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Livro Digital - Normas Gerais do IBS e CBS

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Questões resolvidas

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Pós-Graduação em IBS e CBS: 
Reforma Tributária 
Normas Gerais Reforma Tributária 
Professora Graziella Santos 
 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
Pós-Graduação em IBS e CBS: Reforma Tributária 
Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
2 
 
Apresentação 
 
Este e-book foi desenvolvido com base no conteúdo apresentado nas aulas da pós-graduação sobre 
a Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta os tributos sobre o consumo no novo sistema 
tributário brasileiro: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e 
Serviços). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
Pós-Graduação em IBS e CBS: Reforma Tributária 
Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
3 
 
Introdução 
 
A complexidade tributária sempre figurou como um dos grandes entraves ao desenvolvimento 
econômico brasileiro. Durante décadas, a sobreposição de tributos, a falta de uniformidade entre as 
esferas federativas e o alto custo de conformidade fiscal criaram um sistema disfuncional, gerador 
de ineficiências e inseguranças jurídicas. 
A promulgação da Emenda Constitucional nº 132/2023 representou um marco histórico nesse 
cenário, abrindo caminho para a modernização da tributação sobre o consumo. No contexto dessa 
mudança estrutural, a edição da Lei Complementar nº 214/2025 surge como a primeira 
regulamentação prática da Reforma Tributária, estabelecendo as bases operacionais para a 
implementação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). 
Este livro tem como objetivo oferecer uma análise inicial e multifacetada dessa nova realidade 
tributária. Organizado pela Netfiscal, reúne professores e especialistas que, a partir de diferentes 
recortes temáticos, comentam aspectos essenciais da LC 214/2025, trazendo reflexões práticas e 
estratégicas sobre os impactos das mudanças para os contribuintes, para os entes federativos e para 
o próprio ambiente de negócios brasileiro. 
Ao longo dos capítulos, o leitor encontrará discussões sobre a matriz de riscos fiscais na nova era 
tributária, a transição de créditos acumulados, os efeitos sobre setores específicos como transporte 
e comércio exterior, o funcionamento da fiscalização eletrônica, entre outros temas relevantes. A 
abordagem adotada busca ser didática, mas sem perder o rigor técnico necessário para a 
compreensão aprofundada das inovações legislativas. 
Mais do que descrever a nova legislação, esta obra propõe uma leitura crítica e propositiva da 
Reforma Tributária, destacando não apenas suas virtudes, mas também os desafios operacionais, 
jurídicos e culturais que deverão ser enfrentados nos próximos anos. 
Em um momento em que a tributação sobre o consumo é redesenhada, acreditamos que a 
informação de qualidade e a análise técnica serão fundamentais para que profissionais, empresas e 
governos possam construir soluções que respeitem os princípios de simplicidade, transparência, 
neutralidade e isonomia, que norteiam a Reforma. 
O material resume os principais pontos abordados em sala e serve como guia prático para estudantes 
e profissionais da área fiscal. 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
Pós-Graduação em IBS e CBS: Reforma Tributária 
Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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Breve Resumo 
 
Lei Complementar 214/2025: Estrutura, Inovações e Impactos da Reforma Tributária Brasileira 
 
A busca por um sistema tributário mais eficiente, transparente e justo sempre esteve presente na 
pauta do desenvolvimento econômico brasileiro. Por décadas, os debates acerca da complexidade 
do modelo vigente — marcado pela sobreposição de tributos, guerra fiscal e litígios intermináveis — 
apontavam para a necessidade de uma reforma estrutural que simplificasse o ambiente de negócios 
e estimulasse o crescimento. 
A promulgação da Emenda Constitucional nº 132/2023 e, na sequência, a edição da Lei 
Complementar nº 214/2025 representam a concretização de anos de discussões, estudos técnicos e 
negociações políticas em torno da modernização da tributação sobre o consumo. A transição de um 
sistema fragmentado para a lógica do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre 
Bens e Serviços (CBS) inaugura uma nova era no Direito Tributário brasileiro. 
Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise estruturada da LC 214/2025, contextualizando 
suas principais inovações, a lógica de funcionamento do novo modelo e os impactos esperados para 
os contribuintes, para os entes federativos e para a sociedade em geral. Trata-se de um panorama 
introdutório fundamental para compreender o alcance e a profundidade das transformações em 
curso. 
 
Estrutura da Reforma Tributária: da EC 132/2023 à LC 214/2025 
 
A base da Reforma Tributária foi lançada com a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional nº 
45/2019, que resultou na Emenda Constitucional nº 132, promulgada em dezembro de 2023. Esta 
alteração constitucional redefiniu o Sistema Tributário Nacional no que se refere aos tributos sobre 
o consumo, introduzindo os novos tributos IBS e CBS, além do Imposto Seletivo (IS). 
 
A partir dessa nova arquitetura constitucional, o legislador infraconstitucional foi chamado a 
regulamentar aspectos essenciais para a operacionalização do sistema. A LC 214/2025 é a primeira 
grande norma complementar a tratar do funcionamento prático da Reforma, estabelecendo: 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
Pós-Graduação em IBS e CBS: Reforma Tributária 
Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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 Definições básicas (fato gerador, base de cálculo, sujeitos passivos); 
 Regras de apuração e recolhimento dos novos tributos; 
 Diretrizes sobre a não cumulatividade e os créditos fiscais; 
 Formas de fiscalização, penalidades e obrigações acessórias; 
 Normas específicas sobre o Imposto Seletivo. 
 
Composta por mais de 300 artigos, a LC 214/2025 detalha o funcionamento dos tributos que 
substituirão o ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI no âmbito da tributação sobre o consumo. Ela estrutura o 
sistema de maneira dual, respeitando a competência dos entes federativos, mas buscando 
uniformizar procedimentos e racionalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes. 
 
Além disso, a lei reforça conceitos como simplicidade, transparência, neutralidade e isonomia, pilares 
que sustentam a Reforma e que visam aproximar o sistema brasileiro das melhores práticas 
internacionais de tributação. 
 
Extinção e Substituição de Tributos 
 
Um dos movimentos mais emblemáticos da Reforma Tributária brasileira foi a extinção de diversos 
tributos sobre o consumo, substituídos por um modelo mais racional e simplificado. A EC nº 132/2023 
e a LC nº 214/2025 formalizaram o fim dos seguintes tributos: 
 
 PIS e COFINS (federais); 
 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados (federal); 
 ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (estadual); 
 ISS – Imposto sobre Serviços (municipal). 
 
Esses tributos, historicamente sobrepostos e fonte de inúmeras disputas judiciais e dificuldades 
operacionais, serão gradativamente substituídos por dois grandes pilares: 
 
 IBS – Imposto sobre Bens e Serviços: 
Instituído para substituir o ICMS e o ISS, de competência compartilhada entre Estados, Distrito 
Federal e Municípios, sob gestão do Comitê Gestor. 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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 CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços: 
Instituída para substituir o PIS e a COFINS, de competência da União, com incidência nacional 
uniforme. 
 
Além disso, a Reforma introduz o Imposto Seletivo (IS), cuja função principal é desestimular o 
consumo Equipamentos para áreas comuns ou de lazer; 
 Produtos de limpeza para uso não industrial; 
 Bens adquiridos para consumo individual de sócios ou colaboradores. 
 
Impacto na apuração: No modelo atual (PIS/Cofins), havia controvérsia sobre a possibilidade de 
crédito sobre determinadas despesas operacionais. No novo sistema, a regra é objetiva: somente 
geram crédito os bens e serviços utilizados diretamente em operações tributadas. 
 
Exemplo prático: Uma empresa adquire 10 notebooks para uso da equipe de marketing. Se esses 
equipamentos forem utilizados exclusivamente para a gestão de campanhas que resultam na 
prestação de serviços tributados, pode haver direito a crédito. No entanto, se forem utilizados de 
forma genérica ou pessoal, o crédito será vedado. 
 
 
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Recomendações: 
 Separar contabilmente os itens que não geram crédito; 
 Parametrizar o ERP com CFOPs e CSTs apropriados para evitar escrituração indevida; 
 Orientar áreas de compras e patrimônio sobre os critérios de creditamento; 
 Utilizar centro de custos e códigos internos que permitam rastrear a finalidade do uso dos 
bens. 
 
O correto enquadramento dos bens de uso e consumo pessoal será essencial para garantir a 
conformidade fiscal e evitar glosas futuras por parte da fiscalização. 
 
Capítulo 18: Obrigações Acessórias no Novo Modelo – O que Muda? 
 
Com a implementação do IBS e da CBS, as obrigações acessórias passarão por uma profunda 
reformulação. A proposta é eliminar redundâncias, unificar informações e facilitar o cumprimento 
por parte dos contribuintes, ao mesmo tempo em que se fortalece o controle eletrônico e a 
rastreabilidade fiscal. 
 
Principais mudanças previstas: 
 Extinção gradual da EFD-Contribuições, substituída por escrituração unificada do IBS/CBS; 
 Criação de um sistema centralizado para envio das apurações mensais (padrão nacional); 
 Integração dos DF-es com as apurações tributárias e contábeis; 
 Geração automática de declarações e relatórios a partir da emissão das notas fiscais; 
 Acompanhamento em tempo real dos créditos acumulados e compensações realizadas. 
 
Novo modelo de escrituração: A escrituração será feita em módulos integrados, com foco em: 
 Apuração mensal do IBS e CBS; 
 Controle do crédito e do saldo credor; 
 Declaração de partilha entre estados e municípios; 
 Demonstrativo de ajustes, compensações e restituições. 
 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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Cuidados essenciais para os contribuintes: 
 Verificar as tabelas de código tributário publicadas pelo Comitê Gestor; 
 Acompanhar atualizações no layout dos documentos e dos registros fiscais; 
 Garantir que o ERP esteja adaptado ao novo modelo; 
 Evitar informações inconsistentes que possam gerar autuações automáticas. 
 
Benefícios esperados: 
 Redução da carga burocrática; 
 Fim da entrega de múltiplas declarações com dados semelhantes; 
 Melhoria na qualidade das informações entregues ao Fisco; 
 Aumento da transparência e da segurança jurídica. 
 
A transição para o novo modelo de obrigações acessórias exigirá preparo técnico e estratégico. O 
profissional fiscal terá papel central na condução desse processo, promovendo conformidade e 
otimização dos processos internos. 
 
Capítulo 19: Comparativo entre o Sistema Atual e o Novo Modelo (IBS/CBS) 
 
Uma maneira eficaz de compreender o impacto da Reforma Tributária é comparar diretamente os 
principais aspectos do sistema atual (ICMS, ISS, PIS e Cofins) com os novos tributos (IBS e CBS). Essa 
análise evidencia os avanços em termos de simplicidade, transparência e padronização. 
 
Tabela comparativa: 
Aspecto Sistema Atual Novo Modelo (IBS/CBS) 
Tributos ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins IBS (estadual/municipal), CBS (federal) 
Competência Estados, Municípios, União Compartilhada com Comitê Gestor (IBS) e União (CBS) 
Incidência Mercadorias, serviços, faturamento Consumo de bens e serviços 
Não cumulatividade Parcial, com exceções e restrições Plena, com exceções pontuais 
Base de cálculo Diferente por tributo Unificada, valor total da operação (vTotDFe) 
Alíquotas Variáveis por estado/município Definidas por ente, somadas na operação 
Recolhimento Pelo contribuinte Split Payment via instituição financeira 
Escrituração Diversas obrigações acessórias Escrituração única integrada 
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Principais avanços do novo modelo: 
 
 Redução da sobreposição normativa entre entes federativos; 
 Maior clareza sobre a carga tributária real de cada operação; 
 Recolhimento automático (Split Payment); 
 Fim da guerra fiscal e das alíquotas promocionais estaduais; 
 Desoneração de exportações e investimento mais previsível. 
 
A transição entre os sistemas exigirá um período de adaptação, mas a expectativa é que os ganhos 
em produtividade e segurança jurídica superem os custos iniciais. 
 
Capítulo 20: Regras Específicas para Setores – Indústria, Comércio, Serviços, Transporte e Digital 
 
Embora o novo sistema traga maior uniformidade na tributação do consumo, alguns setores da 
economia terão tratamentos específicos ou precisarão de adaptações diferenciadas. Conhecer essas 
particularidades é essencial para garantir conformidade e identificar oportunidades. 
 
1. Indústria: 
 Tendência de redução da cumulatividade e eliminação de créditos quebrados; 
 Maior previsibilidade no aproveitamento de créditos de insumos; 
 Reforço no controle de estoque e rastreabilidade fiscal. 
 
2. Comércio e Varejo: 
 Ajustes nos sistemas de frente de loja para contemplar alíquotas somadas de IBS e CBS; 
 Aplicação do Split Payment em pagamentos eletrônicos; 
 Redução de carga administrativa na escrituração. 
 
3. Prestação de Serviços: 
 Substituição do ISS pelo IBS (municipal + estadual); 
 Uniformização das regras entre municípios; 
 Serviços com dificuldade de delimitação da base de cálculo precisarão rever modelos 
contratuais. 
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4. Transporte e Logística: 
 Necessidade de ajuste nos documentos de CT-e e BP-e; 
 Definição clara do local da operação (origem, destino, circulação intermediária); 
 Importância do correto enquadramento tributário da natureza da operação. 
 
5. Setor Digital (streaming, SaaS, marketplaces): 
 Incidência clara sobre bens e serviços digitais; 
 Cadastro obrigatório para prestadores estrangeiros que atuam no Brasil; 
 Regras de partilha do IBS entre domicílio do tomador e local do servidor. 
 
Quadro de atenção para contribuintes por setor: 
 
Setor Pontos de Atenção 
Indústria Classificação fiscal, crédito de insumos 
Varejo Split Payment, layout DF-e, apuração simplificada 
Serviços Local da operação, reestruturação de preços 
Transporte Responsabilidade por operação interestadual 
Digital Cadastro fiscal e compliance internacional 
 
Essa visão setorial ajuda o profissional fiscal a mapear riscos e oportunidades específicas, além de 
apoiar o planejamento estratégico de adaptação. 
 
