Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

A neurociência e as altas 
habilidades/superdotação
Apresentação
Estudar o sistema nervoso, o seu funcionamento e a regulação dos seus órgãos – em especial o 
cérebro – é considerado um dos maiores desafios para a humanidade desde a Antiguidade. O ramo 
da ciência responsável por conduzir essas investigações e interessado nessa área é a neurociência. 
Apesar de o uso desse termo ser recente, os estudos do cérebro humano são muito antigos, e seus 
primeiros registros podem ser observados desde a Grécia Antiga. Os primeiros trabalhos foram 
conduzidos por filósofos da Grécia, que desenvolveram teorias sobre o cérebro por meio de 
observações simples. Posteriormente, os romanos iniciaram seus estudos dissecando animais. No 
século XVIII, por influência pelo Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do sistema 
nervoso. Diversos outros importantes estudiosos, como Charles Darwin, também contribuíram com 
seus conhecimentos para a neurociência, porém, foi com o advento do raio X e da tomografia 
computadorizada que as pesquisas do cérebro humano foram otimizadas. Isso propiciou, então, o 
surgimento formal da neurociência.
As tecnologias atuais permitiram avanços consideráveis da neurociência, a qual pôde expandir seus 
campos de pesquisa para outras áreas. A educação, por exemplo, é uma das áreas de foco das 
investigações da neurociência. O conhecimento atual da neurociência é tão próspero que já é 
possível estabelecer onde e quando ocorrem no cérebro os processos cognitivos específicos, ou 
seja, aqueles relacionados à aprendizagem.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará as principais funções e aplicações da neurociência 
no campo da educação de pessoas com altas habilidades/superdotação. Além disso, você 
aprenderá conceitos básicos da neurociência, que são de suma importância para entender o 
funcionamento do sistema nervoso e dos processos cognitivos de alunos com altas habilidades.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a relação entre neurociência e altas habilidades/superdotação. •
Reconhecer na neurociência as características das altas habilidades/superdotação. •
Descrever a relação entre neurociência e educação e as propostas de ensino de alunos com 
altas habilidades/superdotação. 
•
Infográfico
Um dos mais importantes aspectos da neurociência do processo de ensino e aprendizagem é, sem 
dúvida alguma, a memória. A memória é, em seu significado mais completo, o resultado do conjunto 
de eventos que envolvem a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informações. Um 
aspecto importante e que deve ser ressaltado é que a memória pode diferir consideravelmente de 
acordo com a intensidade desses eventos.
No Infográfico, veja as classificações neurocientíficas da memória.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/64be119d-4937-4407-befb-63c61dd130d9/320cc01a-9a28-49df-bec3-35fe8580d38a.png
Conteúdo do Livro
A aquisição de uma gama de informações e o acesso a elas constituem algo imprescindível no 
mundo globalizado no qual vivemos. Assim, estar conectado às pesquisas e às tendências atuais nas 
mais variadas áreas de trabalho em todo o mundo e que estão acontecendo a todo instante permite 
não só a manutenção do esforço produzido até então como também a adequação ao universo, que 
está em constante modificação.
A tecnologia atual nos permite estudar diversas áreas que até então não eram palpáveis. O cérebro 
humano, apesar de ser objeto de discussão desde a época de Hipócrates (há 2.300 anos), agora 
pode ser estudado em mínimos detalhes, e isso é permitido pelas neurociências.
No capítulo A neurociência e as altas habilidades/superdotação, da obra Ensino da pessoa com altas 
habilidades/superdotação, serão introduzidos os conceitos básicos sobre o funcionamento do 
cérebro de indivíduos com altas habilidades/superdotação, bem como as áreas de pesquisa da 
neurociência e suas aplicações no ensino de jovens com altas habilidades.
Boa leitura.
ENSINO DA 
PESSOA COM ALTAS 
HABILIDADES/
SUPERDOTAÇÃO 
Diego Anderson Dalmolin
Neurociência e altas 
habilidades/superdotação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar a relação entre neurociência e altas habilidades/superdotação.
  Reconhecer as características das altas habilidades/superdotação na 
neurociência.
  Descrever a relação entre neurociência e educação e as propostas de 
ensino para alunos com altas habilidades/superdotação.
