Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA Luisa Gimenez Zolini Galdino-12221MED058 Luiza Kanadani Campos da Silva-12221MED073 Mariana Tolentino Mendes- 12221MED059 Sarah Campos Moura Rabelo- 12221MED031 RELATÓRIO CRÍTICO-REFLEXIVO VISITA AO CENTRO DE REFERÊNCIA NACIONAL EM HANSENÍASE E DERMATOLOGIA SANITÁRIA-CREDESH UBERLÂNDIA 2025 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE MEDICINA SAÚDE COLETIVA RELATÓRIO CRÍTICO-REFLEXIVO VISITA AO CENTRO DE REFERÊNCIA NACIONAL EM HANSENÍASE E DERMATOLOGIA SANITÁRIA-CREDESH Relatório Crítico-Reflexivo referente à visita no CREDESH, o qual será apresentado à Professora Renata Rodrigues Batista Carneiro, responsável pela disciplina de Saúde Coletiva do sexto período do curso de Medicina da Faculdade Federal de Uberlândia. Orientadora: Professor Renata Rodrigues Batista Carneiro UBERLÂNDIA 2025 APRESENTAÇÃO DO LOCAL REDE DE ATENÇÃO À PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA E VISITA AO CENTRO DE REFERÊNCIA NACIONAL EM HANSENÍASE E DERMATOLOGIA SANITÁRIA CREDESH I. Informações gerais: A atividade desenvolvida em 5 de maio de 2025 pelo eixo de Saúde Coletiva VI da Universidade Federal de Uberlândia, permitiu a visita dos estudantes de medicina do sexto período ao Centro de Referência Nacional em Hanseníase/Dermatologia Sanitária (CREDESH), um local de pesquisa e assistência aos doentes com Hanseníase, guiada pela infectologista Isabela Maria Bernardes Goulart. II. Informações específicas: 1. Apresentação/histórico/localização do local visitado Fundado em março de 1999 como “Serviço de Dermatologia Sanitária e Hansenologia do HC-UFU”, no Ambulatório Amélio Marques, com uma segunda unidade de atenção secundária no Centro de Saúde-Escola Jaraguá, tinha por objetivo inicial tratar pacientes com hanseníase e outras dermatoses de interesse sanitário. Em outubro do mesmo ano, foi reconhecido como Centro de Referência Municipal e Centro de Referência Regional, com abrangência de 27 municípios. Em dezembro de 2005, foi certificado como Referência Nacional pela Secretaria de Vigilância em Saúde, tornando-o o único centro de referência nacional em hanseníase do Brasil vinculado à uma instituição federal: a Universidade Federal de Uberlândia. Em maio de 2018, a sede do CREDESH foi transferida para o bairro Jardim Brasília (Rua Capricórnio 94), onde permanece até os dias atuais, com aproximadamente 1200 m² de área construída. 2. Descrição de atividades/programas e projetos em desenvolvimento e já concluídos O CREDESH atualmente atende mais de 6000 pacientes por ano e realiza cerca de 55000 atendimentos, entre consultas com a equipe multiprofissional, procedimentos (curativos, órteses, liberação de medicamentos) e exames (moleculares, sorológicos). Além disso, realiza em sua sede internações do tipo hospital-dia e em parceria com o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), realiza internações hospitalares prolongadas (nas enfermarias de clínica médica, infectologia e neurologia do HC-UFU) e procedimentos cirúrgicos (no centro cirúrgico do HC-UFU). Já o setor de pesquisa e inovação do CREDESH desenvolve inúmeros projetos (alguns com patente) voltados para o diagnóstico precoce – como o uso de sensores eletroquímicos e a triagem de familiares de doentes – e o tratamento inovador – como a impressão 3D de órteses – da hanseníase. Os trabalhos são elaborados por acadêmicos, mestrandos e doutorandos nas dependências no Laboratório de Patologia Molecular e Biotecnologia (Lab. PMBIO) do CREDESH. 3. Descrição dos espaços/departamentos visitados, correlacionando-os com a função desempenhada pelo local visitado A visita teve início na Casa das Bem-Aventuranças, uma organização não-governamental voltada para o acolhimento dos pacientes e famílias atendidos no CREDESH, sobretudo aqueles procedentes de cidades vizinhas que demandam estadia e alimentação durante a permanência em Uberlândia. Mantida através de doações e trabalho voluntário, a casa conta com quartos, banheiros e uma copa, possibilitando o acesso à saúde da camada popular. A visita seguiu para o CREDESH, inicialmente na recepção, uma sala ampla equipada com três cabines de recepção e cadeiras, onde os pacientes aguardam pelo encaminhamento ao atendimento. Adjacentes à recepção, estão a farmácia e a sala de coleta, responsáveis respectivamente pela aquisição e dispensa de medicamentos e pela coleta de exames diagnósticos e busca ativa de contactantes dos pacientes em prol do diagnóstico precoce e controle de propagação da doença. As amostras laboratoriais (moleculares ou sorológicas) serão posteriormente analisadas no Laboratório de Patologia Molecular e Biotecnologia, onde também são realizadas pesquisas por parte dos acadêmicos, mestrandos e doutorandos que desenvolvem