ser nocivas à 
livre concorrência, fomentar estudos e pesquisas acadêmicas sobre o assunto, firmar parcerias, 
organizar cursos, palestras, seminários, eventos e editar publicações (Cade, 2016a).
2.1.2 Estrutura e composição
Conforme já analisado, o Cade passou a se constituir como autarquia federal somente a partir da 
Lei n. 8.884/1994, já revogada. Esse diploma legal disciplinava a competência da SDE, do Ministério 
da Justiça, da Seae, do Ministério da Fazenda e do próprio Cade. Esse conjunto de órgãos formava o 
SBDC, regulando e fiscalizando a concorrência no Brasil. Nessa estrutura, competia ao Cade apreciar e 
julgar os atos de concentração submetidos à sua apreciação e os processos administrativos relativos às 
infrações contra a ordem econômica. Tais processos, no entanto, deviam ser instruídos pela SDE e Seae, 
que emitiam pareceres técnicos não vinculativos e que, posteriormente, eram julgados pelo Cade.
Com a revogação da Lei n. 8.884/1994, que ocorreu com a entrada em vigor da Lei n. 12.529/2011, em 
maio de 2012, o SBDC foi reestruturado. O Cade passou também a instruir os processos administrativos 
de análise de atos de concentração e de apuração de infrações contra a ordem econômica, competências 
que antes eram da SDE e da Seae (Masso, 2013).
28
Unidade I
Convém mencionar que houve a extinção da SDE. Em 2018, a Seae foi desmembrada pelo Decreto 
n. 9.266/2018 (já revogado), dando origem à atual Seprac.
O art. 5º da Lei n. 12.529/2011 dispõe que:
 
