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Vamos começar nosso estudo enfatizando que evidentemente o ambiente acadêmico se encontra, neste momento, em plena ebulição, causada por uma série de fatores que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos. (Munhoz, 2019) Se antes da pandemia muito já se falava sobre a substituição das metodologias tradicionais pelas novas, que inserem intensivamente as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente educacional e que levam em conta as características e peculiaridades de cada ser humano, após o período de ensino remoto, ao qual estudantes e professores foram submetidos durante a pandemia que se instalou no mundo em 2019, chamada de SARS-CoV-2, a Covid-19, no retorno ao ensino presencial, ainda mais explora-se o assunto, principalmente porque agora, de uma forma ou de outra, ainda que sem escolha, os docentes tiveram contato com uma nova forma de educar e tiveram que se (re)adequar e se reinventar para continuar ensinando aos seus alunos de suas casas, em isolamento, para tentar manter a educação em continuidade. Na verdade, foi a única forma que o mundo encontrou para que crianças, jovens e adultos não precisassem interromper seus estudos durante um período que era desconhecido em extensão (e em gravidade, diga-se de passagem). A dúvida que pairava no ar era: como manter os alunos estudando? Como continuar desenvolvendo a educação, em todos os níveis, em um momento tão incerto? E a decisão foi inserir, sem prévio aviso ou preparo, (não houve tempo para isso) alunos e professores no ensino remoto (vale ressaltar que falaremos sobre a diferença TEMA 1 Metodologias Ativas versus Aprendizagem Ativa entre o ensino remoto e o ensino a distância mais adiante na disciplina). Porém, agora, estamos novamente diante de um ‘novo’ ensino presencial, e digo ‘novo’ porque mais uma vez estamos nos (re)adequando. Aliás, muitos docentes dizem que estão tendo que reaprender a ensinar, visto que muita coisa mudou nesse período, como veremos ao longo de nossas aulas. Portanto, vamos aprender nesta disciplina sobre o que de fato são as metodologias ativas, qual a sua importância, como elas foram e estão sendo inseridas no sistema educacional, e principalmente quais os tipos de metodologias ativas que podem ser utilizadas nas práticas pedagógicas a fim de construir, verdadeiramente, uma aprendizagem significativa, focada no novo perfil estudantil e nas necessidades da sociedade do século XXI, levando em consideração um período de pós- pandemia, porque ainda estamos nos recuperando das perdas e mudanças ocorridas. Então, a partir de agora, está convidado a me acompanhar neste percurso! APRENDIZAGEM ATIVA OU METODOLOGIA ATIVA? SERÁ QUE EXISTE DIFERENÇA? Há muitos renomados autores que vêm pesquisando e debatendo sobre metodologias ativas há alguns anos… ou será que estão discutindo sobre aprendizagem ativa? Será que existe diferença entre os conceitos? Boa parte da literatura considera as metodologias ativas como estratégias pedagógicas que colocam o estudante como foco no processo de ensino e aprendizagem, contradizendo a abordagem pedagógica tradicional, que sempre esteve centrada no professor como único e melhor transmissor de informação aos seus alunos, que geralmente adotavam uma atitude passiva, de meros recebedores de conhecimento. O fato de essas novas estratégias serem caracterizadas como ativas tem a ver com a execução de práticas pedagógicas que envolvam os estudantes, que os engajem em atividades práticas e mais lúdicas, dentro do possível, nas quais eles são os protagonistas do seu aprendizado. Pode-se dizer, então, que as metodologias ativas procuram criar situações de aprendizagem em que os alunos fazem coisas, colocam conhecimentos em prática, pensam e conceituam o que fazem, criam saberes sobre os conteúdos vistos nas atividades, e também desenvolvem estratégias cognitivas, capacidade crítica e de reflexão sobre suas ações, dão e recebem feedback sobre as atividades realizadas, aprendem sobre a importância de interagir com seus colegas e professores e exploram atitudes e valores pessoais e sociais (Berbel, 2011; Morán, 2015; Pinto et al., 2013, como citados em Valente, Almeida & Geraldini, 2017). No que se refere ao termo ‘aprendizagem ativa ’, muitos estudiosos o têm usado para caracterizar situações de aprendizagem em que o aluno tem uma postura ativa, denominada, na língua inglesa, de active learning (aliás, denominação que era usada desde 1991). Barbosa e Moura (2013) relatam que, de maneira geral, a expressão aprendizagem ativa, (que também pode ser compreendida como ‘aprendizagem significativa’,como será estudado mais adiante), vem sendo usada de maneira vaga e imprecisa, visto que, de forma intuitiva, professores consideram que toda aprendizagem é, de certa forma, inerentemente ativa porque o estudante sempre está ativamente envolvido enquanto assiste a uma aula, ainda que ela seja expositiva. Entretanto, pesquisas indicam que o aprendiz deve fazer algo a mais em sala de aula, e não apenas ouvir, para ter uma aprendizagem realmente efetiva. Ele precisa ler, escrever, perguntar, debater ou resolver problemas e desenvolver projetos. Também deve realizar atividades mentais de alto nível, como analisar, sintetizar e avaliar informações, portanto, as estratégias que geram aprendizagem ativa podem ser definidas como aquelas atividades que fazem com que o estudante faça, realmente, alguma coisa e, simultaneamente, reflita sobre ela. Então, infere-se que a aprendizagem ativa ocorre sempre que o estudante interage com o assunto estudado, ouvindo, falando, questionando, debatendo, fazendo e ensinando (por que não?), sendo estimulado a construir o seu saber ao invés de somente recebê-lo passivamente do professor. No ambiente de aprendizagem ativa, o docente assume a função de orientador, de supervisor, de intermediador e de facilitador do processo de ensino- aprendizagem. Em outras palavras, pode-se dizer que a característica fundamental de um ambiente de aprendizagem ativa é a atitude ativa da inteligência, em contraposição à atitude passiva encontrada nos métodos tradicionais de ensino. Ressalta-se ainda que, sentir o que está fazendo é tão importante quanto pensar sobre. Shah e Nihalani (2012 como citado em Barbosa & Moura, 2013) asseveram que a participação dos sentimentos no processo de aprendizagem é um fator muito relevante na fixação do conhecimento. Pode-se dizer que o bom humor, a boa disposição e a alegria são as bases da compreensão, do engajamento e do aprendizado. Entende-se, portanto, que a aprendizagem ativa diz respeito às estratégias que são empregadas para ativar o aluno. Sendo assim, o docente deve (ou deveria) adotar uma postura ativa ao ministrar suas aulas, porque precisa estudar, selecionar informação, empregar a melhor terminologia a ser usada com seus educandos, explicar um conteúdo de diferentes maneiras, bem como fazer relações, comparações, e analogias. Fica subentendido que, se o docente adotar o mesmo plano de aula várias vezes, sem inovar, é provável que sua exposição se torne rotineira, monótona, automática e, consequentemente, terá um caráter passivo e não ativo. Sobre a diferença (ou não) entre os termos ‘metodologia ativa’ e ‘aprendizagem ativa’, Valente, Almeida e Geraldini (2017) explicam que ‘aprendizagem ativa’ é uma expressão redundante, em vista do que se sabe atualmente sobre o processo de ensino-aprendizagem, mas principalmente sobre o funcionamento do cérebro. A aprendizagem ocorre em função da ação do sujeito e em sua interação com o meio. Ainda que ela se limite à memorização de informação, entende-se que o aprendiz precisa ser ativo, realizando atividades mentais. Assim, não é possível compreender que um indivíduo aprenda algo sem sero professor organiza a apresentação das hipóteses. Esses debates auxiliam os alunos a pensarem em soluções para os problemas levantados; A avaliação deve ser feita individualmente e por pares, ou seja, os próprios componentes dos grupos atribuem notas para os colegas da equipe e cada aluno se auto avalia, o que estimula a autocrítica e a crítica construtiva aos demais. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Em resumo Vimos ao longo desta aula que a ABProj. pode ser considerada como um conjunto de experiências de aprendizagem e de tarefas que levam o estudante a investigar um problema central, resolvendo-o ou encontrando um desafio. Tem como foco o aprender fazendo, com a orientação do professor que guiará todo o processo, porém, cabe aos estudantes desenvolverem o projeto e apresentarem os resultados. É uma metodologia que vem sendo muito utilizada em todo o mundo com vistas a reduzir a evasão e ter alunos autônomos em seu processo de Introdução A aprendizagem Baseada em Problemas (ABP ou ABProb para diferenciar da Aprendizagem Baseada em Projetos, ou ainda PBL) é, sem dúvida nenhuma, uma metodologia inovadora no contexto educacional, na qual, em linhas gerais, o professor apresenta um problema e os alunos precisam encontrar a solução, usando suas habilidades e conhecimentos, com autonomia e responsabilidade. A ideia é que seja um processo simples, seguro e eficaz para que o currículo se desenvolva com a solução de problemas semelhantes aos que o aprendiz enfrenta na sua vida profissional, procurando aproximar o estudante da pessoa que o mercado deseja e precisa. Vale ressaltar que diariamente surgem no mercado de trabalho problemas que precisam ser resolvidos e muitas vezes o colaborador recém contratado tem pouca ou nenhuma vivência profissional. É um método de instrução que usa a lógica e o raciocínio, baseados em um conteúdo relevante e em extenso trabalho para encontrar a solução de problemas do mundo real com uma proposta de aprender fazendo. Sabemos que o ser humano costuma ser curioso e adora desafios, e resolver um problema real representa, com certeza, um desafio para os alunos, o que deve tornar o momento da aula mais dinâmico e agradável. Quando o estudante precisa resolver um problema em conjunto, por meio de uma aprendizagem independente, baseada na colaboração, na cooperação e com um objetivo em comum, a formação de grupos passa a ser algo natural, podendo-se transformar em um profissional do conhecimento, como o mercado espera. (Munhoz, 2019) Estivemos vendo em aula anterior a Aprendizagem Baseada em Projetos, e esta metodologia que está sendo estudada agora apresenta bastante semelhança, porém a diferença é que enquanto a ABProb. trabalha com fatos isolados a ABProj. inclui cenários completos e a evolução deles até a finalização do projeto. É indicado usar a ABProb. quando o conteúdo não é sequencial e são necessárias abordagens pontuais. Já a ABProj. considera assuntos sequenciais. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Agora vamos conhecer com um pouco mais de profundidade essa metodologia inovadora. Origem, conceito e características da PBL A ideia de trabalhar com problemas como forma de aprender e ensinar não é nova, pelo contrário, conhece-se a história do filósofo Confúcio (500 a.C.), que só auxiliava os seus seguidores com a resposta para um problema ou dúvida depois que eles tivessem feito algum esforço procurando a solução. (Barbosa & Moura, 2013) Também pode-se dizer que tem base na teoria de Charles Maguerez, no Método do Arco, cujo foco é promover o ensino e a aprendizagem com base na realidade. Foi inserida na formação para o mercado de trabalho de analfabetos de países africanos que migraram para países em desenvolvimento visando trabalhar nas indústrias, usinas de petróleo e agricultura. Em síntese esse método tinha como premissa observar a realidade, descobrir os problemas e escolher um de cada vez para resolver. Planejamento do Arco da Problematização No entanto, a sistematização, de fato, da PBL surgiu na década de 1960, na McMaster University, no Canadá, tendo sido aplicada nos cursos de medicina, aliás, muitas escolas de medicina em todo o mundo continuam usando essa metodologia. Hoje em dia é aplicada na administração, na arquitetura, nas ciências da computação, nas ciências sociais, na economia, nas engenharias e na matemática. Podemos dizer que no Brasil ela apareceu na década de 1990 em escolas de São Paulo e do Paraná. Em 2005, esta metodologia foi inserida no currículo de dez cursos de graduação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH/USP, nas disciplinas de Resolução de Problemas. A PBL se baseia na apresentação de um problema real por parte do docente, e na investigação desse problema pelos estudantes, levando em conta suas causas e efeitos, para chegar à solução. Não é um método que resolve o problema em si, ele projeta possíveis soluções conforme a situação que foi exposta pelo professor. Já estudamos que a PBL parte de uma situação-problema tirada da realidade do estudante, porém não pode apresentar um grau de dificuldade muito alta, porque pode desmotivar o aluno, mas também não pode ser muito fácil a ponto de apresentar uma solução muito óbvia (o que também vai desmotivar). Deve ter o estudante como centro do aprendizado, estimular o pensamento crítico, o trabalho em grupo, a capacidade de resolução de problemas e o poder de argumentação. Ela tem como característica ser uma atividade ativa, centrada no aluno, que possibilita que ele saia da teoria e adentre na prática, fazendo com que tenha um sentimento de pertencimento com relação ao conhecimento que está sendo assimilado (de forma individual ou coletiva) . É uma metodologia que ativa a memória de longo prazo visto que quando o professor gera as reflexões para que os alunos cheguem à resposta, eles entendem a aplicação do assunto, relacionam com suas vidas e tendem a reter na memória a real aprendizagem. Uma outra característica é estimular o pensamento crítico, visto que nos grupos de discussões ocorre a análise das situações e a proposta de resoluções. Nesse contexto, o aluno precisa praticar a escuta ativa, prestar atenção ao colega, e expor a sua concordância ou não. O estudante passa a ter um profundo conhecimento sobre a área estudada visto que quando se depara com um problema, e ainda real, ele precisa estudar, pesquisar, analisar, debater e unir teoria e prática, entrando, efetivamente, no mundo do problema para conseguir encontrar uma solução adequada. Mais uma característica desta metodologia é fortalecer o hábito da pesquisa, a ABP fomenta no aluno conhecer a forma correta de realizar uma pesquisa, pois ele sabe que não é qualquer conteúdo que irá servir. Ele precisa reconhecer as fontes seguras e confiáveis e descartar aquelas sem garantias. Ainda pode-se dizer que esta metodologia desenvolve competências, habilidades e atitudes nos estudantes, o famoso CHA, porque será colocado diante de situações que demandam a realização de diálogos, melhorando seu processo de comunicação, o exercício da liderança, o trabalho em equipe, o espírito de negociação, e o desenvolvimento da capacidade de influenciar pessoas. (Herarth, 2020) Etapas e estratégias de aplicação da PBL Esta metodologia permite sequências de trabalho que podem variar segundo o nível e o tipo de ensino, a área de conhecimento e os objetivos de aprendizagem que se quer atingir. Em linhas gerais apresenta as seguintes etapas: Figura 2 - Etapas da Aprendizagem Baseada em Problemas Podemos perceber que a cada etapa o aluno se envolve com umatarefa que propicia a assimilação e a fixação do conhecimento, partindo da compreensão inicial do problema, passando pela análise e pela busca de uma solução, até apresentar o trabalho e as análises dos resultados. O foco não é ter sempre o problema resolvido na etapa final, mas enfatizar o processo que foi seguido pelo grupo na busca de uma solução, valorizando a aprendizagem autônoma e cooperativa. (Barbosa & Moura, 2013) Mello, Neto e Petrillo (2019) reiteram essa informação apresentando as estratégias de aplicação da Aprendizagem Baseada em Problemas. São elas: Montagem de grupos de no máximo 10 alunos; Apresentação pelo professor de um problema ou caso pré montado; Leitura do problema junto com os alunos para dirimir possíveis dúvidas; Os alunos juntam-se para formular hipóteses; Os estudantes passam a formular os objetivos para identificar o que precisam estudar; Os alunos estudam individualmente os conteúdos necessários; De posse dos conhecimentos obtidos e com a supervisão do professor começam as discussões e as análises, sintetizam-se as soluções encontradas e prepara-se a apresentação que será feita para a turma e para o professor; Ao finalizar a atividade os estudantes avaliam o processo, o produto, o trabalho em equipe e o seu desempenho individual, assim como o dos demais integrantes. Essa avaliação dos pares e a autoavaliação proporcionam a capacidade metacognitiva e o aprendizado independente e contínuo. Vantagens e desvantagens Dentre algumas das vantagens da Aprendizagem Baseada em Problemas, podemos citar: O desenvolvimento da autonomia do estudante; A interdisciplinaridade envolvida na resolução do problema proposto; O vínculo entre teoria e prática O desenvolvimento do senso crítico e das habilidades de comunicação. Porém, como nem sempre tudo é positivo, ela também apresenta algumas desvantagens. Vejamos: Como é centrado no estudante, não há transmissão tradicional de conhecimento, o que pode causar desconforto nos professores que não tiverem preparo para essa nova modalidade de ensino. A dificuldade em se institucionalizar uma inovação e o medo de mudanças pode inviabilizar a sua aplicação, não só pelos professores, mas os alunos também podem se mostrar resistentes, visto que nem todos são ou querem ser proativos. (Borges et al., 2014 como citados em Souza, Baião & Veraszto, 2018). Objetivos e TICs que podem ser utilizadas Mello, Neto e Petrillo (2019) trazem como contribuição os objetivos desta metodologia, que em alguns casos se assemelham com as vantagens. Dentre elas, eles elencam: Desenvolver o pensamento crítico, assim como a capacidade de argumentação e de análise; Ampliar o senso de responsabilidade dos estudantes que precisam se engajar no estudo por conta própria; Propiciar a leitura, o raciocínio lógico e os debates; Estimular a investigação dos problemas levantados buscando soluções; Incentivar o trabalho em equipe e colaborativo; Possibilitar o vínculo entre as diferentes disciplinas e a troca de informações; Propiciar que o aluno tenha contato com a profissão escolhida enquanto ainda estuda. Com relação às TICs, já sabemos que hoje em dia, o tempo todo, nos deparamos com pessoas que estão com um celular nas mãos, mexendo em algum aplicativo, mandando e recebendo mensagens, olhando a hora, o clima ou fazendo uma ligação. A Aprendizagem Baseada em Problemas procura inseri-las em seu contexto educacional. Mesmo nas escolas em que ainda não há muitas ferramentas inseridas, o uso do celular pelos alunos no chamado mobile learning (ou aprendizagem móvel) viabiliza pesquisas on-line e com isso possibilitam o aprofundamento dos estudos. Sendo assim vamos citar algumas tecnologias que podem ser usadas enquanto ocorre a prática da PBL dentro e/ou fora da sala de aula. Os alunos podem: visualizar vídeos como fonte de consulta e postar os seus vídeos, reportagens, entrevistas, etc. nos canais do YouTube; ver filmes como forma de aprimoramento sobre o problema que está sendo analisado; analisar fotos e imagens em sites específicos; explorar e criar blogs nos quais podem postar fotos, comentários, abrir debates, atualizar o status, dentre outras atividades importantes para o PBL. criar e usar grupos de WhatsApp, Telegram ou outro aplicativo para realizar discussões e trocar informações em tempo real; criar uma mailing list, uma lista personalizada de e-mails, que possibilita a distribuição de conteúdos, otimizando o tempo; usar o Google Classroom que possibilita que o professor poste atividades, cronogramas, reflexões e nele os alunos podem enviar mensagens para os demais usuários; usar aplicativos de mapas mentais para organizar e conectar as ideias que estão sendo debatidas, estimulando a criatividade; usar diversos aplicativos e ferramentas como o Edmodo, que permite a criação de comunidades para o compartilhamento de material, textos, fotos, etc., em tempo real; usar aplicativos como o Hangouts Meet para realizar videoconferências gratuitas, alinhando as ideias, gravando entrevistas e reportagens, ampliando os debates sobre os assuntos que estão sendo estudados. Todos esses exemplos podem ser usados, e muitos outros também, porém é necessário relembrar que não são as TICs que fazem a Aprendizagem Baseada em Problemas visto que já sabemos que as metodologias ativas não dependem das tecnologias. Em resumo Conhecemos, ao longo desta aula, um pouco sobre a origem da PBL e compreendemos que ela existe desde a origem do Método do Arco, da teoria de Charles Maguerez. Trata-se de uma metodologia que tem como estratégia que os alunos, antes da aula, tomem conhecimento sobre determinado assunto, anotando suas dúvidas, e na aula ocorrem as discussões sobre os problemas levantados, transformando os estudantes em sujeitos ativos de suas aprendizagens. Pudemos conhecer sobre suas etapas, vantagens e desvantagens, compreendendo que ela gera uma maior autonomia para os estudantes, desenvolvendo o pensamento crítico e vinculando teoria e prática, porém, em alguns casos, ainda existe certa resistência visto ser uma práxis moderna e inovadora. Espero que tenha gostado. INTRODUÇÃO A Aprendizagem Baseada em Equipes é uma metodologia de ensino colaborativa que está baseada em um ciclo com algumas etapas que serão conhecidas ao longo desta aula, podendo ser utilizada no ensino presencial, no on-line e no híbrido. Na educação, pode ser empregada nos diferentes níveis de ensino, incluindo a graduação, a pós-graduação e as escolas profissionalizantes, sendo que em algumas instituições foi adaptada para o currículo completo. A Team-Based Learning (TBL) é uma estratégia educacional que foi desenvolvida na década de 1970 pelo professor Larry Michaelsen, da Universidade de Oklahoma, e que procura proporcionar oportunidades para obter os benefícios advindos do trabalho em equipe, por meio de tarefas realizadas por pequenos grupos de aprendizagem. (Veraszto & Simon, 2018) Vamos conhecê-la um pouco mais. HISTÓRIA Larry Michaelsen, no ano de 1979, percebeu que o tamanho de sua turma havia triplicado. Passará de 40 para 120 alunos. Ele precisava identificar uma forma de ministrar a sua aula sem deixar de atender a todos os estudantes. Naquele momento, estava utilizando uma metodologia de ensino socrática, baseada em casos que possibilitavam discussões para a resolução de problemas e ele sabia que tinha dois grandes desafios: o primeiro era engajar uma turma grande para resolver os problemas propostos de forma eficaz, e o segundo era dar aos estudantes um motivo para se aprofundarem no assunto antes do momento presencial em sala de aula. Foi, então, que desenvolveu uma metodologia muito parecida com a estrutura que a TBL usa atualmente. Ele estruturou a atividadede forma que os estudantes chegassem à sala de aula preparados. Para tanto foi testada individualmente, em um primeiro momento, e depois em equipes. Michaelsen percebeu que os alunos estavam discutindo ativamente o material proposto, que poderia ter sido abordado em uma palestra, e foi então que ele criou a estrutura dos ‘4S’ para a realização da atividade em sala de aula. Nela, os alunos mergulhavam seus estudos em um problema significativo, para o qual tinham que fazer uma ‘escolha específica’, e um ‘relatório simultâneo’. Michaelsen descobriu que essa metodologia de resolução de problemas em sala de aula auxiliou, de fato, a engajar os alunos no conteúdo e a entender como aplicar o seu aprendizado. (Team-Based Learning Collaborative, n.d.) Conceito e Características da Aprendizagem Baseada em Equipes A TBL é uma metodologia educacional embasada em um conjunto de práticas sequenciadas de ensino e aprendizagem que tem como foco favorecer o desenvolvimento de equipes de aprendizagem com alto desempenho e propiciar a essas equipes a oportunidade de imergir em atividades que contemplem aprendizagem verdadeiramente significativa. É uma estratégia educacional por meio da qual os estudantes são divididos em grupos que precisam trabalhar no mesmo espaço físico (geralmente na sala de aula). Há registros de aplicação dessa metodologia em turmas com mais de 100 estudantes, assim como em turmas de 25 estudantes. Em equipes, os alunos precisam desenvolver uma atividade que é proposta pelo professor em que fica evidenciada a necessidade de construção e elaboração do conhecimento de forma conjunta. (Munhoz, 2019) Uma das características mais importantes da TBL é que os alunos precisam estar preparados antecipadamente para as aulas, visto que podem ser lançados desafios para as equipes antes, durante ou depois das aulas. Vale ressaltar que não é preciso que os estudantes tenham conhecimento prévio sobre como trabalhar em equipes, visto que a própria metodologia já prevê o uso de atividades que desenvolvam essas habilidades. É uma metodologia que está fundamentada no construtivismo, e espera-se que o professor atue como um facilitador