Introdução
Os avanços no campo da biologia moderna permitiram que o homem 
alcançasse novos patamares em inúmeras áreas do conhecimento cien-
tífico. Esses avanços oportunizaram grandes aprimoramentos em áreas 
científicas já dominadas pelo homem, como áreas da saúde, produção 
de alimentos e meio ambiente. Além disso, permitiram a criação de novas 
técnicas e o desenvolvimento de novos campos de conhecimento, como 
a neurociência. 
A neurociência é uma disciplina da área biomédica que estuda o sis-
tema nervoso humano (BARTOSZECK, 2014; LENT, 2001). Os estudos que 
envolviam os processos neurais e o funcionamento do cérebro tiveram 
grande incentivo na chamada década do cérebro entre os anos de 1990 e 
2000. Nesse período, muitas equipes multidisciplinares de diferentes países 
reuniram seus conhecimentos e criaram novas ciências, tais como a neu-
roquímica, a neurofisiologia e a neurociência cognitiva (SIMONETTI, 2008).
Neste capítulo, você vai estudar a relação entre neurociência e altas 
habilidades/superdotação (AH/SD). Para isso, vai conferir as características 
das AH/SD de acordo com a neurociência. Além disso, você vai ler sobre 
como neurociência e educação de relacionam, com destaque para as 
propostas de ensino para os alunos com AH/SD.
1 Neurociência e altas habilidades/
superdotação
O sistema nervoso humano é constituído de diversos órgãos, tais como cére-
bro, cerebelo, bulbo, medula espinhal e ponte neural. Todas essas estruturas 
realizam funções específi cas que, em conjunto, coordenam e regulam diversas 
atividades do corpo humano, como movimentos voluntários, sentimentos e 
ações comportamentais (PIOVESAN, 2017). Essas estruturas são formadas, 
principalmente, por um tipo especial de células: os neurônios. 
Neurônios são considerados unidades processadoras de informação. Essas 
células devem adquirir as informações (por meio de receptores sensoriais), 
transmiti-las para neurônios próximos e codificar nossas memórias, além de 
originar pensamentos e emoções (KOLB; WHISHAW, 2002). 
Diante da natureza multifacetada do sistema nervoso e das funções neurais, 
a neurociência está organizada em cinco principais disciplinas, conforme o 
Quadro 1.
 Fonte: Adaptado de Lent (2001). 
Neurociência
celular
Estuda as células que formam o sistema 
nervoso, sua estrutura e função.
Neurociência
cognitiva
Investiga as capacidades mentais mais 
complexas do ser humano, como linguagem, 
memória e autoconsciência.
Neurociência 
comportamental
Estuda as estruturas neurais responsáveis pelos 
comportamentos e a produção de outros fenômenos 
psicobiológicos, tais como os comportamentos 
emocionais, sexuais, o sono, dentre outros.
Neurociência
molecular
Investiga as moléculas responsáveis pelo 
funcionamento do sistema nervoso, bem como a 
interação entre os diversos tipos de moléculas.
Neurociência
sistêmica
Aborda tanto o estudo da localização das células 
e estruturas nervosas quanto a sua morfologia 
(forma) e fisiologia (funcionalidade). 
 Quadro 1. Cinco principais disciplinas da neurociência. 
Cada uma dessas disciplinas da neurociência promoveu um avanço consi-
derável no estudo do comportamento e no desenvolvimento de pessoas com 
Neurociência e altas habilidades/superdotação2
AH/SD. Por exemplo, os estudos dos aspectos neurofisiológicos de pessoas 
consideradas talentosasou com inteligência acima da média investigaram a 
relação conjunta entre a estrutura cerebral e o processamento de informações 
neurais. Nesses estudos, foi possível observar que o alto grau de inteligência 
dos indivíduos com AH/SD é dado em função de processos integrados bastante 
avançados e velozes dentro de seus cérebros. Esses processos são, ao mesmo 
tempo, eficientes em relação ao gasto energético (ou seja, eles são econômicos 
em relação ao gasto de glicose) quando comparados aos cérebros de pessoas 
consideradas “normais” em relação às suas capacidades neurais (ANDERSON; 
DAVIS, 2001; HAIER, 2003).