Capítulo 21: Impactos para Empresas do Simples Nacional 
 
Apesar de estarem enquadradas em regime tributário diferenciado, as empresas optantes pelo 
Simples Nacional também serão impactadas pelas mudanças trazidas pela reforma tributária e pela 
implementação do IBS e da CBS. A LC nº 214/2025 mantém a estrutura do Simples, mas insere 
adaptações para assegurar a isonomia entre contribuintese preservar a arrecadação. 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
Pós-Graduação em IBS e CBS: Reforma Tributária 
Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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Pontos principais: 
 As empresas do Simples continuarão recolhendo seus tributos de forma unificada, por meio 
do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional); 
 O IBS e a CBS estarão embutidos no DAS, com alíquotas específicas definidas por faixa de 
receita; 
 Haverá necessidade de adaptação dos sistemas fiscais e contábeis para permitir o 
desmembramento da receita por tipo de atividade e local de destino, principalmente para 
efeitos de partilha do IBS. 
 
Novas exigências para empresas do Simples: 
1. Identificação da operação no DF-e, mesmo que não haja destaque direto do IBS/CBS; 
2. Informação obrigatória do local do tomador e da natureza da operação; 
3. Inclusão de novos campos vinculados ao grupo UB e ao cClassTrib, mesmo que o recolhimento 
seja unificado. 
 
Exemplo prático: Uma empresa de comércio optante pelo Simples vende mercadorias para clientes 
em três estados diferentes. Mesmo sem destacar IBS na nota fiscal, ela deverá: 
 Informar corretamente o CFOP interestadual; 
 Identificar o município de destino; 
 Manter sua escrituração organizada para fins de partilha do IBS. 
 
Desafios para o contribuinte do Simples: 
 Ajustar sistemas e processos, mesmo sem alteração na forma de recolhimento; 
 Observar os critérios de substituição tributária, quando for o caso; 
 Estar atento às obrigações acessórias estaduais e municipais que continuarão existindo para 
fins de controle. 
 
A manutenção do Simples Nacional na estrutura do novo sistema demonstra a intenção do legislador 
de proteger as micro e pequenas empresas. No entanto, o profissional fiscal deve se antecipar às 
exigências e atuar na capacitação e preparação desses contribuintes para evitar autuações e 
inconsistências. 
 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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Capítulo 22: Ajustes Contratuais, Precificação e Cláusulas Tributárias 
A transição para o novo sistema de tributação exigirá que empresas revisem seus contratos 
comerciais, cláusulas de precificação, regras de repasse de tributos e condições de faturamento. 
Como o IBS e a CBS representam uma nova sistemática de cálculo e recolhimento, será necessário 
adaptar documentos jurídicos e comerciais para refletir a nova realidade. 
 
Aspectos que exigem revisão imediata: 
 Cláusulas que mencionam tributos extintos (ex: PIS/Cofins/ICMS/ISS); 
 Cálculos baseados em regime cumulativo ou substituição tributária; 
 Formas de apuração e incidência de tributos sobre serviços e produtos; 
 Regras de reajuste vinculadas à carga tributária. 
 
Exemplo de cláusula a ser revista: “Os preços aqui pactuados incluem todos os tributos incidentes, 
inclusive ICMS e ISS...” → deverá ser atualizado para incluir IBS e CBS, e prever a eventualidade do 
Split Payment. 
 
Precificação no novo modelo: A precificação de bens e serviços deverá considerar: 
 Alíquota total (IBS + CBS) aplicável por operação; 
 Necessidade de segregação por destino da operação (municipal, interestadual); 
 Eventuais créditos gerados (regime não cumulativo); 
 Possibilidade de retenção via Split Payment. 
 
Riscos de contratos desatualizados: 
 Insegurança jurídica; 
 Riscos de glosa de crédito para o tomador; 
 Dificuldade na composição de preços e margem; 
 Conflitos comerciais e revisões judiciais de contratos. 
 
Recomendações práticas: 
 Revisar modelos contratuais padrão com assessoria jurídica e fiscal; 
 Atualizar sistemas de controle de preços e orçamentos comerciais; 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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Professora Autora: Graziella Santos 
 
 
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 Capacitar as áreas de vendas, jurídico e financeiro para entender os impactos do novo modelo 
na formação de preços e cláusulas fiscais. 
Esses ajustes garantirão a integridade da operação, a conformidade com a nova legislação e a 
proteção da empresa frente às mudanças. 
 
Capítulo 23: Planejamento Tributário no Cenário do IBS e CBS 
 
Com a chegada do novo modelo de tributação, o planejamento tributário passa a ocupar uma posição 
ainda mais estratégica nas empresas. A compreensão das regras, a antecipação de impactos e a 
reestruturação de processos e operações serão indispensáveis para garantir competitividade, 
segurança jurídica e eficiência fiscal. 
 
O que muda no planejamento: 
 Fim da guerra fiscal e dos incentivos baseados em alíquotas interestaduais; 
 Redução de possibilidades de planejamento baseadas em substituição tributária; 
 Valorização do planejamento operacional (layout de DF-e, estrutura logística, classificação 
fiscal correta); 
 Nova lógica para recuperação de créditos e precificação tributária. 
 
Estratégias viáveis no novo modelo: 
1. Aproveitamento máximo dos créditos: priorizar aquisições vinculadas à atividade-fim, 
documentar e escriturar corretamente; 
2. Gestão do Split Payment: ajustar políticas de recebimento e relacionamento com 
fornecedores e clientes para antecipar impactos no fluxo de caixa; 
3. Simulações de impacto por setor, produto e canal: entender o peso das novas alíquotas e 
ajustar margens; 
4. Análise da cadeia de valor: avaliar se é possível internalizar etapas ou terceirizar processos 
com ganho tributário. 
 
Exemplo prático: Uma empresa do setor de cosméticos decide centralizar suas compras em um 
estado com estrutura logística favorável, eliminando filiais com baixa eficiência. Com isso, otimiza 
seu crédito de IBS e reduz custos operacionais, ainda que perca benefícios fiscais anteriores. 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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O planejamento tributário eficaz deixará de ser focado apenas em regimes especiais ou incentivos e 
passará a atuar na governança de dados, na parametrização correta de documentos fiscais e na 
revisão constante dos processos internos. 
 
Capítulo 24: Papel do Comitê Gestor do IBS e a Nova Lógica Federativa 
 
O Comitê Gestor do IBS (CG-IBS) é uma das grandes inovações institucionais da reforma tributária. 
Ele será responsável por administrar a arrecadação, a partilha, a regulamentação e a padronização 
do imposto entre os entes subnacionais (estados e municípios). 
 
Composição: 
 27 representantes dos Estados e do Distrito Federal; 
 27 representantes dos Municípios; 
 Decisões colegiadas com critérios de voto paritário e alternância de presidência. 
 
Funções principais do Comitê: 
 Estabelecer normas complementares ao IBS; 
 Padronizar alíquotas, obrigações acessórias e códigos de enquadramento; 
 Distribuir a arrecadação do IBS entre os entes federativos com base na localidade da 
operação; 
 Criar, manter e operar a plataforma unificada de escrituração e recolhimento. 
 
Importância prática: A existência do Comitê reduz a fragmentação normativa e operativa do sistema 
atual, no qual cada estado ou município pode legislar de forma distinta. A centralização da gestão 
operacional visa aumentar a eficiência, simplificar obrigações e dar maior previsibilidade aos 
contribuintes. 
 
Desafios esperados: 
 Necessidade de consenso federativo nas decisões operacionais; 
 Adaptação de sistemas locais à plataforma nacional; 
 Gerenciamento de conflitos de interesse entre entes mais e menos industrializados. 
 
Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01
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O Comitê Gestor será uma entidade essencial para o sucesso do IBS e seu bom funcionamentoimpactará diretamente na experiência dos contribuintes. O acompanhamento de suas decisões e 
publicações será uma nova competência indispensável para o profissional fiscal. 
 
Capítulo 25: Cruzamento Eletrônico e o Novo Paradigma da Fiscalização 
O novo modelo de fiscalização do IBS e da CBS será altamente digitalizado e baseado em cruzamento 
eletrônico de dados. Isso representa uma mudança de paradigma na forma como os fiscos 
monitoram e controlam as obrigações dos contribuintes. 
 
Principais fontes de dados cruzados: 
 Documentos fiscais eletrônicos (NF-e, NFC-e, CT-e, NFCom); 
 Escrituração contábil e fiscal (SPED e suas vertentes); 
 Informações bancárias vinculadas ao Split Payment; 
 Dados de plataformas de vendas e intermediários digitais; 
 Informações fornecidas por terceiros (clientes, fornecedores, instituições financeiras). 
 
Como funcionará o cruzamento automático: 
 O contribuinte emite uma NF-e com determinado valor e CST; 
 O sistema do Fisco compara o valor declarado com o valor recebido via instituição financeira; 
 As informações da escrituração são confrontadas com os valores destacados; 
 Divergências geram alertas automáticos e, em muitos casos, autuações eletrônicas. 
 
Exemplo prático: Uma empresa emite uma NF-e de R$ 50.000,00, mas o valor informado no SPED 
Fiscal difere do valor efetivamente recolhido via Split Payment. Essa inconsistência pode resultar em: 
 Geração de intimação eletrônica automática; 
 Bloqueio temporário de créditos tributários; 
 Inclusão da empresa em malha fiscal. 
 
Como se proteger: 
 Automatizar conciliações fiscais e contábeis; 
 Manter a parametrização do ERP atualizada; 
 Treinar a equipe fiscal para revisão prévia de arquivos e informações; 
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 Realizar auditorias internas frequentes. 
O cruzamento eletrônico transformará a fiscalização em um processo contínuo e preventivo. 
Empresas que investirem em tecnologia, conformidade e capacitação estarão mais preparadas para 
essa nova realidade. 
 
Capítulo 26: Riscos Fiscais e Oportunidades Estratégicas na Era do IBS e CBS 
A transição para o novo sistema tributário trará riscos inevitáveis, mas também diversas 
oportunidades estratégicas para empresas que souberem se adaptar com agilidade. O profissional 
da área fiscal deverá ser um agente ativo na identificação e gestão desses dois aspectos. 
 
Principais riscos: 
 Glosas de crédito por falhas no preenchimento do DF-e; 
 Inconsistências em obrigações acessórias gerando multas automáticas; 
 Erros na definição do local da operação e partilha do IBS; 
 Dificuldade na adaptação dos contratos e cláusulas tributárias; 
 Falta de estrutura para lidar com o recolhimento via Split Payment. 
 
Oportunidades estratégicas: 
 Redução do passivo tributário com sistemas de apuração automatizados; 
 Reaproveitamento de créditos acumulados na transição; 
 Melhor precificação com base em tributos unificados e transparentes; 
 Geração de indicadores de desempenho tributário (KPIs); 
 Ganho de competitividade para empresas com governança fiscal robusta. 
 
Exemplo de KPI estratégico: 
 % de aproveitamento de crédito de IBS/CBS sobre entradas mensais; 
 Tempo médio de entrega das obrigações acessórias; 
 Valor médio de glosas mensais identificadas em auditoria interna. 
 
A capacidade de equilibrar risco e oportunidade fará a diferença entre empresas que apenas se 
adaptam e aquelas que crescem no novo cenário. A atuação proativa e integrada do setor fiscal com 
o jurídico, contábil e TI será um diferencial competitivo real. 
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Capítulo 27: Imposto Seletivo: desestímulo ao que faz mal… e silêncio sobre o que faz bem? 
 
A Reforma Tributária não se resume à simplificação de tributos. Ela também carrega uma nova lógica 
de comportamento fiscal — e o Imposto Seletivo (IS) é um dos instrumentos mais emblemáticos 
dessa mudança. 
Com previsão constitucional na EC 132/2023 e regulamentação inicial pela LC 214/2025, o IS surge 
com um objetivo claro: desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio 
ambiente. 
 
Mas será que essa proposta caminha no mesmo ritmo das necessidades da sociedade atual? E mais: 
será que quem faz bem também será reconhecido e incentivado pelo novo modelo? 
 
 Um tributo com função extrafiscal. 
 
A lógica do Imposto Seletivo não é nova. Já convivemos com tributos que exercem esse mesmo papel, 
como o IPI, que há décadas aplica alíquotas mais altas sobre bens considerados supérfluos e mais 
baixas sobre produtos essenciais. 
 
Vejamos o que diz, na íntegra, a Constituição Federal sobre o IPI: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV – 
produtos industrializados; § 3º O imposto previsto no inciso 
IV: I – será seletivo, em função da essencialidade do produto 
(...). 
 
Além disso, temos os tributos sobre cigarros, bebidas alcoólicas, combustíveis fósseis, entre outros, 
tradicionalmente usados como instrumentos de desestímulo a comportamentos nocivos. 
Agora, com status constitucional próprio, o Imposto Seletivo (IS) entra em cena como um tributo de 
função regulatória: mais do que arrecadar, ele busca influenciar o consumo. 
 
 Mas como isso será operacionalizado na prática? 
 
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 Pontos práticos da LC 214/2025: as principais características do Imposto Seletivo 
Não cumulativo? Não mesmo. O Imposto Seletivo será cobrado uma única vez, sem direito ao 
aproveitamento de créditos de aquisições anteriores, nem à geração de créditos para as etapas 
seguintes da cadeia. 
 
Essa característica rompe com a lógica da não-cumulatividade adotada para o IBS e a CBS, e resgata 
uma forma de tributação já conhecida de muitos atuantes da área fiscal: a monofasia. 
 
Lista taxativa de incidência. A aplicação do IS está restrita aos bens expressamente listados no Anexo 
XVII da LC 214/2025, classificados conforme a NCM/SH. Isso significa que, mesmo que um item seja 
prejudicial à saúde ou ao meio ambiente, se não estiver nessa lista, não será tributado. 
 
