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Gestão de riscos Gestão de riscos e sua aplicação para a garantia da segurança do paciente. Prof.ª Fátima Cristina 1. Itens iniciais Propósito Utilizar a gestão de riscos como embasamento para a prática assistencial é fundamental para os profissionais da área de saúde, uma vez que garante e favorece práticas clínicas seguras, além de ajudar no controle e redução de incidentes em saúde. Preparação Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos um dicionário de termos técnicos em saúde para entender termos específicos da área. Objetivos Identificar os conceitos de gestão de riscos aplicados em serviços de saúde. Reconhecer os riscos corporativos nos serviços de saúde. Reconhecer as técnicas para identificar, avaliar e tratar riscos em serviços de saúde. Identificar barreiras de segurança e o acompanhamento de sua efetividade em serviços saúde. Introdução A gestão de riscos na área da saúde pode ser entendida como a gestão de sistemas, processos, informações clínicas e atividades administrativas empregados na detecção, monitoramento, avaliação, mitigação e prevenção de riscos. Ao estabelecer o gerenciamento de risco, os serviços de saúde garantem proativa e reativamente a segurança do paciente, além dos ativos da organização, sua reputação e imagem institucional perante a sociedade. A implantação do gerenciamento de riscos de saúde está focada, tradicionalmente, no importante papel da segurança do paciente e na redução de incidentes em saúde, que podem comprometer a capacidade de uma organização de cumprir sua missão institucional. O gerenciamento de riscos em saúde tornou-se mais complexo e cada vez mais necessário, especialmente por conta da expansão da utilização das tecnologias de saúde e, consequentemente, das preocupações com a segurança digital, além do avanço das ciências da saúde e a regulação da legislação. Por essas razões, os serviços de saúde estão expandindo seus programas de gerenciamento de risco indo além das reações aos eventos indesejáveis e passando a tomar ações proativas de gestão de riscos, ampliando suas ações para além dos chamados “riscos assistenciais”, focando em todo o ecossistema do serviço de saúde com a gestão dos riscos corporativos (GRC). O papel do gerente de risco de saúde vem evoluindo para essa nova estrutura de governança corporativa inserindo o foco de GRC. Seu papel principal é identificar os riscos indesejáveis de forma proativa, buscando neles seus possíveis benefícios e vantagens. Também desenvolvem planos de resposta em caso de materialização dos riscos executando planos de ação quando ocorrem eventos adversos e imprevistos. • • • • 1. Gestão de risco proativa e gestão de risco reativa Conceitos de gestão de risco A palavra risco tem origem na palavra risicu ou riscu, do latim, que significa ousar. Atualmente o termo risco é mais usado como sinônimo de possibilidade ou probabilidade de algo não dar certo ou dar errado. Entretanto, no contexto da gestão de risco, este conceito está atrelado à quantificação e qualificação da incerteza. Além disso, é possível encontrar correlação do termo risco, nessa área, com os termos “desafios” e “oportunidades”. A utilização do conceito de risco no contexto empresarial, bem como na saúde, requer a definição de possibilidades, tanto de ganhos, quanto de perdas, dependendo da área na qual a empresa atua, correlacionadas às causas de: Natureza externa Ambiente competitivo, regulatório, financeiro. Natureza interna Diferencial tecnológico, controles, capacitações, conduta. Assim, temos o modelo de gestão de risco corporativo (GRC), que consiste em um processo de gerir a tomada de decisão da alta administração, com foco no risco, visando reduzir os “riscos ruins” e aumentar os “riscos bons” para a empresa. Quando se trata de gerenciamento de riscos, podemos encontrar na literatura os termos “proativo” e “reativo” e isso pode ser confuso. Veremos a seguir algumas definições muito utilizadas nessa área do conhecimento, e que vão te ajudar a compreender que o gerenciamento de risco proativo e reativo são coisas diferentes. Estes conceitos são, geralmente, apropriações de outras áreas do conhecimento, que não a saúde, você também vai perceber que, identificar a diferença entre estes conceitos, é extremamente importante para o desenvolvimento de estratégias eficazes de controle de riscos. Gestão de risco e a segurança do paciente Segundo a OMS, a segurança do paciente é uma área que surgiu a partir da complexidade dos sistemas e serviços de saúde e, consequentemente, do aumento de danos indesejáveis causados aos pacientes nesses serviços. A ideia contida aqui é a prevenção e redução dos riscos, erros e danos que podem afetar os pacientes durante a prestação de cuidados em saúde. Para isso, o foco é a melhoria contínua dos processos em saúde, tendo como partida o aprendizado gerado com os incidentes ocorridos durante a prestação do cuidado. A segurança do paciente é fundamental para a qualidade dos serviços. De fato, a literatura específica desta área vem mostrando que, quanto maior a qualidade, menor o número de incidentes nos serviços de saúde. Mas, para que isso ocorra, é necessária a implantação de estratégias de gestão de riscos, com políticas claras, profissionais de saúde qualificados e efetivamente envolvidos nesta temática. A ANVISA descreve segurança do paciente como sendo a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. Desta forma, é através da gestão dos riscos nos serviços de saúde que se consegue alcançar a segurança do paciente. Para que você possa compreender melhor outros conceitos e termos abordados na gestão de risco aplicada na segurança do paciente, observe, a seguir alguns termos e suas definições: Termos e Definições em Gestão de Riscos Perigo Situação ou circunstância onde se encontra, sob ameaça, a existência ou a integridade de uma empresa, seus ativos, pessoas etc. Risco Possibilidade, ameaça; evento que pode vir a ocorrer, ao qual é possível associar uma probabilidade de ocorrência. Incerteza Evento futuro identificado, onde não se pode associar uma probabilidade de ocorrência. Materialização do risco Quando um risco se materializa, ou se pronuncia em um incidente ou evento. É quando a probabilidade de ocorrência acontece. Incidente Evento ou circunstância que gerou ou poderia ter gerado algum tipo de dano desnecessário. Incidente sem dano Incidente que atingiu o paciente, mas não promoveu dano. Evento adverso Incidente que promoveu dano ao paciente. Near miss Incidente que não alcançou o paciente. Evento sentinela Materialização inesperada de um incidente com resultado de morte ou perda grave e permanente de uma função do paciente. É entendido como um sinal de que a qualidade dos serviços prestados pode ter necessidade de melhoria, e que as estruturas e processos assistenciais estão causando ou aumentando o risco de dano aos pacientes. Never event É um termo em inglês, utilizado na gestão de risco, que quando associado à segurança do paciente tem o significado de dano grave ou morte do paciente. São eventos que nunca deveriam ocorrer. Circunstância notificável Incidente com potencial dano ou lesão que devem ser informados para o gerenciamento dos riscos. Comprar risco Termo utilizado quando a alta gestão da instituição decide manter a situação ou circunstância de um risco. Vender risco Termo utilizado quando uma instituição transfere a situação ou circunstância de risco para outra instituição. Minimização de riscos Ações adotadas para se reduzir a probabilidade da materialização de um incidente. Mitigar riscos Ações adotadas para reduzir os efeitos da materialização de um incidente. Risco inerente Nível do risco antes de quaisquer ações de minimização ou mitigação. Risco residual Nível do risco após ações de minimização ou mitigação. Grau de risco Escala numérica utilizada para avaliar a intensidade dos riscos. Tabela: Termos e definições em gestão de riscos. Fátima CristinaAlves de Araújo. Gestão de risco proativa O gerenciamento proativo de riscos tem por finalidade melhorar a capacidade de uma empresa em prevenir ou gerenciar os riscos existentes, a fim de evitar que se materializem em incidentes ou eventos. Esses riscos podem inclusive estar emergentes, ou seja, com grande possibilidade de materialização. O gerenciamento dos riscos, de forma proativa, é caracterizado pela forma como os riscos são avaliados, relatados e mitigados. Abrange a análise cuidadosa de cenários e processos para determinar prospectivamente os riscos e suas causas, e avaliar a probabilidade e o impacto, buscando priorizar ações de redução