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INTRODUÇÃO Crie sua evolução profissional Sua carreira não é como um aparelho de jantar que você compra numa loja, define sua posse e o deixa em algum canto da casa. É muito mais que isso. É a possibilidade de realização da pessoa que você é. Por isso, precisa receber cuidados diariamente. gora, nossa conversa será sobre como colocar sua carreira num patamar de constante evolução. Tenho certeza de que é um assunto oportuno, pois, neste momento da sua vida, você deve estar procurando opções para seu desenvolvimento profissional. A Seja qual for a posição que você ocupa – um gerente que quer se tornar diretor, um empresário que está crescendo muito ou precisando sair do vermelho, um colaborador que se sente ameaçado por um programa de demissão etc. –, existe uma energia dentro de você que o impulsiona a ir adiante. Observe que as pessoas que estão conscientes da força interior que possuem sempre querem mais. Estacionar significa decadência, que é sinônimo de repetição e acomodação. A capacidade de evoluir é que torna os seres humanos especiais. Os animais, no auge de seu desempenho, simplesmente repetem. A melhor teia que uma aranha pode fazer, por exemplo, é aquela de que toda espécie é capaz. O ser humano, entretanto, pode criar, isso o torna único. Mudar, porém, é algo que acontece somente quando assumimos a responsabilidade pelo que somos e queremos. O poder de nos transformar nos pertence. Lembre-se: ninguém pode mudar nada por nós. Aliás, é a habilidade da autocriação que aproxima o ser humano de Deus. O Criador nos deu a semente da vida e nossa função é continuar sua obra. No entanto, a transformação é uma tarefa maior do que costumamos supor: implica superar barreiras, quebrar paradigmas, abandonar crenças, descongelar idéias e posturas cristalizadas. Requer um processo contínuo de revisão dos pensamentos e uma abertura permanente para o novo. Vida é movimento Além da força interior que nos impulsiona a mudar, escolher o caminho da transformação é fundamental para que possamos acompanhar a evolução do universo. As pessoas falam das mudanças do mundo atual, mas não é só a economia que muda, o próprio universo se transforma a cada momento, ele traz em si a dinâmica que gera o movimento dos planetas, o ciclo dos dias, o fluxo das nuvens e das águas, o ritmo da vida de cada planta ou animal. Mudar faz parte da própria vida. As rápidas transformações do mundo atual exigem também mudanças velozes para enfrentar os novos desafios que surgem. Mudar é também o verbo da realização. Um verdadeiro campeão sempre aproveita os períodos de incerteza para compreender quais oportunidades esse verbo proporciona. Por isso, estar aberto para evoluir permanentemente é fundamental para sua carreira. Não deixe que sua vida profissional seja decidida pelo destino. Faça um planejamento consciente para enfrentar os tempos difíceis. A maior parte dos executivos cuida com muito carinho dos projetos de suas empresas, mas não faz nada especial para melhorar o nível de sua carreira. Eles se enganam ao pensar que basta promover o bom êxito de sua empresa para automaticamente garantir o sucesso na carreira. Isso é apenas parte da verdade. e a seleção da qual você participa for campeã do mundo, certamente seu passe vai valorizar, mas o aumento poderá ser ainda maior se você cuidar com mais objetividade de sua carreira. Está na hora de você tomar conta da sua carreira, pois ela é sua e de mais ninguém. Você não pertence a nenhuma corporação, apenas a si mesmo. A responsabilidade pela sua evolução profissional não é da empresa em que você está trabalhando. Assim como desenvolver suas competências não é o papel da empresa. O que garante, de fato, a segurança de seu emprego é sua competência. S Claro que é ótimo quando você trabalha num lugar que investe no seu crescimento. Aliás, o valor de cada curso oferecido deve ser computado como a melhor parte do seu salário, porque o aprendizado oferecido garante o desenvolvimento da competência necessária para você seguir crescendo dentro da organização. Mas de nada adianta ter cursos disponíveis se você não assumir a liderança de seu processo de aprendizagem. Ao decidir se aceita ou não uma nova proposta de trabalho, por exemplo, não analise somente o salário, como, infelizmente, muitas pessoas