E os serviços? Aqui está uma das maiores lacunas da legislação atual. A LC 214/2025 ainda não 
especifica quais serviços estarão sujeitos ao Imposto Seletivo. Essa omissão pode gerar insegurança 
jurídica, especialmente em setores como entretenimento, jogos de aposta ou serviços digitais — que, 
dependendo da interpretação futura do legislador ou da regulamentação complementar, poderão 
ser considerados "prejudiciais" e sujeitos à incidência. 
 
Exclusões claras (Art. 413 da LC 214/2025). O imposto não incidirá sobre: 
 Operações com energia elétrica e comunicação; 
 Itens expressamente incluídos nas hipóteses de redução ou isenção, como os listados no Art. 
9º da própria LC 214/2025, que trata de benefícios para medicamentos, dispositivos médicos, 
itens da cesta básica, entre outros. 
 
 E o que faz bem? Vai receber o mesmo tratamento? 
 
A provocação que precisa ser feita é: o IS só pune. Mas quem recompensa? 
Um exemplo prático está no setor automotivo. Veículos movidos a combustíveis fósseis tendem a ser 
penalizados com o IS. Mas e os veículos elétricos? Se não houver uma política ativa de incentivos, 
corremos o risco de vê-los sendo tributados da mesma forma que os convencionais, ignorando seus 
impactos positivos no meio ambiente. 
 
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51Essa ausência de uma lógica de estímulo ao bem pode gerar distorções e, inclusive, desincentivar 
práticas sustentáveis e inovações em setores estratégicos. 
O Imposto Seletivo tem potencial para ser um instrumento de educação fiscal. Mas para isso, não 
basta penalizar. É preciso também reconhecer e incentivar práticas positivas. 
A sociedade muda. O consumo muda. A tributação precisa acompanhar. 
 
Capítulo 28: Reforma Tributária e os Municípios: o que está em jogo com o IBS? 
 
Muito se fala sobre a simplificação trazida pela Reforma Tributária. Mas há um ponto que precisa 
urgentemente de atenção: o impacto sobre a autonomia dos municípios, especialmente com a 
substituição do ISS pelo novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). 
 
Em meio a promessas de eficiência, surge um alerta: quem perde autonomia também perde poder 
de decisão — e, muitas vezes, de arrecadação. 
 
 
 
 A autonomia municipal garantida pela Constituição 
 
A Constituição Federal de 1988, no art. 30, inciso III, garante: 
 
“Compete aos Municípios instituir e arrecadar os tributos de 
sua competência.” 
 
Na prática, isso se materializa no ISS – Imposto sobre Serviços, que é hoje a principal fonte de 
arrecadação tributária própria de centenas de municípios — especialmente os de pequeno e médio 
porte. Com o ISS, cada cidade pode definir alíquotas, estratégias e incentivos conforme a realidade 
local. 
 
 
 
 
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 O que muda com a LC 214/2025? 
 
Com a criação do IBS, o ISS será extinto. E, mesmo que o art. 14 da LC 214/2025 autorize Estados e 
Municípios a instituírem suas próprias alíquotas do IBS por meio de leis específicas, essa autonomia 
será limitada. Por quê? 
 As alíquotas devem seguir regras uniformes de aplicação, dentro de um modelo nacional 
padronizado. 
 Isso retira dos municípios o poder de calibrar a tributação conforme suas necessidades 
locais — ou seja, a autonomia será mais formal do que efetiva. 
 Caso o município adote uma alíquota inferior à referência, poderá sofrer impacto direto na 
sua arrecadação, comprometendo o orçamento e a oferta de serviços públicos. 
 
Um dos efeitos colaterais da unificação via IBS é o afastamento do critério da essencialidade 
regional. 
Cada município tem sua realidade econômica e social. Serviços que são essenciais em uma cidade do 
interior podem não ter o mesmo peso em uma capital — e vice-versa. 
Com o IBS, essa diferenciação se perde: a regra será a aplicação de alíquotas únicas e padronizadas, 
ignorando o que é mais ou menos relevante para cada território. 
Isso significa que municípios deixam de ter instrumentos para incentivar ou desonerar atividades 
consideradas prioritárias para o desenvolvimento local. E, ao perder esse poder de calibragem, 
perdem também sua capacidade de formular políticas fiscais que respondam à sua própria 
população. 
 
Comitê Gestor: governança ou centralização? 
 
Outro ponto central da LC 214/2025 é a criação de um Comitê Gestor Nacional do IBS, que será 
responsável por administrar a arrecadação, distribuição e fiscalização do imposto. 
A proposta soa técnica, mas levanta uma preocupação legítima: qual será a representatividade real 
dos municípios nesse Comitê? 
Em geral, municípios menores têm pouca ou nenhuma voz em colegiados nacionais, e isso pode 
comprometer a descentralização decisória. 
 
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Mas afinal, o que é autonomia? 
 
Autonomia não é só ter um nome na Constituição. Autonomia é poder decidir, adaptar, priorizar, 
proteger a realidade local. 
 
E se as decisões passam a ser centralizadas em um Comitê nacional, com alíquotas uniformes e pouca 
flexibilidade, essa autonomia se esvazia — especialmente para municípios menores. 
 
A simplificação prometida pela Reforma é importante, sim. E que fique claro: não defendo o 
emaranhado normativo que temos hoje. Ele é ineficiente, desigual e injusto em muitos pontos. 
Sou a favor da Reforma. Mas defendo uma Reforma que respeite a autonomia municipal, que 
considere a realidade regional e que dê voz a todos — inclusive aos pequenos municípios. 
 
O pacto federativo brasileiro se sustenta na autonomia de cada ente. E isso inclui permitir que cidades 
diferentes tomem decisões diferentes, de acordo com sua população, território e realidade 
econômica. 
Uniformizar sem critério de essencialidade regional, centralizar decisões sem garantir 
representatividade e retirar instrumentos de arrecadação sem alternativas reais é enfraquecer quem 
já tem menos espaço no jogo político e tributário. 
 
Capítulo 29: Reforma Tributária e os Estados: o que está em jogo com o IBS? 
 
Com a transição do ICMS para o IBS, os Estados brasileiros vivem um momento de redefinição do seu 
papel dentro do novo sistema tributário. A simplificação fiscal é positiva — mas é preciso entender o 
que ela traz consigo: uma nova lógica de arrecadação, limites na gestão autônoma e riscos de perda 
de protagonismo regional. 
 
Será que a autonomia permanece de fato? E os programas de parcelamento de débitos estaduais? 
Como os contribuintes e os próprios fiscos estaduais serão afetados? 
 
 
 
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O que a LC 214/2025 diz sobre a autonomia estadual? 
 
A Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta o IBS, estabelece no art. 14 que cada ente 
federativo — União, Estados, Municípios e o DF — terá competência para definir sua própria 
alíquota: 
 
Art. 14. As alíquotas da CBS e do IBS serão fixadas por lei 
específica do respectivo ente federativo, nos seguintes 
termos: 
I - a União fixará a alíquota da CBS; 
II - cada Estado fixará sua alíquota do IBS; 
III - cada Município fixará sua alíquota do IBS; 
IV - o Distrito Federal exercerá as competências estadual e 
municipal na fixação de suas alíquotas. 
 
Isso significa que os Estados continuarão tendo competência formal para definir sua alíquota 
própria do IBS, que será somada à alíquota nacional nas operações. 
Esse é, sem dúvida, um avanço em padronização, especialmente se comparado ao cenário atual do 
ICMS — onde há uma verdadeira colcha de retalhos tributária: 
 Alíquotas internas distintas, 
 Tratamentos setoriais diferenciados, 
 Regras de guerra fiscal e exceções quase impossíveis de uniformizar. 
 
Apesar de manter a competência para definir alíquotas, a Reforma impõe restrições relevantes à 
liberdade de atuação dos Estados: 
 
 Não será mais possível estabelecer escalonamento de alíquotas com base na 
essencialidade, tipo de produto ou setor econômico, como ocorre atualmente com o ICMS. 
 
 
 
 
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 A alíquota será única e linear, aplicada a todas as operações (salvo exceções previstas na 
própria lei). 
 As reduções permitidas devem seguir o art. 9º da LC 214/2025, que autoriza desconto de 
até 60% da alíquota padrão, exclusivamente para itens previamente definidos, como 
medicamentos, transporte público e educação. 
 
Com isso, os Estados deixam de ter ferramentas para conduzir políticas fiscais regionais — o que 
compromete o uso do tributo como instrumento de desenvolvimento local. 
 
Outra dúvida relevante diz respeito à gestão dos débitos tributários e programas de conformidade. 
Atualmente, cada Estado possui autonomia para instituir programas próprios de parcelamento de 
ICMS, ajustando condições à sua realidade econômica e ao perfil docontribuinte. Alguns exemplos: 
 
 Goiás: oferece o e-Parcelamento, sistema 100% digital que permite regularizar débitos de 
ICMS, IPVA e ITCD. 
 Minas Gerais: disponibiliza modalidades específicas de parcelamento diretamente pela 
Secretaria da Fazenda, com prazos e regras próprias. 
 São Paulo: adota periodicamente o Programa Especial de Parcelamento (PEP), com 
condições diferenciadas de pagamento e reduções de multas e juros. 
 
Com a centralização da arrecadação e gestão do IBS por um Comitê Gestor Nacional, fica a dúvida: 
 
 Os Estados continuarão tendo liberdade para negociar débitos? Terão voz para criar programas 
de regularização próprios? 
 
A resposta ainda não é clara, mas o risco de perda de autonomia prática na condução da política de 
conformidade tributária é real. 
 
A Reforma Tributária é necessária. O sistema atual é confuso, desigual e inseguro — e precisa ser 
transformado. Mas ao discutir os impactos para os Estados, é preciso reconhecer que a simplificação 
proposta também traz perdas: 
 
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 Redução do espaço para políticas fiscais regionais 
 Limitação da diferenciação por essencialidade 
 Incertezas sobre a continuidade de programas de regularização tributária 
 
A autonomia dos Estados, garantida constitucionalmente, não pode ser apenas simbólica. Ela precisa 
ser operacional e estratégica — inclusive para que cada ente federado possa agir conforme sua 
realidade fiscal, social e econômica. 
 
Capítulo 30: Desafios e Perspectivas Finais 
 
Apesar dos avanços representados pela Reforma Tributária, a transição para o novo sistema não será 
isenta de desafios para os contribuintes, para a Administração Tributária e para a sociedade em geral. 
 
 Desafios Operacionais 
 
o Adaptação tecnológica: Sistemas de gestão (ERPs, plataformas de vendas, controles 
fiscais) precisarão ser atualizados para lidar com as novas exigências de escrituração e 
apuração centralizadas. 
 
o Mudança cultural: As empresas terão de internalizar novas rotinas de compliance 
fiscal, abandonando práticas adaptadas ao modelo anterior e adotando uma postura 
mais ativa e preventiva. 
 
 
o Treinamento de equipes: Profissionais da área fiscal, contábil e financeira precisarão 
ser capacitados para compreender e aplicar corretamente as novas regras. 
 
 Desafios Jurídicos 
 
o Riscos de judicialização: Como toda grande reforma, haverá áreas de interpretação 
controversa, especialmente nos temas de transição, créditos acumulados e regimes 
diferenciados, que poderão gerar litígios tributários. 
 
o Harmonização normativa: A necessidade de regulamentação infralegal intensa, a ser 
realizada por meio de resoluções, portarias e atos normativos, pode gerar incertezas 
temporárias. 
 
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A longo prazo, a expectativa é de que o novo sistema: 
 
 Reduza o custo de observância tributária; 
 Minimize as distorções econômicas entre setores e regiões; 
 Fortaleça a competitividade do Brasil no mercado internacional; 
 Amplie a transparência e a eficiência da arrecadação pública. 
 
No entanto, o sucesso da Reforma dependerá não apenas da legislação, mas também da capacidade 
dos contribuintes, dos profissionais da área fiscal e dos gestores públicos em se adaptarem 
rapidamente a esse novo cenário. 
 
Capítulo 31: Calendário de Transição: Da Sistemática Atual ao Novo Modelo Tributário 
 
A implementação do novo sistema tributário não ocorrerá de forma abrupta. Para garantir a 
adaptação gradual dos contribuintes, dos entes federativos e da sociedade, a EC nº 132/2023 e a LC 
nº 214/2025 instituíram um calendário de transição cuidadosamente estruturado. 
Esse calendário busca assegurar que a substituição do ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI pelo IBS e CBS 
ocorra de maneira planejada, reduzindo os impactos econômicos, operacionais e jurídicos. 
A transição será dividida em três grandes fases: 
 
Fase 1: Implementação Progressiva dos Novos Tributos (2026 a 2028) 
 Ano de 2026: 
o Início da cobrança da CBS com uma alíquota de teste reduzida (0,9%). 
o Início da cobrança do IBS com alíquota simbólica (0,1%). 
 Anos de 2027 e 2028: 
o Elevação progressiva das alíquotas do IBS e da CBS. 
o Início da operacionalização completa da Plataforma de Gestão e escrituração digital 
unificada. 
 
Durante essa fase, os tributos antigos (ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI) ainda estarão vigentes, sendo 
cobrados paralelamente aos novos tributos. 
 
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Fase 2: Extinção dos Tributos Antigos (2029 a 2032) 
 Ano de 2029: 
o Extinção definitiva da contribuição para o PIS e para a COFINS. 
o Extinção parcial do ICMS e do ISS, com redução progressiva das alíquotas. 
 Até o ano de 2032: 
o Extinção completa do ICMS e do ISS, com substituição integral pelo IBS. 
 
Durante esta fase, haverá necessidade de gestão simultânea de dois regimes tributários, exigindo 
atenção redobrada das empresas para evitar inconsistências e autuações. 
 
