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FACULDADE DA CIDADE DO SALVADOR CURSO DE DIREITO JULIANA MONTEIRO PASSINHO A TESTEMUNHA E O ID Salvador 2015 � JULIANA MONTEIRO PASSINHO A TESTEMUNHA E O ID Trabalho destinado à avaliação curricular da disciplina Psicologia Jurídica, ministrada pelo Profº. Carlos Henrique Martinez no Curso de Bacharelado em Direito. Salvador 2015 � A TESTEMUNHA E O ID A TESTEMUNHA: Origem da palavra: Palavra de origem latina – testis, significando assistente, pessoa que está presente a determinado acontecimento, Conceito e valor: Rangel define testemunha como o “indivíduo chamado a depor, demonstrando sua experiência pessoal sobre a existência, a natureza e as características de uma fato, pois face estar em frente ao objeto (testis), guarda na mente, sua imagem”. (2014, p. 467). O ID: O id é a parte desorganizada da estrutura de personalidade que contém unidades básicas e instintivas de um ser humano. É o único componente da personalidade que está presente desde o nascimento. O Id em psicologia: é definido como a unidade dinâmica que constitui a consciência individual de sua própria identidade e sua relação com o meio ambiente. É, portanto, o ponto de referência de todos os fenômenos físicos, sexuais e psíquicos. A identificação de acordo com a psicanálise: de acordo com o pensamento de Sigmund Freud, do ponto de vista da psicanálise, o Id é um testador de realidade, inteligência, razão e o conhecimento de causa e efeito. Também é o psíquico que se conecta com o mundo exterior. A PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO No mundo jurídico, a psicologia tem como objetivo buscar a verdade. O direito busca a realidade dos fatos, enquanto a psicologia opera no campo da realidade psíquica dos envolvidos. Enquanto o direito busca a verdade nos fatos no processo, a psicologia se interessa na verdade em que se é percebida pelo indivíduo. Na psicologia judiciária, o testemunho de uma pessoa sobre um fato, depende de cinco fatores, são eles: Do modo como percebeu esse acontecimento (fator com condições externas – meios e internas – aptidões de observação); Do modo como sua memória o conservou (fator neurofisiológico – condições orgânicas); Do modo como é capaz de evocá-lo (fator misto psico-orgânico); Do modo como quer expressá-lo (este fator visa o grau de sinceridade através do psíquico); Do modo como pode expressá-lo (este fator visa o grau de precisão expressiva – fidelidade e clareza). A História do Direito mostra que as civilizações tiveram grande preocupação com a testemunha. Por muitos séculos, este foi o principal meio de prova adotado nos processos judiciais. Manuscritos antigos e obras milenares como a Bíblia e o Código de Hamurabi são a prova de que todos os povos faziam uso desse recurso para buscar a verdade e defender as suas pretensões diante de soberanos, conselhos e tribunais. O testemunho de uma pessoa consiste essencialmente em três fatores: percepção, memória e expressão dos fatos. Percepção A percepção é o processo que consiste em atribuir significado às informações (experiências vividas) captadas pelo sistema sensorial que chegaram ao córtex cerebral (ATKINSON et al., 2002). Trata-se de uma experiência psíquica complexa e pessoal que sofre a influência de diversos fatores internos e externos ao observador. As pesquisas revelam alguns resultados quanto à percepção: (MIRA Y LÓPEZ, 2009) A capacidade de apreensão de estímulos é maior pela manhã do que à noite; As mulheres percebem com mais exatidão os detalhes que os homens; Os acontecimentos iniciais e finais são mais bem percebidos que os intermediários; O testemunho sobre dados qualitativos é mais preciso do que sobre dados quantitativos; As pessoas diferem entre si quanto à duração das vivências no tempo. Memória A memória refere-se ao conjunto de mecanismos psíquicos responsáveis pelo armazenamento das representações (de informações e experiências vividas), possibilitando sua fixação, retenção e posterior evocação (ATKINSON et al., 2002). O processo de armazenamento das informações é somente influenciado por condições orgânicas (MIRA Y LÓPEZ, 2009), ao passo que o processo evocador (reconstrução na mente da experiência vivida) é direta e profundamente influenciado pelas tendências afetivas. O processo de memória humana é complexo e compreende uma rede de relações entre o evento, o contexto, o estado de espírito e o conhecimento do observador a respeito dos fatos que ocorreram. Durante o processo de armazenamento, as informações e representações continuam a sofrer atuação de outros fatores, como as crenças, padrões, experiências vividas, novas informações, dentre outros. Efeitos dos estados emocionais sobre a memória: Recuperação lacunar das informações (a mente elimina conteúdos que trariam dor ou desconforto); Ampliação de atributos (recorda-se de algo ruim como pior do que realmente foi e de algo de bom como extremamente melhor); Fixação das recordações nos aspectos desagradáveis dos acontecimentos; Distorção da interpretação dos acontecimentos, por omissão dos aspectos relevantes, ampliação de detalhes pouco significantes ou combinação desses elementos; Desvanecimento dos traços de memória com o passar do tempo; Interferências entre conteúdos, os relatos misturam eventos e suas consequências; Incorporação de fantasias às recordações, particularmente nas narrativas de graves conflitos que se prolongaram por muito tempo; Preenchimento de hiatos de memória com suposições plausíveis, fenômeno corriqueiro mesmo em narrativas de incidentes sem maiores consequências. Outro fator que atua diretamente na evocação das lembranças é o lapso temporal decorrido entre o fato e o testemunho, verificando-se uma diminuição no grau de retenção das informações à medida que o tempo passa. Assim, quanto mais tempo transcorreu, menos preciso tende a ser o testemunho. A idade da testemunha também influencia esse processo, chegando-se a afirmar que nem as crianças, nem os velhos são testemunhas dignas de confiança (MIRA Y LÓPEZ, 2009). As crianças são extremamente sugestionáveis e os idosos tendem a se recordar mais facilmente do passado remoto do que do passado recente. Expressão do fato Quanto à expressão do testemunho, são raras as pessoas que conseguem observar com precisão os fatos, mantê-los exatos em sua mente e reproduzi-los com fidelidade por meio do processo da evocação voluntária. Em geral, os indivíduos não possuem inteligência verbal (MIRA Y LÓPEZ, 2009) para exprimir de forma exata suas vivências. São poucas as pessoas que conseguem descrever bem em palavras tudo quanto perceberam da realidade exterior. Também afetam a expressão do fato, o ambiente do interrogatório, os tipos de perguntas e a linguagem usada entre interrogador e testemunha. Se o ambiente da sala de audiências se apresenta desagradável até para operadores do Direito, para aqueles que não estão acostumados ao meio forense, esse ambiente se apresenta ainda mais ameaçador. Assim, a qualidade do testemunho passa pela existência de um ambiente tranquilo, onde a testemunha se sinta acolhida para relatar os fatos que presenciou. RELACÃO DO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA NO PROCESSO COM O ID A relação se dá na medida em que cada indivíduo possui o que Freud denominou de identidade de percepção. Neste fenômeno o ID (inconsciente) considera sempre a imagem mnêmica como sendo idêntica à própria percepção da realidade a que foi exposto. Assim sendo, para o ID, a lembrança da ingestão de um alimento, por exemplo, é o mesmo que ingerir o próprio alimento. Desse modo, a testemunha ao relatar aquilo que presenciou, procede de modo a reviver o momento por intermédio da percepção, da memória e da expressão dos fatos, recebendo, de igual forma, ajuda do ID, que lhe possibilitará reviver o episódio como se lá mais uma vez estivesse. REFERÊNCIAShttp://jus.com.br/artigos/37975/a-testemunha-no-processo-penal. Acesso em 07/12/2015. http://edukavita.blogspot.com.br/2013/04/id-definicao-conceito-significado-o-que.html. Acesso em 07/12/2015. https://www.passeidireto.com/arquivo/3752480/psicologia-do-testemunho. Acesso em 07/12/2015. �PAGE � �PAGE �12�
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