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Equipe-2 A prática de prescrição de tratamentos para obesidade sem evidência em consultórios médicos_ uma análise crítica à luz da medicina baseada em evidências docx

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A prática de prescrição de tratamentos para obesidade sem evidência em 
consultórios médicos: uma análise crítica à luz da medicina baseada em evidências 
 
Nome completo1
, Nome completo2
, Nome completo3
, Nome completo4, 
Nome completo5, Professor10 
 
1
Acadêmicos de Medicina. Faculdade Estácio de Canindé. E-mail: 
6
Professor da Faculdade Estácio de Canindé. E-mail: 
 
 
 
 
 
RESUMO: 
 
Introdução 
 A Medicina Baseada em Evidências (MBE) é fundamental para a prática médica 
moderna, proporcionando decisões clínicas fundamentadas em dados científicos e 
não em intuição. Isso é particularmente importante no tratamento da obesidade, 
uma condição crônica associada a várias comorbidades. A prevalência global da 
obesidade vem aumentando, e muitos recorrem a dietas "milagrosas" e terapias 
alternativas sem comprovação científica. O estudo aborda a prescrição de 
tratamentos sem embasamento robusto e discute a necessidade de maior 
regulamentação dessas práticas à luz da MBE. 
Metodologia 
 Foi realizada uma revisão sistemática de estudos disponíveis em bases científicas 
como PubMed e SciELO, abrangendo o período de 2010 a 2023. O foco foi em 
tratamentos alternativos para obesidade, como uso de ervas, HCG e suplementos 
como L-arginina. Foram selecionados 45 artigos, analisando sua validade científica 
e robustez, com atenção especial à presença de grupos de controle, aleatorização e 
reprodutibilidade dos resultados. 
Resultados e Discussão 
 Os resultados destacaram a persistência do uso de tratamentos sem base científica 
sólida, como chás de ervas e terapias hormonais. Embora algumas abordagens, 
como a dieta cetogênica, apresentem evidências preliminares de eficácia, muitas 
dessas práticas carecem de estudos rigorosos e apresentam riscos à saúde, como 
desequilíbrios hormonais e danos hepáticos. O uso de influenciadores digitais e o 
 
marketing de produtos sem embasamento científico ampliam a disseminação de 
práticas não seguras. 
Conclusão 
 A adoção de tratamentos alternativos sem respaldo científico representa um risco 
significativo para a saúde pública. É essencial que tanto profissionais quanto 
pacientes se baseiam em instruções comprovadas pela MBE, evitando práticas 
potencialmente perigosas. A educação em saúde e as orientações mais rigorosas 
são fundamentais para garantir tratamentos seguros e eficazes no manejo da 
obesidade. 
 
Palavras-chave: Emagrecimento. MBE. Dietas sem comprovação científica. 
 
 
1.Introdução 
 
 A medicina baseada em evidências (MBE) consolidou-se como um dos 
principais pilares da prática médica contemporânea, promovendo a integração entre 
as melhores evidências científicas, a experiência clínica e as preferências dos 
pacientes (Sackett et al., 2020). O objetivo central da MBE é aprimorar a qualidade 
dos cuidados de saúde, substituindo práticas tradicionais que muitas vezes se 
baseiam em intuição ou protocolos fixos, por abordagens fundamentadas em dados 
científicos atualizados e robustos. Isso é especialmente relevante em áreas críticas 
como oncologia, cardiologia, medicina intensiva e tratamento das doenças mais 
prevalentes, como a obesidade, nas quais as decisões devem ser precisas para 
garantir os melhores resultados clínicos e minimizar riscos (Medeiros et al., 2021). 
Atualmente, com a rápida evolução da prática médica, há uma necessidade 
crescente de tomar decisões ágeis e embasadas em informações confiáveis. Nesse 
cenário, a MBE desempenha um papel crucial, oferecendo uma base sólida para as 
decisões clínicas, em vez de confiar apenas na experiência individual ou em práticas 
consolidadas que podem estar desatualizadas (Santos et al., 2022). No Brasil, a 
adoção da MBE tem se expandido em hospitais universitários e instituições de 
saúde, promovendo a melhora dos resultados clínicos e a otimização dos recursos 
de saúde (Soares & Araujo, 2020). 
 A obesidade é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de 
gordura corporal, que resulta de uma combinação complexa de fatores genéticos, 
ambientais e comportamentais (Pi-Sunyer, 2009). Esse problema de saúde afeta 
milhões de pessoas em todo o mundo e está diretamente relacionado ao aumento 
do risco de doenças graves, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas e 
até certos tipos de câncer (World Health Organization, 2021). A crescente 
prevalência da obesidade, tanto globalmente quanto no Brasil, é um fator de grande 
preocupação para a saúde pública (Brasil, Ministério da Saúde, 2021). O tratamento 
ideal para a obesidade envolve mudanças no estilo de vida, incluindo uma 
alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos regulares, sempre com 
base em recomendações cientificamente comprovadas. No entanto, muitos 
pacientes acabam recorrendo a métodos alternativos, que prometem soluções 
rápidas, mas muitas vezes não são baseados em evidências robustas, o que pode 
colocar a saúde em risco (Gadde et al., 2018). 
 Um novo estudo divulgado pela Lancet, com dados de 2022, mostra que mais 
de um bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. A obesidade entre 
adultos mais do que dobrou desde 1990 e quadruplicou entre crianças e 
adolescentes (5 a 19 anos de idade). Os dados também mostram que 43% dos 
adultos estavam acima do peso em 2022. As doenças cardiovasculares (DCVs) são 
as principais causas de morte no mundo, e os principais fatores de risco são 
 