seus projetos em parceria com o CREDESH. A sede conta ainda com uma sala de fisioterapia, na qual os pacientes neurologicamente comprometidos realizam sessões de reabilitação e preservação de suas funções motoras e sensitivas, auxiliados por fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Esses pacientes são também contemplados pelos serviços da oficina ortopédica, uma sala equipada com máquinas de costura e materiais para a confecção de calçados e luvas por alfaiate responsável. Pacientes com sensibilidade reduzida pela lesão de nervos periféricos se beneficiam do uso de calçados bem ajustados aos seus pés, por prevenirem lesões, enquanto aqueles com deformidades nas mãos se beneficiam do uso de luvas específicas que previnem a atrofia muscular secundária à lesão do nervo ulnar. A sala de terapia ocupacional está igualmente dedicada à reabilitação de pacientes neurologicamente comprometidos, por meio de exercícios aplicados por terapeutas ocupacionais que trabalham as habilidades motoras finas, como desenho, pintura e encaixe de peças. Na sede há também consultórios médicos destinados ao atendimento completo do doente, contemplando o diagnóstico, a evolução e eventual cura dos pacientes. Um consultório odontológico, equipado com duas cadeiras odontológicas garante a prevenção e tratamento de lesões orais desencadeadas pela hanseníase. Já a sala de curativos está destinada ao tratamento de feridas pela equipe de enfermagem, através do desbridamento de lesões e troca de curativos. Por fim, na sala de laser e ultrassom são realizados procedimentos minimamente invasivos em prol do diagnóstico e tratamento dos pacientes: a ultrassonografia busca por achados compatíveis com a neuropatia hansênica, enquanto a laserterapia de baixa intensidade é utilizada no processo cicatricial de feridas crônicas. Foto 1. Montagem de órteses para suporte no manejo de pacientes com Hanseníase (fonte: acervo pessoal) 4. Descrição do fluxograma dos atendimentos internos e/ou da gestão do espaço/cuidado O acesso ao nível secundário de saúde normalmente se dá através da atenção primária. Ao ser encaminhado ao CREDESH, o paciente passa inicialmente por uma consulta médica de estratificação da gravidade de seu caso. De acordo com suas demandas, é desenvolvido um plano terapêutico individualizado, que pode durar meses ou anos. O tratamento pode englobar psicoterapia, fisioterapia, terapia ocupacional, laserterapia, uso de órteses e quase invariavelmente, terapia farmacológica. O paciente é reavaliado periodicamente pela equipe multiprofissional, que analisa a evolução da doença e aprimora o tratamento caso a caso. Os contactantes do paciente também devem ser acompanhados semestralmente ou anualmente, a fim de garantir o diagnóstico precoce e o controle da propagação da doença. 5. Descrição da equipe profissional Atualmente, a equipe multiprofissional do CREDESHé composta por 51 funcionários, entre médicos (infectologistas, ortopedistas, dermatologistas e neurologistas), enfermeiros e técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, dentista, farmacêutica, terapeuta ocupacional e ortesista, além da equipe administrativa. A multiplicidade de profissionais no diagnóstico e tratamento de hanseníase evidencia a complexidade da doença, além do cuidado holístico oferecido ao paciente no centro. Foto 2. Placa de Consultório odontológico do CREDESH( fonte: acervo pessoal) 6. Descrição da relação desse serviço com o território e outros serviços de saúde. Atualmente, o CREDESH é referência em dermatoses de interesse sanitário, hanseníase e neuropatia periférica para 17 Superintendências Regionais de Saúde e Gerências Regionais de Saúde: Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba, Patos de Minas, Alfenas, Diamantina, Divinópolis, Governador Valadares, Januária, Montes Claros, Passos, Pedra Azul, Pirapora, Ponte Nova, Pouso Alegre, Sete Lagoas e Unaí, que juntos somam mais de 8 milhões de habitantes contemplados pelo serviço. Assim, para acessar os serviços do CREDESH, o paciente passa pela atenção básica, responsável pela busca ativa de doentes e pelo diagnóstico inicial por meio de anamnese e exame físico adequados, bem como alguns exames complementares, como a baciloscopia e o teste rápido. Assim , o paciente é encaminhado aos centros de nível secundário de atendimento, como o CREDESH, onde tem acesso a exames diagnósticos de maior complexidade (eletroneuromiografia, ultrassonografia) e à consultas com médicos especialistas (infectologistas, dermatologistas, neurologistas e ortopedistas), responsáveis pelo tratamento conservador e eventualmente alternativo da doença, bem como pelo manejo de possíveis complicações relacionadas a reações hansênicas (lesões de nervos periféricos) e efeitos