A quantificação da inteligência (QI) para a identificação de indivíduos 
com AH/SD também é utilizada no campo da neuropsicologia (neurociência 
cognitiva), visando a construção de estratégias educacionais que possam ter 
relevância para o processo de aprendizagem do aluno com AH/SD. O desen-
volvimento de novas técnicas de imagem, em especial aplicadas à neurociência 
molecular/funcional, permitiu a observação in vivo de variações moleculares 
na atividade neural em diferentes áreas do cérebro. 
Essas técnicas permitiram detectar uma correlação positiva entre a inteli-
gência fluida e o grau de ativação do circuito frontal-parietal em atividades que 
exigem raciocínio. Além disso, a neurociência molecular traz fortes indícios 
de que as diferenças de desempenho entre alunos estão fortemente associadas 
a diferenças funcionais, estruturais e anatômicas dos seus cérebros. Esses 
achados trazem à tona a necessidade de incluir esses tipos de avaliações no 
planejamento de atividades para alunos com necessidades especiais, especial-
mente no seu desenvolvimento cognitivo.
Apesar de abordarem diferentes aspectos do sistema nervoso ou de utiliza-
rem metodologias distintas, essas disciplinas não são mutuamente exclusivas, e 
os conhecimentos produzidos em cada uma dessas áreas pode ser perfeitamente 
aplicado em outras áreas da neurociência.
2 Características de pessoas com altas 
habilidades/superdotação de acordo com a 
neurociência
Os processos de aprendizagem e, consequentemente, de memorização têm 
funcionamentos específi cos em pessoas com AH/SD. De forma geral, o pro-
cesso de memorização consiste em mecanismos complexos que transferem 
a informação recém obtida para os chamados bancos de memória de longa 
3Neurociência e altas habilidades/superdotação
duração. Nesses bancos, essas informações serão consolidadas e poderão ser 
utilizadas posteriormente (BARTOSZECK, 2014).
Existem diversos centros de consolidação da memória distribuídos ao 
longo do cérebro, cada um especializado na memorização de determina-
dos tipos de atividade. Atividades como andar, correr ou praticar qualquer 
outro tipo de atividade física ativam os centros de memorização motora. Já 
atividades que influenciam o sistema de memória emocional vão promover 
aprendizagens relacionadas à expressão (por exemplo, música). Os indivíduos 
com AH/SD apresentam precocemente realce nos padrões de sensibilidade de 
determinadas áreas de memorização, tanto de curta quanto de longa duração 
(BARTOSZECK, 2014).
Os neurônios apresentam diferentes regiões celulares: dendritos, corpo celular, o 
axônio. Essas estruturas estão associadas, principalmente, aos processos de entrada, 
integração, condução e saída de informações. A atividade de um neurônio é influen-
ciada por diferentes tipos de neurotransmissores (excitatórios ou inibitórios), que são 
liberados por outros neurônios adjacentes e que induzem correntes despolarizantes 
ou hiperpolarizantes nos dendritos. Se essas correntes que atingirem o corpo celular 
forem suficientemente fortes, um potencial de ação é iniciado e vai percorrer toda 
a extensão do axônio (de forma rápida graças à presença da bainha de mielina) até 
atingir os terminais sinápticos. Nesses locais, formam-se sinapses (áreas de conexão) 
com outros neurônios, reiniciando o ciclo de fluxo de informação nas células pós-
-sinápticas (HAIER, 2003). 
Estudos neurocientíficos com indivíduos com AH/SD também detectaram 
características peculiares nos cérebros dos indivíduos analisados durante as 
pesquisas, sobretudo no que diz respeito a sua eficiência na codificação de 
informações de entrada. Em cérebros de pessoas ditas “normais”, a estrutura 
neural, o potencial sináptico e o sistema neural (circuitos neurais) são alterados 
a cada nova experiência vivenciada pelo indivíduo. Em termos biológicos, 
podemos dizer que a relação entre o estímulo promovido pelo ambiente e a 
resposta produzida pelo sistema nervoso do indivíduo acabam alterando as 
características e os processos neurológicos já existentes. Essas alterações 
podem ser traduzidas em aprendizagem. Porém, os especialistas observaram 
que o cérebro de indivíduos com AH/SD utiliza um número muito maior de 
Neurociência e altas habilidades/superdotação4
áreas cerebrais especializadas no processo de codificação da informação de 
entrada. Consequentemente, o desempenho do cérebro é traduzido em uma 
memória de trabalho mais eficiente, ou seja, a informação fica retida mais 
tempo na memória. Como resultado, esses indivíduos têm uma facilidade muito 
maior de reconhecer padrões, resolver problemas, fazer deduções, praticar e 
repetir atividades (BARTOSZECK, 2014; SILVA; ROLIM; MAZOLI, 2016).