fazem. A oportunidade de aprender deve pesar muito mais na sua decisão, porque evoluir significa desenvolver competências não apenas para o presente, mas principalmente para o futuro. É essencial que você busque o desenvolvimento de novas competências, pois as competências que fizeram você chegar aonde você está podem não ser suficientes para ajudá-lo a alcançar o que você quer. Saiba que carreiras estáticas são a maior ameaça à realização de nossos sonhos. Vida é aprendizado Na vida, as pessoas sempre aprendem, seja pela dor, seja pelo prazer. Tanto uma ameaça quanto um desafio podem nos motivar a continuar caminhando. Se você é uma pessoa que aprende pela dor, certamente vai arrumar gente para machucá-lo; se for alguém que aprende por prazer, vai encontrar quem lhe ofereça oportunidades. Das duas maneiras, o crescimento vai ocorrer, mas evoluir por prazer é, com certeza, muito mais fascinante. Por isso, tente evoluir especialmente quando você está em um emprego do qual gosta! É preciso entender que evoluir pode ser uma questão de resolver problemas ou de aproveitar oportunidades, dependendo de como você encarar a vida. Observe qual palavra é mais freqüente em seus pensamentos: ameaça ou oportunidade. essoas que sentem muito ameaçadas geralmente funcionam na base da cobrança e precisam de um chefe no seu encalço, enquanto as que enxergam as oportunidades têm conquistado grandes vitórias em suas carreiras sem sofrimento. P Este é o momento em que você pode transformar ameaças em oportunidades! O primeiro passo para melhorar sua vida profissional é, então, definir o que você quer e se organizar interiormente para evoluir e enfrentar essa mudança. Torço para que você tenha coragem de dar esse salto em sua vida. Algumas perguntas para ajudar você a refletir: • Para onde você quer levar sua carreira? • O que falta para você planejar melhor sua carreira? • Você está disposto a enfrentar o desafio da mudança? Lembre-se sempre: metas maiores exigem competências maiores. PARTE 1 O trabalho como uma fonte de felicidade A fórmula do sucesso profissional é simples e eficaz: vocação mais competência. Nenhum desses dois aspectos isoladamente serve para um campeão. É hora de reavaliar tudo. m dos pontos mais importantes para alguém transformar o trabalho em felicidade é mudar a maneira como o encara. Infelizmente, a maioria das pessoas ainda considera o trabalho um sacrifício necessário para garantir a sobrevivência. Se perguntássemos a elas o que é o trabalho, provavelmente responderiam: U - É o sofrimento de um mês inteiro em troca de um salário. Não é difícil notar o quanto encarar o trabalho dessa maneira é desgastante. O neurologista austríaco fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, um dos maiores conhecedores da alma humana, dizia que a felicidade se baseia no amor e no trabalho. Para ele, a influência da realização profissional na felicidade é definitiva. Realizar-se profissionalmente não é só um passaporte para o dinheiro, mas também para a felicidade. Se seu trabalho não está produzindo a sensação de plenitude, então está na hora de reavaliaro que você está fazendo com sua vida. Numa pesquisa nos Estados Unidos, foi perguntado a um grupo de executivos se eles estavam satisfeitos com seus empregos. Para os que responderam positivamente, questionou-se também qual o principal motivo da satisfação. As respostas foram as seguintes, na ordem relacionada: “Aqui eu tenho desafios à altura de minha capacidade”; “Aqui eu aprendo”; “O salário é muito bom”. As pessoas de sucesso estão sempre procurando algo além da remuneração. Sua ambição profissional transcende o salário. Eles querem oportunidades para se sentir competentes no que fazem. Saia da lista dos descontentes - Roberto, odeio trabalhar em banco, mas, se eu sair daqui, sei que não vou arrumar outro emprego. Quantas vezes você já ouviu uma frase parecida com essa? Provavelmente, inúmeras vezes. Bem, para não ser mais um nessa enorme lista de descontentes, é fundamental ter coragem de evoluir. Trabalhar sem prazer faz qualquer pessoa querer se livrar rapidamente das tarefas, para sair o mais cedo possível. Conseqüentemente, essa pessoa produz cada vez resultados mais pobres. Certa vez, cheguei atrasado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A causa de minha demora já serviu de