destes riscos e preparar um plano de contingência. Esta é uma forma eficaz de se antever os riscos aos quais uma organização possa estar vulnerável, entretanto, é preciso profissionais experientes para que seja realizada de forma mais eficiente. Saiba mais Este tipo de gerenciamento é preferencial, quando comparado ao gerenciamento de risco reativo, uma vez que evita que os incidentes aconteçam. Você pode identificar como característica desse gerenciamento a utilização de soluções criativas para problemas, a análise preditiva dos riscos e o foco nas causas dos riscos. Para que seja possível antevermos a materialização dos riscos, é preciso ter conhecimento de um conjunto de informações, atuais e futuras, sobre a instituição, com a finalidade de identificar riscos importantes antes que eles ocorram. Nesta forma de gerenciamento, vários cenários são cogitados e testados dentro da realidade da instituição com a finalidade de identificar as causas e consequências do risco, o que possibilita a aplicação da melhor estratégia para criar planos de ação, que tratem os riscos identificados ou reduzam a probabilidade de materialização e, assim, tornar seus níveis aceitáveis para a instituição. A gestão de risco proativa segue o seguinte caminho: Identificação do próprio risco Avaliação de seu impacto para a instituição Prospecção dos possíveis danos Causa da promoção desse risco Consequência de sua materialização Método de evitar esse risco Após as etapas de identificação e análise, o gerenciamento segue para a fase de elaboração de um plano de ação, que contenha a propagação e materialização dos riscos identificados e analisados como inaceitáveis na instituição. A etapa seguinte é a implementação desse plano e, consequentemente, o seu acompanhamento. No início da implementação das medidas de gestão de risco proativa nas instituições, observamos uma redução da materialização dos riscos em incidentes, e com isso, também uma redução das ações de gestão de risco reativa. • • • • • • Saiba mais Existem no mercado diversos softwares que auxiliam as atividades de gestão de risco. Porém, em praticamente todos eles, ainda é necessária a experiência dos profissionais para a identificação, análise e tratamento dos riscos. Podemos dizer, em gestão de riscos, que ações centralizadas favorecem e solidificam a cultura de risco em toda a empresa, de forma que é possível o uso de vias alternadas para auxiliar um bom processo de gestão de risco, como: Metodologias de gestão de risco variadas Automação de processos Inteligência artificial As atividades do gerenciamento do risco proativo também devem contar com uma cultura organizacional favorável. Transparência dos dados, inibição de fraudes ou roubos, colaboração e comunicação entre todos os envolvidos com a instituição, estímulo à criatividade para solução de problemas, decisões baseadas em dados, entre outras iniciativas. Mesmo utilizando ferramentas poderosas e com uma cultura favorável, você precisará de estratégias assertivas de gerenciamento dos riscos, sempre baseado na melhoria contínua. Para obtenção de estratégias eficazes, o gerenciamento de risco deve adotar algumas medidas importantes, como: Comunicação Abordar o diálogo amplo, constante e com total transparência em relação à exposição ao risco em todos os períodos da empresa. Colaboração Promover a contribuição e consulta entre os colaboradores da instituição no desenvolvimento dos planos de contingência para alcançar o risco em níveis aceitáveis. Conexão Manter uma conectividade com o planejamento estratégico da instituição. Educação Trabalhar a educação permanente/continuada para garantia da conformidade dos processos e estreita parceria com a gestão da qualidade. Gestão de risco reativa O gerenciamento de risco reativo é a capacidade de responder rapidamente à materialização de riscos em incidentes. De forma geral, é uma forma de abordar o risco baseada em resposta, ou seja, acontece após a ocorrência de um incidente ou evento adverso. Ao implementar uma prática de gerenciamento reativa ao risco, as instituições de saúde adquirem características importantes como a capacidade de mitigar consequências indesejadas, adaptabilidade e resiliência, rápida tomada de decisão, senso de trabalho colaborativo e cultura de segurança. As instituições podem ou não adotar uma gestão de risco reativa apropriada. O fato é que este modelo é considerado extremamente importante para qualquer instituição, e em qualquer nível de maturidade no controle de riscos. Saiba mais De acordo com a RDC 36/2013 da ANVISA, as instituições de saúde devem possuir políticas e procedimentos eficazes para relatar, investigar e avaliar todos os incidentes (como lesões, quase acidentes, danos e qualquer incidente em saúde). Estas políticas, denominadas pela resolução como plano de segurança do paciente, possuem o objetivo de garantir que ações corretivas e preventivas sejam criadas e implementadas nos serviços de saúde. O principal objetivo é prevenir a recorrência dos incidentes, identificando e lidando com suas causas. Estas ações do gerenciamento de risco, como o nome já diz, são reativos à materialização de algum incidente. Para isso, é necessária a adoção de procedimentos de investigação de incidentes, que devem: Instigar e revisar os procedimentos operacionais existentes (os processos e rotinas de trabalho). Contemplar a avaliação da possibilidade de novas ocorrências da materialização do risco. Determinar a implementação de barreiras de segurança. Propor a execução de treinamento para assegurar que quaisquer falhas sejam corrigidas. • • • • Procedimentos devem ser desenvolvidos e implementados para relatar incidentes à gestão da instituição a fim de garantir o monitoramento e controle dos riscos, o que é estipulado pela RDC 36/2013 como a obrigatoriedade de que os serviços de saúde estabeleçam setores denominados de núcleos de segurança do paciente. É necessário informar aos funcionários e, possivelmente, aos pacientes, acompanhantes e familiares, para garantir que haja a conscientização e aprendizado com os incidentes. Os núcleos de segurança do paciente trabalham o risco reativo mediante informações que os incentivam a iniciar uma análise de risco reativa. Essas informações podem ser obtidas a partir de notificações ou relatórios de incidentes, investigação de incidentes anteriores, análise dos incidentes, relatórios de saúde ocupacional, investigação de saúde ocupacional, relatórios gerenciais e revisões de avaliações de risco e aquelas realizadas após qualquer incidente. Comentário Ao contrário da gestão de risco proativa, cabe ao gerenciamento de risco reativo lidar com problemas, acidentes e incidentes depois que eles acontecem, ou seja, já é tarde demais para contê-los, mas não para entendê-los e evitar que ocorram novamente. As medidas de gestão de risco reativas tratam de corrigir a propagação das falhas. Como, nas medidas reativas, se age depois que os processos deram errado, é necessário que a organização esteja preparada para agir rapidamente, de forma que o trabalho possa continuar e as pessoas entendam que não existe probabilidade de recorrência. Este entendimento também se faz necessário aos colaboradores externos e usuários dos serviços de saúde. Um ponto de vista bastante interessante é que as medidasde gestão de risco reativas são, muitas vezes, mais caras que as proativas. E por que isso acontece? Isso se justifica pois, uma vez que o evento se materialize em danos, além dos gastos com a prevenção de novos incidentes parecidos, há também os gastos com a reversão do dano e da imagem institucional. A gestão de risco reativa pode favorecer, em muitos aspectos, o estabelecimento de ações mais seguras nos serviços de saúde. Entretanto, não basta apenas a investigação do incidente e implementação de barreiras de segurança. É importante que a alta gestão da instituição direcione seus esforços para a formação em fatores humanos, contemplando treinamentos de gerenciamento de risco para todos os colaboradores, treinamento para tomadas de decisão, fornecimento de informações aos funcionários, estabelecimento de cultura justa, além de priorização na construção de uma cultura de segurança na instituição. O que precisamos saber sobre a gestão de risco? Neste vídeo, a especialista será entrevistada acerca dos principais pontos abordados no módulo. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Agora que já temos uma maior noção a respeito das diferenças entre gestão de risco proativa e reativa, vamos praticar! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Conceitos de gestão de risco Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Gestão de risco proativa e reativa Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Os serviços de saúde são instituições complexas, que apresentam constantes falhas em seus processos. Essas falhas corroboram para os riscos nesses serviços, podendo se materializar em eventos adversos prejudiciais aos pacientes, podendo até mesmo levar a morte. Para se evitar esses eventos, a gestão de risco atua para garantir a segurança do paciente. Mediante ao exposto, assinale a alternativa que representa uma forma de atuação da gestão de risco aplicada antes de os riscos se pronunciarem em incidentes: A Gestão de risco proativa. B Gestão de risco corporativo. C Gestão de risco reativa. D Gestão de risco financeira. E Gestão de risco estratégica. A alternativa A está correta. Nos serviços de saúde e em outras instituições, o grande objetivo da gestão de risco é evitar que os incidentes aconteçam. Para isso, a melhor forma de se atuar é proativamente, agindo antes que os incidentes se materializem, o que é conhecido como gestão de risco proativa. Questão 2 Devido à característica complexa das atividades de assistência em saúde, é comum que ocorram incidentes ou eventos adversos que atingem os pacientes nos serviços de saúde. É preciso controlar esses riscos, para evitar que se ocorram novamente e continuem atingindo os pacientes. A forma de se atuar na gestão de risco, posteriormente ao surgimento de um incidente ou evento adverso é denominada de A gestão de risco reativa. B gestão de risco proativa. C gestão de risco financeiro. D gestão de risco corporativo. E gestão de risco operacional. A alternativa A está correta. A gestão de risco reativa é aquela que atua posteriormente a materialização dos incidentes nas instituições. Estabelecendo barreiras de segurança que modificam os processos, evitando o ressurgimento do incidente. 2. Riscos corporativos (estratégico, financeiro e operacional) Gestão de riscos corporativos (GRC) e riscos estratégicos Quando uma instituição de saúde adota um modelo de gestão de risco corporativo (GRC), isso permite que a direção e demais gestores da instituição lidem de forma eficiente com os riscos e as incertezas. Para muito além do que a literatura chama de riscos clínicos e não clínicos, a GRC possibilita a preservação e aumento do valor da instituição, mediante a minimização da probabilidade ou impacto de eventos de perda. Além disso, promove maior transparência e melhora os padrões de governança, mediante o posicionamento da administração e da cultura organizacional estabelecida. O risco estratégico pode ser entendido como a probabilidade de um evento interferir no modelo de negócios de uma empresa. Devemos entender aqui modelo de negócio como sendo a forma como uma instituição cria, captura e entrega valor. Esse tipo de risco prejudica a proposta de valor da organização, afeta a imagem institucional e afasta usuários e pacientes. Exemplo Se a proposta de um serviço de saúde é de entregar um serviço de qualidade e os pacientes que se internam nesta unidade de saúde sofrem algum dano, sua proposta de valor é destruída e sua imagem institucional fica abalada. Vários fatores podem afetar a instituição, e podem ser considerados riscos estratégicos como: um atendimento malsucedido; a falta de medicamentos; um concorrente com serviços melhores; a formação de monopólios no mercado de insumos; o uso de técnicas e atendimentos obsoletos; as políticas públicas e tributárias; a escassez de mão-de-obra. Os tipos de riscos estratégicos variam conforme a empresa, já que sofrem influência de fatores como geografia, setor, tipo de produto e relações com os colaboradores. Um gestor de risco deve desenvolver um processo organizado, buscando minimizar o impacto dos riscos estratégicos na instituição. Sendo a principal atividade do gestor, a identificação dos riscos estratégicos que mais podem impactar negativamente a instituição, e consequentemente atribuir uma probabilidade e o impacto para cada um deles. A prioridade das ações deve focar nos riscos de alta probabilidade e alto impacto. Com isso, podem ser realizadas estratégias para conter esses riscos, atribuindo responsabilidades para cada integrante do processo. Posteriormente, precisa ser realizado o acompanhamento das ações para verificar se o que foi proposto está sendo eficaz na contenção dos riscos. • • • • • • • O risco estratégico é como podemos categorizar o risco, juntamente com outros tipos como os operacionais, financeiros, entre outros, e faz parte do guarda-chuva de riscos de uma instituição, chamados riscos corporativos. Estes riscos podem ser categorizados de acordo com sua natureza e origem, conforme demonstramos na matriz a seguir: Matriz de categorização de risco. Como você viu, os riscos estratégicos são aqueles que de alguma forma ameaçam a capacidade da instituição de colocar em prática no mercado sua estratégia. Você encontrará na literatura diversos tipos de riscos estratégicos. São eles: 1 Competitivo É possível que uma instituição concorrente se destaque por ofertar melhores condições de atendimento, tecnologia ou oferta de serviços. 2 Regulatório ou legal A área da saúde é amplamente regulada por órgãos de fiscalização e constantes mudanças na legislação. É importante atentar para essas regulações, de forma que se possa dar continuidade a oferta de serviços. 3 Reputacional A imagem de uma instituição, atualmente, diz tudo sobre ela. Com os atuais meios de comunicação e as redes sociais, podem facilmente ocorrer prejuízos à reputação de uma instituição, caso isso não seja visto com cuidado. 4 Político As políticas públicas influenciam bastante como as instituições se comportam. Quando falamos de instituições de saúde, temos um maior incremento da sensibilidade às políticas públicas de saúde e programas de saúde. 5Econômico A economia doméstica e a macroeconomia afetam a estratégia de uma instituição de saúde, principalmente no que diz respeito à viabilidade de sua implantação. Muitas vezes, variações no câmbio impactam negativamente a estratégia de um serviço de saúde, pois a grande maioria dos insumos e equipamentos utilizados nessa área são importados e sensíveis ao câmbio. 6 Ambiental Não é de hoje que as questões ambientais afetam as organizações. Na área de saúde não é diferente. A legislação ambiental no nosso país é bastante rigorosa, e as instituições de saúde devem se preocupar com o gerenciamento de seus resíduos, bem como outras questõesambientais que impactam, inclusive, nas questões de saúde da população. 7 Tecnológico As tecnologias em saúde fazem parte de grande despesa quando se trata de assistência em saúde. Medicamentos, reagentes, equipamentos e softwares em saúde são cada vez mais complexos e caros, e vem crescendo a dependência dessas novas tecnologias para as ações em saúde. 8 Social A sociedade tem, cada vez mais, buscado o acesso à informação, que está cada vez mais facilitado. Assim, os interesses da instituição devem estar alinhados com o que a sociedade espera para que não haja dissonância e, consequentemente, perdas para a instituição. Riscos financeiros em serviços de saúde Os recursos de uma instituição podem ser afetados por certos riscos financeiros, com potencial de gerar perdas repentinas suficientes para prejudicar o cumprimento de suas obrigações financeiras. Esses riscos podem incluir negativas de financiadores, redução de orçamentos, má gestão e até mesmo investimentos inadequados. Quando fazemos análise do risco financeiro, percebemos que este pode ser visto por diferentes ângulos. Basear as tomadas de decisões com foco nesses riscos pode definir a sobrevivência da instituição. Os riscos financeiros são aqueles que impactam o fluxo de caixa da instituição e como o dinheiro é gerenciado. Podemos identificar alguns tipos de riscos financeiros, conforme apresentamos a seguir: Risco de mercado Risco relacionado ao ambiente onde o negócio é realizado, à maneira como é afetada a instituição mediante a forma como os negócios são realizados. Risco de crédito Risco associado ao não pagamento daquilo que é devido à instituição. Risco de liquidez Risco relacionado à possibilidade de impacto negativo mediante a velocidade em que a instituição transforma seus ativos em dinheiro. Risco operacional Risco relacionado à má gestão, problemas técnicos, fraudes e falhas no modelo de negócio. Risco cambial Risco que diz respeito à alterações desfavoráveis entre a taxa de câmbio da moeda ao qual se trabalha no cotidiano da empresa e a moeda a qual a empresa faz transações, como compras internacionais. O risco financeiro está presente em todas as instituições, sendo elas da área de saúde ou não, e a forma mais adequada de se gerenciar esses riscos pode variar de acordo com cada instituição. Um bom gerenciamento para esses riscos pode favorecer as instituições, dependendo do nível do apetite ao risco adotado por cada empresa, uma vez que este apetite pode favorecer grandes ganhos para as instituições, mas também pode levar a perdas financeiras. Como nos demais tipos de riscos, é preciso identificar, analisar, tratar e acompanhar os riscos financeiros. A maneira como isso acontece depende da materialização ou não de um incidente sendo, na grande maioria das vezes, realizada de maneira proativa. Já vimos que todas as empresas estão sujeitas a riscos financeiros. Entretanto, existe uma grande diferença na forma como as instituições financeiras e as não financeiras (incluindo as da saúde) lidam com esse tipo de risco. Como por exemplo: Bancos e fundos de investimento Os riscos de crédito e de mercado são reconhecidos internacionalmente como riscos de retorno e são priorizados por estas instituições, sendo considerados riscos que valem ser perseguidos, ao passo que os riscos operacionais são considerados riscos que devem ser evitados. Instituições não financeiras Como os hospitais, geralmente essa importância está invertida. Os riscos operacionais são priorizados, à medida que os riscos de crédito e de mercado são considerados secundários. As finanças corporativas e a gestão financeira das instituições são preocupações da gestão de risco financeira, e estão geralmente voltadas ao risco do negócio. Em muitas instituições, os gerentes de risco direcionam o foco para a formulação da estratégia da instituição, ou seja, a escolha de quais riscos assumir, por exemplo, quando farão o aporte dos escassos recursos financeiros, uma importante ferramenta para a administração. Os riscos operacionais em serviços de saúde A direção de uma organização pode adotar duas perspectivas sobre o risco: aceitar os riscos ou trata-los. Vamos a um exemplo: Em uma situação de risco de incêndio por conta de instalações elétricas inadequadas, a empresa pode seguir com suas operações, sem realizar nenhum ajuste em sua estrutura elétrica ou pode decidir por realizar reparos para uma condição mais segura. Neste sentido, a gestão de risco operacional tem uma maior predileção ao tratamento dos riscos, uma vez que, principalmente na área da saúde, os processos de cuidado são extremamente regulamentados Os riscos operacionais são definidos como perdas resultantes dos processos operacionais de trabalho, pessoas, sistemas e eventos internos e externos e que podem paralisar as operações de negócio. Como exemplo em serviços de saúde, podemos citar os incidentes como falhas no processo assistencial, falhas de profissionais, dos insumos ou em equipamentos e instalações, que podem afetar direta ou indiretamente as finanças, a imagem e a estratégia institucional. Curiosidade O risco operacional pode refletir-se na operação de uma organização, mas também no gerenciamento de processos gerenciais para implementar, treinar e aplicar políticas. Isso pode ser entendido como efeito cascata, onde os incidentes e falhas de controle, em maior e menor grau, se desdobram em uma maior materialização do risco, o que pode levar a uma falha organizacional e provocar resultados catastróficos. Devido às suas características, o risco operacional compõe o risco corporativo, juntamente com o risco estratégico e financeiro e está presente em todas as instituições e todos os processos de trabalho. O objetivo esperado, ao fazermos o gerenciamento deste risco é reduzir os impactos na organização e responsabilizar os funcionários que os causam. Entretanto, quando falamos de serviços de saúde, alguns aspectos deste gerenciamento sofrem mudanças. Em serviços de saúde, a gestão de riscos operacionais é focada em evitar danos aos usuários ou pacientes, em detrimento aos danos causados à organização. Isso porque o impacto pode se pronunciar em morte de pacientes ou perda permanente de suas funções. Um outro ponto também diz respeito à responsabilização. Em serviços de saúde, a implementação de programas de segurança do paciente estabelece uma predileção da cultura justa em detrimento da culpabilidade. Essa cultura justa diz respeito à não culpabilização dos profissionais por falhas não intencionais. E aqui, perceba o uso da palavra falha ao invés de erro pois, na cultura justa, a palavra “erro” deve ser evitada, por já denotar uma certa culpabilização em seu uso. Então você deve estar se perguntando: Nos programas de segurança do paciente posso cometer erros à vontade, prejudicar os pacientes e não podem me culpar por isso? Não é bem assim. Anteriormente, vimos que os riscos operacionais envolvem pessoas, insumos, equipamentos, instalações e tudo que compõe o processo de trabalho. Nos processos de trabalhos inseguros, os profissionais podem ser induzidos ao erro, ou melhor, a falhas. O que caracteriza esses profissionais como segundas vítimas de um processo mal desenhado ou mal gerenciado. Mas para que serve o gerenciamento do risco operacional se não vai punir as pessoas? O gerenciamento desse tipo de risco está preocupado em evitar que as falhas do processo operacional afetem os pacientes, seus familiares e acompanhantes, além da instituição. A cultura justa recomenda punição em casos que envolvem imperícia, imprudência e negligência dos profissionais. E nesses casos, as ações punitivas devem ser direcionadas às instâncias da instituição responsáveis por tratar esses assuntos. Como é o caso dos comitês de ética. A efetivação de uma estrutura de controle dos riscos operacionais, seja ela formal e única, como os núcleos de segurança do paciente, ou de outras diversas instâncias que, de alguma forma, contribuem com o gerenciamento dos riscos operacionais,auxiliam na concepção dos processos seguros. Estas instâncias podem ser: Os serviços de controle de infecção hospitalar; A gerência de resíduos; A segurança do trabalho; Saúde do trabalhador; CIPA; Gestão da qualidade. Uma abordagem que ajuda a organizar os riscos operacionais e, consequentemente, seu gerenciamento é subdividi-los em categorias como riscos de pessoas, riscos de tecnologia e riscos regulatórios. Na literatura da saúde você encontrará a divisão em riscos clínicos e riscos não clínicos. Riscos clínicos Têm relação com a natureza do serviço ofertado. Por exemplo, um paciente pode receber um medicamento errado durante sua internação. Riscos não clínicos Não têm relação com a natureza do serviço ofertado. Por exemplo, o prédio do serviço de saúde pode pegar fogo. É importante lembrar que apesar dessa diferenciação, todos representam riscos operacionais. Entendendo o risco corporativo Neste vídeo, a especialista será entrevistada acerca dos principais pontos abordados no módulo. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Risco estratégico Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. • • • • • • Risco financeiro Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Risco operacional Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 As instituições devem adotar ações de gerenciamento dos riscos que possam abranger todas as áreas da organização e que visam proteger as instituições de perdas ou que elas possam se beneficiar de oportunidades. Essas ações são conhecidas como gestão de riscos corporativos e são divididos em três tipos, de acordo com sua natureza. Assinale a alternativa que corresponde os três tipos de riscos corporativos: A Estratégico, financeiro e operacional. B Estratégico, operacional e tecnológico. C Social, estratégico e operacional. D Estratégico, interno e externo. E Externo, interno e operacional. A alternativa A está correta. Os riscos corporativos podem ser divididos basicamente em estratégico, financeiro e operacional, de acordo com sua natureza, podendo ter origem interna ou externa à instituição. Questão 2 Os riscos corporativos devem ser gerenciados com o intuito de manter as instituições saudáveis. Independentemente de sua área de atuação, a instituição apresentará riscos corporativos. Na classificação dos riscos nos serviços de saúde, é comum encontrarmos na literatura as classificações de riscos clínicos e não clínicos. Assinale a alternativa que representa a classificação de risco corporativo na qual estão inseridos os riscos clínicos e não clínicos: A Financeiro B Estratégico C Operacional D Interno E Externo A alternativa C está correta. Os riscos clínicos e não clínicos é como são classificados os riscos operacionais, uma vez que estão envolvidos com os processos de trabalho nos serviços de saúde. 