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Custo de Capítal - Ana Claudia

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Finanças 07_Custo de Capital Profa. Ana Cláudia Pinheiro 
1 
 
CUSTO DE CAPITAL 
 
 
Fundamentos 
 
O objetivo de uma empresa não fazer o lucro; mas o de criar riquezas. Como qualquer organização, operar 
comercialmente com uma margem positiva é o processo natural da gestão dos negócios. Ora, comprar um 
bem por R$ 10 e revende-lo por um valor maior, R$ 14 por exemplo, é a tendência de qualquer ato de 
comércio. O problema surge quando esta margem, no caso, R$ 4 por cada item revendido, não é suficiente 
para manter o equilíbrio financeiro das operações e sustentar um crescimento para o futuro. Mas, qual 
deveria ser esse valor? 
 
Para melhor compreender isso, precisamos voltar no tempo. Imagine, no exemplo, anterior, que o 
empresário daquele empreendimento teve levantar um financiamento recursos para comprar o imóvel de 
sua loja comercial e usou recursos próprios para fazer obras essenciais para estrutura-la com o design de 
sua marca, comprar balcões, vitrines, gôndolas etc. Nesta hipótese, a empresa, antes mesmo de abrir, teve 
que montar o seu estoque, negociando alguns meses para pagar e contratar pessoas para ajudar na tarefa 
de arrumação, limpeza e ainda teve que dar treinamento para todos eles – afinal, uma empresa precisa ter 
um toque pessoal do seu fundador, um jeito diferente de atender, de controlar os seus ativos e de operar. 
Por fim, mesmo depois de aberta, é quase que impossível que um negócio entre arrasando no mercado: 
muitos meses se passam, até que a nova empresa possa operar no lucro. 
 
Todo esse processo demanda recursos, capitais. Afinal, não existem bens e direitos (ativos) em uma 
empresa, sem que se levante dinheiro para financia-los (passivos). Essencialmente, estes recursos são de 
duas naturezas, a saber: 
 Capitais de terceiros: recursos levantados junto a fornecedores, bancos e outros credores; 
contabilmente, esses valores são classificados no passivo circulante ou no não circulante que, juntos, 
formam o passivo exigível; 
 Capitais próprios: recursos dos próprios sócios da empresa; contabilmente, os valores desta natureza 
são classificados no patrimônio líquido. 
 
Capitais entram nas empresas pelos seus credores. Eles “apostam” seus recursos no seu sucesso e, em 
troca, querem ser remunerados por isso. Os fornecedores vendem a prazo e esperam que o lucro comercial 
remunere seus custos e o curso financeiro do tempo concedido para pagamento; o governo espera que a 
nova empresa venda com lucro e espera receber uma fração desse valor, recolhido sob a forma de tributos; 
as companhias provedoras de serviços públicos, fizeram investimentos para fazer chegar luz, telefonia, ága, 
esgoto e gás até a loja; os bancos financiaram a compra do imóvel, esperando que os juros cobrados 
remunere adequadamente os capitais emprestados; por fim, os sócios fizeram a opção por investir em um 
novo empreendimento, na esperança de ganhar dinheiro com os anos. Ninguém trabalha de graça. 
 
Então, se terceiros e os sócios colocam seus capitais na empresa, eles precisam ser adequadamente pagos, 
afinal, representam um custo para a empresa: o custo do capital. 
 
 
Dinâmica dos Capitais em uma Empresa 
 
A figura 1, a seguir, representa a estrutura do funcionamento dos capitais em uma empresa. Os recursos 
entram pelo passivo, através dos credores (terreiros) e os acionistas (próprios). Esses capitais são 
empregados na formação de ativos, ou seja, aumento de saldo da conta bancária, aplicações financeiras do 
excedente não utilizado temporariamente de caixa, formação de estoques, aquisição de imobilizado e 
registro de marcas e patentes. 
 
Finanças 07_Custo de Capital Profa. Ana Cláudia Pinheiro 
2 
 
A empresa, por sua vez, opera com esses ativos com a intenção de fazer suas vendas, a receita de vendas, 
com as quais pagarão os seus custos e despesas, pagando o curso dos capitais empregados: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Dinâmica dos capitais em uma empresa. 
 
