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Giullia de Souza Santos João Henrique Vieira do Carmo Pedro Augusto Araújo de Medeiros Thauan Costa da Silva Thiago Antônio do Nascimento Neo4j: Armazenamento e Gerenciamento de Dados em Banco de Dados de Grafos Relatório apresentado como requisito parcial para avaliação da disciplina de Banco de Dado II do curso de Ciência da Computação da Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR Orientador(a): Prof. Valmir Batista Preste de Souza Porto Velho-RO 2025 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................................. 4 2.1 O que é um Banco de Dados Orientado a Grafos.................................................................4 2.2 Modelo Orientado a Grafos vs. Modelo Relacional............................................................. 5 2.3 Propriedades importantes de Banco de Dados de Grafos.....................................................6 2.3.1 Armazenamento em Grafos......................................................................................... 6 2.3.2 Motor de Processamento de Grafos.............................................................................7 3 NEO4J...........................................................................................................................................7 3.1 Armazenamento e Processamento do Neo4j........................................................................ 7 3.2 Estrutura de Armazenamento no Neo4j................................................................................8 3.3 Linguagem Cypher............................................................................................................... 9 3.3.1 Filosofia do Cypher..................................................................................................... 9 3.4 Vantagens do Neo4j............................................................................................................ 10 4 CONCLUSÃO............................................................................................................................10 REFERÊNCIAS............................................................................................................................11 Resumo: Este relatório apresenta uma introdução ao modelo de banco de dados orientado a grafos, com ênfase no funcionamento e nas principais características do Neo4j. São discutidos conceitos fundamentais relacionados ao armazenamento, ao gerenciamento de dados e à linguagem de consulta utilizada. O objetivo é fornecer uma visão geral da tecnologia e suas aplicações na representação e análise de dados complexos e inter-relacionados. Palavras-chave: Banco de dados de grafos; Neo4j; Cypher; NoSQL. Abstract: This report presents an introduction to the graph database model, focusing on the core structure and functionality of Neo4j. It discusses fundamental concepts related to data storage, management, and the query language used. The goal is to offer a general overview of this technology and its applications in representing and analyzing complex and interconnected data. Keywords: Graph database; Neo4j; Cypher; NoSQL. 1 INTRODUÇÃO Os bancos de dados relacionais têm dominado o campo da gestão de dados por várias décadas, fundamentados em um modelo que utiliza tabelas, linhas e colunas, seguindo a Estrutura de Dados Relacional. No entanto, com a evolução das tecnologias da informação e a explosão dos dados não estruturados, tornou-se evidente que os bancos de dados relacionais enfrentam limitações em termos de escalabilidade e flexibilidade. Com isso, surgem os bancos de dados NoSQL, um conjunto de tecnologias que busca atender a essas novas exigências (CARRETERO, 2024). Oferecendo uma abordagem mais dinâmica e adaptável, permitindo a representação de dados de diferentes formas, como documentos, chave-valor, colunares e grafos. Entre os diferentes tipos de bancos de dados NoSQL, os bancos orientados a grafos se destacam por sua capacidade de modelar dados altamente interconectados. Eles são baseados na teoria dos grafos, onde os dados são representados como nós (entidades) e arestas (relações). Essa estrutura torna a consulta e manipulação de dados com muitas interconexões muito mais eficiente, pois permite realizar operações complexas de forma direta, sem a necessidade de unir tabelas como nos bancos relacionais. Nesse cenário, o Neo4j destaca-se como um dos principais bancos de dados orientados a grafos, consolidando sua relevância por meio de aplicações em grandes organizações. Empresas como a NASA, que utiliza grafos de conhecimento para acelerar missões espaciais, a Elsevier, que melhora o acesso à informação científica, e a Cisco, que otimiza processos com análise em tempo real, demonstram o potencial do Neo4j no tratamento de dados interconectados. Este trabalho tem como objetivo explorar o funcionamento dessa tecnologia, apresentando suas características, vantagens e aplicações por meio de análises conceituais. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta seção, são abordados os principais conceitos que fundamentam os bancos de dados orientados a grafos, destacando suas diferenças em relação ao modelo relacional, suas características técnicas e os benefícios de seu uso em contextos com dados fortemente conectados. 2.1 O que é um Banco de Dados Orientado a Grafos Um banco de dados orientado a grafos é um sistema de gerenciamento de dados que utiliza estruturas de grafos para representar e armazenar informações. Nessas estruturas, os dados são organizados em nós (vértices) e relacionamentos (arestas), onde cada nó representa uma entidade e cada relacionamento descreve como duas entidades estão conectadas. Além disso, tanto nós quanto relacionamentos podem possuir propriedades, o que torna esse modelo altamente expressivo e flexível. Esse paradigma é especialmente útil em aplicações onde os relacionamentos entre dados são mais relevantes do que os próprios dados isolados. A navegação entre entidades relacionadas é feita de forma eficiente, pois os relacionamentos são armazenados como elementos de primeira classe, não sendo necessário realizar operações de junção (JOIN) como em modelos relacionais. 2.2 Modelo Orientado a Grafos vs. Modelo Relacional A principal diferença entre o modelo orientado a grafos e o modelo relacional está na forma como os dados e suas conexões são representados e acessados. No modelo relacional, os dados são armazenados em tabelas, e os relacionamentos entre entidades são implementados por meio de chaves estrangeiras e operações JOIN, que podem se tornar custosas em termos de desempenho conforme o volume de dados cresce. Já nos bancos de grafos, as conexões entre os dados são diretas e explícitas, representadas como arestas entre nós. Isso permite que consultas que envolvem múltiplas relações sejam executadas de maneira mais eficiente, especialmente em cenários altamente conectados. Essa diferença pode ser observada por meio de uma comparação visual entre os dois modelos, aplicada ao mesmo conjunto de dados: departamentos, pessoas, projetos e organizações. Modelo Relacional: Figura 1 - Modelo relacional com múltiplas tabelas conectadas por chaves estrangeiras. Fonte: Guia definitivo de bancos de dados grafos: para desenvolvedores RDBMS, 2021. Cada entidade (Project, Person, etc.) é representada por uma tabela, e os relacionamentos, por campos de chave estrangeira. A consulta de dados complexos requer múltiplos JOINs, o que pode afetar o desempenho.Modelo Orientado a Grafos: Figura 2 - Modelo equivalente em banco de dados orientado a grafos. Fonte: Guia definitivo de bancos de dados grafos: para desenvolvedores RDBMS, 2021. No modelo orientado a grafos, cada entidade se torna um nó e os relacionamentos tornam-se arestas rotuladas. Relações como :WORKS_AT, :BELONGS_TO, :LEAD_BY e :IS_PART_OF representam a natureza da conexão entre os dados. Isso permite uma navegação mais natural e ágil entre os elementos, especialmente útil em consultas complexas ou em grafos densamente conectados. 2.3 Propriedades importantes de Banco de Dados de Grafos Os bancos de dados de grafos possuem características específicas que os distinguem de outros modelos, especialmente em termos de como armazenam e processam seus dados. Duas propriedades fundamentais que influenciam diretamente no desempenho e na escalabilidade dessas tecnologias são o tipo de armazenamento utilizado e o motor de processamento adotado. 2.3.1 Armazenamento em Grafos O armazenamento em grafos define como os dados são organizados fisicamente. Bancos nativos utilizam estruturas específicas para nós e relacionamentos, preservando conexões de forma direta e eficiente. Já bancos não nativos simulam grafos sobre modelos relacionais ou orientados a objetos, o que pode gerar maior latência e menor desempenho em consultas complexas ou com muitos dados interligados. 2.3.2 Motor de Processamento de Grafos O motor de processamento executa operações sobre o grafo. Nos bancos nativos, ele é otimizado para acessar conexões diretamente por meio da adjacência livre de índice, garantindo travessias rápidas. Em contraste, motores genéricos não são adaptados para lidar com grafos, o que pode comprometer o desempenho em consultas com múltiplas conexões. Um motor nativo é, portanto, essencial para garantir eficiência e escalabilidade. 