da aprendizagem em um ambiente igualitário e democrático. (Veraszto & Simon, 2018) Objetivos Dentre os objetivos da Aprendizagem Baseada em Equipes, podemos citar: Proporcionar um processo de ensino e aprendizagem participativo; Favorecer a interação, o debate, a argumentação, a negociação, o diálogo e a síntese das ideias; Desenvolver nos estudantes a habilidade de realizar análises, aplicações, avaliações e ser criativo. Como essa metodologia tem como um de seus objetivos desenvolver nos alunos níveis avançados de aprendizagem, como realizar análises, aplicações, avaliações e ser criativo (último objetivo citado acima) há 4 aspectos que são essenciais para que eles sejam atingidos: (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Criar equipes permanentes, montadas de forma estratégica, e com condução adequada; Responsabilizar os estudantes pela qualidade desenvolvida no trabalho individual e grupal; Fornecer com frequência o feedback, de forma imediata e oportuna; Propor tarefas para a equipe que promovam aprendizado individual e em equipe. Estratégias de Aplicação Na TBL, cada macrounidade (assim chamadas por Michaelsen) que será trabalhada pelas equipes apresenta 3 etapas que incluem vários processos. São elas: Preparo (Preparation): esta etapa é realizada extraclasse e consiste no preparo prévio por parte dos alunos de uma tarefa proposta pelo professor. Nesta etapa, são realizadas leituras, são vistos filmes, são feitos experimentos, entrevistas, etc. É importante que o professor indique os materiais mais adequados, mas também cabe às equipes ampliar a pesquisa. Garantia do Preparo (Readiness Assurance): esta etapa é realizada inicialmente em sala de aula e consiste em um teste individual (a aplicação de um questionário, por exemplo) que posteriormente é aplicado em equipe, com feedback (fundamental visto seu impacto positivo na aprendizagem), com a possibilidade de pedir revisão da avaliação (apelação) e uma breve apresentação realizada pelo professor. Logo no início o professor passa as ‘regras do jogo’, ou seja, como deverão ser as respostas, o tempo, o formato da entrega, etc. Aplicação dos Conceitos (Application Of Course): consiste na realização pela equipe de várias tarefas propostas pelo professor, que visam a resolução de problemas na maioria das vezes, e a tomada de decisão, seguidos pela apresentação e pelo feedback. Esta etapa é a mais importante para que o conhecimento seja consolidado e possa durar entre 1 e 4 horas. O importante é que as tarefas levem em conta situações semelhantes àquelas que os estudantes viverão em seus ambientes de trabalho, e devem desafiá-los a fazer interpretações, calcular, comparar, prever cenários, analisar, avaliar e sintetizar situações, visando fazer uma escolha em equipe. Se for solicitado, cada equipe deverá defender a decisão tomada. Também recomenda- se que o grau de dificuldade das propostas aumentem com o passar do tempo, indo das mais simples às mais complexas. Vamos a mais algumas informações relevantes sobre o processo. Com relação à formação das equipes, aconselha-se que tenham um número ímpar de participantes para facilitar o desempate caso seja necessário, e que seja formada por 5 a 7 componentes, de forma a favorecer a aprendizagem ativa e aumentar a troca de saberes. Conforme já foi explicado, o ideal é que as equipes constituídas permaneçam inalteradas ao longo dos módulos no semestre ou no ano, porque é apenas com o passar do tempo, com as diversas interações, que os membros das equipes conseguem atingir uma aprendizagem efetiva, em conjunto. Entende-se que com o passar do tempo os alunos passam a se conhecer melhor, perdem a timidez e ficam mais à vontade para expor a sua opinião e assim a equipe passará a se desempenhar melhor. Uma outra informação que precisa ser ressaltada é que para que a fase da resolução do problema se dê de modo eficiente, é necessário que se baseie nos ‘4S’ mencionados no começo desta aula. Eles representam o Significant (Significante), o Same (Igual), o Specific (Específico) e o Simultaneous (Simultâneo). Isso significa que o problema, questão, situação deve ser relevante, significante, autêntica e deve ser vinculada com situações que podem ser vivenciadas na vida real e/ou com aspectos importantes para os próximos níveis de estudo. Mais uma informação importante é que a proposta deve ser a mesma para todas as equipes para que possa existir debates entre elas também, no momento das apresentações, e não apenas dentro de cada uma e as apresentações das escolhas devem ser simultâneas, tendo um feedback imediato, com possibilidade de discussão e defesa das escolhas. Essa exposição simultânea pode ser feita com placas, com cartões coloridos ou numerados, com dispositivos eletrônicos que juntem as respostas em histogramas projetados para toda a sala, pode ser com a fixação das respostas nas paredes da sala, ou seja, há diversas maneiras, mais e menos tecnológicas para que as escolhas sejam expostas. Também existe um momento para a apelação, que acontece quando alguma equipe pede ao professor para reescrever a questão de forma mais clara, ou então quando expõe os motivos para que sua resposta seja considerada tão correta quanto a dos demais grupos. O tempo para cada exercício de aplicação (3ª etapa) deve ser de cerca de 30 minutos, com 20 minutos para cada equipe discutir e esboçar a solução e 10 minutos para a discussão com a sala toda. Para finalizar, vale ressaltar que todos os processos são avaliados. Há uma avaliação do desempenho individual, uma da equipe,uma avaliação dos pares da equipe e portanto a avaliação final será a somatória das várias avaliações realizadas. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) As fases de uma ‘macrounidade’ da TBL Em resumo Conforme vimos, ao longo das aulas, a Aprendizagem Baseada em Equipes é uma metodologia embasada em um conjunto de práticas sequenciadas de aprendizagem que tem como foco favorecer o desenvolvimento de equipes de aprendizagem com alto desempenho e propiciar a essas equipes a oportunidade de realizar atividades que contemplem aprendizado verdadeiramente significativo. O professor faz uma proposta para todas as equipes, que simultaneamente, após uma série de etapas, precisam apresentar suas soluções e debater a respeito. Em síntese, essa metodologia visa desenvolver nos estudantes a habilidade de realizar análises, aplicações, avaliações e ser criativo, além de trabalhar em equipe e respeitar as ideias dos demais, treinando, inclusive a apelação. Espero que tenha gostado de conhecer esta metodologia. INTRODUÇÃO A Aprendizagem Baseada em Pares ou Peer Instruction, é uma metodologia que foi desenvolvida pelo professor de física aplicada, Eric Mazur, na Universidade de Harvard. Atualmente é considerada uma das metodologias ativas mais usadas em todo o mundo. Mazur propôs esse método durante uma aula em que fazia a revisão de um conteúdo, logo depois que percebeu, pelo olhar dos alunos, que eles não estavam entendendo absolutamente nada . Aliás, quem nunca percebeu ao ministrar uma aula, ou fazer uma palestra, ou uma apresentação para os colegas na empresa onde trabalha, aquele monte de olho virado para o teto querendo dizer: “meu Deus, o que tudo isso significa? Não estou entendendo nada! ” Outro fator que levou Mazur a aplicar o método foi porque ele também não conhecia outra forma (ou uma forma melhor) de explicar o conteúdo. Foi então que pediu aos estudantes que se juntassem com os colegas mais próximos para discutir sobre o assunto e procurar soluções. Depois da divulgação dessa experiência, outros professores adotaram e adaptaram esse método e atualmente há muitas variações que não são exatamente iguais à proposta original, mas que são adotadas. Podemos dizer que a Peer Instruction tem como objetivo aumentar a produtividade na sala de aula, ampliando o interesse dos alunos, motivando-os, a partir de uma discussão entre colegas sobre conteúdo ministrado. (Veraszto & Simon, 2018) ORIGEM DA INSTRUÇÃO ENTRE PARES A Instrução pelos pares surge depois da compreensão do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), de Vygotsky. Ao estudar a aprendizagem do ser humano, ele identificou que existem coisas que as pessoas aprendem a fazer sozinhas, coisas que aprendem com o auxílio de outras pessoas e coisas que elas ainda não conseguem aprender (em determinado momento), nem com a ajuda de outras pessoas. Então, ele organizou essas 3 etapas da seguinte maneira: 1. Zona de Desenvolvimento Real: são as coisas que as pessoas conseguem fazer sozinhas ou cuja aprendizagem já está consolidada. 2. Zona de Desenvolvimento Proximal: são as coisas que as pessoas não sabem fazer sozinhas, mas conseguem aprender com a ajuda de outras, ou saberes emergentes que precisam da ajuda de alguém que tenha mais conhecimento. 3. Fora da ZDP: são as coisas que as pessoas não podem fazer, mesmo tendo a ajuda de outras pessoas. É importante ressaltar que a medida que uma aprendizagem proximal vira real, algo que a pessoa só aprenderia com a ajuda de alguém, se transformou em algo que ela já sabe fazer sozinha, e a medida que isso se repete, ela se torna mais capaz. A função do professor nessa situação é auxiliar o estudante a aprender coisas que ele não conseguiria aprender sozinho. Levando em consideração que a maior parte das salas de aula é lotada e também diversificada, exige maior habilidade dos estudantes, visto que são poucos os recursos disponíveis para atender às necessidades individuais. Então, uma solução encontrada é que os próprios estudantes se transformem em recursos de trocas de saberes - de instrução - (daí o nome desta metodologia ativa), e dessa forma os próprios alunos ’ensinam’ para os demais. (Bacarin, 2020) CONCEITO E OBJETIVOS Mazur (1996, como citado em Munhoz, 2019), o criador do método, define a Peer Instruction como uma metodologia ativa que tem como objetivo incentivar o processo de ensino-aprendizagem, levando ao aumento da participação e do interesse do aluno, visto que nesta proposta, ele é estimulado a ler, a pensar e a refletir antes da aula, assim como ocorre na sala de aula invertida. A Instrução entre Pares é uma das possibilidades de metodologias ativas bem específica, utilizada para aulas mais teóricas, portanto, é preciso escolher bem os conteúdos a serem ministrados nesta modalidade, porque nem todos funcionam bem. Rocha (2017, como citado em Bacarin, 2020) considera que consiste em uma modificação da aula teórica tradicional, acrescentando perguntas que são elaboradas procurando engajar os alunos a atingirem as dificuldades do conteúdo, por meio do uso de recursos diferenciados e mais lúdicos para transmitir as respostas . Nesse caso, em vez de um professor fazer uma pergunta de maneira geral para a sala, sendo que provavelmente apenas um responda (e geralmente o mesmo sempre), ele consegue ter a turma toda respondendo ao mesmo tempo. Com relação aos objetivos, Mello, Neto e Petrillo (2019) detalham os seguintes: • Favorecer a interação em sala de aula de forma a envolver os alunos e trabalhar aspectos críticos da disciplina; • Aumentar a produtividade dos alunos, assim como o seu interesse pelas aulas; • Estimular os alunos a aprenderem com fontes de estudo primárias; • Proporcionar o feedback constante entre os alunos e o professor. ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO A Instrução entre Pares começa antes da aula, quando os estudantes recebem as indicações sobre o conteúdo que deve ser estudado, e estudam sozinhos. No momento da aula, o professor faz uma breve exposição do conteúdo a ser abordado. Na sequência, ele apresenta uma questão de múltipla escolha (Concep Test) para que os alunos reflitam e respondam de forma individual. Caso boa parte dos alunos erre a questão, o docente pode pedir que se reúnam em pequenos grupos para discutirem sobre ela e tentar convencer os colegas de que a resposta escolhida é a certa. No final, o professor avalia novamente as respostas, explica a correta e eventuais dúvidas que ainda existam. (Bacarin, 2020) Em resumo, a atividade pode ser desenvolvida em alguns momentos, como: 1. O professor faz uma breve explanação oral sobre um conceito ou uma teoria - aproximadamente 20 minutos; 2. Logo ele lança uma pergunta de múltipla escolha, geralmente conceitual (Teste Conceitual) sobre o assunto explanado; 3. Os alunos têm de 1 a 2 minutos para pensar sobre a pergunta, em silêncio e individualmente; 4. Eles registram suas respostas, de forma individual, e mostram ao professor usando algum sistema de respostas como clickers (são sistemas pessoais de resposta como um controle remoto) ou flashcards (pequenos cartões respostas), votação on-line, etc. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Na sequência, a partir do nível de acertos e erros dos alunos a aula toma diferentes rumos: • Menos de 30% de acerto: o professor repete a sua apresentação, com algumas diferenças, para fazer com que os alunos compreendam melhor; • Entre 30% e 70% de acerto: o professor cria grupos de 3 a 4 alunos para discutirem a questão entre eles por 1 ou 2 minutos. Os estudantes registram de novo suas respostas e mostram ao professor, usando o mesmo sistema. Na sequência o professor analisa de novo as respostas a partir das discussões realizadas eapresenta os resultados para todos. • Acima de 70% de acerto: o professor explica brevemente a resposta à questão e pode apresentar uma nova questão sobre o mesmo conceito ou sobre o próximo tema, voltando ao primeiro passo. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) CARACTERÍSTICAS E RESULTADOS Com esta metodologia, desperta-se nos alunos o sentimento de participação, de comprometimento, de percepção da capacidade (competência) e de valorização dos seus conhecimentos prévios, atingindo-se, desta maneira, o objetivo das aprendizagens ativas que é, além da satisfação pessoal, promover a autonomia dos estudantes, aumentando a influência pedagógica visto que valoriza o papel do docente como orientador e guia. Mazur (1996, como citado em Munhoz, 2019), explica que o professor, nesta metodologia, se comunica ativamente com seus alunos, tanto pelas redes sociais quanto em sala de aula. Os assuntos tratados estão focados nas dúvidas que os estudantes tiveram enquanto liam os conteúdos em seus estudos independentes, tanto por meio do material multimídia entregue, quanto por meio dos links com artigos associados ao conteúdo de interesse. Portanto, o método é simples, porém precisa de disciplina em sua aplicação e, principalmente, a participação ativa de todos os alunos . Ressaltamos que o problema/questão é colocado para toda a sala , o que diferencia esta metodologia da ABP, em que cada grupo escolhe o problema que lhe interessa mais. E mais, sempre que há mudança de tema deve ser feito um relatório, no qual fica registrada a evolução de cada aluno, gerando um registro do progresso de toda a turma, o que corresponde a uma avaliação formativa. O ideal seria que o estudo e aprendizagem com este método fosse interdisciplinar e que um problema fosse sendo somado a outro problema, e que agregasse todo o curso, mas na prática não é o que acontece, e alguns professores terminam empregando esta metodologia por vontade própria. Com relação às vantagens, Mazur (1996, como citado em Munhoz, 2019) considera o engajamento mental dos aprendizes, visto que são estimulados a pensar, a participar do debate coletivo e com seus pares. Afirma que o trabalho feito entre os alunos (entre os pares) melhora a capacidade de reflexão, o desenvolvimento conceitual, estimulando o aprender fazendo, com resultados mais concretos. Os alunos, por sua vez, consideram como vantagem o retorno (feedback), pois o monitoramento feito pelo computador (ou aplicativo, ou sistema) tende a ser mais exato e a estatística pode ser aplicada para emitir relatórios mais efetivos. (Munhoz, 2019) EM RESUMO Compreender nesta aula que a Instrução entre Pares é uma metodologia ativa que modifica a forma de ministrar uma aula expositiva, conceitual. Ela começa antes mesmo da aula, quando os estudantes recebem as indicações sobre o conteúdo a ser estudado, e estudam sozinhos. Em sala de aula, o professor faz uma breve exposição do conteúdo e apresenta uma questão de múltipla escolha (Concep Test) para que os alunos reflitam e respondam de forma individual. Conforme o nível de acertos e de erros, a aula vai tomando outros rumos, até o fechamento, no qual o professor resume a resposta correta para a sala toda e emite um relatório com a evolução dos estudantes. Ela favorece a interação em sala de aula, estimula o debate sobre os temas mais difíceis do conteúdo, aumenta a produtividade e o interesse dos alunos, e proporciona feedback constante. Introdução A Aprendizagem Colaborativa tem como base os trabalhos em equipe, e sabemos que esse tipo de modalidade de atividade não é nova. Além disso, também sabemos que as redes estão mais do que presentes no nosso dia a dia, e claro que no ambiente de aprendizagem não seria diferente. Vale ressaltar que a evolução tecnológica prevê um aumento ainda maior nos próximos anos. Sendo assim, no ambiente educacional há uma tendência a não mais diferenciar as formas como os cursos são oferecidos, e o b-learning, com certeza, será efetivado como a modalidade padrão de ensino, isso porque a cada dia que passa mais metodologias inovadoras e que fazem uso de tecnologias (mais ou menos avançadas) estão sendo incorporadas nos currículos. (Munhoz, 2019) Esse novo contexto potencializa a cooperação e a colaboração, como forma de melhorar ainda mais as práticas educacionais, e esse será o foco de nossa aula a partir de agora. A origem das práticas colaborativas Conforme já comentado, aplicar atividades colaborativas no contexto educacional não é algo novo. A prática da colaboração já era conhecida na Grécia antiga, e foi sendo usada ao longo do tempo, até os dias atuais. Torres e Irala (2014, como citados em Garcia, 2020) listam vários momentos nos quais as metodologias colaborativas foram sendo usadas ao longo do tempo. Na Antiga Grécia: há registros da prática de atividades de ensino não formais com metodologias colaborativas; No século XII: menciona-se a filosofia da aprendizagem como base colaborativa e cooperativa para os trabalhos em grupos com foco na realidade profissional; No século XVIII: citam-se as experiências realizadas na Universidade de Glasgow com técnicas de elaboração de textos colaborativos, inserindo técnicas de comunicação e do trabalho em grupos; No século XIX: constam as experiências realizadas na Lancaster School, com atividades colaborativas feitas pelos estudantes em escolas públicas; No século XX: citam-se as experiências nas escolas de artes e ofícios na Inglaterra, com propostas de atividades de cooperação. Na Alemanha constam as ‘Escolas de Trabalho’ (Arbeit Schulen) e na Itália o Movimento di Cooperazione Educativa que aplicava em sala de aula os princípios da cooperação. Consta, ainda, que John Dewey em sua obra ‘Democracia e Educação’ propunha atividades em pequenos grupos, para a resolução de problemas e a vivência de interações. Após a 1ª Guerra Mundial, surgem práticas colaborativas propostas por Freinet, Cousinet, Montessori e Ferrière, da Escola Nova que propunham métodos colaborativos e cooperativos. A psicologia Gestalt enfatizava dinâmicas de grupos e interdependência social. Também são desse século os pressupostos do construtivismo de Piaget e do sociointeracionismo de Vygotsky que incluem questões colaborativas e interativas nas metodologias educacionais, seguidos pelo cognitivismo de Bruner e pelo behaviorismo de Skinner, que também destacam a influência da colaboração em suas teorias. Com o advento das Tecnologias de Informação e Comunicação, surgem os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que valorizam as atividades interativas disseminando o conceito de comunidades de aprendizagem, chats e fóruns de debates, ferramentas que possibilitam discussões em grupos, já sejam síncronas ou assíncronas. No século XXI: observa-se, nas salas de aula, a aplicação de práticas colaborativas como forma de combater preconceitos raciais, étnicos e contra pessoas com deficiências. A vida vai se transformando cada vez mais em digital, dentro e fora do ambiente escolar. Torna-se contínuo o uso de tecnologias móveis que apresentam aplicativos que possibilitam interações diárias com grupos de interesse e em redes sociais, como o WhatsApp, o Instagram e o Facebook. (Garcia, 2020) Colaboração versus Cooperação A cooperação pode ser entendida como uma ação intencional que tem a finalidade de oferecer ajuda personalizada a alguém, de forma individual ou em grupos, sem que ocorra o compartilhamento de responsabilidade e a obrigatoriedade. Ela é consensual, pois todos os envolvidos concordam com o diálogo e o objetivo é a transferência de conhecimentos e ideias. Não tem interesses financeiros e nem pessoais, visando o aumento da satisfação pessoal, do amor próprio e de outros sentimentos. Um exemplo é a criação de RecursosEducacionais Abertos (REA), que é a oferta de conteúdos em grandes repositórios, por meio da computação em nuvem. Podemos ressaltar que a admiração por atitudes cooperativas surge porque nos dias atuais as pessoas não se preocupam muito umas com as outras, visto que vivemos, geralmente, em sociedades individualistas, portanto, o desenvolvimento de atividades e atitudes cooperativas permite a superação dos interesses individuais, privilegiando belas atitudes sociais e emocionais nos ambientes de ensino e aprendizagem. (Munhoz, 2019) Na educação, a cooperação procura identificar nos grupos o que cada componente pode fazer de melhor, e quais habilidades podem ser usadas para realizar determinada função. Por exemplo, ao se propor desenvolver uma reportagem em campo, dentre as experiência e talentos de cada integrante, quem seria melhor para editar o texto, quem poderia fazer as fotos, etc. e assim o trabalho seria executado conforme as diferentes habilidades dos integrantes. Já a colaboração é mais abrangente. Apesar do ritmo de cada membro, da forma de expressão, das habilidades, das experiências e gostos, por exemplo, a colaboração procura construir o projeto, determinando como alcançar o objetivo comum. Fazendo uma analogia com um time de futebol, pode-se dizer que cada jogador tem sua função, como goleiro, centroavante, atacante, defensor, porém, quando alguém marca um gol, todos vibram, porque o gol é a representação do trabalho colaborativo e participativo, fruto de uma equipe coesa, em que cada um, de forma cooperativa, desempenha o seu papel com responsabilidade. (Garcia, 2020) Figura 1 - Analogia com uma engrenagem para atingir um objetivo comum A colaboração se refere ao ambiente, isso significa que nele as pessoas se reúnem para desenvolver tarefas de interesse comum, como as redes sociais, e podem verificar se o trabalho desenvolvido irá conduzir ao resultado que era esperado e as relações colaborativas ocorrem na base da igualdade. Podemos dizer que a aprendizagem colaborativa é mais do que uma técnica aplicada a uma atividade em que se reúnem várias pessoas em torno de um objetivo, ela é uma forma de mobilizar pessoas em torno de interações, discussões, construção de novos conhecimentos e usos de diferentes habilidades em contextos coletivos. A Aprendizagem Colaborativa A Aprendizagem Colaborativa é identificada pelas ações que são realizadas pelos estudantes quando percebem que a aprendizagem junto com o outro é mais enriquecedora e soma conhecimentos, em vez de dividir. As atividades colaborativas vencem as barreiras do preconceito e favorecem o respeito à opinião e às soluções em conjunto. Para tanto, desenvolve-se o espírito crítico, a atenção, a troca, o debate, etc. à medida que o professor estimula essas ações colaborativas em suas atividades. Considerando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) inseridas no processo de ensino e aprendizagem, os chats e fóruns abertos para determinados grupos de estudantes, assim como as videoconferências já são uma realidade no dia a dia estudantil, assim como as áreas de wiki, que são aqueles espaços abertos para que um grupo de alunos construa junto um texto, por exemplo. No entanto, para que a aprendizagem colaborativa funcione verdadeiramente, o professor precisa seguir várias recomendações: Ao propor a aprendizagem colaborativa, é necessário enxergar o conhecimento como uma construção social; É necessário trabalhar com a montagem de pequenos grupos; É importante escolher um problema cuja resolução atinja o conhecimento estipulado no currículo; É preciso pensar previamente sobre a estratégia para a solução do problema, que será a primeira atividade; Fazer é a primeira atividade do grupo; Como duas cabeças pensam melhor do que uma, e três melhor do que duas, todos os membros do grupo devem colaborar com ideias, por meio do brainstorming (chuva de ideias), por exemplo; A interação com o professor, ao menos no início da atividade, precisa ser intensa, diminuindo com o passar do tempo; Nos grupos, deve haver distribuição de funções, gerenciamento do tempo e gestão de conflitos; O ideal é que não haja