O retorno dos capitais de terceiros é o pagamento das obrigações pela empresa, em dia, e o serviço da 
dívida financeira, os juros. O retorno dos capitais próprios é o pagamento periódico dos dividendos, parcela 
do lucro paga em dinheiro, e a valorização das ações no mercado. 
 
 
Custo do Capital 
 
Se a empresa dependeu dos capitais investidos para formar seus ativos iniciais e começar a operar, ela 
incorreu em custo para esses capitais. O custo do capital é o retorno esperado pelos detentores dos 
capitais investidos. O custo de capital é, em última análise, uma taxa mínima de retorno esperada pelos 
detentores do capital cedido. No nosso exemplo, sendo os detentores dos capitais empregados na nova 
empresa credores (terceiros) e sócios (próprio), o custo de capital do investimento inicial da empresa 
deverá considerar a proporção dos capitais empregados. Concluindo, o custo do capital (K) será igual à 
proporção do custo dos capitais empregados, de terceiros (CT%) e próprio (CP%), ou seja, uma média 
ponderada entre o custo do capital de terceiros (KCT) e o próprio (KCP). Obviamente, a proporção dos 
capitais deve ser sempre igual a 100% (CT% + CP% = 100%). Logo, teremos: KC = CT% x KCT + CP% x KCP. 
 
O capital próprio pode ser medido pelo ponto de vista de um acionista, que opta por investir em uma 
empresa, em busca de uma remuneração maior do que a renda fixa. Em tese, a remuneração básica de 
uma economia é chamada de taxa livre de risco (KLR), que seria a menor remuneração de qualquer 
aplicação financeira – no Brasil, esta taxa é a taxa SELIC. Para um investidor que coloca seus recursos na 
compra de ações de uma empresa, ele assume o risco do empreendimento e, portanto, deseja ser 
premiado com uma remuneração maior do que a taxa livre de risco. Assim, podemos definir o custo do 
capital próprio (KCP) como sendo o retorno esperado pelo acionista (RA), que ultima em uma remuneração 
acima da taxa livre de risco (KLR), ou seja, com um prêmio de risco por investir naquela empresa (PRA). Em 
suma, o custo do capital próprio seria dado por: KCP = KLR + PRA. 
 
BENS E 
DIREITOS 
CIRCULANTES 
E NÃO 
CIRCULANTES 
CAPITAIS DE 
TERCEIROS 
CAPITAIS 
PRÓPRIOS 
PASSIVO ATIVO 
RECEITA BRUTA 
Custos 
Despesas 
Operacionais 
Desp. 
Financ. 
I.R. Lucro 
Líquido 
Dividendos e 
valoração das 
ações 
Juros 
Finanças 07_Custo de Capital Profa. Ana Cláudia Pinheiro 
3 
 
O custo do capital de terceiros (KCT) ficaria restrito à taxa de juros (i) dos empréstimos em aberto. A taxa de 
juros incidente sobre o valor da dívida financeira (empréstimos, financiamentos, debêntures etc.) provoca a 
cobrança de juros, contabilmente lançada como despesa financeira. Para grandes empresas, a tributação é 
feita pelo sistema de apuração de imposto de renda chamado de Lucro Real. Por este modelo, o lucro 
contábil (LAIR – Lucro Antes do Imposto de Renda), com alguns ajustes técnicos previstos pela legislação 
tributária, é a base da tributação. Logo, a despesa financeira seria dedutível para fins de imposto de renda, 
fazendo com que o valor custo desses juros fosse reduzido pela despesa menor de imposto de renda que a 
empresa pagaria, em face de ter contabilizado os juros dos empréstimos. 
 
Assim, o custo do capital de terceiros (KCT) será a taxa de juros (i) reduzido pelo efeito da alíquota de 
imposto de renda () sobre o valor das despesas financeiras: KCT = i x ( 1 –  ). Este efeito de 
dedutibilidade não ocorre no custo do capital próprio, pois não o pagamento de dividendos não é dedutível 
para fins de imposto de renda. 
 
 
Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) 
 
O custo médio ponderado de capital (do original em inglês wheighted average cost of capital, WACC) 
determina o taxa mínima de retorno que se deve esperar de um investimento pelos capitais empregados 
para ter esse investimento:WACC = CT% x i x ( 1 –  ) + CP% x RA. 
 