3 NEO4J O Neo4j é um banco de dados de grafos nativo, ou seja, implementa o modelo de grafos diretamente até o nível de armazenamento, sem depender de estruturas de dados de outros paradigmas. Sua arquitetura foi projetada para representar e acessar nós e relacionamentos de forma eficiente, semelhante a como desenhamos grafos em um quadro branco. Criado em 2007 por Emil Eifrem, Johan Svensson e Peter Neubauer, o Neo4j nasceu da necessidade de lidar com dados altamente interconectados, onde bancos relacionais mostravam limitações. A proposta era desenvolver um banco de dados flexível, escalável e focado em relações complexas. O nome "Neo4j" une "Neo" (novo) e "4j", que pode ser interpretado como "for Java" ou apenas como referência a versões iniciais do projeto, sem definição oficial divulgada. Desde então, o Neo4j consolidou-se como referência em tecnologia de grafos, permitindo que organizações explorem de forma eficiente como pessoas, processos e sistemas se conectam. 3.1 Armazenamento e Processamento do Neo4j Uma característica fundamental dos bancos de dados de grafos nativos, como o Neo4j, é o conceito de adjacência livre de índice (index-free adjacency). Esse modelo implica que cada nó no grafo mantém referências diretas para seus nós adjacentes, funcionando como um índice local. Essa estrutura permite que a navegação entre nós conectados ocorra com complexidade O(1), diferentemente dos bancos relacionais tradicionais, que normalmente dependem de buscas com complexidade O(log n) por meio de índices. Essa eficiência é possibilitada pela forma como o Neo4j organiza fisicamente seus dados: os nós e seus relacionamentos são armazenados próximos entre si, otimizando o acesso e reduzindo a latência nas travessias. Assim, operações como a identificação de todos os amigos de um determinado usuário podem ser executadas de forma direta e imediata, apenas percorrendo os relacionamentos já armazenados no próprio nó. Figura 3 - O Neo4j usa relacionamentos, não índices, para travessias rápidas Fonte: Graph Databases 2e. Sebastopol, CA: O’Reilly Media, 2015. A Figura 3 ilustra esse conceito ao mostrar como um relacionamento do tipo FRIEND entre pessoas permite a navegação no grafo sem necessidade de buscas adicionais. Por exemplo, para identificar os amigos de "Alice", basta percorrer suas conexões de saída do tipo FRIEND, obtendo os nós correspondentes a um custo constante. O mesmo se aplica à navegação reversa, isto é, para descobrir quem considera Alice como amiga. Essa estrutura torna a travessia de grafos extremamente eficiente, desde que seja suportada por uma arquitetura projetada especificamente para esse tipo de operação, como é o caso dos bancos de grafos nativos. 3.2 Estrutura de Armazenamento no Neo4j O Neo4j organiza seus dados em diferentes arquivos físicos, cada um responsável por armazenar uma parte específica da estrutura do grafo: nós, relacionamentos, propriedades, tipos e rótulos (labels). Essa separação entre os elementos estruturais do grafo e os dados de atributos favorece um alto desempenho na travessia de grafos, ainda que os dados armazenados em disco se diferenciam da forma como os usuários visualizam o grafo. Figura 4 - Estrutura de registro e armazenamento de nó e relacionamento Neo4j Fonte: Graph Databases 2e. Sebastopol, CA: O’Reilly Media, 2015. Nota: Imagem referente a versão 2.2 do Neo4j, outras versões podem ter outros tamanhos. A Figura 4 representa a estrutura dos registros de nós e relacionamentos no armazenamento físico do Neo4j. Cada nó ocupa 15 bytes, sendo o primeiro byte uma flag que indica se o registro está em uso. Os próximos 4 bytes armazenam o ID do primeiro relacionamento do nó, seguidos por 4 bytes com o ID da primeira propriedade. Os 5 bytes seguintes armazenam informações sobre os rótulos (labels), e o último byte é reservado para flags especiais, como a marcação de nós densamente conectados. Os relacionamentos, por sua vez, ocupam 34 bytes. Eles incluem os IDs dos dois nós conectados, o tipo do relacionamento, ponteiros para os relacionamentos anterior e seguinte de cada nó, um ponteiro para a primeira propriedade e uma flag que indica se é o primeiro relacionamento da cadeia. Essa estrutura de tamanho fixo permite acesso direto aos registros, com custo O(1), otimizando a navegação no grafo. 3.3 Linguagem Cypher Cypher é a linguagem de consulta de dados desenvolvida para bancos de dados orientados a grafos, sendo o padrão utilizado pelo Neo4j e adotado por outros sistemas que implementam a especificação openCypher. Seu principal diferencial é a sintaxe intuitiva e expressiva, que permite descrever grafos com uma notação inspirada em diagramas ASCII, facilitando a leitura e escrita de consultas por usuários não especialistas. 