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Lya Luft
A INFÂNCIA 
É O CHÃO
SOBRE O QUAL
CAMINHAREMOS
O RESTO DE 
NOSSOS DIAS.
INTRODUÇÃO
À TEORIA
DO APEGO
POR CAROL PERRELLA
Apesar de ser uma teoria antiga, a Teoria do Apego tem sido cada vez mais difundida 
e valorizada na psicologia, na psiquiatria e na neurociência. O que antes era uma 
teoria fundamentada na fenomenologia, hoje vem ganhando comprovações na neu-
rociência através dos avanços tecnológicos que nos permitem ter uma compreen-
são maior dos processos fisiológicos e emocionais do ser humano. 
Os novos estudos provam o quanto é importante olharmos para a qualidade dos pri-
meiros vínculos afetivos, pois, como disse Lya Luft, "a infância é o chão sobre o qual 
caminharemos o resto de nossos dias".
Muito se fala da Teoria do Apego na educação parental: na importância de orientar-
mos pais, famílias e sociedade sobre o poder do vínculo, da conexão e do acolhimen-
to na infância. Uma sociedade informada sobre importância do apego, contribui com 
políticas que favorecem a 
qualidade do vínculo na 
infância e que quebra o ciclo 
da violência,
Mas, infelizmente, o que 
vemos na prática é que este 
sonho ainda está muito dis-
tante da nossa realidade. Os 
consultórios psiquiátricos e 
psicoterapêuticos estão lota-
dos, os índices de psicopatologias estão nas alturas e a saúde mental está cada vez 
mais em evidência, mostrando que estamos adoecidos como sociedade. E fica cada 
vez mais evidente que a Teoria do Apego não é um assunto apenas do mundo 
materno-infantil. É um assunto para TODOS, especialmente para os profissionais da 
área de psicologia, que irão receber, em seus consultórios, pessoas pagando um 
preço muito alto por caminhar pela vida sobre o chão de uma infância ferida.
AFINAL, O QUE É A TEORIA DO APEGO?
A Teoria do Apego, desenvolvida por John Bowlby e Mary Ainsworth, atesta que um 
vínculo emocional e físico forte com um cuidador primário é crítico para o nosso 
desenvolvimento e para o funcionamento dos processos interpessoais, inclusive o 
da ajuda em psicoterapia. O sistema de apego é inerente, biológico e um processo 
natural que se relaciona com tudo que fazemos na vida, especialmente no que diz 
respeito ao nosso relacio-
namento com os outros. 
Isso ocorre porque a quali-
dade desse primeiro vínculo 
afeta diretamente nossa 
forma de estar no mundo e 
em nossas relações.
NEUROBIOLOGIA DO APEGO
O bebê humano nasce extremamente prematuro em relação à sua maturidade 
para viver de forma independente de seus cuidadores. Diferente de outros mamífe-
ros, a sobrevivência do bebê humano depende 
100% do cuidado do outro. Logo, um dos meca-
nismos de sobrevivência que buscamos nos 
primeiros anos de vida é estabelecer um víncu-
lo com nossos cuidadores.
Ao interagir com os cuidadores (e com seus 
sistemas nervosos), o bebê terá (ou não) suas 
necessidades fisiológicas e emocionais atendi-
das, e isso gera uma impressão importante 
em seu modo de funcionamento interno, inclu-
sive no padrão de resposta do sistema nervoso 
autônomo.
Nos primeiros estágios da vida, absorvemos 
tudo que acontece ao nosso redor e absorve-
mos, especialmente, informações constantes dos nossos cuidadores. Dependendo 
de como o cuidador responde às necessidades da criança que está sob seus cuida-
dos e das informações absorvidas pela criança em seu ambiente, seu estilo de 
apego é formado como uma resposta para buscar segurança e sobrevivência.
Gabor Mate
Trauma é uma experiência, e não um evento. 
É o que acontece dentro de nós 
como resultado daquilo que nos aconteceu.
TEORIA DO APEGO NA PRÁTICA CLÍNICA
Os apegos adaptativos (evitativo, ambivalente e desorganizado) são respostas do 
corpo frente a um contexto que não foi favorável à saúde emocional e ao funciona-
mento saudável de sua fisiologia. Essas respostas envolvem memórias implícitas, 
padrões de funcionamento do sistema nervoso autônomo e marcas que ficam no 
corpo e que podem influenciar diretamente como nos relacionamos com o mundo 
e com os outros ao longo de toda a vida. Na maioria das vezes, as feridas de apego 
se tornam traumas de desenvolvimento, comprometendo o funcionamento saudá-
vel do sistema nervoso autônomo e a nossa habilidade de nos engajar com os 
outros, substituindo a necessidade de conexão pela necessidade de proteção.
Muitas queixas que lotam os consultórios médicos e psicoterapêuticos têm origem 
nas marcas que o corpo guarda das feridas de apego, dos traumas e especialmen-
te do que o corpo registrou em sua fisiologia diante do que a pessoa viveu. É impres-
cindível que o terapeuta atual leve em consideração, ao escolher suas interven-
ções, as informações que chegam do sistema nervoso e a sabedoria do corpo de 
seus clientes, para que juntos possam, aos poucos, reestabelecer o senso de segu-
rança na fisiologia, no sistema de apego e na conexão com o outro.
Felizmente, podemos "re-treinar" o sistema nervoso autônomo para sentir seguran-
ça novamente, especialmente com a ajuda de relações saudáveis e seguras, nas 
quais podemos experimentar uma co-regulação saudável e a reconsolidação das 
memórias traumáticas.
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