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ÍNDICE
1. Estado e Constituição. Constituição: conceito, conteúdo, objeto e classificação. Poder constituinte originário, 
derivado e decorrente. Supremacia constitucional e hermenêutica constitucional. ...................................................01
2. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Preâmbulo e princípios fundamentais. Dignidade da 
pessoa humana e direitos humanos. Dimensões dos direitos humanos no Brasil. .....................................................15
3. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de na-
cionalidade, direitos políticos, partidos políticos. .....................................................................................................................28
4. Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáti-
cas. Controle de constitucionalidade no Brasil. Controles difuso e concentrado de constitucionalidade: ADI, 
ADC, ADPF e reclamação constitucional. ......................................................................................................................................53
5. Remédios constitucionais: habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, ação popular e mandado de 
injunção. ....................................................................................................................................................................................................59
6. Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, 
Municípios e Territórios. ......................................................................................................................................................................64
7. Administração Pública. Disposições Gerais e Servidores Públicos ............................................................................ 74
8. Poder Executivo. Atribuições e responsabilidades do presidente da República. .....................................................87
9. Poder Legislativo. Estrutura. Funcionamento e atribuições. Processo legislativo. ...................................................95
10. Poder Judiciário. Disposições gerais. Órgãos e competências do Poder Judiciário. Supremo Tribunal Federal. 
Composição, estrutura e competências. Súmulas Vinculantes e Repercussão Geral. Superior Tribunal de Justiça. 
Composição, estrutura e competências. .......................................................................................................................................112
11. Funções essenciais à Justiça: Advocacia, Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria Pública. .......131
12. Defesa do Estado e das instituições democráticas. Segurança pública. Organização da segurança 
pública. .......................................................................................................................................................................................................139
13. Da Ordem Econômica e Financeira. Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica. .........................................148
14. Da Ordem Social. Base e objetivos da ordem social. Seguridade social. Meio ambiente. Família, criança, ad-
olescente, idoso e índio. ......................................................................................................................................................................152
1
Direito Constitucional
sentatividade no Senado Federal e nem possuem, hoje, 
Tribunais de Contas. Somente os Municípios de São Pau-
lo e Rio de Janeiro mantiveram a estrutura dos Tribunais 
de Contas.
O termo constituição deve ser entendido no sentido 
de criar, de compor elementos, uni-los para dada finali-
dade. Portanto, no sentido de constituir, criar, conceber, 
fundar, enfim, estabelecer um novo Estado e uma nova 
ordem jurídica.
 Os componentes estruturais de um Estado são: ter-
ritório, povo, governo e ordenamento jurídico soberano. 
Assim nos expressamos porque a “finalidade” ou objeti-
vo do Estado se inclui no próprio ordenamento jurídico 
constitucional – não olvidamos que nas leis estão os seus 
fins, e o mesmo ocorre com a Constituição, que possui 
em seu teor os fins estatais.
 Quando se cria uma Constituição e ao mesmo tem-
po o Estado, determina-se os motivos pelos quais foram 
instituídos. Esses elementos referidos – povo, território, 
governo - são unificados pelo resultado da elaboração 
do Poder Constituinte Originário. Dessa forma, essa jun-
ção de elementos por meio da Constituição cria o Estado 
sob uma concepção jurídica e não material.
O Estado precisa de estrutura orgânica para funcio-
nar, necessita de pessoas que irão exercer competências 
específicas para o atingimento dos seus fins, são com-
petências políticas e administrativas, instrumentais ou 
finalísticas. Além disso, indispensável que sob o manto 
territorial do Estado, este possa exercer a sua soberania.
Objeto da Constituição
O Direito Constitucional, diferentemente do seu ob-
jeto de estudo, que é a Constituição, é uma ciência do 
dever ser, estruturada por um conjunto de princípios, 
preceitos e institutos próprios que lhe dão autonomia 
científica.
Todavia, o objeto da Constituição, que é objeto do Di-
reito Constitucional, é a estruturação do Estado, ou seja, a 
junção dos seus elementos fundamentais, caracterizado-
res de suas peculiaridades como unidade soberana.
A Constituição, como norma posta, escrita, e rígida, 
dispõe sobre a organização e estrutura do Estado, a for-
ma de exercício das competências políticas, a determi-
nação dos limites estatais em forma de direitos funda-
mentais, os meios e instrumentos de tutela de direitos e 
da própria defesa do Estado ante ações subversivas da 
vontade da maioria do povo.
Em virtude dos movimentos constitucionalistas, as 
finalidades do Estado, estabelecidas na Constituição dele 
fazem parte, como instrumento programático, visionário. 
Vejamos, como exemplo, a essencialidade da Constitui-
ção Financeira como meio para o atingimento dos fins 
sociais do Estado.
Dessa forma, as políticas sociais possuem dados fins, 
tendo como exemplo, o intuito de reduzir as desigualda-
des e tentar alcançar a isonomia entre os componentes 
da federação e entre as pessoas. Quanto a essas, o prag-
matismo de isonomia relaciona-se a promoção dos bens 
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Está em voga no Direito Constitucional Contempo-
râneo a Dignidade da Pessoa Humana. É a valoração do 
elemento humano como constitutivo do próprio Estado. 
Um Estado somente poderá ser assim considerado se 
1. ESTADO E CONSTITUIÇÃO. CONSTITUIÇÃO: 
CONCEITO, CONTEÚDO, OBJETO E CLASSIFI-
CAÇÃO. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO, 
DERIVADO E DECORRENTE. SUPREMACIA 
CONSTITUCIONAL E HERMENÊUTICA 
CONSTITUCIONAL.
O Direito Constitucional é o ramo fundamental de 
um Estado, de onde brota e deságua toda estrutura 
orgânica e principiológica do ordenamento jurídico de 
uma sociedade organizada.
Destaca-se... 
A Constituição posta tem força normativa, possuin-
do uma supereficácia, pois tem o poder de afastar qual-
quer outra norma em sua aplicabilidade, devendo ser-
vir de guia para a criação e a interpretação das normas 
componentes do sistema jurídico. 
O que devemos ter em mente é: o que o produto do 
Poder Constituinte Originário constitui ou estabelece?
Em resposta podemos afirmar que além de constituir 
a norma fundamental do Estado, constitui o próprio Es-
tado. Isso significa que o Estado em seu sentido jurídico 
é criado pela Constituição que o rege, como norma fun-
damental. Por meio desta se unem os seus componentes 
substanciais, como o território e o povo, e ao mesmo 
tempo se cria sua estrutura orgânica e política.
Pode-se afirmar, ainda, que, juridicamente, o Esta-
do também é obra do denominado Poder Constituinte 
Originário. Todavia, estamos nos referindo ao aspectoas várias interpretações possíveis, adota-se aquela 
compatível e conforme a Constituição. “Uma norma não 
deve ser declarada inconstitucional quando: a) a inva-
lidade não seja manifesta e inequívoca; b) entre as in-
terpretações plausíveis e alternativas, exista alguma que 
permita compatibilizá-la com a Constituição”. 
Princípio da Presunção de Constitucionalidade
Os poderes que constituem o Estado situam-se no 
mesmo plano de igualdade. Os atos oriundos de cada 
um situam-se no mesmo plano, de forma recíproca, a 
priori com presunção de validade. Tal presunção pode 
ser elidida quando a afronta à Constituição mostra-se 
evidente, como declarado pelo Min. Marco Aurélio, no 
RE 150.764, j. 16-12-1992:
“É certo que somente devemos declarar a inconstitu-
cionalidade quando o conflito se mostra realmente fron-
tal, evidente (...) ou convertida em presunção absoluta de 
validade, em decorrência da declaração de inconstitucio-
nalidade ou de constitucionalidade”.
Inocêncio Mártires Coelho complementa:
(...) O princípio da presunção de constitucionalidade 
das leis, a significar que toda lei, à partida, é compatí-
vel com a Constituição e assim deve ser considerada, até 
judiciosa conclusão em contrário; ou, mais precisamente, 
que a inconstitucionalidade não deve ser presumida, antes 
deve ser provada, de modo cabal, irrecusável e incontro-
verso (STF Rp 1.417-DF, RTJ 126, p. 48/72,66).
Na opinião de Vittorio Cassone, “a presunção de 
constitucionalidade das leis consiste num elemento sub-
jetivo ofertado pela Constituição, a que se deve dar a 
devida valoração no sentido de prevalecer sobre o ele-
mento subjetivo de interpretação das leis, este ao sabor 
das tendências doutrinárias, por mais respeitáveis que 
sejam”. 
Princípio da máxima efetividade
Diz o princípio que a qualquer norma ou disposi-
tivo da Constituição submetido à hermenêutica deve 
ser atribuído o sentido que lhe conceda maior eficácia, 
vedando a interpretação que lhe suprima ou diminua a 
finalidade. A eficácia é ínclita a todas as normas constitu-
cionais. Entretanto, no processo da busca dessa máxima 
efetividade deve-se considerar os princípios da razoabi-
lidade e da proporcionalidade, além daqueles princípios 
gerais emanados da própria Constituição.
Para conclusão, a doutrina alemã de Konrad Hesse, 
traduzida por Gilmar Mendes: “[...] O Direito Constitucio-
nal deve explicitar as condições sob as quais as normas 
constitucionais podem adquirir a maior eficácia possível, 
propiciando, assim, o desenvolvimento da dogmática e 
da interpretação constitucional. Portanto, compete ao 
Direito Constitucional realçar, despertar e preservar a 
vontade da Constituição que, indubitavelmente, consti-
tui a maior garantia de sua força normativa. Essa orienta-
ção torna imperiosa a assunção de uma visão crítica pelo 
direito Constitucional, pois nada seria mais perigoso do 
que permitir o surgimento de ilusões sobre questões 
fundamentais para a vida do Estado”. 
14
Direito Constitucional
Já a segurança jurídica “cuida de evitar alterações 
surpreendentes que instabilizem a situação dos adminis-
trados e de minorar os efeitos traumáticos que resultem 
de novas disposições jurídicas que alcançariam situações 
em curso. O Direito propõe-se a ensejar uma certa es-
tabilidade, um mínimo de certeza na regência da vida 
social. Daí o chamado princípio da ‘segurança jurídica’, 
indisputavelmente um dos mais importantes entre eles. 
Os institutos da prescrição, da decadência, da preclusão 
(na esfera processual), do usucapião, da irretroativida-
de da lei, do direito adquirido, são expressões concretas 
que bem revelam esta profunda aspiração à estabilida-
de, à segurança. [...] A ordem jurídica corresponde a um 
quadro normativo proposto precisamente para que as 
pessoas possam se orientar (MELLO, p. 74, 77 e 113). 
Concluindo, ao adotar os princípios como referen-
ciais maiores a interpretação constitucional assumiu 
novas tendências. O novo referencial é a realização dos 
direitos fundamentais, definidos a partir da dignidade 
da pessoa humana. A propósito, “fundamental eliminar 
o preconceito de que as organizações estatais possuem 
justificativas de existência em si mesmas. O Estado não 
existe para satisfazer suas estruturas burocráticas inter-
nas nem para realizar interesses exclusivos de algumas 
classes dominantes. [...] Tem um compromisso com a 
realização dos interesses coletivos e com a produção ati-
va dos valores humanos”. 
Os princípios espelham a ideologia da Constituição, 
seus postulados básicos e finalidades. Dito de forma su-
mária, são as normas eleitas pelo constituinte como fun-
damentos ou qualificação essenciais da ordem jurídica.1
QUESTÕES
01. (PC/ES – Auxiliar de Perícia Médico-Legal – 
INSTITUTO AOCP/2019) O Poder Constituinte classifica-
se em Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte 
Derivado. Assinale a alternativa que apresenta as 
características do Poder Constituinte Originário.
(A) Inicial, ilimitado, subordinado e condicionado.
(B) Inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado.
(C) Inicial, limitado, subordinado e incondicionado.
(D) Decorrente, limitado, subordinado e reformador.
(E) Limitado, permanente, autônomo e condicionado.
02. (TJ/SP – Juiz – VUNESP/2018) Com relação aos 
princípios e métodos de interpretação constitucional, 
pode-se afirmar que
1 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional 
e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora Jus-
PODIVM. / DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e 
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. / LENZA, Pedro. Direito Consti-
tucional Esquematizado. 11 edição – São Paulo: Editora Método. / MAXIMILIA-
NO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 9ª e. – rio de janeiro: Forense, 
1981. / BARROSO, Luis Roberto. Interpretação e aplicação da constituição. 6ª 
ed. – São Paulo: Saraiva, 2004. / CRETELLA JUNÍOR, José. Introdução à Filosofia 
do Direito, 10ª ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2004. / CRETELLA JUNÍOR, José. 
Primeiras lições de direito, 6ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 1995. / REALE, 
Miguel, Filosofia do Direito, 12ª ed.- São Paulo: Saraiva, 1987. / MARTIRES, 
Inocêncio Coelho. Métodos e Princípios da Interpretação Constitucional, fórum 
administrativo, 23, p. 1709-1923. / JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito ad-
ministrativo. São Paulo: Saraiva, 2005 / www.jus.com.br/https://www2.camara.
leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publica-
coes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf/www.jus.com.br/www.
silviabertani.files.wordpress.com
(A) a interpretação conforme a Constituição, 
instrumento previsto no artigo 28, parágrafo único, da 
Lei n° 9.868/1999, permite a interpretação contrária 
à literalidade da norma (contra legem), desde que 
necessária à preservação do princípio da supremacia da 
Constituição. 
(B) segundo o princípio da concordância prática 
ou da harmonização, eventual conflito entre bens 
juridicamente protegidos deve ser solucionado pela 
coordenação e combinação entre eles, de modo que o 
estabelecimento de limites recíprocos evite o sacrifício 
de uns em relação aos outros.
(C) por representar ampliação dos poderes do juiz em 
prejuízo da esfera de opção política do legislador, sem 
que tenha sido adotado como norma geral pelo texto 
constitucional, o princípio da proporcionalidade só pode 
ser aplicado pelos tribunais nas hipóteses específicas 
previstas em preceitos esparsos da Constituição.
(D) segundo o princípio da unidade da Constituição, 
as normas constitucionais devem ser interpretadas como 
integrantes de um todo, de modo que, se qualquer 
delas implica ruptura da unidade, deve ser declarada 
inconstitucional, conforme já decidiu o Supremo Tribunal 
na ADIN 815.
03. (TJ/CE – Juiz – CESPE/2018) A interpretação 
conforme a Constituição
(A) é um tipo de situação constitucional imperfeita, 
pois somente atenua a declaração de nulidadeem caso de 
inconstitucionalidade.
(B) é admitida para ajustar o sentido do texto legal com 
a Constituição, ainda que o procedimento resulte em regra 
nova e distinta do objetivo do legislador.
(C) é um método cabível mesmo em se tratando de 
texto normativo inconstitucional que apresenta sentido 
unívoco.
(D) é incompatível com a manutenção de atos jurídicos 
produzidos com base em lei inconstitucional.
(E) é fixada por decisão do STF, mas não se reveste 
do efeito vinculante próprio das decisões declaratórias de 
inconstitucionalidade.
04. (CORECON/PE – Assessor Jurídico – 
QUADRIX/2019) Acerca da classificação das constituições, 
é correto afirmar que a
(A) outorgada, também chamada de democrática, é 
decorrente do trabalho de uma Assembleia Nacional.
(B) costumeira é a que traz as regras em um único texto 
solene e codificado.
(C) sintética é a que aborda todos os assuntos que os 
representantes do povo entendem como fundamentais.
(D) dogmática, sempre escrita, consubstancia os 
dogmas estruturais e fundamentais do Estado.
(E) flexível é a que pode ser alterada, mas que possui 
um processo legislativo de alteração mais dificultoso que o 
processo de alteração de normas infraconstitucionais.
05. (UNIFAI – Controlador Interno – VUNESP/2019) 
Com base na classificação das Constituições, é correto 
afirmar que
(A) quanto à forma, a Constituição Federal de 1988 é 
consuetudinária, pois suas normas estão em variadas fontes 
normativas, como jurisprudência, acordos e convenções.
15
Direito Constitucional
(B) quanto ao conteúdo, a Constituição Federal de 
1988 é considerada formal, pois foi concebida por meio de 
um documento solene redigido e estabelecido pelo poder 
constituinte originário.
(C) quanto à elaboração, a Constituição Federal de 
1988 é considerada histórica, pois foi escrita por um órgão 
constituído para esta finalidade em um determinado 
momento da história do país.
(D) quanto à estabilidade, a Constituição Federal de 
1988 é considerada permanente, pois possui um núcleo de 
cláusulas pétreas, sendo as demais normas alteráveis por 
emendas constitucionais.
(E) todas as constituições brasileiras, quanto à origem, 
foram democráticas, com exceção à Carta Imperial de 
1824, que foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I.
GABARITO
01.B / 02.B / 03.A / 04.D / 05.B
2. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. 
PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DIREITOS 
HUMANOS. DIMENSÕES DOS DIREITOS 
HUMANOS NO BRASIL.
Vejamos abaixo, os dispositivos constitucionais 
correspondentes ao tema supracitado:
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
( Vide Lei nº 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações.
Os princípios constitucionais, segundo Canotilho, 
podem ser de duas espécies:
a) Princípios político-constitucionais: 
representam decisões políticas fundamentais, 
conformadoras de nossa Constituição. São os chamados 
princípios fundamentais, que estudaremos a seguir, os 
quais preveem as características essenciais do Estado 
brasileiro. Como exemplo de princípios político-
constitucionais, citamos o princípio da separação de 
poderes, a indissolubilidade do vínculo federativo, o 
pluralismo político e a dignidade da pessoa humana.
b) Princípios jurídico-constitucionais: são 
princípios gerais referentes à ordem jurídica nacional, 
encontrando-se dispersos pelo texto constitucional. Em 
regra, derivam dos princípios político constitucionais. 
Como exemplo de princípios jurídico constitucionais, 
citamos os princípios do devido processo legal, do 
juiz natural e da legalidade.
Uma vez entendidos esses conceitos, passaremos 
à análise dos princípios fundamentais (político-
constitucionais), responsáveis pela determinação das 
características essenciais do Estado brasileiro.
Princípios Fundamentais são os valores que 
orientaram o Poder Constituinte Originário na 
elaboração da Constituição, ou seja, são suas escolhas 
políticas fundamentais. Segundo Canotilho, são os 
princípios constitucionais politicamente conformadores 
do Estado, que explicitam as valorações políticas 
fundamentais do legislador constituinte, revelando 
as concepções políticas triunfantes numa Assembleia 
Constituinte, constituindo-se, assim, no cerne político 
de uma Constituição política.
Na Constituição Federal de 1988, os princípios 
fundamentais estão dispostos no Título I, o qual 
é composto por quatro artigos. Cada um desses 
dispositivos apresenta um tipo de princípio 
fundamental. O art. 1º trata dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil (RFB); o art. 2º, do 
princípio da separação de Poderes; o art. 3º, dos 
objetivos fundamentais; e o art. 4º, dos princípios da 
RFB nas relações internacionais.
Fundamentos da República Federativa Do Brasil
Os fundamentos da República Federativa do Brasil 
estão previstos no art. 1º, da Constituição Federal 
de 1988. São eles os pilares, a base do ordenamento 
jurídico brasileiro.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada 
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
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Direito Constitucional
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição.
A soberania é um atributo essencial ao Estado, 
garantindo que sua vontade não se subordine a 
qualquer outro poder, seja no plano interno ou no 
plano internacional. A soberania é considerada um 
poder supremo e independente: supremo porque não 
está limitado a nenhum outro poder na ordem interna; 
independente porque, no plano internacional, não se 
subordina à vontade de outros Estados.
Assim, no âmbito interno, as normas e decisões 
elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as emanadas 
de grupos sociais intermediários como família, escola e 
igreja, por exemplo. Por sua vez, na órbita internacional, 
o Estado somente se submete a regras em relação às 
quais manifestar livremente o seu consentimento.
A soberania guarda correlação direta com o 
princípio da igualdade entre os Estados, que é um dos 
princípios adotados pela República Federativa do Brasil 
em suas relações internacionais(art. 4º, V, CF/88).
É relevante destacar que a soberania deve ser vista 
sob uma perspectiva (sentido) democrática, donde 
surge a expressão “soberania popular”. Com efeito, 
o art. 1º, parágrafo único, dispõe que “todo o poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente” nos termos da Constituição.
A cidadania, por sua vez, é simultaneamente um 
objeto e um direito fundamental das pessoas; ela 
representa um verdadeiro status do ser humano: o de 
ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito 
de participação na vida política do Estado.
A previsão da cidadania como fundamento do 
Estado brasileiro exige que o Poder Público incentive a 
participação popular nas decisões políticas do Estado. 
Nesse sentido, está intimamente ligada ao conceito 
de democracia, pois supõe que o cidadão se sinta 
responsável pela construção de seu Estado, pelo bom 
funcionamento das instituições.
A dignidade da pessoa humana é outro 
fundamento da República Federativa do Brasil e consiste 
no valor-fonte do ordenamento jurídico, a base de 
todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio 
que coloca o ser humano como a preocupação 
central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas 
deve ser vista como um fim em si mesmo.
Segundo o STF, a dignidade da pessoa humana é 
princípio supremo, “significativo vetor interpretativo, 
verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o 
ordenamento constitucional vigente em nosso País e 
que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos 
em que se assenta, entre nós, a ordem republicana 
e democrática consagrada pelo sistema de direito 
constitucional positivo.”
O princípio da dignidade da pessoa humana possui 
elevada densidade normativa e pode ser usado, por si 
só e independentemente de regulamentação, como 
fundamento de decisão judicial. Além de possuir 
eficácia negativa (invalidando qualquer norma com 
ele conflitante), o princípio da dignidade da pessoa 
humana vincula o Poder Público, impelindo-o a adotar 
políticas para sua total implementação.
Em razão da importância do princípio da 
dignidade da pessoa humana, o STF já o utilizou como 
fundamento de diversas decisões importantes. A seguir, 
comentaremos os principais entendimentos do STF 
acerca da dignidade humana:
a) O STF considerou legítima a união homoafetiva 
como entidade familiar, em razão do princípio da 
dignidade da pessoa humana e do direito à busca pela 
felicidade. Segundo a Corte:
“a extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo 
regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas 
de gênero distinto justifica-se e legitima-se pela direta 
incidência, dentre outros, dos princípios constitucionais 
da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança 
jurídica e do postulado constitucional implícito que 
consagra o direito à busca da felicidade, os quais 
configuram, numa estrita dimensão que privilegia o 
sentido de inclusão decorrente da própria Constituição 
da República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos 
autônomos e suficientes aptos a conferir suporte 
legitimador à qualificação das conjugalidades entre 
pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade 
familiar”. (E 477554 MG, DJe-164 DIVULG 25-08-2011 
PUBLIC 26-08-2011 EMENT VOL-02574-02 PP-00287.)
b) O STF considera que não ofende o direito à 
vida e a dignidade da pessoa humana a pesquisa com 
células-tronco embrionárias obtidas de embriões 
humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não 
utilizados neste procedimento.
Sobre esse ponto, vale a pena esclarecer que, 
quando é realizada uma fertilização “in vitro”, são 
produzidos vários embriões e apenas alguns deles são 
implantados no útero da futura mãe.
Os embriões não utilizados no procedimento (que 
seriam congelados ou descartados) é que poderão ser 
objeto de pesquisa com células-tronco.
c) O STF entende que não é possível, por violar o 
princípio da dignidade da pessoa humana, a submissão 
compulsória do pai ao exame de DNA na ação de 
investigação de paternidade.
Voltando à análise dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil, a elevação dos valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa a essa condição reforça 
que o nosso Estado é capitalista, e, simultaneamente, 
demonstra que o trabalho tem um valor social.
É o trabalho, afinal, ferramenta essencial para 
garantir, em perspectiva menos ampla, a subsistência 
das pessoas e, em perspectiva mais abrangente, o 
desenvolvimento e crescimento econômico do País.
Observe que o art. 170 da CF/88 reitera esse 
fundamento, ao determinar que “a ordem econômica, 
fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social”.
Por último, o Estado brasileiro também tem como 
fundamento o pluralismo político. Esse princípio 
visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais 
no processo político nacional, outorgando aos 
cidadãos liberdade de convicção filosófica e política. 
Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e 
funcionamento dos partidos políticos.
O STF entende que a crítica jornalística é um 
direito cujo suporte legitimador é o pluralismo político; 
o exercício desse direito deve, assim, ser preservado 
contra ensaios autoritários de repressão penal.
17
Direito Constitucional
Objetivos Fundamentais da República Federativa 
do Brasil
Os objetivos fundamentais são as finalidades que 
devem ser perseguida elo Estado brasileiro. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação.
Para ajudá-lo na memorização do mesmo, peço 
que preste atenção nos verbos, sempre no infinitivo: 
construir, garantir, erradicar e promover.
A promoção do bem de todos, sem preconceitos, 
alçada pela Carta Magna à condição de objetivo 
fundamental da República Federativa do Brasil, 
consagra a igualdade material como um dos objetivos 
da República Federativa do Brasil.
O Estado não pode se contentar com a atribuição 
de igualdade perante a lei aos indivíduos; ao invés 
disso, deve buscar reduzir as disparidades econômicas 
e sociais.
Um exemplo da aplicação desse princípio é 
a reserva de vagas nas Universidades Federais, a 
serem ocupadas exclusivamente por alunos egressos 
de escolas públicas (cotas raciais). Busca-se tornar o 
sistema educacional mais justo, mais igual. Não se trata 
de preconceito, mas de uma ação afirmativa do Estado.
Elucidando esse conceito, o STJ dispôs o seguinte:
“ações afirmativas são medidas especiais tomadas 
com o objetivo de assegurar progresso adequado de 
certos grupos raciais, sociais ou étnicos ou indivíduos que 
necessitem de proteção, e que possam ser necessárias 
e úteis para proporcionar a tais grupos ou indivíduos 
igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades 
fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam, 
em consequência, à manutenção de direitos separados 
para diferentes grupos raciais, e não prossigam após 
terem sido alcançados os seus objetivos” (REsp 1132476/
PR, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma, julgado 
em 13/10/2009, DJe 21/10/2009)
Princípios das Relações Internacionais:
Estudaremos, agora, os princípios que regem 
a República Federativa do Brasil em suas relações 
internacionais, os quais estão relacionados no art. 4º, 
da Constituição Federal.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relaçõesinternacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperaçãoentre os povos para o progresso da 
humanidade;
X - concessão de asilo político.
Cabe destacar que o pluralismo político exclui 
os discursos de ódio, assim considerada qualquer 
comunicação que tenha como objetivo inferiorizar 
uma pessoa com base em raça, gênero, nacionalidade, 
religião ou orientação sexual. No Brasil, considera-se 
que os discursos de ódio não estão amparados pela 
liberdade de manifestação de pensamento.
Harmonia e Independência entre os Poderes.
A separação de poderes é um princípio cujo objetivo 
é evitar arbitrariedades e o desrespeito aos direitos 
fundamentais; ele se baseia na premissa de que quando 
o poder político está concentrado nas mãos de uma 
só pessoa, há uma tendência ao abuso do poder. Sob 
essa perspectiva, a separação de poderes é verdadeira 
técnica de limitação do poder estatal.
As origens da separação de poderes remontam a 
Aristóteles, com a obra “A Política”. Posteriormente, 
o tema também foi trabalhado por João Locke e, 
finalmente, por Montesquieu, em sua célebre obra “O 
espírito das leis”.
Modernamente, a separação de poderes não é vista 
como algo rígido. Com efeito, o poder político é uno, 
indivisível; assim, o que pode ser objeto de separação 
são as funções estatais (e não o poder político). Assim, 
apesar de a Constituição falar em três Poderes, na 
verdade ela está se referindo a funções distintas de um 
mesmo Poder: a legislativa, a executiva e a judiciária.
A Constituição Federal de 1988 adotou, assim, uma 
separação de Poderes flexível. Isso significa que eles 
não exercem exclusivamente suas funções típicas, mas 
também outras, denominadas atípicas. Um exemplo 
disso é o exercício da função administrativa (típica do 
Executivo) pelo Judiciário e pelo Legislativo, quando 
dispõem sobre sua organização interna e sobre seus 
servidores, nomeando-os ou exonerando-os. Ou, então, 
quando o Poder Executivo exerce função legislativa 
(típica do Poder Legislativo), ao editar medidas 
provisórias ou leis delegadas.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 2º, 
trata da separação de poderes, dispondo que “são 
poderes da União, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Chama-nos 
a atenção o fato de que a Constituição explicita que 
os três Poderes são “independentes e harmônicos”. 
Independência é a ausência de subordinação, de 
hierarquia entre os Poderes; cada um deles é livre para 
se organizar e não pode intervir indevidamente (fora dos 
limites constitucionais) na atuação do outro. Harmonia, 
por sua vez, significa colaboração, cooperação; visa 
garantir que os Poderes expressem uniformemente a 
vontade da União.
A independência entre os Poderes não é absoluta. 
Ela é limitada pelo sistema de freios e contrapesos, 
de origem norte-americana. Esse sistema prevê a 
interferência legítima de um Poder sobre o outro, 
nos limites estabelecidos constitucionalmente. É o que 
acontece, por exemplo, quando o Congresso Nacional 
(Poder Legislativo) fiscaliza os atos do Poder Executivo 
(art. 49, X, CF/88). Ou, então, quando o Poder Judiciário 
controla a constitucionalidade de leis elaboradas pelo 
Poder Legislativo.
18
Direito Constitucional
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de 
uma comunidade latino-americana de nações.
O legislador constituinte se inspirou na Carta da 
ONU, assinada em 1945, ao escrever o art. 4º da CF/88. 
Naquela Carta, expressou-se o maior sentimento da 
humanidade após o início da II Guerra Mundial: busca 
da paz.
Em nossa Constituição, tal sentimento foi registrado 
nos incisos III, IV, VI, VII e IX. Observe que nela determina-
se que a RFB buscará a autodeterminação dos povos, 
ou seja, respeitar a sua soberania, não intervindo em 
suas decisões.
Isso porque defende a paz e, para tal, a solução 
pacífica dos conflitos, assumindo que as relações entre 
os povos, o dever cooperação. Uma das consequências 
da II Guerra Mundial foi a independência das colônias.
Percebeu-se que, para haver paz, é necessário 
independência nacional, ou seja, ter sua soberania 
respeitada pelas outras nações. Além disso, verificou-se 
que a paz somente é possível com a igualdade entre 
os Estados, pois a existência de colônias e as sanções 
impostas à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial 
foram as principais causas para a eclosão da Segunda.
A igualdade entre os Estados é uma contrapartida 
à independência nacional: é o compromisso de que uns 
respeitem a soberania dos outros. Esses são os motivos 
pelos quais os incisos I e V do art. 4º foram escolhidos 
por nosso constituinte como princípios das relações 
internacionais do Brasil.
Finalmente, qual a imagem mais forte da II Guerra 
Mundial? O massacre dos judeus, nos campos de 
concentração, promovido pelos nazistas. Uma vergonha 
para a Humanidade. A Carta da ONU, em consequência, 
assume como princípio o estímulo aos direitos humanos. 
Inspirado naquela Carta, nosso constituinte elevou à 
condição de princípios a serem buscados pela RFB em 
suas relações internacionais a prevalência dos direitos 
humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
O parágrafo único do art. 4º da Constituição traz 
um objetivo a ser buscado pelo Brasil em suas relações 
internacionais: a integração econômica, política, social 
e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de 
nações.
Dimensões dos Direitos Humanos no Brasil
Nas palavras de Joel Bakan e David Schneiderman: 
“A Constituição é mais que um documento legal. É um 
documento com intenso significado simbólico e ideo-
lógico – refletindo tanto o que nós somos enquanto 
sociedade, como o que nós queremos ser.” É com essa 
perspectiva que há de se compreender a Carta de 1988.
A Constituição de 1988 demarca, no âmbito jurídico, 
o processo de democratização do Estado brasileiro, ao 
consolidar a ruptura com o regime autoritário militar ins-
talado em 1964. O regime militar foi caracterizado pela 
supressão de direitos constitucionais, pela hipertrofia do 
Poder Executivo em relação aos demais Poderes e pelo 
centralismo federativo na União, em detrimento da auto-
nomia dos Estados. As Forças Armadas passaram a exer-
cer controle direto das principais funções governamen-
tais, consolidando a fusão entre os militares e o poder.
Após o longo período de vinte e um anos de auto-
ritarismo militar, que perdurou de 1964 a 1985 no país, 
deflagra-se o processo de democratização no Brasil. Ain-
da que esse processo tenha se iniciado, originariamente, 
pela liberalização política do próprio regime autoritá-
rio – em face de dificuldades em solucionar problemas 
internos –, as forças de oposição da sociedade civil se 
beneficiaram do processo de abertura, fortalecendo-se 
mediante formas de organização, mobilização e articu-
lação, que permitiram importantes conquistas sociais e 
políticas.
A transição democrática, lenta e gradual, permitiu a 
formação de um controle civil sob as forças militares. Exi-
giu ainda a elaboração de um novo código, que refizesse 
o pacto político-social. Esse processo culminou, juridica-
mente, na promulgação de uma nova ordem constitu-
cional. Nascia assim a Constituição de outubro de 1988.
A Carta de 1988 pode ser concebida como o marco 
jurídico da transição democrática e da institucionaliza-
ção dos direitos humanos no Brasil. Introduz indiscutí-
vel avanço na consolidação legislativa das garantias e 
direitos fundamentais e na proteção de setores vulne-
ráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos 
humanos ganham relevo extraordinário, situando-se a 
Carta de 1988 como o documento mais abrangente e 
pormenorizado sobre os direitos humanos jamais ado-
tado no Brasil. Como atenta José Afonso da Silva: “É a 
Constituição cidadã, na expressão de Ulysses Guimarães, 
Presidente da Assembleia Nacional Constituinte que a 
produziu, porque teve ampla participação popular em 
sua elaboraçãoe especialmente porque se volta decidi-
damente para a plena realização da cidadania.” 
Ao alargar consideravelmente o universo dos direi-
tos fundamentais, a Carta de 1988 destaca-se como uma 
das Constituições mais avançadas do mundo, no que 
respeita à matéria.
Desde seu preâmbulo, a Carta de 1988 projeta a 
construção de um Estado Democrático de Direito “desti-
nado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indivi-
duais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol-
vimento, a igualdade e a justiça como valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconcei-
tos (...)”. Se no entender de José Joaquim Gomes Cano-
tilho, a juridicidade, a constitucionalidade e os direitos 
fundamentais são as três dimensões fundamentais do 
princípio do Estado de Direito, perceber-se-á que o tex-
to consagra amplamente essas dimensões, ao afirmar, 
em seus primeiros artigos (arts. 1º e 3º), princípios que 
consagram os fundamentos e os objetivos do Estado De-
mocrático de Direito brasileiro.
Dentre os fundamentos que alicerçam o Estado De-
mocrático de Direito brasileiro, destacam-se a cidadania 
e dignidade da pessoa humana (art. 1º, incs. II e III). Vê-
-se aqui o encontro do princípio do Estado Democrático 
de Direito e dos direitos fundamentais, fazendo-se claro 
que os direitos fundamentais são um elemento básico 
para a realização do princípio democrático, tendo em 
vista que exercem uma função democratizadora. Como 
afirma Jorge Miranda: “A Constituição confere uma uni-
dade de sentido, de valor e de concordância prática ao 
sistema dos direitos fundamentais. E ela repousa na dig-
nidade da pessoa humana, ou seja, na concepção que faz 
a pessoa fundamento e fim da sociedade e do Estado.”
Por sua vez, construir uma sociedade livre, justa e 
solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar 
19
Direito Constitucional
a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades 
sociais e regionais e promover o bem de todos sem pre-
conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação, constituem os objetivos 
fundamentais do Estado brasileiro, consagrados no ar-
tigo 3º da Carta de 1988. No entender de José Afonso 
da Silva: “É a primeira vez que uma Constituição assina-
la, especificamente, objetivos do Estado brasileiro, não 
todos, que seria despropositado, mas os fundamentais, 
e entre eles, uns que valem como base das prestações 
positivas que venham a concretizar a democracia eco-
nômica, social e cultural, a fim de efetivar na prática a 
dignidade da pessoa humana.” 
Infere-se desses dispositivos quão acentuada é a 
preocupação da Constituição em assegurar os valores da 
dignidade e do bem-estar da pessoa humana, como um 
imperativo de justiça social. Na lição de Antonio Enrique 
Pérez Luño: 
“Los valores constitucionales poseen una triple dimen-
sión: a) fundamentadora – núcleo básico e informador de 
todo el sistema jurídico-político; b) orientadora – metas 
o fines predeterminados, que hacen ilegítima cualquer 
disposición normativa que persiga fines distintos o que 
obstaculice la consecusión de aquellos enunciados en el 
sistema axiológico constitucional; y c) crítica – para ser-
vir de criterio o parámetro de valoración para justipreciar 
hechos o conductas. (...) Los valores constitucionales su-
ponen, por tanto, el contexto axiológico fundamentador 
o básico para la interpretación de todo el ordenamento 
jurídico; el postulado-guia para orientar la hermenéutica 
teleológica y evolutiva de la Constitución; y el critério para 
medir la legitimidad de las diversas manifestaciones del 
sistema de legalidad.”
Nesse sentido, o valor da dignidade da pessoa hu-
mana impõe-se como núcleo básico e informador de 
todo ordenamento jurídico, como critério e parâmetro 
de valoração a orientar a interpretação e compreensão 
do sistema constitucional.
Considerando que toda Constituição há de ser com-
preendida como uma unidade e como um sistema que 
privilegia determinados valores sociais, pode-se afirmar 
que a Carta de 1988 elege o valor da dignidade humana 
como um valor essencial que lhe doa unidade de senti-
do. Isto é, o valor da dignidade humana informa a ordem 
constitucional de 1988, imprimindo-lhe uma feição par-
ticular.
Adotando-se a concepção de Ronald Dworkin, acre-
dita-se que o ordenamento jurídico é um sistema no 
qual, ao lado das normas legais, existem princípios que 
incorporam as exigências de justiça e dos valores éticos. 
Esses princípios constituem o suporte axiológico que 
confere coerência interna e estrutura harmônica a todo 
sistema jurídico. O sistema jurídico define-se, pois, como 
uma ordem axiológica ou teleológica de princípios ju-
rídicos, que apresentam verdadeira função ordenadora, 
na medida em que salvaguardam valores fundamentais. 
A interpretação das normas constitucionais advém, des-
se modo, de critério valorativo extraído do próprio siste-
ma constitucional.
À luz dessa concepção, infere-se que o valor da dig-
nidade da pessoa humana, bem como o valor dos direi-
tos e garantias fundamentais vêm a constituir os prin-
cípios constitucionais que incorporam as exigências de 
justiça e dos valores éticos, conferindo suporte axiológi-
co a todo sistema jurídico brasileiro.
Com efeito, a busca do texto em resguardar o va-
lor da dignidade humana é redimensionada, na medida 
em que, enfaticamente, privilegia a temática dos direitos 
fundamentais. Constata-se, assim, uma nova topografia 
constitucional, na medida em que o texto de 1988, em 
seus primeiros capítulos, apresenta avançada Carta de 
direitos e garantias, elevando-os, inclusive, a claúsula 
pétrea, o que, mais uma vez, revela a vontade constitu-
cional de priorizar os direitos e garantias fundamentais.
Todavia, a Carta de 1988 não se atém apenas em 
alterar a topografia constitucional tradicional e elevar 
a cláusula pétrea os direitos e garantias individuais. O 
texto de 1988 ainda inova, ao alargar a dimensão dos 
direitos e garantias, não mais se limitando a assegurar 
direitos individuais. Passa a Carta de 1988 a incorporar 
a tutela dos direitos coletivos e difusos, aqueles perti-
nentes a determinada classe ou categoria social e estes 
pertinentes a todos e a cada um, caracterizados que são 
pela indefinição objetiva e indivisibilidade de seu obje-
to. A esse respeito, basta comparar a denominação atri-
buída ao Capítulo I do Título II da Constituição de 1988 
– “Dos direitos e deveres individuais e coletivos” – com 
a Constituição anterior, que consagrava tão-somente di-
reitos e garantias individuais. 
Atente-se, ademais, que a Constituição de 1988, 
no intuito de reforçar a imperatividade das normas que 
traduzem direitos e garantias fundamentais, institui o 
princípio da aplicabilidade imediata das normas defini-
doras de direitos e garantias fundamentais, nos termos 
de seu artigo 5º, parágrafo 1º. Inadmissível, por conse-
qüência, a inércia do Estado quanto à concretização de 
direito fundamental, posto que a omissão estatal viola 
a ordem constitucional, tendo em vista a exigência de 
ação, o dever de agir no sentido de garantir direito fun-
damental. Implanta-se um constitucionalismo concre-
tizador dos direitos fundamentais. Vale dizer, cabe aos 
Poderes Públicos conferir eficácia máxima e imediata a 
todo e qualquer preceito definidor de direito e garan-
tia fundamental. Esse princípio intenta assegurar a força 
dirigente e vinculante dos direitos e garantias de cunho 
fundamental, ou seja, objetiva tornar tais direitos prer-
rogativas diretamente aplicáveis pelos Poderes Legisla-
tivo, Executivo e Judiciário. No entender de Canotilho, 
o sentido fundamental dessa aplicabilidade direta está 
em reafirmar que “os direitos, liberdades e garantias 
são regras e princípios jurídicos, imediatamente eficazes 
e actuais, por via direta da Constituição e não através 
da auctoritas interpositio do legislador. Não são simples 
norma normarum mas norma normata, isto é, não são 
meras normas para a produção de outras normas,mas 
sim normas diretamente reguladoras de relações jurídi-
co-materiais.”
Ao mesmo tempo em que consolida a extensão de 
titularidade de direitos, acenando à existência de novos 
sujeitos de direitos, a Carta de 1988 também consolida o 
aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, 
mediante a ampliação de direitos sociais, econômicos e 
culturais. Vale lembrar que, ao longo da história consti-
tucional brasileira, as Cartas de 1824 e 1891 foram Cons-
tituições Liberais, já a Constituição de 1934 e seguintes 
(com exceção da Carta de 1937) podem ser classificadas 
como Constituições Sociais.
Ainda que assim o seja, a Carta de 1988 expande, 
consideravelmente, o universo de direitos sociais, in-
tegrando-os na Declaração dos Direitos fundamentais. 
20
Direito Constitucional
Observe-se, em contrapartida, que a Carta Constitucio-
nal de 1967, ao situar alguns preceitos de cunho social 
no título dedicado à ordem econômica e social, não fazia 
qualquer alusão explícita aos direitos sociais propria-
mente ditos, envolvendo em sua Declaração de Direitos 
tão-somente os direitos da nacionalidade, os direitos 
políticos, os partidos políticos, os direitos e garantias in-
dividuais e as medidas de emergência, do estado de sítio 
e do estado de emergência (Capítulos I a V do Título II, 
dedicado à Declaração de Direitos).
Nesse passo, a Constituição de 1988, além de afir-
mar no artigo 6º que “são direitos sociais a educação, 
a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assis-
tência aos desamparados”, ainda apresenta uma ordem 
social com um amplo universo de normas que enunciam 
programas, tarefas, diretrizes e fins a serem perseguidos 
pelo Estado e pela sociedade. A título de exemplifica-
ção, destacam-se determinados dispositivos constitucio-
nais constantes da ordem social, que fixam, dentre os 
deveres do Estado e direitos do cidadão, a saúde (art. 
196), a educação (art. 205), a cultura (art. 215), as práticas 
desportivas (art. 217), a ciência e a tecnologia (art. 218), 
dentre outros.
A essa ordem social conjuga-se uma ordem econô-
mica que, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existên-
cia digna, conforme os ditames da justiça social, como 
determina o artigo 170 da Carta de 1988. Trata-se de 
ordem econômica complexa, porque, como atenta Cel-
so Bastos, “nela intervêm não só disposições ou preocu-
pações com a geração, circulação e consumo de bens, 
como também princípios e normas retratadoras de rea-
lidades mais atinentes a outros planos. Exemplos: inciso 
III do artigo 170, função social da propriedade; inciso VI, 
defesa do meio ambiente; e inciso VII, redução das desi-
gualdades regionais e sociais.” É neste sentido que a or-
dem econômica da Constituição de 1988 busca combi-
nar a livre iniciativa e concorrência (arts. 1º, IV e 170, IV) 
com a atuação do Estado, seja como agente normativo 
e regulador da atividade econômica, seja como agente 
econômico que desenvolve atividades estratégicas para 
a defesa nacional ou imprescindíveis ao desenvolvimen-
to do país (arts. 173 e 174, respectivamente). Comparti-
lha-se da interpretação de Eros Roberto Grau, para quem 
o modelo definido na ordem econômica na Constituição 
de 1988 é um modelo aberto que, a partir de uma inter-
pretação dinâmica, é capaz de instrumentalizar as mu-
danças da realidade social, podendo ser descrito como 
modelo de bem-estar.
Saliente-se, ademais, que a ordem econômica na 
Constituição de 1988 faz opção pelo sistema capitalista, 
que, todavia, não está em contradição com o modelo de 
Estado voltado ao bem-estar social, cunhado no título 
definidor da ordem social dessa mesma Carta. Esclareça-
-se: o Estado de bem-estar social não se confunde com 
o Estado socialista e com o regime da propriedade cole-
tiva dos meios de produção, mas implica em modelo de 
Estado que concretize o direito a prestações positivas, o 
que resulta no desafio de arquitetar uma estrutura tribu-
tária e fiscal condizente com esse modelo – dificultoso 
desafio que, no entanto, transcende ao objeto desta in-
vestigação.
À luz da Carta de 1988, reforça-se a idéia de que a 
participação estatal é imprescindível sob muitos aspec-
tos, particularmente no campo social.
Em síntese, extrai-se do sistema constitucional de 
1988 os delineamentos de um Estado intervencionista, 
voltado ao bem-estar social. Consagra-se a preeminên-
cia ao social. Com o Estado Social, como observa Paulo 
Bonavides, o Estado-inimigo cede lugar ao Estado-ami-
go, o Estado-medo ao Estado-confiança, o Estado-hos-
tilidade ao Estado-segurança. As Constituições tendem 
a se transformar num pacto de garantia social. Assim, 
o Estado Constitucional Democrático de 1988 não se 
identifica com um Estado de direito formal, reduzido a 
simples ordem de organização e processo, mas visa a 
legitimar-se como um Estado de justiça social, concreta-
mente realizável.
O texto constitucional de 1988 confirma, nesse sen-
tido, o esgotamento do modelo liberal de Estado, em 
face do aumento de bens merecedores de tutela, que 
exigem a eficiência de um Estado de Bem-Estar Social, 
intervencionista e planejador.
Ao atestar a insuficiência do paradigma liberal-indi-
vidualista, fundado no Estado liberal não-interventor e 
limitado juridicamente, voltado ao resguardo dos domí-
nios da privacidade e à tutela dos direitos e liberdades 
de cunho individual, a Carta de 1988 busca responder à 
emergência de um novo padrão de conflituosidade, bem 
como à exigência de novos direitos fundamentais.
Da Constituição de 1988 emerge uma ordem jurídica 
própria dos Estados intervencionistas, cuja dinâmica está 
condicionada à eficiência e competência na obtenção de 
resultados, que se subordinam à concretização de polí-
ticas públicas.
Nesse sentido, o texto de 1988 não apenas é insti-
tuto de proteção das relações existentes, mas é Consti-
tuição de uma sociedade em devir. Surge o problema 
da realidade como tarefa e do Direito como antecipador 
das mudanças sociais, o que rompe com a função de 
“Direito-situação”. O desafio do Direito Constitucional 
contemporâneo refere-se à concretização constitucio-
nal, tendo em vista ser a Constituição de 1988 uma Carta 
aberta, direcionada ao futuro e não conformadora do 
status quo do presente.
Como observa Canotilho, a Constituição tem sempre 
como tarefa a realidade: juridificar constitucionalmente 
essa tarefa ou abandoná-la à política, é o grande desafio.
À luz do perfil inovador da Carta de 1988 e do cons-
titucionalismo de direitos por ela inaugurado, passa-se 
à análise do modo pelo qual consagra a proteção dos 
direitos humanos.
 