liderança, para que todos juntos possam controlar o processo; Os participantes que não trabalhem conforme as regras estabelecidas pelo grupo devem ser eliminados; Sempre que possível a solução deve ser direcionada para um estudo de caso, prestando atenção ao tempo de execução da atividade proposta. Vale ressaltar que várias dessas recomendações também valem para a Aprendizagem em Grupos, visto que a Aprendizagem Colaborativa é, normalmente, realizada em grupos. Quanto à avaliação, é no momento da entrega do resultado da atividade, em uma apresentação, que ela é realizada, sendo a etapa final de uma aula, de uma lição ou até mesmo da disciplina. (Munhoz, 2019) Princípios da Aprendizagem Colaborativa Além das recomendações aos professores na hora de propor atividades colaborativas, seguem alguns princípios que precisam ser observados. O conhecimento vai sendo construído por meio de redes de interação social; O conhecimento vai sendo trabalhado e elaborado coletivamente. Ele não é dado pronto e acabado; O aprendiz precisa ser ativo e reflexivo, apresentar habilidades na expressão comunicativa e de letramento digital, para realizar as trocas de informações; O conhecimento de mundo dos estudantes é muito importante porque possibilitará que vejam sentido nas interações pessoais e no seu papel na equipe; O espírito colaborativo enfatiza a inteligência interpessoal do aluno. Dessa forma, o processo de ensino e aprendizagem não deve ser preso ao docente, mas aberto, aceitando as diversas formas de pensar sobre determinada questão, uma pesquisa, um argumento, sobre a formatação de uma mensagem, sobre uma linguagem, etc.. (Garcia, 2020) Exemplos de Práticas Colaborativas Para que as práticas colaborativas tenham consistência, é preciso que exista uma inter relação entre o Plano do Sistema de Educação, que contempla as diretrizes que devem ser seguidas de todas as esferas governamentais, o Plano da Instituição, que traz o DNA da escola e o Plano de Aula que contempla o que o professor pretende abordar sobre aquele conhecimento que precisa ser transmitido. Portanto, devem ser coerentes com o contexto educacional. Vejamos algumas metodologias ativas que podem ser colaborativas: Aprendizagem Baseada em Projetos: nela o estudante é levado a elaborar indagações, a levantar problemas, a propor, a prototipar, a testar e também a avaliar soluções para uma aprendizagem mais profunda. Proporciona o crescimento cognitivo, social, afetivo e emocional. Aprendizagem baseada em investigações em grupos: favorece a interação e a procura por processos investigativos, discutindo a qualidade da informação encontrada e com a coautoria da produção de conteúdos novos. Fóruns de debate e discussão: propiciam o aprofundamento sobre o conteúdo das questões debatidas, estimulando o respeito à diversidade de opinião. Na sala de aula colaborativa, o professor não dá nenhum treinamento sobre técnicas de trabalho em grupo, as atitudes são naturais, visto que entende-se que os estudantes já possuem as habilidades sociais necessárias para trabalhar com pares. (Garcia, 2020) Em resumo Vimos, ao longo desta aula, que a aplicação das atividades colaborativas no contexto educacional já era realizada na Grécia antiga e foi sendo usada e melhorada ao longo do tempo, até os dias atuais. Ela se caracteriza pelas ações que os estudantes praticam quando percebem que a aprendizagem com o outro é mais enriquecedora e soma conhecimentos. Também aprendemos que as atividades colaborativas vencem as barreiras do preconceito e favorecem o respeito à opinião e às soluções em conjunto. Para tanto, desenvolve-se o espíritocrítico, a atenção, a troca, o debate, etc. à medida que o professor estimula essas ações colaborativas em suas atividades. Nela, o conhecimento vai sendo construído à medida em que ocorrem as interações entre os estudantes, o professor e o conteúdo a ser estudado. Espero que tenha aproveitado este conteúdo. Continue estudando. Introdução Sabemos que ser professor não é uma tarefa fácil, e a cada dia que passa essa tarefa vem trazendo cada vez mais desafios e exigindo cada vez mais preparo e capacitação. É uma função exercida, geralmente, de forma solitária, em sala de aula, num ambiente repleto de surpresas, incertezas, novidades, que requer que o planejamento seja sempre revisto e melhorado. As instituições de ensino englobam o trabalho de muitas pessoas, porém, raramente esse trabalho é entendido como realizado em equipe. Na maior parte das vezes, cada um tenta resolver as dificuldades que encontra individualmente, conforme suas experiências, porém, a prática mostra que nas diferentes áreas, quando decisões são tomadas em conjunto a probabilidade de sucesso é muito maior. Nesse contexto, a sala de aula compartilhada pode ser um grande suporte para a prática pedagógica, visto que significa a ação de duas ou mais pessoas assumindo juntas o comando de uma mesma turma, em alguns momentos, como co responsáveis pela elaboração do planejamento da aula, pelo seu desenvolvimento e pela avaliação, ou seja, pelo todo. Os objetivos podem ser variados como inserir uma nova metodologia, dar suporte a um professor com menos experiência que precise de ajuda, auxiliar um colega que esteja tendo dificuldades com alguma turma, ampliar um projeto, obter conhecimento de áreas diferentes, observar conjuntamente alguma turma, testar projetos inovadores, dentre outros. Esse compartilhamento pode ser feito entre professores, entre eles e seus coordenadores pedagógicos ou orientadores educacionais, entre professores e outros profissionais da escola e até mesmo entre professores e alunos, conforme as necessidades e o foco da atividade. Porém, é necessário que exista a vontade de querer compartilhar a aula e as ideias, e que haja uma disponibilidade da instituição para fornecer o espaço e o tempo para essa troca de conhecimentos. (Braga et. al, n.d.) A experiência denominada de Sala de Aula Compartilhada que será narrada agrupou, no espaço físico de uma única sala de aula, alunos de três semestres diferentes, que foram mediados por dois professores, em um curso de licenciatura em matemática, em uma faculdade privada, dedicada à formação de professores. Contextualização da Sala de Aula Compartilhada O avanço da tecnologia vem transformando o mundo e a forma como fazemos tudo aquilo que precisamos fazer, em qualquer âmbito e a qualquer momento. Barreiras de tempo e espaço se romperam e hoje temos informações disponíveis, em grandes quantidades, em qualquer momento e lugar. Com relação à educação, não foi diferente e vale ressaltar que até pouco tempo atrás a transmissão de conhecimentos era quase que exclusividade da escola. Aprender era possível ao frequentar uma escola e ensinar era função precípua do professor. Atualmente o estudante vem sendo colocado no papel de sujeito ativo, responsável por seu processo de aprendizagem, resolvendo problemas, desenvolvendo projetos e o professor vem sendo visto como um mediador, um guia, um auxiliar no processo de construção desse conhecimento pelo aprendiz. Hoje em dia não é mais necessário que o estudante se desloque até uma biblioteca para pesquisar informações, e também não se pode mais concebê-lo como alguém que não sabe nada, visto que é capaz de pesquisar, a qualquer tempo, o que quiser, porque a informação está ao alcance de suas mãos. Basta querer, e saber fazê-lo, porque muitas vezes o aluno tem acesso à informação, porém não sabe diferenciar uma informação útil e verdadeira de uma fake news ou uma informação ultrapassada. Nesse contexto, as concepções de professor, de aluno e do processo de ensino e aprendizagem precisam ser diferentes das tradicionais e incorporar as necessidades contemporâneas. Cabe ao docente formar grupos de trabalho, deixar os objetivos da aula bem claros, e organizar um programa coletivamente em um ambiente de confiança entre docente e alunos. Assim, as metodologias ativas usam experiências reais ou simulações de experiências reais que propiciam um maior aprendizado e significado para o aluno. Essa mudança no papel do docente e as possibilidades de acesso digital a vídeos, textos, mapas, a comunicação por meio de AVAs, e-mails, blogs e redes sociais, possibilitam o uso de uma série de metodologias ativas em sala de aula, e dentre elas da sala de aula invertida que já foi explicada em nossa disciplina. (Gonçalves & Silva, 2018) Funcionamento da Prática Foi seguindo essas novas concepções de aluno e de professor, com o uso da sala de aula invertida e de plataformas digitais que surgiu a ideia de juntar, em uma mesma sala, licenciados em matemática de diferentes níveis de formação (do primeiro, segundo e terceiro semestres do curso), mediados por dois professores do curso de licenciatura em matemática. Por ser uma prática inovadora em um curso de licenciatura e por permitir a troca de conhecimentos e informações entre professores de diferentes áreas, foram usados os relatos de cinco professores, que trabalharam nesse formato no segundo semestre de 2015 e/ou primeiro semestre de 2016, do coordenador do curso e de sete alunos que participaram da prática. As turmas tinham acesso à plataforma Moodle, assim como aos materiais de suas disciplinas e os professores tinham sob sua responsabilidade uma ou duas turmas por aula. A disciplina ‘Práticas de leitura e escrita’ era parte da grade dos estudantes do primeiro semestre, ministrada pelo Professor A, que também era o responsável pela disciplina ‘Princípios de uma escola democrática’ ministrada à turma que estava no segundo semestre do curso. Paralelamente a turma do terceiro semestre tinha a disciplina ‘Geometria’ com o Professor B. Sobre o espaço físico da sala de aula, o coordenador do curso o descreveu como um ambiente em que a disposição das mesas e cadeiras incentiva a colaboração entre professores e alunos, visto que as mesas se encaixam, possibilitando que se reorganize o espaço conforme a necessidade. Vale ressaltar que para que metodologias ativas possam ser aplicadas em sala de aula efetivamente as salas precisam ser multifuncionais, de maneira a atender atividades em grupos, atividades de plenário e também as atividades individuais. E precisam estar conectados em redes sem fio, o que leva à necessidade de ter boa internet. Um dos grandes objetivos desta prática é promover um espaço de colaboração, que estabeleça relações entre os sujeitos e o objeto de conhecimento, estimulando o diálogo, a cooperação, a troca de informações e conhecimentos, além do confronto de pontos de vista diferentes. Na sala de aula compartilhada, os estudantes podem criar trocas entre os pares e acompanhar o trabalho em colaboração que ocorre entre os docentes. Frequentemente, se percebe a flexibilidade curricular e a possibilidade de integração entre diversas disciplinas, o que possibilita a participação em projetos com metodologia de trabalho integrado. Todos os envolvidos puderam perceber com esse trabalho colaborativo a existência da interdisciplinaridade e a possibilidade de uma trans ou multidisciplinaridade. Na sala de aula compartilhada, os professores e os estudantes são colocados diante de situações nas quais podem conviver e vivenciar as vantagens de trabalhar em grupos. Essa interação permite que dois docentes dialoguem e interajam com as turmas em determinado momento, para aprofundar algum conteúdo que algum deles domine mais. (Gonçalves& Silva, 2018) Estratégias Utilizadas Para que o ensino híbrido fosse desenvolvido de forma plena nesta prática, algumas estratégias tiveram que ser previamente planejadas e utilizadas pelos professores. Eles empregaram o ambiente Moodle para o contato prévio dos estudantes com os temas abordados na sala de aula, por meio da indicação de vídeos, de textos, de objetos de aprendizagem sonoros, de infográficos, de Webquest, do uso de sites e softwares de sensoriamento remoto e digital, do laboratório de construção e utilização de instrumentos de medição e do uso de algumas ferramentas do Microsoft Office, como o Sway e o OneDrive, entre outras. As tecnologias digitais facilitaram a organização dos materiais necessários para a prática, que foram postados diretamente no Moodle, nas disciplinas ministradas para cada turma, permitindo ao professor acompanhar se o estudante acessou a plataforma, por quanto tempo, se ele postou alguma atividade, dentre outras interações com o ambiente virtual (a chamada curadoria). Neste tipo de metodologia, os alunos são estimulados a assumir uma postura mais proativa, cientes de que seu conhecimento virá de sua própria dedicação, esforço e colaboração com os demais participantes, como os gestores, os professores, outros alunos e a sociedade. Os estudantes descobrem a necessidade de gerenciar o tempo e de prepararem as leituras, verem os vídeos, participarem dos fóruns, ou seja, percebem que precisam se organizar previamente para que a aula ocorra, uma verdadeira aula ativa, prática, colaborativa e, de fato, significativa. Cito como exemplos duas atividades. Na primeira, discutimos a escala cartográfica e foi proposto a confecção de uma planta baixa de parte do prédio da faculdade. Este material foi produzido a partir do levantamento planimétrico que os alunos realizaram com instrumentos de medição construídos durante as aulas, fornecendo dados para o cálculo da escala ideal para a representação. Já na atividade sobre curvas de nível, os graduandos construíram o conceito da representação altimétrica por isolinhas a partir do desenvolvimento da atividade. Esses dois exemplos deixam clara a postura ativa do aluno na construção dos conceitos. (fala de um dos professores envolvidos nessa prática, o Professor 1) Com relação à gestão do tempo, o modelo da sala de aula compartilhada possibilitou a realização de atividades simultâneas para 3 turmas diferentes, em um mesmo espaço e ao mesmo tempo. Portanto, o planejamento e a gestão correta do tempo e do espaço são prioritários para que a proposta funcione adequadamente. (Gonçalves & Silva, 2018) Resultados obtidos na experiência da Sala de Aula Compartilhada Os autores puderam ressaltar algumas conclusões da prática aplicada. São elas: A sala de aula compartilhada, inserida no modelo de ensino híbrido ‘Flex’ e a sala de aula invertida, proporcionam uma experiência diferenciada, com opiniões positivas por parte dos participantes; A gestão do tempo e espaço da sala de aula como um ambiente colaborativo são fatores essenciais para que se possa ter um ambiente de colaboração entre os pares, além de acompanhar o trabalho colaborativo entre os docentes. A flexibilidade curricular e a interdisciplinaridade das disciplinas permitiu a todos os envolvidos perceberem a prática do desenvolvimento de projetos como uma metodologia de trabalho integrado. Outro aspecto interessante foi notar que a sala de aula compartilhada, com atividades diferentes sendo realizadas pelos alunos de forma colaborativa, permite novas possibilidades de ensino para a inclusão de alunos com mais dificuldades de aprendizagem e também de alunos com necessidades educacionais especiais, visto que é possível conhecer melhor cada aluno. Vale ressaltar, por fim, que o currículo que possibilita o uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) amplia as estratégias e flexibiliza os tempos e os espaços da escola, assim como potencializa novas formas de aprender, de ensinar e de lidar com o saber. De maneira geral, foi possível perceber que a aplicação desta metodologia apresentou pontos positivos, mas também desafios, e que ainda está em andamento e traz a possibilidade de ousar, e como toda inovação, deverá continuar sendo analisada, testada, ajustada, para que funcione cada vez melhor e possa expandir horizontes. (Gonçalves & Silva, 2018) Em resumo Conhecemos, ao longo desta aula, uma prática inovadora ainda em andamento, a sala de aula compartilhada, que pode ser um grande suporte para a prática educativa, porque representa a ação conjunta de duas ou mais pessoas, que assumem o comando de um mesmo grupo de indivíduos (várias turmas unidas em uma), reunidos em um espaço comum, como co responsáveis pela elaboração do planejamento da aula, pelo seu desenvolvimento e pela avaliação. Essa prática pode ser desenvolvida para inserir uma nova metodologia, para ajudar um professor com menos experiência, para auxiliar um colega que esteja tendo dificuldades com alguma turma, para ampliar um projeto, para obter conhecimento de diferentes áreas, para observar conjuntamente alguma turma, para testar projetos inovadores, dentre outras finalidades. Tem como um dos grandes objetivos criar um espaço de colaboração entre os sujeitos e o objeto de conhecimento, estimulando o diálogo, a cooperação, a troca de informações e conhecimentos, além do confronto de pontos de vista diferentes. Agora é com você. Ouse e tente também. INTRODUÇÃO STEAM é um acrônimo em inglês para as disciplinas Science, Technology, Engineering, Arts & Design e Mathematics (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes & Design e Matemática). Para começar nosso estudo, vejamos o que cada disciplina representa. S: Science/Ciências: leva em conta os conceitos científicos necessários para compreender os diferentes fenômenos naturais, sociais e tecnológicos existentes. T: Technology/Tecnologia: diz respeito às ferramentas necessárias para obter, organizar, analisar e compartilhar informações, assim como recursos para desenvolver soluções, como a robótica e a programação. E: Engineering/Engenharia: favorece a construção do raciocínio lógico para planejar e gerar soluções, ou para construir um produto. A: Art/Artes & Design: propicia o desenvolvimento da expressão artística, criatividade e habilidades socioemocionais como a empatia, a colaboração e a comunicação entre as pessoas. M: Mathematics/Matemática: possibilita aprender a medir, calcular, analisar dados, etc. relacionados à investigação, ao desenvolvimento de projetos e à solução de problemas. Inspirada no movimento maker, é uma das tendências mais atuais em matéria de educação. A ideia é que uma aprendizagem integrada, interdisciplinar, é mais atrativa e eficiente, afinal, em nosso dia a dia os problemas e situações são complexas e precisam de várias capacidades para solucioná-las. Isso sem falar no fato de colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem. Esta metodologia precisa de crianças e jovens com papel ativo ao estimular a investigação e a interação com os colegas, visto que o objetivo central é desenvolver o letramento científico, tecnológico, matemático e artístico, compreendendo o que cada área traz para a interpretação do mundo e como solucionar problemas e situações levando em conta essas diferentes visões. (Rico, 2019) Figura 1 - Diagrama do STEAM Fonte: Yakman, 2008, p. 347, como citado em Lorenzin, Assumpção & Bizerra, 2018, p. 372 ORIGEM Criado nos Estados Unidos pela National Academy of Sciences, o STEAM é um acrônimo em inglês para as disciplinas Science, Technology, Engineering, Arts & Design e Mathematics (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes & Design e Matemática). Sua criação partiu da constatação de que há um desinteresse de alunospelas ciências exatas e procura integrar essas diferentes áreas de conhecimento para potencializar as experiências de aprendizagem dos alunos. Na década de 1990, nos Estados Unidos, foi constatada uma carência de profissionais qualificados em algumas carreiras ligadas à área de exatas, como Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Levando em conta que o interesse dos estudantes por essas áreas também era baixo, iniciou-se um movimento para torná-las mais atrativas. Foi batizado inicialmente de STEM, sem o A, visto que ainda não inseriu as Artes e o Design. O movimento colocou em xeque o modelo tradicional de ensino, e a opção metodológica mais utilizada para mudar o cenário nas escolas, naquele momento, foi a aprendizagem baseada em projetos, (já estudada por nós) em que crianças e jovens aprendem a resolver coletivamente problemas e desafios. Um pouco mais adiante surgiu o termo STEAM para integrar as Artes e o Design nas propostas de interdisciplinaridade, visto que ela ativa o lado mais criativo do cérebro. No entanto, vale ressaltar que a ideia é sempre estabelecer relações efetivas entre as 5 áreas. Não é para centralizar o processo em uma delas apenas. O aluno deve ser inserido em situações nas quais precisa olhar além de uma explicação linear e usar a imaginação para buscar soluções mais inovadoras. (Rico, 2019) O PROFESSOR NO CURRÍCULO STEAM Como o objetivo é somar as particularidades das 5 áreas, o ideal é que o processo seja conduzido por vários professores de forma colaborativa , visto que a troca de conhecimentos e experiências enriquece o processo, facilitando o planejamento da prática, dando um olhar mais abrangente para cada área do conhecimento. É necessário, no entanto, ressaltar que o trabalho interdisciplinar nas escolas ainda é um tabu, visto que muitos docentes não têm tempo para conversar com os colegas, e para que esta prática funcione efetivamente é necessário que gerenciem o tempo e que planejem em conjunto, contando com a ajuda da coordenação para promover esses momentos de trocas e colaboração. O professor precisará deixar de lado aquela postura de único sabedor do conhecimento, expositor do conteúdo, para assumir um papel de orientador, porém ele precisará lidar com a diversidade de interesses e soluções possíveis, assim como com os imprevistos. Para iniciar a proposta, é preciso estabelecer o caminho a seguir para os alunos: no momento da pesquisa, quais serão os meios necessários? Quanto tempo os alunos precisarão para o planejamento e para a execução do projeto? Será necessário realizar oficinas para que eles aprendam algo que ainda não conhecem? O docente precisará ainda pensar em como criar os grupos, orientar sobre a organização das tarefas, acompanhar o andamento do processo e mostrar aos estudantes que os erros fazem parte. Ainda é necessário cuidado na divisão de tarefas para que todos tenham as mesmas chances de executar qualquer parte dela, como a montagem de robôs e a decoração. Também é importante que o docente saiba e planeje as tarefas sem a obrigatoriedade do uso de equipamentos e materiais avançados e caros. Ele pode propor atividades que usem sucata, kits móveis de eletrônica, simuladores virtuais, aplicativos e outras ferramentas mais simples. (Rico, 2019) Apesar do cunho tecnológico, para desenvolver o currículo STEAM é preciso mais do que equipamentos. Somente inserir tecnologia em uma atividade de ensino não a faz uma proposta STEAM. É necessário um profundo desenvolvimento profissional dos professores para que compreendam a conexão que deve haver entre os conteúdos das áreas relacionadas. Isso não diz respeito apenas à escolha das estratégias e dos materiais, mas também à organização do currículo e ao planejamento colaborativo que insira as contribuições de cada uma das áreas envolvidas, para que ocorra uma aprendizagem efetiva. (Lorenzin, Assumpção & Bizerra, 2018) O FUNCIONAMENTO DO CURRÍCULO STEAM Já sabemos que o STEAM é uma metodologia que integra diferentes áreas e se baseia em projetos, com o objetivo de formar pessoas que tenham diversos conhecimentos, para que possam desenvolver diferentes habilidades, e que trabalhem questões socioemocionais, preparando-se para os desafios futuros. A sua adoção nas escolas propõe a interdisciplinaridade de áreas de conhecimento, despertando a criatividade, a inventividade, a empatia, e o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades e atitudes necessár ias para vida moderna, como o pensamento computacional e o espírito da cultura maker que propõe o ‘faça você mesmo’. Nos Estados Unidos, na maior parte das vezes, a aplicação da metodologia STEAM em sala de aula é realizada como programa extracurricular, geralmente voltada para as séries iniciais da educação básica. No entanto, podemos entender que inserir essa proposta ao currículo escolar, é uma grande oportunidade de mudar o ensino de ciências, trazendo práticas mais ativas, lúdicas e interessantes, porém é um grande desafio visto que mudanças curriculares exigem pesquisas, investimentos e transformações nas concepções sobre o processo de ensino-aprendizagem . (Lorenzin, Assumpção & Bizerra, 2018) Vejamos como a metodologia pode ser desenvolvida. O STEAM pode ser realizado em 5 etapas: Figura 2 - Etapas do currículo STEAM Fonte: Garofalo, 2019. n.p. Ao longo dessas etapas, usadas para o desenvolvimento de um projeto, os estudantes podem trabalhar com ludicidade diversas habilidades e competências, tais como: Figura 3 - Habilidades e competências Fonte: Garofalo, 2019. n.p. O STEAM propicia a aprendizagem por experimentação. Aplicando metodologias ativas, o aprendiz consegue estudar Matemática, Ciências, Artes, Engenharia e Tecnologia de forma criativa, sem perder o foco investigativo. Mas afinal, o que pode ser feito nesta prática? Investigação científica, trabalho com projetos, aprendizagem de programação, de robótica, o movimento maker, o learning by doing (o aprender junto) são práticas que fazem parte das propostas do STEAM. (Garofalo, 2019) E o que deve ser levado em conta na hora de planejar a prática? 