hipertensão arterial e fatores dietéticos (World Health Organization, 2020). 
Entretanto, nos últimos anos, outros fatores vêm exercendo um papel 
progressivamente maior no desenvolvimento das DCVs, o índice de massa corporal 
(IMC) elevado, elevação na glicemia de jejum e níveis séricos de LDL- colesterol, 
consumo de álcool e disfunção renal (GBD, 2019). 
 Dietas chamadas de “milagrosas” têm ganhado popularidade principalmente 
por prometerem uma rápida perda de peso com métodos simplificados. 
Abordagens como a dieta cetogênica, a dieta de Atkins e a dieta do jejum 
intermitente têm atraído a atenção do público e até mesmo de alguns 
profissionais da saúde, com promessas de perda significativa de gordura e outros 
benefícios metabólicos. Contudo, um estudo publicado na Journal of the Academy 
of Nutrition and Dietetics destacou que, apesar de algumas dessas dietas 
mostrarem resultados iniciais, a adesão a longo prazo é problemática e há riscos 
associados, como deficiências nutricionais e perda de massa muscular . 
 
Além das dietas, a utilização de compostos naturais é amplamente 
difundida no manejo da obesidade. Chás como o de hibisco e o chá verde, bem 
como medicamentos fitoterápicos como Garcinia cambogia e quitosana, são 
frequentemente utilizados com a promessa de acelerar o metabolismo, suprimir 
o apetite ou melhorar o metabolismo das gorduras. A Organização Mundial da 
Saúde (OMS) reconhece a relevância histórica e cultural do uso de plantas 
medicinais, mas alerta para a necessidade de comprovação de segurança e 
eficácia antes de seu uso clínico . Um levantamento publicado no BMC 
Complementary and Alternative Medicine observou que muitos desses compostos 
carecem de evidência clínica robusta, apresentando resultados heterogêneos e 
variações na composição química que comprometem sua eficácia e segurança 
.Um fator importante que impulsiona a utilização de dietas milagrosas e 
compostos naturais é a influência das redes sociais. Com a ascensão de 
plataformas como Instagram e TikTok, a disseminação de informações e 
produtos para perda de peso tornou-se mais rápida e acessível. Um estudo 
publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health 
mostrou que influenciadores digitais têm grande impacto na adoção de práticas 
de saúde pelos seguidores, independentemente da evidência científica que 
respalda suas recomendações . Em muitos casos, produtos como suplementos e 
chás são promovidos por celebridades ou influenciadores sem conhecimento 
técnico, gerando uma expectativa irreal sobre os resultadose contribuindo para 
um cenário de desinformação e riscos à saúde. 
 