inspiração para que o saudoso Tom Jobim, mesclando transtorno e poesia, compusesse um dos clássicos da MPB. Eram as águas de março, que, além de fechar o verão, fechavam também todas as possibilidades de tráfego. Naquele dia, eu tinha uma palestra em Joinville, Santa Catarina. Cheguei em Congonhas às 13h30 para embarcar às 14 horas. A companhia aérea tinha dois guichês de chek-in com atendentes. Um deles estava lotado. Algo em torno de quarenta pessoas se aglomeravam buscando atendimento. Uma única funcionária tentava, em vão, administrar o caos. No outro guichê, dois homens trajando ternos elegantes disputavam a atenção de outra funcionária. Então, me lembrei de que paulistano adora entrar numa fila e corri para o guichê em que estavam os dois rapazes de terno. Eles conversavam animadamente. Cinco infinitos minutos se passaram até que eu resolvi tomar uma atitude e disse: -Moça, por favor... Imediatamente, os rapazes se viraram em minha direção. Observei que eles portavam o crachá da empresa aérea. De repente, um deles disse: - Eu não sei qual é a pergunta que o senhor vai fazer, mas a resposta é não. Como estava com muita pressa, nem tive tempo de expressar minha raiva. Fui para o guichê superlotado. Vi um rapaz despachando as bagagens e falei: - Por favor, preciso embarcar agora para Joinville. Ele, então, correu em minha direção e disse: - Puxa, o senhor está superatrasado! Rapidamente, pegou meu bilhete, saiu apressado e, pouquíssimos minutos depois, voltou com meu cartão de embarque e me informou o número do portão. Fui o último a entrar no avião. Em seguida, a porta se fechou e a aeronave decolou. Enquanto viajava, pensei nos dois grupos de funcionários que compõe essa empresa e nas diferentes percepções que os protagonistas dessa história têm em relação à empresa em que trabalham: para a atendente e os dois rapazes que a paqueravam, provavelmente, a empresa era uma chatice, repleta de controles rigorosos e de pessoas que os ameaçavam o tempo todo. Já para o rapaz que embarcava as bagagens, aquela possivelmente era uma empresa cheia de oportunidades, em que ele poderia crescer profissionalmente, chegando com rapidez a um cargo de supervisor. Assim é o mundo: as pessoas vivem de acordo com a realidade criada a partir de suas percepções. É a sua percepção a respeito de um fato que o leva a adotar certas posturas. bserve que as pessoas que você admira, porque realizam as metas a que se propõem, são aquelas que percebem o mundo como um lugar cheio de oportunidades. Elas estão sempre atentas para as chances que aparecem e sabem aproveitá-las. O Portanto, sempre que você escutar um comentário, antes de analisar o significado do que você ouviu, tente examinar quem é o autor da mensagem. Pergunte-se: - Quem está fazendo este comentário? Porque, na verdade, não existe um único universo, mas infinitos, que variam de acordo com a percepção que cada pessoa tem. Lembre-se: os perdedores falam sob a perspectiva dos perdedores. Os campeões falam sob a perspectiva dos campeões. Agora, você deve estar começando a notar o quanto sua vida é uma conseqüência do que você é. Reflita mais sobre isso. Essa é uma descoberta que você precisa fazer antes de partir para a mudança. Pois, quando você perceber que as verdadeiras transformações só acontecem quando você decide se transformar, será capaz de, efetivamente, mudar algo em sua realidade. A fórmula do sucesso profissional Se você está infeliz no que está fazendo, procure dentro da empresa outro setor onde se sinta motivado. Se você não se dá bem com seus companheiros, procure ajuda no Departamento de Recursos Humanos. É muito importante a gente sentir orgulho por pertencer a uma equipe. Se não for possível ser feliz no trabalho que você está hoje, mude de emprego, desenvolva novas competências e vá continuar sua carreira em outro lugar. Não desperdice sua vida pela segurança do salário. liás, a fórmula do sucesso profissional é muito simples e bastante eficaz: vocação mais competência. Dinheiro sem alma é o caminho para a pobreza espiritual. E talento sem dinheiro é o caminho para a pobreza material. A Para um campeão, isoladamente, nenhum desses dois aspectos serve. Por isso, é fundamental que você consiga trabalhar com o que gosta. Mas também não adianta nada fazer o que você gosta de maneira incompetente. O fruto de seu trabalho deve ser nutritivo e saboroso, lucrativo e satisfatório. Dicas para o pessoal de Recursos Humanos Um dos maiores desafios hoje é manter em uma empresa os grandes talentos, pois os melhores profissionais sempre recebem muitas ofertas de emprego. Perdê-los para a concorrência não é só um problema, mas uma catástrofe. Para que os campeões continuem em sua empresa, é preciso muito mais do que uma simples remuneração.