adversos dos fármacos. No nível secundário, o paciente também tem acesso a um atendimento holístico da equipe multiprofissional. Se necessário, o paciente será encaminhado ao nível terciário de cuidado: um hospital de referência (no caso do CREDESH, o HC-UFU), o qual oferece exames laboratoriais e de imagem de alta complexidade (duplex scan, ressonância magnética, sorologias e PCR para DNA de Mycobacterium leprae em raspados dérmicos e biópsias). No hospital, também serão tratados os casos mais graves que demandem internação prolongada. III. Relacionar os aspectos teóricos, princípios e objetivos da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas com as observações obtidas na visita técnica A Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas (RAS-DCC) propõe um modelo de atenção que transcende a lógica episódica e fragmentada, oferecendo um cuidado contínuo, coordenado e centrado nas necessidades singulares dos indivíduos com condições crônicas. Essa proposta orienta-se por valores como a humanização, a atenção integral, o cuidado em rede e a superação das desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Durante a visita técnica ao Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH), foi possível reconhecer, na estrutura e no funcionamento do serviço, uma série de práticas que dialogam diretamente com os fundamentos da RAS-DCC. O CREDESH se apresenta como um ponto estratégico da atenção especializada, não apenas pela sua capacidade assistencial, mas também pela inserção em um contexto ampliado de produção de conhecimento, acolhimento social e desenvolvimento tecnológico voltado ao enfrentamento da hanseníase. O cuidado ofertado no centro não se limita à intervenção médica. Ao contrário, ele se desdobra em uma rede interna de suporte que contempla o acompanhamento funcional, psicológico, social e comunitário do paciente. A existência de espaços voltados à reabilitação, como a oficina ortopédica e a fisioterapia, revela uma preocupação genuína com a manutenção da autonomia e da qualidade de vida das pessoas atendidas. Essa abordagem prática está alinhada à concepção de cuidado integral, entendido não como uma soma de procedimentos, mas como uma resposta integrada e contextualizada às múltiplas dimensões da vida do sujeito. Outro aspecto relevante observado foi a fluidez no percurso assistencial do usuário. O encaminhamento dos casos pela atenção primária e o atendimento especializado no CREDESH, com possibilidade de suporte hospitalar em situações complexas, indica um sistema articulado. Ainda que essa coordenação seja desafiada pela capacidade operacional do serviço, ela mostra-se operante, o que é fundamental para que o cuidado crônico não se perca entre os pontos de atenção. Por outro lado, a visita também evidenciou tensões importantes entre a proposta normativa da RAS-DCC e a realidade cotidiana do serviço. A manutenção de estruturas de apoio, como a Casa das Bem-Aventuranças, fora da alçada do financiamento público regular, aponta para uma fragilidade persistente na articulação entre saúde e políticas sociais. Embora o esforço voluntário e solidário seja louvável, a dependência de doações para garantir aspectos básicos da permanência do paciente escancara as lacunas da rede quanto à garantia de suporte integral aos mais vulneráveis. Além disso, apesar da qualificação técnica da equipe e do reconhecimento do CREDESH como centro de excelência, é perceptível que a sobrecarga de demandas e a insuficiência de recursos humanos e materiais impõem barreiras à universalização do cuidado. Isso representa um entrave ao ideal da equidade, que pressupõe o atendimento justo e proporcional às necessidades de cada pessoa, independentemente de sua origem geográfica ou condição socioeconômica. Em síntese, a experiência no CREDESH permitiu observar um serviço que concretiza, em boa medida, os fundamentos da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, sobretudo no que tange à abordagem ampliada do cuidado e ao compromisso com a continuidade assistencial. Contudo, a presença de desafios estruturais e a ausência de políticas intersetoriais consolidadas revelam que ainda há um percurso a ser trilhado para que a teoria da rede se torne realidade plena na vida dos usuários. É nesse espaço de tensão e potência que se inscreve o papel dos futuros profissionais de saúde: reconhecer os avanços, mas também lutar pelas mudanças necessárias para uma atenção verdadeiramente universal, integral e equitativa. IV. Considerações finais do grupo A visita técnica ao Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH) proporcionou ao grupo uma imersão prática e concreta nos princípios da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, de modo que foi possível observar aspectos positivos