A Constituição Brasileira de 1988 e a Proteção 
dos Direitos Humanos
Inicialmente, cabe esclarecer que a definição de 
direitos humanos aponta uma pluralidade de significa-
dos. No dizer de Hannah Arendt, a cidadania não é um 
dado, mas um construído. Considerando a historicidade 
dos direitos humanos – da qual decorre a pluralidade de 
concepções –, opta-se pela concepção contemporânea 
de direitos humanos, introduzida pela Declaração Uni-
versal de 1948 e reiterada pela Declaração de Direitos 
Humanos de Viena de 1993.
A chamada concepção contemporânea de direitos 
humanos é fundada na universalidade e na indivisibili-
dade desses direitos. Universalidade porque a condição 
de pessoa há de ser o requisito único para a titularidade 
de direitos, afastada qualquer outra condição. Indivisi-
bilidade porque os direitos civis e políticos hão de ser 
21
Direito Constitucional
1891 e seguintes), a preocupação se ateve à defesa da 
paz e à solução pacífica dos conflitos; ou seja, consolida-
das as fronteiras nacionais, a preocupação constitucio-
nal passa a ser com a vocação pacifista do Brasil. Como 
explica Celso Lafer: “na experiência brasileira, o Império 
cuidou da independência e da preservação da unidade 
nacional e a República, tendo consolidado as fronteiras 
nacionais, afirmou a vocaçãopacífica do país, reconhe-
cendo progressivamente a importância da cooperação 
internacional para a preservação da paz.”
Além das inovações introduzidas pelo artigo 4º, ao 
consagrar princípios inovadores a reger o Brasil no cená-
rio internacional, um outro dispositivo merece destaque, 
qual seja o artigo 5º, parágrafo 2º. Ao fim da extensa 
Declaração de Direitos enunciada pelo artigo 5º, a Carta 
de 1988 estabelece que os direitos e garantias expressos 
na Constituição “não excluem outros decorrentes do re-
gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil 
seja parte”. A Constituição de 1988 inova, assim, ao in-
cluir, dentre os direitos constitucionalmente protegidos, 
os direitos enunciados nos tratados internacionais de 
que o Brasil seja signatário. Ao efetuar tal incorporação, 
a Carta está a atribuir aos direitos internacionais uma 
hierarquia especial e diferenciada: a hierarquia de norma 
constitucional.
Conjugando os artigos 1º, III, 4º e 5º, parágrafo 2º, 
outra conclusão não resta senão a aceitação pelo texto 
constitucional do alcance universal dos direitos huma-
nos.
Quanto ao caráter indivisível, interdependente e in-
ter-relacionado dos direitos humanos, ressalte-se que a 
Carta de 1988 é a primeira Constituição que integra ao 
elenco dos direitos fundamentais, os direitos sociais, que 
nas Cartas anteriores restavam pulverizados no capítulo 
pertinente à ordem econômica e social. A opção da Carta 
é clara ao afirmar que os direitos sociais são direitos fun-
damentais, sendo pois inconcebível separar os valores 
liberdade (direitos civis e políticos) e igualdade (direitos 
sociais, econômicos e culturais).
Logo, a Constituição Brasileira de 1988 acolhe a con-
cepção contemporânea de direitos humanos, ao reforçar 
a universalidade e a indivisibilidade desses direitos.
Importa, assim, investigar a forma pela qual são esses 
direitos protegidos, ou seja, importa avaliar os mecanis-
mos e instrumentos de proteção dos direitos humanos.
No campo das garantias fundamentais, a ordem 
constitucional de 1988 também introduz extraordiná-
rias inovações. Ao lado de garantias tradicionais, como 
o habeas corpus (previsto pela Constituição de 1891), o 
mandado de segurança e a ação popular (previstos pela 
Constituição de 1934), a Carta de 1988 estabelece como 
novas garantias constitucionais o mandado de injunção, 
o habeas data e o mandado de segurança coletivo.
Nos termos do artigo 5º, LXXI, caberá mandado de 
injunção sempre que a falta da norma regulamentadora 
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades cons-
titucionais. A finalidade do mandado de injunção é, pois, 
concretizar o exercício de um direito ou liberdade cons-
titucional que se encontra obstado por falta de regula-
mentação. Note-se que a Carta de 1988, quando de sua 
promulgação (em 5 de outubro de 1988), estava a exigir 
a elaboração de duzentos e quarenta e duas normas re-
gulamentadoras. Passados mais de dez anos da adoção 
da Constituição, restam ainda inúmeras normas a serem 
somados aos direitos sociais, econômicos e culturais, já 
que não há verdadeira liberdade sem igualdade e nem 
tampouco há verdadeira igualdade sem liberdade. Esta 
concepção, acolhida pela Declaração Universal em 1948, 
veio a ser endossada pela Declaração de Viena de 1993, 
que em seu parágrafo 5º consagrou que os “direitos 
humanos são universais, indivisíveis, interdependentes 
e inter-relacionados. A comunidade internacional deve 
tratar os direitos humanos globalmente de forma justa e 
equitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase.»
Adotada essa concepção de direitos humanos, há 
que se avaliar o modo pelo qual a Carta de 1988 assegu-
ra a proteção dos direitos humanos, a partir das noções 
de universalidade e indivisibilidade destes direitos.
Com relação à universalidade dos direitos humanos, 
atenta-se que a Constituição de 1988, ao eleger o va-
lor da dignidade humana como princípio fundamental 
da ordem constitucional, compartilha da visão de que a 
dignidade é inerente à condição de pessoa, ficando proi-
bida qualquer discriminação. O texto enfatiza que todos 
são essencialmente iguais e assegura a inviolabilidade 
dos direitos e garantias fundamentais.
Além de afirmar o alcance universal dos direitos hu-
manos, o texto constitucional ainda reforça essa concep-
ção, na medida em que realça que os direitos humanos 
são tema do legítimo interesse da comunidade interna-
cional, transcendendo, por sua universalidade, as fron-
teiras do Estado.
Essa concepção está embasada na interpretação de 
dois dispositivos inéditos na história constitucional bra-
sileira: o artigo 4º, II e o artigo 5º, parágrafo 2º, da Cons-
tituição de 1988.
À luz da Carta de 1988, dentre os princípios a reger 
o Brasil nas relações internacionais, destaca-se inedita-
mente o princípio da prevalência dos direitos humanos. 
Se o Brasil se orientará pela observância desse princípio 
ao se relacionar com os demais países da ordem inter-
nacional, é porque assume que os direitos humanos são 
um tema global, de legítimo interesse da comunidade 
internacional.
A partir do momento em que o Brasil se propõe a 
fundamentar suas relações com base na prevalência dos 
direitos humanos, está ao mesmo tempo reconhecendo 
a existência de limites e condicionamentos à noção de 
soberania estatal. Isto é, a soberania do Estado brasileiro 
fica submetida a regras jurídicas, tendo como parâmetro 
obrigatório a prevalência dos direitos humanos. Rom-
pe-se com a concepção tradicional de soberania estatal 
absoluta, reforçando o processo de sua flexibilização e 
relativização em prol da proteção dos direitos humanos. 
Esse processo é condizente com as exigências do Estado 
Democrático de Direito constitucionalmente pretendido.
Ao lado do princípio da prevalência dos direitos hu-
manos, a ênfase na proteção desses direitos vem refor-
çada a partir de valores inovadores a guiar o Brasil no 
contexto internacional, como o princípio do repúdio ao 
terrorismo e ao racismo, a concessão de asilo político e a 
cooperação entre os povos para o progresso da humani-
dade (vide o art. 4º, incs. VIII, IX, X).
Observe-se que, em uma breve síntese da história 
constitucional brasileira, durante a Constituição imperial 
de 1824 a preocupação se concentrava na defesa dos va-
lores da independência nacional, soberania e não-inter-
venção, na medida em que eram consolidadas as fron-
teiras nacionais. Já a partir da República (Constituição de 
22
Direito Constitucional
produzidas. Nesse contexto, o objetivo era evitar que a 
omissão dos Poderes Públicos inviabilizasse o exercício 
de direitos constitucionalmente enunciados, de forma 
a permitir que o Poder Judiciário, ao conceder a injun-
ção, tornasse viável o exercício de direito ou a liberdade 
constitucional.
Contudo, não tem sido esse o entendimento ma-
joritário do Supremo Tribunal Federal, que não confe-
re efeitos concretistas à nova garantia. Para o Supremo 
Tribunal Federal, a concessão do mandado de injunção 
implicará apenas na declaração da inconstitucionalidade 
por omissão e na ciência ao Poder competente para que 
adote as providências necessárias. Essa interpretação es-
vazia de funcionalidade o novo instituto, equiparando-
-o à chamada ação direta de inconstitucionalidade por 
omissão (art. 103, § 2º da Constituição).
Outra relevante garantia constitucional é o habeas 
data. Trata-se de instrumento que permite o conheci-
mento e a retificação de informações relativas à pessoa 
do impetrante, constantes em registros ou bancos de 
dados de entidades governamentais ou de caráter pú-
blico. Tutela-se assim o direito à informação, por meio 
de instrumento de tutela dos direitos da personalidade. 
De um lado, o habeas data assegura a publicidade e a 
transparência dos dados constantes de bancos de da-
dos governamentais ou de caráter público, que devem 
estar sob o controle estrito dos titulares dos dados, a fim 
de que se evitem abusos e o arbítrio.Por outro lado, o 
habeas data tutela o respeito à intimidade, à vida privada 
da pessoa a que as informações se referem.
Com relação à garantia do mandado de segurança 
coletivo, também é inovação da Carta de 1988, que am-
pliou a legitimidade ativa para a impetração de manda-
do de segurança, autorizando-a para partidos políticos, 
com representação no Congresso Nacional, bem como 
para organizações sindicais, entidades de classe ou as-
sociações, em defesa dos interesses de seus membros 
ou associados.
No tocante à garantia da ação popular, a Carta de 
1988 amplia significativamente seu objeto, para envolver 
a proteção da moralidade administrativa.
Por fim, merece ainda registro o fato da Carta de 
1988 ter alargado o objeto da ação civil pública. Prevista 
pela Lei n. 7.347/85, a ação civil pública objetivava a res-
ponsabilidade por dano causado ao meio ambiente, ao 
consumidor e a bens de valor artístico. A partir da Car-
ta de 1988, a ação civil pública torna-se instrumento de 
proteção de todo e qualquer direito difuso ou coletivo, 
não mais ficando restrita à tutela do meio ambiente, con-
sumidor ou bens de valor artístico. A título de exemplo, 
passam a ser tuteláveis por meio da ação civil pública os 
direitos sociais à saúde, à educação, ao transporte, den-
tre outros. Desta feita, a ação civil pública transforma-se 
em um importante mecanismo de proteção de direitos 
que demandam o cumprimento de tarefas positivas.
Tendo em vista esse breve panorama das inova-
ções constitucionais relativas às garantias fundamentais, 
constata-se que o texto de 1988 conjuga garantias típi-
cas do modelo liberal, voltadas à proteção das liberdades 
(como o habeas corpus e o mandado de segurança), com 
garantias típicas do modelo social, voltadas à proteção 
da igualdade material e justiça social (como o mandado 
de injunção e a ação civil pública).
Todavia, resta observar que a implementação dessas 
garantias pelo Poder Judiciário ainda encontra resistên-
cias, em especial quanto às garantias de cunho social.
Com efeito, no tocante à proteção dos direitos civis 
– as liberdades públicas no sentido clássico – há farta 
jurisprudência das Cortes brasileiras, em especial quan-
do do julgamento das garantias do habeas corpus e do 
mandado de segurança. Essas garantias têm marcada 
inspiração liberal, na medida em que objetivam a con-
tenção do abuso e do arbítrio do Poder Público, obje-
tivando um não-fazer – ora protegendo a liberdade de 
locomoção (habeas corpus), ora o direito líquido e certo 
(mandado de segurança). Nesses casos, o Poder Judi-
ciário se vale da chamada “interpretação de bloqueio”, 
com o fim último de assegurar o respeito ao valor da 
liberdade, limitando o poder do Estado, de acordo com 
o princípio da legalidade. A “interpretação de bloqueio”, 
na definição de Tércio Sampaio Ferraz Jr., é inspirada no 
princípio da proibição de excessos, sendo a hermenêuti-
ca constitucional voltada ao Estado de Direito concebido 
como Estado mínimo, reduzido em suas funções.
Já com relação às garantias de cunho eminentemen-
te social – mandado de injunção e ação civil pública – 
que demandam tarefas positivas do Estado, objetivando 
um fazer, o Poder Judiciário tem apresentado em geral 
uma atuação tímida, de forma a obstar tais prestações 
positivas. Ao apreciar tais garantias, as Cortes Brasilei-
ras recorrem à “interpretação de bloqueio”, que, como 
visto, é consonante com as garantias de cunho liberal, 
mas não social. Para a implementação de direitos sociais, 
necessária seria a adoção de uma “interpretação de legi-
timação de aspirações sociais à luz da Constituição”, na 
terminologia de Tércio Sampaio Ferraz Jr. O procedimen-
to interpretativo de legitimação de aspirações sociais à 
luz da Constituição reflete a pretensão de realização dos 
comandos constitucionais, na qualidade de instrumento 
de legitimação das tarefas postas ao Estado.
Percebe-se que a mentalidade do Judiciário brasi-
leiro está demasiada e profundamente dominada pelas 
tarefas tradicionais da justiça civil e penal, o que encerra 
dificuldades para uma mudança de postura, necessária 
para a interpretação e aplicação de leis promocionais, 
orientadas ao futuro. Aguarda-se uma maior participa-
ção do Poder Judiciário para a construção da sociedade 
de bem-estar, com maior sensibilidade às finalidades so-
ciais, tipicamente perseguidas pelo welfare state.
Tal mentalidade revela ainda a forte resistência da 
cultura jurídica nacional em conceber os direitos sociais, 
econômicos e culturais como verdadeiros direitos fun-
damentais. A implementação dos direitos sociais exige 
do Judiciário uma nova lógica, que afaste o argumen-
to de que a “separação dos poderes” não permite um 
controle jurisdicional da atividade governamental. Essa 
argumentação traz o perigo de inviabilizar políticas pú-
blicas, resguardando o manto da discricionariedade ad-
ministrativa.
Há portanto que se realçar a imperatividade jurídica 
dos direitos econômicos, sociais e culturais, com base na 
doutrina da indivisibilidade dos direitos humanos consa-
grada pela Declaração Universal em 1948 e endossada 
em Viena, em 1993. Há que se propagar a idéia de que 
os direitos sociais, econômicos e culturais são autênticos 
e verdadeiros direitos fundamentais e, por isso, devem 
ser reivindicados e compreendidos como direitos e não 
como caridade ou generosidade.
Observe-se que o próprio Poder Legislativo, em sua 
tarefa legiferante voltada à regulamentação da Carta de 
1988, tem se destacado fundamentalmente pela produ-
23
Direito Constitucional
VIDA
LIBERDADE
SEGURANÇA
III. Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à 
segurança pessoal.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distin-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade...
ESCRAVIDÃO
IV. Ninguém será mantido em escravidão ou servi-
dão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos 
em todas as suas formas. 
TORTURA 
V. Ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Art. 5º, III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante;
Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis 
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, 
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o ter-
rorismo e os crimes definidos como hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, po-
dendo evitá-los, se omitirem;
Art. 5º, XLIX - é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral;
Art. 5º, L - às presidiárias serão asseguradas condi-
ções para que possam permanecer com seus filhos du-
rante o período de amamentação;
PESSOA HUMANA
VI. Todo homem tem o direito de ser, em todos os 
lugares, reconhecido como pessoa humana, perante a 
lei.. 
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada 
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e Dis-
trito Federal, constituiu-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: ... III - a dignidade da 
pessoa humana.
IGUALDADE
VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem 
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm 
direito a igual proteção contra qualquer discriminação 
que viole a presente Declaração e contra qualquer inci-
tamento a tal discriminação.
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos 
e obrigações, nos termos desta Constituição.
ACESSO À JUSTIÇA
VIII. Todo homem tem direito a receber, dos tribu-
nais nacionais competentes, remédio efetivo para os 
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam 
reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem senten-
ciado senão pela autoridade competente.
Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre 
que alguém sofrer ouse achar ameaçado de sofrer vio-
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público.
ção de normas voltadas à defesa dos direitos civis e po-
líticos, sendo pouca a normatividade relativa à proteção 
dos direitos sociais, econômicos e culturais.
A resistência em acolher a indivisibilidade dos di-
reitos humanos não é constatada apenas nos Poderes 
Judiciário e Legislativo, o próprio Poder Executivo tam-
bém apresenta a mesma resistência. Basta, a título de 
exemplo, mencionar o Programa Nacional de Direitos 
Humanos, que, embora reconheça a indivisibilidade dos 
direitos humanos, consagra metas voltadas tão-somente 
à implementação dos direitos civis e políticos.
Por fim, no que tange à proteção dos direitos huma-
nos no Brasil, há que se adicionar a proposta de federali-
zação dos crimes contra os direitos humanos. O objetivo 
dessa proposta é transferir à Justiça Federal a compe-
tência para julgar os crimes contra os direitos humanos. 
Acredita-se que essa medida é essencial para o combate 
da impunidade, eis que em muitas regiões do país as 
instituições locais mostram-se falhas, incapazes e omis-
sas quanto ao dever de responder a casos de violação de 
direitos humanos. Ademais, tendo o Brasil ratificado, a 
partir do processo de democratização, os principais tra-
tados de direitos humanos, a responsabilidade interna-
cional quando da afronta a preceitos internacionais recai 
na pessoa jurídica da União, sem que ela tenha qualquer 
possibilidade de investigar, processar e punir os agen-
tes perpetradores da violação. Seria, pois, mais coerente 
que a própria União tivesse competência para processar 
e julgar os crimes contra os direitos humanos, o que con-
tribuiria para a criação de uma sistemática constitucional 
mais sintonizada com a responsabilidade internacional 
em direitos humanos, bem como para o combate à im-
punidade.
A seguir, uma correspondência entre os aspectos 
da Declaração Universal com os artigos na Constitui-
ção Brasileira de 1988:
DIGNIDADE HUMANA
I. Todos os homens nascem livres e iguais em dig-
nidade e direitos. São dotados de razão e consciência e 
devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade.
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos 
e obrigações, nos termos desta Constituição.
NÃO DISCRIMINAÇÃO
II. Todo homem tem capacidade para gozar os direi-
tos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem 
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, lín-
gua, religião, opinião política ou de outra natureza, ori-
gem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer 
outra condição.
Além disso, não se fará distinção alguma baseada na 
condição política, jurídica ou internacional, do país ou 
do território cuja jurisdição dependa uma pessoa, quer 
se trate de país independente, como de território de ad-
ministração fiduciária, não autônomo ou submetido a 
qualquer outra limitação de soberania.
Art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação 
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais:
Art. 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
fiançável imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos 
termos da lei;
24
Direito Constitucional
Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandato de segurança 
para proteger direito líquido e certo, não amparado por 
habeas corpus ou habeas data quando o responsável 
por ilegalidade ou abuso de poder
Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandato de injunção 
sempre que a falta da norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitu-
cionais, e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania.
Art. 5º, LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para 
assegurar o conhecimento de informações relativas à 
pessoa do impetrante... b) para a retificação de dados...
Art. 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos.
Art. 5º, LXXVII - são gratuitas as ações de habeas 
corpus e habeas data e, na forma da lei, os atos necessá-
rios ao exercício da cidadania.
HABEAS CORPUS
IX. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou 
exilado. 
Art. 5º, LXI - ninguém será preso senão em flagrante 
delito ou por ordem escrita e fundamentada de auto-
ridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos 
em lei;
Art. 5º, LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local 
onde se encontrem serão comunicados imediatamente 
ao juiz competente e a família do preso ou a pessoa por 
ele indicada;
Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus di-
reitos, entre os quais de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurado a assistência da família e de advogado;
Art. 5º, LXIV - o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial;
Art. 5º, LXV - a prisão ilegal será imediatamente rela-
xada pela autoridade judiciária;
Art. 5º, LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela 
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, 
com ou sem fiança.
Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, sal-
vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário 
infiel.
DEVIDO PROCESSO LEGAL
X. Todo homem tem direito, em plena igualdade, a 
uma justa e pública audiência por parte de um tribunal 
independente e imparcial, para decidir de seus direitos e 
deveres ou do fundamento de qualquer acusação crimi-
nal contra ele. 
Art. 5º, XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de ex-
ceção;
Art. 5º, XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a 
plenitude da defesa; b) o sigilo das votações; c) a sobe-
rania dos veredictos; d) a competência para julgamento 
dos crimes dolosos contra a vida;
INOCÊNCIA
XI. Todo homem acusado de um ato delituoso tem 
o direito de ser presumido inocente, até que sua culpa-
bilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em jul-
gamento público, no qual lhe tenham sido asseguradas 
todas as garantias necessárias à sua defesa. Ninguém 
será condenado por atos ou omissões que, no momento 
em que foram cometidos, não tenham sido delituosos 
segundo o direito nacional ou internacional. Tampouco 
será imposta penalidade mais grave do que a aplicável 
no momento em que foi cometido o delito. 
Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para be-
neficiar o réu;
Art. 5º, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e 
a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio transferido;
Art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da 
pena e adotará, entre outras, a seguinte: a) privação ou 
restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) 
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição 
de direitos;
Art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo 
em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de 
banimento; e) cruéis;
Art. 5º, LIV - ninguém será privado de liberdade ou 
de seus bens, sem o devido processo legal;
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados 
o contraditório e ampla defesa, com meios e recursos a 
ele inerentes;
Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos;
Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até 
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
DIREITO À INTIMIDADE
XII. Ninguém será sujeito a interferências na sua vida 
privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon-
dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo 
homem tem direito àproteção da lei contra tais interfe-
rências ou ataques.
Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida priva-
da, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direi-
to à indenização pelo dano material ou moral decorrente 
de sua violação;
Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre 
ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determi-
nação judicial;
Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência 
e das comunicações telegráficas, de dados, e das comu-
nicações telefônicas, salvo no último caso, por ordem 
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer 
para fins de investigação criminal ou instrução proces-
sual penal;
LIBERDADE DE IR E VIR
XIII. Todo homem tem direito à liberdade de loco-
moção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
Todo homem tem direito a sair de qualquer país, inclusi-
ve do próprio, e a ele regressar.
Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacio-
nal em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dela sair com 
seus bens;
25
Direito Constitucional
XIV. Todo homem, vítima de perseguição, tem o di-
reito de procurar e de gozar asilo em outros países. Este 
direito não poderá ser invocado contra uma ação judi-
cial realmente originada em delitos comuns ou em atos 
opostos aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Art. 5º, XLIV - é assegurado a todos o acesso à infor-
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
rio ao exercício profissional;
Art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal-
vo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado 
antes da naturalização ou de comprovado envolvimento 
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei;
Art. 5º, LII - não será concedida a extradição de es-
trangeiro por crime político ou de opinião;
NACIONALIDADE
XV. Todo homem tem direito a uma nacionalidade. 
Não se privará ninguém arbitrariamente da sua naciona-
lidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Art. 12, §2º - A lei não poderá estabelecer distinção 
entre brasileiros natos e naturali-zados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição.
FAMÍLIA
XVI. Os homens e as mulheres de maior idade, sem 
qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, 
têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma famí-
lia. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, 
sua duração e dissolução. O casamento não será válido 
senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 
A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade 
e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado.
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Es-
tado assegurar à criança e ao adolescente, com absolu-
ta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig-
nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar 
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda for-
ma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão.
PROPRIEDADE
Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e edu-
car os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de 
ajudar e amparar na velhice, carência ou enfermidade.
XVII. Todo homem tem direito à propriedade, só ou 
em sociedade com outros. Ninguém será arbitrariamen-
te privado de sua propriedade. 
Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade;
Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função 
social;
Art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Consti-
tuição;
Art. 5º, XXV - no caso de iminente perigo público, 
a autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização ulte-
rior, se houver dano;
Art. 5º, XXVI - a pequena propriedade rural, assim 
definida em lei, desde que trabalhada pela família, não 
será objeto de penhora para pagamento de débitos de-
correntes de sua atividade produtiva, dispondo a lei os 
meios de financiar o seu desenvolvimento;
Art. 5º, XXX - é garantido o direito de herança;
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA
XVIII. Todo homem tem direito à liberdade de pen-
samento, consciência e religião. Este direito inclui a li-
berdade de mudar de religião ou crença e a liberdade 
de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela 
prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coleti-
vamente, em público ou em particular.
Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e 
de crença, sendo assegurado o livre exercício de cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção nos 
locais de culto e as suas liturgias;
Art. 5º, VII - é assegurada, nos termos da lei, a pres-
tação de assistência religiosa nas entidades civis e milita-
res de internação coletiva;
LIVRE EXPRESSÃO
XIX. Todo homem tem direito à liberdade de opinião 
e expressão. Este direito inclui a liberdade de, sem inter-
ferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir 
informações e idéias por quaisquer meios e independen-
te de fronteiras.
Art. 5º, XIV - é assegurado a todos o acesso à infor-
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá-
rio ao exercício profissional;
Art. 5º, IX - é livre a expressão da atividade intelec-
tual, artística, científica e de comunicação, independen-
temente de censura ou licença;
ASSOCIAÇÃO
XX. Todo homem tem direito à liberdade de reunião 
e associação pacíficas. Ninguém pode ser obrigado a fa-
zer parte de uma associação.
Art. 5º, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, 
sem armas, em locais abertos ou públicos, independente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Art. 5º, XVII - é plena a liberdade de associação para 
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Art. 5º, XVIII - a criação de associações e, na forma da 
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Art. 5º, XIX - as associações só poderão ser compul-
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas 
por decisão judicial, exigindo-se no primeiro caso o trân-
sito em julgado;
Art. 1º, § único - Todo o poder emana do povo, que 
o exerce por meio de representantes eleitos, ou direta-
mente, nos termos desta Constituição.
Art. 10 - É assegurada a participação dos trabalhado-
res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos 
em seus interesses profissionais ou previdenciários se-
jam objeto de discussão ou deliberação.
Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo su-
frágio universal e pelo voto direto secreto, com valor 
igual para todos...
Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos ...
Art. 16 - A lei que alterar o processo eleitoral só en-
trará em vigor um ano após sua promulgação.
26
Direito Constitucional
Art. 17 - É livre a criação, fusão, incorporação e extin-
ção de partidos políticos, resguardados a soberania na-
cional, ...os direitos fundamentais da pessoa humana ...
ACESSO AO GOVERNO
XXI. Todo homem tem o direito de tomar parte no 
governo do próprio país, diretamente ou por intermédio 
de representantes livremente escolhidos.
Todo homem tem o direito de acesso em condições 
de igualdade, às funções públicas de seu país. A vontade 
do povo é a base da autoridade do poder público; esta 
vontade deverá ser expressa mediante eleições autênti-
cas que deverão se realizar periodicamente, por sufrágio 
universal e igual, e por voto secreto ou outro procedi-
mento equivalente que garanta a liberdade do voto.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos 
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: I - relação de empregoformal e jurídico da Constituição, pois substancialmente 
e sensitivamente uma Constituição que revoga a outra 
não altera o povo e nem o território. Isso significa que 
o sentido de criação de um novo Estado em virtude de 
nova Constituição é formal ou jurídico, portanto.
A finalidade da Constituição 
Estabelecer as principais características, estruturas e 
objetivos do Estado com base numa vontade contem-
porânea ao momento de sua criação, seja por meio da 
vontade de um povo, seja pela imposição do detentor 
do poder naquele instante.
Vejamos que os órgãos e entidades públicas são 
criados por lei, ou por ela estão autorizados a sua cria-
ção. No caso do Estado, como pessoa jurídica soberana, 
o instrumento normativo que o institui é a Constituição. 
O mesmo em relação, nos Estados Federativos, às unida-
des políticas pertencentes. As unidades político-federa-
tivas também são criadas pela Constituição.
Assim, nos Estados caracterizados como federativos 
– forma de Estado - a Constituição também cria as suas 
unidades componentes. Importante frisarmos que no Es-
tado brasileiro há anomalia, tendo em vista que, apesar 
de a Constituição estabelecer nos arts. 1º e 18 que os 
Municípios são componentes da Federação, essa mesma 
Constituição dispõe que os Municípios são criados por 
lei do Estado-Membro respectivo. Para nós essa é a 
fundamentação mais incisiva em desfavor dos Municí-
pios, enfraquecendo-os como entidades político-admi-
nistrativa.
Todavia, para todos os fins, os Municípios, no Brasil, 
são componentes da Federação. Não podemos olvidar 
que os Municípios não possuem Poder Judiciário; repre-
2
Direito Constitucional
tutelar o ser humano em sua dignidade. Lembremos o 
preceito da Revolução Francesa que estabelecia que não 
haveria Constituição se não houvesse a separação dos 
poderes e se não assegurassem direitos às pessoas.
A Constituição brasileira tem a dignidade da pes-
soa humana como fundamento da República. Com isso, 
todo o ordenamento deve estar adjetivado por esse fun-
damento, bem como a aplicação e a execução das leis 
devem também estar regidos por esse princípio prag-
mático.
A Constituição de 1988, foi publicada em 05 de ou-
tubro, dita democrática, rígida, detalhista, eclética, prag-
mática, formal, tecida no período pós Governo Militar, 
ou seja, após a denominada “redemocratização”.
 A crítica que fazemos à Constituição é que o seu 
perfil programático dá a ideia de uma Constituição eter-
na. Explico. Os fundamentos e objetivos fundamentais 
da Constituição se perfazem por uma procurar eterna e 
perene da perfeição de um Estado (ex. impossível pro-
mover o bem todos sem qualquer distinção).
 Pensamos que o Constituinte mandaria melhor se ti-
vessem tecido uma Constituição principiológica, ou seja, 
programaticamente atingível e viável dentro de um certo 
lapso temporal. As pretensões ou finalidades constitu-
cionais, que se confundem com os próprios fins estatais 
têm por consequência um excesso de ativismo do Poder 
Judiciário, que deseja a implementação de determina-
dos direitos pragmáticos sem a observância da viabili-
dade concreta do Estado em resguardá-los. O Judiciário, 
às vezes, tem preenchido o espaço do legislador, é isso 
realmente é perigoso em um Estado que se delineia as 
funções preponderantes de cada qual. Por mais que não 
vejamos, há definitivamente um certo autoritarismo do 
judiciário, principalmente dos Tribunais Superiores, que 
são derivados de uma relação estreita com o detentor 
do Poder Executivo.
O que estamos a dizer é que a nossa Constituição 
apesar de respeitável em termos de programas e inten-
ções peca no sentido de não estar totalmente adequada 
à realidade substancial do Estado brasileiro. Além disso, 
o ativismo judicial tem modificado a essência da Consti-
tuição negativamente, pois alguns magistrados confun-
dem o garantismo com a liberdade total, inclusive via-
bilizando o direito de prejudicar bens e pessoas sem a 
devida punição. Isso traz uma ideia de ilegitimidade ou 
mesmo de inadequação da Constituição com a realida-
de. Volta-se à ideia de mera folha de papel.
O conceito de Constituição, portanto, deve se rela-
cionar aos princípios e valores maiores de um Estado, 
que servirão para nortear o ordenamento jurídico ou 
mesmo uma releitura das normas recepcionadas.
O que podemos afirmar com convicção é que o Di-
reito Constitucional é uma ciência e a Constituição seu 
objeto de Estudo. Pela origem etimológica a Constitui-
ção é um resultado de um Poder Supremo, Originário, 
Constituidor. A Constituição é o seu produto. Sob o as-
pecto jurídico, sendo a primeira lei do sistema ou a lei 
magna, se perfaz num conjunto de princípio, valores e 
normas estruturantes do Estado, dos seus elementos 
constitutivos, bem como de suas limitações.
História Constitucional Brasileira
Constituição de 1824
Primeira Constituição brasileira, a Constituição 
Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro 
I, em 25 de março de 1824. Instalava-se um governo 
monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e 
Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder 
Legislativo era exercido pela Assembleia Geral, composta 
de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram 
vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integrantes 
de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos 
deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento 
da figura do Imperador com a criação do Poder 
Moderador acima dos outros Poderes; a indicação 
pelo Imperador dos presidentes que governariam as 
províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com 
o voto restrito aos homens livres e proprietários e 
subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que 
criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia 
o Poder Moderador, só restaurado em 1840, com a 
Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 
anos.
Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, 
o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como 
Presidente. Tinha caráter liberal e federalista, inspirado 
na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande 
autonomia aos estados da federação e garantiu a 
liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o 
Senado e a Presidência da República, com mandato de 
quatro anos. Estabeleceu o voto universal e não-secreto 
para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a 
mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou 
a separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; 
instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a 
pena de morte e extinguiu o Poder Moderador.
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em 
seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto 
Central, para a futura Capital Federal.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.
Constituição de 1934
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte 
no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e 
preservou a essência do modelo liberal da Constituição 
anterior.
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu 
o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o 
voto feminino, já instituídos pelo Código Eleitoral de 
1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organização 
sindical mantida pelo Estado.
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da 
Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria 
possibilitar “a todos existência digna” e sob a rubrica 
“Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a 
educação “direito de todos”.
3
Direito Constitucional
fechar o Congresso, cassar mandatos e suspender 
direitos políticos. Permitiu aos governos militares total 
liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, 
econômica e tributária.
Desta forma, o Executivo acabou por substituir, 
na prática, o Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas 
reformas como a emenda Constitucional nºprotegida ...; II - 
seguro-desemprego; III - fundo de garantia; IV - salário 
mínimo ...
Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical ...
Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competin-
do aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de 
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele 
defender.
Art. 11 - Nas empresas de mais de duzentos em-
pregados é assegurada a eleição de um representante 
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o 
entendimento direto com os empregadores.
SEGURANÇA SOCIAL
XXII. Todo homem, como membro da sociedade, tem 
direito à segurança social e à realização, pelo esforço na-
cional, pela cooperação internacional e de acordo com 
a organização e recursos de cada Estado, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dig-
nidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
Art. 5º, XXXIII - todos têm o direito a receber dos 
órgãos públicos informações de seu interesse particular, 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, 
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade ou 
do Estado;
Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, indepen-
dentemente do paga mento de taxas: a) o direito de 
petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou 
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de 
certidões em repartições públicas, para defesa de direi-
tos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXIII. Todo homem tem direito ao trabalho, à livre 
escolha do emprego, a condições justas e favoráveis de 
trabalho e à proteção contra o desemprego. Todo ho-
mem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remu-
neração por igual trabalho. Todo homem que trabalha 
tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que 
lhe assegure, assim como à sua família, uma existência 
compatível com a dignidade humana e a que se acres-
centarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a neles 
ingressar para a proteção de seus interesses.
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
nais que a lei estabelecer;
LAZER
XXIV. Todo homem tem direito a repouso e lazer, in-
clusive à limitação razoável das horas de trabalho e a 
férias remuneradas periódicas.
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, 
o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados...
BEM-ESTAR
XXV. Todo homem tem direito a um padrão de vida 
capaz de assegurar a si e a sua família, saúde e bem-es-
tar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à 
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, 
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de 
subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
A maternidade e a infância têm direito a cuidados 
e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas de 
matrimônio ou fora dele, têm direito a igual proteção 
social..
Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o 
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua 
participação na comunidade, defendendo sua dignidade 
e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
INSTRUÇÃO
XXVI. Todo homem tem direito à instrução. A ins-
trução será gratuita, pelo menos nos graus elementares 
e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. 
A instrução técnico-profissional será acessível a todos, 
bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
volvimento da personalidade humana e do fortaleci-
mento do respeito pelos direitos do homem e pelas suas 
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a com-
preensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações 
e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades 
das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. Os 
pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de 
instrução que será ministrada a seus filhos.
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do 
Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvi-
mento da pessoa, seu preparo para o exercício da cida-
dania e a sua qualificação para o trabalho.
CULTURA
XXVII. Todo homem tem o direito de participar livre-
mente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes 
e de participar do progresso científico e de seus benefí-
cios. Todo homem tem direito à proteção dos interesses 
morais e materiais decorrentes de qualquer produção 
científica, literária ou artística da qual seja autor.
Art. 5º, XXVII - aos autores pertence o direito ex-
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas 
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar;
Art. 5º, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações em obras coletivas e à re-
produção da imagem e voz humanas, inclusive nas ativi-
dades desportivas; b) o direito de fiscalização do apro-
veitamento econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respecti-
vas representações sindicais e associativas;
27
Direito Constitucional
QUESTÕES
01. (TCE/PB – Agente de Documentação – 
CESPE/2018) De acordo com os princípios fundamentais 
estabelecidos na CF, assinale a opção que apresenta, 
respectivamente, as formas de Estado e de governo 
adotadas no Brasil.
(A) Federação e República
(B) Federação e presidencialismo
(C) presidencialismo e República
(D) República e Federação
(E) República e presidencialismo
02. (MPE/CE – Promotor – CESPE/2020) Ao tratar 
dos princípios fundamentais, a CF estabelece, em seu art. 
1.º,
(A) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea 
expressa, caracterizada pela eletividade, temporariedade 
e responsabilidade do governante.
(B) a forma republicana de governo, caracterizada 
pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do 
governante.
(C) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea 
implícita, caracterizada pela tripartição dos poderes da 
União.
(D) a forma federativa de Estado e o sistema 
presidencialista de governo.
(E) a forma republicana de governo e a forma 
federativa de Estado, cláusulas pétreas expressas.
03. (Prefeitura de Ita/SC – Fiscal de Tributos – 
AMAUC/2019) Sobre os princípios fundamentais da 
República Federativa do Brasil, assinale a alternativa 
correta:
(A) São poderes da União, dependentes entre si, o 
Legislativo, Executivo e judiciário. 
(B) Tem como um dos fundamentos a cidadania.
(C) Tem como um dos fundamentos o pluralismo 
sindical. 
(D) Tem como fundamentos os valores sociais do 
trabalho e da iniciativa-controlada. 
(E) É formada pela união dissolúvel dos Estados e 
Municípios.
04. (Prefeitura de Jataí/GO – Auditor de 
Controladoria – QUADRIX/2019) Com relação 
princípios fundamentais da República na Constituição 
Federal de 1988, assinale a alternativa correta.
(A) O princípio federativo define o regime de 
governo adotado pelo Brasil.
(B) O princípio republicano define a forma de Estado 
adotada pelo Brasil.
(C) O princípio da separação de poderes define uma 
tripartição de funções Estatais, que, bem estabelecidas, 
definitivamente não se misturam.
(D) O princípio do Estado Democrático de Direito 
define um modelo submetido ao império da lei e à 
soberania popular.
(E) O princípio da soberania popular define que todo 
poder emana do povo, que o exerce diretamente.
05. (IF Baiano – Administrador – IF/BA/2019) 
Sobre os princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil, assinale a alternativa correta. 
Art. 5º, XXIX - a lei assegurará aos autores de inven-
tos industriais privilégio temporário para sua utilização, 
bem como proteção às criações industriais, à proprieda-
de das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
volvimento tecnológico e econômicodo País;
Art. 5º, XXX - é garantido o direito de herança;
Art. 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exer-
cício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura 
nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão 
das manifestações culturais.
ORDEM SOCIAL
XVIII. Todo homem tem direito a uma ordem social 
e internacional em que os direitos e liberdades estabe-
lecidos na presente Declaração possam ser plenamente 
realizados.
Art. 5º, XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros 
situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros sempre que 
não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
Art. 193 - A ordem social tem como base o prima-
do do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça 
social.
DEVERES SOCIAIS
XXIX. Todo homem tem deveres para com a comuni-
dade, na qual é possível o livre e pleno desenvolvimento 
de sua personalidade. No exercício de seus direitos e li-
berdades, todo homem está sujeito apenas às limitações 
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de as-
segurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos 
e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma 
sociedade democrática. Esses direitos e liberdades não 
podem, em hipótese alguma, ser exercidos contraria-
mente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
GARANTIAS
XXX. Nenhuma disposição da presente Declaração 
pode ser interpretada como o reconhecimento a qual-
quer Estado, grupo ou pessoa do direito de exercer 
qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado 
à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui es-
tabelecidos.
Art. 5º, LXXVII - § 1º As normas definidoras dos direitos 
e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º 
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios 
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que 
a República Federativa do Brasil seja parte.2
2 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concur-
sos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier./www.douglascr.jusbrasil.com.br/www.
pge.sp.gov.br/ www.dedihc.pr.gov.br
28
Direito Constitucional
(A) São poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e os 
Tribunais de Contas.
(B) O Brasil buscará a integração econômica, política, 
social e cultural dos povos da América Latina, visando 
à formação de uma comunidade latino-americana de 
nações.
(C) Constituem objetivos fundamentais os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa.
(D) A República Federativa do Brasil tem como um 
de seus fundamentos a cooperação entre os povos para 
o progresso da humanidade.
(E) O Brasil rege-se nas suas relações internacionais 
por diversos princípios, dentre eles o pluralismo político.
GABARITO
01.A / 02.B / 03.B / 04.D / 05.B
3. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-
VOS, DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS DE NACIO-
NALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS, 
PARTIDOS POLÍTICOS.
DIREITOS INDIVIDUAIS
Os individuais estão elencados no caput do Artigo 5º 
da CF. Vejamos:
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo, além da indenização por dano material, moral 
ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto 
e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação 
de assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo 
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 
fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, 
artística, científica e de comunicação, independentemente 
de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que 
a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação 
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem 
armas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins 
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou 
a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou 
por interesse social, mediante justa e prévia indenização 
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida 
em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto 
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de 
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
29
Direito Constitucional
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento 
econômicodas obras que criarem ou de que participarem 
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas 
representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à propriedade 
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados 
no País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa 
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar 
o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável 
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da 
lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, 
se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível 
a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, 
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade 
física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que 
possam permanecer com seus filhos durante o período de 
amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da 
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por 
crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde 
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a 
assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada 
pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, 
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem 
fiança;
30
Direito Constitucional
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável 
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade 
ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso 
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros 
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor 
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus 
da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral 
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro 
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente 
pobres, na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitasas ações de habeas corpus e 
habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania.
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, 
são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios 
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. (Atos aprovados na forma deste 
parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 
261, de 2015, DEC 9.522, de 2018) (Vide ADIN 3392)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal 
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à 
proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios 
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes 
às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) (Vide Atos 
decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º da Constituição) 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal 
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Alguns aspectos a destacar...
Direitos e deveres na legislação brasileira
Os direitos e deveres do cidadão estão previstos 
na Constituição do Brasil, principalmente no Título II, 
Capítulo I (Dos direitos e deveres individuais e coletivos). 
 