3.3.1 Filosofia do Cypher A filosofia do Cypher é fornecer uma linguagem de fácil compreensão tanto para desenvolvedores quanto para analistas de dados e stakeholders de negócios. A construção visual das consultas, que imita o formato de diagramas de grafos com nós e arestas, torna a linguagem acessível e melhora a comunicação entre equipes técnicas e de negócios. Por exemplo, a seguinte representação de um grafo mostra três nós e seus relacionamentos: Se desejássemos registrar propriedades específicas desses nós, poderíamos expandir a consulta para: 3.4 Vantagens do Neo4j O Neo4j apresenta diversos benefícios que o destacam entre as soluções de bancos de dados orientados a grafos, especialmente em aplicações que lidam com dados altamente interconectados. Entre suas principais vantagens estão: ● Desempenho Escalável: A navegação entre nós conectados ocorre com eficiência mesmo em grandes volumes de dados, graças ao uso de adjacência livre de índice, que permite consultas com desempenho proporcional apenas ao número de relacionamentospercorridos, e não ao tamanho total do grafo. ● Flexibilidade na Modelagem: O modelo de dados pode evoluir de forma natural, com a adição de novos tipos de nós ou relacionamentos sem a necessidade de reestruturações complexas, o que facilita ajustes conforme os requisitos do sistema mudam. ● Agilidade no Desenvolvimento: A estrutura não rígida e adaptável do Neo4j favorece metodologias ágeis e ciclos iterativos de desenvolvimento, permitindo que a modelagem do banco acompanhe a evolução da aplicação e das necessidades do negócio. Essas características fazem do Neo4j uma solução altamente eficiente para aplicações que exigem manipulação e consulta de dados com relações complexas. Assim como o suporte a transações ACID (Atomicidade, Consistência, Isolamento e Durabilidade), que assegura que as operações sejam executadas de forma confiável e íntegra, mesmo em cenários de alta complexidade. 4 CONCLUSÃO Este relatório explora os principais conceitos relacionados aos bancos de dados orientados a grafos, com foco no funcionamento e nas vantagens do Neo4j. Sua arquitetura, baseada na adjacência livre de índice, permite a navegação rápida entre os dados, sem a complexidade de operações JOIN. Esse diferencial o torna especialmente adequado para aplicações como redes sociais, sistemas de recomendação e análise de vínculos complexos. Por sua vez, Já é demonstrado que a aplicação do Neo4j em redes complexas apresenta melhorias significativas na eficiência da análise de dados, acelerando a detecção de anomalias, o reconhecimento de padrões e o desenvolvimento de modelos preditivos (FERENCZ, 2025). Embora não substitua totalmente os bancos relacionais, como em aplicações transacionais tradicionais, o Neo4j se destaca quando o foco está nas relações entre os dados, consolidando-se como uma ferramenta poderosa para o gerenciamento de informações interconectadas. REFERÊNCIAS CARRETERO, Miguel. Uma visão geral de banco de dados NoSQL para big data. Revista FT, p. 19-20, out. 2024. DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410171619. CONSULTANT, B. G. /. Neo4j performance architecture explained & 6 tuning tips. Graphable, 30 Sep. 2021. Disponível em: Customer stories - graph database & analytics. Disponível em: . HUNGER, Michael; BOYD, Ryan; LYON, William. Guia definitivo de bancos de dados grafos: para desenvolvedores RDBMS. Neo4j, 2021. FERENCZ, K. et al. Implementation of Network Data Analysis Using the Neo4j Graph Database. Acta Universitatis Sapientiae Electrical and Mechanical Engineering, v. 16, p. 162–176, 8 jan. 2025. LAITURE. Neo4j (graph database) crash course. Disponível em: . Load XML. Disponível em: https://neo4j.com/labs/apoc/4.1/import/xml/. Modelling data in Neo4j: Bidirectional relationships. graphaware.com, 11 Oct. 2013. Disponível em: . Neo4j licensing. Disponível em: https://neo4j.com/licensing/. Acesso em: 8 apr. 2025. ROCHA, JOSÉ. Understanding memory consumption - Knowledge Base. Disponível em: . SASAKI, B. M. Native vs. Non-native graph database. Disponível em: . WEBBER, J.; ROBINSON, I.; ELFREM, E. Graph Databases 2e. Sebastopol, CA: O’Reilly Media, 2015. https://www.graphable.ai/blog/neo4j-performance/ https://neo4j.com/customer-stories/ https://www.youtube.com/watch?v=8jNPelugC2s https://graphaware.com/blog/neo4j-bidirectional-relationships/ https://neo4j.com/developer/kb/understanding-memory-consumption/ https://neo4j.com/blog/cypher-and-gql/native-vs-non-native-graph-technology/ 1 INTRODUÇÃO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O que é um Banco de Dados Orientado a Grafos 2.2 Modelo Orientado a Grafos vs. Modelo Relacional 2.3 Propriedades importantes de Banco de Dados de Grafos 2.3.1 Armazenamento em Grafos 2.3.2 Motor de Processamento de Grafos 3 NEO4J 3.1 Armazenamento e Processamento do Neo4j 3.2 Estrutura de Armazenamento no Neo4j 3.3 Linguagem Cypher 3.3.1 Filosofia do Cypher 3.4 Vantagens do Neo4j 4 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS