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22/03/2012 1 Universidade de Brasília - UnB | Ciência dos Materiais | Prof. Claudio Henrique Pereira ENG AMBIENTAL – UnB Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil e Ambiental Aula 02 1 Estrutura e Ligações Atômicas Introdução: Estrutura Atômica • Porque estudar a estrutura atômica ? – As propriedades macroscópicas dos materiais dependem essencialmente do tipo de ligação entre os átomos. – O tipo de ligação depende fundamentalmente dos elétrons. – Os elétrons são influenciados pelos prótons e nêutrons que formam o núcleo atômico. – Os prótons e nêutrons caracterizam quimicamente o elemento e seus isótopos. 2 22/03/2012 2 Átomo • Unidade básica da estrutura interna para nossos estudos de materiais; • Estrutura de um material pode ser dividida em 4 níveis: – Estrutura atômica; – Arranjo atômico, – Microestrutura; – Macroestrutura. • Arranjo dos átomos influenciam de maneira significativa as propriedades físicas e comportamento mecânico dos Materiais. 3 Sub-atômico (Å) Átomo Atômico (nm - mm) Moléculas e Cristais Conceitos Fundamentais • Átomo – Núcleo muito pequeno composto por prótons e neutrons. – Envolvido por elétrons em movimento. • Cargas elétricas – Elétrons: -1,60 * 10-19 C – Prótons: +1,60 * 10-19 C – Neutrons: neutro • Elétrons mantêm-se “ligados” ao núcleo por atração eletrostática. 4 22/03/2012 3 Modelos simplificados de átomos 5 O átomo atual é um intrincado de partículas e subpartículas de cargas negativas e positivas iguais, ambas neutralizando a sua eletricidade. Conceitos Fundamentais • Massas – Prótons e neutrons: 1,67 x 10-27 kg – Elétron: 9,11 x 10 -31kg • Cada elemento químico é caracterizado pelo número de Prótons em seu núcleo – Número atômico (Z) • Varia de 1 (hidrogênio) a 92 (urânio) – Elementos que ocorrem naturalmente na natureza • Massa atômica (A) – Soma das massas dos prótons e dos neutrons • Número de neutrons (N) pode ser diferente para um dado elemento. 6 22/03/2012 4 Conceitos Fundamentais • Unidade de Massa Atômica (uma) – 1 uma equivalente a 1/12 da massa atômica do isótopo mais comum do carbono. • Peso atômico ou peso molecular – Pode ser especificado: • uma por átomo • massa por mol • Mol = 6,023 x 1023 átomo ou molécula Exemplo: - Peso atômico do ferro – 55,85 uma/átomo ou 55,85 g/mol. 7 Elétrons – Modelos Atômicos • São os eletrons, particularmente, os mais afastados no núcleo que afetam a maioria das propriedades de interesse da engenharia: – “eles determinam as propriedades químicas; estabelecem a natureza das ligações interatômicas e, consequentemente, as características mecânicas e de resistência; controlam o tamanho do átomo e afetam a condutividade elétrica dos materiais; e influenciam as características óticas”. 8 22/03/2012 5 Modelo Atômico de BOHR 9 Em 1913, Niels Bohr desenvolveu um modelo que apresentava concordância quantitativa precisa com alguns dos dados eletroscópios. Precusores da mecânica quântica Modelo Atômico de BOHR ▪ Elétrons orbitam ao redor do núcleo atômico em orbitais distintos. Elétrons – Modelos Atômicos • Outro princípio-mecânico: – Energias dos elétrons estão quantizadas • ao eletron só é permitido possuir valores de energia específicos. • níveis ou estados energéticos 10 22/03/2012 6 Comparação: Modelo de BOHR e Mecânico-ondulatório 11 Comparação entre os modelos atômicos de (a) Bohr e (b) mecânico-ondulatório em termos de distribuição eletrônica. Modelo Mecânico-Ondulatório Elétron é considerado como tendo características tanto de uma onda como de uma partícula. ▪ Posição do elétron é descrita por uma distribuição de probabilidades ou por uma nuvem eletrônica. Números Quânticos • Életrons respeitam níveis ou grupos quânticos, assim como dentro destes níveis, estão sujeitos a subníveis ou subgrupos específicos. • Cada elétron em um átomo é caracterizado por quatro parâmetros, chamados de números quânticos. 12 22/03/2012 7 Números Quânticos • Números quânticos principais (n) – Estrutura de níveis ou camadas principais • K (n = 1), L (n = 2), M (n = 3), N (n = 4), O (n = 5),P (n = 6),Q (n = 7) • Sentido crescente de energia. • Relacionado à distância de um elétron até o núcleo. • Segundo número quântico (l) – Forma da Subcamada (s,p,d, f) • s = 2 életrons • p = 6 elétrons • d = 10 elétrons • f = 14 elétrons. 