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ANESTESIOLOGIA MONITORAÇÃO DO PACIENTE ANESTESIADO: Os propósitos da anestesia? • Inconsciência. • Amnesia. • Analgesia. • Imobilidade. Emergências anestésicas => são imprevisíveis, tem início muito rápido e são devastadoras (se não entrar com tratamento rápido). Para evitar isso: MONITORAÇÃO ANESTÉSICA. Introdução: • Focos primários da monitoração de pacientes anestesiados: ➢ Profundidade da anestesia. ➢ Consequências cardiovasculares e pulmonares. ➢ Temperatura. • Plano muito leve de anestesia: ➢ Não atinge os objetivos básicos da anestesia. • Plano muito profundo: ➢ Alterações cardiopulmonares adversas. • Monitoração – vários parâmetros. • Cada medida define somente ela mesma: ➢ Não pode ser usada para definir o estado geral. ➢ Avaliar o máximo de parâmetros individuais possíveis. ➢ Análise de todos – estimar o funcionamento do organismo como um todo. Com base na frequência cardíaca se avalia o DC e consequentemente a pressão arterial. Observar volume, se precisar, fazer fluido para elevar os parâmetros. Mortalidade anestésica: ➢ Complicações, são muito comuns durante a anestesia. Se a taxa de monitoração for alta, a taxa de complicação é baixa. ➢ Mortalidade. ➢ Reconhecimento precoce. Como monitorar? • Registro: criterioso e registrado em planilha. • Plano anestésico / Analgesia / Sinais Vitais. • Quando iniciar a monitoração e quando parar? = a partir que injetei o primeiro fármaco, não precisa anotar, mas já monitorar e parar quando o paciente tive recuperação total do paciente na anestesia. • Intervalos? = 5 em 5 minutos, pois é um tempo favorável ainda que pode intervir em alguma complicação, como uma parada por exemplo. Profundidade anestésica: • Propósitos da profundidade anestésica correta: ➢ Evitar a consciência. ➢ Evitar a nocicepção. ➢ Evitar a movimentação do animal. • Evitar nível de anestesia excessivo: ➢ Hipoventilação. ➢ Hipoxemia. ➢ Hipotensão. ➢ Perfusão tecidual inadequada. ➢ Recuperação prolongada. • Fatores determinantes da profundidade anestésica: ➢ Quantidade de fármacos anestésicos no cérebro = quanto mais fármacos utilizados, maior a concentração no cérebro. Por isso se utiliza uma anestesia balanceada, para diminuir a quantidade de anestésicos ao paciente, com usos analgésicos por exemplo. ➢ Magnitude da estimulação cirúrgica (ou ambiental) = fazer o máximo de silêncio possível para não acordar o paciente. ➢ Condições subjacentes: P. ex., hipotermia. Profundidade anestésica: avaliação dos SINAIS FÍSICOS Profundidade anestésica: tradicionalmente dividida em estágios e planos. • Estágio I: acordado até a perda de consciência. ➢ Estado de consciência. ➢ Alteração do estado de consciência. ➢ Perda de consciência – fim do estágio I. • Estágio II: Estágio de excitação inconsciente = muitas vezes a depender do fármaco e o animal pode rosnar ou até morder. ➢ Movimentos musculares espontâneos. • Estágio III: DESEJADO (1 para o 3). ➢ Estágio de anestesia cirúrgica. ➢ Perda progressiva de reflexos. Planos anestésicos do estágio III: ➢ Plano 1 – normalmente o animal está muito responsivo – pode acordar facilmente e com reflexos. ➢ Plano 2 – plano de anestesia ideal - PROVA. ➢ Plano 3 – aceitável para alguns procedimentos. ➢ Plano 4 – muito profundo. ANESTESIOLOGIA Importante avaliar: posição do bulbo ocular e reflexo palpebral. Plano 4 com posição centralizado, animal muito deprimido e pode ir a óbito, por isso verificar o reflexo para confirmar qual plano está. = Para prova: citar os parâmetros do estagio 3 e plano 2. Respostas fisiológicas à nocicepção incluem aumentos abruptos na frequência cardíaca, pressão arterial ou frequência respiratória em resposta ao estímulo cirúrgico. • Estágio IV: ➢ Depressão extrema