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UNIFIL - CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA NOME COMPLETO ATIVIDADE INTEGRADORA CIDADE 2025 1. INTRODUÇÃO Os pés são estruturas fundamentais para a locomoção, equilíbrio e sustentação do corpo humano, estando diariamente expostos a impactos, pressão e atritos. Essa sobrecarga, associada à ação de agentes externos, favorece o desenvolvimento de patologias dermatológicas e alterações estruturais que podem comprometer tanto a saúde quanto a qualidade de vida dos indivíduos. Nesse contexto, o podólogo desempenha um papel essencial na avaliação, identificação e intervenção frente a diversas condições que afetam a pele e as unhas dos pés, respeitando os limites técnicos e éticos de sua atuação. Além da atuação clínica, o avanço da cosmetologia e da podologia estética trouxe consigo a utilização de dermocosméticos, produtos que unem propriedades terapêuticas e cosméticas, promovendo hidratação, regeneração e proteção da pele, auxiliando na prevenção de recidivas e no bem-estar dos pacientes. Diante da relevância da prática profissional, esta atividade propõe-se a analisar situações clínicas comuns ao atendimento podológico, abordando condutas adequadas e critérios para encaminhamentos médicos, além de explorar conceitos como dermocosméticos, hiperqueratoses e protocolos específicos para grupos vulneráveis, como gestantes. Questão 1 – Caso clínico O paciente do caso apresentado, com 55 anos e diagnóstico de diabetes tipo 2, procurou atendimento podológico relatando dor e alteração na coloração da unha do hálux do pé direito. A avaliação revelou espessamento da lâmina ungueal, coloração amarelada e descolamento parcial, sintomas clássicos compatíveis com onicomicose, uma infecção fúngica que acomete as unhas. A justificativa para este diagnóstico se baseia no conjunto de sinais descritos, uma vez que a onicomicose é caracterizada por alterações de cor, espessamento, fragilidade e desprendimento da lâmina ungueal, além de ser mais prevalente em pacientes diabéticos devido à imunidade comprometida e à maior suscetibilidade a infecções (ARAÚJO et al., 2003). A conduta podológica para este caso envolve higienização adequada, corte técnico e regularização da unha com instrumental apropriado, realizando desbaste da lâmina para reduzir a espessura e o desconforto. Além disso, o podólogo deve orientar sobre cuidados domiciliares, como o uso de calçados adequados, a importância da secagem correta dos pés e a utilização de produtos tópicos antifúngicos indicados dentro de sua competência. O encaminhamento ao médico torna-se necessário quando há sinais de infecção avançada, como dor intensa, inflamação, secreção purulenta, comprometimento de múltiplas unhas ou risco de complicações decorrentes do diabetes, como ulcerações e dificuldade de cicatrização. Nesses casos, a avaliação médica poderá incluir prescrição de antifúngicos sistêmicos e acompanhamento multidisciplinar. Questão 2 – Dermocosméticos Os dermocosméticos diferenciam-se dos cosméticos convencionais por possuírem formulações com ativos que atuam em camadas mais profundas da pele, promovendo benefícios terapêuticos além da estética. Enquanto os cosméticos comuns têm como função apenas embelezar, higienizar ou perfumar, os dermocosméticos possuem eficácia comprovada em processos de hidratação intensiva, regeneração tecidual e prevenção de alterações dermatológicas (RIBEIRO et al., 2020). Entre os princípios ativos mais utilizados em produtos para os pés, destacam-se a ureia, com ação hidratante e queratolítica, fundamental para o tratamento de ressecamentos e fissuras; o ácido salicílico, que atua na renovação celular e no afinamento de camadas espessas da pele; e a alantoína, reconhecida por suas propriedades regeneradoras, calmantes e cicatrizantes. Esses ativos, em conjunto, favorecem a manutenção da integridade da pele dos pés, prevenindo complicações decorrentes de atritos e pressões. Apesar dos benefícios, o uso de dermocosméticos deve ser evitado em situações de alergias prévias a algum componente da formulação, em áreas com feridas abertas, infecções ativas ou ulcerações, especialmente em pacientes diabéticos, nos quais o uso inadequado pode agravar lesões. Nessas