3. Métodos de identificação, avaliação e tratamento de risco Ferramentas e técnicas para identificação do risco Para o gerenciamento dos riscos utilizamos ferramentas e técnicas para facilitar e estabelecer uma metodologia ao controlar o risco em uma instituição e que auxiliam na identificação, avaliação, redução ou mitigação desses riscos, para que eles não causem impacto negativo nessa organização. As ferramentas adotadas podem ser utilizadas de forma isolada ou em combinação para facilitar o gerenciamento. A identificação é uma das etapas mais importantes do gerenciamento de risco. Uma das grandes falhas nesta área é justamente a de não conseguir identificar os riscos corretamente, o que permite que os incidentes e eventos adversos continuem ocorrendo na instituição. Cabe ao gerente de risco utilizar métodos, técnicas ou ferramentas para uma busca detalhada dos riscos, favorecendo uma visão ampliada das circunstâncias para a identificação dos riscos. Curiosidade Para muitos autores, a identificação do risco é uma etapa que só faz sentido na gestão proativa de riscos, uma vez que, na gestão de risco reativa, o ponto inicial, que é a materialização do risco em um evento, já serve de identificação de que a instituição está passível ao risco que se pronunciou. A literatura não faz muita distinção entre ferramentas, técnicas e métodos. Entretanto, é possível observas algumas ditas como ferramentas da qualidade, e chamadas como ferramentas ou técnicas de gestão de risco. Quanto ao método, a literatura se refere mais entre reativo e proativo. A seguir, apresentamos as principais ferramentas da qualidade: Fluxograma É utilizado para uma representação sequencial das atividades de um processo em uma instituição. Diagrama de Ishikawa É utilizado para o agrupamento e sequenciamento de fatores contribuintes ou de uma causa raiz de um incidente ou problema. Diagrama de Pareto É utilizado para a priorização de fatores contribuintes envolvidos em um incidente. Diagrama de dispersão É utilizado para o estabelecimento de uma correlação causal entre os supostos fatores contribuintes com o incidente. Lista de verificação É utilizada para a observação de que as atividades de uma etapa anterior do processo foi ou não corretamente ou totalmente realizada. Carta de verificação É utilizada para a conferência de parâmetros preestabelecidos estão dentro dos valores de referência. A tabela a seguir apresenta as principais técnicas de gerenciamento de risco e as etapas onde podem ser utilizadas: Ferramenta Etapa do Gerenciamento do Risco Identificação Avaliação Tratamento Brainstorm X Entrevistas X Delphi X Análise Preliminar de Perigo X X X Estudo de Perigo e Operabilidade (HAZOP) X X X Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle X X X Avaliação de Risco Ambiental X X X Análise de Cenário X X X What If X X X Análise de Modo de Falha e Efeito (FMEA) X X X Análise de Causa Raiz (ACR) X X Protocolo de Londres X X Tabela: Técnicas de gerenciamento de risco. Fátima Cristina Alves de Araújo. Apesar de haver diversas ferramentas e técnicas, o que na prática acaba acontecendo é a escolha de uma delas para uso de rotina, e as demais acabam sendo utilizadas de forma secundária ou de forma a apoiar a ferramenta de primeira escolha. Apresentamos como exemplo a utilização de uma ferramenta para o gerenciamento de risco proativo. Lembrando que, aqui, o foco é tentarmos atuar antes de um incidente ocorrer e, para isso, precisaremos de uma ferramenta capaz de identificar, avaliar e tratar os riscos da instituição. Uma das ferramentas bastante utilizadas é o HAZOP (Hazard and Operability Study), que se trata da utilização de uma tabela, que vai sendo preenchida conforme a condução do investigador, com o intuito de identificar, avaliar e propor tratamento ou barreiras para os riscos identificados. Veja: HAZOP UNIDADE: HAZOP ÁREA: DATA: PROCESSO: Uso de Medicamentos no Serviço de Saúde OBSERVAÇÃO: Nº Palavra- Chave Risco (Perigo / Desvio) Causa Consequência Detecção Recomendação Ação 1 Processo Dispensação de medicamento errado Prescrição manual Paciente pode sofrer danos graves ou até mesmo morte Dupla checagem da prescrição dos medicamentos Uso de prescrição eletrônica Contactar a enfermagem e/ou pacientes para a troca pelo medicamento correto 2 Rotina 3 Treinamento 4 5 Tabela: HAZOP. Fátima Cristina Alves de Araújo. Nesta tabela, o investigador ou gerente de risco seleciona uma equipe de especialistas que possuem conhecimento sobre o processo a ser analisado. Ele começa explicando o processo em questão e parte para a etapa de identificação, através de um brainstorm, onde palavras-chaves são inseridas pelo investigador para facilitar a identificação de possíveis riscos pelos demais membros do grupo. Na próxima etapa, o condutor da ferramenta solicita que o grupodescreva as causas que podem promover a materialização desses riscos e suas prováveis consequências, caso ocorram. Em seguida, questiona ao grupo como é feita a detecção de que o risco vai se materializar e qual seria a recomendação a ser executada nestes casos. Por fim, o condutor questiona ao grupo quais ações deverão ser tomadas caso o risco se materialize. Avaliação do risco: como e por que avaliar o risco? A avaliação de risco pode ser descrita como sendo a identificação do tamanho do impacto negativo dos riscos para as atividades de uma organização, bem como a sua probabilidade de ocorrência. Essas avaliações auxiliam na tomada de decisão sobre quais riscos devemos priorizar e em que ordem devem ser tratados. Atenção Para que a avaliação dos riscos possa ser realizada de forma consistente e objetiva, é necessário seguir alguns passos. A má avaliação dos riscos pode ocasionar o direcionamento de esforços para o tratamento de riscos que não, necessariamente, seriam os prioritários. Para se determinar a priorização dos riscos, utilizamos a matriz de risco, que correlaciona a frequência de ocorrência do incidente com o impacto causado por ele. Nessa matriz, tanto a frequência como o impacto ganham valores numéricos, que são multiplicados (frequência x impacto), gerando o que chamamos de grau de risco. Segundo a Norma ISO 31.000, o grau de risco é uma escala numérica que indica a intensidade do risco que vai desde muito baixo a muito alto. Matriz de risco. Adaptada de ABNT, 2012. Para que possamos atribuir gradação à frequência dos incidentes, utilizamos os critérios a seguir: Valor Frequência Descrição 1 Muito baixa Muito improvável de acontecer 2 Baixa Improvável de ocorrer 3 Moderada Ocorre ocasionalmente 4 Alta Provável de ocorrer 5 Muito alta Ocorre frequentemente Tabela: Gradação de frequência de incidentes. ABNT, 2012. O impacto também deve ser graduado para o lançamento do valor na matriz de risco. E como isso pode ser feito? Este impacto deve ser pensado considerando o quanto a materialização do incidente pode se reverter em perdas ou ganhos para a instituição. Entretanto, quando se trata de instituições de saúde, o impacto deve preferencialmente ser avaliado com foco no paciente, conforme a indicação a seguir: Muito Alto Alto Moderado Baixo Muito Baixo 5 4 3 2 1 Consequências genéricas (aplicáveis a todos os serviços de saúde) Morte ou perda permanente ou grave da função que está relacionado com o processo de cuidados de saúde e difere do resultado esperado Grave perda temporária da função que está relacionado com o processo de cuidados de saúde e difere do resultado esperado Grande perda Temporária ou moderada perda permanente da função que está relacionado com o processo de cuidados de saúde e difere do resultado esperado Moderada perda temporária ou pequena perda permanente da função que está relacionado com o processo de cuidados de saúde e difere do resultado Pequena perda temporária da função que está relacionado com o processo de cuidados de saúde e difere do resultado esperado Tabela: Gradação de impacto de incidentes. Adaptada de newzealand.govt.nz, 2017. Com base nos riscos identificados e com o grau já estabelecido, um conjunto desses riscos pode ser agrupado em uma determinada categoria. Uma ferramenta muito utilizada para isso é o diagrama de Ishikawa, também conhecido como “espinha de peixe”. Esse diagrama favorece a disposição das sequências de causas em um grupo conhecido como 6M (método, mão-de-obra, meio ambiente, máquina, material e medição), facilitando a visualização em uma representação gráfica daquelas áreas que, possivelmente, deverão sofrer intervenções com a implantação de uma barreira de segurança. Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe. Tratamento do risco: é possível tratar o risco? É um consenso na literatura a definição de tratamento de risco como o processo de selecionar e implementar ações para modificar o risco. A descrição de um plano de tratamento é importante para o detalhamento de todos os aspectos a serem considerados. Este plano deve ser abrangente e munido de todas as informações necessárias para a tomada de decisão da alta gestão da instituição. Entretanto, a aprovação de um plano pela alta gestão não garante sua implementação ou que seja implementado de forma eficaz. É preciso o apoio de todas as partes envolvidas para que o processo seja efetivamente implementado, e os planos devem de fato ser eficazes, ou seja, devem evitar que os riscos se materializem. Curiosidade Propostas de ações eficazes, seguem preceitos como, por exemplo, os descritos na teoria da normalidade dos incidentes, de Charles Perrow. Essa teoria descreve que, em instituições complexas, há uma normalidade em ocorrer incidentes ou falhas. E quando pensamos em atividades em saúde, devemos considerar que se encontram entre as atividades mais complexas. Seguindo nesse mesmo pensamento, um outro autor, James Reason, desenvolve a teoria da latência das falhas, ou como é conhecida amplamente, a teoria do queijo suíço. O autor, parte do proposto por Perrow, complementando a ideia de que nos sistemas complexos, existem falhas latentes, que devido a condições favoráveis se propagam pelo processo de trabalho, se pronunciando ou se materializando em um incidente. Modelo de barreira de falhas. Vamos ver um exemplo desta prática na área da saúde? A complexidade no processo de utilização de medicamentos pode levar a diversos incidentes. Quando analisamos este processo, podemos pensar nas etapas e nas barreiras do queijo suíço. 1 1ª barreira do queijo suíço O processo se inicia com a prescrição médica, e este profissional deve ter o cuidado de prescrever corretamente. Se o médico prescrever o medicamento acima da dose máxima diária permitida (1º furo na barreira), essa falha se propaga até a farmácia. 2 2º barreira do queijo suíço Se o farmacêutico não faz a revisão e ajuste da prescrição, ele dispensa o medicamento com dose inadequada (2º furo). 3 3º barreira do queijo suíço Os medicamentos chegam à enfermagem com a propagação da falha, e se esta não for detectada, o medicamento é administrado no paciente (3º furo). 4 4º furo na barreira do queijo suíço Por sua vez, como os pacientes não possuem o costume de conferir e participar do processo de segurança no cuidado, o medicamento pode ser administrado inadequadamente e isso gerar o evento adverso. Com base nas teorias apresentadas é preciso propor planos de ação para os riscos com maior grau. Com isso, é importante selecionarmos estratégias e barreiras de segurança que sejam de alto impacto para barrar a propagação das falhas e de baixo esforço para sua implantação. De forma geral, a literatura considera que barreiras dependentes da ação humana são fracas e barreiras que independem da ação humana são fortes. Contudo, o uso de instrumentos como a matriz GUT, pode favorecer a escolha das melhores estratégias. Esta matriz é utilizada para identificar situações e priorizar resoluções. Ela correlaciona três parâmetros, gravidade, urgência e tendência, e atribui uma pontuação para cada um deles. O grau de importância é dado da seguinte forma: Onde, quanto maior o valor da importância, maior deve ser a prioridade. Veja na tabela a seguir. Gravidade Urgência Tendência 1 Não é grave Pode aguardar 2 Pouco grave Pouca urgência 3 Grave Urgente 4 Muito grave Muita urgência 5 Extremamente grave Extremamente urgente Tabela: Critérios de pontuação da Matriz GUT. Fátima Cristina Alves de Araújo. Após estabelecer quais riscos serão tratados, deve ser elaborado um plano detalhado. Uma estratégia para isso é utilizar a ferramenta 5W2H. Os riscos em saúde são infinitos e esta ferramenta pode ser utilizada em qualquer plano de ação, para prevenção de qualquer risco, como aqueles associados aos medicamentos. Esta ferramenta é uma lista de verificação administrativa, que tem o objetivo de definir o que será feito, porque, onde, quem irá fazer, quando será feito, como e quantocustará. Isto é exatamente o que significam os 5W e os 2H, que vêm do inglês, conforme a tradução a seguir: What (o que será feito?) Why (por que será feito?) Where (onde será feito?) When (quando será feito?) Who (por quem será feito?) How (como será feito?) How Much (quanto vai custar?) Como identificar, avaliar e tratar o risco? Neste vídeo, a especialista explicará como utilizamos as diversas ferramentas e técnicas de gerenciamento de risco em um serviço de saúde. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. • • • • • • • Identificação do risco Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Avaliação do risco Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Tratamento do risco Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 A gestão de risco, praticada em serviços de saúde ou não, deve se utilizar de técnicas e ferramentas que utilizem metodologias para identificar, avaliar e tratar os riscos de uma instituição. Tanto na metodologia reativa como na proativa, essas técnicas auxiliam o gerente de risco a executar tecnicamente suas atividades. Entre as diversas técnicas utilizadas na gestão de risco, assinale a alternativa que representa uma técnica utilizada para identificação, avaliação e tratamento dos riscos: A HAZOP B Brainstorm C Espinha de peixe D Diagrama de Pareto E Fluxograma A alternativa A está correta. O HAZOP é uma ferramenta ou técnica utilizada em gerenciamento de riscos capaz de identificar, avaliar e tratar os riscos, e por isso é muito utilizado em gestão proativa dos riscos, que é quando ainda não se sabe quais são os riscos de um processo ou ainda não houve a materialização dos riscos em incidentes. Questão 2 A gestão de risco nos serviços de saúde é o meio pelo qual alcançamos um cenário de segurança do paciente. Isso confere um grau de confiança na utilização dos processos assistenciais por parte de profissionais de saúde e pacientes, e é possível mediante a implementação de barreiras de segurança. Essas barreiras seguem um planejamento de implantação, ao qual utilizamos uma ferramenta denominada de A matriz GUT B 5W2H C diagrama de Ishikawa D brainstorm E HAZOP A alternativa B está correta. O 5W2H é um instrumento de gestão utilizado para dar orientações claras do que será realizado, quem fará, quanto custará, entre outras informações, que facilita a tomada de decisão por parte da alta administração das instituições. 4. Implantação de barreiras de segurança e acompanhamento Segurança do paciente nos estabelecimentos de saúde As barreiras de segurança são formas planejadas com as quais podemos prevenir, controlar ou mitigar incidentes ou eventos adversos. Podem ser representadas por intervenções únicas nos processos ou por um conjunto de intervenções ou modificações de melhorias, abrangendo ações técnicas e humanas, que também servem como controles administrativos. As barreiras devem garantir que os processos continuem em funcionamento, mas que também que sejam seguros. E seu objetivo é determinado de acordo com a função da barreira. Saiba mais A gestão de risco na saúde tem um marco regulatório, estabelecido no ano de 2013 com a publicação da Portaria MS/GM nº 529/2013, que dispõe sobre o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Esta portaria define a elaboração e implantação de diversos protocolos como ponto estratégico para os serviços de saúde para que possam garantir a segurança do paciente. Esses protocolos se caracterizam como barreiras de segurança para uma série de riscos já identificados e bastante retratados na literatura, como: Prática de higiene das mãos em estabelecimentos de saúde; Cirurgia segura; Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; Identificação de pacientes; Comunicação no ambiente dos estabelecimentos de Saúde; Prevenção de quedas; Úlceras por pressão; Transferência de pacientes entre pontos de cuidado; Uso seguro de equipamentos e materiais. Somando-se a esses protocolos, outros riscos também devem ser controlados e a implementação de medidas de controle e segurança também devem ser incentivadas nos serviços de saúde, como o risco de suicídio, de incêndio, de evasão, entre outros. Corroborando com a Portaria 529/2013, a ANVISA publicou, no mesmo ano, a RDC 36/2013, que determina ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Nesta RDC, além da obrigatoriedade dos serviços de saúde de realizarem o gerenciamento dos seus riscos e criarem os núcleos de segurança do paciente (NSP), também determina seis