Fase 3: Consolidação do Novo Modelo (a partir de 2033) 
 A partir de 1º de janeiro de 2033, o sistema de tributação sobre o consumo no Brasil será 
exclusivamente baseado no IBS, na CBS e no Imposto Seletivo. 
 
Neste ponto, as obrigações acessórias, a apuração e a fiscalização estarão plenamente centralizadas 
e uniformizadas. 
 
Obrigações Acessórias na Transição 
 
Durante a fase de transição, as empresas estarão sujeitas a uma sobrecarga de obrigações acessórias: 
 Manter escrituração nos moldes atuais (ICMS, ISS, PIS, COFINS) e também conforme as 
regras do IBS e da CBS; 
 Ajustar layouts de documentos fiscais eletrônicos para contemplar os novos tributos; 
 Reportar informações simultaneamente para plataformas antigas (SPED) e novas 
(Plataforma de Gestão). 
 Reengenharia de processos fiscais e contábeis. 
 
A capacidade de adaptação rápida será determinante para a mitigação de riscos fiscais e para a 
manutenção da competitividade empresarial durante o período de transição. 
 
 
 
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Exemplos Práticos de Impactos na Transição 
 Empresas de comércio eletrônico: Precisarão configurar seus sistemas para emissão de notas 
fiscais com destaque para IBS/CBS e, simultaneamente, ICMS. 
 Prestadoras de serviços: Deverão escriturar tanto o ISS devido aos municípios quanto o IBS 
devido ao Comitê Gestor. 
 Indústrias exportadoras: Terão de gerenciar créditos acumulados do regime antigo e seu 
aproveitamento ou restituição na nova sistemática. 
Esses exemplos evidenciam que o planejamento tributário e operacional para o período de transição 
é tão importante quanto a adaptação definitiva ao novo sistema. 
 
Capítulo 32: Fiscalização Eletrônica e o Novo Ambiente de Riscos Tributários 
 
A modernização do sistema tributário brasileiro promovida pela Reforma não se limita à 
alteração de tributos e bases de cálculo. Um dos seus reflexos mais transformadores será o novo 
padrão de fiscalização tributária, que passa a ser eletrônica, automatizada e massificada. 
Esse movimento é fortalecido pelos instrumentos previstos na LC nº 214/2025, em especial: 
 A obrigatoriedade da emissão de documentos fiscais eletrônicos adaptados ao IBS e CBS; 
 A centralização das informações na Plataforma de Gestão administrada pelo Comitê Gestor; 
 O uso de processamento eletrônico de dados para a análise da regularidade fiscal (artigo 186 
da LC nº 214/2025).Esses mecanismos conferem ao Fisco uma capacidade sem precedentes de cruzamento de dados, 
detecção automática de inconsistências e realização de auditorias em larga escala, com custos 
reduzidos e maior eficiência. 
 
Características da Nova Fiscalização 
 Análise em tempo real: As operações realizadas pelos contribuintes serão analisadas 
eletronicamente à medida que os documentos fiscais forem emitidos e transmitidos. 
 Presunção de veracidade dos dados eletrônicos: As informações prestadas nas escriturações 
e documentos fiscais passam a gozar de presunção relativa de veracidade, podendo ser 
contestadas apenas com provas robustas. 
 Auditorias eletrônicas automatizadas: A fiscalização será cada vez menos presencial e cada 
vez mais baseada em sistemas de inteligência fiscal, que cruzam dados de vendas, serviços, 
recebimentos, estoque e contabilidade. 
 
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 Rastreamento completo das operações: Com a integração dos documentos fiscais ao sistema 
nacional, o Fisco poderá acompanhar todo o ciclo de vida dos produtos e serviços, desde a 
produção até o consumo final. 
O novo ambiente de fiscalização exige uma mudança profunda na mentalidade empresarial: 
 Governança fiscal rigorosa: As empresas precisarão fortalecer seus controles internos, 
garantindo a consistência entre documentos fiscais, escrituração contábil e registros 
financeiros. 
 Adoção de tecnologias de compliance: Ferramentas de auditoria eletrônica, validação de 
XMLs de notas fiscais, conciliadores fiscais e plataformas de compliance tributário passarão a 
ser indispensáveis. 
 Atuação preventiva: Corrigir inconsistências apenas no momento da fiscalização se tornará 
ineficaz. Será necessário atuar de forma preventiva, monitorando a conformidade de cada 
operação em tempo real. 
 Responsabilidade ampliada: Os profissionais da área fiscal, contábil e financeira terão papel 
central na garantia da regularidade tributária, sendo corresponsáveis pela veracidade e 
consistência dos dados transmitidos. 
 
A Fiscalização como Aliada da Conformidade 
Embora, à primeira vista, o novo modelo de fiscalização possa parecer mais rígido e impositivo, ele 
também abre espaço para a consolidação de uma relação mais madura, transparente e previsível 
entre Fisco e contribuinte. 
 
Empresas que investirem em: 
 Boas práticas de compliance fiscal; 
 Automação e digitalização de processos; 
 Treinamento contínuo de suas equipes; 
 
Terão menos riscos fiscais, menos contingências tributárias e maior competitividade no novo 
ambiente econômico. 
A fiscalização eletrônica, portanto, não deve ser vista apenas como uma ameaça, mas como uma 
oportunidade para elevar o padrão de governança tributária e construir vantagem estratégica no 
mercado. 
 
 
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A Consolidação do Novo Sistema Tributário Brasileiro 
A promulgação da Emenda Constitucional nº 132/2023 e a regulamentação inicial pela Lei 
Complementar nº 214/2025 representam o maior avanço na estruturação do sistema tributário 
brasileiro desde a Constituição de 1988. 
O novo modelo, fundamentado no IBS e na CBS, busca consolidar pilares essenciais para a 
modernização do ambiente de negócios: 
 Neutralidade tributária, reduzindo distorções econômicas; 
 Simplicidade, com a uniformização das bases de cálculo e das obrigações acessórias; 
 Transparência, assegurando que o consumidor final tenha clareza sobre o montante de 
tributos incidentes nas operações; 
 Isonomia, promovendo concorrência leal entre os agentes econômicos. 
Apesar das dificuldades naturais de transição, a consolidação desses princípios tende a reduzir o 
custo de conformidade, melhorar o ambiente de negócios e estimular o crescimento econômico a 
médio e longo prazo. 
Contudo, é imprescindível compreender que a implementação prática dessas premissas exigirá 
disciplina, adaptação e comprometimento tanto dos contribuintes quanto da Administração Pública. 
 
Capítulo 33: O Papel Estratégico do Profissional da Área Fiscal/Contábil 
 
A Reforma Tributária transforma não apenas a legislação, mas também o papel dos profissionais da 
área fiscal e tributária dentro das organizações. 
Mais do que um agente de cumprimento de obrigações, o profissional fiscal passa a ser: 
 Um gestor de riscos; 
 Um estrategista de conformidade; 
 Um agente de inovação e transformação digital dentro da empresa. 
O domínio técnico sobre o IBS, a CBS, o Imposto Seletivo e seus regimes específicos será apenas o 
primeiro passo. A nova era tributária exige: 
 Atualização constante quanto à legislação infralegal; 
 Capacidade analítica para interpretar cruzamentos de dados fiscais e contábeis; 
 Atuação integrada com áreas como TI, jurídico e financeiro; 
 Visão crítica e preventiva na identificação de riscos e oportunidades tributárias. 
Quem entender rapidamente essas novas exigências se posicionará como peça-chave na adaptação 
das empresas e na condução da conformidade tributária no Brasil. 
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Desafios e Riscos de Longo Prazo 
 
Apesar da estrutura sólida traçada pela Reforma, alguns desafios permanecem no horizonte e 
precisarão ser monitorados: 
 Risco de complexidade regulatória: A necessidade de regulamentações infralegais pode criar 
camadas de complexidade se não forem adequadamente harmonizadas. 
 Judicialização de novos temas: Interpretações divergentes sobre direito ao crédito, regimes 
especiais e transição poderão gerar novo contencioso tributário. 
 Capacidade tecnológica dos contribuintes e do Fisco: A eficácia da Plataforma de Gestão e 
dos sistemas de escrituração dependerá da maturidade tecnológica de todos os envolvidos. 
 Equilíbrio federativo: A correta repartição do IBS entre Estados e Municípios será crucial para 
garantir a efetividade do modelo e a redução de tensões federativas. 
 
Esses desafios não invalidam os avanços obtidos, mas exigem vigilância contínua e participação ativa 
dos contribuintes na construção e aprimoramento do novo sistema. 
 
Preparação e Protagonismo na Nova Era Tributária 
 
A Reforma Tributária marca o início de uma nova era para o sistema tributário brasileiro — e, 
consequentemente, para todos os profissionais que atuam nesse universo. 
Não há mais espaço para o amadorismo, para a improvisação ou para o cumprimento reativo de 
obrigações fiscais. O futuro pertencerá aos que: 
 Se anteciparem às mudanças; 
 Investirem em conhecimento técnico e tecnológico; 
 Atuarem estrategicamente na gestão de riscos e na garantia da conformidade. 
 
Aqueles que entenderem a Reforma não como um obstáculo, mas como uma oportunidade de 
reposicionamento profissional e empresarial, estarão melhor preparados para liderar essa 
transformação. 
 Por isso, mais do que conhecer a Lei Complementar nº 214/2025, é preciso 
compreender o novo paradigma que ela inaugura: 
 
 
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Um paradigma em que a área fiscal deixa de ser um setor de 
custo e passa a ser um elemento essencial para a estratégia, 
a reputação e a perenidade das organizações. 
 
Em meio à complexidade da transição e dos ajustes necessários, é fundamental lembrar: 
o Quem domina a conformidade, domina o futuro. 
o Quem entende a Reforma, constrói sua vantagem competitiva. 
A jornada que se inicia agora é desafiadora — mas, para os que se preparam, é também uma das 
maiores oportunidades de crescimento eprotagonismo da história recente do Direito Tributário 
brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gean Rech Pereira - geanrech@cricicont.com.br - CPF: 018.481.109-01de bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. 
A escolha por um modelo conhecido como IVA Dual — em que coexistem dois impostos sobre uma 
mesma base de consumo — foi fruto da necessidade de respeitar a autonomia federativa brasileira. 
Ao mesmo tempo, buscou-se garantir maior neutralidade econômica, evitando o acúmulo de tributos 
ao longo das cadeias produtivas. 
Essa reestruturação profunda traz implicações operacionais relevantes para as empresas, que 
precisarão adaptar seus processos de escrituração, controle e apuração tributária a um novo 
ambiente normativo, com regras centralizadas e fiscalização mais integrada. 
 
Princípios do Novo Modelo Tributário 
 
A LC nº 214/2025 deixa claro, em sua parte inicial (artigo 2º), que o novo modelo tributário brasileiro 
se assenta sobre princípios estruturantes, fundamentais para guiar a interpretação e aplicação das 
novas normas. São eles: 
 
 Neutralidade 
O sistema tributário deve minimizar distorções nas decisões econômicas dos agentes. Em outras 
palavras, o IBS e a CBS não devem influenciar a escolha entre consumir, investir ou poupar, nem 
sobre qual produto ou serviço adquirir, exceto nos casos em que houver expressa finalidade 
extrafiscal (como no Imposto Seletivo). 
 
A neutralidade busca eliminar as distorções históricas que beneficiavam determinados setores ou 
produtos sem justificativa econômica sólida. 
 
 Simplicidade 
Um dos grandes objetivos da Reforma foi simplificar o ambiente de cumprimento das obrigações 
tributárias. Isso se materializa, por exemplo, pela: 
o Unificação das bases de cálculo; 
o Redução do número de obrigações acessórias; 
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o Criação de uma plataforma unificada de escrituração fiscal. 
A simplificação também visa reduzir o custo de conformidade tributária para as empresas, um dos 
mais elevados do mundo no cenário atual. 
 
 Transparência 
O novo sistema exige que o valor do IBS e da CBS esteja claramente discriminado nos documentos 
fiscais e nas transações comerciais. O objetivo é que o consumidor final tenha plena ciência da carga 
tributária incidente sobre o bem ou serviço adquirido. 
A transparência tributária também fortalece o controle social, permitindo maior fiscalização pela 
sociedade sobre a arrecadação e destinação dos recursos públicos. 
 
 Isonomia 
A LC nº 214/2025 reforça o princípio da isonomia ao prever que a tributação deve incidir de forma 
uniforme, evitando tratamentos discriminatórios entre bens, serviços ou contribuintes. 
A isonomia busca corrigir distorções que, historicamente, favoreceram determinados setores ou 
unidades da federação em detrimento de outros, promovendo uma concorrência mais justa e 
equilibrada. 
 
Fato Gerador e Base de Cálculo do IBS e da CBS 
O conceito de fato gerador é central para a definição da incidência tributária. No novo sistema, a LC 
nº 214/2025 busca simplificar e uniformizar os conceitos aplicáveis ao IBS e à CBS, reforçando a 
neutralidade desejada para o modelo. 
De acordo com o artigo 4º da LC nº 214/2025, o fato gerador do IBS e da CBS é a realização de 
operações com bens materiais, bens imateriais ou serviços, assim compreendidos: 
 A circulação de bens materiais; 
 A disponibilização de bens imateriais; 
 A prestação de serviços de qualquer natureza, inclusive cessão e licença de uso de direitos; 
 O fornecimento de bens e serviços conjuntamente, ainda que sob contratos complexos. 
Esse conceito amplia a compreensão tradicional de fato gerador no sistema tributário anterior. Não 
se trata apenas de “venda de mercadorias” ou “prestação de serviços” definidos em listas taxativas 
(como a LC nº 116/2003 fazia com o ISS), mas de qualquer ato que resulte na transmissão de bens ou 
direitos ou na execução de serviços, independentemente da forma jurídica utilizada. 
 