Essa combinação de fatores culturais, tradição, e influência digital cria um 
terreno fértil para práticas inadequadas de prescrição de tratamentos para 
obesidade. A análise crítica dessas práticas, à luz da medicina baseada em 
evidências, revela a necessidade de maior regulamentação e conscientização, 
com ênfase na segurança e na eficácia dos tratamentos empregados. A adoção 
de condutas terapêuticas baseadas em evidências é fundamental para promover 
 
um manejo mais seguro e eficaz da obesidade, além de combater o uso 
indiscriminado de terapias ineficazes ou potencialmente prejudiciais. 
 Este artigo é particularmente relevante no cenário atual de saúde pública, 
pois analisa práticas amplamente aceitas, porém não validadas cientificamente, no 
manejo da obesidade. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde 
(OMS), a obesidade afeta aproximadamente 764 milhões de adultos em todo o 
mundo, representando cerca de 13% da população global adulta. No Brasil, 
estima-se que mais de 41 milhões de pessoas (cerca de 24% da população adulta) 
sejam obesas, conforme dados do Ministério da Saúde. A obesidade é considerada 
um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não 
transmissíveis, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, que são 
responsáveis por cerca de 4,7 milhões de mortes anuais (aproximadamente 8,4% do 
total de óbitos) em todo o mundo, segundo o Global Burden of Disease Study. Nesse 
contexto, a incorporação da Medicina Baseada em Evidências (MBE) no tratamento 
dessa condição é essencial para assegurar que os pacientes recebam intervenções 
terapêuticas eficazes e seguras, fundamentadas nos melhores dados científicos 
disponíveis, contribuindo para a melhora dos desfechos clínicos e a redução dos 
riscos associados a tratamentos sem eficácia comprovada. 
Trata-se de um estudo acerca de prescrições medicamentosas e 
tratamentos tidos como milagrosos para o tratamento da obesidade, sem 
entretanto possuírem evidências científicas fortes que comprovem sua eficácia. 
O estudo tem por justificativa auxiliar na prevenção da utilização destes 
tratamentos sem eficácia comprovada e que podem até mesmo se tornar um 
problema de saúde pública, já que a falta de comprovação científica de tais 
tratamentos podem trazer danos irreparáveis e até mesmo a morte de quem os 
utilizam. A pesquisa também tem implicações para a futura prática médica e, 
assim, busca beneficiar a saúde pública (Greenhalgh et al, 2014). 
 O objetivo deste artigo é realizar uma análise crítica sobre o uso de 
tratamentos alternativos para a obesidade, como chás de ervas, terapias hormonais 
com HCG, suplementos como L-arginina, e outras práticas que carecem de suporte 
científico. O estudo também discutirá o impacto dessas práticas na saúde dos 
pacientes e apresentará recomendações baseadas na MBE para a adoção de 
estratégias de tratamento mais eficazes e seguras. 
 
5.Metodologia 
A metodologia foi delineada com base em três etapas principais: a revisão 
sistemática da literatura, a seleção criteriosa dos estudos e a análise crítica dos 
dados obtidos. A seguir, detalham-se os procedimentos utilizados. 
 
5.1 LOCAL DE ESTUDO 
A pesquisa foi conduzida nas instalações da faculdade Estácio de Canindé, 
utilizando-se dos recursos disponíveis no ambiente acadêmico da mesma. O 
trabalho foi realizado aproveitando a infraestrutura e acervo bibliográfico para 
acesso, coleta e análise de dados científicos. Não houve deslocamento para outros 
ambientes externos, uma vez que o estudo foi focado em análises teóricas e de 
dados previamente disponíveis. 
5.2 COLETA DE DADOS 
Para a realização da revisão, as principais bases de dados científicas foram 
consultadas, incluindo: PubMed, SciElo, LILACS, Google Acadêmico e Scopus, com 
o objetivo de identificar tratamentos utilizados para obesidade que não condizem 
com a realidade da medicina baseada em evidências (MBE). Foram analisadas 
publicações entre os anos de 2010 e 2023. 
Critérios de inclusão: artigos que abordassem tratamentos para obesidade 
baseados em ervas como chá verde, caralluma fimbriata, Garcinia cambogia, HCG 
(gonadotrofina coriônica humana), suplementos como termogênicos e L-carnitina, 
ou práticas como terapia floral e acupuntura; estudos controlados randomizados, 
revisões sistemáticas e meta-análises que incluíssem resultados clínicos sobre a 
eficácia ou segurança dos tratamentos mencionados; trabalhos que utilizassem uma 
abordagem baseada em medicina baseada em evidências (MBE) para discutir os 
tratamentos. 
Critérios de exclusão: artigos de opinião ou relatos de casos isolados; estudos 
que não apresentassem dados científicos suficientes (excluídos aqueles com menos 
de 30 participantes ou que não relatassem desfechos clínicos claros, como 
mortalidade, tempo de sobrevida, taxa de recorrência da doença, melhora na 
qualidade de vida ou redução de sintomas específicos); ou que se concentrassem 
exclusivamente em terapias tradicionais e farmacológicas reconhecidas pela MBE, 
como o uso de orlistat e liraglutida; publicações sem revisão por pares ou sem 
resultados conclusivos sobre a eficácia e segurança das práticas investigadas. 
Após a aplicação desses critérios, foram identificados 45 artigos relevantes, 
sendo 23 sobre tratamentos com ervas, 10 relacionados ao uso de HCG, 7 sobre 
suplementos, e 5 sobre práticas alternativas como terapia floral e acupuntura. Os 
artigos selecionados foram publicados entre 2010 e 2023, com a maioria dos 
estudos localizados no período entre 2015 e 2022, refletindo o aumento de interesse 
na eficácia e segurança dessas intervenções, devido à crescente relevância do 
tema com o passar dos anos. 
 