Principais direitos e deveres do cidadão brasileiro:
 
DEVERES
- Respeitar e cumprir a legislação (leis) do país;
- Escolher, através do voto, os governantes do 
país (presidente da República, deputados federais e 
estaduais; senadores, prefeitos, governadores de estados 
e vereadores);
- Respeitar os direitos dos outros cidadãos, sejam 
eles brasileiros ou estrangeiros;
- Tratar com respeito e solidariedade todos os 
cidadãos, principalmente os idosos, as crianças e as 
pessoas com deficiências físicas;
- Proteger e educar, da melhor forma possível, os 
filhos e outras pessoas que dependem de nós;
- Colaborar para a preservação do patrimônio 
histórico-cultural do Brasil;
- Ter atitudes que ajudem na preservação do meio 
ambiente e dos recursos naturais.
 
DIREITOS
- Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade;
- Direito à educação, saúde, moradia, trabalho e 
lazer;
- Proteção à maternidade e à infância;
- Liberdade de manifestação de pensamento, sendo 
vedado o anonimato;
- Seguir a crença religiosa que desejar;
- Exercer a profissão que quiser, respeitando as 
exigências relacionadas às qualificações profissionais;
- Não ser tratado de forma desumana ou degradante. 
Não ser submetido a atos de tortura física, psicológica 
ou de qualquer outra natureza.
31
Direito Constitucional
manos de 1948. E trouxe um rol de direitos e garantias 
considerados fundamentais para a manutenção do orde-
namento jurídico.
Qual a diferença entre direitos humanos e direitos 
fundamentais?
Em face dessa estrita relação, é preciso discutir se 
os direitos e garantias fundamentais são sinônimos de 
direitos humanos. De fato, pode ser difícil vislumbrar a 
diferença exata entre eles. E, do mesmo modo, é difícil 
separá-los enquanto proteções inerentes aos seres hu-
manos. Talvez a grande diferenciação esteja na amplitu-
de deles.
Os direitos humanos, em geral, fazem referência ao 
conjunto de direitos e garantias inerentes aos seres hu-
manos, mas estabelecidos em nível internacional. São 
aqueles direitos, então, previstos na Declaração de Direi-
tos Humanos da ONU. E assimilados, portanto, por todas 
as nações que assinaram e reconhecem a Declaração. 
Tratam-se, enfim, de valores essenciais à persecução da 
dignidade humana.
Já os direitos e garantias fundamentais, inspirados 
nos pactos e acordos de direitos humanos, são aqueles 
consolidados dentro do ordenamento jurídico brasileiro, 
com base, sobretudo, no princípio da dignidade huma-
na. São, além de garantias materiais, garantias formais. E, 
como se verá, previstos na Constituição Federal de 1988.
Gerações de direitos fundamentais
Tanto os direitos humanos quanto os direitos funda-
mentais foram conquistas históricas. A doutrina costuma 
falar, então, de gerações. Ou seja, marcos históricos que 
destacaram a sucessiva progressão de direitos até a defi-
nição hoje entendida por direitos e garantias fundamen-
tais e positivada na Constituição. São, portanto, exem-
plos de gerações de direitos e garantias fundamentais
1. Direitos civis e políticos: foram os primeiros 
direitos conquistados e incluem o direito ao voto e as 
liberdades civis, como a liberdade religiosa;
2. Direitos sociais e coletivos: conquistados pelos 
movimentos sociais, incluem, sobretudo, o direito à 
igualdade e a positivação de outros direitos humanos;
3. Direitos transindividuais: referem-se a direitos 
mais amplos e recentes, como o direito ao meio ambiente 
e a preocupação crescente com a infância e a juventude;
Essa classificação, contudo, varia de acordo com a 
doutrina. Alguns chegam a incluir uma quarta ou quin-
ta geração, embora as três mencionadas sejam as mais 
clássicas. Não obstante, não são estáticas. Foram con-
quistas progressivas que culminaram, na realidade bra-
sileira, na positivação pela Constituição Federal de 1988.
O que são os direitos fundamentais?
O conceito de direitos fundamentais pode ser defi-
nido como direitos inerentes à pessoa humana e essen-
ciais à vida digna. Ainda, deve-se ressalta que é dever do 
Estado protegê-los. No entanto, eles também possuem 
algumas características próprias. São, portanto, as carac-
terísticas dos direitos fundamentais:
- Inalienabilidade;
- Imprescritibilidade;
- Irrenunciabilidade;
- Universalidade;
DEVERES
* Votar para escolher seus representantes políticos
* Cumprir as leis e colaborar com as autoridades
* Respeitar os direitos sociais de outras pessoas
* Educar e proteger nossos semelhantes
* Proteger o patrimônio público e social do país
DIREITOS
* A manifestação do pensamento é livre, sendo 
vendado o anonimato
* Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo 
senão em virtude de lei
* Homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações
* Seguir o Estatuto da Criança e do Adolescente e o 
Estatuto do Idoso
* Acesso à saúde, educação, moradia, trabalho, 
previdência social, proteção à maternidade e à infância, 
assistência aos desamparados, segurança, lazer, 
vestuário, alimentação e transporte
Os direitos e garantias fundamentais são direitos 
previstos na Constituição Federal e inerentes à pessoa 
humana. Além disso, cada vez mais ganham relevância, 
sobretudo no contexto de defesa da dignidade humana. 
No entanto, eles podem colidir entre si. Consequente-
mente, levanta-se um importante debate doutrinário e 
jurisprudencial acerca do sopesamento de direitos fun-
damentais e da sua força no ordenamento jurídico.
Portanto, abordam-se aqui os principais conceitos a 
respeito dos direitos e garantias fundamentais, em uma 
revisão com os principais questionamentos.
O que se entende por direitos fundamentais?
Os direitos egarantias fundamentais, como o pró-
prio nome já revela, são direitos garantidos, hoje, a to-
dos os seres humanos, enquanto indivíduos de direito. 
Tratam-se, assim, de garantias formalizadas ao longo do 
tempo, inerentes aos indivíduos. E, em razão disso, cos-
tumam andar atrelados às concepções de direitos hu-
manos.
Historicamente, a Revolução Francesa foi o primeiro 
grande marco na conquista de direitos e garantias fun-
damentais, mas também da elaboração de um plano de 
direitos humanos. Isto porque dela decorreu a Decla-
ração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
Embora não se tratasse, ainda, de uma compilação de 
direitos, de fato, universal, já revelava uma tendência à 
universalização dos direitos.
Com base nisso, em 1948, publicou-se, então, a De-
claração dos Direitos Humanos. Completando 70 ano em 
2018, esta ainda continua a ser uma definição a impac-
tar o Direito de um modo geral. Isto porque estabelece 
direitos independentemente de diferenciações quanto a 
raça, gênero ou condição econômica. E apesar de a práti-
ca jurídica, ainda hoje, evidenciar que tais diferenciações 
exercem influência na consolidação e na aplicação dos 
direitos, era uma medida para, ao menos formalmente, 
garantir uma igualdade entre os indivíduos. 
Os direitos e garantias fundamentais, portanto, são 
entendidos como este conjunto de preceitos conquista-
dos com o avanço das sociedades jurídicas e hoje po-
sitivados. A Constituição Federal de 1988, desse modo, 
refletiu o que fora estabelecido na Carta de Direitos Hu-
32
Direito Constitucional
- Limitabilidade.
- Historicidade;
- Inviolabilidade;
- Concorrência;
- Complementaridade;
Os direitos fundamentais, dessa forma, decorrem de 
uma construção histórica. Além de irrenunciáveis – ou 
seja, ninguém pode recusá-los, na medida em que são 
inerentes – também são inalienáveis e invioláveis. Isto 
é, não podem ser vendidos, trocados, disponibilizados 
ou violados, sob o risco de punição do Estado. Além dis-
so, são imprescritíveis. Ou seja, não são atingidos pela 
prescrição e podem ser exigidos a qualquer tempo. Do 
mesmo modo são universais, uma vez que aplicados in-
distintamente a todos os indivíduos.
Não obstante, diz que são concorrentes, pois po-
dem incidir em concomitância a outros direitos funda-
mentais, e complementares, pois devem ser interpreta-
dos em consonância e em conjunto ao sistema jurídico. 
Por fim, são limitados, na medida em que se dividem em 
direitos relativos e direitos absolutos.
Classificação dos Direitos Fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais estão dispostos 
na Constituição Federal de 1988, em seu Título II. En-
quanto os direitos fundamentais se referem aos direitos 
propriamente ditos constantes na Constituição, as ga-
rantias fundamentais se referem a medidas previstas e 
visam a proteção desses direitos. Assim, são exemplos 
de direitos fundamentais o direito à vida e à liberdade. E 
são exemplos de garantias fundamentais o Habeas Cor-
pus e o Habeas Data, além de outros remédios jurídicos.
Os direitos e garantias fundamentais estabelecidos 
na Constituição, assim, estão dispostos, de modo geral, 
nos seguintes artigos:
• Direitos Individuais: art. 5o e outros. Eficácia plena 
e aplicabilidade imediata (regra). 
• Direitos Coletivos: art. 5o e outros 
• Direitos Sociais: arts. 69, 193 e seguintes. Pessoa 
enquanto na sociedade 
• Direito à nacionalidade: art. 12 
• Direitos políticos: art. 14 e 17. Ligados à cidadania 
como o direito de votar e ser votado
Quais são os cinco direitos fundamentais principais?
O artigo 5º da Constituição Federal apresenta uma 
série de direitos e garantias que são fundamentais à vida 
humana digna. Contudo, o caput do artigo apresenta 5 
direitos que possuem ainda mais importância e são ba-
silares para o ordenamento jurídico. Desse modo, é a re-
dação do artigo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade […].
Portanto, são direitos fundamentais:
- Direito à vida;
- Direito à liberdade;
- Direito à igualdade;
- Direito à segurança;
- Direito à propriedade.
•	 Direito à vida
O direito à vida engloba não apenas o direito de 
existir, mas de existir de modo digno, além da integri-
dade física e moral. Isto implicada em uma vedação a 
práticas humilhantes e de tortura, por exemplo. Nesse 
sentido, dispõe o o inciso III do artigo 5º, CF:
III – ninguém será submetido a tortura nem a trata-
mento desumano ou degradante;
Cabe ressaltar que o Projeto do Novo Código Penal 
aumenta a punição para os crimes de tortura, visando a 
inibição dessa violação ao direito à vida.
No que concerne à existência digna, o artigo 170 da 
Constituição Federal também dispõe:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização 
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim as-
segurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social […]
•	 Direito à liberdade
Entre os direitos e garantias fundamentais também 
é previsto o direito à liberdade. O indivíduo, portanto, 
possui o direito de ir e vir, além da liberdade de crença e 
da liberdade de expressão. Assim, dispõem os incisos I, 
VI, X e XV do artigo 5º da Constituição Federal:
I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei;
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de cren-
ça, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de 
culto e a suas liturgias;
X – é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
tica, científica e de comunicação, independentemente de 
censura ou licença;
XV – é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
•	 Direito à igualdade
O direito à igualdade, por sua vez, trata da vedação 
à discriminação. Todavia, pode se referir a uma igual-
dade formal ou a uma igualdade material. E isto terá 
diferentes implicações para o ordenamento. No tocante 
à igualdade formal, ou seja do acesso indistinto dos in-
divíduos aos direitos e obrigações, estabelece o inciso I 
do artigo 5º, CF:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obri-
gações, nos termos desta Constituição;
De igual modo, dispõem os inciso XLI e XLII do arti 
5º, CF:
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória 
dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançá-
vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
mos da lei;
Já no que se refere à igualdade material, esta se refe-
re à necessidade de tratamento diferenciado na medida 
das desigualdades. Por essa razão, por exemplo, quando 
o Direito visa a regulação de relações entre desiguais, 
deverá observar as desigualdades com vista à equipara-
ção de oportunidades.
•	 Direito à segurança
Entre os direitos e garantias fundamentais, o direito 
à segurança diz respeito ao poder de punição do Es-
tado, visando a proteção dos indivíduos. Mas também 
33
Direito Constitucional
diz respeito à proteção dos indivíduos em face do poder 
de punição do Estado. Desse modo, prevê, por exemplo, 
que ninguém poderá ser punido por fato que não seja 
previsto em lei.
Dessa maneira, por exemplo, prevê o inciso XXXIX 
do artigo 5º, CF:
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, 
nem pena sem prévia cominação legal;
•	 Direito à propriedade
O direito à propriedade, por fim, também está en-
tre os direitos e garantias fundamentais do caput do ar-
tigo 5º, CF. Além da previsão da propriedade como um 
direito de todos, a Constituição prevê que a propriedade 
deverá atender ao princípio da função social. Assim, dis-
põe os incisos XXII e XXIII do artigo 5º da Constituição 
Federal:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;Não obstante, são previstas medidas de proteção à 
propriedade, inclusive em âmbitos judiciais. É o caso, por 
exemplo, das chamadas ações possessórias.
O que é colisão de direitos fundamentais?
Nem sempre o Direito poderá ser aplicado de for-
ma simples. E o mesmo acontece no que é relativo aos 
direitos e garantias fundamentais. Em muitos casos, será 
impossível separar se o caso se refere a uma violação de 
um ou outro direito. E em muitas hipóteses, pode ser 
que haja um conflito entre os direitos fundamentais de 
cada uma das partes.
A colisão de direitos fundamentais, portanto, se re-
fere aos casos em que mais de um direito fundamental 
será discutido. O exemplo mais conhecido diz respeito 
à liberdade de expressão versus a dignidade humana. 
Se um indivíduo ofende outro, incidindo na humilhação 
vedada constitucionalmente, qual direito prevaleceria 
sobre o outro?
Por essa razão, retoma-se o caráter limitador dos 
direitos e garantias fundamentais. Na medida em que 
alguns direitos podem ser relativizados, pode-se ope-
rar no sopesamento de direitos e na adequação ao caso 
concreto. A discussão, sobretudo da hermenêutica jurí-
dica, é longa. E procedimentos, como uso da pondera-
ção, podem auxiliar na toma de decisão.
O que é direito absoluto e relativo?
Como mencionado, os direitos e garantias funda-
mentais podem ser absolutos ou relativos. Os direitos 
fundamentais absolutos são aqueles imprescindíveis 
à vida digna e, portanto, não podem ser sobrepostos. 
Já os direitos fundamentais relativos não perdem seu 
caráter de essencialidade ou sua importância. Contudo, 
podem ser relativizados conforme as circunstâncias.
A principal relevância dessa diferenciação estaria na 
colisão de direitos fundamentais. Uma vez que eles te-
nham pesos idênticos, é difícil avaliar qual deve ser pri-
vilegiado em detrimento de outro. Por essa razão, con-
siderando as exigências para uma vida digna, pode-se 
atribuir valor absoluto a alguns e relativo a outros. No 
entanto, como se verá, existem discussões acerca da di-
visão.
Quais são os direitos fundamentais absolutos?
A doutrina e a jurisprudência majoritária 
compreendem que não existem direitos fundamentais 
absolutos. Isto em razão da necessidade de relativização 
já abordada. Nesse sentido, o STF decidiu, em 2017, no 
Agravo Regimental 0011716-04.2001.4.03.6100/SP, de 
relatoria do Ministro Edson Fachin.
[…] Como também ficou consignado nesse mesmo 
precedente da Suprema Corte, o direito à privacidade 
não é absoluto, devendo “ceder diante do interesse 
público, do interesse social e do interesse da Justiça”, o 
que se dá “na forma e com observância de procedimento 
estabelecido em lei e com respeito ao principio da 
razoabilidade”. Tais conclusões deixam entrever uma 
característica que é própria de quaisquer direitos 
fundamentais, representada por aquela conhecida 
norma de hermenêutica constitucional segundo a qual 
não existem direitos fundamentais absolutos. […]
No entanto, algumas análises defendem que a 
dignidade humana deve operar sobre os direitos e 
garantias fundamentais, sendo ela, então, fundamento 
absoluto, uma vez que prevista no artigo 1º, inciso III, 
da Constituição Federal. Por esse viés, então, a vida, 
ou existência, digna teria peso maior em uma eventual 
colisão de direitos fundamentais.
Cabe ressaltar, por fim, que o artigo 60, CF, 
estabelece as chamadas cláusulas pétreas. Entre elas, 
estão os direitos e garantias individuais, conforme o § 4º, 
inciso IV, do artigo 60, CF. Portanto, é dever do Estado a 
garantia desses direitos e lhe é vedado suprimi-los.3
QUESTÕES
01. (PauliPrev/SP – Agente Previdenciário – 
VUNESP/2018) Ao tutelar o direito à vida, a Constituição 
Federal
(A) autorizou a pena de morte para os crimes 
hediondos.
(B) autorizou a pena de morte em casos de guerra 
declarada.
(C) proibiu totalmente a pena de morte, sem 
exceções.
(D) autorizou a substituição da pena de morte pela 
pena de banimento.
(E) substituiu a pena de morte pela pena de caráter 
perpétuo, nos casos de guerra.
02. (Prefeitura de Cachoeira Grande/MA – Agente 
Administrativo – CRESCER CONSULTORIAS/2018) 
O “Princípio da igualdade” é expresso em qual direito 
fundamental da Constituição Federal?
(A) Ninguém será submetido à tortura nem a 
tratamento desumano ou degradante.
(B) Homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos da Constituição.
(C) É livre a associação sindical.
(D) Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei.
3 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concur-
sos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
34
Direito Constitucional
03. (Petrobras – Advogado Junior – 
CESGRANRIO/2018) Nos termos da Constituição de 
1988, o direito de propriedade é um direito
(A) social, cabendo ao proprietário respeitar os 
limites da função social. 
(B) social, pois não possibilita ao proprietário dispor 
conforme o seu próprio e exclusivo interesse.
(C) individual, que impede qualquer tipo de 
intervenção do Estado.
(D) individual absoluto, que possibilita ao 
proprietário sempre dispor conforme o seu próprio e 
exclusivo interesse.
(E) individual relativo, cabendo ao proprietário 
respeitar os limites da função social.
04. (UEPA – Agente Administrativo – 
FADESP/2019) Ao tratar dos direitos e garantias 
fundamentais, a Constituição Federal Brasileira de 1988 
estabelece que
(A) todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza.
(B) é livre a manifestação do pensamento, sendo 
violável o anonimato.
(C) são violáveis a intimidade, a vida privada, a honra 
e a imagem das pessoas.
(D) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão por vontade própria.
05. (Câmara de Cacoal/RO – Agente Administrativo 
– IBADE/2018) De acordo com a Constituição Federal 
de 1988, uns dos princípios fundamentais que consagra 
nosso Estado como uma organização centrada no ser 
humano, tais como, dentre outros, o direito à vida, à 
intimidade e à honra, tem como fundamento a:
(A) liberdade de expressão.
(B) cidadania
(C) livre iniciativa
(D) soberania.
(E) dignidade da pessoa humana.
GABARITO
01.B / 02.B / 03.E / 04.A / 05.E
DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais estão previstos na CF nos artigos 
6 a 11. Vejamos:
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. 
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de 
vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica 
familiar, garantida pelo poder público em programa 
permanente de transferência de renda, cujas normas e 
requisitos de acesso serão determinados em lei, observada 
a legislação fiscal e orçamentária (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 114, de 2021)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e 
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida 
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei 
complementar, que preverá indenização compensatória, 
dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego 
involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente 
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, 
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte 
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação 
para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à 
complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em 
convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, 
para os que percebem remuneração variável;
VIII- décimo terceiro salário com base na remuneração 
integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do 
diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo 
crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, 
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, 
participação na gestão da empresa, conforme definido 
em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do 
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito 
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada 
a compensação de horários e a redução da jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado 
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação 
coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente 
aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, 
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo 
menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e 
do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, 
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, 
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por 
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades 
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes 
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches 
e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos 
coletivos de trabalho;
35
Direito Constitucional
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de 
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo 
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-
lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e 
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis 
da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às 
penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores 
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em 
que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam 
objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos 
empregados, é assegurada a eleição de um representante 
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o 
entendimento direto com os empregadores.
Alguns aspectos a destacar...
Direitos Sociais 
• São os direitos do indivíduo e da coletividade que 
estão relacionados às prestações positivas do poder pú-
blico nas áreas econômica e social, que tenham por ob-
jetivo a melhoria das condições de vida e de trabalho da 
sociedade. 
• Título II, artigo 6º
• Direitos dos trabalhadores: Arts 7o a 11 
• Direitos da seguridade social (saúde, previdência e 
assistência social): arts 193 a 204 
• Direitos à educação, cultura e desporto: arts. 205 
a 207 
• Direito do meio ambiente: art. 225 
• Direitos relativos à família, criança, adolescente, 
idoso e pessoas portadoras de deficiência: arts. 226 a 230 
• Direitos dos índios: art. 231.
Os direitos sociais buscam a qualidade de vida dos 
indivíduos assim como os direitos individuais. No entan-
to, apesar de estarem interligados, é necessário diferen-
ciá-los para uma melhor compreensão:
O que a constituição diz sobre os direitos 
sociais?
No Brasil, os Direitos Sociais são uma garantia cons-
tante na Constituição Federal de 1988 e são definidos 
em dois títulos:
- direitos e garantias fundamentais: significa que eles 
são parte essencial daquilo que o Estado deve garantir a 
seus indivíduos;
- ordem social: são uma necessidade para o 
estabelecimento de uma sociedade capaz de perpetuar-
se ao longo do tempo de maneira harmônica.
Estão prescritos no Art. 6º da Constituição Federal 
uma série de direitos sociais mais ou menos abstratos, 
que precisam ser regulamentados por outras leis, mas 
que definem a essência daquilo que a nação comprome-
te-se a garantir. Entre eles estão o direito à educação, à 
saúde, à alimentação, ao trabalho, a moradia, ao lazer, a 
segurança, a previdência social, proteção à maternidade 
e à infância e a assistência aos desamparados.
XXVII - proteção em face da automação, na forma da 
lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo 
do empregador, sem excluir a indenização a que este está 
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das 
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco 
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite 
de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 28, de 2000)
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 28, de 2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício 
de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, 
idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante 
a salário e critérios de admissão do trabalhador portador 
de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, 
técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou 
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a 
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, 
a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com 
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos 
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos 
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, 
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições 
estabelecidas em lei e observada a simplificação do 
cumprimento das obrigações tributárias, principais e 
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas 
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV 
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. 
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, 
observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para 
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a 
intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização 
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, 
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um 
Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses 
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões 
judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em 
se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da 
representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se 
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas 
negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser 
votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado 
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou 
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até 
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta 
grave nos termos da lei.
36
Direito Constitucional
No direito ao trabalho se encaixam principalmentenormas que amparam e humanizam os trabalhos como:
- 13° Salário: valor pago no final do ano, no mesmo 
valor que a remuneração do trabalhador;
- FGTS: depósito pela empresa de 8% do salário bruto 
do trabalhador com objetivo de garantir uma reserva 
de dinheiro em momentos em que o trabalhador se 
encontrar em dificuldade, como demissão, diagnóstico 
de doenças, ou outras eventualidades;
- seguro-desemprego: uma assistência em dinheiro 
dado ao trabalhador em caso de demissão sem justa 
causa;
- vale Transporte: propiciar a locomoção entre o 
emprego e a sua casa;
- abono salarial: benefício de salário mínimo a cada 
ano para quem possui uma renda mensal de até dois 
salários mínimos;
- aviso Prévio: em caso de quebra de contrato, a outra 
parte deve ser avisada com 30 dias de antecedência;
- Adicional noturno: a remuneração deve ser 20% 
maior para pessoas que trabalham entre 22:00 horas de 
um dia às 5:00 horas do próximo dia;
O Lazer também é reconhecido como direito social, 
já que após as revoluções industriais o ritmo de trabalho 
do homem passou a ser estabelecido pela necessida-
de de produção cada vez maior e incansáveis horas de 
trabalho. Com a conquista de direitos trabalhistas essa 
situação mudou e a jornada de trabalho foi reduzida. 
No entanto, os salários também e com isso as pessoas 
começaram a buscar formas alternativas de complemen-
tar a renda domiciliar, não utilizando o tempo livre para 
descanso ou lazer.
Por isso hoje em lei está assegurado:
- um dia remunerado destinado ao descanso e lazer 
que seja preferencialmente aos domingos, não podendo 
ser vendido pelo empregado ao empregador;
- férias remuneradas após um período de 12 meses 
trabalhados, com direito de até 30 dias de férias caso 
não tenha faltado sem justificativas mais de cinco dias 
no ano;
A Educação ocupa um lugar de destaque nos rol dos 
direitos humanos por ser essencial e indispensável para 
o exercício da cidadania, assim como a Segurança que é 
uma das garantias do exercício pleno dos outros direitos 
sociais.
A Saúde também é um direito humano e passou a 
ser um direito social de todo indivíduo, seja qual for sua 
condição social ou econômica, crença religiosa ou polí-
tica. Sua garantia deve buscar sempre o equilíbrio entre 
influências ambientais, modos de vida e vários outros 
componentes para resguardar o bem-estar físico, mental 
e consequentemente social, já que uma pessoa saudável 
é mais participativa na sociedade.
A proteção da maternidade sempre foi uma preo-
cupação da Organização Internacional do Trabalho. 
A intenção desde o início foi garantir que as mulheres 
pudessem combinar seus papéis de trabalhadoras e de 
mães e prevenir um tratamento desigual por parte do 
empregador em razão desse papel. Hoje, de acordo com 
a lei, as mulheres têm direito:
- à assistência médica e sanitária;
- salário maternidade e licença a maternidade 
durante 120 dias;
O direito à previdência social visa valorizar a vida de 
pessoas que atingiram determinada idade ou que, por 
algum motivo, tornaram-se incapazes de trabalhar ou de 
sustentar sua família. Estão previstas em dois tipos:
- adições: pagamentos em dinheiro para 
aposentadoria por problemas de saúde, por idade e por 
tempo de colaboração, nos auxílios doenças, funeral, 
reclusão e maternidade, no seguro-desemprego e na 
renda por morte;
- benefícios: prestações continuadas como 
benefícios médicos, farmacêuticos, odontológicos, 
hospitalares, sociais;
A assistência social, por sua vez, está ligada ao prin-
cípio da solidariedade e, ao mesmo tempo, às garantias 
constantes em toda a Constituição Federal, fazendo com 
que mesmo aqueles que não estão em condições de sus-
tentar-se de forma plena tenham condições dignas de 
viver em sociedade.
ATENÇÃO:
Foi incluído pela Emenda Constitucional nº 114, 
de 2021, o parágrafo único no artigo 6º, veja:
Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social 
terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo 
poder público em programa permanente de transferên-
cia de renda, cujas normas e requisitos de acesso serão 
determinados em lei, observada a legislação fiscal e or-
çamentária.
Programa Auxílio Brasil virou lei: Entenda os 
principais pontos
Em dezembro/2021, o presidente Jair Bolsonaro 
sancionou, com alguns vetos, a lei que institui o Auxí-
lio Brasil, programa social que substitui o Bolsa Família, 
criado em 2003. A decisão foi publicada no Diário Oficial 
da União e institui que novo programa social tenha três 
benefícios básicos e seis suplementares, que podem ser 
adicionados caso o beneficiário consiga um emprego ou 
tenha um filho que se destaque em competições espor-
tivas ou em competições científicas e acadêmicas.
A Emenda Constitucional n°. 114/2021 instituiu, no 
texto da Constituição Federal, um dispositivo que ga-
rante que todo brasileiro em situação de vulnerabilidade 
social terá direito a uma renda básica familiar, garantida 
pelo poder público em programa permanente de trans-
ferência de renda, com os requisitos a serem instituídos 
por lei.
Com isso há, então, uma disposição da Constituição 
e uma lei, para assegurar que a renda básica seja per-
manente, o que confere uma maior segurança jurídica. 
A previsão da renda básica na Constituição é uma maior 
segurança para que programas sociais de renda básica 
sejam permanentes. A instituição do programa Auxílio 
Brasil por lei pode trazer uma maior definição dos crité-
rios para recebimento.
Segundo a lei que instituiu o programa, são elegíveis 
para o Auxílio Brasil as famílias em situação de pobreza, 
cuja renda familiar per capita mensal se situe entre R$ 
105,01 (cento e cinco reais e um centavo) e R$ 210,00 
(duzentos e dez reais), e que possuam em sua compo-
sição gestantes, nutrizes ou pessoas com idade até 21 
(vinte e um) anos incompletos, e as famílias em situação 
de extrema pobreza, com renda familiar per capita men-
sal igual ou inferior a R$ 105,00 (cento e cinco reais).
37
Direito Constitucional
Estado. Ou seja, uma vez alcançado determinado grau 
de concretização de um direito social, fica o legislador 
proibido de suprimir ou reduzir essa concretização 
sem que haja a criação de mecanismos equivalentes 
chamados de medias compensatórias.
→ Princípio da reserva do possível: a implementação 
dos direitos e garantias fundamentais de segunda 
geração esbarram no óbice do financeiramente possível.
→ Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de 
bens e direitos vitais básicos indispensáveis a uma vida 
humana digna, intrinsecamente ligado ao fundamento 
da dignidade da pessoa humana previsto no Artigo 1º, 
III, CF. A efetivação do mínimo existencial não se sujeita 
à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na 
estrutura dos serviços púbicos essenciais.4
QUESTÕES
01. (Câmara de São Roque/SP – Procurador – 
VUNESP/2019) Nos termos da doutrina, Direitos Sociais 
de defesa
(A) consistem no conjunto de ações processuais 
destinadas a proteger os direitos essenciais dos 
indivíduos.
(B) podem ser utilizados para definir uma forma de 
organização do Estado ou da sociedade, desde que sua 
existência seja indispensável para assegurar determinado 
direito social.
(C) são aqueles em que o Estado deve se abster de 
interferir de modo indevido em determinado direito 
social. 
(D) são também considerados como sinônimos 
de direitos de primeira geração, pois representam os 
direitos clássicos do indivíduo em face do Estado.
(E) são de aplicação imediata, afetam o interesse de 
um indivíduo, e não esbarram na reserva do possível.
02. (COREN/RS – Analista Enfermeiro – 
QUADRIX/2018) São direitos sociais elencados no art. 
6.º da CF o(a)
(A) educação, o trabalho e a propriedade privada.
(B) alimentação, a saúde e a previdência privada.
(C) pluralismo político e o auxílio aos desamparados.
(D) previdência social e o desenvolvimento nacional.
(E) lazer, a moradia e a proteção à infância.
03. (SEDUC/SP – Oficial Administrativo – 
VUNESP/2019) São, entre outros, direitos sociaisprevistos na Constituição Federal: 
(A) a segurança, a previdência social, a alimentação 
e a sindicalização.
(B) a previdência social, o transporte, a moradia e a 
reunião.
(C) a educação, a saúde, a alimentação e o trabalho.
(D) a sindicalização, a greve, a reunião e o trabalho.
(E) a greve, a segurança, a saúde e a reunião.
04. (SETRABES – Contador – UERR/2018) São 
Direitos Sociais expressamente previstos na Constituição 
Federal, exceto: 
4 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concur-
sos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier/ https://portal.unit.br – Por Luis Felipe 
de Jesus Barreto Araújo
É importante que o Poder Público garanta, através 
de políticas públicas, que todas as pessoas tenham 
condições dignas de vida. Incluem-se nessas políticas 
públicas os programas de transferência de renda, que 
possuem importante papel na redução da situação de 
vulnerabilidade social de milhões de famílias. 
É preciso garantir os direitos sociais previstos na 
Constituição através de ações estatais concretas que 
possibilitem o acesso à saúde, educação, alimentação, 
dentre outros direitos humanos básicos.
Problemas Na Sociedade X Direitos Sociais
Mesmo diante da importância dos direitos sociais é 
evidente que nem todos os aproveitam com plenitude. O 
desemprego é uma questão preocupante não somente 
em nosso país mas em todo o mundo. Outro exemplo 
são os trabalhadores informais – que não possuem car-
teira de trabalho. Sabe-se que a população economica-
mente ativa no Brasil gira em torno de 72 milhões de 
pessoas, mas somente 22 milhões têm emprego formal. 
Assim, aproximadamente 50 milhões de homens e mu-
lheres desta população ativa estão sem carteira de tra-
balho, vivendo de atividades informais e sem contar com 
seus direitos sociais.
A educação é outro tema problemático. Apesar de 
todos os compromissos feitos pelos governantes por 
meio de instrumentos internacionais como a Carta da 
ONU e declarações de Direitos Humanos e nacionais 
como as Constituições, preocupadas em promover a 
educação para todos, especialmente a educação básica 
de qualidade, milhões de crianças ainda permanecem 
privadas de oportunidades educacionais, muitas delas 
devido à pobreza.
Assim como a educação, a questão do caos na saúde 
pública tem grande evidência. A prestação de serviços 
de qualidade e com eficiência e assistência ao cidadão 
por parte do Estado brasileiro é muito questionada.
Quais políticas asseguram os direitos so-
ciais?
Existem muitas políticas que asseguram nossos di-
reitos sociais. No caso do desemprego, o Estado e suas 
políticas podem dar amparo e assistência por meio da 
previdência social de acordo com o artigo 7° da Consti-
tuição, e aos não empregados, a qualificação profissional 
e encaminhamento ao mercado de trabalho.
No caso da educação, o artigo 205 da Constituição 
Federal afirma a educação como um direito de todos e 
dever do Estado e da família. Assim como o artigo 208, 
que estabelece as obrigações que o Poder Público tem 
que percorrer para que assim possa oferecer educação 
de qualidade a todos os seus cidadãos.
A segurança pública é tratada no artigo 144 da 
Constituição e corresponde a garantia, proteção e es-
tabilidade de situações ou pessoas em diversas áreas. 
Preservando a convivência social de maneira que todos 
possam gozar e defender seus interesses.
Acredita-se que com esses direitos assegurados é 
possível exercer com qualidade de vida o papel de cida-
dão em sociedade já que as desigualdades sociais ten-
dem a diminuir. 
Os direitos sociais regem-se pelos princípios 
abaixo:
→ Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-
se pela impossibilidade de redução do grau de 
concretização dos direitos sociais já implementados pelo 
38
Direito Constitucional
(A) O livre exercício de qualquer trabalho.
(B) A assistência aos desamparados. 
(C) O transporte.
(D) A proteção à maternidade.
(E) A educação.
05. (UPE – Advogado – UPENET/IAUPE/2019) São direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, EXCETO
(A) salário mínimo regionalizado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes 
periódicos que lhes preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
(B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
(C) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.
(D) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