1. A questão geradora: é preciso criar um contexto para o projeto, um desafio inicial, que motivará os alunos a buscar soluções criativas e quanto mais estiver relacionado a um problema da realidade deles, mais estimulante será. 2. A investigação: é a base para o desenvolvimento do projeto e o que vai favorecer a participação ativa dos estudantes. As etapas precisam estar conectadas, com objetivos claros e com orientações para as ações investigativas. 3. A interdisciplinaridade: é o diferencial. O principal desafio é pensar em conjunto sobre o processo, com seus pares e juntando as diferentes áreas de conhecimento para interligar as diferentes habilidades e competências. 4. O trabalho em grupo: potencializa o aprendizado, pois estimula a troca de saberes, a colaboração, a empatia e o poder de argumentação, gerando autonomia na turma, desenvolvendo habilidades socioemocionais. 5. O produto final: irá concretizar o processo de aprendizagem. A escolha do que será feito depende dos objetivos do projeto e dos recursos disponíveis. 6. A avaliação: deve ocorrer durante todo o processo. (Rico, 2019) RESULTADOS EXPOSTOS PELOS PROFESSORES Professores que tiveram a oportunidade de trabalhar a metodologia STEAM relatam que transformaram suas concepções sobre o ensino de ciências e sobre suas experiências em sala de aula, levando à realização de mudanças em sua prática docente. Dentre os resultados comentam sobre a abertura para o protagonismo dos alunos, aulas menos dirigidas, com novas maneiras de interagir e intervir do professor, cuidado com a contextualização dos conhecimentos necessários, preocupação em inserirconteúdos próximos à realidade dos estudantes como motivação para a aprendizagem, elaboração de novas estratégias de ensino, ampliação da percepção sobre o conhecimento, integração de dinâmicas realizadas no STEAM em outras disciplinas e ainda um maior compartilhamento de experiências entre os pares. (Lorenzin, Assumpção & Bizerra, 2018) EM RESUMO Aprendemos, nesta aula, que STEAM é um acrônimo para as disciplinas de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes & Design e Matemática, e vem sendo utilizada como forma de inserir nas práticas pedagógicas a interdisciplinaridade, que sabemos, ainda ser um tabu no ensino. Essa prática é mais uma que coloca o aluno como centro do processo de aprendizagem, estimulando a criatividade, o aprender fazendo, o trabalhar em equipes, desenvolvendo as habilidades socioemocionais tão importantes nos dias atuais. Enfim, por meio de uma proposta de investigação, aguça a criatividade dos estudantes, que conectando disciplinas de diferentes áreas, procuraram desenvolver um projeto que será apresentado e avaliado. INTRODUÇÃO Design thinking (DT) é o nome que se dá à apropriação por outras áreas da metodologia usada pelos designers para criar ideias, aprimorá-las e pensar em soluções, com criatividade e de maneira colaborativa, fomentando a inovação e a ação, na prática. Em 2009 a designer Kiran Bir Sethi (Índia) mostrou a todos a sua inspiração no DT para transformar as diretrizes da sua escola, surgindo o movimento Design for Change. Em 2011, a empresa de design IDEO publicou um material específico para a educação, sistematizando a DT de maneira simples e possível de ser experimentada por instituições de ensino. No caso do Brasil, as primeiras experiências surgiram em 2012 tornando o design thinking uma poderosa prática de transformação das relações e dos desafios cotidianos do ambiente educacional. (Rocha, como citado em Bacich & Morán, 2018) Vamos a ela. ORIGEM E CONCEITO DO DESIGN THINKING O conceito do DT foi criado em 1973 por Rolf Faste (docente da Stanford University que o definiu e popularizou) e David Kelley (também de Stanford) um dos fundadores da empresa de design IDEO que foi a responsável por difundir o termo e que continua desenvolvendo projetos no mundo todo. Em 2009, Tim Brown, o diretor executivo (CEO) da consultoria de inovação da IDEO, escreveu um livro sobre DT no qual o define como uma abstração do modelo mental empregado há muito tempo pelos designers para dar vida às ideias. Por sua vez a Ted Talk da designer Kiran Bir Sethi, em 2009, tornou conhecida no mundo todo sua inspiração no DT para a realização de práticas pedagógicas em sua escola, a Riverside School, convidando outras instituições para que se unissem ao movimento Design for Change, cujo diferencial estava na intervenção na realidade por meio da perspectiva do design. Em 2011, a IDEO criou um material voltado para a educação (Design thinking para educadores), que tem como base as experiências de diversos professores da Riverdale Country School (Estados Unidos) em sala de aula. Mas afinal o que significa design? É uma área do conhecimento que diz respeito à concepção, à idealização, à criação e ao desenvolvimento de ferramentas e de serviços e experiências, reunindo estratégia, técnica e criatividade de forma a resolver um problema. Na empresa, visa o desenvolvimento de competências e habilidades que transformem os colaboradores em ‘solucionadores de problemas ’. Já o design thinking é uma metodologia inspirada em como os designers fazem para resolver problemas, propondo soluções que se baseiam nas necessidades das pessoas e nos contextos, desfazendo a visão associada ao design como desenvolvimento de produtos esteticamente diferenciados. (Rocha, como citado em Bacich & Morán, 2018) CARACTERÍSTICAS DO DESIGN THINKING Na educação, pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem que visa inovar e solucionar problemas complexos trabalhando em equipe, ou seja, favorece a colaboração e a cooperação entre os alunos que ‘aprendem fazendo’, juntando a teoria à prática, preparando os alunos para as competências necessárias para o século XXI. Podemos dizer que as vantagens da aplicação do DT em sala de aula dizem respeito a: • Buscar a resolução de problemas com base em diferentes perspectivas; • A solução é encontrada com o trabalho colaborativo; • Favorece a criatividade; • Usa várias formas de pensar sobre o futuro; • Propicia a capacidade de síntese; • Estimula a inteligência coletiva. (Mello, Neto & Petrillo, 2021) PRINCÍPIOS E ETAPAS DO DT Para compreendermos mais sobre as contribuições do Design Thinking para o processo educativo precisamos conhecer um pouco sobre os princípios e os processos a ele inerentes. Não podemos esquecer que as pesquisas acadêmicas sobre o DT na educação ainda são bastante escassas. Figura 1 – Princípios do Design Thinking Fonte: Rocha, como citado em Bacich & Morán, 2018, p. 293. Vamos entender um pouco mais sobre cada um desses princípios e suas contribuições para o DT. 1. Empatia: uma das características mais marcantes do DT é colocar o estudante no centro de seu processo de ensino e aprendizagem, e ‘colocar-se no lugar do outro’ faz toda a diferença nesta metodologia. É uma inteligência emocional que se conecta uns com os outros de forma profunda. O DT humaniza o processo, pois se entende que são pessoas criando soluções para outras pessoas e com pessoas, criando uma ‘escuta ativa’. 2. Colaboração: é um dos pilares do DT. Os estudantes aprendem a extrair o melhor dos grupos, compreendendo os problemas e desafios de forma profunda, visto que as diversas percepções ajudam a compreender melhor o que se pretende resolver, até a criação de soluções e propostas inovadoras. O compartilhamento de ideias, de visões de mundo, de percepções, aliado à escuta ativa faz com que a experiência de resolver problemas seja mais efetiva. 3. Criatividade: o DT ajuda as pessoas a recuperarem a confiança criativa, muitas vezes deixada de lado, visto que a criatividade faz parte da essência do ser humano e é algo que todos têm. 4. Otimismo: para criar soluções inovadoras precisamos ver o mundo com um novo olhar, e para isso é preciso dedicação e vigilância para deixarmos de pensar que os problemas não são possíveis de se resolver. O DT permite que a criatividade de cada um junto com a inovação possibilite resolver problemas improváveis de terem uma resolução. Inserem-se problemas reais, contextualizados na realidade dos estudantes, propiciando o pensar globalmente e o agir localmente. Quanto às etapas do Design Thinking, elas juntam métodos da engenharia e do design, combinados com ideias advindas das artes, com os procedimentos das ciências sociais e com os insights do mundo dos negócios. Vale ressaltar que essas etapas não precisam ser lineares, o que significa que pode ser necessário retomar alguma etapa para seu aprofundamento, assim como o ciclo também pode se repetir por completo mais de uma vez. Cada ciclo completo recebe o nome de iteração. (Rocha, como citado em Bacich & Morán, 2018) São elas: Figura 2 - Etapas do Design Thinking Fonte: Rocha, como citado em Bacich & Morán, 2018, p. 299. 1. Etapa Empatizar Para a resolução dos problemas reais, complexos, propostos no DT cria-se uma equipe, formada basicamente por: um designer thinker, o líder do projeto, vários design thinkers, que são as pessoas que participam do grupo, alguns stakeholders, que são as partes interessadas que serão impactadas pelo resultado do projeto, dentre outras que forem necessárias. Logo, o líder deve definir um cronograma com os prazos e as estratégias para a realização das atividades. Então, o primeiro passo é compreender oativo, e nesse sentido, a expressão ‘metodologias ativas’ parece ser mais adequada ao caracterizar práticas criadas pelo docente visando que o aprendiz tenha um papel mais significativo no seu aprendizado. COLOCANDO A APRENDIZAGEM ATIVA EM PRÁTICA Estudos indicam que a aprendizagem ativa é uma estratégia de ensino muito eficaz quando comparada com os métodos tradicionais como a aula expositiva comum. Quando estão diante de métodos ativos, os estudantes guardam um maior volume de conteúdo, retêm a informação por mais tempo e aproveitam as aulas com maior engajamento, satisfação e prazer. A experiência mostra que a aprendizagem ocorre de forma mais significativa quando realizada com metodologias ativas, isso porque os alunos vão adquirindo mais confiança em suas decisões e na aplicação do saber em situações práticas. Eles melhoram a inter relação com os colegas, aprendem a se expressar melhor, e ainda adquirem gosto pela resolução de problemas, reforçando sua autonomia no pensar e agir. (Barbosa & Moura, 2013) MAS AFINAL, O QUE É APRENDIZAGEM ATIVA? Há um provérbio chinês que diz: “O que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo.” Essa frase foi dita pelo filósofo Confúcio e tem relação direta com o conceito de aprendizagem ativa. Silberman (1996, como citado em Barbosa & Moura, 2013, p.10) modificou esse provérbio para ajudar na compreensão do que são métodos ativos de aprendizagem, dando a ele a seguinte redação: • O que eu ouço, eu esqueço; • O que eu ouço e vejo, eu me lembro; • O que eu ouço, vejo e pergunto ou discuto, eu começo a compreender; • O que eu ouço, vejo, discuto e faço, eu aprendo desenvolvendo conhecimento e habilidade; • O que eu ensino para alguém, eu domino com maestria Essa citação resume os princípios das metodologias ativas e se a prática docente possibilitar ao aluno saber ouvir, ver, questionar, debater, fazer e ensinar, estaremos no caminho da aprendizagem ativa. EM RESUMO Nesta aula, tivemos a oportunidade de conhecer as expressões Metodologia Ativa e Aprendizagem Ativa, que indicam que o conhecimento precisa ser assimilado pelo aprendiz por meio do uso de algumas competências como o saber ouvir, o questionar, o debater, o fazer e o ensinar, gerando engajamento, comprometimento e criticidade, transformando-o em um ser autônomo, independente, e dono do seu processo de aprendizagem. Levando em conta que cada pessoa tem seu ritmo de aprendizagem e suas necessidades, o uso de metodologias ativas propicia a aquisição de conhecimentos deveras significativos. Com a chegada de uma nova geração de estudantes aos bancos escolares, mais dinâmicos, hiperativos, e principalmente conectados, mudanças precisaram acontecer no processo de ensino e aprendizagem, visto que essas crianças e jovens não estão mais dispostos a ficar horas sentados nas carteiras ouvindo aulas expositivas enfadonhas, afinal, as informações que eles encontram nas palmas de suas mãos (literalmente) hoje em dia, com certeza são muito mais interessantes e divertidas do que as que são trazidas por esses professores tradicionais. No ensino tradicional ainda predomina o aspecto coercitivo imposto pelo docente, instituições de ensino que insistem em tentar provar que são o único lugar no qual as pessoas podem realmente aprender, professores como seres supremos, detentores de todo o conhecimento que pode ser transmitido e ainda práticas arcaicas que não levam em conta os interesses e necessidades dos educandos. Apesar de esse estilo de ensino ainda existir, e muitas vezes até predominar, alunos e, diga-se de passagem, boa parte da sociedade, não o aceitam mais, e exigem que conhecimentos e práticas ultrapassadas sejam substituídas por novas formas de ensinar, que sejam mais condizentes com o mundo conectado e globalizado que hoje impera no mundo. Por meio dos trabalhos de muitos estudiosos, estamos diante de uma modernização do conceito de estudar (e ensinar), baseado em metodologias que se alicerçam em tecnologias de informação e comunicação (TICs), que se mostram muito mais próximas de ideias pragmáticas que procuram compartilhar conhecimentos úteis, superando TEMA 2 A Aprendizagem Significativa o imobilismo reinante em boa parte das instituições de ensino. (Munhoz, 2019) Vamos estudar, então, um pouco desse processo de mudança e conhecer com mais profundidade a ideia de aprendizagem significativa. UM NOVO OLHAR PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Devemos observar atentamente que um novo olhar vem sendo lançado, ainda que aos poucos, sobre velhas propostas e práticas educacionais, (re)adequando-as a um ambiente repleto de tecnologias, criatividade e inovação. Além da mudança nas formas de ensinar e aprender, aos poucos a educação aberta vem se firmando, possibilitando que todas as pessoas interessadas em aprender possam fazê-lo, escolhendo o que desejam aprender, da forma como desejam aprender, quando e onde quiserem aprender, ampliando em todos os aspectos as possibilidades de assimilar novos saberes. A evolução constante e rápida das tecnologias associada à presença, cada vez maior, de computadores e outras ferramentas tecnológicas nos ambientes escolares (e empresariais também), traz a possibilidade de se expandir a aprendizagem adaptativa. No que se refere ao ambiente empresarial, os jogos de empresas, também chamados de small games e good games, vêm sendo cada vez mais utilizados em atividades educacionais realizadas por organizações antenadas na tecnologia. Esse mesmo mercado já está de olho na chamada aprendizagem rápida (rapid learning) visando aumentar consideravelmente a velocidade na aquisição de novas competências e habilidades organizacionais, motivando a criatividade, a inovação e a capacidade de iniciativa dos seres humanos. Voltando para os bancos escolares cada dia mais vem ocorrendo uma fuga das salas de aula para ambientes semi presenciais (b-learning), não presenciais (e-learning), por meio de dispositivos móveis (m-learning) e de forma ubíqua (u-learning), esta última ocorrendo quando a pessoa desenvolve seu aprendizado de forma paralela a outras atividades. Todos esses ambientes propiciam o aprendizado por meio de metodologias inovadoras e mais lúdicas, como a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos, a aprendizagem baseada em problemas, a gamificação (que une o entretenimento e a aprendizagem, chamada de edutainment), que devolvem ao processo de ensino e aprendizagem suas origens, (re)transformando o processo em uma atividade agradável e prazerosa em todos os sentidos. Pelo menos essa é a ideia. Ambientes com essas características transformam a aprendizagem ativa apoiada pelas tecnologias em um campo que mistura o tecnicismo, o didático e o pedagógico de forma natural e espontânea. Tornar agradável a tarefa de ensinar e aprender, recuperando o prazer e a vontade dos estudantes pela aquisição do saber é o grande foco da educação moderna. Efetivar a aprendizagem ativa possibilita atingir os diferentes estilos de aprendizagem de nossos alunos, flexibilizando o ambiente educativo. Possibilita exercitarmos a proposta de colocar em prática o aprender a aprender, o aprender pelo erro e o aprender fazendo, que somados resultam na aprendizagem significativa. (Munhoz, 2019) APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA VERSUS APRENDIZAGEM MECÂNICA Por falar em aprendizagem significativa, ela pode ser comparada com a aprendizagem mecânica. Enquanto a primeira diz respeito à associação que pode ser feita entre uma nova informação recebida e o conhecimento prévio do estudante, na segunda, a mesma nova informação recebida não interage com aquela já existente na estrutura cognitiva do aluno. Portanto, um estudante que precisa memorizarproblema (desafio), e identificar os stakeholders, e essa compreensão se dá pela empatia, ou seja, entendendo o problema a partir do outro (momento de imersão). Aqui surgem os insights. 2. Etapa Definição do Problema Este é o momento de definir qual o problema que irá dar base ao projeto. Quanto mais claro, mais chances há de os design thinkers pensarem em soluções eficazes. 3. Etapa Idear É o processo de cocriação de uma ou de várias soluções para o problema, realizado com a elaboração de workshops e brainstorming de forma que a equipe possa determinar o melhor caminho para resolver o problema. Junta- se um repertório de ideias que serão analisadas para determinar as ‘melhores ideias’. No final da etapa a equipe decide qual ideia deverá ser prototipada. 4. Etapa Prototipar Nesta etapa o produto começa a ser prototipado e a prototipagem pode ser de coisas físicas ou de coisas intangíveis (serviços, um sistema organizacional, etc.) e é sempre inspiracional. Exemplos de protótipos podem ser storyboards, diagramas, filmagens, peças de teatro, maquetes, páginas da internet e programas para computador. 5. Etapa Testar Assim que criado, o protótipo precisa ser testado e apresentado aos stakeholders, destacando os pontos positivos e os que precisam ser aperfeiçoados Figura 3 - Resumo das Etapas Fonte: Mello, Neto e Petrillo, 2021, p. 13 Após a testagem é chegada a hora de colocar em prática a implementação, pensando nos recursos tecnológicos e materiais que serão necessários para a sua viabilidade. (Mello, Neto & Petrillo, 2021) EM RESUMO Vimos, nesta aula, que o Design thinking corresponde à apropriação por outras áreas da metodologia usada pelos designers para criar ideias, aprimorá-las e pensar em soluções, com criatividade e de maneira colaborativa, fomentando a inovação e a ação, na prática. Na educação, pode ser utilizado como uma estratégia de ensino- aprendizagem para inovar e solucionar problemas complexos trabalhando em equipe, com colaboração e cooperação, de forma a ‘aprender fazendo’, com empatia, colaboração, criatividade e otimismo, em 5 etapas não lineares que são empatizar, definir, idear, prototipar e testar, de forma a entregar o produto para os stakeholders. Espero que tenha gostado de conhecer esta metodologia tão diferente. INTRODUÇÃO Sabemos que nos dias atuais há uma geração de estudantes digitais que têm diferentes formas de aprender, conforme suas necessidades e também que apresentam diferentes maneiras de se comunicar com seus colegas. Levando em conta a falta de adaptação desses nativos digitais aos ambientes tradicionais de ensino, (res)surge a necessidade do uso de jogos em educação. Não dá para ignorar o fato de que os alunos consideram a sala de aula atual chata, e isso termina por desmotivar a ida deles às escolas, causando inclusive evasão. Atualmente, nossos alunos não aguentam ficar mais do que 15 minutos ouvindo um professor passar o conteúdo teórico, visto que consideram que as informações que encontram nos seus aparelhos celulares são muito mais interessantes, como músicas, uma conversa com um colega, um jogo de futebol ou até mesmo joguinhos de carta ou de caça a algum objeto. Então, faz-se necessário tentar tornar o ambiente escolar um espaço mais divertido, mais lúdico e mais agradável, e assim, vem surgindo uma série de metodologia inovadoras, conforme estamos aprendendo em nossas aulas. Observando crianças, jovens e adultos enquanto estão em frente aos seus videogames, percebe-se que eles ficam quase que ‘grudados’ às telas, absortos em seu game, portanto, é possível aproveitar esse encantamento que os jogos oferecem, também em sala de aula. (Munhoz, 2019) CARACTERÍSTICAS, NECESSIDADES E BENEFÍCIOS DOS JOGOS PEDAGÓGICOS Vale ressaltar que para que os jogos em sala de aula deem resultado, é preciso que os docentes passem por uma alfabetização tecnológica, visto que muitos não têm a mínima ideia de como podem aplicar a estratégia do uso de games em suas práticas. Os jogos usados para o aprendizado não podem ser apenas uma diversão. Então o que é necessário para que eles surtam efeito? É preciso desenvolver habilidades afetivas, que podem ser usadas como motivação para que os alunos aprendam o que precisam saber para dominar determinada função em certa área do conhecimento. Há que se ressaltar que existe uma certa má vontade por parte dos alunos (os imigrantes digitais) com a leitura e permanência digital, portanto, também há que se superar essa má vontade e escolher uma estratégia que agrade a todos, o máximo possível. Também é preciso destacar que para que os jogos possam ser, de fato, inseridos no ambiente escolar precisamos de laboratórios preparados para tal feito, e nos quais o acesso às comunidades virtuais seja possível. O analfabetismo digital e a exclusão social ainda funcionam como limitadores para muitos estudantes que não têm acesso aos jogos em rede fora da escola. Vale a pena enfatizar também que com o uso dos jogos digitais há várias habilidades que podem ser estimuladas como a persistência, aprender a assumir riscos, a colaboração, a solução de problemas, dentre outras. No entanto não há mais como fugir dessa realidade visto que os currículos escolares vêm sendo repensados tendo como base essa nova perspectiva, e os docentes vêm sendo estimulados a desenvolver, em seus processos de formação permanente e continuada (lifelong learning) nivelamentos para o uso de jogos em educação. O progresso no uso de jogos no ambiente corporativo pode servir de motivação para que os alunos aprendam não apenas a jogar, mas também a desenvolver jogos educativos, porém, não se pode esquecer, como já comentado, que muitos docentes ainda não apresentam amplo conhecimento em mídias digitais e tecnologias educativas, isso porque os cursos de formação, muitas vezes, não contemplam essa possibilidade. Como benefícios do uso de jogos em educação, estão o fato de podermos verificar como está o progresso do estudante na aquisição de conhecimentos, o retorno imediato do aluno à sala de aula, diante da motivação que a inserção de jogos causa e ainda o fato de entregar o controle do processo de ensino e aprendizagem a ele. (Munhoz, 2019) OBJETIVOS DOS JOGOS EM EDUCAÇÃO Conforme já vimos, os jogos usados no ambiente educacional favorecem o aprendizado de forma lúdica e prazerosa, porém vale ressaltar que eles devem ser usados como material de apoio, reforçando os conteúdos apreendidos anteriormente. Essa ferramenta deve ser instrutiva, gerando uma disputa divertida e que consiga desenvolver um processo correto de aquisição de saber, portanto, é fundamental que exista o vínculo com o conteúdo que precisa ser passado aos alunos, com envolvimento tanto deles quanto do professor, que experimentarão o prazer pelos resultados alcançados. Como objetivos para promover uma aprendizagem lúdica e desafiadora, que leve o aprendiz a aprender e aplicar os conceitos e teorias passados, têm-se: • Estimular a criatividade, sociabilidade e as múltiplas inteligências; • Propiciar que o aluno aprenda a jogar e a ter uma participação ativa; • Favorecer e estimular o relacionamento entre os estudantes; • Reforçar os conteúdos que já foram apreendidos; • Adquirir algumas habilidades novas; • Aprender a lidar com os resultados; • Aceitar e respeitar as regras estabelecidas; • Fazer novas descobertas ‘brincando’; • Desenvolver a personalidade dos estudantes tornando-os mais colaborativos e espontâneos; • Ampliar a interação (colaboração e cooperação) entre os alunos; • Aprender a lidar com as frustrações; • Gerar autoconfiança e poder de concentração. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO Como algumas das estratégias deaplicação temos: 1. Antes da aula: o docente precisa testar o jogo evitando surpresas desagradáveis durante sua execução. Ele deve analisar se as questões estão corretas e se as demais etapas e partes do jogo estão bem completas. Também deve definir o número de grupos e de componentes que participarão dessa atividade. 2. Em sala de aula: o professor deve fazer uma síntese dos conteúdos inseridos em cada jogo, ainda que eles já sejam conhecidos pelos alunos. É importante ter certeza que os alunos conhecem os conteúdos e que os reafirme. 