 
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Definição da Base de Cálculo 
 
A base de cálculo do IBS e da CBS é, nos termos do artigo 6º da LC nº 214/2025, o valor da operação: 
 Para bens materiais e imateriais: o valor total da operação de circulação ou disponibilização; 
 Para serviços: o valor total cobrado pelo serviço prestado. 
Esse valor compreende todos os encargos, despesas acessórias e valores cobrados do adquirente ou 
tomador, ainda que em separado. Ou seja, a base de cálculo incorpora, por exemplo, taxas de 
conveniência, seguros, transporte relacionado, entre outros componentes que integrem a operação 
principal. 
Importante destacar que o sistema adota a metodologia de tributação “por fora”: o valor do IBS e da 
CBS não integra a própria base de cálculo (diferente da sistemática “por dentro” aplicada ao ICMS 
anteriormente). 
Exemplo prático: Em uma venda de mercadoria por R$ 10.000,00, com alíquota de 26,5% 
(hipotética), o tributo será destacado à parte, resultando no valor final de R$ 12.650,00 (R$ 10.000,00 
+ R$ 2.650,00 de IBS/CBS). 
 
Definições de Fornecedor, Adquirente e Destinatário 
A LC nº 214/2025 dedica especial atenção à definição dos sujeitos envolvidos nas operações 
tributadas pelo IBS e pela CBS. A correta identificação de fornecedor, adquirente e destinatário é 
essencial para determinar o responsável pelo pagamento do tributo e pela emissão dos documentos 
fiscais. 
Conforme o artigo 3º da LC nº 214/2025: 
 Fornecedor é aquele que realiza operação de circulação de bens ou prestação de serviços, 
independentemente da denominação jurídica atribuída ao contrato. 
 Adquirente é aquele que recebe bens ou serviços em decorrência da operação, também sem 
prejuízo da terminologia contratual. 
 Destinatário é aquele que, nos termos da operação, recebe o bem material ou imaterial ou o 
serviço prestado. 
Essa definição ampla evita disputas sobre a natureza jurídica da operação (compra e venda, contrato 
de prestação de serviços, cessão de direitos) e foca no aspecto econômico da circulação ou prestação 
como fato gerador do tributo. 
Exemplos práticos para a compreensão dos conceitos: 
 Em uma venda de mercadoria entre uma indústria e um varejista: 
 
 
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o A indústria é o fornecedor; 
o O varejista é o adquirente e destinatário. 
 
o Em uma licença de uso de software: 
o A empresa de tecnologia é o fornecedor; 
o A empresa contratante é o adquirente do serviço. 
 
o Em uma prestação de serviço de transporte: 
o A transportadora é o fornecedor; 
o A pessoa ou empresa que contrata o serviço é o adquirente; 
o O destinatário é o local ou a pessoa para onde/quem a mercadoria é transportada. 
 
Essa abordagem funcional e econômica busca evitar a fragmentação de interpretações que 
historicamente contribuíram para a insegurança jurídica no sistema tributário brasileiro. 
Imunidades e Isenções no Novo Modelo Tributário 
A Reforma Tributária, embora tenha como objetivo a uniformização da tributação sobre o consumo, 
preserva alguns tratamentos diferenciados, notadamente no que diz respeito às imunidades 
constitucionais e às isenções previstas em lei complementar. 
A LC nº 214/2025 disciplina esses regimes especiais em seus artigos 8º e 9º, assegurando que 
determinados bens, serviços e entidades continuem gozando de benefícios fiscais já consagrados no 
ordenamento jurídico brasileiro. 
Imunidades Tributárias 
As imunidades são garantias constitucionais que impedem a incidência do IBS e da CBS em 
determinadas situações. Segundo o artigo 8º da LC 214/2025, são imunes: 
 Exportações de bens e serviços para o exterior; 
 Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; 
 Patrimônio,renda e serviços de partidos políticos, sindicatos de trabalhadores e instituições 
religiosas; 
 Entidades de assistência social sem fins lucrativos, nos limites da lei. 
 Essas imunidades preservam a tradição brasileira de estimular a liberdade de imprensa, a 
liberdade religiosa, o associativismo e o fomento à exportação. 
Exemplo prático: Uma gráfica que vende livros didáticos para exportação não será tributada pelo IBS 
e pela CBS sobre essa operação, mantendo a imunidade plena. 
 
Isenções Específicas 
Além das imunidades constitucionais, a LC nº 214/2025 prevê hipóteses de isenção, conferindo 
tratamento tributário favorecido a determinados bens e serviços considerados essenciais para a 
sociedade. 
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De acordo com o artigo 9º, são isentos, por exemplo: 
 Equipamentos destinados a pessoas com deficiência; 
 Serviços de educação e saúde em determinadas condições; 
 Produtos que integrem políticas públicas específicas. 
Essas isenções devem ser regulamentadas por legislação infralegal específica, que detalhará os 
requisitos para fruição do benefício. 
Importante: Embora as isenções sejam benefícios concedidos por lei, diferentemente das 
imunidades, elas podem ser revistas ou alteradas com maior facilidade pelo legislador. 
 
Split Payment: Conceito e Aplicação Prática 
 
Uma das grandes inovações operacionais trazidas pela Reforma Tributária é a adoção do mecanismo 
conhecido como split payment — o pagamento fracionado do tributo no momento da realização da 
operação. 
Esse modelo, já utilizado em alguns países europeus, busca combater a inadimplência tributária, 
assegurando que o montante devido a título de tributos seja retido e repassado diretamente ao Fisco, 
independentemente da vontade do contribuinte. 
O artigo 31 da LC nº 214/2025 estabelece que: 
 
"O pagamento do IBS e da CBS poderá ser exigido de forma fracionada, 
diretamente no momento do pagamento do valor total ou parcial do 
bem ou serviço, pelo adquirente ou tomador." 
 
Na prática, isso significa que o adquirente de bens ou serviços poderá ser responsável por reter o 
valor correspondente ao IBS e à CBS no momento da quitação da operação e repassá-lo diretamente 
aos cofres públicos. 
 
Funcionamento do Split Payment 
 
O processo funcionará da seguinte maneira: 
1. O fornecedor emite o documento fiscal eletrônico, destacando o valor do IBS e da CBS. 
2. No momento do pagamento, o adquirente (cliente) separa o valor do tributo do valor do 
produto ou serviço. 
3. O valor referente ao IBS e CBS é pago diretamente ao Fisco, e o restante ao fornecedor. 
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Esse mecanismo deverá ser regulamentado pela legislação infralegal, com detalhamento sobre as 
operações sujeitas, a forma de recolhimento e as obrigações acessórias envolvidas. 
A introdução do split payment exigirá adaptações operacionais significativas: 
 Sistemas de gestão financeira e ERP precisarão ser atualizados para realizar a separação 
automática dos valores; 
 Fluxo de caixa dos fornecedores poderá ser afetado, já que o valor do tributo não transitará 
mais em suas contas bancárias; 
 Responsabilidade tributária do adquirente será ampliada, impondo a necessidade de 
controles mais rigorosos sobre pagamentos e retenções. 
Exemplo prático: Suponha uma venda de serviços de consultoria no valor de R$ 100.000,00, com IBS 
e CBS incidentes à alíquota de 26,5%. 
 Valor dos serviços: R$ 100.000,00 
 Valor do IBS/CBS: R$ 26.500,00 
 Valor líquido ao fornecedor: R$ 73.500,00 
 O cliente efetua dois pagamentos: 
o R$ 26.500,00 diretamente ao Fisco; 
o R$ 73.500,00 ao prestador de serviços. 
 
Não Cumulatividade: Créditos Permitidos e Estornos Obrigatórios 
 
A não cumulatividade é um dos pilares fundamentais do novo sistema tributário brasileiro. Tanto o 
IBS quanto a CBS foram concebidos para eliminar a incidência em cascata dos tributos sobre o 
consumo, permitindo que os contribuintes compensem os valores pagos nas etapas anteriores da 
cadeia produtiva. 
O conceito está disciplinado nos artigos 47 a 56 da LC nº 214/2025, que estabelecem as regras gerais 
para apropriação, manutenção e estorno de créditos tributários. 
 
Crédito de IBS e CBS 
De acordo com o artigo 47, será assegurado o direito ao crédito do IBS e da CBS incidente nas 
operações anteriores, quando o bem ou serviço adquirido for: 
 
 
 
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 Utilizado na atividade da empresa; 
 Destinado à produção ou revenda de bens e serviços; 
 Integrado ou consumido no processo produtivo; 
 Utilizado na prestação de serviços. 
 
O direito ao crédito abrange, inclusive, bens de uso e consumo, despesas gerais e administrativas 
necessárias à atividade empresarial, ampliando o conceito tradicionalmente aplicado no sistema 
atual do PIS e da COFINS. 
Exemplo prático: 
 Compra de matéria-prima para fabricação de calçados → gera crédito integral. 
 Contratação de serviço de limpeza para sede administrativa → gera crédito proporcional. 
 
Estorno de Créditos 
 
O sistema de créditos, contudo, não é absoluto. Existem hipóteses em que o contribuinte deverá 
proceder ao estorno dos créditos apropriados. Conforme o artigo 50 da LC nº 214/2025, o estorno 
será obrigatório: 
 Quando os bens ou serviços forem destinados a operações isentas ou não tributadas; 
 Quando houver perda, roubo ou deterioração dos bens; 
 Quando os bens e serviços forem utilizados em atividades alheias à geração de receita 
tributável. 
Esses estornos deverão ser realizados no mesmo período em que ocorrer o evento que motivou a 
sua exigência. 
Exemplo prático: Se um contribuinte utilizar parte de sua produção para doações isentas de IBS e 
CBS, deverá estornar proporcionalmente o crédito relativo aos insumos utilizados nesses bens. 
 
Créditos vedados 
 
O artigo 48 também específicas hipóteses de vedação ao crédito, como: 
 Aquisições sem documento fiscal idôneo; 
 Operações simuladas ou fraudulentas; 
 Créditos vinculados a despesas pessoais dos sócios. 
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Essas limitações reforçam a necessidade de rígido controle documental e operacional para assegurar 
a manutenção do direito ao crédito fiscal. 
 
Regime Regular de Apuração 
 
A LC nº 214/2025 estabelece um regime regular de apuração para o IBS e a CBS baseado em 
escrituração digital, apuração mensal e recolhimento centralizado. 
Essa sistemática tem como objetivo garantir maior transparência e padronização no cumprimento 
das obrigações tributárias, com forte apoio na tecnologia da informação. 
 
Escrituração Digital Unificada 
 
De acordo com o artigo 58 da LC nº 214/2025, os contribuintes estarão obrigados a escriturar 
eletronicamente: 
 As operações de circulação de bens materiais e imateriais; 
 As prestações de serviços realizadas ou tomadas; 
 O recolhimento do IBS e da CBS. 
Essa escrituração será realizada por meio de uma plataforma nacional de gestão tributária, sob 
responsabilidade do Comitê Gestor do IBS, e se integrará com os sistemas já existentes, como SPED 
Fiscal e SPED Contribuições. 
Cadastro Nacional Unificado 
O artigo 59 institui o Cadastro Nacional de Contribuintes do IBS e da CBS, com a finalidade de: 
 Identificar e localizar os contribuintes; 
 Vincular informações fiscais, cadastrais e de arrecadação; 
 Facilitar a fiscalização integrada dos tributos. 
O cadastro nacional será obrigatóriopara todas as pessoas jurídicas que realizem operações sujeitas 
ao IBS ou à CBS. 
 
Periodicidade de Apuração 
A apuração do IBS e da CBS será mensal, conforme prevê o artigo 41, devendo o contribuinte: 
 Escriturar as operações realizadas no período; 
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 Apurar o saldo devedor ou credor; 
 Efetuar o recolhimento devido hipoteticamente até o 20º dia do mês subsequente. 
No caso de saldo credor, o valor poderá ser: 
 Compensado com débitos futuros; 
 Solicitar-se a restituição, nos termos da regulamentação específica. 
Exemplo Prático de Apuração 
Exemplo de apuração de IBS/CBS de uma empresa no mês de referência: 
Operação Valor (R$) IBS/CBS (26,5%) Observação 
Receita de vendas 500.000,00 132.500,00 Débito 
Aquisição de insumos 300.000,00 79.500,00 Crédito 
Serviços tomados 50.000,00 13.250,00 Crédito 
 
Apuração: 
 Débitos: R$ 132.500,00 
 Créditos: R$ 92.750,00 
 Saldo a recolher: R$ 39.750,00 
O saldo deverá ser recolhido hipoteticamente até o dia 20 do mês seguinte ao da apuração. 
 
Plataforma de Gestão e Documentos Fiscais Eletrônicos 
 
Uma das grandes inovações trazidas pela Reforma Tributária é a centralização da escrituração, 
apuração e fiscalização do IBS e da CBS em uma única Plataforma de Gestão. Essa mudança tem como 
objetivo principal racionalizar o cumprimento das obrigações tributárias, reduzir o custo de 
conformidade e aumentar a transparência do sistema. 
De acordo com o artigo 58 da LC nº 214/2025, a plataforma será: 
 Administrada pelo Comitê Gestor do IBS; 
 Integrada a sistemas de documentos fiscais eletrônicos (DF-e); 
 Utilizada para a escrituração das operações e serviços sujeitos ao IBS e à CBS; 
 Instrumento para a apuração centralizada e para a arrecadação dos tributos. 
 
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Integração com os Documentos Fiscais Eletrônicos 
 
O modelo atual de documentos fiscais eletrônicos — como a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica), NFC-e 
(Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica), CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico) e NFS-e (Nota 
Fiscal de Serviços Eletrônica) — será adaptado para contemplar as novas exigências dos tributos IBS 
e CBS. 
Entre as mudanças previstas estão: 
 Inclusão de novos campos nos layouts dos documentos fiscais para destacar o valor do IBS 
e da CBS separadamente; 
 Nova tag de valor total do DFe (Documento Fiscal Eletrônico), agregando o valor do 
produto/serviço + tributos, de maneira transparente; 
 Atualização de CST (Código de Situação Tributária) para refletir as situações específicas de 
tributação do IBS e da CBS. 
 
Essas alterações visam garantir a rastreabilidade completa das operações tributáveis e permitir o 
cruzamento automático de informações para fins de fiscalização. 
 
Centralização da Apuração 
 
Com a adoção da plataforma de gestão, a apuração do IBS e da CBS será feita de forma centralizada, 
eliminando a necessidade de múltiplas apurações e declarações para diferentes entes federativos. 
 
Exemplo prático de fluxo: 
1. O contribuinte emite documentos fiscais eletrônicos com o destaque correto do IBS e CBS; 
2. As informações são transmitidas automaticamente para a Plataforma de Gestão; 
3. O sistema apura o imposto devido mensalmente, considerando os créditos e débitos 
informados; 
4. O contribuinte recolhe o valor apurado de forma centralizada; 
5. A Plataforma de Gestão repassa os valores aos entes federativos competentes. 
 
Essa mudança representa um avanço significativo em termos de desburocratização e eficiência no 
relacionamento entre Fisco e contribuinte. 
 
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Imposto Seletivo: Conceito e Aplicações 
 
Outro importante instrumento introduzido pela Reforma Tributária é o Imposto Seletivo (IS), 
regulamentado no artigo 409 da LC nº 214/2025. 
O IS é um tributo de caráter extrafiscal, ou seja, seu objetivo principal não é arrecadatório, mas de 
regular o consumo de determinados bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. 
O objetivo do IS é: 
 Desestimular o consumo de produtos que impactem negativamente a saúde pública (como 
cigarros e bebidas alcoólicas) ou o meio ambiente (como combustíveis fósseis); 
 Corrigir externalidades negativas associadas a esses produtos; 
 Fomentar práticas sustentáveis e proteger a coletividade. 
 
Hipóteses de Incidência 
Conforme a LC nº 214/2025, o IS incidirá sobre: 
 Produção; 
 Extração; 
 Comercialização; 
 Importação de bens e serviços considerados prejudiciais. 
A lista dos produtos e serviços sujeitos ao IS será definida por legislação específica, com base na 
classificação da NCM/SH (Nomenclatura Comum do Mercosul/Sistema Harmonizado). 
 
Exemplos prováveis de incidência do IS: 
Produto/Serviço Jus fica va para incidência do IS 
Cigarros e produtos de tabaco Prejuízo à saúde 
Bebidas alcoólicas Prejuízo à saúde 
Combus veis fósseis Impacto ambiental 
Veículos com alta emissão de carbono Sustentabilidade ambiental 
 
 
 
 
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Base de Cálculo e Alíquotas 
 
A base de cálculo do IS será o valor da operação ou outro critério específico definido na 
regulamentação infralegal. As alíquotas poderão variar conforme o produto ou serviço e deverão 
respeitar a função extrafiscal do tributo. 
Importante destacar que, diferentemente do IBS e da CBS, o IS não seguirá necessariamente o 
princípio da não cumulatividade, já que sua função regulatória permite uma estrutura diferenciada. 
Impactos Práticos do Imposto Seletivo 
 Empresas que produzem ou comercializam bens sujeitos ao IS precisarão adaptar seus 
sistemas de faturamento e recolhimento; 
 O custo desses produtos para o consumidor final tende a aumentar; 
 Pode haver redirecionamento de investimentos para setores menos impactados pelo 
tributo. 
A correta identificação dos produtos sujeitos ao IS e o acompanhamento da regulamentação 
específica serão fundamentais para a adequada gestão tributária e estratégica das empresas. 
 
Reduções e Diferenciações de Alíquotas 
 
Embora a proposta central da Reforma Tributária seja a simplificação e a uniformização da tributação 
sobre o consumo, a LC nº 214/2025 reconhece a necessidade de tratamento diferenciado para 
determinados bens, serviços e setores considerados essenciais ou estratégicos para a sociedade. 
 
Essa flexibilização está prevista nos artigos 127 e 128 da LC nº 214/2025, que disciplinam as hipóteses 
de aplicação de alíquotas reduzidas ou diferenciadas. 
 
Serviços e Produtos com Alíquota Reduzida 
De acordo com o artigo 127, a Lei Complementar autoriza a aplicação de alíquotas reduzidas para os 
seguintes segmentos: 
 Serviços de educação; 
 Serviços de saúde; 
 Serviços de transporte público coletivo urbano e intermunicipal; 
 Produtos agropecuários, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura; 
 Medicamentos e dispositivos médicos. 
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A lógica dessa redução é assegurar a manutenção da acessibilidade da população a serviços e 
produtos essenciais, sem comprometer a arrecadação necessária para o financiamento das políticas 
públicas. 
 
Alíquotas Diferenciadas para Profissionais Liberais 
 
O artigo 128 prevê a possibilidade de aplicação de alíquota diferenciada, inferior à padrão, paraatividades exercidas por profissionais liberais, tais como: 
 Médicos; 
 Advogados; 
 Engenheiros; 
 Contadores, entre outros. 
 
A medida busca preservar a competitividade desses setores, que desempenham papel fundamental 
no mercado de serviços, especialmente para micro e pequenas empresas e pessoas físicas. 
 
Exemplo Prático 
Comparação de incidência: 
 
Serviço Alíquota Padrão Alíquota Reduzida/Diferenciada 
Consultoria empresarial 26,5% Não há redução 
Transporte público urbano 26,5% Alíquota reduzida 
Serviço de advocacia 26,5% Alíquota diferenciada 
 
Esses tratamentos diferenciados devem ser considerados na formação dos preços e no planejamento 
tributário das empresas, uma vez que impactarão diretamente na carga fiscal incidente sobre as 
operações. 
 
 
 
 
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Regimes Especiais e Diferenciados 
 
Além da previsão de alíquotas reduzidas, a LC nº 214/2025 institui a possibilidade de criação de 
regimes específicos e diferenciados de tributação para determinados setores e situações particulares. 
Essa previsão está delineada nos artigos 121 a 126 e visa acomodar realidades econômicas 
específicas, garantindo que o novo sistema seja aplicável de forma justa e eficaz. 
 
Principais Regimes Especiais Previsto na LC nº 214/2025 
 
 Zona Franca de Manaus e Áreas de Livre Comércio: Mantêm tratamento tributário 
favorecido, em razão de sua relevância estratégica para o desenvolvimento regional e para a 
preservação ambiental. 
 Combustíveis e Lubrificantes: Terão regime específico, com regras próprias de tributação, 
visando evitar distorções em cadeia e simplificar a cobrança. 
 Setor Financeiro: As operações financeiras terão regime específico de incidência do IBS e da 
CBS, considerando as peculiaridades da atividade bancária, seguradora e de investimentos. 
 Micro e Pequenas Empresas (Simples Nacional): Terão tratamento diferenciado, 
preservando-se a sistemática simplificada de recolhimento, com regras de crédito presumido 
para neutralizar a carga tributária. 
 Serviços de Transporte de Cargas: Sujeitos a regime diferenciado, considerando a 
essencialidade logística para a economia nacional. 
 
Impactos para as Empresas 
 
As empresas precisarão: 
 Identificar corretamente o enquadramento em regimes específicos; 
 Adaptar sistemas de faturamento e apuração; 
 Revisar contratos e cadeias de fornecimento para incorporar a nova lógica tributária. 
 
Exemplo prático: Uma transportadora de cargas deverá adaptar seus documentos fiscais para refletir 
a tributação diferenciada aplicável ao setor, sob pena de desenquadramento do regime e aplicação 
de penalidades. 
 
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Capítulo 1: Contexto da Reforma Tributária 
 
A reforma tributária em curso no Brasil é uma das mais significativas alterações estruturais já 
propostas no sistema tributário nacional. O objetivo central é simplificar, unificar e tornar mais 
transparente a tributação sobre o consumo. O modelo atual é composto por uma multiplicidade de 
tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS, Cofins) com regras distintas entre os entes federativos, o que gera 
insegurança jurídica, elevado custo de conformidade e disputas entre estados e municípios. 
 
Entre os principais problemas do sistema atual destacam-se: 
 
 A cumulatividade de tributos, especialmente no PIS e na Cofins em diversos setores; 
 A guerra fiscal entre os estados, que distorce decisões econômicas e reduz a arrecadação 
eficiente; 
 A complexidade operacional, com inúmeras obrigações acessórias e legislações sobrepostas; 
 A não transparência, pois o consumidor muitas vezes não tem clareza do quanto paga de 
tributos. 
 
A Emenda Constitucional nº 132/2023 foi o marco da reforma, inserindo o artigo 156-A à Constituição 
Federal e autorizando a instituição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre 
Bens e Serviços (CBS). A EC também definiu os princípios estruturantes do novo modelo, com base 
na neutralidade, não cumulatividade plena, transparência, simplicidade e isonomia concorrencial. 
 
O novo sistema se aproxima dos modelos internacionais de imposto do tipo IVA (Imposto sobre Valor 
Agregado), utilizado em diversos países da União Europeia e América Latina. Ao substituir cinco 
tributos por dois, a proposta visa reduzir distorções e promover um ambiente mais competitivo e 
previsível para os negócios. 
 
Outro ponto relevante é o fortalecimento da governança federativa. Com a criação do Comitê Gestor 
do IBS, haverá uma instância única para administração do imposto, respeitando a autonomia dos 
entes, mas padronizando regras e evitando conflitos. 
 
 
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Por fim, a transição prevista até 2033 busca garantir segurança jurídica e adaptação gradual. Os 
próximos capítulos detalham como o IBS e a CBS funcionarão na prática e como o profissional fiscal 
deve se preparar para esse novo cenário. 
 
Capítulo 2: Introdução ao IBS e à CBS 
 
A Lei Complementar nº 214/2025 regulamenta dois novos tributos sobre o consumo: o IBS (Imposto 
sobre Bens e Serviços), de competência de estados e municípios, e a CBS (Contribuição sobre Bens e 
Serviços), de competência federal. Ambos são tributos indiretos, ou seja, seu custo é repassado ao 
consumidor final, e seguem a lógica da não cumulatividade, permitindo o abatimento dos valores 
pagos nas etapas anteriores da cadeia de produção e circulação. 
 
O IBS unifica os tributos ICMS (estadual) e ISS (municipal), enquanto a CBS substitui o PIS e a Cofins, 
tributos federais que incidem sobre o faturamento. A intenção é criar um sistema tributário mais 
simples, eficiente e alinhado às práticas internacionais de tributação do consumo. 
 
A principal característica desses novos tributos é o modelo plurifásico, no qual cada etapa da cadeia 
gera débito e crédito tributário, com base no valor agregado da operação. Esse modelo visa garantir 
neutralidade, ou seja, o tributo incide sobre o consumo final, e não sobre as operações 
intermediárias. 
 
Além disso, a transparência é um dos pilares centrais: os valores de IBS e CBS deverão ser destacados 
nos documentos fiscais, permitindo ao consumidor saber exatamente quanto está pagando de 
imposto em cada operação. 
 
A operacionalização do IBS será feita por meio de um Comitê Gestor Nacional, responsável por 
administrar, arrecadar e repartir a receita entre estados e municípios. Já a CBS seguirá sob gestão da 
Receita Federal do Brasil. 
 
A instituição desses tributos representa uma mudança cultural e estrutural na forma como as 
empresas brasileiras lidam com a tributação. O profissional fiscal deverá compreender os princípios, 
regras e mecanismos do novo sistema para garantir conformidade e eficiência operacional. 
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Capítulo 3: Hipóteses de Incidência e Imunidades 
 
As hipóteses de incidência do IBS e da CBS são amplas, englobando todas as operações onerosas com 
bens materiais, bens intangíveis e prestações de serviços. De forma geral, o fato gerador do tributo 
ocorre sempre que há a circulação econômica de um bem ou a prestação de um serviço, com 
contraprestação financeira. 
No caso da CBS, a incidência se dá sobre a receita auferida nas operações com bens e serviços, 
inclusive na importação. Para o IBS, a incidência abrange operações internas e interestaduais com 
bens e serviços, bem comoimportações, tendo como elemento comum o consumo final. 
 
A legislação também contempla as hipóteses de incidência em operações complexas, como contratos 
de arrendamento mercantil, serviços digitais e prestação contínua de serviços, o que exige atenção 
redobrada por parte dos contribuintes quanto ao correto enquadramento da operação. 
 
Apesar da amplitude das hipóteses de incidência, o sistema preserva importantes imunidades 
tributárias, conforme os dispositivos constitucionais: 
 Imunidade recíproca entre entes federativos (União, Estados, DF e Municípios); 
 Imunidade de templos religiosos de qualquer culto; 
 Imunidade de partidos políticos e suas fundações; 
 Imunidade de sindicatos e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos, 
desde que atendidos os requisitos legais. 
 
Essas imunidades têm por objetivo proteger atividades de interesse público, garantindo que tributos 
sobre o consumo não comprometam a atuação dessas entidades. Ainda assim, é fundamental que as 
instituições imunes cumpram as obrigações acessórias, inclusive em relação à emissão de 
documentos fiscais, quando exigido. 
 
A correta identificação da incidência ou da imunidade é um dos pontos mais sensíveis na aplicação 
do novo sistema, exigindo do profissional fiscal profundo conhecimento técnico e análise criteriosa 
da legislação aplicável. 
 
 
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Capítulo 4: Base de Cálculo e Alíquotas 
 
A base de cálculo do IBS e da CBS é composta pelo valor total da operação, incluindo os próprios 
tributos. Ou seja, trata-se de uma base de cálculo “por dentro”, o que exige atenção no momento de 
destacar o imposto e precificar produtos e serviços. 
 
De forma prática, o valor total da nota fiscal incluirá o valor da mercadoria ou serviço, mais os valores 
de IBS e CBS. A nova legislação prevê a criação do campo vTotDFe (valor total do documento fiscal 
eletrônico), que representa esse valor completo da operação. 
 