 
5.3 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 
O processamento e a análise dos dados foram realizados de maneira 
sistemática, assegurando a precisão na avaliação dos estudos selecionados. Após a 
extração dos dados de 45 artigos relevantes, utilizou-se o software Microsoft Excel 
para organizar informações cruciais, como número de participantes, tipo de 
 
intervenção, duração do estudo e desfechos clínicos observados. Esses dados 
foram então estruturados em tabelas que permitiram uma visualização clara da 
robustez numérica dos estudos, incluindo a categorização dos artigos em relação à 
presença ou não de grupos controle e placebo. Além disso, foram verificados se os 
resultados provinham de estudos in vivo, in vitro ou de modelos experimentais. A 
análise revelou que 68% dos estudos não contavam com grupos controle ou 
placebo, o que suscita preocupações sobre a validade das conclusões 
apresentadas. 
Adicionalmente, a consistência dos 45 artigos foi avaliada, verificando a 
reprodutibilidade dos resultados em diferentes estudos. Essa análise incluiu 
comparações de dados sobre eficácia e segurança, garantindo que as conclusões 
fossem baseadas em evidências robustas, ou seja, aquelas que demonstram 
resultados consistentes e replicáveis em diferentes contextos e populações. A 
robustez dessas evidências é caracterizada por uma metodologia rigorosa, que 
inclui um tamanho amostral adequado, a utilização de grupos controle, a 
aleatorização dos participantes, e o uso de medidas de desfecho bem definidas e 
relevantes. Além disso, a inclusão de múltiplos estudos independentes com 
resultados semelhantes reforça a credibilidade das conclusões. Ao final do 
processamento e análise dos dados, os resultados qualitativos e quantitativos 
foram organizados em tabelas comparativas, destacando a robustez dos estudos, a 
presença ou ausência de grupos controle e a qualidade das evidências. Essa 
metodologia de análise crítica possibilitou uma compreensão abrangente da 
eficácia e segurança das práticas de prescrição de tratamentos para obesidade que 
carecem de suporte na MBE. 
 
 
 
 
 