e desafios no funcionamento da rede em questão. Nessa perspectiva, vale destacar que a estrutura multiprofissional do CREDESH, composta por médicos de diversas especialidades, equipe de enfermagem, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, farmacêuticos, odontólogos e profissionais administrativos, reflete o princípio da integralidade da atenção. Dessa forma, nota-se que o cuidado ao paciente não se limita à doença, mas contempla também as repercussões físicas, emocionais e sociais, evidenciado por espaços como a oficina ortopédica, a sala de fisioterapia e a atuação da Casa das Bem-Aventuranças. Além disso, destaca-se o fluxo de encaminhamento dos pacientes, desde a atenção primária até a terciária (HC-UFU), demonstrando, assim, a existência de um sistema hierarquizado e articulado, como preconiza a Rede de Atenção às Doenças Crônicas. Desse modo, a atenção básica realiza a detecção precoce e os primeiros exames, o CREDESH atua como centro de diagnóstico e manejo especializado, e o HC-UFU oferece suporte hospitalar para os casos mais complexos. Em contrapartida, observa-se que as estruturas de apoio fundamentais, como a Casa das Bem-Aventuranças,carecem de financiamento público contínuo e sistematizado, dependendo de doações e trabalhos voluntários, de modo a comprometer a equidade e a sustentabilidade da atenção oferecida, especialmente para os pacientes vindos de municípios distantes em situação de maior vulnerabilidade social. Em suma, o CREDESH representa um modelo exemplar de atenção especializada às doenças crônicas dentro do SUS, com práticas de integralidade que se aproximam dos princípios doutrinários e organizativos da Rede de Atenção à Saúde. No entanto, ainda o CREDESH ainda enfrenta grandes desafios estruturais em relação ao financiamento, sobretudo nas ações de apoio social, os quais merecem maior atenção para que o cuidado seja pleno e equitativo. CONCLUSÃO A experiência vivenciada pelo grupo por meio da visita técnica ao Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH), no âmbito do Componente Curricular Saúde Coletiva VI, configurou-se como um momento extremamente positivo, sendo uma oportunidade ímpar de aprendizado e transformação. Mais do que uma atividade extracurricular, a visita permitiu um mergulho prático nos princípios organizativos e doutrinários do Sistema Único de Saúde (SUS), mostrando que a formação médica precisa necessariamente dialogar com a realidade do território, com as necessidades sociais e com os desafios da gestão pública em saúde. A vivência no CREDESH demonstrou na prática que é possível oferecer um cuidado integral, multiprofissional, contínuo e humanizado dentro do SUS, mesmo diante de adversidades estruturais e de financiamento. Nesse sentido, o componente Saúde Coletiva VI desempenha um papel formativo essencial: ele convida o estudante a romper com o paradigma biomédico reducionista, ao mesmo tempo em que apresenta um sistema de saúde real — com suas potências e contradições — que pode e deve ser defendido, fortalecido e valorizado. Nesse cenário, como futuras profissionais da área da saúde, compreendemos que nossa atuação ultrapassa os limites do consultório. Além do ambiente físico do consultório, somos também agentes sociais e, por isso, temos o dever ético de tentar auxiliar o paciente em todas as instâncias que estão ao nosso alcance e fazer das ferramentas ao nosso dispor como mecanismos de cuidado e atenção. Logo, enfatiza-se o SUS como uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, visto que a existência de um sistema público, gratuito e universal de saúde — único no mundo com essa magnitude — é, por si só, uma expressão concreta do princípio da equidade, da justiça social e da dignidade humana permite que o local como o visitado promova suporte completo a diversos públicos e realidades, criando um cenário de referência e vitória social. Ademais, percorrer os espaços do CREDESH — desde a recepção e as salas de atendimento clínico até as áreas dedicadas à reabilitação física e social, como a oficina ortopédica, a sala de fisioterapia e a Casa das Bem-Aventuranças — nos proporcionou um entendimento vivo e palpável daquilo que os livros e aulas frequentemente apenas conceituam e enfatizam no âmbito teórico. A realidade do centro nos ensinou, com clareza, que a prática médica verdadeiramente eficaz vai além da prescrição de medicamentos: ela envolve escuta ativa, trabalho em equipe, articulação intersetorial, cuidado longitudinal e atenção às vulnerabilidades sociais dos pacientes. Dessa forma, a oportunidade de observar o funcionamento de uma equipe multiprofissional engajada, comprometida e tecnicamente qualificada nos inspirou como futuros médicos a buscar uma atuação ética e humana, visto que o