É necessário avaliar o grau de felicidade das pessoas que atuam em sua empresa e criar programas de desenvolvimento individual para seus colaboradores. Lembre-se: o prazer de se sentir competente é uma das maiores fontes de felicidade para seus funcionários. Ajudá-los a se sentirem competentes é uma grande estratégia para manter os bons profissionais a seu lado. PARTE 2 Vocação: uma opção essencial A palavra vocação vem do latim, uma tradução da idéia de “chamado” e “escolha”. Provavelmente significa lembrança e se refere à memória daquilo que você é de verdade. Você já parou para lembrar de você? ma roseira é uma roseira, e tudo que ela produzir tem de ser a partir de sua essência de roseira. Eu não imagino que uma orquídea viva angustiada por querer ser um pinheiro nem que uma laranjeira fique infeliz por desejar ser um pessegueiro. A felicidade profissional vem quando trabalhamos em algo que verdadeiramente tenha a ver com nossa vocação. U Um artista pode se transformar num bancário, mas terá de se tornar, pelo menos, “um bancário artístico”. Se ele lutar contra sua essência e eliminar a sensibilidade característica do artista, estará fazendo um grande mal a si próprio. Provavelmente, prejudicará sua carreira e, de quebra, correrá o risco de ser infeliz.A maior parte das pessoas escolhe a profissão por motivos que não têm nada a ver com sua alma. Alguns a escolhem pelo glamour. Ser sociólogo, por exemplo, era o máximo na década de 60. Já nos anos 80, a moda era ser psicólogo. Nos anos 90, o que dava status era ser publicitário. E ser artista é algo que está na moda o tempo todo. Mas a frustração chega quando a pessoa descobre que, junto com o glamour, o status ou qualquer outro motivo que tenha levada à escolha da profissão, vêm os desafios característicos de toda e qualquer tarefa. No entanto, aqueles que escolheram a profissão seguindo a vocação, enfrentam esses desafios com imenso prazer. Há também aqueles que resolvem seguir uma determinada carreira para realizar os sonhos da família. Às vezes, o pai gostaria de ter sido médico, mas não conseguiu e fica, então, tentando fazer o filho ou a filha seguir essa profissão. Outras vezes, o pai é um poderoso empresário e quer que o filho perpetue seu negócio. Mas o jovem não tem a mínima vocação ou habilidade para tocar uma empresa.Aí, começam os conflitos, sem que nenhum dos dois perceba o que está acontecendo de fato. O pai, às vezes acha que o filho é preguiçoso, e o filho, depois de tanta cobrança, acaba se convencendo de que um dia vai mudar de vida. Ele até se esforça para deixar o pai feliz, mas logo se dá conta de que tudo o que faz vem acompanhado de desprazer e frustração. Nesses casos, o melhoré ter uma conversa franca com seus pais. Você deve agradecer os cuidados deles, mas dizer que precisa seguir seu próprio caminho. Existe ainda quem, por conta da crise econômica, escolha a carreira pensando no retorno financeiro. O que dá dinheiro? Informática, telecomunicações, tecnologia da informação? Poucos, infelizmente, percebem que optar por uma profissão sem paixão é como se casar com alguém muito rico sem sentir amor. Se já é trabalhoso com paixão, imagina como a coisa fica sem desejo! Finalmente, existe o grupo dos que escolhem a carreira para evitar problemas. Por exemplo: são os novos empresários que pretendem montar um negócio porque não querem ter chefes. Logo descobrem que possuir o próprio negócio é transformar cada cliente em um chefe. Como a maioria das decisões é tomada em momentos de rebeldia, seja na adolescência dos menores de 20, seja no inconformismo assumido daqueles com mais de 40 anos, muitas vezes as pessoas não têm clareza sobre o que querem. Elas definem somente o que não querem. Veja alguns exemplos: • “Eu não quero um emprego em que eu não possa viajar”; • “Eu não quero mexer com números”; • “Eu não quero lidar com gente o dia inteiro”. Eliminar opções não