Pessoas com AH/SD também apresentam uma comunicação mais eficiente 
entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. De acordo com Sousa e 
Alves (2017), essa característica lhes confere agilidade durante o processo de 
aprendizagem. Além disso, alguns indivíduos podem apresentar alta eficiência 
no processo de cognição cerebelar (VANDERVERT; SCHIMPF; LIU, 2007). 
Alguns estudiosos da neurociência das AH/SD defendem fortemente que 
o cerebelo tem papel fundamental na função cognitiva e tem uma relação 
íntima com o córtex cerebral (ambos estão ligados pela substância branca 
do cérebro (KOZIOL; BUDDING; CHIDEKEL, 2010). Como resultado, a 
interação entre a cognição cerebelar e a memória de trabalho acelera o alto 
controle da atenção desde o início da infância (VANDERVERT; SCHIMPF; 
LIU, 2007). Por fim, o cerebelo com AH/SD também pode apresentar um 
aumento considerável na densidade de matéria cinzenta, o que estaria rela-
cionado, principalmente, à superioridade no desempenho de habilidades de 
cunho espacial e de processamento de informações.
Existem fortes indícios de que as variações neurobiológicas da inteligência 
resultam de fatores hereditários. Elas são produzidas pelos genes oriundos dos 
pais e podem atravessar gerações (DAVIES et al., 2011). Contudo, as habilida-
des cognitivas e o desenvolvimento da inteligência são altamente dinâmicas e 
apresentam plasticidade, ou seja, podem ser moldadas pelo ambiente (interação 
gene-ambiente). Assim, a escolaridade influenciaria o desenvolvimento 
intelectual-cognitivo dos alunos; a prática em uma determinada atividade 
escolar aprimoraria não só o desempenho nesta, mas também em outras tarefas 
não treinadas, desde que estas compartilhem os mesmos circuitos neurais de 
funcionamento (efeito de transferência) (DAVIES et al., 2011). 
As adversidades vivenciadas por indivíduos em desenvolvimento afetam 
diretamente o seu neurodesenvolvimento. Por exemplo, alunos com AH/SD 
que foram expostos a situações de vulnerabilidade psicossocial (estimulação 
insuficiente ou ausente) apresentaram comprometimento nas suas funções 
executivas. Esses achados demonstram a importância do contexto social e 
de um ambiente saudável para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. 
Por fim, Geake e Cooper (2006) sintetizaram informações importantes 
a partir de suas pesquisas sobre neurociência cognitiva. Essas informações 
5Neurociência e altas habilidades/superdotação
auxiliaram a evidenciar algumas características comuns em pessoas com AH/
SD e podem auxiliar na sua diferenciação para indivíduos ditos “normais”. 
Observe no Quadro 2.
 Fonte: Adaptado de Bartoszeck (2014). 
Característica
Indivíduo “normal”(prodígio)
Indivíduo com AH/SD
QI Normal Alterado
Cognição de 
alto nível
Compreensão e 
comunicação com 
uso de linguagem 
além de seus pares 
da mesma idade
Raciocínio abstrato 
ausente ou mínimo
Definição
Competência de adulto 
em área específica 
antes dos 10–12 anos
Talento 
excepcionalmente 
precoce em área 
específica
Desenvolvimento
Fala e leitura precoce Confiança em padrão 
concreto e literal de 
pensamento e ação
Emoção
Problemas com 
ajuste emocional
Emoção modesta 
ou ausente
 Quadro 2. Caracterização neurocognitiva e comparação de indivíduos considerados 
“prodígio” e dos indivíduos com AH/SD 
3 Propostas da neurociência para o currículo de 
alunos com altas habilidades/superdotação
A neurociência é um campo de conhecimento interdisciplinar. Suas teorias 
e aplicações são construídas de maneira articulada com diversas áreas, tais 
como fi losofi a, linguística, medicina e educação. Um dos grandes objetivos 
da neurociência no campo da educação é elucidar os meios pelos quais o 
cérebro humano aprende, além de explicar como esse órgão se comporta no 
processo de aprendizagem. Para isso, a neurociência utiliza diversos métodos 
para identifi car quais estímulos geram respostas nas conexões neurais e de 
Neurociência e altas habilidades/superdotação6
que forma esses estímulos acabam por promover a aprendizagem do indivíduo 
(COSENZA; GUERRA, 2011).
Os avanços teóricos trazidos pela neuropsicologia e pela neurociência 
enriqueceram o repertório de informações sobre o funcionamento das funções 
cognitivas e socioafetivas dos indivíduos com AH/SD (SILVA; ROLIM; MA-
ZOLI, 2016). Esses indivíduos apresentam alta diversidade de características e 
variáveis de ordem cognitiva, social e emocional, que tornam o seu processo 
de aprendizagem único. 
Joseph Renzulli (1986), um dos estudiosos mais notórios das AH/SD, 
construiu a teoria dos três anéis, afirmando que os indivíduos com AH/SD 
têm compromisso com uma ou mais tarefas de sua preferência, apresentando 
habilidades acima da média e realização criativa. Formulada na década de 1970, 
apresenta uma conceituação centrada mais na atuação do que na potencialidade 
do indivíduo com AH/SD. A teoria dos anéis de Renzulli, como também é 
chamada, não se atém no Quociente Intelectual (QI), e sim na confluência de 
três principais fatores que determinarão os indivíduos com AH/SD, quais sejam:
1. habilidade/capacidade acima da média: permanece relativamente estável 
e não necessita ser excepcional;
2. comprometimento com a tarefa (motivação): persistência, dedicação, 
esforço e autoconfiança.
3. criatividade elevada: flexibilidade e originalidade do pensamento.
As abordagens utilizadas para o ensino de alunos com AH/SD devem ser 
desenvolvidas de forma específica e direcionada para a sua área de domínio de 
tal forma a maximizar as suas aptidões (MATOS; MACIEL, 2016). Além disso, 
é de extrema importância o planejamento do currículo para esses indivíduos, 
uma vez que muitos deles acabam por apresentar baixo rendimento ou por 
abandonar a vida acadêmica (escolar) pelo simples fato de não considerar o 
currículo importante ou atraente (BECKER, 2014).
O sucesso no processo de aprendizagem se dá integrando o assunto a ser 
aprendido com atividades que envolvam objetos que o aluno possa aprender 
e que ao mesmo tempo sejam cativantes. Para o aluno com AH/SD, esse tipo 
de experiência prática é extremamente importante. A aprendizagem promove 
alterações por meio do processo de neuroplasticidade, com mudanças neuro-
anatômicas e neuroquímicas no cérebro. A reestruturação neural e o número 
de sinapses nervosas aumentam significativamente quando a aprendizagem é 
promovida com a experimentação (BARTOSZECK, 2014; KOLB; WHISHAW, 
2002; OLIVEIRA, 2014). As atividades realizadas de forma diversa e progres-
7Neurociência e altas habilidades/superdotação
sivamente mais complexas farão com que o cérebro desses alunos se adeque às 
suas necessidades intelectuais e comportamentais (ZAGO; RIBEIRO, 2017).
A neurociência pode também ser considerada uma importante ferramenta 
que auxilia na renovação teórica dos docentes. O conhecimento do funcio-
namento do cérebro e do processo cognitivo mediado por conexões neurais 
facilita a compreensão do desenvolvimento do aluno. Sobretudo, a neurociência 
mostra caminhos mais claros para que o educador compreenda a complexidade 
do processo de ensino e de aprendizagem e crie novas ferramentas para o 
desenvolvimento cognitivo saudável de seus educandos, especialmente os 
com AH/SD (SOUSA; ALVES, 2017).
Bartoszeck (2014) propôs uma série de atividades que podem ser incluídas 
no currículo de alunos com AH/SD, por promoverem o aumento das conexões 
neurais/consolidação da memória:
  atividades de repetição;
  atividades de pensamento integrado, como as que integram tópicos de 
biologia, física e química;
  currículo do tipo espiral, abordando conceitos repetidamente, mas com 
alternância dos contextos (por exemplo, hora trabalhar com os conceitos 
de profundidade, hora de extensão);
  apresentação de conceitos com materiais diferentes, como livros didá-
ticos e mídias digitais;
  atividades que envolvam a resolução de casos;
ANDERSON, M.; DAVIS, H. Diferencias individuales y desarrollo: una dimensión o dos? 
In: ANDERSON, M. (ed.). Desarrollo de la inteligencia. Oxford: Oxford University, 2001. 
p.187-222.
BARTOSZECK, A. B. Neurociências, altas habilidades e implicações no currículo. Rev. 
Educação Especial, v. 27, n. 50, p. 611-626, 2014.
BECKER, M. A. É possível encontrar talentos nas ruas e em instituições prisionais? Rev. 
Educação Especial, v. 27, n. 50, p. 689-698, 2014.
COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. 
Porto Alegre: Artmed, 2011.
Neurociência e altas habilidades/superdotação8
  estudo da hierarquia da natureza (por exemplo, dos sais e íons que estão 
presentes nos neurônios até a forma como se dá o comportamento do 
indivíduo).
DAVIES, G. et al. Genome-wide association studies establish that human intelligence is 
highly heritable and polygenic. Mol Psychiatry, v. 16, n. 10, p. 996-1005, 2011. Disponível 
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21826061. Acesso em: 12 fev. 2020.
GEAKE, J.; COOPER, P. W. Cognitive neuroscience: implications for education? Westminster 
Studies in Education, v. 26, n. 1, p. 7-20, 2006.
HAIER, R. J. Positron tomography studies of intelligence: from psychometrics to neu-
robiology. In: NYBORG, H. The scientific study of general intelligence: tribute to Arthur R. 
Jensen. Bingley: Emerald Group, 2003. p. 41-51.
KOLB, B.; WHISHAW, I. Q. Neurociência do comportamento. Barueri: Manole, 2002.
KOZIOL, L. F.; BUDDING, D. E.; CHIDEKEL, D. Adaptation, expertise, and giftedness: to-
wards and understanding of cortical, subcortical, and cerebellar network contributions. 
Cerebellum, v. 9, n. 4, p. 499-529, 2010.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: 
Atheneu, 2001.
MATOS, B. C.; MACIEL, C. E. Políticas educacionais do Brasil e Estados Unidos para o 
atendimento de alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD). Rev. Bras. Educ. 
Espec., v. 22, n. 2, p. 175-188, 2016.
OLIVEIRA, G. G. Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na 
formação de professores. Educ. Unisinos, v. 18, n. 1, p. 13-24, jan.-abr. 2014.
PIOVESAN, A. F. A neurociência cognitiva no enriquecimento curricular de alunos com altas 
habilidades/superdotação. 2017. 211 p. Tese (Doutorado) — Universidade Tiradentes, 
Aracaju, 2017.
RENZULLI, J. S. The three-ring conception of giftedness: a developmental model for 
creative productivity. In: RENZULLI, J. S.; REIS, S. M. (ed.). The triad reader. Mansfield 
Center: Creative Learning, 1986. p. 2-19.
SILVA, W. G.; ROLIM, R. G. B.; MAZOLI, W. H. Reflexões sobre o processo neuropsicoló-
gico de pessoas com altas habilidades/superdotação. Gerais, v. 9, n. 2, p. 195-210, 2016.
SIMONETTI, D. C. Superdotação: estudo comparativoda avaliação dos processos cog-
nitivos através de testes psicológicos e indicadores neurofisiológicos. 2008. 196 f. Tese 
(Doutorado) –Universidade do Minho, Braga, 2008. Disponível em: http://repositorium.
sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9218/1/tese%20final.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020. 
SOUSA, A. M. O. P.; ALVES, R. R. N. A neurociência na formação dos educadores e sua 
contribuição no processo de aprendizagem. Ver. Psicopedag, v. 34, n. 105, p. 320-331, 2017.
VANDERVERT, L. R.; SCHIMPF, P. H.; LIU, H. How working memory and the cerebellum 
collaborate to produce creativity and innovation. Creat Res, v. 19, n. 1, p. 1-18, 2007.