(E) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
GABARITO
01.C / 02.E / 03.C / 04.A / 05.A
DIREITOS DA NACIONALIDADE
Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Artigos 12 a 13 da CF. Vejamos:
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a 
serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição 
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de 
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa 
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos 
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta 
Constituição.
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como 
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
Alguns aspectos a destacar...
A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público interno, que faz da pessoa um dos elementos 
componentes da dimensão pessoal do Estado (o seu povo).
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasileiros natos e naturalizados.
39
Direito Constitucional
Espécies de Nacionalidade
São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntária ou nata: é aquela resultante de um fato natural, 
o nascimento. Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um 
critério estabelecido pelo Estado na sua Constituição Federal.Descrita no Artigo 12, I, CF/88.
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º grau, voluntária ou naturalização: é a que se 
adquire por ato volitivo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos constitucionais. Descrita no 
Artigo 12, II, CF/88.
O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre as duas:
Nacionalidade
Primária Secundária
Nascimento + Requisitos constitucionais Ato de vontade + Requisitos constitucionais
Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado
Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacionalidade originária: o de origem sanguínea (ius 
sanguinis) e o de origem territorial (ius solis).
O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditariedade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nascidos no território de um determinado Estado, sendo 
irrelevante a nacionalidade dos genitores.
A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibilitando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade 
primária pautada no ius sanguinis.
Portugueses Residentes no Brasil
O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos portugueses residentes no Brasil. Não se trata de 
hipótese de naturalização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
Portugueses Equiparados
Igual os Direitos dos 
Brasileiros Naturalizados Se houver 1) Residência permanente no Brasil;
2) Reciprocidade aos brasileiros em Portugal.
Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fazer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, 
com exceção às seguintes hipóteses:
Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
40
Direito Constitucional
Perda da Nacionalidade
O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da 
nacionalidade, que apenas poderá ocorrer nas duas 
hipóteses taxativamente elencadas na CF, sob pena de 
manifesta inconstitucionalidade.
Dupla Nacionalidade
O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em 
que a opção por outra nacionalidade não ocasiona a 
perda da brasileira, passando o nacional a possuir dupla 
nacionalidade (polipátrida).
Polipátrida → aquele que possui mais de uma 
nacionalidade.
eimatlos ou Apátrida → aquele que não possui 
nenhuma nacionalidade.
Idioma Oficial e Símbolos Nacionais
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e 
os Símbolos Nacionais do Brasil.5
QUESTÕES
01. (Câmara Legislativa do Distrito Federal – 
Consultor Técnico Legislativo – FCC/2018) Acerca da 
nacionalidade a Constituição Federal dispõe que
(A) aos portugueses com residência permanente no 
país; se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo 
os casos previstos na Constituição Federal. 
(B) não é possível a concessão de nacionalidade 
brasileira a estrangeiro residente no Brasil, condenado 
civilmente.
(C) somente por lei complementar será possível 
estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados. 
(D) é privativo de brasileiro nato o cargo de 
Governador do Distrito Federal. 
(E) será declarada a perda da nacionalidade do 
brasileiro que adquirir outra nacionalidade, em qualquer 
hipótese.
02. (CRP 2R/PE – Psicólogo Orientador – 
QUADRIX/2018) Com relação à nacionalidade, assinale 
a alternativa correta. 
(A) Com exceção dos casos previstos na CF, a lei 
não pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados. 
(B) O estrangeiro residente no Brasil há mais de quinze 
anos, sem condenação penal, adquire automaticamente 
a nacionalidade brasileira.
(C) O brasileiro naturalizado será extraditado somente 
na hipótese de crime político ou de responsabilidade 
praticado antes da naturalização.
(D) Embora não conste expressamente da CF, 
considera-se a língua portuguesa como idioma oficial da 
República Federativa do Brasil. 
(E) Aos portugueses com residência fixa no País e sem 
condenação penal serão atribuídos direitos inerentes ao 
brasileiro nato.
5 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concur-
sos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
03. (DPE/AM – Assistente Técnico Administrativo 
de Defensoria – FCC/2019) No que diz respeito ao tema 
“nacionalidade”, 
(A) jus sanguinis é o critério para fixar-se a 
nacionalidade primária. 
(B) heimatlos é o mesmo que apátrida. 
(C) jus solis é o critério para atribuir-se nacionalidade 
ao apátrida. 
(D) jus loci é a polinacionalidade.
(E) nacionalidade secundária é o mesmo que 
nacionalidade involuntária.
04. (DPE/AM – Defensor Público – FCC/2018) 
Aquele que, dada a circunstância do nascimento, não 
se vincula a nenhum dos critérios que lhe demandariam 
uma nacionalidade,
(A) é considerado polipátrida. 
(B) é considerado Heimatlos
(C) tem nacionalidade difusa.
(D) tem nacionalidade alternativa.
(E) tem nacionalidade restritiva.
05. (Prefeitura de Glorinha/RS – Agente Fiscal – 
LEGALLE CONCURSOS/2019) Acerca da nacionalidade, 
assinale a alternativa CORRETA.
(A) A lei poderá estabelecer distinção entre brasileiros 
natos e naturalizados.
(B) Não será declarada a perda da nacionalidade do 
brasileiro que adquirir outra nacionalidade.
(C) A língua portuguesa é o idioma oficial da 
República Federativa do Brasil.
(D) São símbolos da República Federativa do Brasil a 
bandeira, o hino e o selo nacionais, apenas.
(E) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não 
poderão ter símbolos próprios.
GABARITO
01.A / 02.A / 03.B / 04.B / 05.C
DIREITOS POLÍTICOS
Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em 
seus Artigos 14 a 16. Seguem abaixo:
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor 
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1° O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2° Não podem alistar-se como eleitores os 
estrangeiros e, durante o período do serviço militar 
obrigatório, os conscritos.
§ 3° São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
41
Direito Constitucional
I - cancelamento da naturalização por sentença 
transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, 
enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou 
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 
37, § 4º.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará 
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à 
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Alguns aspectos a destacar...
• “Conjunto de normas que asseguram o direito 
subjetivo de participação no processo político e nos 
órgãos governamentais” (José Afonso da Silva). 
• Abrangem as diversas formas de participação 
popular nos destinos da nação: Direito de Votar e ser 
votado nas eleições, direito de voto nos plebiscitos e 
referendos, direitos de iniciativa popular de projetos 
de lei e o direito de organizar e participar de partidos 
políticos.
De acordo com José Afonso da Silva, os direitos 
políticos, relacionados à primeira geração dos direitos 
e garantias fundamentais, consistem no conjunto de 
normas que asseguram o direito subjetivo de participação 
no processo político e nos órgãos governamentais.
São instrumentos previstos na Constituição e em 
normas infraconstitucionais que permitem o exercício 
concreto da participação do povo nos negócios políticos 
do Estado.
Quando falamos1, de 1969, 
outorgada pela Junta Militar. Tal emenda se apresenta 
como um “complemento” às leis e regulamentações da 
Constituição de 1967.
Embora seja denominada por alguns como 
Constituição, já que promulgou um texto reformulado a 
partir da Constituição de 1967, muitos são os que não a 
veem como tal. A verdade é que, a partir desta emenda, 
ficam mais claras as características políticas da ditadura 
militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os 
demais atos institucionais anteriormente baixados.
A Constituição de 1967 autorizava a expedição de 
decretos-lei, a nomeação de senadores pelas Assembleias 
Legislativas, a prorrogação do mandato presidencial 
para seis anos e a alteração da proporcionalidade de 
deputados no Congresso.
A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
Constituição de 1988
Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi 
promulgada no governo de José Sarney. Foi elaborada 
por uma Assembleia Constituinte, legalmente convocada 
e eleita e a primeira a permitir a incorporação de 
emendas populares.
O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, 
Ulysses Guimarães, ao entregá-la à nação, chamou-a de 
“Constituição Cidadã”.
Seus pontos principais são a República representativa, 
federativa e presidencialista. Os direitos individuais e 
as liberdades públicas são ampliados e fortalecidos. É 
garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade.
O Poder Executivo mantém sua forte influência, 
permitindo a edição de medidas provisórias com força 
de lei (vigorantes por um mês, passíveis de serem 
reeditadas enquanto não forem aprovadas ou rejeitadas 
pelo Congresso).
O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos 
e maiores de 16 anos. A educação fundamental é 
apresentada como obrigatória, universal e gratuita.
Também são abordados temas como o dever 
da defesa do meio ambiente e de preservação de 
documentos, obras e outros bens de valor histórico, 
artístico e cultural, bem como os sítios arqueológicos.
Reformas constitucionais começaram a ser votadas 
pelo Congresso Nacional a partir de 1992. Algumas 
das principais medidas abrem para a iniciativa privada 
atividades antes restritas à esfera de ação do Estado, 
esvaziando, de certa forma, o poder e a influência 
estatais em determinados setores.
A iniciativa privada, nacional ou internacional, 
recebe autorização para explorar a pesquisa, a 
lavra e a distribuição dos derivados de petróleo, as 
telecomunicações e o gás encanado. As empresas 
estrangeiras adquirem o direito de exploração dos 
recursos minerais e hídricos.
Na esfera política ocorrem mudanças na organização 
e regras referentes ao sistema eleitoral; o mandato do 
presidente da República é reduzido de cinco para quatro 
Mudou também o enfoque da democracia 
individualista para a democracia social. Estabeleceu os 
critérios acerca da criação da Justiça do Trabalho e da 
Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido pela 
Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, 
sendo aquela constituída por representantes eleitos pela 
população e por organizações de caráter profissional e 
trabalhista.
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos.
Constituição de 1937
No início de novembro de 1937, tropas da polícia 
militar do Distrito Federal cercaram o Congresso e 
impediram a entrada dos parlamentares. No mesmo dia, 
Vargas apresentou uma nova fase política e a entrada 
em vigor de nova Carta Constitucional. Começava 
oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos 
partidos políticos e a concentração de poder nas mãos 
do chefe supremo.
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos 
modelos fascistas europeus, institucionalizando o 
regime ditatorial do Estado Novo. Ficaria conhecida 
como “Polaca”, devido a certas semelhanças com a 
Constituição Polonesa de 1935.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a 
liberdade político partidária e anulou a independência 
dos Poderes e a autonomia federativa.
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade 
parlamentar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu 
a eleição indireta para presidente da República, com 
mandato de seis anos; a pena de morte e a censura 
prévia nos meios de comunicação. Manteve os direitos 
trabalhistas.
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos.
Constituição de 1946
Promulgada durante o governo do presidente 
Eurico Gaspar Dutra, foi elaborada sob os auspícios da 
derrota dos regimes totalitários na Europa ao término da 
Segunda Guerra Mundial, refletia a redemocratização do 
Estado brasileiro.
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a 
censura e a pena de morte. Devolveu a independência 
dos três poderes, a autonomia dos estados e municípios 
e a eleição direta para presidente da República, com 
mandato de cinco anos.
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção 
do parlamentarismo. Foi posteriormente anulada 
pelo plebiscito de 1963, que restaurava o regime 
presidencialista.
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.
Constituição de 1967
Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o 
governo Castelo Branco.
Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime 
Militar de 1964. Foi por muitos denominada de “Super 
Polaca”.
Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato 
Adicional n° 2. Estabeleceu eleições indiretas, por meio 
do Colégio Eleitoral, para a presidência da República, 
com quatro anos de mandato.
Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias 
os dispositivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, 
dando permissão ao presidente para, dentre outros, 
4
Direito Constitucional
anos e, em 1997, é aprovada a emenda que permite a reeleição do presidente da República, de governadores e 
prefeitos. Os candidatos processados por crime comum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a 
processo que possa levar à perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para impedir a punição.
Constituições Brasileiras
Outorgadas Promulgadas
1824 – Constituição do Brasil-Império 1891 – 1ª Constituição da República
1937 – Imposta por Getúlio Vargas 1934 – Influenciada pela Constituição de Weimar (Alemanha – 
1919). Evidenciou os direitos fundamentais de 2ª geração
1967 – Imposta após o Golpe Militar de 1964 1946 – Redemocratização do Brasil após a era Vargas
* EC nº1/1969 – Imposta pela ditadura 1988 – Atual Carta Política
Classificações da Constituição
Os doutrinadores distinguem Constituição de Carta Constitucional. A primeira seria derivada da democracia, pro-
mulgada por uma Assembleia Nacional Constituinte; a segunda, por um grupo detentor do poder ou por uma única 
autoridade, traduzindo-se em uma outorga.
Não podemos esquecer várias são concepções sobre Constituição, derivadas de ângulos diversos, mas que ao 
fundo, não traz alteração prática em relação à sua finalidade.
Constituição Formal e Constituição Material
Primeiramente, grafam Constituição Formal e Constituição Material. Tal classificação seria quanto ao seu conteúdo. 
Alguns doutrinadores ainda fazem referência à Constituição Substancial. Vejamo-las.
A concepção de Constituição Formal é de uma Lei Maior que tem forma, ou seja, possui um invólucro, este mais re-
sistente e rígido. Neste sentido, deve ela obrigatoriamente ser escrita. A sua forma deriva de um processo constitutivo 
mais rígido que os processos legislativos comuns. Por isso que para perfurar o invólucro é indispensável, também, um 
processo mais rígido e dificultoso de mudança ou reforma, o que é feito pelas denominadas emendas constitucionais.
As Emendas Constitucionais são estruturas normativas que possuem o condão de emendar a Constituição, ou 
seja, muda-la, modifica-la, conforme a necessidade do Estado e do interesse público. Alguns assuntos não podem ser 
objeto de deliberação. São as denominadas cláusulas pétreas. Essa super rigidez de nossa Constituição cria obstáculos 
às necessárias mudanças. Os guardiões da Constituição, arraigados num culturalismo pessoal ou ideologicamente 
firmadode Direitos Políticos, estamos fa-
lando de Direito Constitucional. É a Constituição Federal 
que nos dá o direito de intervir na coisa pública, de ma-
neira direta ou indireta.
Num país democrático, como o Brasil, os cidadãos 
podem intervir na condução das políticas públicas de 
diversas formas. No nosso caso, isso ocorre através da 
eleição de representantes para os poderes executivo e 
legislativo.
Os Direitos Políticos no Brasil estão explícitos no Ar-
tigo 14 da Constituição, que diz, inicialmente, o seguinte:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual 
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
Fonte: CF-88
Então começamos com alguns conceitos para des-
vendar. .
O que é sufrágio universal
O conceito de sufrágio universal diz respeito ao di-
reito da população adulta do país exercer o voto.
No dicionário, sufrágio significa “voto”, e o adjetivo 
“universal” garante que o voto não considera elementos 
sociais, religiosos, culturais, econômicos, sexuais e por 
aí vai.
No Brasil, a Constituição garante que todas as pes-
soas têm direito a voto (salvo os menores de 16 anos).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente 
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de 
Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado 
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4° São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5°O Presidente da República, os Governadores de 
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver 
sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão 
ser reeleitos para um único período subsequente.
§ 6° Para concorrerem a outros cargos, o Presidente 
da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos 
mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7° São inelegíveis, no território de jurisdição do 
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até 
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, 
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, 
de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis 
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição.
§ 8° O militar alistável é elegível, atendidas as 
seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá 
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será 
agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a 
inatividade.
§ 9° Lei complementar estabelecerá outros casos 
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de 
proteger a probidade administrativa, a moralidade para 
exercício de mandato considerada vida pregressa do 
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições 
contra a influência do poder econômico ou o abuso do 
exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta.
§ 10° O mandato eletivo poderá ser impugnado ante 
a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da 
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do 
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11° A ação de impugnação de mandato tramitará 
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da 
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições 
municipais as consultas populares sobre questões locais 
aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à 
Justiça Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da data das 
eleições, observados os limites operacionais relativos ao 
número de quesitos. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 111, de 2021)
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às 
questões submetidas às consultas populares nos termos 
do ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a 
utilização de propaganda gratuita no rádio e na televisão. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja 
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
42
Direito Constitucional
Plebiscito
O plebiscito é uma forma dos representantes eleitos pelo povo na Câmara dos Deputados e no Senado Federal 
consultarem a população sobre um tema específico, para depois criarem uma lei de acordo com a decisão.
Talvez você não lembre, mas em 1993 o Brasil realizou um plebiscito para saber duas questões: se o Brasil deveria 
adotar a monarquia ou a república; e se deveríamos ser um país presidencialista ou parlamentarista.
Veja a campanha realizada, à época, a favor da monarquia neste vídeo de 1 minuto:
Como você já sabe, que ganhou o plebiscito foi a República presidencialista. Então o Congresso Nacional criou as 
leis para que a vontade popular fosse obedecida.
Referendo
Já o referendo é a consulta ao cidadão sobre um projeto de Lei já criado e aprovado pelo Congresso. É como se a 
população desse a palavra final em relação à implementação ou não da lei.
Em 2005 o Brasil teve um referendo que colocou o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (comercialização de 
arma de fogo) para a aprovação ou rejeição da população.
Lembre de uma das campanhas, que era a favor da proibição da comercialização:
Para entender melhor sobre Plebiscito e Referendo sugiro que você conheça a Lei 9.709/98, que regulamenta essas 
duas formas de participação popular.
Iniciativa Popular
Iniciativa Popular é uma forma da população se reunir para criar uma Lei sem a iniciativa de um representante 
eleito.
Para isso, o projeto de lei precisa ter a assinatura de pelo menos 1% do eleitorado nacional e 0,3% do eleitorado 
de pelo menos 5 estados.
Após conseguir essa adesão, o projeto precisa ser analisado no Congresso Nacional, votado, aprovado e sancio-
nado pelo Presidente da República.
Quem pode/deve votar no Brasil?
O parágrafo primeiro do artigo 14 da Constituição, elenca quem pode e/ou deve votar no Brasil. Primeiramente, 
sabemos que votar é obrigatório para quem tem mais de 18 anos.
O voto só é facultativo para as seguintes pessoas:
- Analfabetos;
- Maiores de setenta anos;
- Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Além disso, um detalhe importante: não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do 
serviço militar obrigatório (Exército, Aeronáutica e Marinha), os conscritos.
Quem pode se eleger no Brasil
Já falamos sobre os direitos políticos dos eleitores. Agora vamos passar para os candidatos. Quais são os critérios 
para se eleger num cargo público no Brasil?
Primeiro, existem cinco critérios básicos, indispensáveis:
1. Nacionalidade Brasileira
2. O pleno exercício dos Direitos Políticos (há casos de pessoas com direitos políticos cassados, por cometimento 
de crimes, por exemplo)
3. O alistamento eleitoral (registro do título de eleitor)
4. O domicílio eleitoral na circunscrição (você não pode se candidatar fora da cidade/estado onde você vota)
5. A filiação partidária
Além desses elementos básicos, temos a questão da idade, que é muito comum ser cobrada em concursos públi-
cos.
A idade mínima para se eleger nos diversos cargos públicos é a seguinte:
- Trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
- Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
- Vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
- Dezoito anos para Vereador.
No caso do militar, há uma diferença sobre sua elegibilidade. Caso ele queira concorrer a um cargo público, deve 
considerar o seguinte:
- Se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
- Se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pelaautoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, 
no ato da diplomação, para a inatividade.
Finalizando, lembre-se que são inelegíveis os inalistáveis (quem não pode votar, por qualquer motivo) e os anal-
fabetos.
Parentes de políticos podem se eleger?
Essa é uma pegadinha muito comum nas questões de Direitos Políticos. Você já ouviu falar em nepotismo?
Entenda o conceito:
43
Direito Constitucional
A prática pela qual um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais 
parentes.
Fonte: CGU
A Constituição Federal, porém, fala de uma prática diferente, mas que pode ser confundida em uma pegadinha. 
Trata-se da inelegibilidade de parentes de ocupantes de alguns cargos do Poder Executivo:
São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo 
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou 
de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato 
à reeleição.
Fonte: CF/88 – Art 14 – § 7º
Agora você não se confunde mais com essa armadilha. 
Condição de Militar
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber:
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, 
são inelegíveis. O quadro abaixo serve como exemplo:
Militares – Exceto os Conscritos
Menos de 10 anos Registro da candidatura → Inatividade
Mais de 10 anos Registro da candidatura → Agregado
Na diplomação → Inatividade
Privação dos Direitos Políticos
De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado dos seus direitos políticos por prazo indeterminado 
(perda), sendo que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos dependerá do exercício de ato de vontade do 
indivíduo, de um novo alistamento eleitoral.
Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar por prazo determinado (suspensão), em que o 
restabelecimento se dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifestação do suspenso, desde que 
ultrapassado as razões da suspensão. Vejamos:
Privação dos Direitos Políticos
Perda Suspensão
Privação por prazo indeterminado Privação por prazo determinado
Restabelecimento dos direitos políticos depende de 
um novo alistamento eleitoral
Restabelecimento dos direitos políticos se dá 
automaticamente
Alguns detalhes importantes
Chegando ao final do conteúdo de Direitos Políticos propriamente dito, segue alguns detalhes que você deve ficar 
atento na sua prova.
1. Os ocupantes de cargos no Poder Executivo poderão ser reeleitos para um único período subsequente;
2. Para concorrerem a outros cargos, os chefes do executivo devem renunciar aos respectivos mandatos até 
seis meses antes do pleito;
3. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 dias contados da diplomação, 
caso haja provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
44
Direito Constitucional
Memorize...
Características do Voto
O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com valor igual para todos, periódico, personalíssimo, 
obrigatório e livre.6
6 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
45
Direito Constitucional
(B) Pode se candidatar a Vice-Presidente da 
República o brasileiro naturalizado, maior de 35 anos, 
filiado a partido político e em pleno exercício dos direitos 
políticos.
(C) A perda e a suspensão dos direitos políticos são 
vedadas pela Constituição Federal. 
(D) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em 
vigor na data de sua publicação, aplicando-se, contudo, 
apenas às eleições seguintes à sua vigência.
(E) O alistamento eleitoral é vedado ao estrangeiro, 
mas, adquirida a nacionalidade brasileira, o alistamento 
passa a ser permitido, cumpridas as demais condições.
GABARITO
01.D / 02.A / 03.D / 04.D / 05.E
PARTIDOS POLÍTICOS
A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no 
Artigo 17 da CF. Vejamos:
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e 
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania 
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os 
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os 
seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros 
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação 
a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1°É assegurada aos partidos políticos autonomia 
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras 
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e 
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e 
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, 
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem 
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em 
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo 
seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade 
partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
97, de 2017)
§ 2° Os partidos políticos, após adquirirem 
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão 
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3°Somente terão direito a recursos do fundo 
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na 
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 
2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos 
Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos 
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades 
da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) 
dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados 
Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades 
da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
97, de 2017)
QUESTÕES
01. (TRE/PA – Analista Judiciário – IBFC/2020) A 
Constituição Federal (CF/88) traz algumas condições de 
elegibilidade. Assinale a alternativa que não apresenta 
uma das condições de elegibilidade estabelecidas pela 
CF:
(A) Nacionalidade brasileira
(B) Alistamento eleitoral
(C) Pleno exercício dos direitos políticos
(D) A idade mínima de dezoito anos para deputado 
estadual
02. (Prefeitura de Mauriti/CE – Advogado – 
CEV-URCA/2019) Em relação aos direitos políticos, o 
analfabeto:
(A) Vota facultativamente, mas é inelegível.
(B) Vota obrigatoriamente e é elegível para cargos 
municipais.
(C) Vota facultativamente e é elegível para cargos 
municipais.
(D) Vota obrigatoriamente, mas é inelegível.
(E) Vota facultativamente e é elegível para quaisquer 
cargos.
03. (Câmara de Curitiba/PR – Analista Legislativo 
– UFPR/2020) A respeito dos direitos políticos previstos 
na Constituição, é correto afirmar: 
(A) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios 
a partir dos 16 anos, e facultativos para os analfabetos, 
os maiores de setenta anos e os maiores de quatorze e 
menores de dezesseis anos. 
(B) Entre as condições de elegibilidade para 
presidente e vice-presidente da República está a idade 
mínima de quarenta e cinco anos. 
(C) São inelegíveis, no território de jurisdição do 
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou 
afins, até o quarto grau ou por adoção, do Presidente 
da República, de Governador de Estado ou Território, 
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja 
substituído dentrodos seis meses anteriores ao pleito, 
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição.
(D) São inelegíveis, independentemente de outros 
critérios de elegibilidade, os inalistáveis e os analfabetos. 
(E) O mandato eletivo poderá ser impugnado ante 
a Justiça Eleitoral no prazo de trinta dias contados da 
eleição, instruída a ação com provas de abuso do poder 
econômico, corrupção ou fraude.
04. (Prefeitura de Aracruz/CE – Auditor de 
Controle Interno – IBADE/2019) Acerca dos direitos 
políticos previstos na Constituição, é certo que o voto é:
(A) obrigatório para os maiores de 16 (dezesseis) 
anos.
(B) obrigatório para os maiores de 70 (setenta) anos. 
(C) facultativo para os maiores de 14 (quatorze) anos. 
(D) facultativo para os analfabetos.
(E) proibido para aqueles que não comprovem auferir 
renda fixa mensal de, pelo menos, um salário-mínimo.
05. (Câmara de Mauá/SP – Procurador 
Legislativo – VUNESP/2019) Sobre os direitos políticos 
fundamentais, assinale a alternativa correta.
(A) O alistamento eleitoral é obrigatório para as 
pessoas entre 18 e 60 anos; sendo facultativo para os 
menores de 18 anos, maiores de 60 e analfabetos.
46
Direito Constitucional
§ 4° É vedada a utilização pelos partidos políticos de 
organização paramilitar.
§ 5° Ao eleito por partido que não preencher os 
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o 
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, 
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa 
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos 
do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de 
rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 97, de 2017)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, 
os Deputados Distritais e os Vereadores que se desligarem 
do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o 
mandato, salvo nos casos de anuência do partido ou de 
outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não 
computada, em qualquer caso, a migração de partido 
para fins de distribuição de recursos do fundo partidário 
ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio 
e à televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
111, de 2021)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 
5% (cinco por cento) dos recursos do fundo partidário na 
criação e na manutenção de programas de promoção e 
difusão da participação política das mulheres, de acordo 
com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 117, de 2022)
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento 
de Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a 
campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda 
gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos 
partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no 
mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de 
candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme 
critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e 
pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o 
interesse partidário. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 117, de 2022)
Alguns aspectos a destacar...
De acordo com os ensinamentos de José Afonso da 
Silva, o partido político é uma forma de agremiação de 
um grupo social que se propõe a organizar, coordenar e 
instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o 
poder para realizar seu programa de governo.
Os partidos políticos podem ser conceituados como 
associações de pessoas com ideologias e interesses co-
muns que se propõem a organizar, coordenar e instru-
mentalizar a vontade popular com o fim de assumir o 
poder e realizar seu plano de governo, ou ainda exercer 
influência sobre a orientação política do país por meio 
de uma organização estável.
Em outras palavras, os partidos políticos são organi-
zações de pessoas que se reúnem em torno de um mes-
mo programa político com a finalidade de assumir e 
manter o poder, ou no mínimo influenciar a gestão da 
coisa pública por meio de oposição.
É uma forma de representação de poder político que 
é orientada pelos valores políticos e sociais de um grupo.
Qual a função de um partido político?
Além de representar uma forma de pensamento po-
lítico, os partidos são formados para garantir o acesso 
democrático aos cargos políticos e para garantir que o 
sistema de democracia representativa seja respeitado. A 
democracia representativa é a forma de exercício políti-
co em que os cidadãos votam em políticos que serão os 
seus representantes.
A função de um partido foi definida no art. 1º da Lei 
dos Partidos Políticos (lei nº 9.096/95). Veja:
Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito 
privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime 
democrático, a autenticidade do sistema representati-
vo e a defender os direitos fundamentais definidos na 
Constituição Federal.
Como funciona um partido político
O partido é um grupo organizado, que deve ter re-
gras de funcionamento e princípios ideológicos defini-
das.
O modo de funcionamento e as regras internas de-
vem ser definidas em um estatuto, que precisa ser apro-
vado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também é 
preciso fazer um programa, que é é o documento que 
explica quais são os princípios e objetivos políticos.
Liberdade de organização partidária
Dentre as regras constitucionais pertinentes aos par-
tidos políticos está a liberdade de organização parti-
dária. Conforme art. 17 da Constituição, é livre a criação, 
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.
Essa liberdade, porém, não é absoluta. Devem ser 
resguardados necessariamente a soberania nacional, o 
regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos 
fundamentais da pessoa humana.
Além disso, devem ser observados o caráter nacio-
nal dos partidos políticos, incluindo a proibição de rece-
bimento de recursos financeiros de entidade ou governo 
estrangeiros ou de subordinação a estes; a prestação 
de contas à Justiça Eleitoral e o funcionamento parla-
mentar de acordo com a lei. É vedada também a utiliza-
ção pelos partidos políticos de organização paramilitar.
Os partidos políticos também contam com autono-
mia para definir sua estrutura interna e estabelecer re-
gras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e 
funcionamento, e para adotar os critérios de escolha e 
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias.
Dos estatutos partidários devem constar as normas 
referente à fidelidade e disciplina partidária, inclusive 
com a previsão de sanções, como a advertência ou ainda 
a expulsão do partido, mas nunca a perda do mandato, 
que ocorre somente em hipóteses constitucionais taxa-
tivas (art. 15).
O Supremo Tribunal Federal suspendeu, em cará-
ter liminar, regra da Lei nº 9.504/1997 conhecida como 
“candidatura nata”.
Essa regra assegurava aos detentores de mandato de 
Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, 
e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer 
período da legislatura que estiver em curso, o registro 
de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que 
estejam filiados (art. 8º, § 1º, da Lei).
Segundo a Corte, a regra ofende o princípio da au-
tonomia dos partidos políticos, bem como a igualdade 
entre os detentores de mandatos eletivo e os demais 
membros dos partidos.
47
Direito Constitucional
ATENÇÃO:
Ao artigo 17 foram incluídos pela Emenda 
Constitucional nº 117, de 2022, os parágrafos 7º e 8º. 
Vejamos do que trata esses parágrafos:
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 
5% (cinco por cento) dos recursos do fundo partidário na 
criação e na manutenção de programas de promoção e 
difusão da participação política das mulheres, de acordo 
com os interesses intrapartidários.
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento 
de Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a 
campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda 
gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos 
partidos às respectivas candidatas,deverão ser de no 
mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número 
de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada 
conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos 
de direção e pelas normas estatutárias, considerados a 
autonomia e o interesse partidário. 
A Emenda Constitucional nº 117/202, promulgada 
em 05/04/2022, versou sobre os seguintes temas:
• manutenção de programas de promoção e difusão 
da participação política das mulheres;
• cota de gênero e campanha eleitoral (financiamento 
e tempo de propaganda);
• situação dos partidos que não observaram a cota 
de gênero até a edição da emenda.
Vamos aqui analisar os dois primeiros pontos.
 
MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS DE PROMOÇÃO E 
DIFUSÃO DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES
Partidos devem destinar pelo menos 5% dos 
recursos do Fundo Partidário para participação das 
mulheres na política
Em 2009, foi editada a Lei nº 12.034, que inseriu 
o inciso V no art. 44 da Lei nº 9.096/95 obrigando os 
partidos políticos a destinar pelo menos 5% do total de 
recursos do Fundo Partidário em programas de promoção 
e difusão da participação política das mulheres.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, “o incentivo 
à presença feminina na política constitui ação afirmativa 
necessária, legítima e urgente que visa promover e 
integrar as mulheres na vida político-partidária brasileira, 
dando-lhes oportunidades de se filiarem às legendas 
e de se candidatarem, de modo a se garantir a plena 
observância ao princípio da igualdade de gênero.” (CTA 
- Consulta nº 060407534 - BRASÍLIA – DF - Acórdão de 
19/04/2018 - Relator(a) Min. Jorge Mussi - Publicação: 
DJE - Diário da justiça eletrônica, Tomo 185, Data 
14/09/2018).
Importante destacar que essa obrigação legal é 
atualmente regulamentada pelo art. 22, da Resolução 
TSE 23.604/2019:
Art. 22. Os órgãos partidários devem destinar, no 
mínimo, 5% (cinco por cento) do total de recursos do 
Fundo Partidário recebidos no exercício financeiro para 
criação ou manutenção de programas de promoção e 
difusão da participação política das mulheres.
(...)
§ 3º O partido político que não cumprir o disposto 
no caput deve transferir o saldo para conta bancária 
de que trata o inciso IV do art. 6º, sendo vedada sua 
Constituição e natureza jurídica dos partidos po-
líticos
A constituição dos partidos políticos consolida-se 
com a aquisição da personalidade jurídica. Conforme 
a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973), os atos 
constitutivos e os estatutos dos partidos políticos serão 
inscritos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
A Lei nº 9.096/1995, que dispõe sobre partidos polí-
ticos, estabelece que o requerimento do registro de par-
tido político deve ser dirigido ao cartório competente 
do Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Capital Federal 
(Brasília).
O art. 7º desta Lei, reproduzindo o que diz o art. 17, 
§ 2º, da Constituição, estabelece que, após adquirir per-
sonalidade jurídica na forma da lei civil, o partido político 
deve registrar seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral.
O ato do TSE que analisa pedido de registro parti-
dário, conforme STF, não tem caráter jurisdicional, mas 
natureza meramente administrativa. Logo, não cabe 
interposição de Recurso Extraordinário contra a decisão 
daquele Tribunal que negar o registro.
Uma vez constituídos e registrados no TSE, os parti-
dos políticos passam a fazer jus à imunidade tributária 
prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição.
Importante ressaltar que o registro do estatuto junto 
ao TSE não dá ao partido político natureza de pessoa 
jurídica de direito público, sempre criada por meio de lei. 
Portanto, os partidos políticos são pessoas jurídicas de 
direito privado.
Logo, o início de sua personalidade jurídica e da sua 
existência legal, conforme determina o Código Civil, ini-
cia-se com a inscrição do ato constitutivo no respectivo 
registro (art. 45 e 985 do Código).
Lei dos Partidos Políticos
O funcionamento dos partidos políticos é regula-
mentado pela lei nº 9.096/95, que define regras sobre:
- criação, organização, funcionamento e extinção 
dos partidos;
- definição de programas de governo e do estatuto;
- forma de filiação partidária;
- contabilidade e prestação de contas partidárias;
- Fundo Especial de Assistência Financeira aos 
Partidos Políticos (Fundo Partidário).
O TSE tem a Resolução nº 23.465/15 que também 
estabeleceu as normas sobre:
- forma de criação e registro dos partidos;
- fusão, incorporação e extinção de partidos;
- programas e estatutos.
A Constituição confere ampla liberdade aos partidos 
políticos, uma vez que são instituições indispensáveis 
para concretização do Estado democrático de direito, 
muito embora restrinja a utilização de organização 
paramilitar.
Desligamento de partido
Pela disposto no § 6º, o desligamento do partido pelo 
qual tenha sido eleito provocará a perda do mandato, 
SALVO, as hipóteses previstas em lei ou em casos que 
haja a anuência do partido.
48
Direito Constitucional
aplicação para finalidade diversa, de modo que o saldo remanescente deve ser aplicado dentro do exercício financeiro 
subsequente, sob pena de acréscimo de 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento) do valor previsto no caput, a 
ser aplicado na mesma finalidade (art. 44, § 5º, da Lei nº 9.096/95).
§ 4º Na hipótese do § 3º, o partido fica impedido de utilizar qualquer dos valores mencionados para finalidade 
diversa.
§ 5º A aplicação de recursos a que se refere este artigo, além da contabilização em rubrica própria do plano de 
contas aprovado pelo TSE, deve estar comprovada mediante a apresentação de documentos fiscais em que conste 
expressamente a finalidade da aplicação, vedada a comprovação mediante o rateio de despesas ordinárias, tais como 
água, luz, telefone, aluguel e similares.
(...)
 
E o que fez a Emenda Constitucional nº 117/2022?
Embora com uma redação mais sucinta, a Emenda atribuiu status constitucional à previsão legal já existente 
que obriga os partidos a destinar 5% dos recursos do Fundo Partidário para programas de promoção e difusão da 
participação política das mulheres.
Vejamos o quadro comparativo:
Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) CF/88 com redação dada pela EC 117/2022
Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão 
aplicados:
V - na criação e manutenção de programas de 
promoção e difusão da participação política das mulheres, 
criados e executados pela Secretaria da Mulher ou, a 
critério da agremiação, por instituto com personalidade 
jurídica própria presidido pela Secretária da Mulher, em 
nível nacional, conforme percentual que será fixado pelo 
órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo 
de 5% (cinco por cento) do total;
Art. 17 (...)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no 
mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo 
partidário na criação e na manutenção de programas 
de promoção e difusão da participação política das 
mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 
2022)
 
O art. 44, V, da Lei nº 9.096/95 continua em vigor?
SIM. Nesse caso, o que a EC 117/2022 fez foi apenas constitucionalizar uma obrigação já existente na legislação 
infraconstitucional.
Como decorrência disso, a partir da entrada em vigor da EC 117/2022, a destinação obrigatória de 5% dos recursos 
do Fundo Partidário para programas de incentivo à participação das mulheres não pode mais ser suprimida pelo 
legislador infraconstitucional.
 
COTA DE GÊNERO E AS CAMPANHAS ELEITORAIS (FINANCIAMENTO E TEMPO DE PROPAGANDA)
Em que consiste a cota de gênero?
A cota de gênero está prevista no art. 10, §3º, da Lei nº 9.504/97, e consiste na obrigação de o partido reservar, 
pelo menos, 30% de candidaturas para cada sexo. Vejamos:
Art. 10. Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as 
Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 100% (cem por cento) do número de lugares a 
preenchermais 1 (um).
(...)
§ 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o 
mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.
 
É possível que o partido faça o registro de candidaturas apenas do sexo feminino?
NÃO. Segundo o dispositivo legal supramencionado, deve haver, no mínimo, 30% de candidatos de cada sexo, 
masculino ou feminino.
Assim, não é possível o registro de candidatos apenas do sexo masculino e o inverso também é verdadeiro, ou seja, 
não é possível o registro de candidatos somente do sexo feminino.
 
E como é feito o financiamento dessas campanhas eleitorais?
É proibido que pessoas jurídicas de direito privado façam doações para partidos e candidatos, de forma que as 
empresas não podem participar do financiamento de campanhas eleitorais.
Logo, o financiamento das campanhas atualmente é feito de dois modos:
a) por doações de pessoas naturais;
b) com os recursos públicos que são transferidos aos partidos pelo Fundo Partidário e pelo Fundo Especial de 
Financiamento de Campanha - FEFC.
 
49
Direito Constitucional
Principais diferenças entre FEFC e Fundo Partidário
FEFC FUNDO PARTIDÁRIO
Fundo Especial de Financiamento de Campanha Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos 
Políticos
Previsto nos arts. 16-C e 16-D da Lei nº 9.504/97. Previsto nos arts. 38 a 44-A da Lei nº 9.096/95.
Constituído por dotações orçamentárias da União 
em ano eleitoral, em valor ao menos equivalente:
I - ao definido pelo TSE, a cada eleição, com base 
nos parâmetros definidos em lei;
II - ao percentual do montante total dos recursos 
da reserva específica a programações decorrentes de 
emendas de bancada estadual impositiva, que será 
encaminhado no projeto de lei orçamentária anual.
Constituído por:
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos 
termos do Código Eleitoral e leis conexas;
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por 
lei;
III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por 
intermédio de depósitos bancários diretamente na conta 
do Fundo Partidário;
IV - dotações orçamentárias da União.
Destina-se a custear os gastos eleitorais previstos 
no art. 26 da Lei nº 9.504/97.
Embora também possa ser utilizado para campanhas 
eleitorais, tem por finalidade primordial assegurar a 
manutenção dos partidos políticos, custeando as despesas 
previstas no art. 44 da Lei nº 9.096/95.
 
Como é feita a distribuição desses recursos para os candidatos?
Cabe à direção do partido deliberar sobre a forma de distribuição dos recursos do Fundo Partidário e do FEFC aos 
seus candidatos, respeitados os parâmetros estabelecidos em resoluções editadas pelo TSE.
 
Existe alguma regra específica para o financiamento de candidaturas femininas?
SIM. Vamos entender com calma.
Em 2015, foi editada a Lei nº 13.165, que, em seu art. 9º, exigiu que os partidos políticos destinem, no mínimo 
5% e no máximo 15% do total de recursos do Fundo Partidário para o financiamento das campanhas eleitorais de 
candidatas (candidaturas de mulheres). Veja:
Art. 9º Nas três eleições que se seguirem à publicação desta Lei, os partidos reservarão, em contas bancárias 
específicas para este fim, no mínimo 5% (cinco por cento) e no máximo 15% (quinze por cento) do montante do Fundo 
Partidário destinado ao financiamento das campanhas eleitorais para aplicação nas campanhas de suas candidatas, 
incluídos nesse valor os recursos a que se refere o inciso V do art. 44 da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
 
A Procuradoria-Geral da República ajuizou ADI contra este art. 9º da Lei nº 13.165/2015.
O argumento da PGR foi, em síntese, o seguinte:
- o art. 10, §3º, da Lei nº 9.504/97 (que vimos acima), exige que, pelo menos 30% das candidaturas nas eleições 
proporcionais, sejam do sexo feminino.
- por outro lado, o art. 9º da Lei nº 13.165/2015, de forma menos protetiva, fala que as candidaturas femininas 
serão financiadas com, no máximo 15% do Fundo Partidário;
- o limite máximo de 15% produz mais desigualdade e menos pluralismo da definição das posições de gênero. “Se 
não há limites máximos para financiamento de campanhas de homens, não se podem fixar limites máximos para as 
mulheres”, afirma. Quanto ao limite mínimo, enfatiza que o patamar de 5% dos recursos para as candidatas protege 
de forma deficiente os direitos políticos das mulheres.
- na ação, a PGR defendeu que o princípio da proporcionalidade só seria atendido se o percentual de recursos 
a serem destinados para as candidaturas femininas fosse também de 30% dos recursos do Fundo Partidário. Isso 
porque, neste caso, haveria uma equiparação com o patamar mínimo de candidaturas femininas do art. 10, §3º, da Lei 
nº 9.504/97.
 
O STF concordou com os argumentos.
Se o partido adotar o piso de 5% significa que, na prática, a agremiação partidária irá destinar às candidaturas 
masculinas 95% dos recursos do Fundo Partidário.
Por outro lado, mesmo que o partido adote o teto de 15%, nesta hipótese os recursos destinados às candidaturas 
masculinas será de 85%.
Não existem justificativas para essa diferenciação.
Os partidos políticos, mesmo gozando de autonomia partidária, devem respeitar os direitos fundamentais a partir 
da concepção da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Assim, é preciso que, no âmbito dos partidos políticos, sejam asseguradas medidas de igualdade material entre 
homens e mulheres.
O fato de os recursos partidários terem um caráter público reforça a obrigação de que sua distribuição não seja 
discriminatória.
Diante disso, o STF afirmou que esses limites do art. 9º da Lei nº 13.165/2015 são inconstitucionais. Conforme decidiu 
a Corte, os recursos destinados à campanha eleitoral devem ser distribuídos na exata proporção das candidaturas de 
ambos os sexos. Ex: se houver 40% de mulheres candidatas, 40% dos recursos devem ser destinados a elas.
50
Direito Constitucional
Vale ressaltar, no entanto, que esse percentual é de, no mínimo, 30%, considerando que o percentual de mulheres 
candidatas em cada partido é de, no mínimo, 30%.
Assim, o STF decidiu:
Dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º da Lei nº 13.165/2015, de modo a equiparar o patamar legal 
mínimo de candidaturas femininas (hoje o do art. 10, § 3º, da Lei nº 9.504/97, isto é, ao menos 30% de cidadãs), ao 
mínimo de recursos do Fundo Partidário a lhes serem destinados, que deve ser interpretado como também de 30% 
do montante do Fundo alocado a cada partido, para as eleições majoritárias e proporcionais, e fixar que, havendo 
percentual mais elevado de candidaturas femininas, o mínimo de recursos globais do partido destinados a campanhas 
lhe seja alocado na mesma proporção.
STF. Plenário. ADI 5617/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/3/2018 (Info 894).
 
Outro ponto importante é que o STF declarou a inconstitucionalidade da previsão de que a regra do art. 9º da Lei 
nº 13.165/2015 iria durar apenas por três anos.
Explicando melhor.
A redação do art. 9º previa que a regra de destinação de recursos partidários para as campanhas de mulheres iria 
durar apenas por três eleições.
O STF decidiu que isso é inconstitucional.
Como o STF afirmou que o percentual mínimo de recursos para as campanhas de mulheres deve seguir a mesma 
regra do art. 10, § 3º, da Lei nº 9.504/97 (no mínimo, 30%), a Corte entendeu que não deveria haver a fixação de um 
prazo determinado, já que essa regra de 30% também não tem um período certo.
Assim, essa previsão mínima de 30% dos recursos para as campanhas de mulheres deverá perdurar enquanto 
existir a regra do art. 10, § 3º.
Desse modo, o STF decidiu:
Declarar a inconstitucionalidade da expressão “três”, contida no art. 9º da Lei nº 13.165/2015.
STF. Plenário. ADI 5617/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/3/2018 (Info 894).
 
A decisão do STF versou apenas sobre o Fundo Partidário. E como ficou o FEFC?
Deverá seguir o mesmo raciocínio. A distribuição do FEFC entre os candidatostambém deve guardar 
proporcionalidade com o número de candidaturas femininas.
Foi o que decidiu o TSE (sem grifos no original):
(...) 9. Embora circunscrito o objeto da ADI 5617 à distribuição dos recursos partidários que veio a ser fixada por 
meio da Lei nº 13.165/2015, os fundamentos então esposados transcendem o decidido naquela hipótese, considerada, 
em especial, a premissa de que “a igualdade entre homens e mulheres exige não apenas que as mulheres tenham 
garantidas iguais oportunidades, mas também que sejam elas empoderadas por um ambiente que lhes permita 
alcançar a igualdade de resultados”. Aplicável, sem dúvida, a mesma diretriz hermenêutica; “ubi eadem ratio ibi idem 
jus”, vale dizer, onde houver o mesmo fundamento, haverá o mesmo direito. (...) 11. Se a distribuição do Fundo 
Partidário deve resguardar a efetividade do disposto no art. 10, § 3º, da Lei nº 9.504/97, no sentido de viabilizar 
o percentual mínimo de 30% de candidaturas por gênero, consoante decidiu a Suprema Corte ao julgamento 
da ADI 5617, com maior razão a aplicação dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha 
(FEFC) - cuja vocação é, exclusivamente, o custeio das eleições - há de seguir a mesma diretriz (CTA 0600252-
18.2018.6.00.0000 - Consulta nº 060025218 - BRASÍLIA – DF - Acórdão de 22/05/2018 - Relator(a) Min. Rosa Weber 
- Publicação: DJE - Diário da justiça eletrônica, Tomo 163, Data 15/08/2018).
 
A cota de gênero também deve ser observada na distribuição do tempo de propaganda eleitoral entre os 
candidatos?
SIM. O TSE, ao responder a mesma consulta e com idênticas razões de decidir utilizadas pelo STF na ADI 5617, 
também consignou que o partido, ao fazer a distribuição do tempo de propaganda eleitoral entre seus candidatos, 
deveria observar essa mesma regra, reservando percentual de tempo proporcional ao número de candidaturas 
femininas.
Vejamos (sem grifos):
12. No tocante ao tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, consabido não haver disposição 
normativa expressa que balize a sua distribuição em termos de percentual de gênero. A despeito disso, a carência de 
regramento normativo que imponha a observância dos patamares mínimos previstos no art. 10, § 3º, da Lei nº 
9.504/97 à distribuição do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão não obstaculiza interpretação 
extraída a partir de preceitos constitucionais que viabilizem a sua implementação.
13. Consoante magistério de Inocêncio Mártires Coelho, com apoio em Niklas Luhmann, Friedrich Müller e 
Castanheira Neves: “não existe norma jurídica, senão norma jurídica interpretada, vale dizer, preceito formalmente criado 
e materialmente concretizado por todos quantos integram as estruturas básicas constituintes de qualquer sociedade 
pluralista. [...] O teor literal de uma disposição é apenas a ‘ponta do iceberg’; todo o resto, talvez o mais importante, 
é constituído por fatores extralinguísticos, sociais e estatais, que mesmo se o quiséssemos não poderíamos fixar nos 
textos jurídicos, no sentido da garantia da sua pertinência.” (LUHMANN, Niklas. El derecho de la sociedad. México: 
Herder/Universidad Iberoamericana, 2005, p. 425-6; MÜLLER, Friedrich. Métodos de Trabalho do Direito Constitucional. 
Porto Alegre: Síntese, 1999, p. 45; e NEVES, A. Castanheira. Metodologia Jurídica. Problemas fundamentais. Coimbra: 
Universidade de Coimbra, 1993, p. 166-76.)
51
Direito Constitucional
14. Aplica-se, no ponto, a mesma ratio decidendi adotada pela Suprema Corte na ADI 5617, com prevalência 
ao direito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e à igualdade de gênero (art. 5º, caput, da CF) (CTA 
0600252-18.2018.6.00.0000 - Consulta nº 060025218 - BRASÍLIA – DF - Acórdão de 22/05/2018 - Relator(a) Min. Rosa 
Weber - Publicação: DJE - Diário da justiça eletrônica, Tomo 163, Data 15/08/2018).
 
E o que fez a Emenda Constitucional nº 117/2022?
Incluiu o §8º ao art. 17, da Constituição Federal, que espelha as mesmas regras já definidas pelo STF e pelo TSE 
para distribuição de recursos públicos e tempo de propaganda para candidaturas femininas. Vejamos:
Art. 17 (...)
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo partidário destinada 
a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos 
partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de 
candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e 
pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
117, de 2022)
 
Ainda de acordo com a redação do novo dispositivo constitucional, é importante ressaltar que a obrigação do 
partido estará cumprida com a destinação do percentual mínimo de recursos para candidaturas femininas, não se 
exigindo que esse percentual seja dividido igualitariamente entre as candidatas.
Assim, é possível que uma determinada candidata, em relação a qual o partido entende que tem maiores chances, 
possa receber mais recursos e tempo de propaganda que outra, desde que observados os critérios definidos pelos 
respectivos órgãos de direção do partido e pelas normas estatutárias.
 
O novo § 8º do art. 17 da CF/88, acima transcrito, fala em “propaganda”. Qual é o tipo de propaganda a 
que se refere o dispositivo?
A propaganda política é gênero que abrange duas espécies:
PROPAGANDA POLÍTICA
PROPAGANDA PARTIDÁRIA PROPAGANDA ELEITORAL
A propaganda partidária se presta à difusão dos 
princípios ideológicos, atividades e programas dos partidos 
políticos. Sua finalidade é a de angariar eleitores e cidadãos 
que simpatizem com os ideais do partido.
 
Nessa modalidade, é vedada a divulgação de propaganda 
de candidatos a cargos eletivos (Art. 50-B, §4º, II, LPP)
A propaganda eleitoral é aquela que se realiza 
antes de certame eleitoral e objetiva, basicamente, 
a obtenção de votos, tornando-se instrumento 
de convencimento do eleitor, que pode, por seu 
intermédio, ampliar seu conhecimento sobre as 
convicções de cada candidato ou partido, fazendo 
a escolha que mais lhe convier.
É regulada pela Lei nº 9.096/95. É regida pela Lei nº 9.504/97.
Veiculada fora do período eleitoral (Art. 50-B, §3º, LPP) Veiculada a partir de 15 de agosto do ano da 
eleição (Art. 36, LE)
Feita essa distinção, vamos agora ler novamente o dispositivo inserido pela EC 117/2022:
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo partidário destinada a 
campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos 
partidos às respectivas candidatas, deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de 
candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e 
pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário.
 
Observe que o dispositivo faz menção a tempo de propaganda “a ser distribuído pelos partidos às respectivas 
candidatas”, o que nos leva à conclusão de que se trata de propaganda eleitoral, tendo em vista que a propaganda 
partidária, além de ocorrer fora do período eleitoral, não permite a divulgação de candidatos.
 
E como fica a propaganda partidária? O partido estaria desobrigado de promover a participação política 
das mulheres?
NÃO. Como dito, a propaganda partidária não veicula propaganda de candidatos, mas a difusão das ideias, 
princípios, atividades e programas partidários, com o objetivo de atrair simpatizantes.
Dentre essas finalidades, uma delas é justamente a promoção e a difusão da participação política das mulheres, 
dos jovens e dos negros, conforme prevê o art. 50-B, da Lei dos Partidos Políticos:
Art. 50-B. O partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral poderá divulgar propaganda 
partidária gratuita mediante transmissãono rádio e na televisão, por meio exclusivo de inserções, para:
(...)
V - promover e difundir a participação política das mulheres, dos jovens e dos negros.
 
A Resolução TSE nº 23.679/2022, que regulamenta a propaganda partidária, prevê, inclusive, destinação mínima 
de tempo de propaganda para essa finalidade, em percentual idêntico ao mencionado pela Emenda Constitucional:
52
Direito Constitucional
Resolução TSE 23.679/2022
Art. 3º (...)
§ 1º Do tempo total a que, nos termos do art. 2º desta Resolução, o partido político fizer jus, no mínimo 30% (trinta 
por cento) deverão ser destinados à promoção e à difusão da participação política das mulheres.
 