13 Números Quânticos • Terceiro número quântico (m) – Número de estados energéticos em cada subcamada • S = 1 estado energético • P = 3 estados energéticos • D = 5 estados energéticos • F = 7 estados energéticos. • Quarto número quântico (ms) – Momento de spin (momento de rotação) • (+1/2; -1/2) 14 22/03/2012 8 Números de Estados eletrônicos disponíveis em algumas camadas e subcamadas eletrônicas 15 Diagrama completo de níveis energéticos 16 22/03/2012 9 Configurações Eletrônicas • Princípio de exclusão de Pauli – Conceito quântico-mecânico – Cada estado eletrônico pode comportar um número máximo de dois elétrons, os quais devem possuir valores de spin opostos. • Para a maioria dos átomos – Os elétrons preenchem os estados energéticos mais baixos possíveis nas camadas e subcamadas eletrônicas, dois elétrons por estado. – Quando todos os elétrons ocupam as menores energias possíveis • Estado fundamental. 17 Configurações Eletrônicas • Configurações eletrônicas – Representa a maneira segundo a qual esses estados são ocupados; – Notação convencional • Número de elétrons em uma subcamada é indicado por um índice sobrescrito após a designação da camada e subcamada. Exemplos: – Hidrogênio: 1s1 – Hélio: 1s2 – Sódio:1s2 2s2 2p6 3s1 18 22/03/2012 10 Listagem das configurações eletrônicas esperadas para alguns elementos comuns 19 Valência do Átomo • Valência de um átomo – Relacionada com a habilidade do átomo para entrar em combinação química com outros elementos; – Elétrons de valência • Aqueles que ocupam a camada preenchida mais externa chamada camada de valência; – Muitas das propriedades físicas e químicas dos sólidos são baseadas nos elétrons de valência. 20 22/03/2012 11 Valência do Átomo • Alguns átomos – Configurações eletrônicas estáveis • Estados dentro da camada eletrônica mais externa ou camada eletrônica de valência estão conmpletamente preenchidos; • Em geral, isso corresponde somente à ocupação dos estados s e p para a camada mais externa por um total de oito elétrons – Neônio, o argônio e o criptônio • Exceção – Hélio: apenas dois elétrons 1s • Esses elementos (Ne, Ar, Kr e He) são os gases inertes, ou gases nobres, que são virtualmente quimicamente não reativos. 21 Valência do Átomo • Em geral, os átomos tendem a buscar um arranjo altamente estável de 8 elétrons na camada de valência, mesmo que deixem de ser elétricamente neutros. – Átomos de baixa valência (≤ 3 elétrons) tendem a perder seus elétrons da camada de valência; – Átomos de 5, 6 e 7 elétrons na última camada tendem a receber elétrons; – Átomos de valência 4 tendem a compartilhar elétrons. • Dependendo destes mecanismos – Diferentes tipos de ligações entre os átomos • Influencia na maior parte das propriedades do material. 22 22/03/2012 12 Tabela Periódica • Elementos classificadosna tabela periódica de acordo com sua configuração eletrônica; – Posicionados em ordem crescentes de número atômico; • Sete fileiras horizontais – Períodos • Elementos localizados em uma dada coluna ou grupo possuem estruturas dos elétrons de valência semelhantes – Propriedades químicas e físicas semelhantes. • Propriedades variam gradualmente e sistematicamente, mudando no sentido horizontal ao longo de cada período. 23 Tabela Periódica dos elementos 24 22/03/2012 13 Tabela Periódica • Maioria dos elementos se enquadram na categoria de metais – Elementos eletropositivos • Capazes de ceder seus poucos elétrons de valência para se tornarem íons carregados positivamente. • Elementos situados no lado direito da tabela periódica – Elementos eletronegativos • Aceitam elétrons prontamente para formar íons negativamente carregados. 25 Tabela Periódica • Regra geral – Eletronegatividade aumenta ao se deslocar da esquerda para a direita e de baixo para cima na tabela. – Átomos apresentam maior tendência a aceitar elétrons se suas camadas mais externas estiverem quase totalmente preenchidas, e se estiverem menos 'protegidas” do núcleo. 26 22/03/2012 14 Estrutura do Átomo • Massa está concentrada no núcleo • Núcleo ocupa pequena parte do volume total do átomo • Eletrosfera ocupa a maior parte do volume • Eletrosfera tem pouca massa 27 Ligações Atômicas ENG AMBIENTAL – UnB Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 28 Universidade de Brasília - UnB | Ciência dos Materiais | Prof. Claudio Henrique Pereira 22/03/2012 15 Forças e Energias de Ligação • Princípios das ligações atômicas – Interação de dois átomos isolados • Colocados em proximidade a partir de uma separação infinita. 