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LITERATURA BRASILEIRA II
Aula 07: Nelson Rodrigues e o teatro modernista no Brasil
Nesta aula, você verificará o contexto histórico e literário em que o teatro modernista brasileiro surgiu. 
Você também terá a oportunidade de identificar as produções teatrais brasileiras daquele período.
E, por fim, você experimentará as inovações cênicas de Nelson Rodrigues e outros dramaturgos para o teatro modernista brasileiro.
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LITERATURA BRASILEIRA II
O teatro brasileiro foi a manifestação artística que ficou de fora do processo renovador proposto pelos modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922. 
Mesmo nos anos posteriores à Semana de Arte Moderna, a produção teatral brasileira foi pouco expressiva e levou muito tempo para ser encenada. Para se ter uma ideia, a peça O rei da vela, de Oswald de Andrade, escrita em 1933, só foi levada ao palco nos anos 1967-68. 
As peças encenadas nos palcos nacionais eram limitadas a comédias de costumes, chanchadas e textos estrangeiros. O teatro daquele período também estava sob o domínio de atores-empresários, como Dulcina de Moraes, Procópio Ferreira e Jaime Costa.
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A crítica teatral considera o aparecimento de Os comediantes, grupo amador carioca, fundado por Brutus Pedreira, Tomás Santa Rosa e Luiza Barreto Leite, o marco do início do teatro brasileiro contemporâneo de qualidade. O grupo, mesmo passando por várias dificuldades, tinha por objetivo transformar suas apresentações em grandes espetáculos. 
Para realizar essa proeza, Os comediantes resolveram buscar informações e inspiração nas produções cênicas europeias. Uma das modificações realizadas pelo grupo foi a imposição da noção de equipe e, talvez, a mais importante, a criação do cargo de diretor. Cabia a ele a responsabilidade total pela peça (elenco, cenário, texto e figurino, entre outras coisas).
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Em 15 de janeiro de 1940, Os comediantes estreiam a peça Assim é, se lhe parecesse, de Pirandello, no Teatro Ginástico. A recepção do público foi tão boa que o grupo, logo depois, apresentou Uma mulher e três palhaços, de Marcel Archad.
Fugindo da Segunda Guerra Mundial, o ator polonês Zbigniew Ziembinsky (1908-1978) refugia-se no Brasil e passa a fazer parte do grupo Os Comediantes, atuando também como diretor.
Segundo o crítico Sábato Magaldi, o teatro brasileiro entrou verdadeiramente no século XX, no dia 28 de dezembro de 1943, data da estreia, no Teatro Municipal, de Vestido de noiva, peça de Nelson Rodrigues, sob a direção de Ziembinski. Antes do surgimento de Vestido de noiva, a produção dos dramaturgos nacionais era pouco significativa. O teatro era ocupado por peças estrangeiras e os autores só buscavam reproduzir o sucesso dessas produções quando escreviam alguma peça. 
“Eu trouxe a consciência do espetáculo teatral. O teatro não é o forte do brasileiro; forte é música popular, poesia, futebol.”
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Ziembinsky ou Zimba, como carinhosamente ficou conhecido, sugere ao grupo Os Comediantes que passassem a encenar autores nacionais. Segundo Zimba, esta é a melhor maneira de se ter um teatro de qualidade em seu país de origem. 
Os Comediantes resolvem encenar uma peça de autor brasileiro bastante polêmico – Nelson Rodrigues. Com essa encenação, Nelson Rodrigues recebeu várias críticas elogiosas. Podemos dizer que Vestido de noiva, sob a direção de Ziembinsky, marcou o início da renovação do teatro modernista brasileiro.
Anterior a Vestido de noiva, a única exceção à regra ao tipo de dramaturgia que era encenada ou produzida no país é o “Rei da vela”, de Oswald de Andrade, escrita em 1933. Por estar tão adiantada para o momento, só foi montada em 1967, pelo diretor José Celso Martines Corrêa. A peça pode ser vista como resultado das muitas influências europeias que haviam sido “digeridas” por Oswald. 