O Cade é constituído pelos seguintes órgãos:
I – Tribunal Administrativo de Defesa Econômica;
II – Superintendência-Geral; e
III – Departamento de Estudos Econômicos (Brasil, 2011).
De acordo com o art. 6º da Lei n. 12.529/2011, o Tribunal Administrativo de Defesa Econômica 
(Tade) constitui o órgão judicante do Cade, sendo composto por um presidente e seis conselheiros. Esses 
membros devem ser escolhidos entre cidadãos commais de 30 anos de idade, que tenham notório 
saber jurídico ou econômico e reputação ilibada. A nomeação é realizada pelo presidente da República, 
após aprovação pelo Senado Federal. O mandato do presidente e dos conselheiros é de quatro anos, 
não coincidentes, e é vedada a recondução. Trata-se de cargos de dedicação exclusiva, sendo vedada 
qualquer acumulação, exceto nos casos expressamente permitidos pela CF.
O Tade desempenha um papel importante, notadamente no controle repressivo da concorrência, 
funcionando como órgão julgador. Contudo, também realiza controle preventivo, já que zela pela 
observância da lei antitruste. Tem um poder-dever de decidir diante de situações concretas levadas 
à sua apreciação. Fazem parte da competência do plenário do tribunal e estão previstas no art. 9º da 
Lei n. 12.529/2011 os seguintes aspectos:
I – zelar pela observância desta Lei e seu regulamento e do regimento interno;
II – decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e aplicar as 
penalidades previstas em lei; 
III – decidir os processos administrativos para imposição de sanções 
administrativas por infrações à ordem econômica instaurados pela 
Superintendência-Geral;
IV – ordenar providências que conduzam à cessação de infração à ordem 
econômica, dentro do prazo que determinar; 
V – aprovar os termos do compromisso de cessação de prática e do acordo em 
controle de concentrações, bem como determinar à Superintendência-Geral 
que fiscalize seu cumprimento; 
VI – apreciar, em grau de recurso, as medidas preventivas adotadas pelo 
conselheiro relator ou pela Superintendência-Geral; 
29
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
VII – intimar os interessados de suas decisões; 
VIII – requisitar dos órgãos e entidades da administração pública federal e 
requerer às autoridades dos Estados, Municípios, do Distrito Federal e dos 
Territórios as medidas necessárias ao cumprimento desta Lei; 
IX – contratar a realização de exames, vistorias e estudos, aprovando, em 
cada caso, os respectivos honorários profissionais e demais despesas de 
processo, que deverão ser pagas pela empresa, se vier a ser punida nos 
termos desta Lei; 
X – apreciar processos administrativos de atos de concentração econômica, 
na  forma desta Lei, fixando, quando entender conveniente e oportuno, 
acordos em controle de atos de concentração; 
XI – determinar à Superintendência-Geral que adote as medidas 
administrativas necessárias à execução e fiel cumprimento de suas decisões; 
XII – requisitar serviços e pessoal de quaisquer órgãos e entidades do Poder 
Público Federal; 
XIII – requerer à Procuradoria Federal junto ao Cade a adoção de providências 
administrativas e judiciais; 
XIV – instruir o público sobre as formas de infração da ordem econômica; 
XV – elaborar e aprovar regimento interno do Cade, dispondo sobre seu 
funcionamento, forma das deliberações, normas de procedimento e 
organização de seus serviços internos; Vide Decreto n. 9.011, de 2017;
XVI – propor a estrutura do quadro de pessoal do Cade, observado o disposto 
no inciso II do caput do art. 37 da Constituição Federal;
XVII – elaborar proposta orçamentária nos termos desta Lei; 
XVIII – requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades 
e entidades públicas ou privadas, respeitando e mantendo o sigilo legal 
quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem 
necessárias ao exercício das suas funções; e 
XIX – decidir pelo cumprimento das decisões, compromissos e acordos 
(Brasil, 2011).
30
Unidade I
As decisões do Tade não estão sujeitas à revisão no âmbito do Poder Executivo, sendo realizadas de 
forma imediata (Brasil, 2011, § 2º, art. 9º). Após a decisão, o tribunal deve comunicá-la ao Ministério 
Público, a fim de que sejam adotadas as providências legais cabíveis dentro de suas competências. Essa 
comunicação é especialmente relevante em casos como a formação de cartéis ou a prática de crimes 
contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, tipificados na Lei n. 8.137/1990 
(Bagnoli, 2013).
As atribuições dos conselheiros do Tade estão listadas no art. 11 da Lei n. 12.529/2011 (Lei Antitruste 
ou Lei de Defesa da Concorrência), destacando-se as funções técnicas de natureza instrutória e 
judicante. As competências do presidente estão elencadas no art. 10 da mesma lei, exercendo também 
funções técnicas, burocráticas e institucionais (Bagnoli, 2013).
Assim, acentuaremos a seguir algumas instâncias. A primeira delas é a Superintendência-Geral (SG), 
composta por um superintendente-geral, cuja escolha se dá da mesma forma que a do presidente do 
Tade, com mandato de dois anos, sendo permitida uma única recondução. Além disso, integram a SG 
dois superintendentes-adjuntos, cujas atribuições são definidas por resolução e que são indicados pelo 
superintendente-geral. 
As competências da SG estão previstas no art. 13 da Lei n. 12.529/2011 e algumas de suas principais 
atribuições são:
• instaurar, instruir e emitir parecer em processo administrativo anticoncorrencial;
• instruir e emitir parecer para apuração de atos de concentração;
• propor acordos e medidas preventivas.
Convém destacar que, se houver parecer da SG, em um ato de concentração, recomendando a 
aprovação sem restrições, e não houver requisição por um dos conselheiros, considera-se que a decisão 
final do Cade é pela aprovação.
O parecer da SG terá caráter opinativo, em caso de aprovação com restrições ou de reprovação, e a 
decisão final competirá ao Tade.
Por sua vez, o Departamento de Estudos Econômicos (DEE) integra a estrutura organizacional do 
Cade e é comandado por um economista-chefe, a quem compete a elaboração de estudos e pareceres 
econômicos, seja por ofício ou por solicitação do Plenário, do presidente, do conselheiro relator ou do 
superintendente-geral. Esses estudos têm por finalidade fornecer embasamento técnico às decisões 
do órgão (Brasil, 2011, art. 17).
O economista-chefe também pode participar das reuniões do Tade, porém sem direito a voto. Sua 
nomeação é realizada conjuntamente pelo superintendente-geral e pelo presidente do tribunal, sendo 
escolhido entre brasileiros de reputação ilibada e notório conhecimento na área econômica. 
31
ESTRUTURAS DE MERCADO E CONCORRÊNCIA
Constata-se, portanto, que o Cade é estruturado por três órgãos principais: o Tade, a SG e o DEE. 
O órgão também tem unidades de apoio e suporte na defesa da concorrência, como: a Procuradoria 
Federal Especializada junto ao Cade, a Diretoria de Administração e Planejamento e o Ministério 
Público Federal (MPF) perante o Cade. 
A Procuradoria Federal Especializada junto ao Cade é integrada por procuradores da Advocacia-Geral 
da União (AGU), tendo suas atribuições previstas no art. 15 da Lei n. 12.529/2011. Entre suas principais 
competências, destacam-se:
• prestar consultoria e assessoria jurídica ao Cade;
• representar o órgão judicial e extrajudicialmente;
• promover a execução judicial das decisões proferidas pelo Cade;
• apurar a liquidez dos créditos da autarquia, procedendo à inscrição em dívida ativa para fins de 
cobrança administrativa ou judicial;
• emitir pareceres nos processos de competência do Cade sempre que solicitado.
A Procuradoria Federal Especializada é chefiada por um procurador-chefe, cuja nomeação compete 
ao presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal. O cargo deve ser ocupado por 
cidadão brasileiro com mais de 30 anos de idade, de notório conhecimento jurídico e reputação ilibada. 
O mandato é de dois anos, sendo permitida uma única recondução, conforme estabelecido no art. 16 da 
Lei n. 12.529/2011 e no art. 28 do RiCade (Cade, 2021).
A Diretoria de Administração e Planejamento (DAP) é uma das unidades de apoio e suporte do Cade. 
Suas competências estão fixadas no art. 6º do RiCade, a saber:
 
I – assessorar os órgãos do Cade nos assuntos relacionados ao planejamento 
estratégico, à gestão de projetos especiais e ao monitoramento de programas

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