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* * ROSANA FARIAS BATISTA LEITE SAÚDE/DOENÇA COMO UM PROCESSO SÓCIO-CULTURAL * * CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE/DOENÇA Nas culturas antigas acreditava-se que a doença resultava de forças místicas e espíritos malignos que invadiam o corpo Na Idade Média, a medicina avançou pouco, as ideias a respeito da saúda/doença tinham implicações religiosas Doença era considerada uma punição de Deus - por alguma malfeitoria – Tratamento frequentemente envolvia tortura física * * CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE/DOENÇA A ciência e a medicina mudaram rapidamente durante os séculos XVII e XVIII motivados por numerosos avanços tecnológicos – invenção do microscópio Pasteur descobriu que as bactérias frequentemente faziam com que as células funcionassem de maneira inadequada, dando início aos germes da doença * * CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE/DOENÇA Século XX – Modelo Biomédico de Saúde Sustenta que a doença sempre tem causas biológicas; Visão dominante na medicina atualmente; Modelo reducionista: Não faz menção às características psicossocioculturais. * * CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE/DOENÇA Atualmente – Paradigma/Modelo Biopsicossocial; Concepção ampliada do conceito de saúde; O.M.S: Saúde é o completo estado de bem-estar físico, mental e social e não a simples ausência de doença * * CONSIDERAÇÕES SOBRE SAÚDE/DOENÇA VIII: Conferência Nacional de Saúde: Direito à Saúde significa a garantia, pelo Estado, de condições dignas e de acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, em todos os níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. (Brasil/MS, 1986) * * NOVOS PARADIGMAS DA SAÚDE Atualmente a caça à saúde tornou-se verdadeiro mandamento para os cidadãos de todas as classes, idades, ocupações e gêneros. * * MODELOS DE SAÚDE SURGIDOS NA SOCIEDADE NAS ÚLTIMAS DÉCADAS Mandamento: Todos precisam ter saúde ou ‘manter a saúde em forma’ Conservar a saúde Evitar as doenças Não correr riscos * * PARADIGMA DA SAÚDE - VITALIDADE Enfoque preventista – estilos de vida Saúde: “Bem viver a vida” Forma de aumentar a longevidade Qualidade de vida: Hábitos saudáveis/exercícios/regimes alimentares/sentimentos positivos * * PLURALIDADE DE ATIVIDADES E MODELOS Saúde é forma Saúde é cuidado Saúde é alegria * * PARADIGMA/MODELO SAÚDE É FORMA Atividades/exercícios praticados coletivamente em ambientes fechados (academia) e abertos (praças, parques, etc) Historicamente essas atividades eram conhecidas como ginásticas Ginástica: Associada a educação física e ao esporte – Equilíbrio Corpo/Mente * * PARADIGMA/MODELO SAÚDE É FORMA – REDUÇÃO DO SUJEITO A UM CORPO EM FORMA Atualmente essas atividades estão associadas a estética do corpo/padrão cultural de beleza; Predominância de jovens, embora venha crescendo a participação de indivíduos adultos/idosos; O resultado esperado pela maioria dos participantes da atividade física é estético e não propriamente de saúde. * * PARADIGMA/MODELO SAÚDE É FORMA Atividades/exercícios hard/pesado Fisiculturismo Malhação Atividades/exercícios suaves Alongamento Hidroginástica Yoga Busca o resultado imediato Harmonia Equilíbrio * * PARADIGMA/MODELO SAÚDE É FORMA Comedimento: Representações fundamentais da saúde Todo excesso é visto como risco à saúde Excesso de comer, beber, etc. Uso de anabolizantes/outras substâncias químicas para acelerar a moldagem do corpo. Excesso – Desequilíbrio – Gera adoecimento * * PARADIGMA/MODELO SAÚDE É CUIDADO Modelo – Vitalidade – Energia Saúde – Equilíbrio/Harmonia Atividades/exercícios são ligados às medicinas alternativas Tai-chi-chuan Yoga Biodança – dança de salão Atividades/exercícios como formas de inclusão social Frequência majoritária de mulheres de meia idade/idosas. * * SAÚDE É CUIDADO – ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA SOCIAL Ponto de partida para a renovação da sociabilidade Cordialidade, cooperação entre os praticantes – Distanciamento das competições * * SAÚDE É CUIDADO – ESTRATÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA SOCIAL Passeios, festas, comemorações – Ruptura do isolamento provocado pelo preconceito da idade Saúde: Auto cuidado Disposição para a vida Recuperação do prazer das cotidiana Constituição de ‘novos amigos’ Redes de apoio/auto-ajuda * * SAÚDE É ALEGRIA – OPÇÃO DE LAZER Prática de saúde – dança de salão Indicação médica Depressão Timidez Isolamento Osteoporose/dores na coluna Obesidade Cultiva a diversidade de formas, dos corpos Distanciamento da academia de ginástica * * SAÚDE É ALEGRIA – OPÇÃO DE LAZER Valoriza a agilidade e não a moldagem O sujeito relaciona-se com seu próprio corpo e o outro Contato prazeroso com o corpo * * MODELOS ETIOLÓGICOS DA DOENÇA De uma forma geral, existe um modelo exógeno e um modelo endógeno da doença; Modelo exógeno da doença – Representações que consideram ser a doença o resultado de uma intervenção exterior. Casualidade Externa * * MODELO EXÓGENO DA DOENÇA Ação de um elemento entranho real Agente Nocivo “natural” Ação de um elemento simbólico Poder sobrenatural – feitiço, espírito, diabo, destino e castigo. A doença resulta de forças místicas e espíritos malignos que invadem o corpo. * * ETIOLOGIA EXÓGENA DA DOENÇA Ação de microorganismos patogênicos que infectam indivíduos. EX.: Tuberculose, pneumonia. Relação do ser humano com seu meio físico, químico e bioquímico. EX.: Condições ecológicas * * ETIOLOGIA EXÓGENA DA DOENÇA Influência da cultura – Ação do meio social, estilo de vida. EX.: Sedentarismo Obesidade Sobrecarga de trabalho Associado a vida moderna * * MODELO EXÓGENO Vocabulário empregado pelos doentes “De onde vem isso, doutor? “Como eu peguei isso?” “O que o senhor vai fazer para me livrar disso?” O indivíduo mantém, com sua doença, uma relação de exterioridade. * * MODELO EXÓGENO Discurso médico Identifica a natureza da agressão externa e solicita através do arsenal quimioterápico de que dispõe, que o intruso (agente nocivo) abandone o corpo do seu cliente. Ele não identifica a natureza da agressão e então declara que vai, através de exames e análises, procurando o responsável. * * ETIOLOGIA ENDÓGENA DA DOENÇA – PREDISPOSIÇÃO/HEREDITARIEDADE Casualidade interna – A causa da doença parte do próprio interior do sujeito, ou seja, não é mais considerada como uma entidade estranha. Doença: Estado de desequilíbrio do organismo ou quebra como o meio ambiente; Mau funcionamento dos mecanismos biológicos; Distanciamento da representação de doença relacionada às forças sobrenaturais. * * MODELO ENDÓGENO O doente é responsável pelo seu estado mórbido. É o próprio se humano gerador do que lhe acontece. Ex.: Doenças endógenas: Câncer – jamais dizemos que o “pegamos”. * * MODELO ENDÓGENO “ O câncer é doença feia mermo. Eu mermo acho que tem gente que já nasceu com ela, dentro da pessoas... É como um bicho dormindo, que acorda sem a gente esperar”. (Erveira – Feira Central - CG) * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA - GRUPOS DIFERENCIAIS Saúde/doença estão intimamente relacionados com as características de cada sociedade; Saúde/doença correspondem a experiências singulares e objetivas. * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA NA SOCIEDADE CIVIL No sentido socioeconômico, atualmente as pessoas representam saúde: Estar empregado Cuidar do emprego Não pode adoecer Saúde: Custo Social Doença: Perder o emprego Abrir falência Insegurança, Inquietação Perturbação Estresse * * REPRESENTAÇÃO DA SAÚDE/DOENÇA PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Saúde Bom funcionamento dos órgãos. Beleza, vigor, equilíbrio,harmonia. Modo de vida moderno (estilo de vida). Restrito ao biomédico: Visão positiva Saúde como ausência de doença (“silêncio do corpo”). Separa o sujeito do seu meio, de sua experiência. * * REPRESENTAÇÃO DA SAÚDE/DOENÇA PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Doença Mal funcionamento de determinado órgão. Responsabilidade do sujeito. Corpo do doente: objeto de saber e espaço de doença. O sistema médico oficial desconsidera os condicionantes histórico-sociais da doença. * * REPRESENTAÇÃO DA SAÚDE/DOENÇA PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Lógica do humanitarismo Lógica do racionalismo Lógica da rentabilidade Baltanki, 1979 * * LÓGICA DO HUMANITARISMO Fazer tudo pelo doente. O mérito se julga depositário da vida e da morte. * * LÓGICA DO RACIONALISMO Interesse científico. Paciente como sujeito de conhecimento científico. * * LÓGICA DA RENTABILIDADE Econômica (ganhar dinheiro). Status profissional na sociedade capitalista. * * REPRESENTAÇÃO DA SAÚDE/DOENÇA PARA OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Saúde/doença: Responsabilidade do indivíduo Utilização de um código de linguagem fechado e específico: barreira com o usuário/paciente Utiliza o poder da tecnologia contra as enfermidades * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA – CLASSE TRABALHADORA Saúde/Doença: desequilíbrio entre corpo e mente. Saúde: riqueza, tesouro, fortuna. Doença: castigo, miséria, infelicidade. Considera os condicionantes sociais no processo saúde/doença Visão ampliada/integral do fenômeno * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA – CLASSE TRABALHADORA Corpo Força de trabalho Gerador de bens Fonte de substância Doença Incapacidade para trabalhar; Impossibilidade de acumular bens. * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA – CLASSE TRABALHADORA Para a classe trabalhadora, estar doente significa submeter-se a regras, obedecer as prescrições médicas Submissão ao poder médico * * REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SAÚDE/DOENÇA – CLASSE TRABALHADORA Apesar de reconhecer o poder médico e subordinar-se a ele, Reinterpreta o esquema da classe dominante e a usa de acordo com seus interesses imediatos, ou seja, não legitima totalmente o saber médico. * * REFERÊNCIAS Texto – As novas formas de saúde: Práticas, representações e valores culturais na sociedade contemporânea Autora: Madel T. Luz Revista Brasileira Saúde da Família. Maio de 2008 Edição especial. LAPLATINE F. Antropologia da Doença 3ª edição. São Paulo: Martins Fontes. 2004
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