6. Resultados e discussão 
 
A prescrição de tratamentos para a obesidade semrespaldo adequado em 
evidências científicas é uma prática ainda presente em diversos consultórios, 
especialmente no Brasil, onde terapias alternativas são frequentemente exploradas 
(Silva & Souza, 2022). Entre as práticas mais comuns estão o uso de chás de ervas 
com promessas de emagrecimento, terapia floral, harmonização hormonal com 
gonadotrofina coriônica humana (HCG) e suplementos como a L-arginina. Embora 
essas abordagens possam parecer atraentes por sua proposta natural ou por 
oferecerem resultados rápidos, a ausência de evidências científicas robustas sobre 
sua eficácia e segurança levanta preocupações. Isso é ainda mais problemático 
quando consideramos os princípios da medicina baseada em evidências (MBE), que 
prioriza o uso de tratamentos cientificamente comprovados (Santos et al., 2021). 
O uso de chás de ervas para emagrecimento é amplamente difundido, mas 
carece de fundamentação científica sólida. Ervas como o chá verde, hibisco, 
gengibre, carqueja, sene e cavalinha são comumente recomendadas para perda de 
peso. Embora algumas dessas plantas tenham propriedades diuréticas ou 
termogênicas, como o chá verde, que demonstrou aumentar a termogênese em 
estudos específicos (Zhu et al., 2021), a maioria dessas combinações carece de 
ensaios clínicos que comprovem sua eficácia na redução de peso sustentada ou 
seus riscos em longo prazo (Shara et al., 2020). A falta de padronização nas doses e 
na qualidade das ervas pode resultar em sérios efeitos adversos, incluindo danos 
hepáticos e desequilíbrios eletrolíticos (Silva et al., 2021). 
A terapia floral, inspirada nos princípios da homeopatia desenvolvidos por 
Edward Bach, é frequentemente sugerida como um método complementar para 
controlar o estresse e reduzir a compulsão alimentar, visando auxiliar na perda de 
peso. No entanto, uma revisão sistemática dos estudos sobre as essências florais 
concluiu que não há evidências suficientes para justificar o uso dessas terapias em 
qualquer condição médica, incluindo a obesidade (Ernst, 2020). Essa conclusão é 
reforçada por outros estudos que também apontam a falta de eficácia e segurança 
da terapia floral, como o trabalho de Goss et al. (2019), que revisaram a literatura e 
encontraram resultados inconclusivos sobre os benefícios das essências florais. 
Além disso, a pesquisa de Lee et al. (2021) destacou que a maioria dos estudos 
disponíveis apresenta limitações metodológicas significativas, como amostras 
pequenas e falta de grupos controle. A escassez de estudos clínicos que 
comprovem os benefícios da terapia floral sugere que ela é mais uma prática 
pseudocientífica, que se distancia das recomendações da Medicina Baseada em 
Evidências (Santos et al., 2021). 
 
Um dos tratamentos mais controversos é o uso da gonadotrofina coriônica 
humana (HCG) para perda de peso. Popularizada em dietas rápidas, essa prática 
sugere que a injeção de HCG, associada a uma dieta de baixas calorias, promove 
perda de gordura e reduz o apetite. No entanto, diversos estudos desmentem essas 
alegações, demonstrando que o HCG não tem impacto significativo na perda de 
gordura corporal ou na modulação do apetite (Ljungqvist et al., 2022). A FDA (Food 
and Drug Administration) dos Estados Unidos já emitiu alertas sobre o uso de HCG 
em dietas de emagrecimento, citando não apenas sua ineficácia, mas também os 
riscos à saúde, como desequilíbrios hormonais e problemas cardiovasculares (FDA, 
2022). 
A L-arginina, um aminoácido com propriedades vasodilatadoras, também é 
frequentemente promovida como um auxiliar na perda de peso. A justificativa é que 
a L-arginina poderia aumentar o fluxo sanguíneo, melhorar o desempenho físico e, 
como consequência, auxiliar na queima de gordura. Embora a L-arginina tenha 
mostrado benefícios em relação ao desempenho esportivo em alguns estudos 
(McKnight et al., 2023), não há evidências suficientes de que ela tenha um papel 
relevante na redução do peso corporal em indivíduos obesos. Além disso, o uso 
indiscriminado desse suplemento pode levar a efeitos colaterais, como hipotensão e 
complicações metabólicas, especialmente em indivíduos com doenças 
cardiovasculares preexistentes (McKnight et al., 2023). 
A dieta cetogênica e o uso de ácido linoleico conjugado (CLA) têm ganhado 
atenção como estratégias para a perda de peso e a melhoria do perfil metabólico. A 
dieta cetogênica, caracterizada por uma ingestão alta de gorduras e baixa de 
carboidratos, leva o corpo a um estado de cetose, onde a gordura é utilizada como 
principal fonte de energia. Estudos indicam que essa abordagem pode resultar em 
uma redução significativa da gordura corporal e na melhora de marcadores 
metabólicos, especialmente em indivíduos obesos (Paoli et al., 2021). Por outro 
lado, o CLA é um ácido graxo encontrado em produtos lácteos e carnes, 
frequentemente comercializado como um suplemento para a redução de gordura. 
Embora algumas investigações tenham sugerido que o CLA pode ajudar na perda de 
peso, os resultados são variados e indicam a necessidade de mais pesquisas para 
confirmar sua eficácia e segurança a longo prazo (Gaullier et al., 2007). Juntas, 
essas abordagens oferecem perspectivas interessantes, mas a individualização e a 
consideração de evidências científicas sólidas são essenciais para um 
planejamento alimentar eficaz. 
Outras práticas que não possuem suporte científico incluem a "dieta da lua", 
uma abordagem que sugere a sincronização de jejuns com as fases da lua para 
otimizar a perda de peso (Rafati et al., 2021). 
 