ZAGO, C. R.; RIBEIRO, E. A. W. Altas habilidades/superdotação e o atendimento edu-
cacional especializado na educação profissional, técnica e tecnológica: desafios e 
perspectivas. Dynamis, v. 23, n. 1, p. 95-111, 2017.
9Neurociência e altas habilidades/superdotação
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Neurociência e altas habilidades/superdotação10
Dica do Professor
As neurociências representam o esforço conjunto de diversas disciplinas em compreender os 
processos mentais, seus circuitos neurais subjacentes, seus substratos biomoleculares e genéticos e 
a interação destes com fatores ambientais e culturais. Assim, a neurociência vem sendo uma grande 
aliada da educação de alunos com altas habilidades/superdotação.
Na Dica do Professor, saiba mais sobre os principais componentes do sistema nervoso e o 
funcionamento das suas mais diversas estruturas e, em especial, do cérebro. Conheça também um 
pouco mais os avanços científicos realizados no campo da neurociência das altas habilidades.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Audiodescrição da Dica do Professor: 
Clique aqui 
 
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/fb259fc63b08801dd4a894f7681987c9
https://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/2059056058/27894roteirodicadoprof.docx?v=2029444188
Exercícios
1) A neurociência contribuiu muito para a construção do conhecimento que hoje temos sobre o 
comportamento e o desenvolvimento dos indivíduos com altas habilidades/superdotação. 
Ela está organizada em cinco principais áreas de investigação: neurociência celular, 
neurociência cognitiva, neurociência comportamental, neurociência molecular e 
neurociência sistêmica. Em relação a essas áreas, são feitas as seguintes afirmações: 
I) A neurociência cognitiva investiga o desenvolvimento das estruturas relacionadas ao 
comportamento racional. 
II) As neurociências comportamental e sistêmica buscam encontrar a localização das 
estruturas relacionadas às psiques. 
III) A neurociência celular investiga o processo de formação e a morfologia das células do 
sistema nervoso. 
IV) A neurociência molecular estuda a formação das principais moléculas do sistema 
nervoso, ou seja, os neurônios. 
Assinale a alternativa que lista apenas afirmações corretas:
A) A neurociência cognitiva investiga o desenvolvimento das estruturas relacionadas ao 
comportamento racional.
B) As neurociências comportamental e sistêmica buscam encontrar a localização das estruturas 
relacionadas às psiques.
C) A neurociência celular investiga o processo de formação e a morfologia das células do sistema 
nervoso.
D) A neurociência molecular estuda a formação das principais moléculas do sistema nervoso, ou 
seja, os neurônios.
E) Tanto a neurociência molecular quanto a celular estudam a formação das principais moléculas 
do sistema nervoso, ou seja, os axônios.
Considera-se que o cérebro de indivíduos com altas habilidades/superdotação apresenta 
funcionamento muito eficiente, o que os coloca à frente de muitos dos indivíduos com quem 
2) 
convivem. Essa eficiência ocorre devido a particularidades de algumas de suas áreas e/ou 
estruturas, tais como:
A) as conexões nervosas do cérebro, as quais são extremamente velozes e gastam pouca energia 
nesse processo.
B) o cérebro como um todo, que consegue recuperar-se rapidamente após traumas psicológicos.
C) suas capacidades neurais que são transferidas rapidamente entre os hemisférios superior e 
inferior do cérebro.
D) seus neurônios que se desgastam a uma velocidade baixíssima, precisando ser repostos 
apenas uma vez ao ano.
E) seus neurônios não gastam energia, já que o número de células nervosas é imensamente 
maior do que o número presente no cérebro de pessoas ditas "normais", o que faz com que 
tenham que processar menos informação.
3) O funcionamento do cérebro humano é como uma grande orquestra que está 
continuamente a tocar uma grande sinfonia. Não podemos apontar para nenhuma parte 
isolada, ou mesmo para uma combinação de partes e dizer que constitui a orquestra ou a 
sinfonia. O miraculoso processo de atividade mental ocorre regularmente, em todos nós, a 
toda hora, quer sejamos talentosos, quer sejamos pessoas normais.