3. Checagem das regras: para que os alunos não percam o interesse pelo jogo, o professor deve reforçar as regras, deixando-as bem claras e sem muita complexidade, para que eles queiram participar do desafio com a intenção de ganhar. 4. A pontuação: vale ressaltar que a pontuação serve de motivação e estímulo para que os estudantes se engajem, gerando um certo sentimento de competição, e assim, por não querer ‘perder’, ele se esforça para participar, resolver o problema e ganhar. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) EM RESUMO Aprendemos, nesta aula, que os jogos pedagógicos favorecem o aprendizado dos estudantes de maneira mais lúdica, divertida e prazerosa, pois geralmente, muito tem a ver com essa geração de alunos digitais do século XXI, porém não se pode esquecer que eles devem ser usados como material de apoio, reforçando os conteúdos apreendidos anteriormente, visto que do contrário podem deixar os aprendizes sem entender o que, exatamente, estavam estudando. Esse game precisa ser instrutivo e gerar uma disputa divertida e que cause aquisição de conhecimento de forma significativa e para tanto é fundamental que exista um vínculo com o conteúdo que precisa ser passado aos alunos, e que se estimule o envolvimento tanto deles quanto do professor, que experimentarão, juntos, o prazer dos resultados alcançados. Espero que tenha gostado. INTRODUÇÃO Ao longo desta Unidade, veremos que não é necessário o uso de super tecnologias digitais para aplicarmos metodologias ativas em sala de aula. Existe uma ideia errada no ‘ar’ que insinua que para que as metodologias ativas sejam aplicadas precisam usar modernas tecnologias e recursos de ponta, preferencialmente, o que não é verdade. É certo que as metodologias ativas proporcionam uma aprendizagem participativa, colaborativa que está focada na dinâmica moderna de uma sociedade que se atualiza continuamente, o tempo todo, afinal, usando tecnologias o professor pode potencializar a sua aula, desenvolvendo diferentes atividades, captando a atenção dos alunos, de uma forma que a aula expositiva tradicional não possibilita. Há que se reforçar que a sociedade contemporânea exige uma formação docente que o transforme em um profissional que desenvolva estudantes polivalentes, com uma visão crítica e que aprendam continuamente, que estejam aptos a solucionar problemas, tomar decisões, trabalhar em equipe e aceitar e se adaptar a mudanças, e para que isso ocorra o docente precisa trabalhar uma pedagogia interativa. No entanto, há também metodologias ativas mais simples, que não requerem tantos recursos e ferramentas para fazerem acontecer em sala de aula. A proposta desta Unidade é conhecermos um pouco sobre elas, então te convido, venha comigo e espero contribuir para que a prática cotidiana dos docentes seja mais lúdica. AULA EXPOSITIVA E DIALOGADA É um estilo de aula que nos remete ao modelo antigo de ensino, porém, é muito diferente. Neste tipo de aula a característica mais marcante é a exposição do conteúdo realizada pelo docente, porém com a participação ativa contínua dos estudantes, que questionam, interpretam e discutem o que está sendo transmitido. Cada vez que um deles (ou todos) tiver uma contribuição a fazer, baseado em seu conhecimento, em suas dúvidas ou em alguma curiosidade ele ‘interfere’ na exposição. Neste estilo de aula, deve haver um planejamento por parte do docente que leve em consideração articulações de informações que os alunos podem fazer em função de seus conhecimentos prévios. Para estas aulas podem ser usados recursos como apresentações com slides, vídeos, ou ambos. E essas ferramentas podem ser usadas com infográficos, com apresentações interativas e com efeitos de transição. Hoje em dia há várias ferramentas on-line para a elaboração de slides. O docente pode preparar sua apresentação e compartilhar por meio do e-mail ou de um grupo de whatsapp do qual faça parte com os alunos, ou ainda pelo envio de um link, previamente, ou mesmo no momento da aula. Figura 1 - Modelo de apresentação on-line no Google Slides ou Google Apresentações Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 41 O professor, com seu smartphone, também consegue elaborar e enviar o arquivo para os discentes utilizando o software Canva. Figura 2 - Exemplo de apresentação e imagens como infográficos pelo Canva Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 41 As apresentações podem ter interações, podem conter zoom em determinadas partes do texto ou imagens, e efeitos de continuidade. Também é interessante inserir em algum momento da aula uma ferramenta que possibilite ao professor colocar questões e aplicá-las aos alunos, com resposta em tempo real. Um exemplo é o Mentimeter. Figura 3 – Exemplo de pergunta inserida pelo professor Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 42 Figura 4 - Visualização das opções pelos alunos Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 42 Na aula expositiva e dialogada, o conhecimento é uma criação compartilhada, colaborativa entre o professor e os alunos, sendo o ponto forte o diálogo constante . Os objetivos são: • Possibilitar ao aprendiz a aquisição do saber de forma participativa e reflexiva; • Proporcionar a mobilização das estruturas mentais dos estudantes e a verbalização dos seus pontos de vista; • Favorecer o pensamento crítico e a argumentação. Com relação às estratégias de aplicação, são elas: 1. Antes da aula: durante o planejamento, o docente escolhe o tema e organiza a sua fala e exposição considerando não apenas o conteúdo a ser ministrado mas também os recursos que ajudarão a dinamizar a aula e propiciar o diálogo, estabelecendo como o conteúdo vai captar a participação ativa dos alunos, suas contribuições, envolvimento e síntese. 2. Na aula: o professor apresenta claramente os objetivos da aula, mostrando a aplicabilidade do conteúdo. Na sequência, contextualiza o assunto, mobilizando as estruturas mentais dos estudantes. Durante toda a explanação o professor precisa manter o aluno motivado e curioso, raciocinando junto com ele e com os colegas. Pode usar recursos como mapas conceituais e esquemas em powerpoint ou lousa. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) O ARCO DE MAGUEREZ Esta metodologia é um esquema originado por Bordenave e Pereira (1989) que parte da realidade social do estudante, e após a análise efetiva do assunto, levantamento das hipóteses e reflexão sobre as possíveis soluções, retorna-se à realidade. As consequências dessas reflexões e estudos provocam novas ações, agora com mais informações capazes de causar algum tipo de transformação nessa realidade. É um tipo de prática que pode ser aplicada em disciplinas que analisam situações que ocorrem na realidade do aprendiz, como ética, legislação, dentre outras que requeiram leituras, análises e reflexões críticas. Os objetivos desta prática são: • Estimular o entusiasmo dos estudantes para que realizem, por sua própria iniciativa os esforços intelectuais e morais que o aprendizado exige; • Observar os problemas na realidade na qual acontecem deveras; • Voltar ao campo observado com as soluções; • Guiar o estudante a uma prática de ação-reflexão- ação, assimilando os conteúdos de forma crítica e reflexiva,preparando-o para que possa agir em sociedade e melhorá-la. Com relação às estratégias de aplicação, são elas: 1ª etapa: observar a realidade social dos estudantes. Os alunos serão guiados pelo professor para observar com atenção e registrar o que perceberem sobre a realidade a ser estudada. Esta etapa possibilitará aos aprendizes identificar possíveis problemas a serem solucionados. Então, um ou vários problemas são colocados em estudo nos vários grupos. O docente ajuda na redação do problema. 2ª etapa: é a etapa do levantamento dos pontos- chave. Os alunos refletirão sobre as possíveis causas do problema na sociedade, assim como sobre as variáveis menos diretas que também interferem no problema. Deve ser um estudo crítico e reflexivo que leve-os a encontrar a solução. Assim, os alunos devem elaborar uma síntese dos pontos-chave que deverão ser estudados. 3ª etapa: é nela que se realiza a teorização, ou seja, a investigação, de fato. Os alunos buscam informações sobre o problema, dentro de cada ponto-chave. Essa pesquisa pode ser realizada na biblioteca (física ou virtual), com entrevistas feitas com especialistas no assunto, ou por meio da observação em campo, dentre outras possibilidades. Tudo deve ser registrado. 4ª etapa: nela pensa-se nas hipóteses para a solução. Depois de todo o estudo feito por todos os ângulos os alunos devem elaborar possíveis soluções para o problema, de forma crítica e criativa. 5ª etapa: é a etapa da aplicação. Nela, as decisões tomadas devem ser executadas ou encaminhadas. Esta parte é o compromisso dos estudantes com a realidade observada. Neste método, parte-se do levantamento da realidade dos estudantes e a ela se retorna com as soluções, procurando transformá-la, de alguma forma. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Figura 5 - Ideia do Arco de Maguerez Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 69 EM RESUMO Aprender que a aula expositiva e dialogada é um estilo de aula que nos remete ao modelo antigo de ensino, porém, neste tipo de aula a característica mais marcante é a exposição do conteúdo realizada pelo docente, com a participação ativa e contínua dos estudantes, que questionam, interpretam e discutem o que está sendo transmitido, a todo instante, ajudando a construir o conhecimento. Com relação ao Arco de Maguerez, observamos que é uma prática que parte da realidade social dos estudantes, e após a análise efetiva do assunto, sob todos os ângulos, levantamento das hipóteses e reflexão sobre as possíveis soluções, retorna-se à realidade a fim de transformá-la de alguma forma. O mais importante foi percebermos que para aplicá-las em nosso dia a dia não são necessárias tecnologias de ponta, não é mesmo? Vamos conhecer mais algumas? INTRODUÇÃO Uma metodologia muito interessante que pode e deve ser utilizada em sala de aula, em todos os níveis de escolaridade, é o Portfólio. É uma forma que os alunos têm de registrar e arquivar todas as suas produções acadêmicas, possibilitando evidenciar todo o processo de aprendizagem de um conceito. Caso a instituição disponibilize um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), esse arquivo pode ser feito nele, que facilitará a organização e a disponibilização das atividades em diferentes formatos de arquivo, que podem ser: arquivos de texto, de imagens, de vídeos, de podcasts, de infográficos, de apresentações, de documentos de edição de tabelas e gráficos, de elaboração de histórias em quadrinhos, de respostas a questionários, entre outras atividades. Alguns sites apresentam ferramentas de arquivamento em nuvem, que são compartilhados pela internet, e de backup dos arquivos, das fotos, dos vídeos e demais tipos, e essas informações podem ser acessadas de qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de instalar programas. Figura 1 - Criação de armazenagem na nuvem Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 44. A construção de blogs também pode ser feita pelos estudantes (um para a turma), trazendo a experiência do que foi vivenciado, no relato ou registro de diferentes momentos, deixando anotado todo o processo, podendo ser avaliado pelo professor, de forma contínua, conforme a Figura 2. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Figura 2 - Criação de Blog utilizando o Webnode Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 45 CARACTERÍSTICA DO PORTFÓLIO A palavra portfólio tem como base a palavra latina portare, que significa transportar, e o substantivo foglio que significa folhas. Portanto, pode-se entender o portfólio como a organização dos diferentes tipos de documentos, de anotações, de experiências realizadas em sala de aula, de tarefas pontuais, de forma a evidenciar o que foi realizado, explicitando as construções dos estudantes. É uma construção dos alunos, com o auxílio do docente, como propositor, guia e mediador, que vai sendo desenvolvido ao longo de todo o processo de ensino e aprendizagem. Cada vez mais ele vem sendo utilizado em sala de aula como instrumento de avaliação, condizente com o que se espera do aprendizado dos adultos: reflexão em ação e andragogia ou aprendizagem autodirigida baseada na experiência. E quais são os objetivos? • Colocar o aluno como o principal responsável pelo desenvolvimento do seu trabalho e da construção dos seu conhecimento; • Permitir que o aluno faça suas próprias escolhas na seleção das informações que quer assimilar. Assim, à medida que os alunos vão montando seus portfólios, entende-se que é um convite para realizar uma pesquisa, uma investigação, uma avaliação, registrando seu processo de aprendizagem e ao mesmo tempo sua avaliação processual. Sobre as estratégias de aplicação, podemos dizer que apresentam 4 passos, que são: 1. O docente determina os objetivos e competências a serem desenvolvidas e avaliadas; 2. Os estudantes coletam o material com intenção e com um propósito; 3. Existe o planejamento sobre como os trabalhos serão organizados e onde eles deverão ser arquivados; 4. Há um processamento da escolha e da avaliação das atividades realizadas. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) O ENSINO SOB MEDIDA (ESM) Também chamado de Just-in-Time Teaching (JiTT) é uma ferramenta pedagógica baseada na interação entre os conhecimentos prévios adquiridos, aqueles advindos de pesquisas e as atividades interativas que são realizadas em sala de aula. Gregor Novak propôs esta estratégia visando ensinar física aos estudantes que não tinham muito interesse ou que se sentiam inseguros. No JiTT, os aprendizes estudam em casa, previamente, por meio de leitura indicada, ou pesquisa na internet e respondem a perguntas sobre o conteúdo, chamadas de Warm Up. Vale ressaltar que o sucesso da aplicação da estratégia está condicionado à motivação dos alunos. É uma metodologia que requer que os estudantes estejam ativamente envolvidos e que sejam independentes em seus estudos, diferente do que ocorre com as aulas tradicionais. Outra característica que leva ao sucesso é criar um ambiente cooperativo em sala de aula , no qual os alunos se sintam livres para dialogar, refletir, questionar e defender suas ideias. E quais são então os objetivos do JiTT? • Proporcionar a leitura e pesquisa extraclasse, buscando, de forma autônoma o conhecimento e aumentando a responsabilidade dos estudantes por seu aprendizado; • Estimular o hábito do estudo fora do período da aula formal; • Fomentar a busca livre e autônoma por conhecimentos; • Propiciar aos alunos a possibilidade de verificar o quanto conseguem compreender durante as leituras ou pesquisas; • Ajudar os estudantes a identificarem quando não entendem algum conceito, quando não conseguem responder alguma pergunta, ou quando não conseguem tirar alguma dúvida de seus colegas durante um debate em sala de aula, mostrando queprecisam (ou não) melhorar sua argumentação; • Propiciar o desenvolvimento do raciocínio e do desempenho; • Estimular a interação entre professor e alunos, e entre os alunos tornando a aula mais eficaz; • Organizar o tempo dentro e fora da sala de aula; No que se refere às estratégias de aplicação, podemos elencar as seguintes: 1. Antes da aula: os alunos realizam leituras e pesquisas prévias sobre o assunto indicado pelo professor. Este é o responsável por elaborar questões sobre o conteúdo (Warm Up), que deverão ser respondidas pelos estudantes e recebidas de novo pelo docente para que ele consiga preparar a aula em tempo hábil. 2. Na sala de aula: o professor, a partir das respostas recebidas previamente, esclarece os pontos nos quais existam dúvidas e aprofunda as discussões a respeito, por meio de curtas explanações orais, demonstrações e atividades experimentais (estas, dependendo da matéria ministrada). Na sequência ele insere exercícios (como Puzzles) ou testes conceituais, que, conforme a frequência das respostas poderão ser encaminhadas para debates em equipes. Figura 3 - Modelo de aula utilizando o Ensino sob Medida Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 73 EM RESUMO Ao longo desta aula, foi possível conhecer o Portfólio, que é uma forma que os alunos têm de registrar e arquivar todas as suas produções acadêmicas, possibilitando evidenciar todo o processo de aprendizagem, permitindo que o professor o conheça também e avalie. É uma poderosa ferramenta para registrar tudo que o estudante realiza ao longo de sua vida estudantil (se ele quiser). Além disso, pudemos aprender que o JiTT é uma ferramenta pedagógica que está baseada na interação entre os conhecimentos prévios adquiridos, aqueles advindos de leituras e pesquisas e as atividades interativas que são realizadas em sala de aula pelos estudantes. O professor vai elaborando perguntas que vão sendo respondidas pelos alunos e dão lugar a novos questionamentos e debates em equipes, estimulando a argumentação e raciocínio. Foi possível perceber que muitas das metodologias ativas que estão sendo vistas ao longo desta disciplina se parecem ou apresentam características em comum. O diferencial está nos detalhes e no maior ou menor uso de tecnologias de informação e comunicação mais modernas e inovadoras. Continuemos a conhecê-las. INTRODUÇÃO Começando pelo modelo de Rotação por Estações, precisamos saber que os estudantes são organizados em equipes, e irão passando pelas diferentes estações, que são pontos específicos da sala de aula, para aprender determinado conteúdo. Esta estratégia pode ser usada para ministrar uma disciplina como a Matemática, ou então para passar algum conteúdo específico de certa matéria. Para que funcione, o docente precisará organizar a sala de aula com pontos específicos e com uma programação fixa, para que os aprendizes possam fazer um rodízio nesses pontos, com um tempo determinado previamente pelo professor ou até que os alunos cumpram com o que está proposto para determinada estação. Essa decisão fica a critério do professor e da turma. Um desses pontos precisará ser para ao menos um aprendizado on-line e os outros podem incluir atividades como: algumas instruções para pequenos grupos ou para toda a turma, projetos em equipes, ou também tarefas escritas, conforme o planejamento do docente. (Andrade & Souza, 2016) Figura 1 - Modelo de Rotação por Estações com 3 estações Fonte: Staker & Horn, 2012 como citado em Andrade & Souza, 2016, p. 6 Vamos conhecer um pouco mais sobre essa interessante metodologia ativa. CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE ROTAÇÃO POR ESTAÇÕES Nesta prática pedagógica, conforme já mencionado, os estudantes são organizados em equipes e cada uma realiza uma tarefa diferente, conforme o planejamento do professor para determinada aula. Podem ser estipuladas atividades com textos e com leituras, em propostas presenciais e on-line, e neste caso estas podem não ter o acompanhamento simultâneo do professor. Um dos pontos fortes é valorizar os momentos em que os alunos podem trabalhar de forma colaborativa, mas também tarefas em que possam mostrar seu potencial de conhecimento individualmente. Em uma das estações o docente pode estar acompanhando de forma mais próxima, principalmente no caso de alunos que precisam de maior atenção. Podem ser usados diferentes recursos como textos, leituras e vídeos, favorecendo a personalização do ensino, já que, em geral, os alunos apresentam ritmos de estudo diferentes e necessidades também diferentes. Após certo tempo os alunos trocam de estação e depois novamente, até que todos os grupos tenham passado por todas as estações. A quantidade de estações deve estar ligada à quantidade de estudantes da turma, considerando equipes de no máximo 5 alunos para que o aprendizado seja efetivo. Então, vejamos quais são os objetivos desta metodologia de aprendizagem: • Estimular a autonomia dos estudantes; • Propiciar aos alunos aprenderem um mesmo conteúdo de várias maneiras, o que possibilita respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem; • Favorecer mudanças na ação do professor; • Possibilitar o respeito à diversidade de estilos de aprendizagem; • Estimular um feedback mais assertivo sobre o aprendizado realizado. Sobre as estratégias de aplicação, é importante que previamente se estabeleça a quantidade de estações de trabalho que serão necessárias, o tempo destinado para cada estação, como será feita a avaliação e quais recursos tecnológicos (ou não) serão necessários. Vamos conhecer agora as diferentes etapas do processo. 1. Antes do início da rotação: o professor deixa por escrito em cada estação os objetivos a serem atingidos, a tarefa a ser realizada e o tempo para a realização. Tratando-se de ensino híbrido deve haver pelo menos uma estação com alguma tarefa que precise de conexão com a internet. 2. O professor divide os estudantes em grupos e sorteia as estações iniciais para cada um, dando as instruções necessárias para a tarefa a ser realizada. 3. Após o tempo estabelecido para cada estação, os grupos trocam de ponto, observando que tenham a oportunidade de aprender o conteúdo da aula em cada uma das estações, estudando de diferentes formas. 4. A avaliação deve ser formativa, com o acompanhamento e mediação do professor. Devem ser avaliados aspectos individuais como a interação com a equipe, o entendimento da atividade, e a participação na sua conclusão. Dentre os aspectos do trabalho colaborativo deve ser observada a organização e a execução da tarefa. Para cada item devem ser atribuídas notas (por exemplo de 0 a 5) que serão somadas para cada tarefa formando a nota total de cada aluno. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) LEITURA DE ARTIGO CIENTÍFICO COM A TÉCNICA DO SERROTE Esta metodologia é usada para permitir a leitura, pelos estudantes, do mesmo artigo, de uma forma um pouco diferente da tradicional. Muitas vezes trabalhar com leitura em sala de aula se faz muito cansativo visto que ou o docente faz a leitura completa, o que causa um certo tédio nos alunos, ou cada aluno lê uma parte do texto, o que faz com que muitos percam a concentração, ou faz-se a leitura silenciosa em grupos e todos leem o texto de ponta a ponta ficando, muitas vezes, com várias dúvidas sobre o conteúdo. Esta técnica transforma o ato de ler em sala de aula em uma atividade mais prazerosa e interessante, possibilitando a reflexão e compreensão à medida que a aula avança. Para compreendermos melhor, vejamos quais são os objetivos desta prática. • Estimular a leitura de textos pelos estudantes de uma maneira diferente, mais motivadora e agradável; • Permitir a leitura de um mesmo texto, em partes, ao longo do período da aula; • Treinar atividadesem equipe; • Estimular a elaboração de sínteses e o compartilhamento de ideias e informações entre pares. Agora que já conhecemos os objetivos, vejamos como pode ser aplicada, de fato, em sala de aula. 1. ANTES DA AULA: a. O docente escolhe o texto que será lido na aula. b. Logo, divide esse texto em partes, conforme as subdivisões do conteúdo e conforme o número de grupos que poderá ser formado na turma que trabalhará a proposta. c. Na sequência, calcula o tempo que será necessário para a leitura das diferentes partes pelas equipes; d. E também calcula o tempo que será preciso para que os grupos elaborem a síntese do conteúdo lido; e. Finalmente, calcula o tempo para que as equipes criem o comentário final. 2. NA AULA: a. O professor divide a sala nos grupos já pensados; b. Distribui as partes do texto para cada equipe; c. Explica a cada grupo a proposta de leitura da parte recebida e elaboração da síntese do conteúdo; d. Inicia, após o período dado para a tarefa, a explanação das sínteses por cada grupo, na ordem do texto, de modo que a sua leitura propicie a compreensão do texto por todos, como um todo, com começo, meio e fim. e. Na sequência, o docente faz um comentário final, destacando os pontos mais relevantes das leituras, explicando com mais detalhes algum ponto que não tenha sido bem compreendido. Esta é uma metodologia bem simples, que não requer praticamente nenhuma metodologia digital ou inovadora, a menos que o docente queira explorá-la utilizando recursos digitais. Ao compreender a metodologia percebe- se que é possível adequá-la para o ambiente virtual sem muita dificuldade e pode ser usada nos diversos níveis de ensino. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) EM RESUMO Pudemos aprender ao longo da aula em que consiste a metodologia da Rotação por Estações. Nela o docente estabelece diferentes pontos na sala de aula, sendo um deles (pelo menos) para tarefa on-line, os estudantes são organizados em grupos e cada um realiza uma tarefa diferente, conforme o planejamento do professor para determinada aula, visando aprender sob diferentes ângulos um mesmo conteúdo, trocando de estação a cada período. No caso do método de leitura de artigos científicos com a técnica do serrote o propósito é transformar o momento de leitura de um texto, importante para a compreensão do conteúdo que será abordado, de forma mais motivadora e atrativa para os alunos, estimulando o desenvolvimento do poder de síntese e compreensão coletiva de um texto. INTRODUÇÃO Adquirir conhecimentos não é tarefa fácil. Dentre as várias habilidades é necessário principalmente ler e interpretar textos. Levando isso em consideração é possível compreender que a leitura significativa é aquela que faz com que o aluno entenda o quê, para quê e por quê ler, de modo que consiga identificar quais os sentidos inseridos no texto, qual a intenção do autor ao redigir aquele texto e quais são as relações que podem ocorrer entre o texto e o conhecimento de mundo que o estudante tem, assim como quais os propósitos do texto. O estudante, para adotar uma postura autônoma e ativa no seu processo de ensino e aprendizagem, precisa desenvolver a capacidade de ler e de interpretar, compreendendo aquilo que está sendo transmitido. No entanto, é preciso destacar que o leitor proficiente não nasce pronto, ele vai adquirindo capacidades ao longo do tempo, com o treino, e para tanto é preciso ter prática de leitura fundamentada em teorias sobre o ensino da leitura. Isto posto, entende-se que leitura e aprendizado são realidades próximas e que não se dissociam visto que uma interfere na outra, continuamente. Vejamos então um pouco mais sobre em que consiste a leitura significativa, e porque ela é considerada uma metodologia ativa. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) A LEITURA SIGNIFICATIVA Para compreendermos um pouco melhor esse mundo da leitura significativa e qual a sua diferença com a leitura normal precisamos conhecer os seus objetivos. • Incentivar a leitura e a proficiência na interpretação de textos; • Propiciar o desenvolvimento de uma postura ativa, dinâmica e crítica no estudante, com relação ao conhecimento que está sendo assimilado; • Estimular a capacidade analítica e também a argumentação. Com relação às estratégias de aplicação, vamos começar conhecendo quais são as motivações inerentes e quais as necessidades de conhecimento prévio. 1. Motivação: antes de iniciar a leitura de cada texto é fundamental que o docente desenvolva uma atividade que motive essa leitura, e que busque ativar o conhecimento prévio dos estudantes. 2. Desenvolvimento do conhecimento prévio - agente professor: uma vez elaborada a motivação, chega o momento de ativar o conhecimento prévio. Para que a compreensão real de um texto ocorra é necessário resgatar o conhecimento anterior dos aprendizes, visto que eles usam na leitura o que já conhecem com relação ao seu saber linguístico, textual e de mundo adquiridos no decorrer da vida, e é por meio das inter relações entre esses diversos níveis de conhecimento que o estudante consegue achar o sentido do texto. Então, antes da leitura propriamente dita o docente deverá explicitar a importância dos elementos lexicais, sintáticos, semânticos e estruturais do texto e checar o conhecimento dos alunos com relação ao assunto ou elementos presentes, e, se for o caso, falar sobre eles antes de solicitar a leitura, de fato Dentre os elementos que devem ser considerados no conhecimento prévio dos alunos estão: • Os conhecimentos linguísticos, que englobam os aspectos do léxico, da sintaxe, da semântica e da pragmática, focando na coerência e na coesão textual; • Os conhecimentos textuais, que incluem o gênero, as espécies, os tipos e a estrutura, que por sua vez engloba os títulos, os parágrafos, a epígrafe, etc.; e • Os conhecimentos de mundo, que inserem os dados sobre os autores, o contexto no tempo e no espaço, os conceitos gerais sobre o assunto, dentre outros. 3. Os objetivos e a formação das hipóteses: na sequência, professor e alunos devem estabelecer os propósitos e os objetivos da leitura que será realizada, para que consigam formular as hipóteses. Essas tarefas são consideradas metacognitivas, ou seja, de controle do próprio conhecimento. 4. Momento da leitura propriamente dita: é importante ressaltar que para que a leitura propicie a compreensão do texto é necessário que seja individual, silenciosa e global. 5. Momento da construção dos significados: a partir da leitura é fundamental que ocorram, de forma ordenada, algumas ações indicadas pelo professor, que ajudarão os estudantes a ler empregando um modelo com objetivos pré-determinados, até que eles consigam ler com autonomia. • Momento extraclasse: de forma individual e em silêncio cada aluno deve ler o texto completo. Depois de uma leitura global ele já terá uma noção da ideia central. Logo, deverá fazer uma nova leitura de partes do texto, anotando (ou por meio de resumo, ou por palavras-chave, ou com o uso de mapas conceituais ou alguma outra ferramenta semelhante) às ideias de cada parte. Já tendo conhecimento da ideia central e do assunto, elabora, também individualmente, um resumo sobre o que entendeu. • Em sala de aula (em classe): o professor deverá estimular atividades que possibilitem verificar se os alunos conseguiram compreender o texto (entendimento lexical, sintático, e principalmente semântico). As atividades devem ser realizadas em grupos de até 5 alunos, de formas variadas, como utilizando questionários, casos problema, verdadeiro ou falso, etc. 6. Momento do Feedback: finalmente, no final de todo o processo, o docente deve apresentar aos estudantes um feedback de todos os momentos da atividade, fornecendo uma síntesecom as ideias centrais do texto que precisavam ser identificadas e que tenham sido, ou não, elencadas pelos alunos. 7. Momento de ampliação do tema: este é um momento opcional. O professor pode querer ainda enriquecer a aula ampliando o conteúdo do texto lido pelos alunos. Para tanto, poderá trazer outros textos, de gêneros diferentes do primeiro, como histórias em quadrinhos, tirinhas, tabelas, gráficos, músicas, vídeos, podcasts, mapas conceituais e mentais, documentários, com o mesmo tema apresentado anteriormente, para que os estudantes consigam aprender por outros ângulos. Quando realizadas, essas novas leituras precisam ser analisadas, debatidas e associadas com o tema principal, de forma a realizar uma aprendizagem mais ampla e significativa, que insira diferentes estilos de aprendizagem no momento de estudo. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) A DRAMATIZAÇÃO Trabalhar com dramatização é tirar os alunos do contexto tradicional da aula expositiva. Qualquer temática pode ser trabalhada com dramatização, desde que os propósitos e coordenadas sejam bem passados aos estudantes. Não se pode achar que a dramatização é uma mera brincadeira. As diretrizes precisam estar bem claras para que a atividade, de fato, funcione. É uma metodologia que possibilita integrar diversas áreas, misturando a arte com a ciência. É uma representação teatral a partir de um tema que precisa ser desenvolvido. Pode-se, ainda, inserir na prática vídeos, idealizando, por exemplo, um noticiário, pode-se usar desenhos, fantoches e outras ferramentas que possibilitem um momento de aprendizagem mais lúdico. Vale ressaltar que é uma atividade que pode ser realizada no ensino presencial, mas também pode ser estimulada no ensino remoto, a distância e híbrido, visto que os alunos podem dramatizar e gravar vídeos, juntando os diferentes momentos daquela encenação. Basta ter criatividade e motivação para que lindos momentos surjam dessa prática. Vejamos, então, quais são os objetivos desta metodologia: • Criar aulas mais dinâmicas; • Desenvolver aulas mais motivadoras e lúdicas; • Propiciar momentos de entrosamento e descontração auxiliando os alunos a se identificarem com determinados conteúdos; • Fomentar a criação de ideias de forma coletiva; • Estimular a espontaneidade de criação; • Possibilitar a aprendizagem sobre hierarquia e a importância de se trabalhar em equipe; • Desenvolver a fluência verbal, a expressão oral e corporal e a criatividade, favorecendo a desinibição; • Estimular o desenvolvimento do planejamento, da organização e do poder de síntese; • Estimular a capacidade de pensar sobre os problemas, propor soluções e refletir sobre conflitos; • Favorecer, por meio da dramatização, uma aproximação com situações reais. ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO Na maioria das vezes, a dramatização requer o uso de uma série de recursos como a elaboração de um roteiro, figurino, cenário, maquiagem, iluminação, acomodação da plateia, telão, projetor, som, dentre outros, e para que seja desenvolvida a contento precisa seguir alguns passos, então, vamos conhecê-los: 1. Escolher um tema a ser desenvolvido e verificar a viabilidade de inserção na modalidade de trabalho e aula; 2. Estruturar os grupos; 3. Determinar um objetivo a ser atingido com a apresentação; 4. Elaborar o roteiro conforme cada grupo (cada parte): segundo o tipo de peça, a produção dos textos, as falas de cada personagem, etc. 5. Idealizar o cenário, roupas, sonoplastia, iluminação, e demais recursos audiovisuais que sejam necessários (se forem necessários); 6. Momento do ensaio e da apresentação; 7. Finalização da atividade: neste momento o professor precisará fazer uma análise da apresentação e fornecer o feedback individual e coletivo, possibilitando uma reflexão entre todos e a conclusão do processo de maneira geral. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) EM RESUMO Ao longo desta aula, foi possível entender que a leitura significativa possibilita que o aluno entenda o quê, para quê e por quê ler, de modo que consiga identificar quais são os sentidos que estão inseridos no texto, qual a intenção do autor e quais são as relações que podem ocorrer entre o texto e o conhecimento de mundo que o estudante tem, assim como quais os propósitos do texto. É uma forma de associar constantemente o conhecimento prévio do aluno com o novo saber. Sobre a dramatização, pudemos compreender que é uma metodologia que possibilita integrar diversas áreas do conhecimento e conteúdos, misturando a arte com a ciência, fazendo com que os alunos aprendam de forma mais lúdica. É uma representação teatral a partir de um tema que precisa ser desenvolvido, e que para tanto precisa que os alunos desenvolvam algumas competências como a desenvoltura, a espontaneidade, a reflexão e solução de problemas de forma imediata, criando e inovando, aprendendo a trabalhar em equipe. Espero que tenha gostado. INTRODUÇÃO É preciso começar este tema ensinando que foi Tony Buzan, uma das grandes personalidades e autoridades no estudo do cérebro, da memória e da aprendizagem, que idealizou o mapa mental, tendo como base o funcionamento do nosso cérebro. Buzan afirma que se gravam com mais facilidade informações que são transmitidas por meio de desenhos simples e palavras-chave, que resumem o conteúdo a ser assimilado. O Mapa Mental pode ser entendido como um diagrama simples, que tem como objetivo conectar informações em torno de um assunto central. É como uma árvore cujos galhos detalham informações concisas que partem de um eixo (tronco) principal. É uma poderosíssima ferramenta de brainstorm (tempestade de ideias) que facilita a memorização, a visualização, a associação de sentidos, o aprendizado, de maneira geral, de modo lúdico e motivador. Com ele, é possível organizarmos as ideias de forma lógica e simples, com visualização, o que facilita o processo de guarda de informação. Agora que já sabemos do que trata, vamos conhecer um pouco mais sobre esta riquíssima prática. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) OS MAPAS MENTAIS Para nos aprofundarmos neste estudo, vamos conhecer os objetivos desta metodologia. • Estimular e propiciar o processo de memorização e compreensão; • Organizar e resumir as ideias; • Desenvolver a capacidade de planejamento; • Definir objetivos e conectar causas e efeitos Passemos às estratégias de aplicação: Primeiro o professor precisa apresentar em sala de aula certo conteúdo ou então escolher um texto para que os estudantes leiam previamente; Na sequência da leitura, os alunos começam a construir o mapa mental. Inicia-se pelo tema central, que vai evoluindo por meio dos ‘ramos’, gerando uma conexão com os diferentes subtópicos do tema que está sendo estudado. Para uma melhor visualização do conteúdo deve-se usar cores, setas e desenhos que auxiliam na associação e posterior memorização das informações. Devem-se usar palavras-chave curtas, construindo o fluxo do mapa, visto que frases longas podem tirar o foco ou confundir a visualização. A folha usada deve estar na posição ‘paisagem’ para que seja possível organizar melhor as informações e construir melhor os fluxos. Deve-se iniciar no centro da folha, com a ideia central, envolvendo-a com algum elemento visual, como um balão de ideias (desses que usamos nas histórias em quadrinhos) ou algum desenho que represente a palavra ou expressão, porém, deve-se tomar muito cuidado com a poluição visual. Caso seja necessário é melhor criar vários pequenos mapas mentais e não um super poluído de informações. As linhas devem ser encadeadas de forma decrescente, juntando os maiores com seus subtópicos e com o tema central, e os assuntos mais específicos devem ser ligados com linhas menores aos seus subtópicos. Essaslinhas também podem ser mais ou menos grossas, conforme a relevância da informação. Recomenda-se que as linhas sejam com curvas, assim prenderão mais a atenção do cérebro, visto que linhas retas deixam-no entediado. Finalmente, é necessário consultá-lo continuamente para que a linha de raciocínio não seja esquecida, haja vista que o cérebro precisa de um tempo para assimilar novas informações até que sejam naturais. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Vejamos um exemplo de Mapa Mental Figura 1 – Exemplo de Mapa Mental Fonte: Mello, Neto & Petrillo, 2019, p. 90 O MAPA MENTAL DIGITAL Agora pensamos juntos… será que hoje em dia é possível criar mapas mentais on-line? Sim, existem atualmente vários aplicativos bem interessantes que possibilitam a criação de lindíssimos e dinâmicos mapas mentais. Apesar de a memorização e compreensão ocorrerem melhor quando o mapa mental é feito à mão, há várias excelentes ferramentas digitais que possibilitam e facilitam a sua criação. São elas: • O GoConqr (https://www.goconqr.com/pt-BR) https://www.goconqr.com/pt-BR • O Coogle (https://coggle.it/) • O Mindmeister (https://www.mindmeister.com/pt/) • O Mindmaps (https://www.mindmaps.app/) Há ainda vários softwares que possibilitam a criação de mapas mentais. São eles: • O Mindnode (https://www.mindnode.com/) • O Free Mind (https://freemind.br.uptodown.com/windows) • O Xmind (https://www.xmind.app/) • O Freeplane (https://docs.freeplane.org/#/) • O Mindmanager (https://www.mindmanager.com/en/) (Mello, Neto & Petrillo, 2019) A TÉCNICA DOS SEMINÁRIOS A palavra seminário está ligada, originariamente, à ideia de sementeira, de vida nova, ideias novas. É uma metodologia para o treino da oralidade, visto que seu objetivo final é apresentar um assunto que foi estudado previamente. É uma apresentação oral, geralmente em equipes, sobre um conteúdo pré-estabelecido, que provoca nos estudantes a prática da crítica, da defesa de certo ponto de vista, desenvolvendo e aprimorando a competência discursiva e argumentativa, na oralidade e na escrita. É importante destacar que o seminário é uma técnica excelente para atingir os objetivos macro do ensino https://coggle.it/ https://www.mindmeister.com/pt/ https://www.mindmaps.app/ https://www.mindnode.com/ https://freemind.br.uptodown.com/windows https://www.xmind.app/ https://docs.freeplane.org/#/ https://www.mindmanager.com/en/ superior, por exemplo, porque aprimora não apenas os conhecimentos técnicos que o estudante adquire, mas potencializa a sua formação intelectual e interativa . Marion (2009, como citado em Mello, Neto & Petrillo, 2019) diz que o seminário proporciona um processo sistemático e profundo de leitura, de análise, de interpretação de textos de modo a formular um problema de pesquisa, uma hipótese, levando à investigação do tema e posterior apresentação. Vale ressaltar que esta metodologia pode ser aplicada no ensino presencial, porém também pode ser adaptada para o ensino remoto, a distância e para o blended learning. OS OBJETIVOS DO SEMINÁRIO Com relação aos objetivos desta prática didático- pedagógica, são eles: • Criar e disponibilizar aulas mais estimulantes, motivadoras e participativas; • Estimular o aluno a produzir conhecimento; • Propiciar a comunicação, a organização, e ainda a criação de ideias; • Possibilitar aos alunos fazerem inferências e trabalhar em equipes, articulando ideias de forma espontânea no momento da apresentação; • Favorecer a competência discursiva e argumentativa, na apresentação oral e na elaboração da escrita; • Criar novos meios de avaliar os estudantes, de forma mais interativa, já que é possível criar um processo de avaliação que inclua os pares também. AS ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO Com relação à forma como esta prática pode ser desenvolvida, é necessário elencar algumas etapas. Vamos a elas. 1. Preparação prévia: antecipadamente o professor apresenta o tema que será desenvolvido no seminário, faz a indicação da leitura que será necessária, organiza os grupos e detalha as regras que deverão ser seguidas por todos, como o tempo que os alunos terão para prepararem a apresentação, a ordem da apresentação, os recursos necessários ou disponíveis na instituição e a forma de avaliação. 2. Indicação das leituras: todos os componentes dos grupos deverão ler os mesmos textos, na íntegra, de forma a se familiarizar com o assunto completo. Finalizadas as leituras e pesquisas extra pelas equipes, o docente detalha o tema geral e marca a data das apresentações. Nesse momento é importante que o professor defina quais as partes que serão desenvolvidas por cada equipe, mantendo uma sequência lógica ou de análise crítica sequencial na exposição oral. 3. Apresentação do seminário: antes das apresentações o professor poderá escolher ou sortear o relator de cada equipe. Vale ressaltar que a exposição pode ser feita por todos os componentes da equipe também, esse é um ponto a ser definido pelo docente juntamente com os estudantes, de forma democrática. Os demais componentes do grupo (no caso da escolha de um relator) assistirão à exposição, pedindo a palavra ao professor caso queiram fazer alguma interferência na oratória. Aberta a discussão, cada participante exporá as informações que pesquisou, para enriquecer o debate, que será mediado pelo docente, que poderá, inclusive, lançar questionamentos, garantindo e estimulando a participação de todos, abrindo a participação para os demais alunos que não fazem parte daquela equipe. No final da exposição a intenção é que se dê o fechamento daquele assunto, trazendo uma nova abordagem e novos pontos de vista. 4. Feedback: terminadas as exposições o professor avaliará as apresentações e se for preciso reforçará os pontos mais importantes do tema abordado. Com certeza é uma metodologia que pode ser muito explorada em sala de aula, nos diferentes níveis de ensino, estimulando os estudantes a interagir com a sala, a argumentar, a serem mais desinibidos e aprenderem a pensar de forma instantânea, visto que podem debater a respeito do que está sendo explanado. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS ATIVAS Conforme conversamos ao longo de nossa disciplina, há muitas metodologias que podem ser empregadas nos dias atuais, tanto no ensino presencial, quanto no ensino a distância e no ensino híbrido, e que não precisam, necessariamente, o uso de tecnologias de informação e comunicação muito modernas e inovadoras. Já aprendemos em nosso curso que tecnologias mais simples podem sim ser muito bem utilizadas e exploradas em sala de aula, portanto, cabe a cada professor observar as práticas dos colegas, trocar informações, participar de capacitações e treinamentos, mas principalmente tentar inserir em suas práticas metodologias que sejam capazes de motivar os alunos do século XXI, de modo que eles queiram estar em sala de aula, se preparando para o mercado de trabalho e para serem pessoas bem preparadas para conviver em sociedade. Espero que este conteúdo tenha aberto um pouco mais a sua mente, caro aluno, no afã de que perceba que muita coisa pode ser feita em sala de aula quando se tem vontade e determinação. É certo que muitos desafios precisam ser superados, porém, com o passar do tempo, e dando um passo por vez, chegaremos a um ponto em que a educação mundial será o ponto forte deste mundo globalizado. Pelo menos é isso que precisamos desejar. Boa sorte nessa jornada. EM RESUMO Aprendemos ao longo desta aula, que o Mapa Mental é como um diagrama simples, cujo objetivo é conectar visualmente informações em torno de um assunto central. É como uma árvore cujos galhos detalham informações concisas partindo de um tronco principal. É uma poderosa ferramentade brainstorm que facilita a memorização, a visualização, a associação de sentidos, o aprendizado, de maneira geral, de modo lúdico e motivador. Com relação ao Seminário, compreendemos que consiste em uma apresentação oral, previamente preparada, que geralmente ocorre em equipes, sobre um conteúdo pré- estabelecido, que provoca nos estudantes a prática da crítica, da defesa de certo ponto de vista, desenvolvendo e aprimorando a competência discursiva e argumentativa, na oralidade e na escrita. É uma forma de treinar a expressão oral dos estudantes, preparando-os para o mercado de trabalho, visto que atualmente, muitas empresas exigem de seus profissionais explanações sobre o que está ocorrendo no setor.fórmulas, leis, informações colocadas em um resumo, etc. para fazer uma avaliação, provavelmente esquecerá tudo logo após sua realização, sem ter assimilado, realmente, aquele conhecimento. Ao passo que o estudante que em vez de decorar, compreender a informação, principalmente se tiver refletido sobre ela, provavelmente a terá assimilado e se for de seu interesse, e se atender às suas necessidades, não deverá esquecê-la brevemente. (Barbosa & Moura, 2013) A EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA A tecnologia possibilita que a comunicação e a transmissão de informações seja ofertada de forma variada. Com a evolução dos telefones móveis (smartphones) e com o aumento de potência dos tablets, ampliou-se também, e de maneira exponencial, a mobilidade dos usuários do sistema educacional. Hoje é possível aprender o que quiser, de qualquer lugar e quando quiser, e com isso ampliaram-se as possibilidades de comunicações síncronas (em tempo real) e assíncronas (no tempo do aluno), independente da distância entre os interlocutores ou do momento em que esses encontros ocorrem, visto que atualmente muitos dos momentos síncronos são gravados para que todos os participantes possam assistir quando quiserem, caso não tenham podido participar, ou caso tenham interesse em ouvir novamente o que foi transmitido. É claro que hoje nos tornamos dependentes de uma boa conexão da internet e de boas ferramentas de transmissão de informações, porém, sendo utilizada de maneira adequada, a tecnologia pode potencializar a aprendizagem significativa. Para Gadotti (1994, como citado em Barbosa & Moura, 2013) a aprendizagem significativa ocorre quando o aprendiz percebe que o conteúdo a ser estudado está conectado com os seus objetivos. O aprendizado torna-se mais fácil quando o estudante participa ativa e responsavelmente do seu processo. Quanto maior for o envolvimento do estudante com o seu processo de aprendizagem, vinculado aos seus objetivos, maiores serão as chances de que ocorra uma aprendizagem significativa e uma mudança conceitual efetiva e perene. (Aguiar, 1995 como citado em Barbosa & Moura, 2013) Portanto, a aprendizagem significativa acontece quando o aluno sabe o que está aprendendo, entende o motivo de estar aprendendo aquele conteúdo, relaciona o que está aprendendo com o que ocorre no ambiente empresarial ou social e consegue atingir os objetivos propostos. Vale ressaltar que para que a aprendizagem significativa ocorra verdadeiramente, é preciso que os conhecimentos prévios dos aprendizes sejam levados em consideração na hora de planejar o conteúdo que será transmitido. Ausubel (2000, como citado em Munhoz, 2019), criador do conceito de aprendizagem significativa , explica que quanto mais conhecimentos a pessoa adquire, mais facilidade ela tem para assimilar cada vez mais conhecimentos. EM RESUMO No decorrer desta aula, compreendemos que a aprendizagem significativa equivale a ampliar e reconfigurar conhecimentos já existentes na estrutura mental dos seres humanos, criando links e conexões com os novos saberes. Diferenciamos a aprendizagem significativa da aprendizagem mecânica que é realizada principalmente por meio da memorização de conhecimentos que logo serão esquecidos visto não haver nenhuma relação mais efetiva que faça com que esse saber seja assimilado. Portanto, frisamos a importância da inserção das tecnologias no contexto educativo, proporcionando um saber mais ativo e condizente com as necessidades do século XXI Hoje em dia estamos diante de uma explosão de novos recursos, ferramentas e tecnologias que surgem cada vez mais sofisticadas, e muitas vezes nem