do SNC. ➢ Parada respiratória. ➢ Necessidade de reversão imediata deste estágio. Animais raramente se comportam segundo os livros: = Sinais consistentes simultâneos de dois ou mais planos. = Dúvida? = escolher plano mais leve. • Tônus mandibular – cães e gatos: ➢ Total – leve. ➢ Parcial – médio. ➢ Ausente – profundo = movimento muito fácil. ➢ Filhotes = não tem tônus mandibular ainda, será fácil abrir a boca mesmo que até acordado. • Tônus mandibular: ➢ Grandes animais – tônus muito maior. ➢ Ruminantes e suínos – reflexo de mastigação, mesmo que anestesiado, isso é comum. • Respiração abdominal = quando aprofundam na anestesia esse é o tipo de anestesia. • Reflexo pupilar: parassimpatolíticos (fármacos que dilatam pupila -se atentar). • Bulbo ocular – o que observar? ➢ Cetamina não rotaciona bulbo ocular. ➢ Equinos: = Não há tanta rotação. = Nistagmo lento – nível médio de anestesia. = Nistagmo rápido. = Lacrimejamento. ➢ Ruminantes e suínos. = Pode ocorrer nistagmo. = Rotação ventral. Sempre é possível monitorar os sinais físicos? = não é possível, como por exemplo uma cirurgia cervical, uma vez que os sinais físicos em sua maioria são na cabeça. SISTEMA CARDIOVASCULAR: • Frequência e ritmo cardíaco: ➢ Estetoscopia (cardíaco e esofágico) – mais básico. • Frequência cardíaca: ➢ Altamente variável em animais normais: ➢ Cães de grande porte: 60-120 bpm. ➢ Cães de pequeno porte: 80-160 bpm. ➢ Gatos: 120-220 bpm. ➢ Cavalos: 35-45 bpm. ➢ Pequenos ruminantes: 70-90 bpm. Problema da bradicardia ou taquicardia excessiva? = redução de DC = não chega oxigênio no cérebro e coração. Causas mais comuns de BRADICARDIA: Saber umas 3 causas para a prova. Causas mais comuns de TAQUICARDIA: Saber umas 3 causas para prova. Quando tratar uma Bradicardia? • Não existe um consenso. • Tratamento conservativo: quando 20-30% abaixo do normal. • Situações nas quais deve ser tratada? = quando estiver associada com baixa pressão arterial. • Quando não deve ser tratada? = quando estiver associada com pressão arterial alta, pois está ocorrendo mecanismo compensatório. Pode levar a hipertensão, comum com dextomidina. • Tratamento farmacológico? = mais utilizado a atropina. • Causas que não possuem tratamento farmacológico = se bradicardia for causada por hipotermia. Quando tratar uma Taquicardia? • Não existe um consenso. • Intervenção conservativa: 20% acima do normal. • Quando deve ser tratada? = quando associada com baixo DC e baixa perfusão. • Quando não deve ser tratada? = quando a pressão arterial estiver baixa e for compensatória a frequência elevada. • Causa? = tratar a causa, perdeu sangue, fazer fluido, esta com dor, usar analgésico. • Tratamento? = para diminuir FC = B-bloqueador, Metoprol, Esmolol. Eletrocardiograma: ANESTESIOLOGIA O que eu consigo “identificar” em um eletrocardiograma? = avaliar ritmo cardíaco, distúrbios eletrolíticos (potássio em principal). Pressão Arterial: • PAS (alta) x PAM (mais imporantante) x PAD (baixa). PAS (Pressão Arterial Sistólica): Pressão máxima nas artérias durante a sístole (contração do coração). Primeiro número na medição, ex.: 120/80 mmHg. PAD (Pressão Arterial Diastólica): Pressão mínima nas artérias durante a diástole (repouso do coração). Segundo número na medição, ex.: 120/80 mmHg. PAM (Pressão Arterial Média): Média ponderada da pressão arterial em um ciclo cardíaco completo. Indica perfusão tecidual, valor ideal > 65 mmHg. • Qual a mais importante fisiologicamente? = PAM. • Como calcular a PAM? PAS + (PAD x 2) / 3 • Pode variar com: ➢ Nível de estresse. ➢ Posição do animal. ➢ Técnica de mensuração. • Valores aproximados em cães e gatos/ cavalos, cabras e ovelhas (em mmHg): ➢ PAS: 100-160 / 90-130. ➢ PAM: 80-120 / 70-110. ➢ PAD: 60-100 / 60-90 Quando tratar uma