29 Compreensão de muitas das propriedades físicas dos materiais está baseada no conhecimento das forças interatômicas que unem os átomos. Forças e energias de Ligação • Grandes distâncias – Interações desprezíveis. • A medida que se aproximam – Cada um exerce forças sobre o outro • Fa = Força atrativa • Fr = Força repulsiva – Magnitude delas depende da distância interatômica. 30 22/03/2012 16 Forças e energias de Ligação • Fa (Força atrativa) depende: – Tipo específico da ligação; – Distância interatômica. • Camadas eletrônicas mais externas começam a se sobrepor – Intensa força repulsiva: Fr 31 Fl = Força líquida Soma das componentes de atração e repulsão (Fl = Fa + Fr) Dependência das forças repulsiva, atrativa e líquida em relação a separação interatômica para dois átomos isolados 32 22/03/2012 17 Forças e energias de ligação • Quando Fa e Fr se anulam Fa + Fr = 0 – Estado de equilíbrio: • Centro dos dois átomos irão permanecer separados pela distância de equilíbrio ro • Para muitos átomos ro = 0,3nm 33 Forças e energias de ligação • Algumas vezes é mais conveniente trabalhar com a energia potencial entre os dois átomos em lugar das forças El = Ea +Er – El = Energia líquida – Ea = Energia atrativa – Er = Energia repulsiva 34 22/03/2012 18 Forças e energias de ligação • Energias potenciais atrativa, repulsiva e líquida – Função da separação interatômica para dois átomos. • Curva da Energia potencial líquida – Soma das outras duas; – Apresenta um vale ou depressão da energia potencial ao redor do seu mínimo – Distância de equilíbrio (ro) • Corresponde à distância de separação no ponto mínimo da curva para a energia potencial. 35 Dependência das energias repulsiva, atrativa e líquida em relação à separação interatômica para dois átomos isolados 22/03/2012 19 Forças e Energias de Ligação • Energia de ligação (Eo) – Corresponde à energia nesse ponto mínimo; – Representa a energia que seria necessária para separar esses dois átomos até uma distância de separação infinita. • Situação ideal – Envolve dois átomos • Situação mais complexa – Materiais sólidos – Interações de energia entre muitos átomos – Energia de ligação, análoga a Eo, pode estar associada a cada átomo. 37 Forças e Energias de Ligação • Magnitude dessa energia de ligação e a forma da curva de ligação – Variam em função de material para material e ambas dependem da ligação atômica. – Exemplos: • Materiais com grande energia de ligação – Temperatura de fusão elevada; • Inclinação da curva ingreme – Material relativamente rígido; • Inclinação menos íngreme – Material mais flexível. 38 22/03/2012 20 Forças e Energias de ligação • Três tipos de ligações primárias podem ser encontradas nos sólidos (Ligações Fortes) – Ligação Iônica – Ligação Covalente – Ligação Metálica • Natureza da ligação depende das estruturas constituíntes dos átomos envolvidos. • Forças secundárias ou físicas – São mais fracas que as primárias, mas influenciam as propriedades físicas dos materiais. 39 Ligações interatômicas Primarias: Ligação iônica • Ligação iônica – Atração entre íons de carga elétrica contrária (íons positivos – cátions e íons negativos – ânions) – Forças coloumbianas – Ligação forte. • Buscar alcançar valor estável de 8 elétrons na camada de valência – Átomos metálicos podem perder elétrons; – Átomos não-metálicos podem ganhar elétrons. 40 22/03/2012 21 Ligações Interatômicas Primarias: Ligação iônica • Cloreto de sódio (NaCl) Material iônico clássico – Sódio pode assumir a estrutura eletrônica do neônio (e uma carga líquida positiva unitária) pela transferência do seu único elétron de valência 3s para um átomo de cloro. 41 Íons cloro adquirem carga líquida negativa e uma configuração idêntica ao argônio. Ligações Interatômicas Primárias: Ligação iônica • Ligação preponderantes nos materiais cerâmicos: – Ruptura frágil; – Condutividade baixa; – Temperaturas de fusão elevadas; – Material duro e quebradiço. 42 22/03/2012 22 Ligações Interatômicas Primárias: Ligação covalente • Ligação Covalente: – Ligação forte; – Busca em atingir o arranjo estável de 8 elétrons na camada de valência • Compartilhamento de elétrons entre átomos adjacentes. 43 Aproximação muito intensa entre elementos químicos que vão combinar ▪ Alguns elétrons da camada de valência de um átomo circundem o núcleo do outro ▪ Elétrons compartilhados pertencem aos dois átomos. Ligações Interatômicas Primárias: Ligação covalente • Ligação covalente é direcional – Ocorre entre átomos específicos e pode existir somente na direção entre um átomo e o outro que participa do compartilhamento de elétrons. 44 M o lé cu la s co n te n d o á to m o s d if e re n te s Diamante (sólidos elementar) Ligados covalentemente Moléculas elementares de não-metais (H2, F2, Cl2, etc.); Moléculas contendo átomos diferentes (CH4, H2O, HNO, etc.); Sólidos elementares (diamante, silício e germânio); Compostos sólidos com elementos localizados no lado direito da tabela periódica (GaAs, InSb, SiC). 22/03/2012 23 Ligações Interatômicas Primárias: Ligação covalente • Materiais ligados Covalentemente – Pouco dúcteis e baixa condutividade elétrica; – Materiais cerâmicos, semicondutores e polímeros • Totalmente ou parcialmente constituído por ligações covalentes. • Poucos compostos exibemligações de caráter exclusivamente iônico ou covalente – Grau de cada tipo de ligação depende de sua diferença de eletronegatividade • Maior diferença de eletronegatividade Mais iônica a ligação. 45 Ligações Interatômicas Primárias: Ligação Metálica • Ligação metálica – Encontrada nos metais e suas ligas; – Metais possuem um, dois ou três elétrons de valência; • Liberação desses elétrons para formação de uma “nuvem” de elétrons ao redor dos átomos. • Átomos restantes tornam-se íons positivos – Desbalanceamento elétrico • Núcleo maior quantidade de cargas positivas do que suas eletrosferas; – Núcleos dos átomos carregados positivamente pemanecem unidos formando uma rede de átomos • Atração mútua entre os átomos e a nuvem eletrônica. 46 22/03/2012 24 Ligações Interatômicas Primárias: Ligação Metálica • A ligação é não-direcional – Átomos presos na “nuvem” eletrônica não são fixados em uma única posição. • Metais – Bons condutores de calor e eletricidade • Elétrons livres; – Boa ductilidade • Sob tensão, quando os átomos são forçados a mudar a relação que têm entre si, simplesmente a direção da ligação é alterada. 47 Ligação metálica entre dois átomos de sódio Ligações Secundárias ou Ligações de Van der Walls • Ligações fracas em relação as ligações primárias – Princípio das ligações secundárias • Atração entre cargas opostas (coloumbianas) – Depende das distribuições assimétricas de cargas positivas e negativas » Dipolo • Energia de ligação – Ordem de 10 KJ/mol • Tipos: – Moleculas polares; – Dipolos induzidos; – Ponte de hidrogênio. 48 22/03/2012 25 Ligações Secundárias Moléculas Polares • Moléculas que apresentam um desbalanceamento elétrico – Centro da carga positiva não coincide com o centro da carga negativa; – Assimetria da molécula no tocante a configuração das cargas elétricas • Dipolo elétrico – Ligação intermolecular se dá pela atração eletrostática entre as extremidades positivas e negativas de cada molécula polar. 49 Exemplo de molécula polar - HF 50 O ácido fluorídrico (HF) se ioniza conforme a equação: HF → H+ + F- Esse ácido se classifica como semiforte (menos de 50% de suas moléculas ionizadas) 22/03/2012 26 Ligações Secundárias Dipolos Induzidos • Moléculas inicialmente simétricas que, por alguma razão, sofrem polarização momentânea – Formação de dipolos • Atração eletrostática. – Alteração momentânea da simetria elétrica • Decorrente do movimento ao acaso dos elétrons e da vibração atômica. – Atração é fraca porém não desprezível 51 Ligações Secundárias Ponte de hidrogênio • Caso particular de atração por moléculas polares – Carga positiva do núcleo do átomo de hidrogênio de uma molécula é atraída pelos elétrons de valência das moléculas adjacentes – Exemplo mais difundido: água – Mais forte das ligações secundárias • Energia de ligação de aproximadamente 30KJ/mol; – Influência das pontes de hidrogênio podem ser percebidas na água • Tensão superficial; • Viscosidade; • Fenômenos de sorção. 52 22/03/2012 27 Esquema ilustrativo da atração das moléculas de água: Pontes de Hidrogênio 53 Resumo dos principais tipos de ligações químicas 54 22/03/2012 28 Tipos predominantes de ligação em função do tipo de material 55
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