Assim, embora não seja contemplada pela Emenda Constitucional, remanesce a obrigação do partido de destinar 
30% do tempo de propaganda partidária para promoção e difusão da participação política das mulheres, com 
fundamento nos dispositivos legais supracitados.7
QUESTÕES
01. (TCE/MG – Analista Contábil de Controle Externo – CESPE/2018) De acordo com a Constituição Federal de 
1988, é assegurada a todos os partidos políticos
(A) a utilização de organização paramilitar.
(B) a recepção de recursos financeiros de entidade estrangeira, desde que declarados.
(C) a obtenção de recursos do fundo partidário para custear o acesso a rádio e televisão.
(D) a aquisição de personalidade jurídica na forma da lei civil.
(E) a vinculação entre candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal.
02. (ALESE – Técnico Legislativo em Taquigrafia – FCC/2018) Consoante às disposições relativas aos partidos 
políticos, a Constituição Federal estabelece:
(A) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos 
no Supremo Tribunal Federal.
(B) É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre 
escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento, 
devendo, no entanto, seus estatutos estabelecer normas de disciplina partidária. 
(C) É livre a criação de partidos políticos de caráter regional. 
(D) É permitido aos partidos políticos o recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros, 
desde que prestem contas ao Tribunal Superior Eleitoral, na forma da lei.
(E) É permitida a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
03. (Prefeitura de Petrolina - Guarda Civil – IDIB Órgão/2019) De acordo com a Constituição Federal, assinale a 
alternativa incorreta acerca dos direitos políticos e partidos políticos:
(A) São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo 
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou 
de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato 
à reeleição.
(B) A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor no exercício seguinte em que tiver sido publicada.
(C) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os 
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
(D) São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
(E) Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no 
Tribunal Superior Eleitoral.
04. (PGM – João Pessoa/PB – Procurador – CESPE/2018) De acordo com a CF, os partidos políticos são
(A) pessoas jurídicas de direito público às quais é vedado o recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo 
estrangeiros.
(B) pessoas jurídicas de direito público às quais é assegurada autonomia para definir sua estrutura interna e para 
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios.
(C) pessoas jurídicas de direito público às quais é assegurada autonomia para adotar critérios de escolha e regime 
de suas coligações nas eleições majoritárias, desde que observada vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal.
(D) pessoas jurídicas de direito privado às quais é assegurada autonomia para adotar critérios de escolha e regime de 
suas coligações nas eleições majoritárias, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal.
(E) pessoas jurídicas de direito privado às quais é permitido o recebimento de recursos financeiros de entidade ou 
governo estrangeiro, nos termos da lei.
7 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora JusPODIVM. / 
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. / www.direitoconstitucional.blog.br/www.todapolitica.
com/ https://www.dizerodireito.com.br – Por Márcio André Lopes Cavalcante - Robério Moreira Borges
53
Direito Constitucional
4. APLICABILIDADE DAS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS. NORMAS DE EFICÁCIA 
PLENA, CONTIDA E LIMITADA. 
NORMAS PROGRAMÁTICAS. CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL. 
CONTROLES DIFUSO E CONCENTRADO DE 
CONSTITUCIONALIDADE: ADI, ADC, ADPF E 
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL.
Aplicabilidade das normas constitucionais
Não há dúvidas que a Constituição de um Estado 
deve ser interpretada, função esta atribuída ao exege-
ta que buscará o real significado dos termos e normas 
constitucionais.
A relevância de tal mister se revela, principalmente, 
pelo fato de as normas infraconstitucionais derivarem 
desta estrutura básica e central que é a norma cons-
titucional. Assim, a interpretação deverá levar em consi-
deração todo o sistema e, em caso de eventual antino-
mia (contradição) de normas, buscar-se-á a conciliação 
do conflito valendo-se de uma interpretação sistemática 
orientada pelos princípios constitucionais.
Fato é que o processo de interpretação das normas 
constitucionais é tarefa permanente, exercida precipua-
mente pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que busca 
harmonizar os conceitos da realidade social, política, 
econômica e ideológica, com os fins efetivamente visa-
dos pelo legislador constituinte. Este processo de ade-
quação da realidade histórica com a norma constitucio-
nal é que permite manter a contemporaneidade das Leis, 
principalmente a da Lei Maior, que é a nossa Constitui-
ção.
Enfim, a “renovação de entendimento” promovida 
através da aplicação da Lei aos casos concretos, como 
por exemplo, a definição do alcance de competência da 
Justiça do Trabalho para julgar ações de indenização de-
correntes de acidente de trabalho: instaurado o conflito 
de competência - definida esta por norma constitucional 
- coube ao STF definir o alcance da norma, através da 
percepção do real intento do legislador que promoveu 
alteração na Carta Magna através da competente Emen-
da Constitucional.
O estudo da aplicabilidade das normas 
constitucionais é essencial à correta interpretação da 
Constituição Federal. É a compreensão da aplicabilidade 
das normas constitucionais que nos permitirá entender 
exatamente o alcance e a realizabilidade dos diversos 
dispositivos da Constituição.
Todas as normas constitucionais apresentam 
juridicidade. Todas elas são imperativas e cogentes ou, 
em outras palavras, todas as normas constitucionais 
surtem efeitos jurídicos: o que varia entre elas é o grau 
de eficácia.
A doutrina americana (clássica) distingue 
duas espécies de normas constitucionais quanto 
à aplicabilidade: as normas autoexecutáveis (“self 
executing”) e as normas não-autoexecutáveis.
As normas autoexecutáveis são normas que 
podem ser aplicadas sem a necessidade de qualquer 
complementação. São normas completas, bastantes em 
si mesmas. Já as normas não-autoexecutáveis dependem 
de complementação legislativaantes de serem aplicadas: 
05. (Câmara de Orlândia/SP – Procurador – 
VUNESP/2018) Sobre os Partidos Políticos, a Constituição 
Federal estabelece:
(A) É assegurada aos partidos políticos autonomia 
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras 
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e 
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e 
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, 
facultada a sua celebração nas eleições proporcionais, 
com obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas 
em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, 
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina 
e fidelidade partidária.
(B) Os partidos políticos, após adquirirem 
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão 
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral e no Tribunal 
Regional Eleitoral respectivo. Uma vez registrado, 
é facultada a utilização pelos partidos políticos de 
organização paramilitar.
(C) Somente terão direito a recursos do fundo 
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na 
forma da lei, os partidos políticos que obtiverem, nas 
eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 10% 
(dez por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo 
menos um terço das unidades da Federação, com um 
mínimo de 7% (sete por cento) dos votos válidos em cada 
uma delas.
(D) Somente terão direito a recursos do fundo partidário 
e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, 
os partidos políticos que tiverem elegido pelo menos 17 
Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço 
das unidades da Federação. 
(E) Ao eleito por partido que não obteve, nas eleições 
para a Câmara dos Deputados, o mínimo de 3% dos votos 
válidos, distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades 
da Federação, com um mínimo de 2% dos votos válidos 
em cada uma delas ou não tiver elegido pelo menos 15 
Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3 
das unidades da Federação é assegurado o mandato 
e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro 
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação 
considerada para fins de distribuição dos recursos do 
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio 
e de televisão.
GABARITO
01.D / 02.B / 03.B / 04.D / 05.E
54
Direito Constitucional
são as normas incompletas, as normas programáticas 
(que definem diretrizes para as políticas públicas) e as 
normas de estruturação (instituem órgãos, mas deixam 
para a lei a tarefa de organizar o seu funcionamento).
Embora a doutrina americana seja bastante didática, 
a classificação das normas quanto à sua aplicabilidade 
mais aceita no Brasil foi a proposta pelo Prof. José 
Afonso da Silva.
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, 
José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais 
em três grupos:
→ normas de eficácia plena;
→ normas de eficácia contida;
→ normas de eficácia limitada.
Normas de eficácia plena, contida e limitada
Normas de eficácia plena
São aquelas que, desde a entrada em vigor da 
Constituição, produzem, ou têm possibilidade de 
produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte 
quis regular. É o caso do art. 2º da CF/88, que diz: “são 
Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, 
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
As normas de eficácia plena possuem as seguintes 
características:
a) são autoaplicáveis, é dizer, elas independem 
de lei posterior regulamentadora que lhes complete o 
alcance e o sentido. Isso não quer dizer que não possa 
haver lei regulamentadora versando sobre uma norma 
de eficácia plena; a lei regulamentadora até pode existir, 
mas a norma de eficácia plena já produz todos os seus 
efeitos de imediato, independentemente de qualquer 
tipo de regulamentação;
b) são não-restringíveis, ou seja, caso exista uma 
lei tratando de uma norma de eficácia plena, esta não 
poderá limitar sua aplicação;
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem 
de norma regulamentadora para produzir seus efeitos), 
imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos 
desde o momento em que é promulgada a Constituição) 
e integral (não podem sofrer limitações ou restrições 
em sua aplicação).
Normas constitucionais de eficácia contida ou 
prospectiva
São normas que estão aptas a produzir todos os 
seus efeitos desde o momento da promulgação da 
Constituição, mas que podem ser restringidas por 
parte do Poder Público. Cabe destacar que a atuação 
do legislador, no caso das normas de eficácia contida, 
é discricionária: ele não precisa editar a lei, mas poderá 
fazê-lo.
Um exemplo clássico de norma de eficácia contida 
é o art.5º, inciso XIII, da CF/88, segundo o qual “é livre 
o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer”.
Em razão desse dispositivo, é assegurada a liberdade 
profissional: desde a promulgação da Constituição, todos 
já podem exercer qualquer trabalho, ofício ou profissão. 
No entanto, a lei poderá estabelecer restrições ao 
exercício de algumas profissões. Citamos, por exemplo, 
a exigência de aprovação no exame da OAB como pré-
requisito para o exercício da advocacia.
As normas de eficácia contida possuem as seguintes 
características:
a) são autoaplicáveis, ou seja, estão aptas a 
produzir todos os seus efeitos, independentemente de 
lei regulamentadora. Em outras palavras, não precisam 
de lei regulamentadora que lhes complete o alcance ou 
sentido.
Vale destacar que, antes da lei regulamentadora ser 
publicada, o direito previsto em uma norma de eficácia 
contida pode ser exercitado de maneira ampla (plena); 
só depois da regulamentação é que haverá restrições ao 
exercício do direito;
b) são restringíveis, isto é, estão sujeitas a limitações 
ou restrições, que podem ser impostas por:
- uma lei: o direito de greve, na iniciativa privada, 
é norma de eficácia contida prevista no art. 9º, da 
CF/88. Desde a promulgação da CF/88, o direito de 
greve já pode exercido pelos trabalhadores do regime 
celetista; no entanto, a lei poderá restringi-lo, definindo 
os “serviços ou atividades essenciais” e dispondo 
sobre “o atendimento das necessidades inadiáveis da 
comunidade”.
- outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 
prevê a possibilidade de que sejam impostas restrições 
a certos direitos e garantias fundamentais durante o 
estado de sítio.
- conceitos ético-jurídicos indeterminados: o art. 
5º, inciso XXV, da CF/88 estabelece que, no caso de 
“iminente perigo público”, o Estado poderá requisitar 
propriedade particular. Esse é um conceito ético-jurídico 
que poderá, então, limitar o direito de propriedade;
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem 
de norma regulamentadora para produzir seus efeitos), 
imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos 
desde o momento em que é promulgada a Constituição) 
e possivelmente não-integral (estão sujeitas a limitações 
ou restrições). 
Normas constitucionais de eficácia limitada
São aquelas que dependem de regulamentação 
futura para produzirem todos os seus efeitos. Um 
exemplo de norma de eficácia limitada é o art. 37, inciso 
VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores 
públicos (“o direito de greve será exercido nos termos e 
nos limites definidos em lei específica”).
Ao ler o dispositivo supracitado, é possível perceber 
que a Constituição Federal de 1988 outorga aos 
servidores públicos o direito de greve; no entanto, para 
que este possa ser exercido, faz-se necessária a edição 
de lei ordinária que o regulamente. Assim, enquanto não 
editada essa norma, o direito não pode ser usufruído.
As normas constitucionais de eficácia limitada 
possuem as seguintes características:
a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de 
complementação legislativa para que possam produzir 
os seus efeitos;
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem 
de norma regulamentadora para produzir seus efeitos) 
mediata (a promulgação do textoconstitucional não 
é suficiente para que possam produzir todos os seus 
efeitos) e reduzida (possuem um grau de eficácia restrito 
quando da promulgação da Constituição).
55
Direito Constitucional
Normas programáticas
José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia 
limitada em dois grupos:
a) normas declaratórias de princípios institutivos 
ou organizativos: são aquelas que dependem de lei 
para estruturar e organizar as atribuições de instituições, 
pessoas e órgãos previstos na Constituição. É o caso, 
por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o qual “a 
lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e 
órgãos da administração pública.”
As normas definidoras de princípios institutivos 
ou organizativos podem ser impositivas (quando 
impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a lei 
regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem 
mera faculdade ao legislador).
O art. 88, da CF/88, é exemplo de norma impositiva; 
como exemplo de norma facultativa citamos o art. 125, 
§ 3º, CF/88, que dispõe que a “lei estadual poderá criar, 
mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça 
Militar estadual”;
b) normas declaratórias de princípios 
programáticos: são aquelas que estabelecem 
programas a serem desenvolvidos pelo legislador 
infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta 
Magna (“a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos 
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços 
para sua promoção, proteção e recuperação”).
Cabe destacar que a presença de normas 
programáticas na Constituição Federal é que nos permite 
classificá-la como uma Constituição-dirigente.
É importante destacar que as normas de eficácia 
limitada, embora tenham aplicabilidade reduzida e não 
produzam todos os seus efeitos desde a promulgação 
da Constituição, possuem eficácia jurídica.
Guarde bem isso: a eficácia dessas normas é limitada, 
porém existente! Diz-se que as normas de eficácia 
limitada possuem eficácia mínima.
Diante dessa afirmação, cabe-nos fazer a seguinte 
pergunta: quais são os efeitos jurídicos produzidos pelas 
normas de eficácia limitada?
As normas de eficácia limitada produzem 
imediatamente, desde a promulgação da Constituição, 
dois tipos de efeitos:
→ efeito negativo;
→ efeito vinculativo.
O efeito negativo consiste na revogação de 
disposições anteriores em sentido contrário e na 
proibição de leis posteriores que se oponham a seus 
comandos. Sobre esse último ponto, vale destacar que 
as normas de eficácia limitada servem de parâmetro para 
o controle de constitucionalidade das leis.
O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obrigação 
de que o legislador ordinário edite leis regulamentadoras, 
sob pena de haver omissão inconstitucional, que pode ser 
combatida por meio de mandado de injunção ou Ação 
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão.
Ressalte-se que o efeito vinculativo também se 
manifesta na obrigação de que o Poder Público concretize 
as normas programáticas previstas no texto constitucional. 
A Constituição não pode ser uma mera “folha de papel”; as 
normas constitucionais devem refletir a realidade político-
social do Estado e as políticas públicas devem seguir as 
diretrizes traçadas pelo Poder Constituinte Originário.
Controle de Constitucionalidade
É a atividade de fiscalização da validade e 
conformidade das leis e atos do Poder Público à vista de 
uma Constituição rígida, desenvolvida por um ou vários 
órgãos constitucionalmente designados. É, em síntese, 
um conjunto de atos tendentes a garantir a supremacia 
formal da Constituição.
Controle Preventivo: Comissões de Constituição e 
Justiça e Veto Jurídico
Momento do Controle de Constitucionalidade
Quanto ao momento, o controle de 
constitucionalidade pode ser preventivo (a priori) ou 
repressivo (a posteriori).
No Controle Preventivo, fiscaliza-se a validade do 
projeto de lei com o fim de se evitar que seja inserida 
no ordenamento jurídico uma norma incompatível com 
a Constituição. Pode ser realizado por todos os Poderes 
da República.
Controle Repressivo do Poder Legislativo
No caso do Controle Repressivo, fiscaliza-se a 
validade de uma norma já inserida no ordenamento 
jurídico.
Procura-se expurgar do Direito Posto norma 
que contraria formal e/ou materialmente o texto 
constitucional, seu fundamento de validade.
Pode, também, ser realizado pelos três Poderes da 
República, bem assim pelo Tribunal de Contas da União.
Controle Repressivo do Poder Judiciário: o 
Controle Difuso ou Aberto
A legitimação ativa no controle difuso é ampla, 
uma vez que qualquer das partes (autor e réu) poderá 
levantar a questão constitucional, bem assim o membro 
do Ministério Público que oficie no feito ou, ainda, o 
próprio magistrado de ofício.
Competência do Controle Difuso
No âmbito do controle difuso, qualquer juiz ou 
tribunal do País dispõe de competência para declarar a 
inconstitucionalidade das leis e dos atos normativos.
No entanto, quando o processo chega às instâncias 
superiores, um órgão fracionário do tribunal não possui 
esta competência (princípio da reserva de plenário, 
prescrito no Artigo 97, da CF).
Repercussão Geral
Efeitos da Decisão
A princípio, pode-se afirmar que os efeitos da decisão 
em controle difuso de constitucionalidade realizado por 
juízes monocráticos e tribunais, inclusive o próprio STF, 
são inter partes (alcançando apenas o autor e o réu), e 
ex tunc (não retroativos).
56
Direito Constitucional
Contudo, em se tratando especificamente de julgamento de recurso extraordinário (RE) pelo STF, deve-se 
observar qual o regime a que se submete, se anterior ou posterior ao requisito da repercussão geral da matéria 
constitucional guerreada (Artigo 102, § 3º, da CF).
Recurso Extraordinário
Se o RE é anterior à exigência da repercussão geral, os efeitos da decisão proferida nesta ação seguirão a regra 
geral, vale dizer, serão inter parte e ex tunc.
No entanto, ainda haverá a possibilidade da extensão dos efeitos da decisão a terceiros não integrantes da relação 
jurídico-processual primitiva, por meio da suspensão da execução da lei pelo Senado Federal, nos termos do Artigo 
52, X, da CF.
De outra banda, se o julgamento do RE obedece à sistemática trazida pelo regime da repercussão geral, a decisão 
passa a produzir eficácia erga omnes (alcançando todos que se encontram na mesma situação jurídica).
Como a Constituição Federal (Artigo 102, § 3º) passa a exigir do recorrente a demonstração da repercussão geral 
das questões constitucionais discutidas, vale dizer, que o interesse da demanda transcenda os meros interesses 
particulares, nada mais razoável que a questão constitucional guerreada, alcance efeitos extra partes.
Nesse contexto, as razões de decidir do STF que levaram à declaração de inconstitucionalidade da lei transcendem 
às partes envolvidas para assumir uma eficácia generalizada – erga omnes, independentemente de Resolução do 
Senado.
É o que se denomina transcendência dos motivos determinantes da decisão no controle difuso de 
constitucionalidade.
Súmula Vinculante
As decisões proferidas pelo STF no controle difuso de constitucionalidade não são dotadas de força vinculante em 
relação ao Poder Judiciário, tampouco perante a Administração Pública.
No intuito de conferir autoridade às decisões relevantes do Pretório Excelso, a Emenda Constitucional nº 45/2004 
criou a figura da Súmula Vinculante, nos termos do Artigo 103-A, da CF:
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos 
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação 
na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na formaestabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais 
haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança 
jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser 
provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, 
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a 
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
Requisitos para aprovação de uma Súmula Vinculante
Quórum de 2/3 dos membros do STF (mínimo de oito ministros);
Reiteradas decisões sobre matéria constitucional;
Controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública que acarrete grave 
insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica - ADI ou ADIN
A Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica – ADI, ou, tão somente, Ação Direta de Inconstitucionalidade, tem 
por fim retirar do ordenamento jurídico uma lei ou ato normativo federal ou estadual que desrespeita a Constituição 
Federal.
Legitimação Ativa
Podem propor ADI um dos legitimados pela Constituição Federal enumerados no Artigo 103, I ao IX:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
57
Direito Constitucional
O quadro abaixo traz dicas para memorização de tal legitimação:
Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade
3 autoridades → Presidente da República, Governadores, PGR
3 mesas → Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara dos Deputados, Mesas das Assembleias 
Legislativas
3 instituições → Conselho Federal da OAB, partido político com representação no Congresso Nacional, 
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional
Objeto
Por força de determinação constitucional, podem ser objeto de ADI, leis e atos normativos federais e estaduais 
(Artigo 102, I, a, da CF).
Podem ser objeto de ADI
Emendas constitucionais de reforma, emendas constitucionais de revisão, tratados internacionais 
equipados às emendas, leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos, resoluções, tratados internacionais não equiparados às emendas, decretos autônomos, 
regimentos internos dos tribunais, Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal.
Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC
A Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC foi criada pela Emenda Constitucional nº 3/1993, no intuito 
de se outorgar a certos legitimados (Artigo 103, I a IX, da CF), o poder de requerer ao STF o reconhecimento da 
constitucionalidade de uma norma federal, para encerrar, definitivamente, relevante controvérsia judicial sobre 
sua validade, haja vista que a decisão do STF nessa ação produzirá eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação 
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal.
Legitimação Ativa
Podem propor ADC os mesmos legitimados da ADI (Artigo 103, I ao IX, da CF).
Objeto
A ADC só se presta para a aferição da constitucionalidade de leis e atos normativos federais (Artigo 102, I, a, da 
CF).
Não se admite, em sede de ADC, a aferição da constitucionalidade de normas estaduais, distritais e municipais.
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF
Determina a Constituição Federal que a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) será 
apreciada pelo STF, na forma da lei (Artigo 102, § 1º).
A expressão “na forma da lei” demonstra tratar-se de uma norma constitucional de eficácia limitada, no caso, 
definidora de princípio institutivo, que foi regulamentada pela Lei nº 9.882/99.
Legitimação Ativa
Poderão impetrar a ADPF os mesmos legitimados para propositura da ADI (Artigo 103, I a IX, da CF).
Objeto
De acordo com o Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, será cabível a ADPF em três hipóteses distintas, a saber:
a) para evitar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (ADPF autônoma preventiva);
b) para reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (ADPF autônoma repressiva);
c) diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, 
incluídos os anteriores à Constituição Federal de 1988 (ADPF incidental).
Conceito de Preceito Fundamental
Apesar de não haver um delineamento objetivo do que sejam preceitos fundamentais, tarefa que cabe à 
Suprema Corte, a doutrina identifica como preceitos fundamentais na Constituição:
a) os princípios fundamentais do Título I (Artigos 1º ao 4º);
b) os direitos e garantias fundamentais (espalhados por todo o texto constitucional);
c) os princípios constitucionais sensíveis (Artigo 34, VII);
d) as cláusulas pétreas (Artigo 60, § 4º);
e) as limitações materiais implícitas.
58
Direito Constitucional
Modalidades de ADPF
Da leitura do Artigo 1º, da Lei nº 9.882/99, 
percebemos a existência de duas modalidades de ADPF:
a) arguição autônoma (com natureza de ação, 
que tem por fim evitar ou reparar lesão a preceito 
fundamental);
b) arguição incidental (que pressupõe a existência 
de uma ação original).
Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
Omissão – ADO
A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
– ADO é medida que tem por fim tornar efetivas, certas 
normas constitucionais, por meio do reconhecimento 
da inconstitucionalidade da omissão do legislador 
infraconstitucional quanto ao seu dever de regulamentar 
dispositivos constitucionais (Artigo 103, § 2º, da CF).
Nessas circunstâncias, um dos legitimados (Artigo 
103, I ao IX, da CF) poderá propor ADO perante o STF, 
para que reconheça a inconstitucionalidade da mora 
do órgão encarregado de regulamentar determinadas 
normas constitucionais.
A hipótese mais comum de inconstitucionalidade 
por omissão é a da não edição de ato legislativo 
necessário à plena eficácia da norma constitucional. Nada 
obsta, contudo, a possibilidade da própria Constituição 
exigir direta e imediatamente a tomada de medidas 
administrativas concretas necessárias à sua inteira 
efetividade, exigíveis independentemente da edição de 
leis, o que não impede a impetração da aludida ação em 
face da ausência do ato administrativo regulamentador.
Legitimação Ativa
Podem propor a ADO os mesmos legitimados à 
propositura da ADI (Artigo 103, I a IX, da CF).
Objeto
De igual forma à ADI, na ADO só poderão ser 
impugnadas omissões do legislador federal e estadual 
quanto ao seu dever constitucional de legislar, bem assim 
do Distrito Federal, desde que referente ao exercício de 
atribuição estadual.
As omissões de órgãos municipais não se sujeitam à 
impugnação por meio da ADO perante o STF.
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva
No Brasil, a regra é o exercício da plena autonomia 
de um ente federado. No entanto, a autonomia dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá ser 
temporariamente afastada, nas hipóteses excepcionais 
em que a Constituição Federal admite o processo de 
intervenção de um ente federativo sobre outro.
Atêm dificultado essas reformas indispensáveis para a retira do grilhão partidário.
Assuntos que deveriam ser tratados pela legislação ordinária foram colocados na Constituição, recebendo grau de 
hierarquia superior. Essa falta de bom senso acaba por burocratizar ou obstar mudanças necessárias. É o que ocorre, 
por exemplo, com a determinação, pela Constituição da inimputabilidade penal (art. 228).
A consequência da formalidade da Constituição é a seguinte: passa-se a identificar no ordenamento jurídico a 
hierarquia; os princípios e preceitos constitucionais se tornam objeto de análise ou paradigma do controle de cons-
titucionalidade; o processo de modificação das leis constitucionais é mais rígido que as leis infraconstitucionais; a 
Constituição passa a ter força normativa, podendo ser aplicada diretamente aos casos concretos; não existe hierarquia 
interna na Constituição; todas as leis e demais atos normativos e concreto devem reverência aos princípios e preceitos 
constitucionais; a estrutura do Estado, suas características devem ser nela determinadas.
O sentido material de Constituição que realmente se trata de conteúdo. Explico. Ante a sua função estruturante 
do Estado e de seus fins, determinados princípios e preceitos são indispensáveis, formam um núcleo essencial, esse 
núcleo essencial que denominamos de Constituição em sentido material. Nem todas regras essenciais de um Estado 
constam na Constituição Formal. Por isso que se diz que, materialmente, há normas constitucionais fora da Constitui-
ção. Todavia, para efeito de controle de constitucionalidade, tal ideia não pode ser levada em conta em sua integrali-
dade – somente se estivermos diante do denominado bloco de constitucionalidade.
Mesmo que sejam regras essenciais, mas se tiverem fora da Constituição Formal, não poderão ser paradigma para 
a análise de constitucionalidade das demais leis. No caso, o termo “material” possui sinonímia com o termo “substan-
cial”. Alguns doutrinadores fazem a diferente entre esses termos. Consideram que material seria a Constituição que 
efetivamente rege o Estado, ou seja, os fatores reais de poder. Substancial, todavia, seria o núcleo essencial, o que uma 
Constituição deveria ter por conteúdo para assim ser considerada.
Sentido Político e Sentido Sociológico
Nesta relação de Constituição Formal e Constituição Material, podemos seguir com o sentido político de Cons-
tituição. Essa concepção teve por precursor Carl Schmitt, que em seu livro Teoria da Constituição dispôs que o que 
existe como magnitude política é juridicamente considerada digno de existir. Vejamos que a declaração tem total 
5
Direito Constitucional
relação com a Constituição em sentido material, já que 
se refere às decisões políticas fundamentais, ou seja, as 
que determinam a estrutura de um Estado. Por isso que 
é possível distinguir em uma Constituição Formal quais 
estão inseridas em seu contexto que podem efetivamen-
te ser consideradas “leis constitucionais”, e quais outras 
possuem apenas esse status.
Sob o aspecto ou sentido sociológico, a maior refe-
rência foi Ferdinand Lassalle, um teórico socialista, polí-
tico e escritor alemão. Teceu o livro denominado “O que 
é uma Constituição? ”. Extrai-se de sua obra que a verda-
deira Constituição deriva dos fatores reais de poder: po-
líticos, econômicos, sociais, religiosos, etc. Dessa forma, 
a Constituição que não tiver relação com esses fatores 
será uma mera “folha de papel”.
Podermos extrair que a denominada “Classificação” 
dada às Constituições é vista conforme o ângulo es-
tudado pelos precursores. Não podemos dizer que há 
classificação equivocada ou mesmo inútil. Para a Teoria 
da Constituição, a Classificação Constitucional é assunto 
inerente ao seu objeto, por isso indispensável para quem 
se debruça nas fontes criadoras e motivos históricos, po-
líticos, formais, ideológicos e econômicos de criação de 
uma Constituição. Substancialmente as classificações 
têm nítido teor de desenvolvimento e sedimentação de 
ideias evolutivas.
A classificação ontológica de Constituição, por 
exemplo, se extrai da relação entre o poder e os di-
tames constitucionais, ou seja, da implicação existente 
entre eles. O precursor foi Karl Loewenstein, filósofo e 
cientista político alemão, nascido em Munique, em 09 de 
novembro de 1891, falecendo em 10 de julho de 1973. 
Ressaltemos, Karl Loewenstein foi um dos principais pre-
cursores do Constitucionalismo Moderno. A classificação 
de constituição por ele desenvolvida foi denominada 
ontológica justamente para relacionar a implicação en-
tre Constituição e o Poder Político. Como explicado, se 
fundamentava na verificação do uso que os detentores 
do poder faziam da Constituição Ontologia é o conhe-
cimento do ser. Aplicada tal nomenclatura à Teoria da 
Constituição, o intuito é verificar a verdadeira efetividade 
da Constituição, ou seja, o seu ser com regra geral fun-
damental e efetiva.
Assim, buscou-se por essa classificação, sua substan-
cialidade enquanto Constituição, a sua força normativa. 
Indispensável seria fazer uma análise pormenorizada da 
distancia, ou curto espaço de implicação entre o Poder e 
os ditames constitucionais. 
Tal classificação ao fazer tal distanciamento o fez em 
três tipos: 
a) Constituição Normativa. 
Normativo é aquilo que tem força de regra, ou 
seja, do que é efetivamente obedecido. Entende-se por 
Constituição Normativa aquela efetiva; ela determina o 
exercício do poder, obrigando todos a sua submissão. É 
aquela que efetivamente cumpre o seu papel, tendo uma 
implicação de encaixe entre o Poder Político e suas re-
gras. Assim, vincula todo o processo político do Estado, 
sendo respeitada, efetivamente, por todos os Poderes de 
Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário, além dos fato-
res reais que em tese comandariam os direcionamentos 
das políticas estatais. Resumindo: é a Constituição que é 
efetivamente aceita e aplicada, que normatiza o exercí-
cio do poder e obriga realmente a todos; 
b) Constituição Nominal ou Nominativa. 
Entende-se por Constituição Nominal aquela igno-
rada pela prática do poder. Lassale a chamava de “folha 
de papel”, que é ignorada pelos governantes, embora 
tente regular o poder, passa longe disso. Enfim, é aquela 
que, apesar de jurídica e formalmente existente, não é 
respeitada, não é efetiva – ocorre quando os poderes 
constituídos ignoram sua supremacia, não cumprindo 
seus preceitos; 
c) Constituição semântica.
É aquela que serve para justificar a dominação da-
queles que exercem o poder político. Ela sequer tenta 
regular o poder. Numa visão ontológica, constituição se-
mântica seria aquela utilizada pelos dirigentes do Estado 
para sua permanência no poder, havendo um desvirtua-
mento da finalidade constitucional: em vez de a Consti-
tuição limitar a ação dos Governantes em benefício dos 
indivíduos, seu verdadeiro fim, seria utilizada por estes 
para a manutenção do próprio poder.
Classificação quanto à forma
Apenas para robustecer o entendimento, faremos 
breve análise da classificação da Constituição quanto à 
forma. No que se refere à forma, a Constituição se clas-
sifica em:
a) Escrita (ou positiva), que é aquela codificada e 
sistematizada num texto único, escrito, elaborado por 
um órgão constituinte, encerrando todas as normas ti-
das como fundamentais sobre a estrutura do Estado, 
a organização dos poderes constituídos, seu modo de 
exercício e limites de atuação, e os direitos fundamentais 
(políticos, individuais, coletivos, econômicos e sociais).
b) Não escrita (ou costumeira, ou consuetudinária), 
que é aquela Constituição cujas normas não constam de 
um documento único e solene, mas se baseia principal-
mente nos costumes, na jurisprudência e em convenções 
e em textos constitucionais esparsos.
Classificação quanto à ideologia
Alguns autores adotaram a classificação conforme 
a ideologia, para identificar constituições que se alinha-
vam a uma ideologia socioeconômica específica, negan-
do outras influências, comorepresentação interventiva, também denominada 
de Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva 
(Artigo 36, III, da CF), é a ação destinada a aferir 
legitimidade ao processo de intervenção, que pode 
ocorrer em duas hipóteses constitucionais:
a) ofensa aos princípios constitucionais sensíveis 
(Artigo 34, VII, da CF);
b) recusa à execução de lei federal (Artigo 34, VI, da 
CF).
Nestas duas situações, a intervenção federal 
dependerá de provimento pelo Supremo Tribunal 
Federal de representação interventiva proposta pelo 
procurador-geral da República.
A Lei nº 12.562/2011, veio regulamentar o inciso 
III do Artigo 36 da CF, dispondo sobre o processo e 
julgamento da representação interventiva perante o 
Supremo Tribunal Federal.
Reclamação Constitucional
A fim de garantir a autoridade da decisão 
proferida pelo STF, em sede de controle concentrado 
de constitucionalidade, a Excelsa Corte admite o 
ajuizamento de reclamação, nos termos do Artigo 102, 
I, “l” , da CF (competência originária do STF), desde que 
o ato judicial que se alega tenha desrespeitado a decisão 
do STF não tenha sido transitado em julgado
Para se ter um exemplo da amplitude da perspectiva 
do instituto da reclamação, havendo efeito vinculante 
perante até mesmo a Administração Pública, temos 
sustentado a possibilidade de ajuizamento de 
Reclamação em face de ato de Prefeito que contraria 
decisão proferida pelo STF com caráter vinculante.
Nessa linha de ampliação do instituto da reclamação, 
destacamos o Artigo 103-A, § 3º, da CF (já disposto aqui 
anteriormente).
Natureza Jurídica do Instituto da Reclamação
Trata-se a reclamação de verdadeiro exercício 
constitucional de direito de petição aos Poderes 
Públicos em defesa de direito ou contra a ilegalidade 
ou abuso de poder (Artigo 5º, XXXIV, a, da CF).
Assim, a reclamação nada mais é do que um 
instrumento de caráter mandamental e natureza 
constitucional.8
QUESTÕES
01. (Prefeitura de São José do Rio Preto/SP – 
Auditor Fiscal Tributário Municipal – FCC/2019) 
Acerca do controle de constitucionalidade no direito 
brasileiro,
(A) compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe processar e julgar, originariamente a ação direta 
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal e a ação declaratória de 
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. 
(B) cabe aos Estados a instituição de representação 
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
exclusivamente estaduais em face da Constituição 
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a 
um único órgão.
(C) somente pelo voto de 2/3 de seus membros ou 
dos membros do respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do Poder Público. 
(D) não haverá violação da cláusula de reserva de 
plenário quando a decisão de órgão fracionário de 
Tribunal afastar a incidência de lei ou ato normativo do 
poder público, no todo ou em parte, desde que não 
declare expressamente a sua inconstitucionalidade. 
8 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucio-
nal e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora 
JusPODIVM. / DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e 
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier./www.tecnolegis.com/www.jus.
com.br/www.professorlfg.jusbrasil.com.br/www.tecnolegis.com/www.jus.com.
br/www.professorlfg.jusbrasil.com.br/http://webcache.googleusercontent.com/
search?q=cache:j3AAnRpJ4j8J:www.estrategiaconcursos.com.br/curso/main/
downloadPDF/%3Faula%3D188713+&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
59
Direito Constitucional
(E) as decisões definitivas de mérito, proferidas 
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de 
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos 
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à Administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
02. (TJ/MA – Oficial de Justiça – FCC/2019) No 
que concerne ao Controle de Constitucionalidade no 
direito brasileiro, 
(A) no sistema concentrado de controle se permite 
a todo e qualquer juiz ou tribunal o reconhecimento 
da inconstitucionalidade de uma norma e, 
consequentemente, a sua não aplicação ao caso concreto 
levado a seu conhecimento. 
(B) declarada a inconstitucionalidade por omissão 
de medida para tornar efetiva norma constitucional, será 
dada ciência ao Poder competente e à Administração 
Pública para fazê-lo em cento e oitenta dias. 
(C) quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a 
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato 
normativo, citará, previamente, o Procurador-Geral da 
República, que defenderá o ato ou texto impugnado. 
(D) o Defensor Público da União deverá ser 
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade 
e em todos os processos de competência do Supremo 
Tribunal Federal. 
(E) poderá propor a ação direta de 
inconstitucionalidade e a ação declaratória de 
constitucionalidade, dentre outros, o Conselho Federal 
da Ordem dos Advogados do Brasil.
03. (TRT/6R/PE – Analista Judiciário – 
FCC/2018) No que tange à disciplina do controle de 
constitucionalidade no Direito Brasileiro, 
(A) não é exigida a pertinência temática, como 
requisito de legitimação, para a propositura de ação 
direta de inconstitucionalidade, do Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil. 
(B) quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a 
inconstitucionalidade, em tese, de lei ou ato normativo, 
citará, previamente, o Procurador-Geral da República, que 
defenderá o ato ou texto impugnado. 
(C) o autor de uma ação direta de inconstitucionalidade 
poderá desistir de seu prosseguimento, desde que o faça 
até a intimação do Procurador-Geral da República. 
(D) o Ministro da Justiça pode ajuizar ação direta de 
inconstitucionalidade contra lei que autoriza a prática de 
eutanásia. 
(E) não há previsão legal de medida liminar na ação 
de descumprimento de preceito fundamental.
04. (FAPESP – Procurador – VUNESP/2018) A 
respeito das ações de controle de constitucionalidade 
no direito brasileiro, é correto afirmar que 
(A) a Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental pode ser utilizada para o controle 
preventivo de constitucionalidade e para normas 
anteriores à Constituição vigente.
(B) não cabe a Arguição de Descumprimento de 
Preceito Fundamental para desafiar veto de Prefeito 
contra projeto de lei municipal que entendeu ser 
inconstitucional. 
(C) não é cabível a Ação Direta de Inconstitucionalidade 
por Omissão quando houver lei disciplinando a matéria 
ainda que de forma insuficiente.
(D) da decisão que indeferir a petição inicial da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão não caberá 
recurso.
(E) na Ação Direta de Inconstitucionalidade o STF 
fica vinculado ao pedido inicial, não podendo proclamar 
a inconstitucionalidade por fundamento diverso do 
alegado.
05. (MPE/PR – Promotor – MPE/PR/2019) Sobre 
o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, 
é correto afirmar: 
(A) O Supremo Tribunal Federal admite o 
controle judicial do processo legislativo em nome 
do direito subjetivo do parlamentar de impedir que 
a elaboração dos atos normativos incida em desvios 
constitucionais, exercendo, então, controle preventivo 
de constitucionalidade. 
(B) O controle incidental é sempre de natureza 
concreta. 
(C) O controle principal é sempre de natureza 
abstrata. 
(D) Os órgãos legislativos de qualquer dos níveis 
de poder têm competência para anular ou declarar 
a nulidade de atos normativos por eles expedidos, 
atribuindo caráter retroativo à sua manifestação.
(E) O Superior Tribunal de Justiça, a exemplo dos 
demais órgãos jurisdicionais de qualquer instância, pode 
declarar incidentalmente a inconstitucionalidade de lei 
no julgamento de recurso especial, desde que a questãotenha sido suscitada e resolvida pela instância ordinária.
GABARITO
01.E / 02.E / 03.A / 04.B / 05.B
5. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS: HABEAS 
DATA, HABEAS CORPUS, MANDADO DE 
SEGURANÇA, AÇÃO POPULAR E MANDADO 
DE INJUNÇÃO.
As ações constitucionais, também conhecidas por 
remédios constitucionais, ou remédios jurídicos, 
são instrumentos previstos no ordenamento jurídico 
brasileiro que deveriam ser de conhecimento de todos 
os cidadãos do nosso país. Isso porque são mecanismos 
que garantem aos cidadãos os direitos fundamentais 
previstos na Constituição Federal quando o Estado não 
cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou 
abuso de poder.
Como será demonstrado no decorrer deste artigo, 
cada remédio constitucional tem suas especificidades, 
tais como legislação e ritos próprios.
Vale lembrar que a terminologia “remédios constitu-
cionais” é uma construção doutrinária e não legal, pois 
a legislação contempla cada remédio com nome especí-
fico. Dito isso, passaremos à análise de cada um desses 
remédios, que a saber são: habeas corpus; habeas data; 
mandado de segurança; mandado de injunção, ação 
popular e ação civil pública.
60
Direito Constitucional
HABEAS CORPUS
O habeas corpus — previsto na Constituição de 1988 
— trata-se de um dos remédios constitucionais, como 
são chamados instrumentos que visam a garantir algum 
direito fundamental do indivíduo.
Ele pode ser acionado sempre que alguém sofrer ou 
se sentir ameaçado de sofrer violência, ou coação em 
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abu-
so de poder. É o que diz o inciso LXVIII do artigo 5º da 
Constituição. Em outras palavras, o habeas corpus é uma 
forma de prevenir ou anular a prisão arbitrária, feita 
por motivos outros que não o estrito cumprimento da 
lei.
O Código de Processo Penal, entre os artigos 647 e 
o 667, estabelece praticamente tudo o que diz respeito a 
este remédio constitucional.
O habeas corpus tem origem na antiga common law 
inglesa, ainda no século XII. Hoje está presente nos or-
denamentos jurídicos de diversos países, como Estados 
Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, boa parte da 
Europa, Paquistão e Filipinas.
HABEAS CORPUS PREVENTIVO E L IBERATÓ-
RIO
O habeas corpus pode ter duas formas, concedido 
em duas situações distintas:
Habeas corpus preventivo: quando ainda existe 
apenas uma ameaça ao direito. Nesse caso, qualquer 
pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a 
seu direito de locomoção tem direito de fazer um pedido 
de habeas corpus. Essa pessoa é chamada de “paciente” 
no processo. O acusado de ferir seu direito é denomina-
do “coator”.
Habeas corpus liberatório: é o tipo mais comum, 
usado depois que o cidadão já teve sua liberdade res-
tringida, por exemplo, por prisão preventiva. Se o tribu-
nal ou juiz considerar que a prisão não tem justificativa, 
ou possui alguma ilegalidade, a pessoa é solta.
QUEM PODE PEDIR HABEAS CORPUS?
As leis brasileiras garantem que qualquer cidadão 
pode impetrar uma petição de habeas corpus. Para fa-
zer isso, basta elaborar o documento contendo o nome 
da pessoa que sofreu a coação ou ameaça, a espécie de 
constrangimento sofrida ou as razões pelas quais se sen-
te ameaçado e a assinatura (tudo isso está no Código de 
Processo Penal, Art. 654, § 1o).
É um direito tão amplamente garantido que até a 
presença de um advogado é dispensável (ainda que pos-
sa ser desejável). O Ministério Público também se encar-
rega de elaborar pedidos de habeas corpus em favor de 
cidadãos. A própria Constituição garante que as ações 
de habeas corpus são gratuitas.
E ainda tem mais: o habeas corpus não é um recurso 
que protege o cidadão apenas da prisão. Esse recurso 
pode ser usado em diversas outras situações. Confira 
quais no vídeo abaixo, produzido pela Advocacia-Geral 
da União (AGU):
QUEM JULGA HABEAS CORPUS?
A competência de julgar um habeas corpus é da au-
toridade judiciária hierarquicamente superior àque-
la que determinou a coação. No caso de Temer, por 
exemplo, quem determinou sua prisão — ou seja, o coa-
tor da ação — foi o Juiz Federal Marcelo Bretas. Superior 
a um Juiz Federal, na hierarquia do Poder Judiciário, está 
o Tribunal Regional Federal (TRF). Por isso o habeas cor-
pus do ex-presidente foi julgado por um TRF.
Quando o coator da ação for Tribunal Superior, por 
outro lado, compete julgar o habeas corpus o Supremo 
Tribunal Federal (STF). O STF também julga habeas cor-
pus de Presidente e Vice-presidente da República, Minis-
tros de Estado e membros do Congresso Nacional, por 
exemplo.
HABEAS DATA
O habeas data é uma ação que visa garantir o aces-
so de uma pessoa a informações sobre ela que façam 
parte de arquivos ou bancos de dados de entidades go-
vernamentais ou públicas. Também pode pedir a corre-
ção de dados incorretos.
O habeas data tem o seu fundamento legal no artigo 
5º da Constituição Federal e na Lei 9.507, de 12 de no-
vembro de 1997.
O habeas data é um remédio constitucional, previs-
to no artigo 5º, inciso LXXII, destinado a assegurar que 
um cidadão tenha acesso a dados e informações pes-
soais que estejam sob posse do Estado brasileiro, ou de 
entidades privadas que tenham informações de caráter 
público. Ou seja, é o direito de saber o que o governo 
sabe (ou afirma saber) sobre você. Ele também pode 
ser acionado para corrigir dados pessoais que estejam 
inexatos.
O habeas data surgiu no ordenamento jurídico bra-
sileiro com a Constituição de 1988. Foi inspirado pelas 
legislações de Portugal, Espanha e Estados Unidos, que 
desde os anos 1970 passaram a incluir o direito de cida-
dãos acessarem dados pessoais em bancos de entida-
des governamentais. Segundo Arnoldo Wald e Rodrigo 
Fonseca, a inclusão do habeas data na Constituição foi 
motivada por um fator político: o Sistema Nacional de 
Informações (SNI), banco de dados mantido pelo regime 
militar (1964-1985), reunia diversas informações sobre 
os cidadãos brasileiros. O remédio facilitou o acesso aos 
dados do SNI.
QUEM PODE IMPETRAR UMA AÇÃO DE 
HABEAS DATA?
É garantido a todo cidadão brasileiro o direito a 
requerer habeas data. A ação é gratuita, não são cobra-
das custas judiciais. Mas o cidadão precisa acionar um 
advogado. É importante perceber também que o impe-
trante pode apenas pedir acesso a seus próprios dados, 
e não de terceiros. Uma exceção a essa regra ocorre no 
caso de um cônjuge pedir a liberação de dados do par-
ceiro falecido.
Além disso, pessoas jurídicas também têm direito de 
ajuizar ações de habeas data.
EM QUE CONDIÇÕES ALGUÉM PODE PEDIR 
UM HABEAS DATA?
Segundo súmula do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), o habeas data só é cabível se antes disso o cidadão 
solicitar o acesso a dados pessoais a um órgão público e 
esse órgão se negar a disponibilizar os dados. Sem essa 
recusa prévia, o pedido de habeas data é negado.
Por conta disso, o cidadão precisa observar o rito 
estabelecido pela lei 9.507/97, que regula o habeas data. 
Antes de mais nada, a pessoa interessada deve apresen-
tar um pedido de acesso aos dados para o órgão públi-
61
Direito Constitucional
co, que por sua vez tem dois dias para analisar o pedido. 
Feita a análise, o cidadão é informado em 24 horas da 
decisão do órgão. Se recusado o requerimento, cabe o 
habeas data.
Em casos de inexatidão de dados, o interessado deve 
fazer uma petição com documentos que comprovem o 
problema. Apresentada a petição, o órgão tem 10 dias 
para corrigir os dados inexatos e comunicar a correção 
para o requerente.
COMO FUNCIONA UM PROCESSO DE 
HABEAS DATA?
Digamos que você tenha pedido seus dados pes-
soais a um órgão público e este se recusou a entregá-las. 
E agora, quais são os próximos passos?
A primeira coisa que você deve fazer é elaborar uma 
petição inicial, que precisa cumprir os requisitos míni-
mos (art. 319 do Código de Processo Civil), além de in-
cluir provas. Essa petição precisa ser entregue em duas 
vias ao tribunal. O órgão processado (chamado de coa-
tor) recebe uma dessas vias e tem 10 dias para prestaresclarecimentos.
Após esse prazo, o Ministério Público deve se ma-
nifestar em cinco dias e por fim, o juiz terá outros cin-
co dias para proferir a sentença. Se aceito o pedido de 
habeas data, o juiz marcará uma data para que o órgão 
coator disponibilize os dados ao cidadão.
E é assim que o habeas data garante, em questão de 
dias, o acesso aos dados solicitados.
MANDADO DE SEGURANÇA
Acima, aprendemos sobre o habeas corpus, cuja fun-
ção é garantir a liberdade de locomoção de um indivíduo 
preso ou ameaçado de ser preso por alguma autoridade, 
e o habeas data, que garante o acesso de informações 
para os indivíduos.
E o mandado de segurança? É simples: ele se destina 
a proteger o indivíduo de violação – ou ameaça de vio-
lação – de outros direitos que não sejam protegidos por 
habeas corpus ou habeas data. Está previsto no artigo 5º, 
inciso LXIX da Constituição.
Quais direitos seriam esses? A Constituição e a Lei 
12.016 (que regulamenta o mandado de segurança) não 
especificam: apenas dizem que o direito deve ser líquido 
e certo. Segundo juristas como Hely Lopes Meirelles e 
Maria Helena Diniz, para ser considerado líquido e certo, 
o direito precisa ser claramente determinado, sem con-
trovérsias e de forma que possa ser exercido imediata-
mente. Ou seja, se o direito está expresso na lei, é líquido 
e certo.
Pode ser:
Mandado de segurança preventivo: O mandado 
de segurança preventivo é aquele pedido com fins de 
evitar uma ilegalidade. Para garantir que o direito se 
cumpra, o indivíduo entra com o mandado.
Mandado de segurança repressivo: no caso de o 
ato ilegal já ter sido cometido pela autoridade pública, 
entra-se com a ação de mandado de segurança repressi-
vo, para reprimir a injustiça cometida.
QUEM PODE IMPETRAR UM MANDADO DE 
SEGURANÇA?
Assim como todos os remédios constitucionais, o 
mandado de segurança pode ser acionado por qualquer 
cidadão que acredite que algum direito seu foi violado, 
ou que tenha motivos razoáveis para acreditar que seus 
direitos serão violados. Por outro lado, não é uma ação 
gratuita, tal como o habeas corpus e o habeas data. Além 
disso, o cidadão precisa acionar um advogado. Pessoas 
jurídicas também têm direito ao mandado de segurança.
Outro detalhe do mandado de segurança é que ele 
pode ser acionado para proteger direitos individuais 
e coletivos. Por isso, é possível que um grupo de pes-
soas entre com mandado de segurança para proteger 
um direito comum a todos eles que esteja sendo violado 
por uma autoridade pública – é o mandado de segu-
rança coletivo. São exemplos de grupos autorizados a 
impetrar um mandado de segurança coletivo: partidos 
políticos; organizações sindicais; entidades de classe; e 
associações em funcionamento há mais de um ano.
QUAIS AUTORIDADES ESTÃO SUJE ITAS A 
UM MANDADO DE SEGURANÇA?
Para mandados de segurança, o conceito de autori-
dade pública inclui não apenas os dirigentes de órgãos 
públicos, mas também os representantes de partidos 
políticos, administradores de autarquias e dirigentes de 
pessoas jurídicas que exerçam alguma função pública. 
Todos eles podem ser coatores (processados) em um 
mandado de segurança.
Também é importante notar que, de acordo com 
Hely Lopes Meirelles, não é qualquer agente público que 
pode sofrer o mandado de segurança: é um instrumento 
voltado apenas àqueles com poder de fazer e desfazer 
atos dentro da administração pública (por isso o termo 
“autoridade”).
COMO É O PROCESSO DE UM MANDADO DE 
SEGURANÇA?
Caso esteja interessado em criar um mandado de 
segurança, é essencial saber de alguns detalhes impor-
tantes. Primeiro: suponhamos que você soube hoje de 
um ato de uma autoridade pública que viola um direito 
líquido e certo seu. A partir de hoje, você terá 120 dias 
(cerca de quatro meses) para apresentar o mandado. De-
pois disso, o direito a esse remédio é extinto.
Segundo: é preciso que o impetrante (o cidadão que 
cria o mandado de segurança) inclua na petição inicial 
a demonstração de que o direito é realmente líquido e 
certo. Ou seja, devem ser apresentados documentos que 
demonstrem que a pessoa está tendo um direito violado.
Um exemplo: se uma pessoa com deficiência é des-
classificada de um concurso público porque a perícia 
afirma que ela não possui uma deficiência que lhe ga-
rante o direito de concorrer a uma vaga de deficiente, é 
preciso apresentar no mandado de segurança os docu-
mentos que atestem que essa deficiência de fato existe.
Apresentado o mandado, o juiz notifica a autoridade 
coatora e o órgão em que ela trabalha, em um prazo de 
10 dias. Nesse momento, se houver motivos razoáveis, 
o juiz pode conceder uma decisão liminar suspendendo 
o ato investigado. Os efeitos da liminar duram até o juiz 
proferir a sentença.
Depois disso, o Ministério Público é chamado a se 
manifestar, novamente dentro de 10 dias. Finalmente, o 
juiz tem 30 dias para proferir a sentença. Esses prazos 
estão previstos na Lei 12.016.
MANDADO DE INJUNÇÃO
O mandado de injunção busca a regulamentação 
de uma norma da Constituição, quando os poderes 
competentes não o fizeram. O pedido é feito para ga-
rantir o direito de alguém prejudicado pela omissão do 
poder público.
62
Direito Constitucional
Como explica Herzeleide de Oliveira, a criação deste 
remédio constitucional foi uma tentativa de solucionar 
um problema de ordem prática. Antes de 1988, diversas 
normas constitucionais relacionadas à garantia de direi-
tos sociais não tinham nenhuma efetividade. Apesar de 
assegurados com todas as letras em nossas cartas mag-
nas, tais direitos não eram de fato implementados – e 
assim se tornavam letra morta. Em geral, essas normas 
se caracterizavam por ser genéricas – “programáticas“, 
no linguajar jurídico. Um exemplo desse tipo de norma 
é o inciso XX do art. 7º da Constituição que garante a 
“proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante 
incentivos específicos, nos termos da lei”.
Diante dessa realidade, e constatando-se que não 
existiam meios disponíveis para os cidadãos de exigir al-
guma ação efetiva do Estado nessas questões, os cons-
tituintes de 1988 inovaram e instituíram o mandado de 
injunção, inspirado em instrumentos de outros países, 
como o “juicio de amparo“, do México, e os “injunctions” 
ingleses. Esse remédio, portanto, procura garantir a efe-
tividade de normas programáticas – e que o Estado não 
se omita em relação a elas.
Na prática, o Supremo Tribunal Federal concede o 
mandado de injunção quando a pessoa ou grupo recla-
mante exige a regulamentação de direitos constitucio-
nais ainda não tratados em leis ordinárias, como o direi-
to de greve dos servidores públicos.
A regulamentação do mandado de injunção foi feita 
apenas em 2016, com a sanção da lei 13.300, que escla-
rece questões como o alcance e a duração dos efeitos 
do remédio.
QUAL O EFEITO PRÁTICO DE UM MANDADO 
DE INJUNÇÃO?
Até 2007, o STF se limitava a declarar a omissão do 
Poder Legislativo em regulamentar certa norma relacio-
nada a um direito garantido na Constituição. Ou seja, na 
prática não mudava muita coisa. Isso passou a mudar 
naquele ano, quando os ministros passaram a adotar o 
entendimento de que eles próprios deveriam dar algu-
ma resposta ao caso concreto, passando a conceder à 
pessoa ou grupo reclamante as condições sob as quais 
elas poderiam finalmente exercer o direito – sem preci-
sar esperar por tempo indeterminado por uma ação do 
Poder Legislativo.
Retomando o exemplo do direito de greve dos servi-
dores: até 2007, não havia nenhuma lei que regulamen-
tasse as condições para que os servidores pudessem 
fazer greve. Por isso, vários sindicatos de servidores en-
traram com mandado de injunção ao longo do tempo. A 
resposta do Supremo foi, além de declarar a omissão do 
Congresso Nacional, aplicar as mesmas regras da greve 
do setor privado ao setor público.
A lei 13.300/2016 limita os efeitos do mandado ape-
nas aos seus autores (os chamados impetrantes) e com 
duração apenas até o momento em que for sancionada 
uma norma queregulamente o termo. Mas os efeitos do 
mandado podem ser mais abrangentes se isso for “ine-
rente ou indispensável ao exercício do direito”, segundo 
a lei.
Para deixar ainda mais claro: o tribunal que recebe o 
mandado, constatando que a lei de fato tem uma lacuna 
em relação a determinado direito, concede uma garantia 
à pessoa que entrou com o mandado de injunção, que 
valerá – via de regra – apenas para ela e que deixará de 
existir quando o Poder Legislativo finalmente criar a lei 
que regulamenta o direito em questão.
MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E 
COLETIVO
Assim como o mandado de segurança, o mandado 
de injunção pode ser individual ou coletivo. O manda-
do individual é feito por qualquer cidadão ou pessoa ju-
rídica. Já o coletivo compete a alguns órgãos e entidades 
públicos: Ministério Público, partidos políticos, organiza-
ções sindicais e a Defensoria Pública.
O mandado de injunção, ao contrário de outros re-
médios, não é gratuito e também precisa da assistência 
de advogado.
AÇÃO POPULAR
A ação popular permite ao cidadão recorrer à Justiça 
na defesa da coletividade para prevenir ou reformar atos 
lesivos cometidos por agentes públicos ou a eles equi-
parados por lei ou delegação. Há também a possibilida-
de de uma ação popular ser aberta quando a adminis-
tração pública for omissa em relação a atos que deveria 
praticar.
Todos os eleitores brasileiros, incluindo os menores 
de 18 anos, têm legitimidade para propor uma ação des-
se tipo. Há, no entanto, a necessidade de se demonstrar 
a lesividade ou ameaça ao direito provocada pelo ato da 
administração pública ou pela omissão desta.
Esse instrumento processual é regido pela Lei 4.717, 
de 29 de junho de 1965, com aplicação do Código de 
Processo Civil, somente naquilo que não contrarie as dis-
posições da referida lei. A ação pode ser proposta para 
resguardar a moralidade administrativa, o meio ambien-
te e o patrimônio público, histórico e cultural. Cabe uma 
ação popular, por exemplo, quando é considerado abu-
sivo o reajuste sobre o salário de vereadores de determi-
nada câmara municipal.
O QUE É A AÇÃO POPUL AR?
O inciso LXXIII do artigo 5º da Constituição descreve 
a ação popular como instrumento destinado à anulação 
de atos lesivos ao patrimônio público, à moralidade ad-
ministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histó-
rico e cultural. Ou seja, os cidadãos brasileiros podem 
propor uma ação popular sempre que considerarem que 
uma ação do poder público foi prejudicial a algum des-
ses itens. O remédio é regulamentado pela Lei 4.717, de 
1965.
Segundo doutrinadores como Hely Lopes Meirelles 
e Alexandre de Moraes, a ação popular visa proteger di-
reitos difusos, coletivos. Por isso, o maior beneficiário de 
uma ação popular não é a pessoa que a criou, e sim a 
população em geral.
Ao contrário de ações como o habeas data e o 
mandado de injunção, que foram criados apenas na 
Constituição de 1988, a ação popular está presente no 
ordenamento jurídico brasileiro há muito tempo, mais 
precisamente desde 1824, quando foi criada a primeira 
constituição brasileira.
AÇÃO POPUL AR PREVENTIVA
Apesar de que a lei se refere à ação popular como 
um remédio a ser usado para anular atos já tomados, 
é possível usar esse instrumento de forma preventiva, 
evitando que o ato lesivo se concretize. Isso é possível 
no caso de ameaça de dano ao patrimônio cultural. Por 
exemplo: se algum órgão público determina que um 
prédio histórico tombado deve ser demolido, um cida-
dão pode entrar com uma ação popular pedindo a sus-
pensão desse ato, evitando que a demolição aconteça.
63
Direito Constitucional
QUEM PODE PROPOR UMA AÇÃO POPU-
L AR?
A Constituição garante que qualquer cidadão pode 
ser parte de uma ação popular. Isso inclui todos os elei-
tores, até mesmo os que possuem 16 ou 17 anos de ida-
de. Além disso, é uma ação gratuita: o reclamante não 
precisa pagar custas judiciais, a não ser que seja com-
provado que agiu de má fé. Também não precisa pagar 
os chamados honorários de sucumbência – a obrigação 
da parte vencida do processo em pagar os honorários do 
advogado da parte vencedora.
Por outro lado, é obrigatória a contratação de um 
advogado, o que, na avaliação de Jeferson Marin e Ailor 
Brandelli, torna-se um obstáculo para que mais ações 
populares sejam feitas.
QUEM DEVE JULGAR A AÇÃO POPUL AR?
Segundo a lei, a ação popular deve ser julgada 
pelo juiz de primeiro grau do estado onde foi feito o 
ato questionado. O Supremo Tribunal Federal (STF), que 
julga outros remédios, tem competência originária ape-
nas sobre ações populares cujas decisões possam causar 
conflitos entre os entes da federação brasileira (estados, 
municípios, Distrito Federal e União).
Se o juiz aceita uma ação popular, o ato que foi ob-
jeto da ação é invalidado e a instituição responsável por 
ele é condenada a pagar uma indenização. Se for com-
provado que um ou mais funcionários públicos tiveram 
dolo ou culpa no ato, o Estado entra com uma ação de 
regresso para cobrar desses funcionários o pagamento 
da indenização.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Regida pela Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, a Ação 
Civil Pública pode ser proposta pelo Ministério Público, 
pela Defensoria Pública, pela União, estados, municípios, 
autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de 
economia mista e associações interessadas, desde que 
constituídas há pelo menos um ano.
Conforme a lei, a ação civil pública, da mesma for-
ma que a ação popular, busca proteger os interesses 
da coletividade. Um dos diferenciais é que nela podem 
figurar como réus não apenas a administração pública, 
mas qualquer pessoa física ou jurídica que cause da-
nos ao meio ambiente, aos consumidores em geral e a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turís-
tico e paisagístico.
Cabe uma ação pública, por exemplo, quando uma 
comunidade é atingida pelo rompimento de uma barra-
gem. Nesse caso, os responsáveis podem ser condena-
dos a reparar financeiramente os danos morais e mate-
riais da coletividade atingida. Esse tipo de ação também 
pode ser movido com o objetivo de obrigar o réu a cor-
rigir o ato praticado ou, no caso de omissão, a tomar 
determinada providência.
A ação civil pública também é regida pelo Código 
de Processo Civil, mas somente naquilo que não contra-
rie a Lei 7.347/1985. Em regra, esse instrumento proces-
sual deve ser proposto no primeiro grau de jurisdição da 
Justiça Estadual ou Federal. Após a sentença, as partes 
poderão apresentar recursos ao segundo grau de juris-
dição.9
9 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional 
e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora JusPO-
DIVM./www.politize.com.br
QUESTÕES
01. (CGE/RN – Analista Contábil – IBFC/2019) No 
que se refere aos “remédios constitucionais”, assinale a 
alternativa incorreta:
(A) conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade 
ou abuso de poder
(B) qualquer pessoa é parte legítima para propor 
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural 
(C) o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus 
membros ou associados 
(D) conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania
02. (Prefeitura de Ji-Paraná/RO – Enfermeiro – 
IBADE/2018) No que tange aos remédios constitucionais, 
assinale a assertiva correta.
(A) Qualquer cidadão é parte legítima para propor 
mandado de segurança que vise a anularato lesivo ao 
patrimônio público, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
(B) Conceder-se-á mandado de injunção sempre 
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania.
(C) Conceder-se-á habeas corpus para proteger 
direito líquido e certo, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública.
(D) Conceder-se-á mandado de segurança para a 
retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por 
processo sigiloso, judicial ou administrativo.
(E) Conceder-se-á habeas data sempre que alguém 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade 
ou abuso de poder.
03. (UNIFAI – Procurador – VUNESP/2019) 
As ações constitucionais, também conhecidas por 
construção doutrinária como remédios constitucionais, 
fazem parte do grupo das garantias constitucionais e 
são:
(A) o mandado de segurança, o mandado de 
injunção, o habeas data, o habeas corpus, a ação civil 
pública e a ação declaratória de inconstitucionalidade 
por omissão.
(B) o mandado de segurança, o habeas data, a ação 
popular, o habeas corpus, a ação civil pública e a ação 
direta de inconstitucionalidade interventiva. 
(C) o mandado de segurança, o mandado de injunção, 
a ação popular, o habeas corpus, a ação civil pública e a 
ação direta de inconstitucionalidade interventiva.
64
Direito Constitucional
(D) o mandado de segurança, o mandado de injunção, o habeas data, a ação popular, o habeas corpus e a ação 
civil pública.
(E) o mandado de segurança, o mandado de injunção, o habeas data, a ação popular, o habeas corpus e a arguição 
de descumprimento de preceito fundamental.
04. (Prefeitura de Ita/SC- Fiscal de Tributos – AMAUC/2019) Sobre Direitos e Garantias Constitucionais, assinale 
a alternativa incorreta:
(A) É garantido o direito a herança.
(B) A propriedade atenderá a sua função social.
(C) A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito.
(D) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
(E) São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
05. (Câmara de Aparecida D’ Oeste/SP – Procurador – JBO/2019) Os princípios constitucionais do Processo 
Civil dividem-se em algumas garantias, podemos definir a garantia de celebridade:
(A) inafastabilidade da jurisdição;
(B) duração razoável do processo;
(C) publicidade dos atos processuais;
(D) coisa julgada.
GABARITO
01.B / 02.B / 03.D / 04.E / 05.B
6. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO. ESTADO FEDERAL BRASILEIRO, 
UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, MUNICÍPIOS E TERRITÓRIOS.
Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federação
A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do poder político em função do território do Estado. 
Verifica-se no caso concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes autônomos, podendo ser 
criados, a partir dessa lógica, um modelo de Estado unitário ou um Estado Federado.
Estado Unitário
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um único centro com capacidade legislativa, 
administrativa e judiciária, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se concentram todas as 
competências constitucionais (exemplos: Uruguai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclamação da 
República, com a Constituição de 1891).
O Estado Unitário pode ser classificado em:
a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo 
e um Poder Judiciário, exercido de forma central;
b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a formação de entes regionais com autonomia para 
exercer questões administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se concede a autonomia legislativa que 
continua pertencendo exclusivamente ao poder central.
Estado Federativo – Federação
Também chamados de federados, complexos ou compostos, são aqueles em que as capacidades judiciária, 
legislativa e administrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que passam a gozar de autonomias 
próprias (e não soberanias).
Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delegação voluntária, como ocorre nos Estados unitários 
descentralizados, mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada de competências por ato voluntário 
do poder central.
O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
Formas de Estado
Unitário
Único centro de onde emana o poder estatal
Puro Descentralizado
65
Direito Constitucional
Não há delegação de 
competências
Há delegação de competências
Federado
O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a entes 
regionais autônomos
Confederação
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados soberanos, que se unem por meio de um tratado internacional. 
Aqui, percebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilidade do pacto internacional pelos Estados 
soberanos que o integram, a partir de um juízo interno de conveniência.
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e uma Confederação:
Federação Confederação
Formada por uma Constituição Formada por um trato internacional
Os entes regionais gozam de 
autonomia
Os Estados que o integram mantêm 
sua soberania
Indissolubilidade do pacto 
federativo Dissolubilidade do pacto internacional
O Federalismo Brasileiro
Nas palavras de Marcus Vasconcellos (2011), o sistema federativo brasileiro apresenta as seguintes características:
- Indissolubilidade do pacto federativo: não se admite o direito de secessão, ou seja, uma unidade federada não 
pode ser desligada das demais formando um Estado independente.
- Representação senatorial: o Senado é órgão de representação do Estado na formação da vontade geral da 
União.
- Existência de guardião constitucional: o Supremo Tribunal Federal (STF) tem a missão de impor o respeito à 
Constituição Federal. A última palavra sobre a constitucionalidade, ou não, de determinado ato é do STF.
- Não intervenção: a regra geral é que um ente federal não pode intervir em outro. Por intervenção entenda-se 
afastar temporariamente a autonomia de um ente federado. A intervenção federal (União intervir nos estados ou no 
Distrito Federal) ou intervenção estadual (estado intervir no município ou União intervir em município localizado em 
território) é uma medida extrema. As hipóteses de intervenção estão previstas nos artigos 34 e 36 da CF.
- Capacidade de auto-organização dos entes federados por meio de constituição estadual e lei orgânica 
municipal ou distrital.
- Rigidez constitucional.
- Repartição constitucional de rendas e competências.
Os estados-membros são autônomos porque gozam da autonomia constitucional, legislativa, financeira e admi-
nistrativa.
Mas dependem do estatuto global, enquanto que o Estado Federal é soberano, porque seu estatuto não depende 
de poder mais elevado algum.
Na concepção de Fábio Tavares Sobreira (2014), no Estado Federal existe uma repartição constitucional de compe-
tências, e mais de um centro dotado de capacidade política:
O Estado Federal pressupõe duas ordens jurídicas: a ordem central, deferida à União, e as ordens parciais autôno-
mas, ou seja, os Estados-membros.
O federalismo brasileiro, no entanto, traz uma característica diferente, pois encampa a ideia do Município (posição 
majoritária atual, no sentido de ser o Município ente federado), além de o Distrito Federal também ser um ente autô-
nomo da Federação.
Fábio Tavares Sobreira
Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF:
TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 1º Brasíliaé a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de 
origem serão reguladas em lei complementar.
66
Direito Constitucional
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, 
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem 
a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população diretamente 
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, 
por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o 
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, 
dentro do período determinado por Lei Complementar 
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante 
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, 
após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, 
apresentados e publicados na forma da lei.
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização 
político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos (não soberanos). Trata-se 
de norma que reflete a forma federativa de Estado.
Ser ente autônomo dentro de um federalismo 
significa a possibilidade de implementar uma gestão 
particularizada, mas sempre respeitando os limites 
impostos pelos princípios e regras do Estado federal. 
Daí, têm-se os seguintes elementos:
→ Auto-organização: permite aos Estados-
membros criarem as Constituições Estaduais (Artigo 25 
da CF) e aos Municípios firmarem suas Leis Orgânicas 
(Artigo 29 da CF);
→ Auto legislação: os entes da federação podem 
estabelecer normas gerais e abstratas próprias, a 
exemplos das leis estaduais e municipais (Artigos 22 e 
24 da CF);
→ Auto governo: os Estados membros terão seus 
Governadores e Deputados estaduais, enquanto os 
Municípios possuirão Prefeitos e Vereadores, nos termos 
dos Artigos 27 a 29 da CF;
→ Auto administração: os membros da federação 
podem prestar e manter serviços próprios, atendendo 
às competências administrativas da CF, notadamente de 
seu Artigo 23.
Vedação aos Entes Federados
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a 
autonomia dos entes da federação não é limitada, e 
sofre as seguintes vedações:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência ou 
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências 
entre si.
Repartição de Competências Constitucionais
A Repartição de competências é a técnica de 
distribuição de competências administrativas, legislativas 
e tributárias aos entes federativos para que não haja 
conflitos de atribuições dentro do território nacional.
Competência é a capacidade para emitir decisões 
dentro de um campo específico.
A Constituição trabalha com três naturezas de 
competência, a administrativa, legislativa e a tributária.
→ Competência administrativa ou material: 
refere-se à execução de alguma atividade estatal, ou 
seja, é a capacidade para atuar concretamente sobre a 
matéria;
→ Competência legislativa: atribui iniciativa 
para legislar sobre determinada matéria, ou seja, é a 
capacidade para estabelecer normas gerais e abstratas 
sobre determinado campo;
→ Competência tributária: refere-se ao poder de 
instituir tributos.
Técnica da Repartição de Competência
Trata-se da predominância do interesse, segundo a 
qual, à União caberão as matérias de interesse nacional 
(Artigos 21 e 22 da CF), aos Estados-membros, o interesse 
regional, e aos municípios, as questões de predominante 
interesse local (Artigo 30 da CF).
Para tanto, a Constituição enumerou expressamente 
as competências da União e dos municípios, resguardando 
aos Estados-membros a chamada competência residual, 
remanescente, não enumerada ou não expressa (Artigo 
25, §1º da CF).
Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição 
atribuiu as competências previstas para os estados e os 
municípios, denominada de competência cumulativa 
(Artigo 32, § 1º da CF).
Organização do Estado – União
A União Federal é pessoa jurídica de direito público, 
com capacidade política. 
Possui capacidade de auto-organização (Constituição 
Federal), autogoverno, auto legislação (Artigo 22 da CF) 
e autoadministração (Artigo 20 da CF).
Diante do cenário externo, a União exerce a sobera-
nia do Estado brasileiro. Já, internamente, a União atua 
como uma das pessoas jurídicas de direito público que 
compõem a Federação.
A sua organização encontra-se disciplinada na Cons-
tituição Federal, tendo como principais vetores os se-
guintes elementos:
- Poder Legislativo (arts. 44 a 75) – formado pelo 
Congresso Nacional, que é integrado pela Câmara dos 
Deputados (513 Deputados Federais) e pelo Senado 
Federal (81 Senadores).
- Poder Executivo (arts. 76 a 91) – integrado pelo 
Presidente e Vice-Presidente da República.
- Poder Judiciário (arts. 101 a 124).
- Bens da União (art. 20).
- Impostos da União (art. 153).
Para Marcus Vasconcellos (2011), a União é uma en-
tidade que integra o Estado brasileiro, isto é, a República 
Federativa do Brasil.
É a unidade política central do Estado Federal, for-
mada pela reunião de estados, Distrito Federal e municí-
pios, por meio de um pacto federativo indissolúvel.
O autor nos lembra que a União atua no âmbito 
interno em nome próprio (por exemplo: quando reali-
za uma obra pública) ou em nome da Federação (por 
exemplo: quando intervém em um estado federado).
67
Direito Constitucional
No plano externo, a União sempre agirá em nome 
do Estado Federal, ou seja, da República Federativa do 
Brasil.
Quanto às competências privativas, comuns e/ou 
concorrentes da União, recomenda-se a leitura dos arts 
22, 23 e 24.
Outro ponto a destacar, é o disposto no Art. 20 - § 
1º, conforme redação dada pela EC 102/2019, que asse-
gura à União, compensação financeira por exploração de 
petróleo, gás natural, recursos hídricos ou minerais em 
respectivo território, plataforma continental, mar territo-
rial ou zona econômica exclusiva. 
A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 
24. Vejamos:
CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe 
vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das 
fronteiras, das fortificações e construções militares, das 
vias federais de comunicação e à preservação ambiental, 
definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água 
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de 
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se 
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem 
como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com 
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e 
as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede 
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço 
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no 
art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e 
da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios 
arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a participação 
no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de 
recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica 
e de outros recursos minerais no respectivo território, 
plataforma continental, mar territorial ou zona econômica 
exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. 
(Redação dada pela EmendaConstitucional nº 102, de 
2019)
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros 
de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada 
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para 
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização 
serão reguladas em lei.
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e 
participar de organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, 
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional 
ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a 
intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de 
material bélico;
VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País 
e fiscalizar as operações de natureza financeira, 
especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem 
como as de seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de 
ordenação do território e de desenvolvimento econômico 
e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, 
nos termos da lei, que disporá sobre a organização 
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros 
aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, 
concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e 
imagens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e 
o aproveitamento energético dos cursos de água, em 
articulação com os Estados onde se situam os potenciais 
hidro energéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura 
aeroportuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário 
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que 
transponham os limites de Estado ou Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e 
internacional de passageiros;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a 
Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia 
penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do 
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira 
ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, 
por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 104, de 2019)
XV - organizar e manter os serviços oficiais de 
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito 
nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de 
diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente 
contra as calamidades públicas, especialmente as secas e 
as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de 
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos 
de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento 
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema 
nacional de viação;
68
Direito Constitucional
XXII - executar os serviços de polícia marítima, 
aeroportuária e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de 
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a 
pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus 
derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional 
somente será admitida para fins pacíficos e mediante 
aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a 
comercialização e a utilização de radioisótopos para 
pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 118, de 2022)
c) sob regime de permissão, são autorizadas a 
produção, a comercialização e a utilização de radioisótopos 
para pesquisa e uso médicos; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 118, de 2022)
d) a responsabilidade civil por danos nucleares 
independe da existência de culpa;
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do 
trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para 
o exercício da atividade de garimpagem, em forma 
associativa.
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento 
de dados pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente 
perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e 
radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e 
garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência 
de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, 
marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e 
metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e 
expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e 
condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do 
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública 
dos Territórios, bem como organização administrativa 
destes;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de 
geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da 
poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material 
bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e 
pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros 
militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
103, de 2019)
XXII - competência da polícia federal e das polícias 
rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em 
todas as modalidades, para as administrações públicas 
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no 
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de 
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa 
marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar 
os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e 
das instituições democráticas e conservar o patrimônio 
público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção 
e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens 
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as 
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização 
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, 
artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à 
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; 
VI - proteger o meio ambiente e combater apoluição 
em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar 
o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e 
a melhoria das condições habitacionais e de saneamento 
básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de 
marginalização, promovendo a integração social dos 
setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões 
de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e 
minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação 
para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas 
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito 
Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, 
econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
69
Direito Constitucional
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da 
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção 
do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, 
artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, 
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, 
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; 
X - criação, funcionamento e processo do juizado de 
pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas 
portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das 
polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas 
gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º A competência da União para legislar sobre 
normas gerais não exclui a competência suplementar dos 
Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os 
Estados exercerão a competência legislativa plena, para 
atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 
2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas 
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for 
contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
Organização do Estado – Estados
Os Estados federados são entes federativos e, por-
tanto, dotados de autonomia, com personalidade jurídi-
ca de direito público, que se caracteriza pelos seguintes 
aspectos:
- Capacidade de auto-organização - (Artigo 25 da CF)
Existência de constituições estaduais elaboradas 
pelos próprios estados federados, as quais devem obe-
decer às normas e princípios previstos na Constituição 
Federal.
- Capacidade de autogoverno - (Artigos 27 e 28 da 
CF)
Os estados elegem os próprios governantes que não 
se subordinam à União Federal. A eleição para governa-
dor segue o mesmo sistema das eleições presidenciais.
O Poder Legislativo é unicameral, representado pela 
Assembleia Legislativa, cujos representantes são eleitos 
pelo sistema proporcional.
- Capacidade de autoadministração - (Artigo 26 da 
CF)
Confere aos estados a prerrogativa para gerir os 
próprios órgãos e serviços públicos, sem interferência da 
ordem central. Por exemplo: lei federal não pode criar 
cargos nas fazendas estaduais.
- Capacidade legislativa - (Artigo 25 e parágrafos da 
CF).
Possibilidade de elaborar as próprias leis.
Os Estados federados estão disciplinados nos arti-
gos 25 a 28 da CF. Conforme explicitado acima, possuem 
autonomia política e administrativa e, ainda, têm ca-
pacidade de se auto organizar por meio de seu poder 
constituinte derivado decorrente.
Conforme Fábio Tavares Sobreira (2014), os princi-
pais integrantes são:
- O Poder Legislativo (art. 27), que é formado pela 
Assembleia Legislativa, composta por Deputados 
Estaduais em número calculado com base no sistema de 
proporcionalidade (art. 27, caput).
- O Poder Executivo (art. 28) integrado por 
Governador e Vice-Governador.
- O Poder Judiciário (arts. 125 e 126).
- Os bens estaduais (art. 26).
- Impostos dos Estados (art. 155).
Por fim, conforme o artigo 18, § 3º da CF:
Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-
-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou 
formarem novos Estados ou Territórios Federais, me-
diante aprovação da população diretamente interessada, 
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei 
complementar.
CF/88
Atenção: alterações recentes regem novas datas 
para realização de eleições (1° e 2° turno), assim como o 
dia de posse. (Vide art. 28 abaixo)
Os dispositivos constitucionais referentes ao tema 
vão dos Artigos 25 a 28:
CAPÍTULO III
DOS ESTADOS FEDERADOS
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas 
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios 
desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que 
não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou 
mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, 
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória 
para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, 
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas 
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de 
municípios limítrofes, para integrar a organização, 
o planejamento e a execução de funções públicas de 
interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, 
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na 
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que 
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio 
da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à 
União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as 
da União.
70
Direito Constitucional
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia 
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do 
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número 
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os 
Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados 
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição 
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, 
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos 
e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será 
fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na 
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele 
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, 
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 
153, III, e 153, § 2º, I.
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre 
seu regimento interno, polícia e serviços administrativos 
de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo 
legislativo estadual.
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador 
de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á 
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no 
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, 
do ano anterior ao do término do mandato de seus 
antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano 
subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto no 
art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 111, de 2021)
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir 
outro cargo ou função na administração pública direta 
ou indireta, ressalvada a posseem virtude de concurso 
público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e 
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa 
da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os 
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Organização do Estado – Municípios
Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de 
que são entes federativos, uma vez que os artigos 1º e 
18 da CF, são expressos ao elencar a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios como integrantes da 
Federação brasileira.
Como pessoa política também dotada de autonomia, 
possuem auto-organização (Artigo 29 da CF), auto 
legislação (Artigo 30 da CF), autogoverno (Incisos do 
Artigo 29 da CF) e autoadministração (Artigo 30 da CF).
Os Municípios se organizam por meio da Lei Orgâ-
nica Municipal. A estrutura dos municípios é a seguinte:
- Poder Legislativo (arts. 29 a 31), sendo exercido 
pela Câmara Municipal, com número de Vereadores 
proporcional à população do Município, observados o 
mínimo de 9 e o máximo de 55, segundo o artigo 29, IV, 
da CF.
- Poder Executivo (arts. 29 a 31), exercido pelo 
Prefeito e Vice-Prefeito, eleitos para um mandato de 4 
anos.
- Impostos municipais (art. 156).
Atente que não existe judiciário no município.
Conforme o artigo 18, § 4º da CF:
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembra-
mento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro 
do período determinado por Lei Complementar Federal, 
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às 
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação 
dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e 
publicados na forma da lei.
CF/88
A previsão legal sobre os Municípios está prevista na 
CF, dos Artigos 29 a 31. Vejamos:
CAPÍTULO IV
Dos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, 
votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez 
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara 
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do 
respectivo Estado e os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos 
Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante 
pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no 
primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término 
do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras 
do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos 
mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de 
janeiro do ano subsequente ao da eleição;
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será 
observado o limite máximo de:
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 
(quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) 
habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta 
mil) habitantes;
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta 
mil) habitantes;
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento 
e vinte mil) habitantes;
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 
(cento sessenta mil) habitantes;
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 
300.000 (trezentos mil) habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de 
até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 
(setecentos cinquenta mil) habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e 
de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
71
Direito Constitucional
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos 
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores 
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, 
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta 
e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
VII - o total da despesa com a remuneração dos 
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco 
por cento da receita do Município;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas 
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na 
circunscrição do Município;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da 
vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta 
Constituição para os membros do Congresso Nacional e 
na Constituição do respectivo Estado para os membros da 
Assembleia Legislativa;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de 
Justiça;
XI - organização das funções legislativas e 
fiscalizadoras da Câmara Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no 
planejamento municipal;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse 
específico do Município, da cidade ou de bairros, através 
de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do 
eleitorado;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do 
art. 28, parágrafo único.
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo 
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e 
excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar 
os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita 
tributária e das transferências previstas no § 5 o do art. 153 
e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício 
anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 
2000) (Vide Emenda Constitucional nº 109, de 2021) 
(Vigência)
I - 7% (sete por cento) para Municípios com população 
de até 100.000 (cem mil) habitantes;
II - 6% (seis por cento) para Municípios com 
população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos 
mil) habitantes;
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com 
população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 
(quinhentos mil) habitantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) 
para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos 
mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com 
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 
(oito milhões) de habitantes;
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) 
para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito 
milhões e um) habitantes.
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta 
por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído 
o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito 
Municipal:
I - efetuar repasse que supere os limites definidos 
neste artigo;
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; 
ou
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais 
de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 
(um milhão e cinquenta mil) habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes 
e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes 
e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta 
mil) habitantes;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios 
de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) 
habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos 
mil) habitantes;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios 
de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) 
habitantese de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos 
mil) habitantes;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes 
e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) 
habitantes;
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios 
de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) 
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios 
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 
6.000.000 (seis milhões) de habitantes;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de 
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 
7.000.000 (sete milhões) de habitantes;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios 
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios 
de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos 
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da 
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, 
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas 
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para 
a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, 
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei 
Orgânica e os seguintes limites máximos:
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio 
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento 
do subsídio dos Deputados Estaduais;
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta 
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores 
corresponderá a trinta por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais;
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem 
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores 
corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais;