Apesar da crença popular de que as fases da lua influenciam a retenção de 
líquidos no corpo, até o momento, não há evidências científicas que demonstrem 
qualquer efeito relevante da lua sobre o metabolismo humano ou a perda de gordura 
(Rafati et al., 2021). Seguir essas práticas sem o devido acompanhamento de um 
profissional de saúde pode causar desequilíbrios nutricionais e trazer riscos à saúde 
(Johnson et al., 2020). 
Muitas dessas abordagens são promovidas por meio de testemunhos 
individuais e estratégias de marketing, distanciando-se dos princípios fundamentais 
da Medicina Baseada em Evidências (MBE), que preconiza tratamentos embasados 
em estudos científicos sólidos (Silva & Souza, 2022). No manejo da obesidade, uma 
condição multifatorial e de caráter crônico, é indispensável que as intervenções 
sejam submetidas a ensaios clínicos rigorosos para assegurar tanto a sua eficácia 
quanto a sua segurança (Smith & Brown, 2020). Confiar em métodos sem 
comprovação pode colocar os pacientes em risco e perpetuar uma abordagem 
inadequada e ineficaz para o tratamento da obesidade (Thompson et al., 2021). 
O uso de substâncias e terapias sem comprovação científica no tratamento 
da obesidade tem impactos profundos tanto na saúde pública quanto na economia. 
Essas práticas podem resultar em sérios problemas de saúde, como danos 
hepáticos, complicações cardiovasculares e desregulação hormonal, especialmente 
quando administradas sem a devida supervisão médica (Silva & Souza, 2022). O uso 
indiscriminado de produtos como HCG e suplementos para perda de peso também 
contribui para o aumento da demanda no sistema de saúde, elevando os custos 
com hospitalizações e tratamentos de complicações associadas ao uso inadequado 
dessas substâncias (FDA, 2022). No Brasil, estima-se que os custos relacionados ao 
manejo de complicações da obesidade e suas comorbidades, bem como 
intervenções ineficazes, ultrapassem bilhões de reais anualmente, pressionando o 
sistema de saúde público e privado (Monteiro et al., 2020). Esse cenário destaca a 
necessidade de políticas que promovam tratamentos baseados em evidências 
científicas, com o objetivo de proteger a saúde dos pacientes e reduzir os custos 
para o sistema de saúde (Oliveira et al., 2021). 
 
Substância/método Uso/indicação comum Evidência científica recente Dados que carecem para 
justificar o uso 
Ioimbina Queima de gordura, 
especialmente e, áreas 
resistentes 
Revisão de 2021 indicaefeitos modestos na 
redução de gordura, mas 
alerta para risco 
cardiovasculares (Kucio et 
at., 2021). Ensaios clínicos 
randomizados com 100 
Estudos maiores e de longo 
prazo para avaliar a 
segurança e eficácia. 
 
 
 
participantes; duplo-cego; 
grupo controle (Meyer et al., 
2022). 
L-carnitina Melhora do desempenho 
físico, perda de gordura 
Estudo de 2020 não 
encontrou efeitos 
significativos na perda de 
peso em indivíduos obesos 
(El-Kadi et al., 2020). Teste 
clínico com 50 pessoas; 
não randomizado; sem 
grupo controle (Morrison et 
al., 2023). 
Ensaios clínicos mais 
amplos em diferentes 
populações e condições. 
 
 
Aminofilina Cremes tópicos para 
redução de gordura 
localizada 
Estudo de 2019 indicou 
pequena redução de 
circunferência abdominal 
com creme de aminofilina, 
mas com efeitos mínimos e 
inconsistentes (Kushner et 
al., 2019). Estudo in vivo 
com 30 participantes; não 
randomizado; sem grupo 
controle (Johnson et al., 
2021). 
Estudos com grupos 
maiores e controle placebo 
para avaliar eficácia real. 
 
 
Crisina Aumento da testosterona e 
queima de gordura 
Estudo de 2021 concluiu 
que a crisina não possui 
efeito significativo na 
modulação hormonal ou 
queima de gordura em 
humanos (Neto et al., 
2021). Teste in vitro em 
células; sem ensaio clínico 
(Smith et al., 2020). 
Estudos clínicos robustos 
para confirmar efeitos 
hormonais e de 
emagrecimento. 
 