Hipotensão? • Pressão arterial muito baixa que afeta perfusão cerebral e coronariana. • Hipotensão excessiva: ➢ PAM 80 mmHg. ➢ PAS > 100 mmHg. Quando tratar uma Hipertensão? • Ocorre na sua maior parte devido fármacos utilizados. • Valores inadequados e que merecem atenção imediata: ➢ PAM > 140 mmHg (aguda) / 120 mmHg (crônica). ➢ PAS > 180 mmHg (aguda) / 160 mmHg (crônica). • Definir a hipertensão na anestesia pela PAM. • Hipertensão grave aguda: ➢ Edema e hemorragia – mesmo quando transitória. ➢ Órgãos de maior preocupação: Cérebro e pulmões. • Hipertensão sustentada: ➢ Alta pós-carga. ➢ Descolamento de retina. ➢ Encefalopatia. ➢ Eventualmente – doença renal. Métodos Indiretos de Mensuração: Manguito, esfigmomanômetro, manômetro e doppler. • Esfigmomanometria: ➢ Largura do manguito de oclusão? = 30-40% da circunferência do membro do animal. ➢ E se ficar muito apertado ou muito frouxo? = apertado pode leva a valores artificialmente baixos e frouxo pode levar a valores falsamente elevados ou dificuldade em obter a medida, se deve deixar justo. ➢ Acurácia? = confiável para medir a pressão arterial, especialmente quando executada corretamente e com equipamentos calibrados. No entanto, fatores como o tamanho do manguito, posicionamento do paciente e movimento podem interferir nos resultados. • Doppler (apenas PAS) ultrassônico / palpação do pulso / auscultação. • Oscilométrico: ➢ Monitores. ➢ Quais parâmetros? PAS, PAD E PAM (mais confiável). ANESTESIOLOGIA ➢ Todas as técnicas não invasivas são menos precisas quando: = Hipotensão. = Vasos pequenos. = Vasoconstrição Métodos Direto de Mensuração: • Vantagens? = padrão-ouro. • Quais artérias utilizar? ➢ Cães e gatos: artérias metatarsianas dorsal, digital palmar comum, coccígea, lingual, femoral, auricular. ➢ Equinos: Artéria facial, transversa da face e metatarsiana. ➢ Ruminantes e suínos: Artéria auricular. • Gatos: ➢ Particularidades = tem menos irrigações colaterais ➢ Riscos = necrose de extremidades. ➢ Quando retirar o cateter? = quando observar que não há temperatura adequada na extremidade. • Patência da via é de grande importância. ➢ Solução heparinizada (1000U em 500 mL) = utilizada para evitar coagulação do sangue durante a cirurgia. • Tubo extensor: deve ser curto e de baixa complacência, para não diminuir a pressão arterial. • Menos confiável: cateter pequeno, tubos complacentes e longos e evitar que tenha bolhas de ar, pois impede o fluxo. Outras formas de monitoração Cardiovascular: • Pressão venosa central. • Mensuração de debito cardíaco com eletrocardiograma. • Tônus Vasomotor: sinais físicos para avaliar Resistência vascular sistêmica e perfusão tecidual. ➢ Coloração de mucosas. ➢ Tempo de preenchimento capilar. SISTEMA RESPIRÁTORIO: Frequência, Ritmo e Esforço • Frequência respiratória (FR) – valores? = somente valores extremos que são de importância. • Alterações da FR: indicador sensível de mudanças de plano, mudanças de plano anestésico, estimulo cirúrgico, por exemplo. • Apneia: ➢ Comum após indução da anestesia. ➢ Mesmo em planos muito superficiais. • Causas de taquipneia: ➢ Plano superficial de anestesia. ➢ Plano profundo de anestesia. ➢ Hipoxemia, hipercapnia, hipertermia. ➢ Hipotensão. ➢ Atelectasia. ➢ Estágio de excitação na recuperação. ➢ Dor pós-operatória. ➢ Delírio pós-operatório. • Como contar a frequência respiratória? = pelo movimento do balão respiratório. O monitor poder ser considerado se a curva estiver dentro do padrão. • O que avaliar além da frequência? = nada, pois não é possível medir o volume corrente. Ventilometria: • Método utilizado para avaliar e monitorar a função respiratória, medindo parâmetros relacionados à ventilação pulmonar. • Volume de inspiração: Volume corrente e Volume minuto (VM). • Para que serve? = avaliação da capacidade pulmonar, ventilação mecânica, distúrbios respiratórios, Capnometria: • O que é? = medida de CO2 expirado (EtCO2). • Manter de 35-45 mmHg (se estiver saindo mais, ele está hipoventilando, não eliminando de forma adequada). • Indicações: ➢ Intubação. ➢ Ventilação. ➢ Integridade do circuito de anestesia e reinalação de CO2. ➢ Extubação acidental. ➢ Apneia / obstrução Oxigenação: • Saturação de hemoglobina: com oxigênio: ANESTESIOLOGIA ➢ Arterial x Não invasiva. ➢ Normal? = 97-100%, ➢ Hipoxemia? = abaixo de 95%. ➢ Hipoxemia grave = abaixo de 90%. • Aparelho utilizado? = oxímetro de pulso. PaO2 x SpO2: • Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial. • Correlação? Com a Hipoxemia, texto anterior. ➢ A quantidade de O2 inspirado com ar ambiente que tem 21% de concentração, PaO2 fica em torno de 4-5 vezes, ou seja, 84-104 mmHg. ➢ Se estiver fornecendo 100% de O2, fica em torno de 4-5 vezes, chegando a 400-500 mmHg. = Saturação nuca estará abaixo de 98-100% se estiver sendo fornecido 400-500 mmHg, pois é o valor máximo. Se estiver menor normalmente é ser algum problema no monitor ou algum problema pulmonar (mas é raro isso). Oximetria de Pulso: • Monitor contínuo e audível. • Além da SpO2? = fornece frequência de pulso. • O que é necessário para leitura adequada? = ter um pulso adequado. • O que pode afetar a leitura? = vasoconstrição periférica, além de pelo que afeta a passagem de luz e a pigmentação de pele mais escura também pode afetar a leitura. • Erroneamente baixa? = na maioria das vezes será baixa. • Curva Pletismográfica = se ela não estiver adequada, significa que o valor não é confiável. Gasometria Arterial: • Como realizar o exame? = através da coleta de sangue arterial, em heparina de lítio e rodar na máquina. • Quais parâmetros a gasometria nos fornece? = PaO2, PaCO2, HCO3 e pH. • Desvantagem? = preço elevado e dificuldade de coletar sangue arterial. TEMPERATURA: Hipotermia: • Diminuição da atividade muscular. • Diminuição do metabolismo. • Depressão do centro termorregulador. • Vasodilatação periférica (anestésicos inalatórios). • Evaporação das soluções antissépticas. • Infusão de fluidos. • Contato com superfícies frias não isoladas (uso de pano de mesa estéril). • Evaporação de fluidos de cavidades. • Termômetros esofágicos ou retais (cirurgia = esofágico). • Até 36ºC: ➢ Normalmente não é prejudicial. ➢ Pode ocorrer alguma termogênese por tremor no pós- operatório. ➢ Sem atraso na recuperação. • 32-34ºC: ➢ Redução do requerimento anestésico (aprofundação). ➢ Recuperação prolongada. ➢ Tremor – maior parte dos animais (coisa boa = mantem o mecanismo de recuperar temperatura). • 28-30ºC: ➢ Efeito depressor importante do SNC. ➢ Pouco ou nenhum requerimento anestésico. ➢ Não ocorre termogênese por tremor – e então? = entrar com métodos par aquecer o paciente. ➢ Possíveis arritmias. ➢ Redução do consumo de oxigênio em 50%. ➢ Frequência e débito cardíaco – 35-40% do normal. ➢ Pressão arterial – 60% do normal. = temperatura de 21ºC para todos do centro cirúrgico, se o animal começar a cair a temperatura = pensar no animal. Considerações finais: • Atenção, registro e prática. • Monitorar o máximo possível de parâmetros individuais. • Variação de acordo com o procedimento. • Atualização.FISIOPATOLOGIA, AVALIAÇÃO E CONTROLE DA DOR: Por que tratar a dor? • Dor considerada o 5º sinal vital. ➢ Importante marco – desde 2011 é preciso avaliar. • Avaliação imediata: ➢ Se deve quantificar e tratar se for necessário. Médicos veterinários sabem quantifica-la e trata-la? = O QUE É DOR? “Experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal dano.” • Sensação desagradável percebida: ➢ Necessidade de consciência. ➢ Paciente em anestesia geral? • Taquipneia, taquicardia, hipertensão. ANESTESIOLOGIA Vias nociceptivas e processamento espinhal na dor aguda: Via “Simplificada” e “Fases” da Dor Aguda. Estimulo doloroso => percebidos por nociceptores (terminações nervosas espalhadas pelo corpo) => realiza transdução de estimulo químico, térmico ou químico, convertido em um potencial de ação – preciso alcançar um limiar de dor (1ª fase) => levou o potencial de ação = transmissão através de uma fibra mielinizada (fibra a delta) para o corno dorsal – medula espinhal => através de um neurônio aferente primário => ocorre então uma modulação negativa – com muita intensidade, retorna como uma forma de minimizar um pouco esse estimulo => chega até ao tálamo por neurônio aferente secundário (tálamo espinotalâmico = medula espinhal até o tálamo – neurônio de terceira ordem) => percepção chegando ao cérebro. Fisiologia da nocicepção: • Trato espinotalâmico: via nociceptiva mais importante do organismo. • Identificação do estímulo nocivo: ➢ Terminações nervosas livres dos neurônios de primeira ordem (aferente primário). ➢ Nociceptores. ➢ Transdução. • Aferentes primários / Neurônios de primeira ordem: ➢ Transmissão do estímulo elétrico. ➢ Adentra o corno dorsal da medula espinhal. ✓ Primeira sinapse => neurônio de segunda ordem (aferente secundário). ✓ Principal neurotransmissor = glutamato – NMDA – cetamina/metadona. ✓ Substância P = também pode estar envolvida -NK1. • Modulação: ➢ Entre o neurônio de primeira e o de segunda ordem. = Ocorre liberação de uma série de moléculas analgésicas: ➢ Opioides endógenos. ➢ Ativação da via da serotonina. ➢ Ativação da via da noradrenalina. • Modulação: ➢ Modula de forma inibitória os estímulos aferentes. ➢ Paciente sente menos dor do que sentiria sem essa etapa. • Condições patológicas: ➢ Dor crônica ou neuropática. ➢ Modulação excitatória. ➢ Liberação de moléculas excitatórias. • Neurônios de segunda ordem: ➢ Ascendem até o tálamo. ➢ Sinapse com neurônio de terceira ordem. • Sinapse com neurônio de terceira ordem: ➢ Também mediada por glutamato ou substância P. • Trato espinotalâmico. • Aferente terciário: ➢ Conexão com o córtex somatossensorial. ➢ Percepção. Para tratar a dor, precisamos entende-la, saber reconhece-la e avalia-la: Introdução: • Habilidade de sentir dor: ➢ Universal. ➢ Compartilhada por todos os mamíferos e outros vertebrados: peixes, pássaros, répteis e anfíbios. • Estudos científicos: ➢ Aspecto sensorial da dor. ➢ Sensação desagradável, aversão, emoções negativas associadas à experiência dolorosa. • Senciência: ➢ Capacidade de sentir emoções positivas e negativas • Médicos veterinários: ➢ Dever moral e ético de mitigar o sofrimento causado pela dor. • Avanços no reconhecimento e tratamento da dor: ➢ “Gap” entre ocorrência da dor e controle adequado da dor. • Princípios destes guidelines: ➢ A dor é uma enfermidade que pode ser reconhecida e efetivamente tratada na maioria dos casos. ➢ A dor é considerada o quinto sinal vital e sua avaliação deve ser incorporada em todo exame clínico básico. ➢ A analgesia preventiva e multimodal deve ser considerada sempre. ➢ A percepção de dor é influenciada por inúmeros fatores internos e externos, incluindo o ambiente físico e social. ➢ O tratamento da dor deve sempre incluir princípios farmacológicos e não farmacológicos. Entendendo a dor: • Experiência complexa multidimensional: ➢ Componentes sensoriais e emocionais. “Pain is not just about how it feels, but how it makes you feel.” • Pode ser classificada em aguda ou crônica: ANESTESIOLOGIA • Nociceptiva (aguda); neuropática (lesão nervosa); nociplástica. ➢ Crônica: - Mais de três meses de duração. - Nada muda subitamente após três meses DOR AGUDA: • Adaptativa. • Características: ➢ Associada a dano tecidual potencial ou real. ➢ Propósito = alterar rapidamente o comportamento animal. ➢ Varia em severidade e é proporcional ao grau de lesão tecidual. ➢ Autolimitante. • Exemplos: Procedimentos cirúrgicos; Trauma; Doenças de início agudo, como pancreatite. • Tratamento mais simples. • Pode envolver “dor inflamatória” DOR CRÔNICA: • Mal adaptativa / Patológica. • Características: ➢ Persiste além do curso esperado da condição aguda. ➢ Sem finalidade definida. ➢ Associada com condições patológicas recorrentes ou de longa duração. ➢ Podem existir sem uma causa específica. • Exemplos: Osteoartrite; Câncer; Doença periodontal. • Pacientes com dor crônica podem apresentar episódios de dor aguda: “Breakthrough pain”. RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DA DOR AGUDA EM GATOS: • Normalmente a dor aguda pode ser aliviada pela escolha correta de analgésicos: ➢ Opioides. ➢ AINEs. ➢ Anestésicos locais. • Cirurgias eletivas: uso de analgesia preventiva. ✓ Dor grau 1: dipirona. ✓ Dor grau 2: dipirona + AINEs. ✓ Dor grau 3: dipirona + AINEs + opioide fraco – como tramadol. ✓ Dor grau 4: dipirona +AINEs + opioide forte – como morfina, metadona. • Após trauma => tratamento iniciado o quanto antes. • Como avaliar a dor? = com uso de métodos validados. ➢ Escalas de dor. ➢ Sistemas de pontuação. ➢ Ferramentas. • Tratamento = continuar até diminuição da resposta inflamatória aguda. • Grau de trauma: depende da intensidade e duração da resposta inflamatória. • Plano analgésico individualizado. • Exames complementares: ➢ Beta-endorfina, catecolaminas, cortisol. ➢ Associação com dor aguda. ➢ Ansiedade, estresse, medo e fármacos. • Parâmetros: ➢ Pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória. ➢ Influência do estresse. ➢ Uso isolado? = durante o procedimento cirúrgico. Ferramentas para avalição da dor: • Escala Multidimensional da UNESP-Botucatu: ➢ Curta e longa. ➢ Validada em nove idiomas. ➢ ≥ 4/12 = resgate analgésico. • Escala de dor de Glasgow – Felinos. ➢ Glasgow composite measure pain scale – Feline. ➢ Moderadamente validada. ➢ ≥ 5/20 = resgate analgésico. • Escala Facial para Felinos: ➢ Feline Grimace Scale (FGS). ➢ ≥ 4/10 = resgate analgésico. • Validada para: ➢ Qualquer dor médica ou cirúrgica. ➢ Gatos com doenças em cavidade oral. ➢ Extração dentária. Avaliação e reconhecimento prático da dor aguda: • Bom conhecimento do comportamento normal: bastante útil. • Alguns gatos podem não demonstrar comportamentos indicativos de dor claros: ➢ Presença de seres humanos ou outros animais. ➢ Situações estressantes. • Passo-a-passo (cães e gatos): 1) Observar o animal à distância (gaiola/cama/canil): ➢ Postura. ➢ Expressão facial. ➢ Atenção à ferida. ➢ Interesse nos “arredores”. ➢ Vocalização (tipo, ausência ou presença). ➢ Se o animal estiver dormindo confortavelmente em uma posição confortável e relaxada, não o incomode. 2) Aproxime-se do animal calmamente: ➢ Abrir a gaiola/o canil. ➢ Observar a resposta do animal enquanto isso. ANESTESIOLOGIA 3) Interaja com o animal: ➢ Chamar pelo nome com voz gentil. ➢ Fazer carinho / brincar: observar a reação do animal. ➢ Caso não haja interesseem interagir: não forçar o animal e lhe dar espaço. 4) Se possível, enquanto toca o animal, deslizar a mão para mais perto da área dolorosa: ➢ Primeiro tentar tocar a região. ➢ Depois tentar aplicar leve pressão no local. ➢ Parar a abordagem logo que o animal demonstre uma resposta comportamental. ✓ Lamber os lábios, deglutição, virar a cabeça para sua mão, rosnar, tentar morder, chorar. 