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José Celso salienta que para exprimir uma realidade nova e complexa era preciso reinventar formas que captassem essa nova realidade. "E Oswald nos deu, em 'O Rei da Vela', a 'forma' de tentar apreender, através de sua consciência revolucionária, uma realidade que era e é o oposto de todas as revoluções. 'O Rei da Vela' ficou sendo uma revolução de forma e conteúdo para exprimir uma não-revolução. De sua consciência utópica e revolucionária, Oswald reviu seu país, e em estado de criação quase selvagem, captou toda a falta de criatividade e de história desse mesmo país. A peça, seus 34 anos e o fato de não ter sido montada até hoje, fez com que captássemos as mensagens do autor e as fizéssemos nossas mensagens de hoje.” (Publicado no Jornal Folha de São Paulo, 30 de setembro de 1967.) 
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O caráter inovador de Vestido de noiva eleva a condição do texto teatral e rompe absolutamente com a forma linear narrativa da organização cronológica dos enredos. Vestido de noiva é apresentada em três planos da personagem principal, Alaídes:
plano da realidade;
plano da alucinação;
plano da memória
Essa divisão no palco era dividida em três planos e cada um deles correspondia a uma parte da história; foi uma inovação no que se refere a estrutura e criatividade no uso da linguagem teatral. 
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Essa simultaneidade de planos rompe com a tradicional cronologia linear e permite ao público experimentar, além da trama, o subconsciente de Alaíde.
A peça se inicia com o atropelamento de Alaíde. No plano da realidade, a moça é levada para o hospital, enquanto isso, os jornalistas noticiam o acidente, a cirurgia, a morte e o enterro de Alaíde. No plano da alucinação, Alaíde está à procura de uma prostituta chamada Madame Clessi e consegue encontrá-la. Alaíde descobre que a casa em que morava antes de se casar, pertencera a esta prostituta e que fora nela que Madame Clessi havia sido assassinada por seu último amante. Madame Clessi provoca em Alaíde uma necessidade de recordação do passado. Alaíde descobre que há um conflito entre ela, a irmã e marido da irmã, com quem a personagem principal manteve um relacionamento adúltero antes de ser atropelada.
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Nelson Rodrigues reduziu a expressão cênica ao seu caráter essencial, através de diálogos concisos em que cada palavra revela-se imperiosa. Utilizou a repressão sexual para expor as máculas da sociedade conservadora e moralista que ocultava os seus comportamentos totalmente amorais. 
Sábato Magaldi, crítico e dramaturgo, dividiu as peças de Nelson Rodrigues em três categorias não excludentes.
Psicológicas – Vestido de noiva, A mulher sem pecado, valsa nº 6, Viúva, porém honesta; 
Míticas – Álbum de família, Anjo negro, Doroteia, Senhora dos Afogados;
Tragédias cariocas – A falecida, Perdoa-me por me traíres, Os sete gatinho, Boca de ouro, O beijo no asfalto, Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende, Toda Nudez Será Castigada e A serpente.
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Psicológicas – tem como destaque os problemas do ser humano como indivíduo e membro de uma sociedade hipócrita na qual ele foi criado e que, por meio de suas ações, acaba por ser deformar.
Míticas – abordam os instintos humanos; é uma tentativa de compreender as origens de ações e sentimentos.
Tragédias cariocas – que procura desmascarar o egoísmo e futilidade do mundo moderno.
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LITERATURA
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O teatro de Nelson Rodrigues gira em torno dos mesmos temas: incestos, suicídios, adultérios e loucura, representando, quase sempre, uma realidade pequeno-burguesa da classe média brasileira das décadas de 1940 - 50. 
O dramaturgo presenteia o público com o que há de mais sórdido no comportamento do ser humano. E tem consciência das possíveis consequências de seus atos:
“ (...) enveredei por um caminho que pode me levar a qualquer destino, menos ao êxito. (...) um teatro que poderei chamar assim – “desagradável”. (...) porque são obras pestilentas, fétidas, capazes, por si sós, de produzir o tifo e malária na plateia.”
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Nelson Rodrigues, para muitos, é considerado o pai do teatro moderno brasileiro. Sujeito debochado, irônico e bem humorado que foi, mas, há quem diga que estas características de sua personalidade escondiam um homem muito triste marcado por tragédias que ocorreram em sua família. O próprio dramaturgo confessa que o assassinato de seu irmão jornalista foi o determinante para a elaboração temática de suas obras literárias.
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Em 1953, em São Paulo, foi criado o Teatro de Arena. Contava com a participação de José Renato e mais tarde com a de Augusto Boal. O teatro de Arena eliminou o preconceito em relação aos dramaturgos nacionais. Foi tão forte a campanha desse grupo que até o TBC passou a encenar peças brasileiras, no fim da década de 1950.
Em 1958, Gianfrancesco Guarnieri estreia, no Teatro de Arena, com a peça Eles não usam black-tie.
Na década de 1960, destacaram-se dois grupos: em São Paulo, o Grupo Oficina - seu grande momento foi a encenação de O rei da vela, de Oswald de Andrade, sob a direção de José Celso Martinez Correa. E, no Rio de Janeiro, o Grupo Opinião, com a participação de Paulo Pontes e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha.
 
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Gianfrancesco Guarnieri é autor de “Eles não usam black-tie”, que aborda a vida de operários explorados e a luta por salários melhores ser apresentada sob o ponto de vista marxista. 
Oduvaldo Vianna Filho foi outro importante autor do Teatro de Arena. Esses autores irão produzir uma dramaturgia que tem como temática a defesa dos explorados e a crítica intensa ao sistema capitalista. Após o golpe militar, o grupo passa a incorporar a luta contra a ditadura militar.
Outro autor que irá, após seu sucesso, em 1960, tratar da temática dos explorados é Dias Gomes, autor baiano, que na sua primeira peça, “O pagador de promessas”, já causa espanto.
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Também na década de 1960, talvez a mais rica da dramaturgia brasileira, surge Plaino Marcos, outro autor revolucionário. Seu texto aponta para uma grande indignação contra a hipocrisia da sociedade brasileira e objetiva desestabilizar a pacata existência burguesa. Em ambas as peças “Dois perdidos num noite suja” e “Navalha na carne”, apresenta os marginalizados no centro da cena teatral.
Ariano Vilar Suassuna, conhecido por Ariano Suassuna, nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 16 de junho de 1927. É advogado, professor, romancista, teatrólogo, dramaturgo e poeta. 
Em 1946, Ariano iniciou a Faculdade de Direito e ligou-se ao grupo de jovens escritores e artistas que tinha à frente Hermilo Borba Filho, com o qual fundou o Teatro do Estudante Pernambucano. No ano seguinte, Ariano escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol", e com ela ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno.
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Após formar-se na Faculdade de Direito, em 1950, passou a dedicar-se também à advocacia. Mudou-se de novo para Taperoá, onde escreveu e montou a peça "Torturas de um Coração", em 1951. No ano seguinte, voltou a morar em Recife. O Auto da Compadecida (1955), encenado em 1957 pelo Teatro Adolescente do Recife, conquistou a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. A peça o projetou não só no país como foi traduzida e representada em nove idiomas, além de ser adaptada com enorme sucesso para o cinema.
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O reconhecimento nacional chega em 1955, com o Auto da Compadecida, com forte influência do dramaturgo Gil Vicente e da tradição folclórica luso-brasileira. Em A Pena e a Lei (1959), peça premiada no Festival Latino-Americano de Teatro, utiliza elementos típicos do teatro de marionetes, como as máscaras e a mecanização dos movimentos.
No ano seguinte, funda o Teatro Popular do Nordeste, no qual apresenta A Farsa da Boa Preguiça e A Caseira e a Catarina. No final da década de 1960, interrompe a carreira de dramaturgo para dedicar-se à prosa de ficção e ao trabalho de animador cultural do movimento Armorial.
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