significa que você encontrou alguma. Em qualquer um dos casos acima, perceba que as frases não trazem qualquer informação sobre a vocação da pessoa. Bem, como você vai se sentir melhor: sendo um goleiro, um defensor ou um atacante? Querer transformar o Edmundo em goleiro, provavelmente, vai criar muitos problemas. Por isso, você tem que fazer o que o faz se sentir bem, ainda que isso não o desobrigue de realizar certas tarefas que o desagradem. Afinal, o atacante precisa ajudar na defesa e o defensor, participar de alguns ataques, assim como o goleiro. Aprendendo a escutar O primeiro passo para encontrar respostas é escutá- las. Em geral, aqueles que estão buscando definir melhor a vida profissional fazem muitas perguntas, mas escutam muito pouco. Na maior parte das vezes, quando oriento algum executivo ou empresário nessa fase da vida, percebo que mal começo a responder uma pergunta e ele já está levantando outra questão. Nesse tipo de busca, as respostas que você recebe são muito importantes. Portanto, escutar é fundamental para saber qual é sua real vocação – especialmente quando você aprender a ouvir sua voz interior. E para ouvi-la, você terá que criar momentos para estar em silêncio. Em uma de suas canções, Gilberto Gil nos dá uma grande pista: “Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós”. Parece que ele realmente entende das coisas, porque sabe que o quanto é fundamental estar consigo mesmo, especialmente para ouvir o Deus que existe em nosso interior. Para escutar sua voz interior, o ideal é ir para um lugar silencioso, uma praia, talvez uma montanha. Um lugar sem revistas, livros, walkman, computador etc. E ficar sentado ou caminhar. Claro que, quem quer procurar o silêncio, antes de encontrá-lo, vai passar por alguns desafios. Primeiro, quando você tentar se isolar e ir sozinho, por exemplo, para uma praia ou para a casa de um amigo, vai acabar sentindo vontade de fazer muitas coisas. Então, vai precisar resistir à tentação de ligar a TV, o computador, navegar pela internet, ler seu e-mail. Não satisfeito, também vai pensar em sair, se distrair, conhecer alguém diferente, apreciar melhor o lugar etc. Quando essas tentações surgirem, lembre-se: você é o único que pode dar esse tempo para pensar em sua vida. Se você conseguir sobreviver a esse primeiro desafio, terá chance de se encontrar consigo mesmo. Depois, virá aquela saudade de alguém. Então, você sentirá vontade de pegar o telefone, ligar para que ela ou ele venha visitá-lo. Se você não resistir, der um telefonema e a pessoa não puder vir, vai brigar, ficar com raiva, amargurar lembranças ruins dessas pessoas, ou seja, vai ficar com ela ou ele (ainda que seja na imaginação) e deixar de ficar com você mesmo. Mas, se você ultrapassar também esse segundo desafio, começará, então, a sentir alguns arrependimentos e a se lembrar do passado. Agora, que você já está no caminho, terá que , antes de mais nada, deixar o passado e as lembranças lá atrás. Lembre-se: se você agüentou até agora, não custa nada parar de pensar no que já passou e começar a conversar com você. E aí: pronto! Boa sorte! Para você treinar seu ouvido a escutar você mesmo, vou propor algumas reflexões. Que tal conhecer melhor suas próprias idéias acerca de seu futuro? Você pode começar visitando seus sonhos de adolescência. O que faltou para realizá- los? Será que eles ainda estão vivos dentro de você? O que gostaria de fazer de verdade na vida? Analise seus desejos mais profundos, independentemente das chances de torná-los reais. Muita gente coloca tantos obstáculos para a realização de um desejo que os elimina antes mesmo de qualquer tentativa de alcançá-los. Também é interessante conversar com outras pessoas sobre suas descobertas. Ouça e analise as várias possibilidades, mas escute, principalmente, sua consciência. Dê um tempo para que suas decisões amadureçam. Não adianta entrar precipitadamente numa faculdade, por exemplo, e se arrepender logo em seguida. Esse intervalo para refletir antes de tomar uma decisão é, com freqüência, cheio de angústias. Por isso, paciência é fundamental. Quando fizer sua escolha, saiba que ela é somente o princípio de uma longa caminhada. Na verdade, existem momentos especiais em que é preciso olhar para dentro de si mesmo para encontrar a resposta. É assim na hora de: - escolher uma profissão; - decidir em que empresa você vai trabalhar; - optar entre ter um emprego ou um negócio próprio; - avaliar como você deve se posicionar no mercado; - examinar que imagem vai criar para você. Muitos profissionais criam uma imagem para aproveitar um momento e, depois, precisam agüentar o peso de carregar por todaa vida. E a bagagem vai ficar bem mais leve se sua marca pessoal refletir quem você é. As pessoas, em geral, tomam decisões importantes analisando somente racionalmente os vários fatores que podem influenciar a escolha, mas é fundamental que, além disso, você se sinta feliz com sua decisão. Então, depois de resolver para que lado você vai andar, comece a caminhada. Vários profissionais comentam comigo: - Roberto, sei que estou vivendo minha vocação, mas o que eu ganho é muito pouco. Claro que não basta fazer o que se gosta. Todos precisamos de um mínimo de tranqüilidade para viver. Por isso, se você tiver certeza de que está fazendo o que gosta, é importante se capacitar para que seu trabalho lhe traga, além de prazer, tranqüilidade. Competência é... ...a capacidade de transformar esforço em resultados. ...a habilidade de transformar talento em lucros. ...saber escolher os frutos de seu suor. ... a capacidade de transformar ameaças em novas oportunidades. PARTE 3 Mudanças: o despertar de uma nova era! “Se as mudanças no mundo estão acontecendo num ritmo mais intenso do que na organização, é sinal de que o fim está próximo.” Jack Welch, ex-presidente da General Electric voluir é a própria condição para a sobrevivência. Para enfrentar os novos desafios do mundo atual, é preciso acompanhar as rápidas transformações. São mudanças que se processam nas empresas e nos indivíduos. Pois empresas campeãs são formadas por seres humanos campeões. E Você sempre tem a opção de viver estagnado, mas o preço que pagará por isso será, provavelmente, muito alto. É como pagar a conta com o que você tem de mais precioso: todo seu potencial criativo. É imprescindível que as pessoas tenham consciência da rapidez das mudanças e aproveitem o momento não apenas para farejar bons negócios, mas, principalmente, para criar competências que lhes garantam vitórias. Como disse o piloto italiano Mario Andretti, campeão de Fórmula 1 em 1978 e de Fórmula Indy em 1984: “Quando tudo está sob controle, é sinal de que não estamos indo suficientemente rápido”. Não adianta querer impedir que as mudanças ocorram; elas são maiores que nós. É impossível deter a globalização, a autonomia da mulher, o desenvolvimento dos negros na nossa sociedade, a jovialidade dos idosos, a impetuosidade dos jovens. Em vez de gastar sua energia negando as transformações, é melhor investir sua força na renovação. Como nada nesse mundo fica estático, as vantagens competitivas adquiridas pelo seu negócio estão correndo o risco de se tornarem ultrapassadas o tempo todo. Por isso, devemos sempre nos adiantar às situações que surgirão. E isso só pode ser feito a partir da adoção de uma postura de mudança permanente. É preciso se antecipar aos acontecimentos para aproveitá-los melhor. Se somos ótimos datilógrafos no momento em que surge a informática, é importante aprender a usar computadores. O nosso conhecimento sobre as máquinas de datilografar deve ser rapidamente adaptado, reformulado e transformado. Ou montamos uma escola de digitação, ou desenvolvemos softwares, ou vamos vender computadores. E não há eficiência que dê conta de criar vitórias com negócios fracassados. Nem o melhor profissional do mundo, o mais bem informado e reciclado, conseguiria obter sucesso com uma escola de datilografia! Portanto, estar atento é fundamental, porque o mercado está sempre evoluindo. A tendência das pessoas comuns é relaxar depois do esforço de implantar uma mudança. Mas a acomodação pode ser fatal. Não devemos nos apegar à velha máquina de escrever e aos conceitos do. Não há saídas para os tempos de ontem. Ok, talvez você esteja mais tranqüilo do que os datilógrafos porque está desenvolvendo ótimos programas de computador. No entanto, terá de tomar um outro cuidado: vem aí uma invasão de empresas estrangeiras. Ou seja, você também terá de dar um salto, tornando sua empresa mais ágil para que ela possa ocupar um novo nicho de mercado. Para isso, você precisará se recriar. À medida que você criar algo novo e começar