A apuração correta da base de cálculo é essencial para garantir a transparência, respeitar as alíquotas 
aplicáveis e evitar autuações. Nos casos em que há abatimentos, devoluções ou bonificações, o 
contribuinte deverá seguir os critérios previstos em regulamento para exclusões e ajustes dessa base. 
 
Em relação às alíquotas, a CBS será instituída por lei federal e terá uma alíquota nacional única, com 
possibilidade de diferenciações apenas nos casos autorizados pela própria lei (por exemplo, para 
produtos com função extrafiscal, como cigarros e bebidas). 
 
Já o IBS será composto por três alíquotas distintas: 
 Uma alíquota federal de IBS (gestão da União); 
 Uma alíquota estadual; 
 Uma alíquota municipal. 
 
Essas alíquotas somadas resultarão na alíquota total do IBS, que será aplicada sobre a base de cálculo 
da operação. Cada ente poderá fixar suas alíquotas dentro dos limites definidos pela legislação e pela 
deliberação do Comitê Gestor. 
 
Importante destacar que não será permitido o uso de alíquotas reduzidas com base em 
essencialidade ou outros critérios subjetivos. A diferenciação de alíquotas será a exceção, não a 
regra, com aplicação restrita e prevista em lei complementar específica. 
 
 
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Para o contribuinte, isso significa mais previsibilidade na formação de preços e no cálculo do tributo, 
além da necessidade de ajustes nos sistemas de gestão (ERP) para parametrização correta das novas 
alíquotas aplicáveis por operação, conforme o local de destino. 
 
Capítulo 5: Sujeição Passiva e Recolhimento 
 
A sujeição passiva define quem está obrigado ao cumprimento das obrigações principais e acessórias 
relacionadas ao IBS e à CBS. No novo modelo, será considerado contribuinte qualquer pessoa física 
ou jurídica que realize, de forma habitual ou eventual, operações onerosas com bens ou prestações 
de serviços. 
 
Além do contribuinte direto, a lei também prevê a possibilidade de responsabilidade tributária, 
permitindo que terceiros respondam pelo recolhimento do tributo em determinadas situações, como 
ocorre nos regimes de substituição tributária, responsabilidade solidária ou responsabilidade por 
retenção. 
 
No caso do IBS e da CBS, a definição de sujeito passivo exigirá atenção redobrada ao local da 
operação, à natureza do serviço ou produto, ao enquadramento do prestador ou vendedor e ao tipo 
de operação (interna, interestadual ou importação). 
 
Com a implementação do Split Payment, o recolhimento do tributo será realizado automaticamente 
no momento da liquidação financeira da operação. A instituição financeira fará a separação dos 
valores devidos a título de IBS e CBS e os direcionará diretamente à conta do ente federado 
correspondente. Isso reduz o risco de inadimplência e aumenta a arrecadação efetiva. 
 
Para o contribuinte, o Split Payment representa uma mudança relevante no fluxo de caixa, pois o 
valor correspondente ao tributo não será mais transitado integralmente em sua conta bancária. Essa 
característica exigirá nova atenção ao planejamento financeiro e à conciliação bancária e contábil. 
Ainda em relação ao recolhimento, a LC 214/2025 prevê a possibilidade de regimes diferenciados de 
apuração, com recolhimento por estimativa, especialmente nos casos em que a operação não 
permite controle direto ou envolve micro e pequenas empresas. 
 
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Os tributos serão pagos por meio de documento único, com a utilização de um sistema integrado que 
centralizará as informações fiscais, contábeis e financeiras dos contribuintes. O profissional fiscal 
deverá estar atento às mudanças nos sistemas de escrituração e nas formas de apresentação dos 
dados ao Fisco, garantindo que o recolhimento seja realizado de forma correta e tempestiva. 
 
Capítulo 6: Documento Fiscal Eletrônico (DF-e) 
 
O novo sistema de IBS e CBS trará mudanças significativas no modelo dos documentos fiscais 
eletrônicos utilizados pelas empresas. Para garantir a correta apuração dos tributos, será obrigatória 
a inclusão de novos campos nos arquivos XML de documentos como NF-e, NFC-e, CT-e e NFCom. 
Um dos principais elementos é a criação do grupo UB, que identificará a operação segundo os 
critérios do novo sistema. Dentro desse grupo, destacam-se os campos: 
 
 cClassTrib: código de classificação tributária padronizado; 
 CST-IBS/CBS: código da situação tributária, semelhante ao modelo utilizado no ICMS e no 
PIS/Cofins; 
 vTotDFe: campo que informará o valor total da operação, já incluindo os tributos "por 
dentro". 
 
Essas alterações exigem atualização dos sistemas de gestão empresarial (ERP), bem como a 
reconfiguração das regras de validação e geração dos arquivos fiscais. Os contribuintes deverão 
garantir que as informações preenchidas estejam de acordo com os códigos definidos pelo Comitê 
Gestor do IBS e pela Receita Federal, conforme o tributo envolvido. 
 
Outro ponto importante é a exigência de consistência entre o que é declarado nos documentos fiscais 
e o que será posteriormente informado nas obrigações acessórias. O cruzamento de dados será 
automatizado, e qualquer divergência entre valores, códigos de tributação ou operações poderá 
resultar em autuações. 
Para ilustrar a mudança, vejamos um exemplo prático: 
 
Exemplo: Uma empresa vende um equipamento por R$ 10.000,00. No novo modelo, o valor total do 
documento fiscal (vTotDFe) será composto da seguinte forma: 
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 Valor da mercadoria: R$ 10.000,00 
 CBS (alíquota de 8,8%): R$ 880,00 
 IBS (alíquota total de 17,7%): R$ 1.770,00 
 Valor total do documento (vTotDFe): R$ 12.650,00 
 
A escrituração deve refletir esse valor total, com destaque para os campos obrigatórios e correta 
vinculação com o CST e cClassTrib da operação. 
O papel do profissional fiscal será essencial não apenas na revisão da parametrização dos 
documentos, mas também no acompanhamento da correta emissão, auditoria prévia dos arquivos 
XML e integração com os sistemas contábil e financeiro. 
 
Capítulo 7: Não Cumulatividade e Saldo Credor 
 
A não cumulatividade é um dos pilares do novo sistema de tributação sobre o consumo. Tanto o IBS 
quanto a CBS permitirão que os contribuintes se creditem dos valores pagos nas etapas anteriores, 
desde que os bens, serviços ou insumos sejam utilizados em atividades que gerem receitas 
tributadas. 
Na prática, o contribuinte apura o valor total das saídas (débito) e subtrai os créditos acumulados nas 
entradas. A diferença será o tributo a recolher. No caso de saldo credor, a legislação prevê a 
possibilidade de utilização em períodos futuros, compensação com outros tributos ou até mesmo 
restituição, conforme regulamentação específica. 
 
Simulação de apuração mensal: 
 Entradas tributadas (com direito a crédito): R$ 100.000,00 
 Saídas tributadas (com débito): R$ 150.000,00 
 Alíquota de IBS: 17,7% 
 Alíquota de CBS: 8,8% 
 
Créditos: 
 IBS: R$ 17.700,00 
 CBS: R$ 8.800,00 
 
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Débitos: 
 IBS: R$ 26.550,00 
 CBS: R$ 13.200,00 
A recolher: 
 IBS: R$ 8.850,00 
 CBS: R$ 4.400,00 
 
O direito ao crédito estará condicionado à comprovação documental da operação, à escrituração 
correta e à vinculação com a atividade econômica da empresa. Bens destinados ao uso e consumo 
pessoal, por exemplo, não gerarão direito a crédito de IBS ou CBS, assim como despesas que não 
estejam diretamente relacionadas à geração de receita. 
A LC 214/2025 também autoriza a glosa de créditos indevidos e responsabiliza o contribuinte por 
erros que comprometam a integridade da apuração. A gestão adequada dos créditos tributários pode 
representar um diferencial competitivo para as empresas, reduzindo o valor a recolher e aumentando 
a eficiência fiscal. 
 
Capítulo 8: Fiscalização e Lançamento 
 
A gestão da fiscalização do IBS será realizada pelo Comitê Gestor Nacional, que contará com 
representantes da União, dos Estados e dos Municípios. Essa estrutura visa garantir a uniformidade 
na interpretação da legislação e a coordenação das ações de fiscalização nos diferentes entes. 
A fiscalização será cada vez mais digital e integrada. Com a implantação dos novos documentos fiscais 
e da escrituração eletrônica padronizada, os fiscos terão acesso em tempo real às informações das 
operações realizadas pelos contribuintes. O cruzamento de dados será realizado por meio de 
algoritmos e inteligência artificial, permitindo a detecção precoce de inconsistências e indícios de 
sonegação. 
 
O lançamento do crédito tributário poderá ocorrer: 
 Por homologação (autolançamento pelo contribuinte); 
 De ofício (pela autoridade fiscal, em caso de omissão ou erro); 
 Por arbitramento (quando não for possível determinar a base de cálculo com segurança). 
 
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Caso prático: A empresa XPTO S/A deixa de registrar corretamente os campos da nova nota fiscal 
eletrônica em duas operações interestaduais. O cruzamento de dados entre DFe e obrigação 
acessória evidencia divergência de valores declarados. A fiscalização, por ofício, apura e cobra a 
diferença, com acréscimo de multa e juros. 
 
Também haverá a possibilidade de aplicação de regimes especiais de fiscalização, especialmente em 
casos de reincidência de irregularidades, evasão fiscal ou risco de inadimplemento. Nesses casos, o 
contribuinte poderá ter limitações no uso de créditos, necessidade de recolhimento antecipado ou 
obrigação de prestar informações adicionais. 
Cabe ao profissional fiscal adotar práticas de conformidade tributária, manter controles internos 
consistentes e acompanhar periodicamente os relatórios fiscais e financeiros. A transparência e a 
coerência das informações serão fundamentais para reduzir a exposição a riscos fiscais e evitar 
autuações indevidas. 
 
Capítulo 9: Regras de Transição 
 
A transição para o novo sistema será feita de forma gradual, com início em 2026 e término previsto 
para 2033. Nesse período, haverá a convivência entre o sistema atual (ICMS, ISS, PIS e Cofins) e o 
novo modelo de IBS e CBS. 
 
O cronograma estabelece: 
 Início da cobrança da CBS em 2026 com alíquota reduzida; 
 IBS inicia em 2027 com fase de testes e simulações; 
 A partir de 2029, os tributos antigos começam a ser extintos gradualmente; 
 Em 2033, o novo sistema estará plenamente implantado. 
 
Durante o período de transição, os contribuintes deverão realizar a escrituração e apuração paralela 
dos tributos, ajustando seus sistemas para lidar com as duas estruturas simultaneamente. Haverá 
regras específicas para o aproveitamento dos créditos acumulados nos regimes antigos, com 
compensação ou restituição conforme previsto em legislação própria. 
 
 
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Exemplo prático: Uma empresa industrial com saldo acumulado de ICMS de R$ 500 mil poderá, 
conforme regulamentação, utilizar esse valor para compensar parcialmente o IBS, seguindo critérios 
de equivalência e regras de validação a serem definidos pelos entes federados. 
O Comitê Gestor do IBS e a Receita Federal deverão regulamentar os detalhes operacionais da 
transição, incluindo obrigações acessórias, layout dos documentos fiscais, regras de rateio e partilha 
da arrecadação, entre outros aspectos. 
 
É fundamental que os profissionais da área fiscal acompanhem os marcos legais da transição, 
planejem com antecedência a adaptação dos sistemas e capacitem suas equipes para enfrentar os 
desafios desse processo. 
 
A transição é também uma oportunidade para modernizar processos, integrar setores internos e 
fortalecer a governança tributária. 
 
Capítulo 10: Governança Tributária e Conformidade 
 
A implementação do novo modelo de tributação traz consigo a necessidade de uma governança 
tributária mais sólida e integrada com as demais áreas da empresa. A função fiscal deixa de ser 
meramente operacional para assumir um papel estratégico na tomada de decisões e na garantia da 
conformidade. 
A governança tributária envolve o conjunto de práticas, processos, controles e responsabilidades 
que asseguram a conformidade com a legislação, o cumprimento de obrigações acessórias e a gestão 
adequada dos riscos fiscais. No contexto do IBS e da CBS, isso se torna ainda mais relevante diante 
da automatização da fiscalização e da ampliação da transparência nas operações. 
Entre os pilares da governança tributária destacam-se: 
 
 Planejamento tributário lícito, com análise constante de oportunidades e riscos; 
 Monitoramento de obrigações fiscais, com uso de sistemas e alertas de vencimentos; 
 Parametrização de sistemas ERP, garantindo que os dados sejam lançados corretamente 
desde a origem; 
 Auditorias internas periódicas, focadas em documentos fiscais, classificação tributária e 
geração de créditos; 
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 Capacitação contínua da equipe fiscal, especialmente sobre a legislação do IBS/CBS e 
atualizações normativas. 
Além disso, o novo modelo exigirá maior integração entre áreas: fiscal, contábil, compras, vendas, TI 
e jurídico precisam atuar de forma alinhada. A fragmentação de informações poderá comprometer 
a apuração correta dos tributos, o aproveitamento de créditos e a resposta eficiente a fiscalizações. 
Outro aspecto essencial é o papel do compliance tributário. As empresas deverão manter registros 
confiáveis, relatórios auditáveis e prontidão para responder eletronicamente aos questionamentos 
do Fisco. Isso envolve desde o controle de documentos até a rastreabilidade das informações nos 
arquivos digitais. 
A adoção de indicadores de performance (KPIs) tributários, como índice de aproveitamento de 
créditos, número de autuações, tempo médio de entrega das obrigações e percentual de glosas, pode 
auxiliar na gestão eficaz da área. 
Em síntese, a governança tributária será um diferencial competitivo. Empresas que se estruturarem 
com antecedência e investirem na maturidade fiscal estarão melhor preparadas para enfrentar o 
novo cenário e poderão inclusive identificar oportunidades que reduzam legalmente sua carga 
tributária. 
 