 
HCG (Gonadotrofina 
Coriônica Humana) 
Perda de peso rápida; 
suprimindo apetite 
Revisão de 2020 reafirma a 
falta de evidências de que 
HCG promova perda de 
peso além do efeito 
placebo. A FDA também 
não aprova seu uso para 
emagrecimento (Gerszberg 
et al., 2020). Estudo com 
200 participantes; 
duplo-cego; randomizado; 
grupo controle (Davis et al., 
2023). 
Estudos bem controlados e 
com ampla amostra para 
refutar ou corroborar os 
poucos estudos existentes. 
Dieta das Fases da Lua Perda de peso baseada 
nas fases lunares 
Não há evidência científica 
que comprove qualquer 
efeito das fases da lua no 
metabolismo ou na perda 
de gordura (Rafati et al., 
2021). Sem evidência 
científica sólida; prática não 
validada. 
Estudos que mostrem 
qualquer mecanismo 
fisiológico que conecte 
fases lunares ao 
metabolismo humano. 
 
 
 
Suplementos de Chá Verde Queima de gordura e 
aceleração do 
metabolismo 
Estudos recentes sugerem 
que o chá verde, rico em 
catequinas, pode aumentar 
ligeiramente a 
termogênese, mas com 
efeitos modestos na perda 
de peso (Hursel et al., 
2020). Ensaios clínicos 
randomizados com 80 
participantes; duplo-cego; 
grupo controle (Adams et 
al., 2022). 
Estudos de longo prazo 
para avaliar o impacto real 
no peso corporal e seus 
possíveis riscos à saúde. 
 
 
Dieta Cetogênica Perda de peso rápida 
através da restrição de 
carboidratos 
Estudos de 2021 mostram 
que a dieta cetogênica 
pode ser eficaz na perda de 
peso a curto prazo, mas há 
preocupações quanto aos 
efeitos colaterais e sua 
sustentabilidade a longo 
prazo (Bueno et al., 2021). 
Estudo com 150 
participantes; randomizado; 
grupo controle (Jones et al., 
2024). 
Estudos de longo prazo 
para avaliar riscos 
metabólicos e efeitos 
adversos associados ao 
uso prolongado. 
Suplementos de CLA (Ácido 
Linoleico Conjugado) 
Redução de gordura 
corporal e aumento de 
massa magra 
Revisão de 2020 mostra 
que o CLA tem efeitos 
modestos na redução da 
gordura corporal, mas com 
riscos potenciais para a 
saúde hepática e 
resistência à insulina 
(Whigham et al., 2020). 
Ensaios clínicos com 60 
pessoas; não randomizado; 
sem grupo controle (Taylor 
et al., 2023). 
Estudos que avaliem a 
segurança e eficácia em 
longo prazo, considerando 
os riscos hepáticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Conclusão/Considerações finais 
A avaliação das abordagens utilizadas no tratamento da obesidade destaca a 
importância de adotar métodos baseados na Medicina Baseada em Evidências 
 
(MBE). Com o aumento alarmante da obesidade, que está frequentemente 
associada a diversas comorbidades, é essencial implementar intervenções que não 
apenas ajudem na perda de peso, mas também assegurem a saúde dos pacientes. 
Embora muitas dietas populares e suplementos naturais sejam amplamente 
divulgados, muitos carecem de comprovação científica robusta e podem, na 
verdade, apresentar riscos à saúde. 
As informações disponíveis ressaltam a necessidade de adotar práticas sustentadas 
por pesquisas rigorosas e controladas, evitando terapias que podem ser atraentes, 
mas que oferecem pouca segurança. Tanto os profissionais de saúde quanto os 
pacientes devem estar cientes das limitações e potenciais perigos de intervenções 
que não são validadas. A promoção de uma comunicação clara e de uma educação 
em saúde é fundamental para que os pacientes possam tomar decisões informadas 
sobre suas opções de tratamento. 
Além disso, a influência das mídias sociais na divulgação de métodos sem respaldo 
científico enfatiza a necessidade de uma supervisão mais rigorosa neste setor. É 
vital que sejam implementadas políticas públicas que incentivem a educação em 
saúde e assegurem que apenas intervenções comprovadas e seguras sejam 
recomendadas. Ao adotar princípios científicos rigorosos e promover práticas 
baseadas em evidências, será possível abordar a crise da obesidade de maneira 
eficaz, garantindo a saúde da população e melhorando a utilização dos recursos no 
sistema de saúde. 
 
 
 
 
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