percebemos o caminhar ou a velocidade desse processo. A medida que os dias passam, vamos nos ocupando com nossas obrigações, que exigem cada vez mais dinamicidade e velocidade, a assim vamos nos readequando, nos modificando, assimilando inovações e novos saberes, adquirindo novas competências e habilidades, e nem percebemos o quanto éramos tecnologicamente ingênuos no início dos anos 1990. Houve um boom de novas tecnologias, o surgimento de uma infinidade de novos cursos e de novas profissões, cada vez mais midiáticas e complexas, e nos vimos submersos por esse mundo de informações globalizadas e digitais. Sob a ótica do professor e do pesquisador, muitas foram as adaptações e alterações necessárias em suas práticas, muito se aprendeu, muito se evoluiu, e muito se exigiu desses profissionais nos últimos dez anos. Preconceitos diante de super máquinas modernas foram superados e elas foram colocadas como ferramentas auxiliares que podem muito, mas não tudo. Os docentes aos poucos foram utilizando programas de computador e fazendo pesquisas na rede, passaram a assistir programas na TV a cabo e a empunhar handycams para fazer vídeos educativos. Passaram a trabalhar em conjunto na criação de home pages para cursos e instituições de ensino, participaram TEMA 3 a docência digital de listas de discussões, videoconferências, chats e outras conversas on-line. Foram aprendendo a não temer as máquinas e a não achar que elas poderiam substituir a figura docente em suas aulas. Certamente foi uma década de imenso aprendizado docente, de superação de medos e ansiedade, e imersão plena em novos conhecimentos e assimilação de conhecimentos midiáticos. Foi a década do saber fazer e do saber usar as novas tecnologias digitais de informação e comunicação como aliadas e não como concorrentes, não só em sala de aula, mas em todos os âmbitos, inclusive em seus lares. E agora é preciso que aprendam mais um pouco, visto que essas tecnologias avançam velozmente e as necessidades dos educandos mudam constantemente. Então, vamos acompanhar como se deu esse processo. (Kenski, 2015) A EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO NOVO PERFIL DOCENTE Com o passar do tempo, um pouco após o surgimento e expansão das tecnologias, o docente se depara com outro momento. Ainda não se tem muitos conhecimentos a respeito dessas novas tecnologias, mas fica claro que é preciso conhecê-las, compreendê-las e dominá-las. A cada dia que passa surgem inovações, e sempre há o que aprender. Ainda sente-se insegurança, mas de certa forma aprende- se (ou exige-se) a ir além, a aprender a fazer, ou aprender pelo erro. Tentando, errando, ajustando, corrigindo, tentando novamente, errando novamente, até que aos poucos alcança-se o sucesso e seus intentos, no uso dessas novas tecnologias, começam a dar frutos, passam a fazer sentido, e aos poucos ganha- se confiança. São pequenos passos que aos poucos vão levando o professor para a autonomia da ação de ensinar mediada pelas tecnologias, e surge então um perfil docente criador e construtor, jamais imaginado ou discutido nas literaturas e cursos, e, diga-se de passagem, ainda pouquíssimo discutido nos cursos de formação docente. Porém, não há mais tempo a perder, porque o futuro é agora e o estudante do século XXI precisa desse docente ativo, criativo, reativo, inspirador, mediador, motivador, modelo, que tem muito a transmitir, mas que precisa atrair a atenção de um novo público, praticamente nascido no ambiente tecnológico, e isso é assustador, mas também desafiador, e a verdade é que todo mundo gosta de desafios. Precisamos agora refletir mais profundamente sobre as novas práticas docentes e reconhecer as fragilidades técnicas e operacionais do ambiente de trabalho, ter consciência que a sociedade contemporânea exige uma educação para todos, que o governo está equipando as escolas cada vez mais para sua informatização e que está havendo uma reformulação na formação dos professores, porém o essencial ainda precisa ser feito, que é a conscientização sobre as fragilidades emocionais e tecnológicas de cada docente e de cada instituiçãoque ainda está longe de estar imersa, realmente, no contexto tecnológico. (Kenski, 2015) A ORIGEM DO DOCENTE DIGITAL Mas afinal quem é o docente digital e o que se espera dele? Aranha (2006 como citado em Munhoz, 2019) afirma que o bom docente digital: • Inspira esperança, estimula a imaginação e faz com que os seus alunos recuperem a vontade de aprender pela simples satisfação de adquirir conhecimentos; • É o responsável pela formação de profissionais de todas as áreas; • Sabe que a tecnologia nunca irá substituí-lo, e sabe também que aquele que a domina substituirá aquele que não o faz. • É aquele que corresponde aos desejos da sociedade moderna e que conduz a geração atual de aprendizes. A ideia do ‘docente digital’ surgiu porque a nova geração de estudantes, denominada digital, que vive e aprende de forma completamente diferente das antecessoras, não aceita mais os docentes tradicionais, de tradição jesuítica. Exige um perfil docente mais dinâmico e moderno, que insira em suas práticas as novas tecnologias e que leve em conta os seus anseios e desejos, criando ambientes educacionais mais híbridos, divertidos e empáticos. As tecnologias antigas como o giz e a lousa tradicional estão perdendo espaço para apontadores eletrônicos e lousas digitais, as imagens, recortadas de jornais e revistas estão sendo retiradas dos tablets, smartphones e notebooks, no entanto, a forma de passar os conteúdos permanece inalterada, e isso não tem sido mais aceito pelos alunos. As bases da educação permanecem as mesmas, visto que as mudanças estruturais normalmente demoram a ocorrer, e ainda existe um grande número de docentes e agentes educacionais que resistem a elas, porém não há mais tempo, e nem possibilidade de escolha, porque as necessidades modernas estão engolindo esses profissionais, deixando-os isolados, confusos e temerosos. Quase que diariamente os docentes se deparam com alunos que tiram de suas mochilas um iPad no lugar de um livro, um tablet no lugar de um caderno e seus olhos não se descolam de seu smartphone, que com certeza, tem informações muito mais interessantes do que as que o professor trouxe para a sala de aula, e ele, então, deve se perguntar: o que estou fazendo aqui se poderia estar em outro lugar muito mais interessante? E pior, muitas vezes enquanto um professor explica ele se pergunta: o que ainda estou fazendo aqui se para ler essa informação bastaria procurar no meu celular? É por esses e outros motivos que a sociedade atual exige uma virada de página (ainda que metaforicamente falando) e a inserção imediata de tecnologia nas salas de aula (ou fora delas), visto que muitas práticas vêm sendo executadas nos ambientes externos às salas como nas quadras poliesportivas, pátios, nos jardins e até mesmo do outro lado dos muros das escolas. Há um certo determinismo tecnológico que anseia por aulas mais agradáveis, e nesse sentido surgem as metodologias ativas que trazem inovações e criatividade para as práticas docentes, mas claro, que quando bem empregadas, posto que não basta a escola disponibilizar ferramentas tecnológicas se não tiver pessoal treinado para utilizá-las efetivamente. (Munhoz, 2019) O PERFIL (IDEAL) DO DOCENTE DIGITAL Quando se pensa no perfil ideal para o docente do século XXI, ou docente digital, ou ainda docente independente, muito ainda se debate, mas algumas ideias já podem ser esboçadas. Estudo feito por Munhoz (2019), com alunos de cursos de pedagogia oferecidos a distância em seu trabalho do mestrado, ajuda a definir algumas características que poderiam ser colocadas para esses docentes digitais. • Alta qualidade e especialização na área de conhecimento ministrada pelo professor; • Ótima expertise tecnológica que lhe permita trabalhar com segurança e domínio nos ambientes tecnológicos; • Capacidade para compreender que sua prática exige elevada responsabilidade social; • Capacidade de criar situações problema conectadas ao currículo que precisa desenvolver, avaliar o alcance desse problema na vida pessoal e profissional dos estudantes e finalmente apresentar as soluções e resultados desses problemas; • Elevado nível de profissionalismo em sua área de trabalho; • Produção de trabalhos acadêmicos com rigor científico; • Capacidade de envolver a comunidade nas práticas educacionais realizadas; • Alto nível de criatividade, senso crítico, inovação e iniciativa; • Busca constante por inovação tecnológica nas suas práticas; • Uso dos mais modernos meios de comunicação; • Estímulo aos alunos para que realizem leituras, interpretação de texto e escrita; • Elevado nível de comunicação interpessoal com todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem; • Capacidade de avaliar objetiva e claramente as tarefas realizadas por seus alunos e de aplicar avaliações não punitivas; • Capacidade de desenvolver ações psicológicas e emocionais motivando o desenvolvimento mental e afetivo seu com o aluno e do aluno com os demais colegas e com a sociedade. E para trabalhar com tecnologias modernas, Munhoz (2019) complementa, detalhando que o professor deve ainda: • Ser capaz de desmotivar a memorização e o ‘decoreba’ nos alunos e estimular um processo de assimilação do conhecimento do mais simples ao mais complexo; • Estar focado no futuro; • Transferir e compartilhar o seu saber com todos aqueles com os quais está vinculado; • Assumir papel de liderança diante de seu alto nível de conhecimento; • Ser capaz de refletir sobre e de aplicar continuamente novas formas de ensino; • Manter sempre um comportamento respeitoso e resiliente; • Ser persistente e idealista; • Proporcionar uma boa sinergia na interação entre as pessoas que estão desenvolvendo atividades em grupos, colaborativos e cooperativos; • Ser corajoso, imparcial e sistemático; • Ser sensível, confiável e ter a autoestima elevada; • Agir de forma objetiva e com foco; • Agir sempre democraticamente e ser tolerante; • Ser minucioso; • Assumir desafios; • Ser flexível e empreendedor; • Ser alegre e desenvolver sua tarefa sempre de forma agradável e divertida; • Ser capaz de gerenciar conflitos em grupos; • Ser capaz de desenvolver projetos de gestão do tempo; e ainda, • Ser capaz de pesquisar e desenvolver novos saberes na produção de textos e artigos em sua área de conhecimento. Essas habilidades e competências apresentadas no estudo são consideradas core competences (competências essenciais) para os docentes. EM RESUMO Foi possível estudarmos, nesta aula, que o aluno moderno exige um perfil docente mais dinâmico e atualizado, em constante capacitação, que insira em suas práticas as novas tecnologias e que leve em conta os seus anseios e desejos, criando ambientes educacionais mais híbridos, divertidos e democráticos. O estudo realizado por Munhoz com alunos do curso de pedagogia trouxe como respostas algumas características que os docentes digitais precisam ter para atuar neste mundo conectado e globalizado, como ter muito conhecimento em sua área de atuação e em tecnologias, ser criativo, inovador e ter iniciativa, ser persistente, assumir desafios, motivar seus alunos a deixarem de ser memorizadores de informações para refletirem sobre aquilo que aprendem, dentre várias outras características que precisam ser desenvolvidas, se ainda não foram. INTRODUÇÃO No final do ano de 2019, apareceu na China uma nova doença, assustadora e enigmática, que recebeu o nome de SARS-CoV-2. Era o início de mais uma transformação no universo educacional, dentro de uma transformação maior ainda que já vinha ocorrendo em função das inovações tecnológicas que obrigaram professores, alunos e instituições de ensino a se adequarem a uma nova realidade. A pandemia daCovid-19, ao expandir-se por praticamente todos os países do mundo, trouxe para os envolvidos no processo educacional uma emergência e necessidade de adaptação ao que foi chamado de ensino remoto emergencial (ERE), no intuito de estabelecer o distanciamento social e barrar a transmissão desse perigoso agente patogênico desconhecido, o que o transformou em ainda mais perigoso. (Santos & Zaboroski, 2020) Desde o início da pandemia, as aulas tiveram que ser interrompidas, de forma imediata e emergencial, e para continuarem funcionando e não deixar estudantes do mundo todo sem conhecimento, as escolas precisaram se adequar e professores e alunos passaram a assistir às aulas de suas casas. TEMA 4 O Ensino Remoto e a Pandemia da Covid-19 Passado o susto inicial que não permitiu a ninguém pensar ou titubear, ou mesmo recusar, professores tiveram que reaprender a ensinar e a usar tecnologias com as quais não estavam (ainda) habituados, apesar do contexto mundial já vir inserindo novas tecnologias em todos os âmbitos da sociedade. Foi quase como uma avalanche de novos conhecimentos para os professores, que precisaram ser assimilados em questão de semanas, porque urgia retomar as aulas e inserir os estudantes nessa nova prática. Foi quase como trocar o pneu de um carro com ele em movimento. E para os estudantes não foi muito diferente, visto que sabe-se que boa parte da população mundial não tem em suas casas um bom computador ou uma internet de ponta que facilite assistir aulas on-line, e nem tem o hábito e o poder de concentração para em seu lar, local no qual estão acostumados a descansar ou se divertir, concentrar- se o suficiente para ouvir aulas, fazer anotações e conviver com ruídos de todos os tipos a atrapalhar esse momento que deveria ser especialmente dedicado à assimilação de novos conhecimentos. (Santos & Zaboroski, 2020) Também há que se considerar que o currículo da maior parte das instituições de ensino não foi criado para ser aplicado de forma remota, e nem se refletiu sobre a possibilidade de isso ser necessário ao ser elaborado, o que dificultou, ainda mais, essa adaptação. (Behar, 2020) Mas não houve escolha, para ninguém. MAS AFINAL O QUE É O ENSINO REMOTO? Hodges et al. (2020, como citado em Santos & Zaboroski, 2020) afirmam que o ensino remoto de emergência, diferente do que ocorre com as práticas que são planejadas diretamente para serem on-line, é uma mudança temporária na forma de ensinar e aprender para um modo alternativo devido a algum momento de crise, e foi o que aconteceu com a chegada da Covid-19. O objetivo é proporcionar um acesso temporário à educação de forma rápida, para que esteja disponível durante uma emergência. Sendo assim, é necessário separá-la do aprendizado on-line. Essa nova técnica de ensino frente à pandemia da Covid- 19, possibilita aulas virtuais por meio de plataformas on- line de educação, aulas ao vivo pelas redes sociais e pelo envio de materiais digitais aos estudantes, com a presença (ainda que remota) do professor . Porém, é preciso ressaltar que essa nova técnica traz consigo muitas limitações de cunho social, estrutural e econômico que comprometem o ensino, visto alunos e instituições não estarem preparados para tal empreitada. Foi necessário montar novas plataformas de ensino, lidar com professores sem preparo para o trabalho remoto, e com alunos sem computadores e internet em casa. (Santos & Zaboroski, 2020) Vale a pena fazer um aparte e ressaltar também, conforme explica Nairim (2021), que o ensino remoto no contexto da pandemia também pode ocorrer sem muita tecnologia ou sem nenhuma tecnologia, mediado pelo envio de material impresso aos estudantes e por meio de aulas gravadas e transmitidas pela televisão ou pelo rádio, dentre outras estratégias que podem ser adotadas. É um estilo de ensino temporário, que tem a duração do período de calamidade e durante o qual os docentes continuam cumprindo com suas cargas horárias , interagindo, sempre que possível com seus aprendizes, solucionando suas dúvidas, dentro do horário de suas aulas. Quando comparado com as aulas presenciais, o ensino remoto é uma medida tomada de forma urgente para que as aulas presenciais interrompidas possam continuar durante o isolamento social, porém sem que sejam muito diferentes, em tese. Na prática, dentro do possível, por meio de plataformas virtuais de aprendizagem, os professores se encontram com os seus alunos nos mesmos dias e horas de suas aulas presenciais, utilizando softwares que possibilitam interações com o uso de vídeos, áudios, chats, compartilhamentos de telas e outras ferramentas interativas. Essa interação se chama ‘presença social’. A maior diferença é a ausência do ambiente físico escolar que permite o contato social direto, cara a cara, tirando isso, a ideia é que tudo se mantenha igual mesmo com os alunos em casa. Em tese, é claro, porque na prática os professores puderam sentir na pele as dificuldades emocionais, técnicas e de recursos (como computadores ultrapassados ou com memória insuficiente para se fazer o que era feito em casa antes do ERE). (Dau, 2021) VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ENSINO REMOTO Dentre as vantagens do ensino remoto podem-se citar: • A maior flexibilidade e liberdade de tempo para o estudo, o aumento do alcance geográfico e uma maior autonomia do discente. (Santos & Zaboroski, 2020); • A economia de tempo com relação à locomoção de casa ou do trabalho (no caso dos alunos) para a escola e vice-versa, o compartilhamento de conteúdos e informações de forma imediata, a produção e o envio de atividades por e-mail, tirar dúvidas, ainda que on-line, diretamente com o professor, além da flexibilidade de horário e maior autonomia dos alunos, já citadas anteriormente. (Dau, 2021) E dentre as desvantagens estão: • As altas taxas de evasão, o sentimento de solidão dos alunos cada vez mais crescente, a preocupação em manter a qualidade das aulas e do estudo, a apreensão com relação às novas formas de avaliação, e ainda as dificuldades de acesso ligadas às diferenças socioeconômicas existentes entre as populações. (Santos & Zaboroski, 2020) • A perda de contato com os colegas, as inúmeras distrações existentes no lar (ou no local de trabalho, no caso de algumas pessoas), a queda de energia ou da conexão com a internet, isso sem contar com o fato de que nem todos (alunos e professores) têm equipamentos adequados como computadores, tablets ou smartphones. (Dau, 2021) ENSINO REMOTO VERSUS EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No ensino a distância, são usadas as tecnologias digitais de informação e comunicação e as atividades são realizadas pelos estudantes em tempos diferentes. No ensino remoto, os conhecimentos são transmitidos de forma síncrona, durante o período das aulas. Na EaD, o aluno tem acesso a um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que contém todos os materiais e recursos dos quais ele precisa, como fóruns e bibliotecas virtuais que ele acessa no tempo que quiser, onde quiser e como quiser, com aulas que ficam gravadas para que ele as possa assistir conforme sua escolha. (Dau, 2021) A educação a distância é uma modalidade de ensino na qual a mediação didático-pedagógica ocorre por meio das TICs, com estudantes, tutores (que fazem a mediação) e professores (que elaboram os conteúdos e avaliações) em lugares e tempos diversos para cada usuário. Na EaD, existe um modelo pedagógico, um planejamento estruturado, formado pelos aspectos organizacionais, de conteúdo, metodológicos, tecnológicos e pelas estratégias pedagógicas que serão executadas. Nessa modalidade de ensino, o aprendiz precisa reunir algumas características como ser (ou se tornar) comunicativo através da escrita (e da oralidade quando acontecerem aulas síncronas),e precisa ser automotivado e autodisciplinado para conseguir organizar seus estudos e definir horários fixos em casa ou no trabalho para se dedicar ao curso. No ensino a distância, é essencial levar em conta os aspectos sociais, emocionais e pessoais do estudante, portanto, recomenda-se a individualização/personalização do ensino baseado nas necessidades, nas preferências e nos interesses do aluno. (Behar, 2020) E O HOMESCHOOLING? Será que existe algum tipo de semelhança entre o ensino remoto, o ensino a distância e o homeschooling? Vamos começar compreendendo o que é esse ‘ensino em casa ’. No homeschooling, o processo de ensino-aprendizagem é feito completamente na casa do estudante, por seus pais, que é o responsável pelas aulas e pela educação formal da criança ou jovem, sem nenhum tipo de material enviado por alguma escola, e nem com o acompanhamento de algum educador. No entanto, esse acompanhamento pode ser feito caso haja a contratação de um professor particular, que possa auxiliar essa criança ou adolescente que não está matriculado em nenhuma instituição escolar. Essa educação domiciliar ou doméstica é permitida em mais de 60 países, como Austrália, Japão, Estados Unidos, Canadá, Paraguai, Portugal, França e Reino Unido, mas é proibida em outros países, como na Espanha, na Alemanha e na Suécia. No Brasil, ainda não há regulamentação sobre isso, apesar de estar sendo discutida. Sendo assim, pessoas que dizem ter estudado dessa forma não recebem nenhuma certificação. Conforme a Constituição Federal do Brasil e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), a educação é “dever do Estado e da família”. Quadro 1 - Diferenças entre as modalidades de ensino ENSINO REMOTO • Medida extraordinária e temporária, restrita à pandemia • Professores e alunos localizados em espaços distintos – por exemplo, em suas próprias casas • Pode ser mediado ou não pela tecnologia • Inclui a adaptação do programa presencial à situação remota • A escola acompanha e apoia o estudante • Utilizado por todos os níveis de ensino, durante a pandemia, para viabilizar a continuidade do processo pedagógico EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Caráter permanente e não emergencial • Professores e alunos situados em espaços distintos - em geral, com os professores nas instituições de ensino onde gravam ou transmitem suas aulas, e os alunos, em suas casas ou ambientes profissionais • Faz uso de recursos tecnológicos, como o ambiente virtual de aprendizagem • Conteúdos e metodologias desenvolvidos especialmente para a modalidade a distância • Pode haver aulas gravadas (assíncronas) e transmitidas ao vivo (síncronas) • Estudante vinculado formalmente a uma instituição de ensino, mas espera-se uma maior autonomia dele no processo de aprendizagem • Mais comum no Ensino Superior (graduação e pós- graduação) HOMESCHOOLING • No Brasil, ainda não é uma modalidade regulamentada • Pais ou responsáveis estão à frente do processo de ensino; educação ocorre no ambiente doméstico • Pode haver ou não o uso de recursos tecnológicos • Conteúdos e metodologias ficam a cargo das famílias • Não há interação com outros alunos e nem vínculo com uma instituição escolar; a princípio, enquanto não há regulamentação, os pais têm autonomia no processo educativo • Se regulamentada, seria adotada na Educação Básica Fonte: Nairim, 2021, n.p. EM RESUMO Foi possível conhecer um pouco sobre o ensino remoto e sua diferença com relação ao ensino a distância e o homeschooling. O primeiro é aquele que ocorreu, de forma emergencial, ao surgir no mundo a temível Covid- 19, que exigiu que toda a estrutura escolar fosse adaptada para trabalhar de sua própria casa, em isolamento. Professores, estudantes e demais agentes tiveram que se reinventar para que o processo educacional não fosse interrompido durante a pandemia. Já o ensino a distância é aquele que ocorre por decisão do aluno, que por questões de tempo e distância não quer se locomover até uma instituição de ensino e opta por estudar de forma mais autônoma, com a ajuda de tutores e a inter relação com ambientes virtuais de aprendizagem e as TICs. Por sua vez, o homeschooling é a modalidade de ensino adotada por alguns pais ou responsáveis por crianças ou jovens de forma a ministrar totalmente em casa e por sua conta os conhecimentos a esses estudantes. Espero que tenha gostado dessa experiência de conhecer novas modalidades de ensino INTRODUÇÃO Ao começar a pensar sobre a educação híbrida, também chamada de blended learning ou b-learning, é necessário entender que o professor se depara muitas vezes com questionamentos mesmo não lecionando nesse ambiente blended. Vira e mexe os alunos perguntam: professor, o sr. pode mandar o conteúdo por e-mail ou no grupo do Whatsapp? Professor, podemos postar o nosso trabalho nas redes sociais da escola?, dentre outras várias indagações nesse sentido. Portanto, o professor do século XXI precisa conhecer, ao menos um pouco, esse universo híbrido que possibilita o seu trabalho tanto no meio físico/físico quanto no meio físico/virtual. (Souza, Bailão, & Veraszto, 2018) Mas afinal o que é blended? Será que só tem um significado? Morán (2015) relata que na educação há vários tipos de blended: saberes e valores, quando conectamos várias áreas de conhecimento, blended de metodologias, quando docentes inserem diferentes desafios, atividades, projetos e games, em suas práticas. Também fala-se sobre tecnologias blended, que são aquelas que fazem parte das atividades propostas, juntando a sala de aula com as atividades digitais, e as presenciais com as virtuais. Blended também pode representar um currículo que seja mais