5) Utilize uma escala de dor validada para definir a pontuação referente ao nível de dor com base em suas observações. Expressões faciais e posturas corporais: • Gatos sem dor: Expressão facial. NORMAIS Postura corporal. Atividade. Alterações comportamentais associadas a dor em gatos: • Alterações na expressão facial. • Alterações na postura corporal. • Redução da atividade / interação (brincadeiras). • Redução do interesse pelo ambiente. • Apetite reduzido. • Caminhar ou distribuição do peso anormal. • Sentar ou deitar em posições anormais. • Animal se escondendo. • Sinais de agressividade relacionados ao medo. • Atenção a uma área específica do corpo. • Falta de “grooming”. • Balançar da cauda. • Posição curvada e/ou abdome tenso. Momentos de avaliação: • Avaliação antes da cirurgia (basal): Ideal. • O comportamento do gato pode alterar a avaliação da dor. • Presença de efeito sedativo: ➢ Esperar o animal assumir posição esternal. ➢ Estar orientado em relação ao ambiente. • Pós OSH: estudos – dor após 30 minutos até 6-8 horas. • Gatos não devem ser acordados. • Descanso e sono são bons indicativos de ausência de dor. ➢ Com posição normal. RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DA DOR AGUDA EM CÃES: • Expressão de comportamentos relacionados à dor são espécie-específicos e influenciados por: ➢ Idade. ➢ Raça. ➢ Comportamento. ➢ Tipo e duração da dor. ➢ Condição clínica. ➢ Presença de ansiedade ou medo. • Doenças debilitantes: ➢ Redução dramática da gama de comportamentos. ➢ Animal pode não vocalizar. ➢ Relutante em se movimentar. • Comparar com comportamento prévio. Alterações comportamentais associadas a dor em cães: • Alterações na expressão facial. • Alterações na postura corporal. • Redução da atividade / interação (brincadeiras). • Redução do interesse pelo ambiente. • Apetite reduzido. • Caminhar ou distribuição do peso anormal. • Sentar ou deitar em posições anormais. • Vocalização. • Relutância em se mover. • Atenção a uma área específica do corpo. • Reação alterada ao toque. • Adoção de posições para aliviar a dor. Ferramentas para avaliação da dor: • Não existe padrão-ouro. • Glasgow Composite Measure Pain Scale (Short Form) – CMPS-SF. ➢ ≥ 6/24 = resgate analgésico. ➢ ≥ 5/20 = quando a mobilidade não é avaliada. • 4A-Vet – French Association for Animal Anaesthesia and Analgesia. • Aplicativo: Vetpain. EQUÍVOCOS COMUNS RELACIONADOS À DOR: Opioides causam depressão respiratória em cães e gatos acordados. FALSO! Este equívoco vem da medicina humana, pois seres humanos são extremamente sensíveis aos efeitos depressores respiratórios. Altas doses de opioides no período intraoperatório podem causar problemas. PODE SER VERDADEIRO! Opioides intraoperatórios reduzem requerimentos anestésicos e proporcionam analgesia. Opioides em associação com outros agentes anestésicos podem causar depressão respiratória (solução fácil = ventilação). AINEs são tóxicos para cães e gatos. FALSO! Inflamação é um componente comum tanto da dor aguda quanto da dor crônica e, portanto, AINEs são parte importante do tratamento. Os benefícios analgésicos superam seus riscos. Usar os AINEs adequados para a espécie e avaliar individualmente os pacientes com riscos potenciais. Se eu aliviar a dor, o animal irá se mover, ser mais ativo, e irá romper a sutura ou trazer prejuízo ao reparo da fratura. FALSO! ANESTESIOLOGIA Permitir a dor pós-operatória para controlar o movimento é antiético. Quando o controle do movimento for necessário, devem- se utilizar outras técnicas. O apoio controlado do peso no membro “fraturado” melhora o reparo ósseo, evita atrofia e contratura muscular. Pacientes pediátricos não sentem dor. FALSO! Há forte evidência científica de que mamíferos neonatos experimentam dor e podem, inclusive, ser mais sensíveis a ela caso não seja tratada. Isso pode resultar em sofrimento de longo prazo. FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS: Função dos Anestésicos Locais: • Bloqueio reversível. • Geração e propagação de impulsos nervosos. • Bloqueio sensorial e motor. Transmissão da Sensação de Dor: • Fibras A e B (primeira dor): mielinizadas. • Fibras C (segunda dor - persistente): desmielinizadas. Propriedades Químicas dos Anestésicos Locais: Grupo Amina: • Duas formas. ➢ Protônica / ionizada. ➢ Não protônica / não ionizada (passa mais fácil) • Anestésicos locais = bases fracas. ➢ pKa = 8-10 / quando o pK estiver próximo ao pH esta mais não ionizado, passam pela membrana mais fácil, ou seja, efeito mais rápido. Se pK estiver mais longe do pH estarão mais ionizados, demora mais para surtir efeito. ➢ pH fisiológico – forma protônica ≈ forma neutra. ➢ pKa mais distante = mais demora para fazer efeito. Mecanismo de Ação: Se ligam num receptor dentro dos canais de sódio e impedem a passagem de sódio e assim, bloqueia o potencial de ação. A porção não ionizada (base sozinha não tem carga) se liga ao H, a parte ionizada que tem capacidade de se ligar ao canal e realizar o bloqueio. Resumo: não ionizada atravessa e ionizada a que se liga. Considerações Anatômicas: • Regiões mais proximais: inervadas por axônios com trajeto mais superficial. • Regiões mais distais: inervadas por axônios com trajeto mais próximo ao centro do nervo. • Anestésico local vai demorar mais tempo para chegar ao centro nervoso. As fibras nervosas no feixe do manto ou periférico inervam principalmente fibras motoras da parte proximal do membro, enquanto as fibras nervosas no feixe central inervam principalmente as fibras sensitivas do pé. Por conseguinte, o gradiente de concentração que se desenvolve durante a difusão inicial do anestésico local dentro do tronco nervoso faz com que o início da anestesia prossiga de seu local proximal em direção distal. A recuperação da anestesia também ocorre de sua localização proximal para distal, devido à absorção do anestésico local na circulação em torno do tronco nervoso. Farmacocinética dos Anestésicos Locais: • Remoção: circulação sistêmica. • Vascularização local. • Concentração. ANESTESIOLOGIA Anestésicos locais: LIDOCAÍNA: • Anestésico mais versátil e amplamente utilizado. • Rápido início de ação = 10 minutos. • Duração moderada – CV ou SV = 1-2 horas. • Toxicidade moderada. • 0,5%, 1%, 1,5%, 2%. • Vias de administração: ➢ Anestesia infiltrativa. ➢ Bloqueio nervoso periférico. ➢ Epidural ou intratecal. ➢ Anestesia regional intravenosa = bloqueio de Bier. ➢ Infusão contínua intravenosa: efeito antiarrítmico; redução da CAM; melhora da motilidade (equinos). ➢ Dessensibilização da laringe (spray 10%). ➢ EMLA 2,5% (lidocaína + prilocaína). BUPIVACAÍNA: • Altamente lipofílica. • 0,125%, 0,25%, 0,5%, 0,75%. • Início lento de ação = 20-30 minutos. • Longa duração = até 6 horas. • Elevado potencial de cardiotoxicidade: não realizar anestesia intravenosa regional = toxidade. • Formas de administração: ➢ Bloqueio infiltrativo. ➢ Bloqueio de nervos periféricos. ➢ Epidural. ➢ Intratecal. • Bloqueiodiferencial: baixas concentrações • Levobupivacaína: levoisômero ou enantiômero S; potencial cardiotóxico ligeiramente menor. Ropivacaína: • Menos cardiotóxica que a bupivacaína. • Ligeiramente menos potente. • Concentrações de até 1%. • Usos clínicos semelhantes à bupivacaína. • Início semelhante à bupivacaína = 20-30 minutos. • Bloqueio sensorial um pouco mais curto = até 6 horas. • Grau de bloqueio motor ligeiramente menor. Efeitos adversos: Doses Tóxicas e Efeitos Adversos: CÃES: GATOS: DOSES MÁXIMAS: • Lidocaína: ➢ Grandes animais: 6 mg/kg. • Bupivacaína: ➢ Grandes animais: 2 mg/kg. • Ropivacaína: ➢ Grandes animais: 3 mg/kg. OBS: cálculo para dose de anestésico local se usa como referência a dose máxima tóxica. Só não pode passar da dose tóxica = LIDO e BUPI.