As informações contidas nesse texto são:
A) totalmente falsas, pois cada uma das funções realizadas pelo cérebro, incluindo as mais basais 
(falar, pensar), só depende de uma parte específica do cérebro, a qual trabalha de forma 
isolada e autossuficiente.
B) falsas, em partes, pois somente o cérebro de pessoa com altas habilidades/superdotação 
consegue combinar múltiplas regiões cerebrais na realização das funções.
C) totalmente verdadeiras, pois o conhecimento atual da neurociência do cérebro nos permite 
caracterizá-lo como um órgão complexo e integrado, e diversas regiões são utilizadas na 
realização de funções e atividades.
D) verdadeiras, mas essa conexão está mais concentrada no hemisfério esquerdo do cérebro.
E) verdadeiras, em partes, pois, apesar de o funcionamento do cérebro ser bem conhecido, essas 
informações não podem ser estendidas a pessoas com altas habilidades, porque seu 
funcionamento ainda é muito pouco conhecido.
4) A neurociência demonstrou, por meio de suas pesquisas, que a experimentação é a melhor 
forma de promover o aprendizado em jovens com altas habilidades. Durante esse tipo de 
atividade, diversas áreas do cérebro são utilizadas, já que as atividades de experimentação:
A) promovem a reestruturação neural, desde que as atividades sejam repetitivas.
B) promovem a reestruturação neural, desde que o repertório de atividades seja diverso.
C) aumentam o número de sinapses nervosas, desde que o repertório de atividades não seja 
muito diverso.
D) diminuem a neuroplasticidade neural, que é a principal responsável pelas dificuldades de 
retenção da memória.
E) aumentam a neuroplasticidade neural, desde que essas atividades de experimentação não 
sejam complexas.
5) Os principais defensores da abordagem neurocientífica para complementar o planejamento 
no ensino de alunos com altas habilidades/superdotação defendem a utilização de uma série 
de atividades no currículo desses alunos, entre as quais:
A) atividades que envolvam pensamento de forma integrada.
B) atividades não repetitivas
C) atividades de fácil resolução.
D) utilização do mesmo tipo de material para abordar diferentes conceitos.
E) currículo do tipo divergente, no qual os conteúdos sejam o mais diferentes possível a fim de 
evitar o sentimento de tédio nesses alunos.
Na prática
As neurociências, ou “simplesmente” as ciências do cérebro, que avançam vertiginosamente, 
podem contribuir muito para a renovação teórica na formação docente, adicionando informações 
científicas essenciais para a melhor compreensão da aprendizagem como fenômeno complexo. A 
neurociência apresenta uma perspectiva que reflete uma visão contemporânea, que pode, inclusive, 
ser consideradaum foco atual de atenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE). As informações obtidas pelos estudos da neurociência permitem nos 
apropriarmos do aprendizado acerca do cérebro e do seu funcionamento. Suas informações podem, 
então, maximizar as potencialidades de nossos alunos e promover o seu pleno envolvimento com a 
escola.
Neste Na Prática, conheça um estudo de caso de um professor que buscou na neurociência o 
auxílio de que necessitava para o atendimento especializado de seu aluno com altas 
habilidades/superdotação.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6d192657-6e01-481c-b683-27fe6ea69021/c80b2f5b-a9fd-4a3b-ab56-ae37d3436726.png
Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Convergência entre as altas habilidades e a neurociência 
cognitiva
Neste artigo, você encontrará, entre muitas discussões, uma lista com uma série de estudos 
realizados na neurociência cognitiva ao longo dos anos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Alunos dotados e talentosos: atividade neural e o papel do 
professor
Neste manuscrito, você poderá entender um pouco mais sobre a importância da estimulação 
ambiental e do professor no processo de desenvolvimento cognitivo de alunos com altas 
habilidades.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Neurociências e aprendizagem: como o cérebro aprende
Neste vídeo, você poderá assistir a uma discussão estendida do processo neurológico de 
aprendizagem.
http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/167357083/PaulinoCONVERGNCIASENTREASALTASHABILIDADESEANEUROCINCIA.pdf?v=561028594
http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/852265471/Simonetti2011.pdf?v=1839557798
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/embed/23I4yU-jCGM

Mais conteúdos dessa disciplina