circunstâncias, a avaliação médica e a escolha criteriosa do tratamento tornam-se indispensáveis. Questão 3 – Hiperqueratoses e lesões comuns A pele dos pés, ao ser submetida a pressões e atritos constantes, responde com mecanismos de defesa que incluem o espessamento da camada córnea, fenômeno conhecido como hiperqueratose. Essa condição pode surgir como adaptação fisiológica, mas também pode estar associada a alterações biomecânicas, uso de calçados inadequados e excesso de pressão localizada (MACHADO, 2002). A calosidade, por exemplo, é uma hiperqueratose difusa e superficial, geralmente indolor, que surge em áreas de atrito repetitivo, como planta dos pés e calcanhares. Já o chamado “olho de peixe”, ou verruga plantar, tem etiologia viral (papilomavírus humano – HPV) e caracteriza-se por lesão endurecida, dolorosa, geralmente com pontos enegrecidos, que correspondem a vasos sanguíneos trombosados. O podólogo pode atuar na calosidade por meio do desbaste cuidadoso da região espessada, associado a orientações sobre o uso de palmilhas, protetores e calçados adequados. No caso do olho de peixe, a atuação do podólogo é limitada à identificação, encaminhando o paciente para avaliação médica, já que se trata de uma lesão viral que exige tratamento dermatológico específico. Questão 4 – Protocolo de spa dos pés para gestantes A gestação é um período marcado por alterações fisiológicas que impactam diretamente os pés, incluindo edema, ressecamento, dor e sobrecarga articular. Nesse contexto, um protocolo de spa dos pés voltado para gestantes deve ter como objetivo principal promover relaxamento, hidratação profunda, alívio de tensões musculares e melhoria da circulação, respeitando os cuidados específicos desse grupo. O tratamento deve iniciar com uma anamnese detalhada para identificar possíveis contraindicações, seguida de higienização suave em água morna, cuja temperatura não deve ultrapassar 37°C para evitar desconforto ou riscos de hipotensão. A etapa seguinte inclui esfoliação delicada com produtos à base de sementes vegetais finas, promovendo renovação celular sem agressão à pele. Posteriormente, aplica-se máscara hidratante com ureia em baixa concentração e alantoína, seguidos de massagem suave utilizando óleos essenciais permitidos na gestação, como lavanda e camomila, que possuem ação relaxante e calmante. Óleos como alecrim e cânfora devem ser evitados, pois apresentam risco de estimular contrações uterinas. O protocolo deve ser concluído com a hidratação final utilizando cremes nutritivos ricos em manteiga de karité e vitamina E. É essencial que o podólogo esteja atento às contraindicações, evitando procedimentos invasivos, cortes profundos, uso de substâncias irritantes e massagens em pontos reflexológicos que possam induzir contrações. Assim, garante-se segurança, conforto e bem-estar à gestante durante todo o procedimento (STRAUNARD, 1954). 2. CONCLUSÃO A prática podológica diante das patologias dermatológicas dos pés exige conhecimento técnico, sensibilidade clínica e capacidade de orientar e encaminhar corretamente os pacientes. Ao longo desta atividade, observou-se a importância de reconhecer afecções comuns como a onicomicose, de compreender a ação dos dermocosméticos e suas contraindicações, além de distinguir diferentes tipos de hiperqueratoses. Também ficou evidente que a atuação do podólogo vai além do tratamento de lesões, englobando o cuidado integral, a promoção da saúde e o bem-estar, como no caso dos protocolos de spa para gestantes. Portanto, a formação e atualizaçãoconstante do profissional são essenciais para assegurar condutas baseadas em evidências e alinhadas às boas práticas em podologia. REFERÊNCIAS STRAUNARD, René. Revisão da podologia. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de São Paulo, v. 5, n. 2, p. 239-294, 1954. ARAÚJO, Adauto José Gonçalves de et al. Ocorrência de onicomicose em pacientes atendidos em consultórios dermatológicos da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Anais brasileiros de dermatologia, v. 78, p. 299-308, 2003. MACHADO, Alexandre Bortoli et al. Hiperqueratose palmo-plantar epidermolítica (Vörner) relato de caso e revisão da literatura. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 77, p. 593-603, 2002.