Capítulo 11: Estudo de Caso 1 – Emissão de Nota Fiscal com IBS/CBS 
 
Para consolidar o entendimento dos conceitos apresentados até aqui, vejamos um exemplo prático 
de operação tributada no novo modelo: 
 
Cenário: 
 Empresa: Indústria Alfa Ltda. 
o Produto: Máquina industrial 
o Valor da venda: R$ 20.000,00 
o Destino: Cliente localizado em outro estado 
o Alíquota de IBS: 17,7% (12,7% estadual + 5% municipal) 
o Alíquota de CBS: 8,8% 
 
 
 
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Cálculo do valor total da operação (por fora): 
1. Base de cálculo: R$ 20.000,00 
2. IBS: R$ 3.540,00 (17,7%) 
3. CBS: R$ 1.760,00 (8,8%) 
4. Valor total da operação: R$ 25.300,00 
 
Procedimentos: 
 Emitir a NF-e com destaque para IBS e CBS, informando cClassTrib e CST correspondentes; 
 Preencher o campo vTotDFe com o valor total da operação; 
 Informar corretamente o local de destino, considerando a partilha do IBS; 
 Escriturar o documento no sistema de apuração de IBS e CBS. 
 
Pontos de atenção: 
 Correta parametrização do CFOP e do grupo tributário no ERP; 
 Validação automática pelo sistema da SEFAZ antes da autorização; 
 Integração da nota fiscal com o controle de estoque, financeiro e contábil. 
 
Este estudo de caso mostra como o conhecimento técnico aliado à prática operacional é fundamental 
para garantir a conformidade no novo modelo. Pequenos erros na configuração do documento fiscal 
podem gerar glosas de crédito, inconsistências na apuração e até autuações futuras. 
 
Capítulo 12: Estudo de Caso 2 – Transição e Adequação 
 
Vamos agora simular uma situação de migração de regime durante o período de transição, 
considerando os impactos fiscais e operacionais envolvidos. 
 
Cenário: 
 Empresa: Serviços XYZ Ltda. 
 Atividade: Consultoria empresarial 
 Regime atual: Simples Nacional 
 Opção pelo regime regular em 2027 para aproveitamento de créditos e adesão antecipada ao 
novo modelo 
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Ações necessárias para migração: 
1. Realizar a exclusão voluntária do Simples Nacional até o prazo legal; 
2. Atualizar o cadastro fiscal da empresa junto à Receita Federal, SEFAZ e Prefeitura; 
3. Adequar o sistema ERP com novo enquadramento tributário e alíquotas aplicáveis; 
4. Revisar contratos com clientes e fornecedores para ajustar cláusulas de tributação; 
5. Capacitar a equipe fiscal para a nova sistemática de emissão de notas, escrituração e apuração 
de créditos. 
 
Impactos: 
 Direito ao crédito de IBS e CBS sobre insumos e despesas operacionais; 
 Obrigatoriedade de escrituração digital e entrega de obrigações acessórias específicas; 
 Necessidade de separação entre receitas tributadas e isentas, quando aplicável. 
 
Riscos: 
 Glosa de crédito por falta de documentos válidos; 
 Penalidades por atraso na adaptação; 
 Dificuldades na precificação e repasse da carga tributária ao cliente. 
 
Este estudo evidencia a importância do planejamento tributário na fase de transição. A decisão de 
migração deve ser acompanhada de um diagnóstico fiscal detalhado e de um cronograma de 
implementação que envolva todas as áreas da empresa. 
 
Capítulo 13: Split Payment – Conceito, Aplicação e Impactos Operacionais 
 
O mecanismo do Split Payment é uma das grandes inovações operacionais do novo sistema tributário 
brasileiro. Previsto na Lei Complementar nº 214/2025, ele será utilizado como forma de garantir a 
arrecadação automática dos tributos sobre o consumo, mitigando o risco de inadimplência e 
facilitando a fiscalização por parte dos entes federativos. 
 
O que é Split Payment? 
 
Literalmente, significa “pagamento fracionado”. No modelo aplicado ao IBS e à CBS, o valor dos 
tributos será destacado no documento fiscal, mas seu recolhimento não dependerá mais do 
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contribuinte. No momento do pagamento da operação (à vista, boleto, cartão, Pix etc.), a instituição 
financeira ou o intermediário da operação fará a retenção automática do valor correspondente aos 
tributos e os repassará diretamente aos cofres públicos. 
 
Funcionamento prático: 
 A empresa vende um produto por R$ 1.000,00 
 Valor total da NF: R$ 1.000,00 (com R$ 177,00 de IBS e R$ 88,00 de CBS) 
 O cliente realiza o pagamento via cartão de crédito 
 A operadora de cartão retém automaticamente os R$ 265,00 (IBS + CBS) 
 O restante é repassado à empresa vendedora 
 Os tributos são recolhidos diretamente ao ente federado competente 
 
Impactos na operação: 
 
1. Fluxo de caixa: A empresa receberá apenas o valor líquido, o que exigirá nova estruturação 
de capital de giro, sobretudo em operações com margens apertadas. 
2. Gestão financeira: Os relatórios financeiros deverão conciliar valores líquidos recebidos e 
tributos recolhidos automaticamente, o que exigirá maior atenção na tesouraria e no controle 
bancário. 
3. Sistemas e ERPs: Será necessário que o sistema da empresa esteja parametrizado para 
registrar corretamente o valor total da operação, o valor dos tributos e o valor líquido 
recebido. 
4. Compliance: A responsabilidade pelo recolhimento é transferida ao intermediário financeiro, 
mas o contribuinte ainda responde pela correta emissão do documento fiscal e pela 
parametrização tributária da operação. Erros nesses pontos podem resultar em glosa de 
crédito para o destinatário e penalidades administrativas. 
 
Vantagens do Split Payment: 
 Reduz a inadimplência tributária; 
 Facilita o controle e a partilha da arrecadação entre os entes; 
 Promove a justiça fiscal e a igualdade concorrencial; 
 Evita fraudes estruturadas envolvendo empresas de fachada. 
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Desafios: 
 Exige maturidade tecnológica do sistema financeiro e dos contribuintes; 
 Necessita de regras claras para operações complexas (ex: consignação, intermediação); 
 Impacta diretamente a precificação e o relacionamento com clientes. 
O Split Payment representa uma quebra de paradigma na relação entre contribuinte e Fisco. Sua 
aplicação prática exigirá treinamento, novos processos internos e constanterevisão da base fiscal da 
empresa. 
 
Capítulo 14: Responsabilidade Solidária e Regimes Especiais de Fiscalização 
 
A Lei Complementar nº 214/2025 prevê, além da sujeição passiva direta, a possibilidade de 
responsabilidade solidária e a aplicação de regimes especiais de fiscalização para garantir a 
efetividade da arrecadação e o cumprimento da legislação. 
 
Responsabilidade solidária: 
 
A responsabilidade solidária ocorre quando terceiros respondem juntamente com o contribuinte 
pelo cumprimento das obrigações tributárias. No caso do IBS e da CBS, haverá hipóteses específicas 
onde empresas ou pessoas envolvidas na cadeia de fornecimento ou na intermediação da operação 
podem ser responsabilizadas. 
 
Exemplos práticos: 
 
 Marketplace: pode ser responsável solidário caso permita a venda de produtos sem a devida 
emissão de NF-e com IBS e CBS destacados corretamente. 
 Construtoras: podem responder solidariamente por prestadores de serviços subcontratados 
que não recolhem adequadamente os tributos. 
 Transportadoras: podem ser responsabilizadas se executarem operação de circulação de 
mercadorias sem o documento fiscal eletrônico exigido. 
 
Essa regra exige que as empresas adotem uma postura mais criteriosa na contratação de parceiros, 
com verificação de regularidade fiscal, cláusulas contratuais protetivas e auditoria de terceiros. 
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Regimes Especiais de Fiscalização: 
Poderão ser aplicados aos contribuintes que: 
 
 Apresentem indícios de sonegação ou inadimplência reiterada; 
 Não transmitam corretamente as obrigações acessórias; 
 Realizem operações de risco para a arrecadação. 
 
Medidas possíveis: 
 Recolhimento antecipado do tributo; 
 Restrição ao aproveitamento de créditos; 
 Monitoramento individualizado pelo Fisco; 
 Exigência de prestação de garantias. 
 
Como se prevenir: 
 Manter cadastros atualizados, entrega pontual das obrigações e escrituração correta; 
 Monitorar pendências fiscais e aderir a programas de conformidade voluntária; 
 Promover cultura de compliance em todos os níveis da organização. 
 
A responsabilidade solidária e os regimes especiais devem ser vistos como mecanismos de pressão 
fiscal, mas também como oportunidades para as empresas que adotam boas práticas se 
diferenciarem no mercado e evitarem riscos desnecessários. 
 
 
Capítulo 15: Incentivo à Cidadania Fiscal – Cashback e Devolução ao Consumidor 
 
Um dos elementos mais inovadores do novo sistema tributário previsto na LC nº 214/2025 é a criação 
do Programa de Incentivo à Cidadania Fiscal. Inspirado em modelos internacionais de devolução de 
tributos ao consumidor final, o programa busca engajar a população na fiscalização e no controle 
social da arrecadação tributária. 
 
Objetivo: O programa visa devolver parte do valor arrecadado com IBS e CBS ao consumidor final 
que exige a emissão do documento fiscal. Essa devolução poderá ser feita por meio de crédito em 
 
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conta, desconto em serviços públicos, programas de fidelidade fiscal ou cashback direto, conforme 
regulamentação de cada ente federativo. 
 
Finalidades estratégicas: 
 Reduzir a sonegação incentivando a emissão do documento fiscal; 
 Criar cultura de responsabilidade fiscal na sociedade; 
 Estimular a formalização de atividades econômicas; 
 Fortalecer a transparência e o controle cidadão. 
 
Como funcionará na prática: 
1. O consumidor final realiza uma compra e exige o documento fiscal com CPF informado; 
2. O sistema registra a operação e o valor correspondente de IBS/CBS; 
3. Uma fração do valor do tributo é registrada como crédito a favor do consumidor; 
4. O consumidor poderá consultar, acumular e utilizar esses créditos segundo regras locais. 
 
Exemplo prático: 
 Valor da compra: R$ 300,00 
 IBS + CBS: R$ 70,00 
 Percentual de devolução: 5% 
 Crédito gerado: R$ 3,50 
 
Desafios esperados: 
 Integração de dados entre DF-e, Receita Federal, Comitê Gestor e sistemas 
estaduais/municipais; 
 Garantia de segurança e rastreabilidade das informações; 
 Definição clara das regras de devolução, periodicidade e limites por CPF. 
 
Cenário internacional de referência: Países como Portugal e Coreia do Sul já utilizam sistemas 
semelhantes com alto índice de engajamento. No Brasil, programas como a Nota Fiscal Paulista e a 
Nota Paraná já anteciparam essa lógica e podem servir de base para estruturação e divulgação. 
 
 
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O programa de incentivo à cidadania fiscal será um instrumento poderoso de aproximação entre 
contribuinte, consumidor e governo, promovendo uma relação de maior confiança, engajamento e 
retorno à sociedade. 
 
Capítulo 16: Cadastro Único Nacional – Integração e Gestão da Identidade Fiscal 
 
A criação de um Cadastro Único Nacional de Contribuintes é uma medida prevista para simplificar o 
controle, a fiscalização e a comunicação entre os entes federativos e os contribuintes. O cadastro 
será compartilhado entre a Receita Federal, os fiscos estaduais e municipais, e servirá como base 
para a identificação e validação das obrigações vinculadas ao IBS e à CBS. 
 
Objetivos principais: 
 Eliminar a duplicidade de cadastros fiscais (ex: CNPJ ativo em mais de uma SEFAZ); 
 Unificar dados cadastrais para fins de fiscalização e apuração; 
 Permitir gestão automatizada de obrigações e pendências; 
 Integrar cruzamentos com dados de NF-e, CT-e, BP-e e SPED. 
 
O que comporá o cadastro: 
 Dados do contribuinte (CNPJ, CNAE, regime tributário); 
 Endereços de estabelecimentos e matriz/filiais; 
 Enquadramentos fiscais (Simples, Lucro Real, Regime Especial); 
 Dados bancários vinculados ao Split Payment; 
 Responsáveis legais e procuradores cadastrados. 
 
Benefícios esperados: 
 Maior segurança jurídica nas operações intermunicipais e interestaduais; 
 Redução de erros cadastrais e falhas de entrega de documentos fiscais; 
 Facilidade de fiscalização eletrônica e geração de relatórios automatizados; 
 Otimização dos procedimentos de alteração ou baixa cadastral. 
 
Ponto de atenção para empresas: Será necessário validar periodicamente o cadastro, revisar o 
enquadramento fiscal e manter atualizados todos os dados relativos às suas operações. O profissional 
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fiscal deverá acompanhar as publicações do Comitê Gestor para garantir que o cadastro reflita 
corretamente a realidade da empresa. 
O Cadastro Único Nacional será uma ferramenta fundamental para consolidar a nova lógica 
federativa de gestão tributária, promovendo padronização e facilitando o relacionamento entre 
contribuintes e Administração Pública. 
 
Capítulo 17: Tratamento dos Bens de Uso e Consumo Pessoal 
 
Uma das mudanças importantes trazidas pela LC nº 214/2025 é o tratamento diferenciado atribuído 
aos bens de uso e consumo pessoal. Com o novo modelo, esses bens não gerarão mais direito a 
crédito de IBS ou CBS, o que exige maior rigor na classificação e controle das despesas empresariais. 
 
Definição legal: Bens de uso e consumo pessoal são aqueles adquiridos pela empresa, mas que não 
são utilizados diretamente no processo produtivo ou na prestação de serviços, nem se vinculam de 
forma imediata à geração de receitas tributadas. 
 
Exemplos típicos: 
 Materiais de escritório (papel, caneta, mobiliário administrativo);

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