 
O WACC e a TMA 
 
Se o custo de capital (WACC) representa um taxa mínima de retorno exigida em um investimento, ou seja, a 
taxa mínima de atratividade (TMA). Logo, o WACC pode ser a base para determinar a TMA e, na prática, a 
grande maioria dos investidores considera estes dois conceitos como sinônimos. 
 
Entretanto, vamos tornar o nosso exemplo mais completo. 
 
Se, para abrir a empresa, foram levantados um montante “X” de recursos, num mix de capitais de terceiros 
e próprio, esses capitais têm um custo (WACC) e, portanto, um nível mínimo de exigência de retorno para 
remunerar os donos desses recursos. 
 
E se apresentássemos três alternativas de empreendimentos que, para iniciar, precisariam do mesmo 
montante de capitais “X”, levantados pelas mesmas fontes, nas mesmas proporções. É de se supor, então, 
que os três projetos de investimento teriam o mesmo custo de capital (WACC). 
 
Vamos imaginar que esses três negócios fossem mutuamente excludentes, ou seja, só se pode abrir um dos 
três negócios: 
 Projeto 1: 
Abrir um restaurante rodízio no centro de uma grade metrópole. 
 Projeto 2: 
Abrir uma revenda de balas, doces e chocolate, em um abastardo bairro nobre, cercado por dois ou 
três colégios de numerosos alunos. 
 Projeto 3: 
Uma mineradora, incluídos os investimentos de avaliação geológica, para s estimar o ganho futuro. 
 
Você consideraria que todos os três empreendimentos teriam o mesmo custo de capital (WACC)? 
Provavelmente, sim, à medida que os capitais levantados foram os mesmos e na exata proporção. 
 
Você consideraria os três projetos com o mesmo nível de risco global para o investidor? Se acha que sim, 
você poderá afirmar que a TMA seria exatamente o WACC. Mas, se acha que o projeto 3 tem um nível de 
Finanças 07_Custo de Capital Profa. Ana Cláudia Pinheiro 
4 
 
risco maior do que o 1, por exemplo, então você, sendo o investidor, talvez exigisse um prêmio de risco 
(PRP) acima do custo do capital: TMA = WACC + PRP. 
 
Por fim, para que um investimento seja viável economicamente é preciso saber se taxa interna de retorno 
(TIR) dos fluxos de caixa livres futuros do investimento será maior do que a mínima e atratividade (TMA), 
ou seja, do custo dos capitais empregados. Se for maior, diz-se que o investimento é viável 
economicamente. Por outro lado, se a TIR for menor do que a TMA, diz-se que o projeto de investimento é 
inviável economicamente. 
 
 
Exercícios: 
1. A empresa XPTR Ltda. projeta fechar este ano com R$ 200 milhões de dívidas com diferentes bancos, 
com custo médio financeiro de 20% ao ano, e R$ 300 milhões de patrimônio líquido. Hipoteticamente, 
a taxa SELIC está em 11% ao ano e a empresa paga 25% de alíquota de imposto de renda. Para um 
acionista em uma empresa do mesmo ramo e com o mesmo endividamento geral (EG = PE / A), o 
prêmio de risco é de 9 pontos percentuais acima da taxa livre de risco. Qual seria o custo do capital da 
empresa, projetado para o final deste ano? 
 
2. Para um projeto de investimento da XPTR Ltda., que demande R$ 500 milhões iniciais, logo no dia 1º 
de janeiro do próximo ano, qual seria taxa mínima de atratividade (TMA) recomendada? 
 
3. Se a XPTR Ltda. possui um custo bruto de capital de terceiros igual ao do custo do capital próprio, por 
que o custo médio ponderado de capital (medido pela técnica do WACC) é diferente? 
 
4. Se hoje, antes de fechar o ano, você fosse recomendar para à alta direção da XPTR Ltda. alguma 
medida para baratear o nível de exigência da sua TMA, baseada no WACC, quais ações você 
recomendaria? 
 
5. Poderia a redução de 50% no valor do capital próprio e de igual percentual no capital de terceiros 
reduzir o custo ponderado de capital (WACC) da XPTR Ltda.? Como? Por quê?