protocolos obrigatórios de segurança do paciente, levando em consideração aqueles estabelecidos pela Portaria 529/2013. Você pode identificar esses protocolos na imagem a seguir. • • • • • • • • • Segurança do paciente. Os protocolos configuram o estabelecimento de práticas assistenciais seguras em prol da segurança do paciente e devem fazer parte do plano de segurança do paciente nos estabelecimentos de saúde, e se configuram como barreiras de segurança para evitar que incidentes se materializem em suas respectivas áreas. Plano de segurança do paciente Nesse contexto, as práticas de segurança são um conjunto de procedimentos ou desenho do processo, cuja aplicação impede ou reduz a propagação das falhas, conforme sugerido por James Reason, minimizando a probabilidade de ocorrência de incidentes ou eventos adversos resultantes da exposição do paciente aos diversos procedimentos e intervenções no ambiente de atenção à saúde. É importante salientarmos que essas barreiras devem ser pautadas nas melhores evidências científicas, e que as qualificam como práticas efetivas na redução de danos aos pacientes. Além disso, devem ser aplicadas em diferentes níveis de complexidade da assistência de saúde e aplicáveis a diferentes tipos de pacientes. Também devem ser sustentáveis ao longo do tempo e aplicáveis a todos os envolvidos no processo. Veja a seguir algumas ações consideradas barreiras nos diversos protocolos obrigatórios: Meta 1 - Identificar corretamente o paciente Uso de dois ou mais identificadores (preferência nome e nome da mãe); uso de pulseiras de identificação; cultura de conferência dos identificadores dos pacientes. Meta 2 - Melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde Uso de protocolos de passagem de plantão, registros em prontuários e repetir as solicitações verbais para confirmação das informações. Meta 3 - Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos Sinalização de medicamentos potencialmente perigosos, dupla checagem, uso de leitores de código de barras, capacitação de profissionais no preparo dos medicamentos, dose unitária, farmácia clínica. Meta 4 - Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos Marcação no local da incisão da cirurgia, checklists pré, trans e pós-operatórios. Meta 5 - Higienizar as mãos para evitar infecções Campanhas de conscientização, uso de álcool gel, distribuição de pontos facilitadores para a higienização das mãos. Meta 6 - Reduzir riscos de queda e úlceras por pressão Elevação das grades dos leitos dos pacientes, redução da altura dos leitos, orientação de pacientes e acompanhantes, fixação de barras de segurança nos banheiros. No caso das úlceras por pressão: mudança de decúbito, uso de coberturas adequadas, manutenção da pele seca nos pacientes. Como avaliar se as barreiras de segurança estão funcionando? Podemos entender os indicadores como ferramentas que nos auxiliam a avaliar se as barreiras de segurança estão cumprindo seu papel. Seu principal objetivo é a indicação do cumprimento de parâmetros preestabelecidos para avaliação de desempenho das barreiras por um determinado período, para subsidiar a tomada de decisão. Dessa forma,você pode considerar os indicadores como guias de decisões, baseados em dados, permitindo uma avaliação técnica, abrangente e comparativa. A partir dos indicadores, é possível fazermos uma análise do contexto institucional e, a partir dessa análise, tomar decisões para o aperfeiçoamento dos resultados. Além disso, é criado um histórico de informações, que pode ser acompanhado por todos os interessados de uma instituição. Entre as principais funcionalidades da utilização dos indicadores, podemos citar o uso de dados para: Tomada de decisão Planejamentos estratégicos Discussão crítica Alocação de recursos Tratamento de falhas Melhoria de processos Você também deve ficar atento, pois existem diversos tipos de indicadores, com finalidades específicas para a gestão. A tabela a seguir descreve alguns deles: Tipos de Indicadores Indicador Descrição Indicador de Eficiência Demonstra desperdícios de recursos • • • • • • Tipos de Indicadores Indicador Descrição Indicador de Segurança Demonstra o cumprimento de requisitos de segurança e/ou qualidade Indicador de Eficácia Demonstra o grau de obtenção dos resultados esperados Indicador de Efetividade Demonstra a manutenção dos resultados Indicador de Atendimento Demonstra se os resultados estão de acordo com os requisitos dos clientes Tabela: Tipos de indicadores. Fátima Cristina Alves de Araújo. O que se espera, quando falamos em gerenciamento de risco para a segurança do paciente, é que as barreiras implementadas nos processos cumpram seu objetivo, que é o de evitar que os riscos se materializem em incidentes. Assim, o tipo de indicador que deve ser implementado prioritariamente é o indicador de eficácia, pois demonstra se a barreira está sendo eficaz ou não, ou seja, se a barreira está fazendo o que deveria fazer, barrar a propagação das falhas. Protocolos para a segurança do paciente Os protocolos estabelecidos pelos órgãos reguladores da segurança do paciente no país estabelecem indicadores para os protocolos obrigatórios, conforme metas de segurança do paciente, como podemos ver a seguir: Meta 1 - Identificar corretamente o paciente Os serviços de saúde são obrigados a acompanhar: 1. Número de eventos adversos devido a falhas na identificação do paciente. 2. Proporção de pacientes com pulseiras padronizadas entre os pacientes atendidos nas instituições de saúde: Meta 2 - Melhorar a comunicação entre os profissionais de Saúde Deve ser acompanhada, minimamente, a proporção de eventos causados por falha de comunicação: Meta 3 - Melhorar a segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos Os serviços de saúde devem monitorar a ocorrência de falhas na atividade de prescrição de medicamentos, através do seguinte indicador: Meta 4 - Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos Para o acompanhamento desta meta, os serviços de saúde devem monitorar: o percentual de pacientes que receberam antibioticoprofilaxia no momento adequado; o número de cirurgias em local errado; o número de cirurgias em paciente errado; o número de procedimentos errados; a taxa de mortalidade cirúrgica intra-hospitalar ajustada ao risco; e a taxa de adesão à lista de verificação. Meta 5 - Higienizar as mãos para evitar infecções Os serviços de saúde devem obrigatoriamente monitorar: Consumo de preparação alcoólica para as mãos. Monitoramento do volume de preparação alcoólica para as mãos e sabonete associado ou não a antisséptico utilizado para cada 1.000 pacientes-dia. É recomendável o monitoramento conforme o indicador: Meta 6 - Reduzir riscos de queda e úlcera por pressão (UPP) Reduzir riscos de queda. Para o acompanhamento desta meta, os serviços de saúde devem acompanhar: a proporção de pacientes com avaliação de risco de queda realizada na admissão; o número de quedas com dano; o número de quedas sem danos; e o índice de quedas. Reduzir Riscos de Úlcera por Pressão (UPP). Os serviços de saúde devem acompanhar: o percentual de pacientes submetidos a avaliação de risco para UPP na admissão; o percentual de pacientes de risco recebendo cuidado preventivo apropriado para UPP5 (Úlcera Por Pressão estágio 5); o percentual de pacientes recebendo avaliação diária para risco de UPP5; e a incidência de UPP. Segurança do paciente Neste vídeo, a especialista será entrevistada acerca dos principais pontos abordados no módulo. • • • • • • • • • • • • • • Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Protocolos de segurança do paciente Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Como avaliar se as barreiras de segurança estão funcionando? Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 A segurança do paciente é considerada como a redução dos riscos, aos quais os pacientes dos serviços de saúde são vulneráveis, ao menor nível aceitável. Para se alcançar esta condição, o gerenciamento dos riscos com implementação de barreiras de segurança nos processos assistenciais é essencial. Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que representa o tipo de indicador preferencial o acompanhamento das barreiras de segurança nos serviços de saúde: A Indicador de qualidade. B Indicador de eficiência. C Indicador de efetividade. D Indicador de eficácia. E Indicador de atendimento. A alternativa D está correta. O acompanhamento por indicadores são formas de se acompanhar dados para tomada de decisão. Essa tomada de decisão é vital quando se pretende verificar se as barreiras de segurança estão cumprindo seus objetivos, e o melhor indicador para isso é o do tipo indicador de eficácia. Questão 2 A segurança do paciente tem um arcabouço regulatório, representado pela Portaria 529/2013 e RDC 36/2013. Esse arcabouço determina o gerenciamento de risco nos serviços de saúde, bem como a implantação de barreiras de segurança nos principais processos assistenciais. Diante do exposto, assinale a alternativa que representa todas as barreiras de segurança obrigatórias para a segurança do paciente: A Protocolos de identificação do paciente, comunicação efetiva, segurança com medicamentos, cirurgia segura, higienização das mãos, prevenção de úlceras e quedas. B Protocolos de comunicação efetiva, segurança com medicamentos, cirurgia segura, higienização das mãos, prevenção de úlceras e quedas. C Protocolos de identificação do paciente, comunicação efetiva, segurança com medicamentos, higienização das mãos, prevenção de úlceras e quedas. D Protocolos de identificação do paciente, comunicação efetiva, segurança com medicamentos, cirurgia segura, prevenção de úlceras e quedas. E Protocolos de identificação do paciente, comunicação efetiva, segurança com medicamentos, cirurgia segura, higienização das mãos, prevenção de quedas. A alternativa A está correta. A RDC 36/2013 determina que minimamente os serviços de saúde estabeleçam protocolos como barreiras de segurança por meio de protocolos, conhecidos como metas de segurança do paciente e atualmente são seis: identificação do paciente, comunicação efetiva, segurança com medicamentos, cirurgia segura, higienização das mãos, prevenção de úlceras e quedas. 5. Conclusão Considerações finais Como vimos, a gestão de risco compreende as ações aplicadas para reduzir a probabilidade de um incidente de atingir uma organização ou paciente de forma desfavorável. Responsável por garantir a segurança dos pacientes nos serviços de saúde, o gerenciamento de risco reduz a níveis aceitáveis a probabilidade de materialização dos eventos adversos. O principal objetivo da gestão de riscos nas instituições é evitar ou minimizar os riscos de danos e maximizar os riscos de ganhos nas instituições, sendo elas de saúde ou não. A gestão de riscos pode ser realizada de forma corporativa ou em uma de suas subdivisões.Independente do foco utilizado, é preciso se identificar, analisar, tratar e acompanhar os resultados do gerenciamento dos riscos. Para o gerenciamento, é preciso se utilizar de técnicas e ferramentas, de forma reativa ou proativa para um adequado gerenciamento e implementação de barreiras de segurança e acompanhamento de sua eficácia, garantindo, dessa forma, a segurança dos pacientes nos serviços de saúde. Podcast Neste podcast, a especialista fará um resumo dos principais tópicos apresentados no conteúdo. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore + Para aprofundar seus conhecimentos sobre o conteúdo abordado: Leia o Caderno 6 - Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde (Versão 1.0) e veja como a ANVISA orienta a implementação das ações de gestão de risco nos serviços de saúde. Leia o documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente da ANVISA e se aprofunde um pouco mais na gestão de risco nos serviços de saúde. Leia a publicação da ANVISA intitulada de Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática e elabore um processo de reflexão de como a teoria se insere na prática da gestão de risco nos serviços de saúde. Leia também a publicação da ANVISA sob o título Investigação de Eventos Adversos em Serviços de Saúde e entenda mais de como proceder a investigação em gestão de risco. Referências ABNT. NBR ISO 31010:2012. Gestão de riscos – Técnicas para o processo de avaliação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 96 p. • • • • ALBRECHT, R. M. Patient safety: the what, how, and when. The American Journal of Surgery (2015) 210, 978-982. ANVISA (Brasil), Boletim Informativo segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde, ano VI nº 10, 2015. ANVISA, RDC Nº 36, de 25 de julho de 2013. Brasília: Ministério da Saúde. Consultado na internet em: 22 set. 2022. ANVISA, Manual para notificação de eventos adversos e monitoramento de segurança em ensaios clínicos, 1ª edição, 2016. BRASIL, Portaria Nº 529, de 1º de abril de 2013. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. CASSIANI, S.H.B. A segurança do paciente e o paradoxo no uso de medicamentos. Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 58, núm. 1, 2005, pp. 95-9. HQSC. Severity Assessment Code (SAC) rating and triage tool for adverse event reporting, New Zealand, 2017. Consultado na internet em: 19 ago. 2022. MEGHAN E. e col. Patient Safety Movement: History and Future Directions. THE HAND SURGERY LANDSCAPE, J Hand Surg Am. Vol. 35, February 2018. OLIVEIRA, R.M. e col. Estratégias para promover segurança do paciente: da identificação dos riscos às práticas baseadas em evidências. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, vol. 18, núm. 1, 2014, pp. 122-129. PERROW, C. Normal Accidents: Living with High-Risk Systems. Princeton: Princeton University Press, 1999. RODRIGUES, A. T. Farmácia clínica como ferramenta de segurança em unidade de terapia intensiva. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) da Universidade Estadual de Campinas, SP, Campinas, 2017. Gestão de riscos 1. Itens iniciais Propósito Preparação Objetivos Introdução 1. Gestão de risco proativa e gestão de risco reativa Conceitos de gestão de risco Natureza externa Natureza interna Gestão de risco e a segurança do paciente Gestão de risco proativa Saiba mais Saiba mais Metodologias de gestão de risco variadas Automação de processos Inteligência artificial Comunicação Colaboração Conexão Educação Gestão de risco reativa Saiba mais Comentário O que precisamos saber sobre a gestão de risco? Conteúdo interativo Vem que eu te explico! Conceitos de gestão de risco Conteúdo interativo Gestão de risco proativa e reativa Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 2. Riscos corporativos (estratégico, financeiro e operacional) Gestão de riscos corporativos (GRC) e riscos estratégicos Exemplo Competitivo Regulatório ou legal Reputacional Político Econômico Ambiental Tecnológico Social Riscos financeiros em serviços de saúde Risco de mercado Risco de crédito Risco de liquidez Risco operacional Risco cambial Bancos e fundos de investimento Instituições não financeiras Os riscos operacionais em serviços de saúde Curiosidade Riscos clínicos Riscos não clínicos Entendendo o risco corporativo Conteúdo interativo Vem que eu te explico! Risco estratégico Conteúdo interativo Risco financeiro Conteúdo interativo Risco operacional Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 3. Métodos de identificação, avaliação e tratamento de risco Ferramentas e técnicas para identificação do risco Curiosidade Fluxograma Diagrama de Ishikawa Diagrama de Pareto Diagrama de dispersão Lista de verificação Carta de verificação Avaliação do risco: como e por que avaliar o risco? Atenção Tratamento do risco: é possível tratar o risco? Curiosidade 1ª barreira do queijo suíço 2º barreira do queijo suíço 3º barreira do queijo suíço 4º furo na barreira do queijo suíço Como identificar, avaliar e tratar o risco? Conteúdo interativo Vem que eu te explico! Identificação do risco Conteúdo interativo Avaliação do risco Conteúdo interativo Tratamento do risco Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 4. Implantação de barreiras de segurança e acompanhamento Segurança do paciente nos estabelecimentos de saúde Saiba mais Meta 1 - Identificar corretamente o paciente Meta 2 - Melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde Meta 3 - Melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos Meta 4 - Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos Meta 5 - Higienizar as mãos para evitar infecções Meta 6 - Reduzir riscos de queda e úlceras por pressão Como avaliar se as barreiras de segurança estão funcionando? Protocolos para a segurança do paciente Meta 1 - Identificar corretamente o paciente Meta 2 - Melhorar a comunicação entre os profissionais de Saúde Meta 3 - Melhorar a segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos Meta 4 - Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos Meta 5 - Higienizar as mãos para evitar infecções Meta 6 - Reduzir riscos de queda e úlcera por pressão (UPP) Segurança do paciente Conteúdo interativo Vem que eu te explico! Protocolos de segurança do paciente Conteúdo interativo Como avaliar se as barreiras de segurança estão funcionando? Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 5. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore + Referências