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos 
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores 
corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos 
Deputados Estaduais;
72
Direito Constitucional
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada 
na Lei Orçamentária.
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente 
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no 
que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua 
competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo 
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes 
nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a 
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse 
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter 
essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da 
União e do Estado, programas de educação infantil e de 
ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira 
da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde 
da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento 
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-
cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora 
federal e estadual.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo 
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, 
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo 
Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será 
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados 
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas 
dos Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente 
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, 
só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos 
membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta 
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, 
para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a 
legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou 
órgãos de Contas Municipais.
Organização do Estado - Distrito Federal e 
Territórios
Distrito Federal
O Distrito Federal é o ente federativo com 
competências parcialmente tuteladas pela União, 
conforme se extrai dos Artigos 21, XIII e XIV, e 22, VII 
da CF.
Por ser considerado um ente político dotado de 
autonomia, possui capacidade de auto-organização 
(Artigo 32 da CF), autogoverno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da 
CF), autoadministração (Artigo 32, §§ 1º e 4º da CF) e 
auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
Encontra-se disciplinado nos arts. 18, § 1º e 32, am-
bos da Constituição Federal. É ente federativo autônomo 
e vedada sua divisão em Municípios.
CAPÍTULO V
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Seção I
DO DISTRITO FEDERAL
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em 
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada 
por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, 
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências 
legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, 
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais 
coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, 
para mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa 
aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo 
do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da 
polícia militar e do corpo de bombeiros militar. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
Territórios
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias 
territoriais integrantes da Administração indireta da 
União. Por isso, não são dotados de autonomia política.
Leia o artigo 18, § 2º da CF:
Os Territórios Federais integram a União, e sua cria-
ção, transformação em Estado ou reintegração ao Estado 
de origem serão reguladas em lei complementar.
CF/88
Os Territórios estão dispostos no artigo 33 da CF e 
seus parágrafos.
Atualmente não existem territórios no Brasil, pois os 
últimos foram extintos pelo Ato das Disposições Consti-
tucionais Transitórias (ADCT).
O Território do Amapá e Roraima foram transforma-
dos em Estados Federados (artigo 14 do ADCT), e o de 
Fernando de Noronha foi reincorporado pelo estado de 
Pernambuco (artigo 15 do ADCT).
Seção II
DOS TERRITÓRIOS
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa 
e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, 
aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo 
IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão 
submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio 
do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil 
habitantes, além do Governador nomeado na forma 
desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira 
e segunda instância, membros do Ministério Público e 
defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições 
para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
73
Direito Constitucional
Intervenção Federal e Estadual
É uma excepcional possibilidade de supressão 
temporária da autonomia política de um ente federativo. 
Suas hipóteses integram um rol taxativo previsto na 
Constituição Federal.10as Constituições socialistas 
e liberais, que podem ser consideradas ortodoxas, e as 
Constituições que sofrem influências de mais de uma 
ideologia ou programa político, social e econômico, as 
quais são consideradas ecléticas. 
A Constituição eclética representa, portanto, texto 
que será fruto das reivindicações e pressões de grupos 
com interesses diferentes e muitas vezes opostos, dentro 
do Estado, interesses antagônicos que irão manifestar-
-se, com mais intensidade, quanto maior for o grau de 
participação da sociedade civil, na elaboração constitu-
cional.
Classificação quanto à extensão
Outra classificação bastante disseminada é que tem 
por objeto a extensão do conteúdo da Constituição. As-
sim são: 
6
Direito Constitucional
a) Constituição concisa ou sintética: É aquela que 
possui texto enxuto, curto, tratando apenas de regras 
básicas de organização do sistema político-jurídico do 
Estado, deixando para a legislação infraconstitucional as 
demais matérias. 
b) Constituição prolixa ou analítica: É aquela com 
conteúdo extenso, minucioso e que contempla regras 
programáticas e normas formalmente constitucionais 
(surgiu como forma de combater os regimes ditatoriais). 
Segundo Conrad Hesse com esses modelos também a 
dificuldade de governar por conta da necessidade de re-
forma e desprestígio da força normativa.
Constituição quanto à origem
Percebe-se a distinção entre Constituição e Car-
ta Constitucional. Referida distinção tem relação com 
a classificação das Constituições quanto à origem. 
Quanto à origem as Constituições se classificam em:
a) Constituição popular, democrática ou pro-
mulgada: São aquelas que derivam do trabalho de um 
órgão constituinte composto de representantes eleitos 
pelo povo para esse fim (ex.: constituições brasileiras de 
1891, 1934, 1946 e 1988) e; 
b) Constituição outorgada: São aquelas impostas 
pelos governantes, sem a participação do povo e inde-
pendente do sistema ou forma de governo (ex.: consti-
tuições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969); 
c) Constituição pactuada: origina-se de um com-
promisso entre duas classes políticas. José Afonso da Sil-
va também denomina de constituições cesaristas aquelas 
elaboradas por um Imperador ou Ditador e submetida a 
plebiscito popular para sua ratificação. Cita como exem-
plos os plebiscitos Napoleônicos e o plebiscito Pinochet 
no Chile.
Classificação quanto à mutabilidade
Extremamente importante a classificação referente à 
mutabilidade da Constituição. Além da necessidade da 
formalidade constitucional, para consolidar o grau de 
hierarquia superior é indispensável que as Constituições 
possuam força normativa. Realmente, é bastante difícil 
falarmos em hierarquia normativa quando as leis são 
costumeiras, pois a definição do que se considera de 
hierarquia superior ou mesmo de essência constitucio-
nal ficará ao sabor da discricionariedade, o que levaria 
uma série de incongruências no sistema e litígios dou-
trinários. Dessa forma, consolidou-se o entendimento de 
que as Constituições consideradas formais e escritas que 
definitivamente viabilizam o instituto da hierarquia e, 
por consequência, o controle de constitucionalidade. No 
sentido exposto, as Constituições podem ser flexíveis, ou 
seja, as que não exigem para a sua alteração procedi-
mento solene ou dificultoso de aprovação no processo 
de emenda, se valendo de procedimento ordinário, ou 
seja, assemelhado aos de criação de normas infraconsti-
tucionais. Ainda se diz rígida a Constituição que, em res-
peito à sua hierarquia normativa, exige processo solene, 
pormenorizado e dificultoso para a sua alteração. Nesse 
caso, há uma nítida distinção entre as leis constitucionais 
e as demais, decorrendo o procedimento da hierarquia 
formal. A nossa Constituição atual é rígida, pois traça 
maior solenidade em vista da competência para a alte-
ração, bem como do procedimento em si, qualificado. 
Valemo-nos das Emendas Constitucionais para as altera-
ções no texto da Constituição.
Nos termos do art. 60 de nossa Constituição, esta 
poderá ser emendada mediante proposta (iniciativa ou 
competência) de um terço, no mínimo, dos membros 
da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do 
Presidente da República ou de mais da metade das As-
sembleias Legislativas das unidades da Federação, ma-
nifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros. Referimo-nos ao aspecto subjetivo da 
competência para a alteração constitucional. Trata-se de 
uma limitação o rol taxativo de órgãos ou autoridades de 
podem dar início ao processo. Outra limitação é a tem-
porária, pois nos termos do § 1º do art. 60, a Constitui-
ção não poderá ser emendada na vigência de interven-
ção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
Quanto ao procedimento, considerado objetivamente, o 
§ 2º do art. 60 dispõe que a proposta será discutida e 
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 
três quintos dos votos dos respectivos membros. Ao final 
a emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas 
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o 
respectivo número de ordem.
Com razão parte da doutrina considera a nossa 
Constituição super-rígida, pois algumas matérias não 
poderão ser objeto de deliberação no sentido de abo-
li-las, tais quais: a forma federativa de Estado; o voto 
direto, secreto, universal e periódico; a separação dos 
Poderes e os direitos e garantias individuais. Vejamos: a 
Constituição fala em “abolição” e não alteração. Portan-
to, não significa que tais temas não possam ser alterados 
a sua acessoriedade, mas somente em sua essência. A 
forma federativa, por exemplo, não poderá ser alterada, 
mas a relações entre as unidades político-federativas po-
derão ser alteradas, desde que não desvirtue a essência 
do Princípio Federativo. O mesmo em relação à separa-
ção dos poderes e os direitos e garantias fundamentais.
Por fim, ainda sobre a classificação quanto a muta-
bilidade constitucional, existem as denominadas Cons-
tituições semirrígidas, em que em seu âmago faz dis-
tinções entre leis essencialmente constitucionais e leis 
assim consideradas por conveniências. Essas últimas 
poderão sofrer mudanças por procedimento ordinário 
de alteração. A Constituição do Império de 1824 é um 
exemplo de constituição semirrígida ou semifléxivel.
Revisando, as denominadas cláusulas pétreas se re-
ferem ao núcleo ou essência das matérias e não inviabi-
liza a alteração positiva. O núcleo é imutável, não os ad-
jetivos que o circundam como características acessórias 
ou decorrentes.
O professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, em 
sua obra, Curso de Direito Constitucional (Saraiva) ainda 
classifica as Constituições em: 
- Constituição-garantia (não é apenas instrumento 
do Estado para impor suas vontades, mas também está 
limitada por ela, inclusive com a delimitação dos direitos 
e garantias fundamentais, dentre outras limitações); 
- Constituição-balanço (de compromisso socialista, 
surgindo em balanceamento dos ideais liberais e capita-
listas das primeiras Constituições); 
7
Direito Constitucional
- Constituição-dirigente (que possui normas pro-
gramáticas e instrumentais para atingir os fins ou com-
promissos do Estado).
A nossa Constituição, de 05 de outubro de 1988, já 
sofrera 99 (noventa e nove) emendas constitucionais é 
escrita, rígida, formal, eclética, promulgada, garantista e 
dirigente.
Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide 
Normativa:
Pirâmide Normativa
Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as 
Leis Complementares e Ordinárias;
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, 
Portarias, Instruções Normativas, Resoluções, etc.
Constitucionalismo
Canotilho define o constitucionalismo como uma 
teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo 
limitado indispensável à garantia dos direitos em 
dimensão estruturante da organização político-social de 
uma comunidade.
Neste sentido, o constitucionalismo modernoCAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no 
Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da 
Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem 
pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes 
nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação 
que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais 
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas 
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos 
estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão 
judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios 
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, 
direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante 
de impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutenção e desenvolvimento do 
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, 
nem a União nos Municípios localizados em Território 
Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 
dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da 
lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da 
receita municipal na manutenção e desenvolvimento do 
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a 
representação para assegurar a observância de princípios 
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder 
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou 
de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação 
for exercida contra o Poder Judiciário;
10 Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional 
e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora Jus-
PODIVM. / DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e 
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. / www.segredosdeconcurso.com.
br/www.jus.com.br/www.igepp.com.br
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão 
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, 
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior 
Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, 
de representação do Procurador-Geral da República, na 
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de 
lei federal.
IV - (Revogado).
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, 
se couber, nomeará o interventor, será submetido à 
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia 
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional 
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação 
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, 
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela 
Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender 
a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao 
restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as 
autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, 
salvo impedimento legal.
Fontes/Adaptações/Referências Bibliográficas
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções 
de Direito Constitucional e de Direito Administrativo. 
Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora JusPODIVM. 
/ DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série 
Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. 
/ www.segredosdeconcurso.com.br/www.jus.com.br/www.
igepp.com.br
QUESTÕES
01. (Prefeitura de Caxias/MA – Guarda Municipal 
– IMA/2018) A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende:
(A) Apenas Estados e Municípios
(B) Apenas União e Distrito Federal
(C) Apenas União, Estados e Municípios
(D) União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios
02. (CGE/CE – Conhecimentos Básicos – 
CESPE/2019) Conforme os dispositivos constitucionais 
e a jurisprudência do STF com relação à repartição de 
competências, é correto afirmar que compete
(A) aos municípios planejar e promover a defesa 
permanente contra calamidades públicas, especialmente 
as secas e as inundações.
(B) aos estados legislar, de forma concorrente, sobre 
as normas de processo e julgamento dos crimes de 
responsabilidade praticados por governadores.
(C) aos municípios explorar diretamente, ou mediante 
concessão, os serviços locais de gás canalizado, vedada a 
edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
(D) aos estados legislar, de forma concorrente, sobre 
direito econômico, urbanístico e financeiro e sobre 
orçamento.
(E) à União legislar, privativamente, sobre licitações e 
contratos e sobre previdência social.
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Direito Constitucional
03. (Ares PCJ/SP – Procurador – VUNESP/2018) 
No que diz respeito à repartição de competências, é 
correto afirmar que
(A) na competência comum, leis complementares 
fixarão normas para a cooperação entre a União e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em 
vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- -estar 
em âmbito nacional.
(B) a competência comum é legislativa e os entes 
federativos podem exercê-la em igualdade de condições, 
mas a atuação de um exclui a atuação do outro ente.
(C) a competência exclusiva material da União tem 
por característica principal a delegabilidade, e assim 
pode a União delegar seu exercício aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios.
(D) a competência privativa legislativa da União é 
indelegável, não permitindo que os Estados e o Distrito 
Federal venham a dispor sobre essas questões, ainda 
que específicas.
(E) inexistindo lei federal sobre normas gerais, os 
Estados não poderão exercer a competência plena, 
mas temporariamente atenderão suas peculiaridades, 
excluindo-se a competência suplementar.
04. (TRT 2R/SP – Técnico Judiciário – FCC/2018) 
De acordo com o sistema de repartição de competências 
previsto na Constituição Federal,
(A) é vedado aos Municípios suplementar a legislação 
federal e estadual, ainda que para atender ao interesse 
local.
(B) cabe aos Estados estabelecer os requisitos dos 
contratos de trabalho firmados em seus territórios.
(C) cabe à União, aos Estados e aos Municípios 
legislar em regime de concorrência sobre todas as 
matérias.
(D) cabe aos Estados legislar, privativamente, sobre 
normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as empresas públicas e sociedades de 
economia mista estaduais.
(E) cabe aos Estados o exercício das competências 
que não lhes sejam vedadas, além de outras enumeradas 
pela Constituição, como a exploração, direta ou mediante 
concessão, dos serviços locais de gás canalizado, na 
forma da lei.
05. (MPE/PR – Promotor – MPE/PR/2019) Sobre a 
intervenção é incorreto afirmar:
(A) No sistema constitucional brasileiro, a intervenção 
é excepcional, limitada e taxativa.
(B) Garantir o livre exercício do Poder Legislativo é 
hipótese que autoriza de intervenção dos Estados nos 
Municípios. 
(C) Não cabe recurso extraordinário contra acórdão 
de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção 
estadual em Município.
(D) É inconstitucional a atribuição conferida por 
Constituição Estadual ao Tribunal de Contas, para 
requerer ao Governador do Estado a intervenção em 
Município.
(E) A União pode intervir nos Estados para reorganizar 
suas finanças, quando a unidade da federação deixar de 
entregar aos Municípios receitas tributárias fixadasrepresentará uma técnica específica de limitação do 
poder com fins garantísticos.
O conceito de constitucionalismo transporta, assim, 
um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa 
da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria 
do liberalismo.
Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir 
uma Constituição, avança-se no sentido de que os textos 
constitucionais contêm regras de limitação ao poder 
autoritário e de prevalência dos direitos fundamentais, 
afastando-se a visão autoritária do antigo regime.
Poder Constituinte Originário, Derivado e 
Decorrente - Reforma (Emendas e Revisão) e Mutação 
da Constituição
O Poder Constituinte é aquele capaz de editar uma 
Constituição, estabelecendo uma organização jurídica 
fundamental, dando forma ao Estado, constituindo 
poderes e criando normas de exercício de governo, tal 
qual o estabelecimento de seus órgãos fundamentais, 
os limites da sua ação e as bases do ordenamento 
econômico e social. 
O titular desse poder é o Povo, representados 
por um órgão colegiado (Assembleia Constituinte). A 
legitimação destes é a representação da democracia de 
um Estado soberano, onde a premissa do ubi societas 
e ibi ius encontram-se límpidas na forma de criação de 
um Estado.
O Poder Constituinte causa um rompimento com 
a ordem jurídica anterior, fazendo com que o Estado 
precedente à que o povo estava sendo submetido seja 
substituído por uma nova legitimação maior, através de 
sua Carta Magna. 
Quanto à Natureza Jurídica do Poder Constituinte, 
os positivistas acreditam que é um poder político, que 
tem a sua força extraída não de normas jurídicas, mas de 
forças sociais consolidadas, sendo um poder de Fato. Já 
para os jusnaturalistas, o poder Constituinte está acima 
do direito positivo, sendo um direito inato do homem, 
partindo do seu direito natural que é eterno, universal 
e imutável. 
Fundamentos
Tal poder não surge ao acaso. Indaga-se, então, 
quais seus fundamentos?
Adiantamos que se exterioriza de três possíveis for-
mas: ou promana da proclamação de independência de 
alguma região, alçando-a ao status de Estado sobera-
no, que para tanto necessita de uma Constituição para 
organizar-se; ou promana da ruptura revolucionária em 
dado Estado já estabelecido, desconstituindo e deslegi-
timando o poder a quo para estabelecer-se como for-
ça criadora de uma nova organização social; ou surge 
como resultante de uma ruptura plena com a sociedade 
anterior, de alguma outra maneira.
Com efeito, em qualquer uma das três situações, 
há verdadeiro abalo no sistema político e social vigen-
te, do contrário não haveria ruptura alguma. Se há in-
satisfação no seio social, e se em decorrência desta a 
nação decide no sentido de que uma nova organização 
social deve entrar em cena, rompendo com a vigente, 
é justamente esse movimento político que fundamenta 
a existência do poder aqui estudado. Há toda uma mo-
vimentação política em torno do exercício do referido 
poder. É essa movimentação que lhe dá legitimidade.
O mesmo ocorre quando uma dada sociedade 
questiona os fundamentos da obediência perante o so-
berano (ou a entidade que lhe faça as vezes). O que 
se questiona, então, não é a legitimidade do soberano 
perante o sistema jurídico, mas o próprio sistema em 
que tal legitimidade se assenta. Indaga-se a respeito 
dos valores que sustentam a legitimidade do sistema, 
reconhecida como tal pelo povo.
Os governantes, comandando e postulando obediên-
cia em nome dessas regras ou desse sistema de organi-
zação, podem, contudo, ter sua autoridade questionada, 
numa interrogação de legitimidade acerca da licitude 
ou dos limites da sobredita obediência. Se isso acontece, 
principia então uma reflexão que obrigatoriamente se 
inclina para o exame dos valores cuja presença justifica 
tanto o comando como a obediência. O poder constituin-
te deixa de ser visto como um fato, como o poder que é 
ou que foi, para ser visto como um fato acrescido de um 
valor; como o poder que deve ser, conforme o título de le-
gitimidade que lhe sirva de raiz ou respaldo na consciên-
cia dos governados. (...) A grande descoberta ou o grande 
passo a que a Ciencia deu e a que se reportava o abade 
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Direito Constitucional
Sieyès é indubitavelmente o que procede da verificação 
de que o poder constituinte existe como fato. Mas não 
como fato apenas, senão também como valor, em cujo 
nome atuam com legitimidade os poderes constituídos, 
que não devem ser confundidos com o poder constituin-
te, do qual emanam, (...). (BONAVIDES, 2014, p. 162)
Em uma construção jurídica democrática, onde a 
participação política do povo na vida social é uma das 
bases do sistema, tais valores de que trata Bonavides 
encontram-se ancorados na consciência dos indivíduos, 
e são justamente os referidos valores que legitimam a 
atuação do poder constituinte, tal como legitimam a 
continuidade ou não de um documento constitucional.
Tais valores seriam, então, os fundamentos primei-
ros do poder constituinte. Pode-se dizer que são a alma 
das constituições. Para Quintana:
A alma ou espirito da Constituição está conformado 
pelo complexo, integral e orgânico, dos valores essenciais 
filosóficos, morais, histporicos, sociais, jurídicos, econô-
micos, etc., assim como dos ideiais, finalidades, propó-
sitos e, em geral, condições que inspiram, amimam e 
fundamentam a totalidade ou parte qualquer do texto 
do corpo da Constituição, enquanto lei funcional, funda-
mental e suprema do pais. (TAVARES, apud QUINTANA, 
2013, p. 225)
Sua “alma ou espírito”, no sentido em que foram 
utilizados, é que legitimam a atividade constituinte em 
última instância. E onde residem? Justamente na cons-
ciência do povo, como mencionamos.
Espécies
Existem, para tanto, duas formas de manifestação 
do Poder Constituinte: o Poder Originário e o Poder 
Derivado.
1. Poder Constituinte Originário
O Poder constituinte originário é aquele 
responsável pela criação integral de uma nova 
Constituição, inaugurando uma nova ordem jurídica. 
Este tem várias características, sendo ele: 
a) Inicial, porque inicia uma nova ordem jurídica, 
posto que também é chamado de Poder Constituinte 
Genuíno ou de Primeiro Grau; 
b) Ilimitado, porque não sofre qualquer limite 
anterior, ao passo que pode desconsiderar de maneira 
absoluta o ordenamento vigente anterior; 
c) Autônomo, da forma que só cabe a ele estruturar 
os termos da nova Constituição; 
d) Incondicionado e Permanente, por conta de não 
se submeter a nenhum processo predeterminado para 
sua elaboração, bem como que não se esgota com a 
realização da nova Constituição, podendo o legislador 
deliberar a qualquer momento pela criação de uma nova. 
Sob uma perspectiva subjetiva, o Poder Constituinte 
Originário é exercido quando o povo é titular do seu 
poder, conforme preleciona o Art. 1˚ da Constituição 
Federal de 1988 (visão de Rosseau):
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição.
Para Emmanuel Joseph Sieyès, cuja obra mais 
importante foi o panfleto Qu’est-ce que le tiers état, o 
titular do poder é a Nação. Doravante, quando o Poder 
Constituinte não é exercido pelos seus titulares de 
Direito, sendo exercido por entes estranhos, como a 
Igreja, Militares, Grupos econômicos e etc. o poder passa 
a ser ilegítimo. 
Sob uma perspectiva objetiva, a Assembleia 
Constituinte não tem liberdade de criar normas de 
maneira esparsa, injustificada, mas somente àquelas 
que correspondam a realidade jurídica e cultural da 
sociedade à que estão inseridas, sendoum reflexo do 
seu Povo e da sua ordem natural. Esse é o pensamento 
de José Joaquim Gomes Canotilho. 
Atributos
Sendo originário (ou revolucionário), tem como 
principais caracteres os seguintes:
a) É inalienável: a sociedade, verdadeira titular do 
direito de se auto organizar, apenas delega seu exercí-
cio. Mesmo depois que o texto constitucional está em 
vigor, caso a sociedade entenda que não é interessan-
te a prevalência deste, pode optar por elaborar texto 
novo.
b) É anterior, no sentido de originário, inicial. Real-
mente, quando originariamente constituinte, se torna a 
verdadeira origem de dada ordem jurídica.
c) É livre, uma vez que não se submete a nenhuma 
regra jurídico-positiva. Como exposto, não se pode di-
zer que não haja, em absoluto, limites à sua atuação. 
Encontra limites e balizas na orientação popular que lhe 
legitimou a atividade.
d) É prevalente, até como decorrência de sua inalie-
nabilidade. Pode ficar latente até que se faça novamen-
te necessário, mas permanece à disposição da socieda-
de durante todo o tempo.
Muitos autores ressaltam outras características, 
mas em geral os traços essenciais foram dispostos aci-
ma. Cumpre ressaltar que tais características foram lis-
tadas tendo em vista descrever os atributos de poderes 
genuinamente constituintes, sendo ou originários ou 
revolucionários. Com efeito, o decorrente (dos Estados 
e Municípios) e o reformador (exercitado pelo Legisla-
tivo) não ostentam vários dos traços que descrevemos 
acima. Eis a razão da relutância de tantos autores em 
denomina-los “constituintes”.
2. Poder Constituinte Derivado
O Poder Constituinte Derivado é o poder já 
estabelecido na própria Constituição pelo poder 
Originário, que está inserido com o objetivo de legitimar 
a sua alteração quando necessária. 
Conforme ensina Manoel Gonçalves Ferreira Filho:
Embora grupo constituinte algum cuide de preparar 
a substituição da ideia de direito que incita a agir, a 
experiência faz prever a necessidade futura de alterações 
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Direito Constitucional
Poder Constituinte Derivado Revisor Ou Revisional
Encontra normatividade no Art. 3˚ da ADCT (Atos 
das Disposições Constitucionais Transitórias), que dispõe 
sobre a necessidade do Congresso Nacional realizar 
uma “revisão constitucional” após 5 (cinco) anos da 
promulgação da Constituição Federal. 
É um poder de revisar a Constituição por um processo 
legislativo menos dificultoso à forma das emendas 
constitucionais. Tem eficácia exaurível, ao passo que 
fora realizada em 1993, originando 6 (seis) emendas de 
revisão. Logo, este poder não mais poderá ser exercido, 
sendo que qualquer mudança na Constituição Federal 
atualmente só poderá ser feito através de emendas, pelo 
poder Reformador. 
Poder Constituinte Derivado Decorrente
Trata-se do poder de cada Estado-Membro (unidade 
federativa) em criar a sua própria Constituição estadual, 
sendo, todavia, respeitada a supremacia da Constituição 
Federal. 
Cada Assembleia Legislativa, com os poderes 
constituintes definidos, deveriam elaborar a sua 
Constituição do Estado dentro do prazo de 1 (um) ano, à 
partir da promulgação da Constituição Federal.
Difere o Distrito Federal, que, de acordo com o art. 
32 da CF/88, se auto-organiza através de leis orgânicas, 
votadas em 2 (dois) turnos com intervalo mínimo de 10 
(dez) dias, aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa. 
Retroatividade e recepção
Ao ser criada uma nova Constituição, como já 
explicitado, existe a quebra da normatividade jurídica 
maior dentro de um Estado Soberano, a Constituição 
Federal é o delimitar de todo o ordenamento jurídico, 
sendo esta a lei mais importante do país. 
Posto a importância da Constituição, quando está é 
superada por outra, podem surgir daí diversos problemas 
decorrentes da sua aplicação na forma retroativa a fatos 
anteriores. Logo, é de suma importância deleitar-se sobre 
a problemática da receptividade da nova Constituição 
quanto a fatos e normas anteriores à sua vigência. 
Na doutrina existem 3 (três) formas de retroatividade: 
a retroatividade máxima, média e mínima. 
a) Retroatividade máxima, é caracterizada pela 
forma em que as partes eram restituídas ao status quo 
ante, porque se manifesta sobre os fatos já consumados, 
da mesma forma da coisa julgada;
b) Retroatividade média, age sobre os efeitos 
pendentes de atos jurídicos produzidos antes da nova 
Constituição. Exemplo: um contrato pactuado em 20 
prestações alguns meses antes da promulgação da 
nova Constituição, tendo por base o salário mínimo 
estabelecido na Constituição anterior, as prestações 
vencidas anteriores ao novo texto constitucional 
restariam nulas. 
c) Retroatividade mínima, preleciona que o novo 
texto constitucional alcança apenas os efeitos futuros 
dos atos jurídicos. Esta não retroage para eliminar 
um contrato feito sob a normatividade constitucional 
anterior, mas alcança os efeitos que serão sentidos após 
a promulgação do novo texto. Este tipo de retroatividade 
foi o recepcionado pela Constituição de 1988.
ou complementações no texto que edita. Por isso é que 
dispõe sobre a revisão da Constituição, atribuindo a um 
poder constituído o direito de emendá-la. Esse poder 
instituído goza de um Poder Constituinte Derivado 
do originário. Sua Modalidade principal é o poder de 
modificar formalmente a Constituição. 
O Poder Constituinte Derivado tem várias formas, 
podendo ser reformador, revisor ou decorrente. 
Poder Constituinte Derivado Reformador
É poder responsável pela alteração e ampliação 
do texto constitucional, que se manifesta através das 
emendas constitucionais, bem como os tratados de 
Direitos Humanos com força de emenda constitucional. 
A titularidade desse poder emana do povo, que, por 
sua vez, será representado pelo Congresso Nacional (Art. 
60, CF/88). Tem por principais características ser: 
a) Subordinado, porque retira a sua força do poder 
originário, previamente estabelecido; 
b) Limitado, porque tem os seus limites definidos 
pelo poder originário, que estabeleceu o texto base 
constitucional;
c) Condicionado, sendo que o seu exercício 
deve seguir as regras previamente estabelecidas na 
Constituição. 
Esta forma de reforma está subordinada a diversas 
limitações materiais quando ao seu procedimento, 
devendo seguir diversos requisitos para a sua 
legitimidade, sendo estes a: 
a) Iniciativa: são titulares para apresentarem o 
projeto de emenda constitucional (Art. 60, I a III, CF/88): 
o Presidente da República; 1/3 dos membros da Câmara 
dos Deputados ou 1/3 dos membros do Senado Federal; 
mais da metade das Assembleias Legislativas das 
unidades dos Estados, cada uma delas, manifestando-se 
pela maioria relativa dos seus membros. 
b) Deliberação: a proposta deve ser discutida e 
votada em cada casa do Congresso Nacional em 2 
(dois) turnos, sendo aprovada se obtiver, em ambas, 3/5 
dos votos dos respectivos membros, ou seja, a maioria 
qualificada (Art. 60, §2, CF/88). 
c) Promulgação: as emendas são promulgadas pelas 
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 
com o respectivo número de ordem. 
O Poder constituinte derivado reformador está 
sujeito a limites, estes que tratam tanto da matéria do 
conteúdo da emenda, até os procedimentos formais da 
promulgação, são estes os limites: 
a) Material, ao passo que é proibido ser matéria 
de emenda constitucional a abolição das chamadas 
“cláusulas pétreas” (forma federativa do Estado; voto 
direto, secreto, universal e periódico; separação dos 
Poderes e direitos e garantias individuais - Art. 60, §4, 
CF/88); 
b) Circunstancial, é defeso que a Constituição 
Federal seja alterada durante diversas situações em que 
o Estado esteja vivendo, como a vigência do estado de 
sítio, estado de defesa ou intervenção federal (Art. 60, 
§1, CF/88); 
c) Temporal, ao passo que uma proposta de emenda 
constitucional é rejeitada ou prejudicada, a mesma 
matéria não pode ser tratada através de nova proposta 
até nova sessão legislativa (Art. 60, §5, CF/88).
10Direito Constitucional
Recepção
O fenômeno da recepção é aquele que trata sobre a adequação das normas infraconstitucionais anteriores 
ao novo texto constitucional. À partir da edição de uma nova Constituição, a anterior é revogada, todavia, não 
obrigatoriamente todas as normas perdem a sua validade. Desta forma, as que forem compatíveis com o novo texto 
devem ser aproveitadas e ratificadas sob nova validade. Esta é a chamada recepção. A legislação anterior que se 
adeque ao novo texto jurídico constitucional é recepcionada com as devidas alterações que possam ser necessárias. 
As normas que não se adequem à nova ótica constitucional devem ser revogadas, posto que não passem pelo 
crivo material e formal do seu conteúdo. 
Repristinação 
É o fenômeno em que a lei que foi revogada e perdeu a sua vigência, volte a ganhar vigência, pelo fato da norma 
que à revogou ter sido revogada. É, de forma literal, a revalidação de uma norma anteriormente revogada, em que 
apresenta compatibilidade com a Constituição vigente. 
Esse fenômeno é possível mediante a previsão expressa em que admite a norma Constitucional ser revalidada. 
Reforma e mutação constitucional 
Embora já tenhamos visto acima, algumas considerações a respeito da atuação dos poderes no tocante à alterações 
na Constituição, é importante compreender melhor o processo de reforma e mutação constitucional.
As constituições dos Estados, quando elaboradas, possuem uma pretensão de estabilidade, justificada pelo seu 
objetivo principal que é o de promover a estruturação fundamental do Estado. 
Embora possuam um determinado grau de permanência na história, não existem textos constitucionais eternos, já 
que a própria dinâmica das sociedades exige mudanças ao longo do tempo, tanto do ponto de vista interpretativo da 
substância de suas normas, quanto da sua redação original. 
Assim, uma constituição pode ser alterada pela expressa modificação do seu texto ou pela mudança interpretativa 
do conteúdo das suas disposições. 
Reforma e mutação constitucional: diferenças 
A diferença entre reforma e mutação constitucional reside no fato de que, enquanto a reforma compreende todos 
os métodos de mudança que podem ocorrer, a mutação constitucional designa os processos informais de alteração 
das constituições, ou seja, aqueles que alteram o sentido de uma constituição sem alterar o seu texto, porque mudam 
o seu espírito.
Reforma Mutação
Utiliza processos formais pré-estabelecidos. Não possui formalidade expressas.
É realizado por órgãos indicados. É realizado pelos órgãos judiciais ou legislativos.
Altera a redação original do texto. Altera o sentido ou conteúdo do texto constitucional, sem 
modificar a sua redação.
Obedece às limitações previstas. Obedece à realidade político-social.
Estabelecidas estas diferenças entre reforma e mutação constitucional, estudaremos outros aspectos relacionados 
à reforma constitucional, como suas modalidades, procedimentos e limitações.
Emenda Constitucional Revisão Constitucional
É a modificação de certos prontos, cuja estabilidade 
o legislador constituinte não considerou tão grande 
como outros mais valiosos, se bem que submetida a 
obstáculos e formalidades mais difíceis que os exigidos 
para alteração das leis ordinárias.
É uma alteração anexável (ao texto constitucional) 
exigindo formalidades e processos mais lentos e dificultados 
que a emenda, a fim de garantir a suprema estabilidade do 
texto constitucional.
Nesse sentido, pode-se falar na existência de um poder de reforma, representado pelo poder constituinte derivado, 
que tem por objetivo propiciar mudanças no texto constitucional, permitindo a sua adaptação a novas necessidades. 
Limitações ao poder de reforma constitucional 
O Poder de Reforma é limitado e tem seus procedimentos estabelecidos pela própria Constituição. A inobservância 
desses limites acarreta a invalidação dos dispositivos constitucionais emendados. Essas limitações ao poder de reforma 
podem ser temporais, circunstanciais e materiais. 
11
Direito Constitucional
Veja o quadro:
Supremacia constitucional e hermenêutica constitucional
Supremacia Constitucional
“Toda interpretação constitucional se assenta no pressuposto da superioridade jurídica da Constituição sobre os 
demais atos normativos no âmbito do Estado. Por força da supremacia constitucional, nenhum ato jurídico, nenhuma 
manifestação de vontade pode subsistir validamente se for incompatível com a Lei Fundamental”. 
A supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento decorre da mesma nascer do poder constituinte origi-
nário, uno e incontrastável. A interpretação constitucional tem como referencial esse pressuposto de superioridade 
jurídica da Constituição sobre leis e atos normativos que compõem o ordenamento jurídico. A Lei Maior, hierarquia 
máxima de um Direito pátrio, vincula as normas inferiores, além de constituir-se, ela própria, fundamento de validade 
do próprio ordenamento jurídico. A supremacia é dúplice: formal e material.
Supremacia formal:
A Constituição advém do poder constituinte originário, anterior e superior aos demais, o que lhe concede supre-
macia formal inacessível a qualquer outra norma jurídica. Considere-se, ainda, que o processo para modificações na 
Lei Maior é bem mais dificultoso que os requeridos para modificações de norma comum. Aliás, os procedimentos vêm 
definidos no próprio constitucional — art. 60.
Supremacia material:
Reflete a maior importância das normas constitucionais, que estrutura a organização e os fundamentos do Estado. 
O princípio da supremacia não se confunde com o principio da rigidez da Constituição. Segundo este, as normas cons-
titucionais só podem ser modificadas por um processo mais qualificado e dificultoso de reforma. Refere-se exclusiva-
12
Direito Constitucional
mente ao processo formal de mudança constitucional. 
Já a supremacia, advém do fato de ser a Constituição 
o ápice do ordenamento e fundante da própria ordem 
jurídica. Aliás, o poder constituinte originário, de onde 
brotou a Constituição, é que dá legitimidade ao próprio 
ordenamento.
O Min. Celso Melo bem acentuou o caráter de supre-
macia da Constituição ao proferir voto na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade ADI 42-0-DF:
“O princípio da supremacia da ordem constitucional 
— de que é consectária a rigidez normativa que osten-
tam os preceitos de nossa Constituição — permite reali-
zar uma das múltiplas funções inerentes à norma cons-
titucional, que consiste na fundamentação do ordena-
mento jurídico instituído e positivado pela comunidade 
estatal. Dentro dessa concepção, reveste-se de nulidade 
o ato emanado do poder público que vulnerar, formal ou 
materialmente, os preceitos e princípios inscritos no do-
cumento constitucional. Uma lei inconstitucional é uma 
lei nula, desprovida, consequentemente, no plano jurídi-
co, de qualquer validade e conteúdo eficacial”.
O Min. Maurício Corrêa, em voto proferido na ADI 
1.102-2-DF (DJU 01-12-1995, p. 41684). como relator, 
trouxe o testemunho de Alfredo Buzaid:
“Sempre entendeu entre nós, de conformidade com a 
lição dos constitucionalistas norte-americanos, que toda 
lei adversa à Constituição é absolutamente nula; e não 
simplesmente anulável. A eiva de inconstitucionalidade 
a atinge no berço, fere ab initio. Ela não chegou a viver. 
Nasceu morta”.
Princípios da Interpretação constitucional
São regras de interpretação que ampliam a harmo-
nia entre as normas e reduzem contradições. “Usual-
mente denominadas ‘princípios’, mas, rigorosamente as-
sim não podem ser consideradas, porque não veiculam 
um valor autônomo”, na opinião de Marçal Justen Filho, 
para quem as técnicas hermenêuticas são: interpretação 
conforme à norma superior, principio da razoabilidade e 
principio da proporcionalidade. 
Para Luis Roberto Barroso, “o ponto de partida do 
intérprete há de ser sempre os princípios constitucionais, 
que são um conjunto de normas que espelham a ideolo-
gia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins.Dito de forma sumária, os princípios constitucionais são 
as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos 
ou qualificações essenciais da ordem jurídica que institui. 
Funcionam como critérios de interpretação e também de 
integração nas lacunas do texto constitucional, sobretu-
do considerando seu caráter abstracionista. A atividade 
de interpretação da Constituição deve começar pela 
identificação do princípio maior que rege o tema a ser 
apreciado, descendo do mais genérico ao mais especí-
fico, até chegar à formulação da regra concreta que vai 
reger a espécie”. 
Os princípios da interpretação constitucional decor-
rem das particularidades do conteúdo e objetivos das 
normas constitucionais. A maioria dos doutrinadores 
define-os como princípios da: Supremacia da Constitui-
ção; Unidade da Constituição; Interpretação Conforme a 
Constituição; Presunção de Constitucionalidade; Máxima 
efetividade; Razoabilidade.
Princípios de Interpretação Constitucional
Princípio da Unidade da Constituição
O papel do princípio da unidade é harmonizar as 
normas na busca do equilíbrio, sem lhes negar comple-
tamente a eficácia. A Constituição atribui caráter siste-
mático ao ordenamento jurídico. Revestida de alto grau 
de abstração, a Lei Maior é fundamento de validade para 
todas as normas jurídicas. Não há hierarquia normativa, 
devendo os conflitos (chamados antinomias) entre nor-
mas constitucionais serem solucionados através da pon-
deração dos valores, com a prevalência da unidade do 
sistema jurídico, encabeçado pela Constituição.
Para Vittorio Cassone, “a doutrina em geral, ao exa-
minar a moderna interpretação constitucional, ressalta a 
unidade da Constituição, no sentido de que o dispositi-
vo objeto de interpretação deve ser visto dentro de um 
ordenamento jurídico que forma a unidade da Consti-
tuição”. 
Na opinião de Luís Roberto Barroso, “o princípio da 
unidade é uma especificação da interpretação sistemáti-
ca, e impõe ao intérprete o dever de harmonizar as ten-
sões e contradições entre normas. Deverá fazê-lo guiado 
pela grande bússola da interpretação constitucional: os 
princípios fundamentais, gerais e setoriais inscritos ou 
decorrentes da Lei Maior”. 
Inocêncio Mártires Coelho é conclusivo:“As normas 
constitucionais devem ser vistas não como normas iso-
ladas, mas como preceitos integrados num sistema uni-
tário de regras e princípios, que é instituído na e pela 
própria Constituição. Em consequência, a Constituição 
só pode ser compreendida e interpretada corretamente 
se nós a entendermos como unidade, do que resulta, por 
outro lado, que em nenhuma hipótese devemos separar 
uma norma do conjunto em que ela se integra, até por-
que — relembre-se o círculo hermenêutico — o sentido 
da parte e o sentido do todo são interdependentes. [...] 
A rigor, esse princípio compreende e dá suporte, se não 
a todos, pelo menos à grande maioria dos cânones da 
interpretação constitucional, porque ao fim das contas 
ele otimiza as virtualidades do texto da Constituição, de 
si naturalmente expansivo, permitindo aos seus aplica-
dores construir as soluções exigidas em cada situação 
hermenêutica”. 
A unidade do ordenamento jurídico positivado é 
afirmada no RE 149.992-3-SP, STF, DJU 07-02-1997, da 
qual transcrevemos parte da Ementa:
“Os postulados informam a teoria do ordenamento 
jurídico e que dão o necessário substrato doutrinário as-
sentam-se na premissa fundamental de que o sistema de 
direito positivo, além de caracterizar uma unidade cons-
titucional, constitui um complexo de normas que devem 
manter entre si um vínculo de essencial coerência”.
Princípio da interpretação conforme a Constitui-
ção.
Na aplicação do direito devem-se rejeitar alternati-
vas hermenêuticas incompatíveis com o sistema jurídico, 
cujo reconhecimento conduziria à necessidade de inva-
lidar a disposição interpretada. Utiliza-se para afastar 
interpretações com procedência jurídica, mas, configu-
ram-se inconstitucionais ou ilegais. “Há casos em que o 
sentido das palavras parece inequívoco, mas cuja adoção 
resultaria em conflito com norma superior. A técnica da 
interpretação conforme afasta a invalidação da disposi-
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Direito Constitucional
Princípios decorrentes da evolução político-social
Ocorre quando a sociedade, no transcorrer pendular 
dos tempos, decide por novas formas de organização, 
exercício do poder e controle político-administrativo. A 
história do Brasil redesenha-se com a emancipação, re-
pública e outros fatos nacionais. Na última metade do 
século XX (1964) ocorreu ruptura na condução política, 
que prosseguiu até 1985, finalizando com a redemocra-
tização. Em 1988 foi promulgada a chamada Constitui-
ção Cidadã, conduzida pelo facho da redemocratização. 
Os novos valores e referenciais da Carta de 1988 já vêm 
descritos no preâmbulo quando define ao Estado Demo-
crático recém-instituído a responsabilidade constitucio-
nal de garantir e “assegurar o exercício dos direitos so-
ciais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos”[21]. Por conta dos novos rumos redesenhou-
-se nova matriz de direitos, assegurados, sobretudo, por 
novos princípios constitucionais implícitos ou explícitos, 
entre os quais o princípio da Justiça.
O termo Justiça possui no ordenamento jurídico-
-democrático multidimensão, estendendo-se ao direito 
material e processual. Prima pela proteção e zelo aos di-
reitos fundamentais individuais e coletivos, tendo como 
referencial a dignidade da pessoa humana. É um princí-
pio que se esparrama sobre a prática e, principalmente, 
sobre os resultados finais dos processos jurídicos e ad-
ministrativos. É o referencial das instituições no Estado 
democrático de direito. É nessa concepção que o prin-
cipio da Justiça é apresentado no preâmbulo da Consti-
tuição Federal como um dos valores supremos “de uma 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceito, funda-
da na harmonia social…”.
Por outro lado, após a Constituição de 1998, obser-
va-se certa relativização do princípio do interesse públi-
co e sua indisponibilidade. Por não ser objeto de per-
tencimento é indisponível; entretanto, experimenta nova 
roupagem em decorrência da prevalência da novel com-
preensão de que os interesses públicos não existem de 
forma autônoma, como um fim em si mesmo. Mas, ne-
cessariamente, tendo como perspectiva maior a dignida-
de da pessoa humana. Compensa conhecer a concepção 
negativa do interesse público na visão de Marçal Justen 
Filho: Interesse público não se confunde com interes-
se de Estado. “É público porque atribuído ao Estado, é 
atribuído ao Estado por ser público. Como decorrência, 
todo interesse público seria estatal, e todo interesse es-
tatal seria público. Essa concepção é incompatível com 
a Constituição; a maior evidência reside na existência de 
interesse público não estatal (as organizações não go-
vernamentais)”. Segundo o autor, não é possível definir 
interesse público a partir da identidade do seu titular, 
concluindo que: “É público não por ser titularidade do 
Estado, mas é atribuído ao Estado por ser público”.
As atividades estatais no Estado Democrático de 
Direito subordina-se a um critério fundamental que é 
anterior à supremacia do interesse público. Trata-se da 
indisponibilidade dos direitos fundamentais. Assim, uma 
decisão produzida por meio de procedimentos satisfató-
rios e com respeito aos direito fundamentais e aos inte-
resses legítimos poderá ser reputada como traduzindo o 
“interesse público”. Mas, não legitimará mediante a invo-
cação a esse interesse publico, e sim porque compatível 
com os direitos fundamentais (JUSTEN FILHO, p. 45). 
ção normativamente inferior por meio de interpretação 
harmonizada. Em vez de prestigiar o sentido das pala-
vras, consagra-se a interpretação compatível com o sis-
tema jurídico” (JUSTEN FILHO, p. 57).
Na cátedra de Luis Roberto Barroso, quando não se 
mostra evidente a inconstitucionalidade de uma norma, 
entre

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