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operações	de	instituições	financeiras,	mas,	em	seu	art.	4º,	§	1º,	expressa	que
as	CPIs,	“no	exercício	de	sua	competência	constitucional	e	legal	de	ampla
investigação,	 obterão	 as	 informações	 e	 documentos	 sigilosos	 de	 que
necessitarem,	diretamente	das	instituições	financeiras,	ou	por	intermédio	do
Banco	Central	do	Brasil	ou	da	Comissão	de	Valores	Mobiliários”.
Tema	 bastante	 estudado	 no	 âmbito	 das	 CPIs	 é	 o	 alcance	 dos	 poderes
outorgados	aos	seus	representantes.
A	 investigação	 intentada	 por	 membros	 do	 Congresso	 Nacional	 deve,
primeiramente,	 observar	 sua	 legitimidade	 constitucional	 e	 os	 limites
objetivos	de	seus	poderes,	para	evitar	a	contaminação	do	acervo	probatório
produzido	com	vícios	de	inconstitucionalidade	formal	e	material.
Assim	explicita	o	tema	Alexandre	de	Moraes:	“Em	relação	à	amplitude
de	seu	campo	de	atuação,	inicialmente	deve	ser	salientado	que	o	poder	do
Congresso	de	realizar	investigações	não	é	ilimitado,	devendo	concentrar-se
em	fatos	específicos,	definidos	e	relacionados	ao	Poder	Público,	pois	como
salientado	por	Francisco	Campos,	‘o	poder	de	investigar	não	é	genérico	ou
indefinido,	 mas	 eminentemente	 específico,	 ou	 há	 de	 ter	 um	 conteúdo
concreto,	 suscetível	 de	 ser	 antecipadamente	 avaliado	 na	 sua	 extensão,
compreensão	 e	 alcance	 pelas	 pessoas	 convocadas	 a	 colaborar	 com	 as
comissões	de	inquérito”	(MORAES,	2011,	p.	388).
Além	 da	 limitação	 constitucional,	 ainda	 há	 que	 se	 observar	 os	 limites
expressamente	 previstos	 pelo	 ordenamento	 jurídico,	 conforme	 ensina	 o
mesmo	autor:
As	 Comissões	 Parlamentares	 de	 Inquérito,	 portanto	 e	 em	 regra,	 terão	 os	 mesmos	 poderes
instrutórios	que	os	magistrados	possuem	durante	a	instrução	processual	penal,	 inclusive	com	a
possibilidade	de	invasão	das	liberdades	públicas	individuais,	mas	deverão	exercê-los	dentro	dos
mesmos	 limites	 constitucionais	 impostos	 ao	Poder	 Judiciário,	 seja	 em	 relação	 ao	 respeito	 aos
direitos	 fundamentais,	seja	em	relação	à	necessária	 fundamentação	e	publicidade	de	seus	atos,
seja,	 ainda,	 na	 necessidade	 de	 resguardo	 de	 informações	 confidenciais,	 impedindo	 que	 as
investigações	 sejam	 realizadas	 com	 a	 finalidade	 de	 perseguição	 política	 ou	 de	 aumentar	 o
prestígio	pessoal	dos	investigadores,	humilhando	os	investigados	e	devassando	desnecessária	e
arbitrariamente	suas	intimidades	e	vidas	privadas	(MORAES,	2011,	p.	390).
Podemos	sintetizar	os	poderes	das	comissões	parlamentares	de	inquérito
da	 seguinte	 forma:	 elas	 podem	 determinar	 a	 quebra	 de	 sigilo	 bancário,
fiscal	 e	 financeiro	 de	 investigados,	 desde	 que	 o	 faça	 motivadamente,
demonstrando	a	pertinência	da	providência.
Atenção:	toda	decisão	de	CPI	deve	ser	motivada,	sob	pena	de	nulidade.
O	 Ministro	 Celso	 de	 Mello,	 no	 voto	 do	 Mandado	 de	 Segurança	 n.
23.452/RJ,	julgado	em	16-9-1999,	afirmou	que	a	quebra	do	sigilo	constitui
poder	inerente	à	competência	investigatória	das	comissões	parlamentares	de
inquérito.
E	o	Ministro	especifica	os	limites	dos	sigilos	passíveis	de	quebra	sem	a
necessidade	de	prévia	autorização	judicial:
O	 sigilo	 bancário,	 o	 sigilo	 fiscal	 e	 o	 sigilo	 telefônico	 (sigilo	 este	 que	 incide	 sobre	 os
dados/registros	 telefônicos	 e	 que	 não	 se	 identifica	 com	 a	 inviolabilidade	 das	 comunicações
telefônicas)	–	ainda	que	representem	projeções	específicas	do	direito	à	intimidade,	fundado	no
art.	5º,	X,	da	Carta	Política	–	não	se	revelam	oponíveis,	em	nosso	sistema	jurídico,	às	Comissões
Parlamentares	de	Inquérito,	eis	que	o	ato	que	lhes	decreta	a	quebra	traduz	natural	derivação	dos
poderes	 de	 investigação	 que	 foram	 conferidos,	 pela	 própria	 Constituição	 da	 República,	 aos
órgãos	de	investigação	parlamentar.
Continua	Celso	de	Mello	a	afirmar	que	as	Comissões	Parlamentares	de
Inquérito	 necessitam	 demonstrar,	 para	 decretarem,	 legitimamente,	 por
autoridade	 própria,	 a	 quebra	 do	 sigilo	 bancário,	 do	 sigilo	 fiscal	 e/ou	 do
sigilo	telefônico,	relativamente	a	pessoas	por	elas	investigadas,	a	existência
concreta	de	causa	provável	que	legitime	a	medida	excepcional	(ruptura	da
esfera	 de	 intimidade	 de	 quem	 se	 acha	 sob	 investigação),	 justificando	 a
necessidade	de	sua	efetivação	no	procedimento	de	ampla	investigação	dos
fatos	determinados	que	deram	causa	à	instauração	do	inquérito	parlamentar,
sem	prejuízo	de	ulterior	controle	 jurisdicional	dos	atos	em	referência	 (art.
5º,	XXXV,	da	CF).
Encerra	suas	considerações	afirmando	que	“as	deliberações	de	qualquer
Comissão	 Parlamentar	 de	 Inquérito,	 à	 semelhança	 do	 que	 também	ocorre
com	as	decisões	judiciais	(RTJ	140/514),	quando	destituídas	de	motivação,
mostram-se	írritas	e	despojadas	de	eficácia	jurídica,	pois	nenhuma	medida
restritiva	 de	 direitos	 pode	 ser	 adotada	 pelo	 Poder	 Público,	 sem	que	 o	 ato
que	a	decreta	seja	adequadamente	fundamentado	pela	autoridade	estatal”.
Pedro	 Lenza,	 sobre	 os	 poderes	 das	 Comissões	 Parlamentares	 de
Inquérito,	assim	ensina:	“A	CPI	pode,	por	autoridade	própria,	ou	seja,	sem	a
necessidade	 de	 qualquer	 intervenção	 judicial,	 sempre	 por	 decisão
fundamentada	 e	 motivada,	 observadas	 todas	 as	 formalidades	 legais,
determinar	a	quebra	do	sigilo	fiscal,	bancário	e	de	dados,	neste	último	caso,

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