flexível. Blended significa a conexão entre processos de ensino mais formais e informais, de educação aberta e em rede. TEMA 5 O Ensino Híbrido E o blended ainda pode ser inserido em escolas mais estruturadas, mas também nas mais carentes, porque nem todas as atividades realizadas no ensino híbrido precisam de tecnologias de ponta. (Morán, 2015) Portanto, vamos conhecer um pouco mais sobre esta metodologia que vem ganhando cada vez mais espaço e importância na educação. CONCEITO DE BLENDED LEARNING Podemos definir o ensino híbrido como um tipo de programa educacional formal, que possibilita que o aluno realize suas tarefas integrando o on e o off-line, ou seja, o ambiente físico e o digital. Ao levarmos em conta que as pessoas não aprendem no mesmo ritmo e nem da mesma forma, para que todos os estudantes tenham sucesso na sua vida escolar, a personalização do ensino seria muito interessante, de forma a tentar atingir as diferentes necessidades de aprendizagem, e o ensino híbrido possibilita isso. Nesses moldes, aqueles alunos que já dominam determinado conteúdo, conseguem avançar sem prejudicar aqueles que precisam de um pouco mais de tempo para assimilá-lo. (Silva & Sanada, 2018) No ensino híbrido, parte do ensino ocorre em sala de aula, na qual os alunos conseguem interagir e trocar experiência entre si e com o tutor e parte ocorre pelos meios digitais, dando-lhes mais autonomia. Vale ressaltar que ambos se completam, visto que oferecem diferentes experiências de aprendizagem, e que para que o ensino híbrido ocorra de fato, tanto a aprendizagem presencial quanto a digital precisam ter o mesmo objetivo. (Bacarin, 2020) Uma outra definição de ensino híbrido o coloca como um programa de educação formal por meio do qual, pelo menos em parte, o aprendiz aprende na modalidade on- line, controlando seus tempos, o lugar onde quer estudar, o ritmo que quer estudar, e em outra parte do tempo estuda em um ambiente físico, supervisionado, que não é sua casa. (Horn & Staker, 2015 como citado em Mello, Neto & Petrillo, 2019) CARACTERÍSTICAS DO B-LEARNINGEstá cada vez mais evidente que na contemporaneidade as pessoas usam as mais variadas tecnologias digitais para conseguir informações e conhecimentos, o que vem causando uma mudança cultural visto que essas pessoas sentem a necessidade e querem estar conectadas a todo momento. Isso posto, precisamos pensar sobre qual educação queremos oferecer aos estudantes hoje e no futuro, levando em conta tanto as necessidades do mercado de trabalho, quanto da sociedade globalizada e digital como um todo. Hoje em dia os ambientes semipresenciais ou mistos vem sendo mais e mais usados nos processos de ensino- aprendizagem porque são disruptivos e facilitadores da transmissão de conhecimentos. Se observarmos as grandes universidades internacionais, elas estão adotando diferentes formas de ensinar como a presença conectada, o e-learning, m-learning e u- learning. Vale ressaltar que a explosão do uso de tecnologias de ponta, como a 3D, a inteligência artificial, e a realidade aumentada e virtual, vem criando um conjunto das chamadas ‘melhores práticas ’, mas por outro lado vem deixando os professores bastante assustados, e criando em outros a ideia de que ‘essa forma de ensinar deixa tudo a cargo do aluno e o professor não faz nada ’. O que tem ocorrido também é que muitos professores, mesmo com medo e sem preparo, estimulados por um salário maior para ministrar aulas nesses ambientes mais tecnológicos, chegam às salas de aula sem mudar sua forma de atuar, obtendo resultados insatisfatórios. Mas o que deve ocorrer de fato? Essas novas modalidades de ensino, que incluem o ensino híbrido, vem estimulando que o docente seja colocado na posição de orientador, mediador e conselheiro, saindo da inércia da sua função puramente expositiva e detentora de todo o conhecimento. O blended learning exige do professor que mantenha contato com seu educando mesmo fora de seu tempo em sala de aula, isso porque algumas dessas ‘melhores práticas’ exigem a presença não física, mas social do educador, até que seu aprendiz atinja o estado de heutagogia, no qual ele atinge o grau de independência total de seus orientadores. (Munhoz, 2019) O PAPEL DO PROFESSOR NO ENSINO HÍBRIDO Há que se ressaltar que neste estilo de ensino, que mistura a sala de aula presencial e a eletrônica, o docente é o responsável total pelo planejamento da educação do aprendiz, o que é uma vantagem, e o trabalho conjunto com seus alunos permite fortalecer o vínculo perdido atualmente nos ambientes tradicionais, obtendo, com certeza, resultados mais efetivos. Sugere-se que ao longo do processo de ensino e aprendizagem o professor observe: • A capacidade do educando com relação à tecnologia que está sendo empregada, e se for preciso, pode-se realizar um nivelamento; • As formas individuais de aprendizagem, aproveitando a flexibilidade oferecida pelo b- learning; • O gerenciamento do tempo para que as atividades sejam efetivamente desenvolvidas a contento; • O grau de satisfação dos estudantes, acompanhamento que deve ser rotineiro. (Munhoz, 2019) O PAPEL DO ESTUDANTE NO ENSINO HÍBRIDO Com relação ao que se espera do aprendiz, a primeira coisa que ele deve saber e compreender é o grau de responsabilidade que terá sobre o seu aprendizado. O seu papel mudou e ele deixou de ter aquele ‘inculcador de informações’ para conviver com um orientador e mediador do conhecimento. Caso ele não leve em consideração isso, desistirá do estudo, visto que sua autonomia é colocada em xeque e espera-se que ele conduza o seu processo de ensino e aprendizagem conforme seus anseios e necessidades. No ambiente centrado no aluno, tudo precisa ser decidido em conjunto. Vejamos algumas características que o estudante deve ter para estudar em um ambiente semipresencial: • Objetivos bem estabelecidos; • Capacidade de participar de debates, apresentações e brainstormings; • Capacidade de desenvolver mapas conceituais e mentais; • Capacidade de realizar estudos independentes; • Capacidade de agir em cooperação e colaboração. Assim, os alunos devem ser vistos como sujeitos ativos, engajados e comprometidos com sua aprendizagem, definindo os rumos de sua educação de forma responsável, visando o futuro. (Munhoz, 2019) MELHORES PRÁTICAS NO B-LEARNING Para funcionarem efetivamente, os ambientes b- learning precisam ser bastante interativos e os alunos precisam ter um feedback imediato (ou o mais próximo disso) no caso das comunicações assíncronas. Redes sociais também devem ser utilizadas e devem-se privilegiar as atividades nas quais se aprende fazendo, mediante oficinas e laboratórios nos momentos presenciais. Também aconselha-se o desenvolvimento de simulações, estudos de casos e técnicas de role-playing nos momentos de presença física em sala de aula. Os alunos também precisam produzir textos e utilizar o brainstorming. Deve-se sempre partir do conhecimento e das técnicas mais simples para as mais complexas, conforme sugerido por Bloom (Taxonomia de Bloom). O uso da aprendizagem ativa, com estratégias metacognitivas e suporte do aprendizado pelos pares, também deve ser explorada. EM RESUMO Aprendemos, neste tema, que o blended learning é aquela forma de aprendizagem que mistura o ensino on-line com o presencial, por isso é também chamado de ensino misto. Nele, o professor assume o papel de mediador, orientador do aprendizado, guiando o aluno tanto nos momentos presenciais quanto nos momentos assíncronos, dando seu respaldo a todo momento (dentro do possível), enquanto o papel do estudante é de se transformar em um sujeito autônomo e ativo, que organiza os seus tempos para estudar tanto presencialmente quanto de forma virtual. Pode-se dizer que essa modalidade pode vir a ser a forma de ensino e aprendizagem das gerações futuras Introdução Embora a Sala de Aula Invertida seja uma metodologia já em voga nos últimos anos, alguns autores ainda a consideram em construção. Tem sido a queridinha de alunos e professores porque é um processo simples que tem a ver com a entrega ou indicação de um conteúdo por meio de texto, vídeos, podcasts ou qualquer outro recurso com o qual o estudante aprenderá de forma independente, quando e onde quiser, em momento extra sala de aula (on-line), e no momento in classroom o aluno desenvolverá a atividade proposta pelo docente, tendo como base aquele conhecimento que foi previamente adquirido. Aquela tarefa que antes era chamada de ‘dever de casa’ passa a ser desenvolvida em sala de aula, com o suporte do professor, que será um mediador entre o estudante e o material, estimulando debates, sessões de perguntas e respostas, apresentação de dúvidas e dos resultados desenvolvidos. É necessário, para essa prática, que o estudante tenha acesso ao conteúdo de forma antecipada, e ainda é fundamental que ele se engaje e que esmiúce esse material antes do momento no qual estará em sala de aula, já seja de forma física, conectada ou virtual. (Munhoz, 2019) Então, vamos conhecê-la um pouco mais! Características da Sala de aula invertida ou Flipped classroom Apesar de alguns estudiosos entenderem a sala de aula invertida como uma metodologia inovadora, outros não a veem do mesmo modo. Alguns autores a consideram apenas como uma forma diferente de desenvolver o conteúdo para motivar o aluno. Nessa metodologia, o conteúdo não é mais entregue ao aluno pelo professor, via o texto de um livro ou de outra bibliografia. Passa a ser ‘entregue’ por indicações de pesquisas, bibliotecas virtuais, ou links (por meio de um ambiente virtual de aprendizagem) e novos materiais podem (e devem) ser acrescentados, até a sua completa compreensão. Vale ressaltar que geralmente, quando a proposta é inicialmente passada aos alunos, causa certa surpresa e até mesmoum certo pânico, visto ser diferente e os alunos serem desafiados a fazer algo novo, a ‘sair da caixinha’ como se diz. Nessa situação, o aluno precisa assumir o papel central nessa ‘imersão’ no material e o professor passa a assumir um papel de orientador, o que não é fácil, porque ele também é desafiado a ensinar de forma diferente, estimulando outras formas de assimilação do conhecimento. O processo tem alguns aliados de peso, como o conectivismo, a aprendizagem baseada em problemas (ABProb.) e a aprendizagem em grupo, que serão vistas mais adiante, e várias outras aprendizagens ativas visando aproximar as metodologias atuais à geração digital. (Munhoz, 2019) vale ressaltar que para que a aprendizagem realmente ocorra é essencial que os docentes insiram os quatro pilares fundamentais que formam a sigla FLIP, ou seja, é preciso que a prática ocorra em ambiente flexível (F - Flexible Environment), que esteja focada na cultura da aprendizagem (L - Learning Culture), que seja proposto com um conteúdo dirigido (I - Intentional Contents) e que o educador seja profissional (P - Professional Educator). Pilares da Aprendizagem Invertida É uma abordagem pedagógica na qual a aula tradicionalmente expositiva se transforma de uma abordagem grupal para uma aprendizagem individual, proporcionando ao ambiente presencial restante um momento de aprendizado flexível, dinâmico e interativo. É necessário perceber que não basta pedir aos alunos que leiam um texto ou assistam um vídeo previamente. Muitos professores devem ter pedido isso aos seus alunos em algum momento de suas práticas. É fundamental que os alunos se engajem e que esgotem as pesquisas sobre o assunto, com uma preparação prévia, anotando suas dúvidas para que sejam sanadas coletivamente, no momento do encontro presencial (ou síncrono, no caso das aulas a distância), antes de que ocorra efetivamente o desenvolvimento da tarefa proposta. Morán (2015, como citado em Bacarin, 2020), um dos estudiosos da educação mais conceituados, considera a sala de aula invertida como uma das metodologias mais interessantes da atualidade para misturar tecnologias e práticas de ensino, porque concentra no virtual a aquisição da informação mais básica e deixa para o presencial (ou síncrono no caso do ensino a distância) as atividades mais criativas e supervisionadas, que combinam desafios, projetos, problemas reais e jogos. Como não há um modelo único para a inversão em sala de aula, o docente pode inserir diversas atividades práticas e/ou ainda permitir que os alunos trabalhem em atividades diferentes, ao mesmo tempo, que estudem em grupos ou de forma individual e que sejam avaliados quando se sentirem preparados. Objetivos da Flipped Classroom Para que a prática funcione efetivamente, estudiosos elencam alguns objetivos que precisam ser atingidos. São eles: Propor aulas menos expositivas, que sejam mais produtivas e participativas, que façam com que o aprendiz se engaje em relação com o conteúdo a ser estudado, transformando a sala de aula em um ambiente colaborativo; Proporcionar um ambiente mais interativo entre professor e alunos, alunos e alunos, e ainda entre alunos e material, gerando a assimilação do conteúdo de forma efetiva; Favorecer uma melhor otimização do tempo em sala de aula (e fora dela também); Permitir que alunos com dificuldade de aprendizagem tenham um melhor aproveitamento; (Mello, Neto e Petrillo, 2019) Estratégias de Aplicação Antes da Aula 1. O docente determina os objetivos a serem atingidos, prepara o material que o estudante precisa ler/ver/ouvir extra sala de aula e o disponibiliza ou faz as indicações; 2. O estudante lê, vê e/ou ouve os materiais em um momento extra sala de aula escolhido por ele, de onde quiser. Na sala de aula 3. Nos primeiros minutos, o professor/orientador cede um tempo para que os estudantes tirem as dúvidas que tiveram ao estudar o material, e na sequência usam os conceitos/conteúdos aprendidos para resolver os problemas/questionamentos propostos pelo professor em sala de aula. As atividades realizadas na sala de aula devem estimular atividades cognitivas mais complexas como aplicar, criar, analisar, avaliar, idear, tendo o apoio dos colegas e do professor. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Regras básicas para inverter a sala de aula Além de conhecermos os objetivos e as estratégias de aplicação da sala de aula invertida, ainda precisamos assimilar quais são as suas regras básicas, ou cairemos no erro de apenas criar uma atividade diferenciada no mesmo contexto tradicional, sem uma aprendizagem significativa. Então, vejamos o que o Relatório Flipped Classroom Field Guide (Valente, 2018) diz a esse respeito. As atividades que ocorrem no momento in classroom devem envolver questionamentos, a resolução de problemas e outras atividades de aprendizagem ativa que levem o estudante a recuperar, aplicar e aumentar o material apreendido extra classe (on-line); Os aprendizes precisam receber o feedback logo após a realização das atividades presenciais; Os estudantes precisam ser estimulados a participar tanto das atividades on-line como das in classroom, tendo ciência que ambas as participações valerão nota e farão parte da avaliação; Tanto o material a ser explorado extraclasse quanto os ambientes de aprendizagem de sala de aula (presenciais ou não) precisam ser muito bem estruturados e planejados. Vale ressaltar que não é para o professor passar aos seus estudantes textos enfadonhos ou vídeos longos, visto que os alunos costumam reclamar que a aula expositiva é muito chata e cansativa. A ideia não é substituir uma aula ‘chata’ presencial por uma pesquisa ‘chata’ on-line. O propósito é explorar outros recursos como animações, simulações, estudos de caso, integrando as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) com as atividades curriculares. O ideal é que o professor possa acessar as informações dos alunos nas plataformas de ensino, observando as pesquisas realizadas, as auto avaliações feitas, observando os pontos críticos que precisam ser fortalecidos e que precisam ser retomados em sala de aula. O Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Harvard adotaram a estratégia da sala de aula invertida em algumas disciplinas e com isso elas têm inovado seus métodos de ensino, adequando-os para que possam usar os avanços das TICs e diminuir a evasão. (Valente, 2018) A grande vantagem da junção da Sala de Aula invertida e da Aprendizagem Ativa é fomentar o aprendizado no Ensino Híbrido, possibilitando ao professor compreender e trabalhar quase que de forma individual o aprendizado de cada aluno. (Souza, Baião & Veraszto, 2018) Em resumo Conhecemos um pouco mais sobre a famosa sala de aula invertida compreendendo que não é simplesmente uma metodologia por meio da qual o professor passa o conteúdo para o aluno aprender sozinho em casa. Para que a aprendizagem ocorra efetivamente é preciso engajamento, planejamento prévio, inserção do material pelo docente no ambiente virtual, de forma que o aluno tenha acesso a ele de onde quiser e quando quiser e é fundamental que no momento presencial (ou síncrono no caso de aulas a distância) esse conhecimento previamente assimilado seja trazido de volta e colocado em prática pela aplicação de atividades que envolvam debates, análises, aplicações de ações, ou qualquer outra prática que gere aprendizagem significativa. Espero que tenha gostado. Introdução Para começarmos a entender do que trata esta metodologia moderna, precisamos compreender que projetos são ações finitas que apresentam objetivos bem delimitados e que nascem de um problema, de uma necessidade, de uma oportunidade ou ainda de algum interesse de uma pessoa, de um conjunto de pessoas ou de uma empresa.Podem ser de intervenção, de desenvolvimento, de pesquisa, de ensino e de aprendizagem, e neste caso focaremos nos de aprendizagem que são os que estão vinculados aos aprendizados significativos. Vale ressaltar que a origem da ideia de se trabalhar com projetos na educação vem do final do século XIX, a partir de ideias de John Dewey, em 1897, autor estudado na disciplina Principles of Curriculum Design. Entretanto, quando se fala sobre a Metodologia de Projetos (MP), especificamente, a origem advém do final do século XVII na Itália, com uma perspectiva de ensino profissionalizante, na área da Arquitetura. Dewey e Kilpatrick (autores já estudados por nós), ambos do início do século XX, são considerados os precursores da chamada Aprendizagem Baseada em Projetos. Para Kilpatrick, o projeto com fins educacionais apresenta 4 fases principais, que são: a intenção, o planejamento, a execução, e o julgamento. Por sua vez, Dewey considerava que os projetos idealizados pelos estudantes precisavam do auxílio de um docente capaz de garantir o processo de aprendizagem e de crescimento de forma a promover a aprendizagem significativa. (Barbosa & Moura, 2013) Vamos então conhecer melhor o seu conceito e algumas de suas características. Conceito e características da ABProj. Esta metodologia pode ser considerada como um conjunto de experiências de aprendizagem e de tarefas que levam o estudante a investigar por meio de um problema central, resolvendo-o ou encontrando um desafio. Seu foco, geralmente, é a criação de um produto, mas isso não é regra. Tem como objetivo construir um conhecimento coletivo interdisciplinar e focado no aluno, incluindo atividades que desafiam intelectualmente o estudante a criar algo com foco na leitura, na pesquisa, no debate, na escrita e na apresentação oral, como as realizadas por meio de vídeos digitais, da elaboração de portfólios, da gravação de podcasts, da criação de websites, entre outros. (Souza, Baião & Veraszto, 2018) Uma das bases desta metodologia é considerar situações reais que devem estar conectadas com o objeto central do projeto a ser desenvolvido, visando formar indivíduos com uma visão abrangente e global da vida, associando a aprendizagem com a realidade, preparando-os para o aprendizado ao longo da vida. Algumas características que a ABProj. precisa ter são: Realizar projetos em grupos, com um número de participantes definido para cada atividade (Ex.: 3 alunos por grupo). Determinar o tempo para a realização do projeto. (Ex.: de 2 a 3 meses). Escolher o tema em conjunto, entre estudantes e professores. Ter uma finalidade útil para que os aprendizes percebam o sentido real do projeto proposto. Utilizar diversos recursos, inclusive aqueles que os próprios alunos conseguem providenciar mais facilmente, dentro ou fora do ambiente escolar. Compartilhar os resultados em diversos meios, como a própria sala de aula, a escola e a comunidade em geral, de forma física ou digital. (Barbosa & Moura, 2013) Nesta metodologia, o foco está no ‘aprender’ e no ‘fazer juntos’, explorando o contexto real do estudante, a comunicação entre os pares e a criação a partir do conhecimento descoberto. Finaliza sempre com a produção de resultados enriquecidos com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e os estudantes organizam suas descobertas em formatos multimídia, com o desenvolvimento de gráficos, tabelas, vídeos, aplicativos, ferramentas, ou qualquer outro recurso que seja aplicável. Deve-se levar em consideração que é um tipo de metodologia que exige tempo para que deveras seja bem executada. Não é tarefa do docente expor o conteúdo, cabe aos estudantes buscar o conhecimento necessário para atingir seus objetivos, com a orientação do professor. (Veraszto & Simon, 2018) Categorias, elementos e passos dos Projetos Há 3 categorias de projetos que os estudantes podem desenvolver em sua vida acadêmica. São eles: Projeto construtivo: é aquele que procura construir algo novo, com alguma inovação, ou nova proposta de solução. Caracteriza-se pela inventividade na função, forma ou processo. Projeto investigativo: é aquele que se destina a desenvolver uma pesquisa sobre algum tema ou situação utilizando o método científico. Projeto didático ou explicativo: é aquele que visa responder questionamentos como ‘Como funciona? Para o que serve? Como foi construído?’ procurando explicar o funcionamento de objetos, de mecanismos, de sistemas, etc. (Barbosa & Moura, 2013) Além das categorias, podemos elencar alguns elementos que são essenciais para o desenvolvimento de projetos. São eles: Escolher um conteúdo relevante; Desenvolver diversas competências; Motivar o espírito da investigação; Gerar a necessidade de saber mais a respeito; Dar oportunidade de voz e de escolha a todos os envolvidos; e Incluir a revisão e a reflexão sobre o resultado alcançado. Podemos elencar também os 7 passos que devem ser executados para que a ABProj. seja eficiente. Passos da metodologia Aprendizagem Baseada em Projetos. aprendizagem Objetivos da Aprendizagem Baseada em Projetos Para que a ABProj. ocorra de fato é imprescindível que se desenvolva uma aprendizagem que motive o estudante a participar da realização do projeto proposto, que estimule sua autonomia no processo de ensino e aprendizagem, criando um senso crítico, reflexivo e a capacidade de resolver problemas, e ainda que estimule a interação contínua entre os alunos e o professor, que esteja baseada na participação ativa dos alunos e na cooperação. Dentre os objetivos para que essa metodologia ocorra, estão: Estimular a capacidade de ‘aprender a aprender’, levando os estudantes a assumirem um papel ativo e responsável; Conscientizar os aprendizes acerca do que eles sabem e do que precisam aprender, motivando-os a buscar informações novas; Estimular os estudantes a explorarem e investigarem seus interesses, e o que eles gostariam de aprender; Estabelecer uma relação estreita entre a aprendizagem, a vida e a experiência dos alunos. Rejeitar a ideia de que todos precisam aprender as mesmas coisas, da mesma forma, no mesmo ritmo e no mesmo momento, ignorando suas necessidades, interesses, aptidões e estado de espírito. Deve-se compreender que cada um tem um ritmo, um estilo, um gosto, que deve ser respeitado. (Mello, Neto & Petrillo, 2019) Estratégias de Aplicação As atividades desta metodologia envolvem várias áreas de conhecimento, que são chamadas de projetos interdisciplinares, e que são desenvolvidos em torno de um problema real e significativo, de forma que os estudantes consigam obter um produto final, com a realização de pesquisas. A escolha do projeto deve motivar os estudantes na busca por novas descobertas, lembrando que se trata de um esforço temporário para criar um produto, serviço ou um resultado, com um começo e uma finalização bem definidos, com a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas que atendam os requisitos necessários. É preciso que o docente, no papel de orientador, desafie os aprendizes a fazerem parte de uma equipe, e esse método exige planejamento, elaboração de cronogramas, o estabelecimento de estratégias de gerenciamento de tempo e a finalização com a avaliação dos resultados. Vejamos então algumas estratégias necessárias para sua aplicação: Apresentação dos objetivos da atividade, do método, do critério de avaliação e dos prazos pelo professor, que deverá determinar os conteúdos necessários para a execução do projeto, e que pode ser construído de forma colaborativa com os alunos; A partir da escolha do tema (ou temas), os estudantes deverão estabelecer os objetos de estudo e o problema vinculado a ele, para hipóteses posteriores que precisarão ser elencadas; A partir das pesquisas