atendimento de excelência pode ser alcançado mesmo em um contexto de recursos limitados, desde que haja organização, compromisso e respeito à dignidade de cada indivíduo. Além disso, a visita ampliou nossa percepção do papel social da Medicina, já que, ao conhecer o fluxo assistencial que parte da atenção primária e culmina no cuidado especializado, com articulação entre diferentes níveis de atenção, pudemos visualizar como o sistema funciona na prática — e também reconhecer suas fragilidades. Portanto, reafirmamos que a visita técnica ao CREDESH foi uma experiência essencial na nossa trajetória de formação médica a médio e longo prazo. Tal oportunidade foi além de uma simples observação, foi um chamado à responsabilidade, à empatia e ao engajamento profissional com a saúde coletiva. A partir dessa experiência, saímos mais conscientes do nosso papel como futuros médicos: não apenas como especialistas em diagnósticos e tratamentos, mas como profissionais capazes de enxergar o paciente em sua totalidade, de compreender as múltiplas dimensões do cuidado e de defender, com conhecimento de causa, a importância de serviços públicos como o CREDESH — verdadeiros pilares de uma medicina ética, inclusiva e socialmente comprometida. AGRADECIMENTOS A realização desta atividade técnica e acadêmica só foi possível graças ao acolhimento, à dedicação e à generosidade dos profissionais e colaboradores do Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária – CREDESH. Agradecemos, em especial, à Dra. Isabela Maria Bernardes Goulart, hansenóloga responsável pela condução da visita, pela disponibilidade em compartilhar seus conhecimentos e experiências, pela escuta atenta às dúvidas dos estudantes e pela sensibilidade ao apresentar a realidade complexa, porém inspiradora, do cuidado integral à pessoa acometida pela hanseníase. Estendemos nosso reconhecimento a toda a equipe multiprofissional do CREDESH, que desempenha um trabalho de excelência no enfrentamento das doenças dermatológicas de interesse sanitário e na promoção da saúde com dignidade, humanização e compromisso social. A visita nos proporcionou não apenas um aprofundamento técnico, mas também uma vivência ética e cidadã sobre o papel transformador da saúde pública. Por fim, agradecemos aos docentes do eixo de Saúde Coletiva VI da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia pela organização e pela viabilização da atividade, que contribuiu significativamente para a formação crítica e sensível de todos os estudantes envolvidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase. Acesso em: 07 jun. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cuidado às condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n. 29). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cuidado_condicoes_cronicas_atencao_primaria.pdf. Acesso em: 07 jun. 2025. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_doencas_cronicas.pdf. Acesso em: 08 jun. 2025. GONÇALVES, H. M.; GOULART, I. M. B. Hanseníase: desafios e perspectivas da assistência especializada no Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 74, n. 6, p. 1-9, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0309. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária – CREDESH. Histórico, estrutura e projetos. Uberlândia, MG, 2025. Disponível em: https://www.hc.ufu.br/centros/credesh. Acesso em: 07 jun.2025. OLIVEIRA, M. L. W. de; SILVA, G. A. R. da; SIQUEIRA, M. B. Hanseníase e suas repercussões: abordagem multidisciplinar. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 30, n. 6, p. 1159-1171, jun. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311X00012413. https://doi.org/10.1590/0102-311X00012413 APRESENTAÇÃO DO LOCAL CONCLUSÃO AGRADECIMENTOS A realização desta atividade técnica e acadêmica só foi possível graças ao acolhimento, à dedicação e à generosidade dos profissionais e colaboradores do Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária – CREDESH. Agradecemos, em especial, à Dra. Isabela Maria Bernardes Goulart, hansenóloga responsável pela condução da visita, pela disponibilidade em compartilhar seus conhecimentos e experiências, pela escuta atenta às dúvidas dos estudantes e pela sensibilidade ao apresentar a realidade complexa, porém inspiradora, do cuidado integral à pessoa acometida pela hanseníase. Estendemos nosso reconhecimento a toda a equipe multiprofissional do CREDESH, que desempenha um trabalho de excelência no enfrentamento das doenças dermatológicas de interesse sanitário e na promoção da saúde com dignidade, humanização e compromisso social. A visita nos proporcionou não apenas um aprofundamento técnico, mas também uma vivência ética e cidadã sobre o papel transformador REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS