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Crescimento e Desenvolvimento CraniofacialProfª Denise Bitencourt Disciplina: Ortodontia CRESCIMENTO Resultado de processos biológicos através dos quais a matéria se torna maior Mudança Quantitativa DIFERENCIAÇÃO Mudança de células ou tecidos generalizados para gêneros mais especializados durante o desenvolvimento Mudança Qualitativa DESENVOLVIMENTO Mudanças unidirecionadas que ocorrem naturalmente na vida de um indivíduo Período de Organização da Face Vida Pré-Natal • Fecundação até 3ª semana V.I.U. Período de Ovo • 4ª a 8ª semana V.I.U.Período de Embrião • 3º mês até o nascimento Período Fetal Período de Ovo • Clivagem do ovo • Implantação no endométrio • Ao final – cavidade amniótica e cavidade extra embrionária Período Embrionário § Desenvolvimento dos primórdios da face § Período mais importante Período Embrionário Diferenciação da face humana: entre 4ª e 8ª semana de vida intra uterina. Segmentam-se a futura face e a região do pescoço, localizadas sob o prosencéfalo do embrião humano. Formam-se os ARCOS BRANQUIAIS longos tubos arredondados, ligados por fendas e sulcos que ajudam a definir cada arco. Esses arcos são enumerados a partir da parte anterior. Período de Organização da Face Arcos Branquiais • Em mamíferos, há cinco arcos branquiais, sendo o quinto “ausente” e o sexto rudimentares. • Os arcos branquiais possuem um componente cartilaginoso e outro muscular, uma artéria e um nervo. • Esses elementos esqueléticos, musculares, vasculares e os tecidos conjuntivo, epitelial e neural e desenvolvem em sistemas que suprem a face e o pescoço. • O desenvolvimento de cada arco é independente do outro. • Entre os arcos, há externamente os sulcos branquiais ( ) e internamente as bolsas faríngeas ( ). Período de Organização da Face Arcos Branquiais Em apenas 4 semanas. A “face” aparece comprimida entre o prosencéfalo e o coração, o qual, nesta estágio, ocupa grande parte da cavidade torácica. Coração à Importância do suprimento sanguíneo para seu desenvolvimento. Desenvolvimento da Região Perioral 4º Semana Estomódeo ou boca primitiva Origem ectodérmica Processo Frontonasal (prosencéfalo) P. Maxilares P. Mandibular Membrana Bucofaríngea Face humana é primeiramente caracterizada por uma invaginação ou ondulação na superfície do ectoderma, que aparece exatamente abaixo do prosencéfalo. Na medida em que essa depressão se aprofunda, forma o esboço da cavidade bucal. Período de Organização da Face - Arcos Branquiais • 1º Arco Branquial – arcos mandibulares • 2º Arco branquial – arco hioide • 3º Arco Branquial - Contribui para o desenvolvimento da base da língua. • 4º e 6º Arcos Branquiais – Contribuem para o desenvolvimento da laringe. 1º e 2º arcos branquiais e tecidos que circundam o prosencéfalo à maioria das estruturas da face adulta (terços médio e inferior) 1º, 2º, 3º e 4º arcos branquiais à envolvidos no desenvolvimento da língua. Desenvolvimento dos Músculos Faciais • 5ª a 9ª Semana • Origem: porção ventrolateral do arco hioide • Divide-se no ouvido interno das partes auriculares anterior e posterior • Origina músculos faciais profundos e superficiais Desenvolvimento dos Músculos da Mastigação 7ª a 9ª Semana • Origem: arco mandibular • Desenvolvem-se em estreita relação a cartilagem de Meckel e as cartilagens cranianas • São independentes e só mais tarde se inserem no esqueleto ósseo Temporal e Masséter Crescimento da Mandíbula Posteriormente, esta cartilagem regride e desaperece, com exceção de duas pequenas porções na suas extremidades dorsais, que formarão os ossos bigorna e martelo. Desenvolve-se lateralmente à cartilagem de Meckel (componente cartilaginoso do primeiro arco branquial). Desenvolvimento da Região Perioral • 5ª SEMANA • Olhos nas porções laterais - duas pequenas áreas elevadas ovais, exatamente acima das faces laterais da futura boca. • Nas 48 horas subsequentes os centros dessas áreas elevadas se tronam depressões. • Início da formação da cavidade nasal àdepressões se aprofundam em fossas, que serão as futuras narinas, e as massas que a circundam – a ponte e as laterais do nariz externo. Alterações nas Proporções Faciais • 6ª Semana • Face Superior aparece plana e larga • Fossas nasais posicionadas nos cantos laterais • Processos maxilares , em forma de cunha ou triangulares, localizados no canto superior da cavidade bucal • Arco mandibular – plano e largo. Abrange toda a margem inferior da cavidade bucal • Expansão na região do cérebro • Processos maxilares posicionados para a frente da face • Olhos são girados em 90° • Área nasal apenas no segmento médio • Formação do futuro filtro do lábio superior Alterações nas Proporções Faciais • 7ª semana • Proporções faciais estão bastante mudadas • Face é reconhecivelmente humana Ø Posição frontal dos olhos Ø Diferenciação do nariz Ø Aumento da mandíbula Alterações nas Proporções Faciais • Formam-se os lábios pelo fendilhamento da região gengival, que assim prossegue até a região das bochechas. • Narinas no mesmo plano frontal dos olhos • Presença dos sulcos que separam as áreas mandibular, maxilar e nasal • Ouvidos externos visíveis Face já delineada!! • 8ª semana • 8ª e 12ª semana Aumento do tamanho da face e mudança de proporção. Estruturas faciais praticamente triplicam de tamanho O período fetal inicia na 9ª semana e vai até o nascimento. Nariz • União dos processo nasais mediais è porção média do nariz • União dos processos nasais laterais è asa do nariz Lábio superior Bordo epitelial dos processos nasais mediais com a borda epitelial dos processos maxilares. A mandíbula (MD) está abaixo da cavidade bucal. Língua • 4ª semana à Parte Bucal (Corpo): 1º Arco Branquial. Parte Faríngea (Base): 2º, 3º e 4º Arcos Branquiais • 5ª semana - Base da língua é indicada por uma elevação mediana, a cópula. • 6ª/7ª semana à Alargamento das protuberâncias laterais da língua. Surge sulco ao longo das bordas laterais da língua • 8ª/9ª semana à União das duas protuberâncias laterais/ Músculos do corpo da língua. Formação dos Processos Palatinos O crescimento da língua empurra dorsalmente a cavidade nasal e processos palatinos Movimento dos processos palatinos, da posição vertical para a horizontal Fechamento dos processos palatinos sobre a língua separa as cavidades bucal e nasal. 8ª semana VIU Má Formação Facial A falta de coalescência ou fusão entre estes processos dará origem às má-formações congênitas com profundas influências no posicionamento dos dentes, na estética facial e no psíquico do paciente. 1. Fenda Facial Oblíqua 2. Macrostomia 3. Fenda Labial Mediana Fenda Labial Lábio Leporino • Lábio e/ou palato • Uni ou bilateral • Falhas no crescimento do assoalho das narinas • Fenda Labial - fissura no lábio superior que pode estender-se à base do nariz. • Fenda Palatal - perfuração no céu da boca, em que é possível observar o septo nasal, bem como as conchas inferiores e pode atingir o palato duro e o palato mole. Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial Pós-natal Introdução • Sucedendo-se, no tempo e no espaço, à coordenação perfeita de fatores de incremento e desenvolvimento craniofacialè estabelecimento da oclusão dental, boa proporcionalidade face. • É necessária a supervisão periódica destes eventos, a fim de que possamos prevenir ou interceptar desvios de normalidade incipientes que, se não tratados precocemente poderão evoluir para displasias esqueléticas de maior ou menor gravidade. Conhecimentos básicos acerca do crescimento e desenvolvimento craniofacial Diagnóstico Avaliação dos resultados da terapia ortodôntica Planejamento Tratamento Genéticos Intrínsecos • São aqueles próprios dos tecidos craniofaciais. Epigenéticos Locais • São representados por órgãos que têm seu próprio contingente genético e manifestam sua influênciasobre as estruturas que se relacionam. Epigenéticos Gerais • São representado pelos hormônios sexuais, que apesar da distância, controlam o crescimento craniofacial. Ambientais Locais • Influências locais não genéticas originárias do ambiente externo, como pressão externa local, forças musculares, etc. Ambientais Gerais • São representados pelas influências gerais, não genéticas, que se originam do ambiente externo, como suprimento alimentar e oxigênio. Fatores influenciadores no crescimento TEORIAS DO CRESCIMENTO CRANIOFACIAL Sicher Scott Moss Van Limborgh Enlow Teorias do crescimento craniofacial Teoria de Sicher • Dominância sutural (Crescimento às custas das suturas craniofaciais). Controle genético Teoria de Scott • Teoria da matriz cartilaginosa. Crescimento às custas da cápsula nasal. Vômer, septo nasal Teoria de Moss • O crescimento ósseo e cartilaginoso é uma resposta do crescimento intrínseco das estruturas associadas (matrizes funcionais). Tecidos moles controlam crescimento ósseo. • Respiração, mastigação, fala/ Fator regulador ambiental. Teoria de Van Limborgh • Fatores genéticos intrínsecos, epigenéticos locais, ambientais à hormônios, alimentação, hábitos, hereditariedade, influências ambientais. • Condrocrânio (ossos da base do crânio) - maior influência genética; desmocrânio (calvária e esqueleto) – maior ambiental Enlow • Crescimento em V (“crescimento sobre extremos livres aumenta a distância entre eles mesmos”) Crescimento em V Tipos de ossificação Ossificação Intramembranosa Condensação do tec conjuntivo membranoso. Celulas mesenquimatosasèostoblastos Calcificação da matriz osteóide (secretada pelos osteoblastos) Tecído ósseo (matriz mineralizada + osteoblastos enclausurados ou osteócitos) Tecidos ósseos depositados pelas suturas, periósteo, membrana periodontal. Maxila, corpo e ramo mandibulares. Ossificação Endocondral Células mesenquimatosas è condroblastos (cels. formadoras de cartilagem) Condrócitos (condroblastos aprisionados na matriz cartilaginosa) Degeneração Cartilagem é invadida e substituída por TECIDO ÓSSEO Côndilo mandibular, base craniana, sínfise, ossos longos Crescimento dos Ossos Longos • Epífise • Diáfases • Cartilagem epifisária (responsável pelo aumento em crescimento do osso) Como cresce? Remodelação Aposição (osteoblastos) Reabsorção (osteoclastos) Proliferação células cartilaginosas Maturação + - Crescimento contínuo Proliferação células cartilaginosas Maturação + - Jovens à ativo. Há maior aposição óssea que reabsorção. Adultos à equilíbrio entre aposição e reabsorção (turnover). Idoso à a reabsorção é maior que a aposição (osteoporose). Fim do crescimento Crescimento do Esqueleto Facial É extremamente complexo, não apenas devido a fatores que o controlam e modificacam, como também pela concomitância dos mecanismos que envolvem este processo. Mecanismo de Crescimento • Deslizamento: processo de aposição em uma área óssea e reabsorção na área oposta (Remodelação) - produz um movimento de deslizamento) • Deslocamento: movimento físico do osso como um todo/ osso como uma unidade (Enlow, Hans) • Deslocamento primário: Conforme o osso cresce por deposição óssea em uma determinada direção, ele se desloca no sentido contrário, afastando-se do osso vizinho. • Ocorre não por compressão de um osso contra outro, mas por uma força de expansão dos tecidos moles em crescimento que o recobrem. • Deslocamento secundário: Conforme os ossos crescem, ocorre também outro tipo de deslocamento, que se da não pelo crescimento do próprio osso, mas pelo crescimento de outros ossos relacionados a ele direta ou indiretamente. Por exemplo, o crescimento em direção anterior da fossa craniana média e do lobo temporal do cérebro desloca a maxila para a frente e para baixo. (A) Deslocamento primário – o deslocamento acontece em conjunto com o aumento do próprio osso. O complexo nasomaxilar cresce para trás e para cima, mas simultaneamente é deslocado para baixo e para a frente. B) Deslocamento secundário – a direção anterior de crescimento da fossa craniana média desloca de maneira secundária todo o complexo nasomaxilar para a frente e para baixo. Mecanismo de Crescimento Crescimento da Maxila • Exclusivamente intramembranoso • Proliferação do tecido conjuntivo sutural nos pontos em que este osso se conecta com peças vizinhas: • Frontal • Zigomático • Palatino • Processo Pterigóide do Esfenóide Principais Suturas Fronto-maxilar Zigomático-temporal Zigomático-maxilar Pterigo-palatina • Todas oblíquas e paralelas entre si Áreas de Aposição Túber Processo Alveolar Região da Espinha Nasal anteior Suturas: Frontonasal Zigomaticomaxilar PterigopalatinaSuperfície Bucal do Palato Crescimento Maxila Áreas de Reabsorção Porção Nasal do Processo Palatino do Maxilar Superfície Vestibular da Maxila Anterior ao Processo Zigomático Região do Seio Maxilar Crescimento da Maxila • Trajeto de crescimento: predominante para trás e para cima. • Deslocamento: para a frente e para baixo. • O aumento de osso na região do tuber maxilar à espaço para erupção dos dentes molares permanents. • O crescimento do processo alveolar se faz em função dos dentes. Ele nasce, vive e desaparece com os dentes. Órbita • Crescimento em V • Região superior, inferior e lateral: deposição • Região posterior: absorção • Região superior e lateral: absorção Nasal • Permite a deposição óssea na região de túber. • Anterior: absorção/ Posterior: aposição Processo zigomático Crescimento da Mandíbula • Intramenbranoso - aposição e reabsorção superficial no corpo e ramo ascendente. • Endocondral - Proliferação do tecido cartilaginoso no côndilo Côndilo: cartilagem hialina que “produz” osso à semelhança da cartilagem de crescimento dos ossos longos (crescimento intersticial), recoberta por uma grossa camada de tecido conjuntivo fibroso que promove, por sua vez, um crescimento aposicional. Áreas de Aposição Côndilo Borda Posterior do Ramo Ascendente Processo Alveolar Borda Inferior do Corpo Chanfradura Sigmóide Processo Coronóide Mento Áreas de Reabsorção Borda Anterior do Ramo Ascendente Região Supramentonia (Ponto B) Crescimento na borda posterior do ramo ascendente à espaço para a erupção dos molares permanentes. Pouca mudança na largura da mandíbula após o sexto ano de vida. Crescimento da Base e Abóboda Craniana • Na base do crânio há principalmente um crescimento no sentido anteroposterior às expensas das sincrodoses esfenooccipital, esfenoetmoidal, interesfenoidal e intraoccipital. • Moyers afirma que o crescimento da base do crânio tem efeito direto no posicionamento espacial da parte média da face e mandíbula. Tendências do Crescimento Facial • O resultado do crescimento da maxila e mandíbula em direção posterior com a correspondente reposição do osso no sentido anterior. • Indica um deslocamento facial orientado para baixo e para a frente. • Ossos componentes da face podem apresentar diferentes velocidades e direções de crescimento gerando desarmonias faciais e oclusais. Surtos de crescimento 1º surto • Meninas e meninos: 3 anos 2º surto • Meninas: 6 a 7 anos • Meninos: 7 a 9 anos. 3º surto • Meninas: 11 a 13 anos. • Meninos: 12 a 15 anos. Quando necessário, intervir! Através de RX da mão e punho podemos ter indicativos da idade óssea do indivíduo. Referências • Ferreira, Flávio Vellini – Ortodontia: Diagnóstico e Planejamento Clínico – São Paulo: Artes Médicas, 2008. p. 31-56. • Campos B, Susanibar F, Carranza CA, Oliveira NCM. Embriologia do Sistema Estomatognático. In: Susanibar F, Marchesan IQ, Ferreira VJA, Douglas CR, Parra D, Dioses A. Motricidade Orofacial: fundamentos neuroanatômicos, fisiológicos e linguísticos. 1. ed. Ribeirão Preto: Book Toy; 2015. p. 23-60. • Moyers, Robert E – Ortodontia . 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.p. 18-58. • https://pt.wikipedia.org/wiki/Fissura_labiopalatalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Fissura_labiopalatal