a lucrar com isso, outras empresas inovarão e virão correndo atrás de seus clientes. E aí vai começar tudo de novo: reciclagem, reinvenção e novas soluções. É a nova ordem. Mundo de adrenalina... Sempre que você alcançar uma vitória, é chegada a hora de: - parar e analisar quais são as tendências do mundo e do setor em que atua; - perceber quais as necessidades e os desejos das empresas e das pessoas; - antecipar as novas oportunidades de negócio e criar soluções para essas necessidades; - mostrar ao mundo suas opções; - vender, vender e vender. Esse mesmo processo de recriar uma empresa serve também para você alavancar sua carreira: - analise as tendências da sua empresa, do seu setor e do mundo; - descubra quais são as necessidades de seu chefe e de sua empresa; - antecipe as oportunidades de ascensão profissional; - crie competência (falar alemão, fazer um estágio na matriz) e as mostre ao mundo. O desejo de vencer e o incômodo da derrota Infelizmente, a maioria das empresas e das pessoas não consegue se recriar. O sucesso faz elas ficarem cada vez mais satisfeitas com o resultado atual, reforçando as estratégias empregadas, a maneira de decidir, de agir e cria vulnerabilidade às novas regras de mercado. Então, a inércia começa a destruir a ousadia e a consciência da necessidade de evolução até que o tranco de uma derrota evidencia que é preciso despertar para uma nova era. Existem dois grandes motivadores da mudança: o desejo da vitória e o medo da derrota. Quando se pergunta a um atleta por que ele se dedica tanto, treina muito, batalha pelas jogadas, a maioria absoluta diz: - Não sei se é porque adoro vencer ou porque odeio perder. Quando você pergunta a um ator por que ele se dedica tanto, a resposta mais comum é: - Porque eu adoro os aplausos e odeio a possibilidade de errar. Esses são os dois componentes da mudança: o desejo de vencer e o incômodo da derrota. O campeão sabe que a derrota o espera na próxima esquina e o medo de experimentar o sabor do fracasso o impulsiona para a evolução, pois é a evolução que o fará sentir o prazer da vitória. Vamos imaginar um adolescente pobre que vive numa favela dessas tão comuns nos grandes centros urbanos. Quando esse jovem analisa seu futuro, percebe que, à primeira vista, tem dois caminhos básicos a seguir: ser pobre como os pais ou se envolver com o tráfico de drogas. Ser pobre, para ele, significa proporcionar aos filhos a mesma vida que ele teve. Trabalhar com o tráfico significa morrer cedo ou viver na prisão como ele está cansado de ver acontecendo com ex-amigos. Então, ele percebe que abandonar sua vida na inércia do destino não oferece perspectivas muito motivadoras. Para continuar na favela não é preciso nenhuma imaginação, é só observar o que ocorre ao redor e ir adiante. Sua vida começa a se diferenciar no momento em que ele se sente angustiado de ter perspectivas tão desanimadoras e pressente que não precisa ser assim. Ele assiste aos programas de televisão, vê o estilo de vida de outras pessoas e passa a se identificar com suas casas e seus escritórios. A angústia se transforma em curiosidade. Ele continua a observar outras pessoas, outros lugares e, cada vez mais, se dá conta de que seu caminho pode ser diferente. Ele gosta da ousadia dostraficantes, mas não gosta da loucura da vida que eles levam, sempre fugindo dos confrontos com a polícia ou com as outras quadrilhas. Ele gosta da ética e da simplicidade de seus pais, mas não gosta de seus resultados. A curiosidade vai aumentando, ele observa os médicos, os professores, o patrão no trabalho onde ele é office-boy e, dentro dele, vai ficando clara a visão do que sua vida pode se tornar. Aos poucos, percebe que algo deve ser feito de diferente se quiser realizar esse caminho que está visualizando. Retoma, à noite, os estudos que havia parado, começa a se espelhar no doutor Luís, seu chefe, e, às vezes, até seu jeito de falar parece com o dele. Os colegas de rua ironizam suas mudanças, mas, apesar disso, o rapaz continua seu caminho. A mãe tem pena dele, do sacrifício que faz, e lhe pergunta sempre se vale a pena lutar tanto. Ele continua. Lentamente, nota que é um garoto especial, que pode construir muitas coisas. Sua maneira de agir e de pensar vai se diferenciando, inclusive dos colegas de escritório. Ele não perde a oportunidade de mostrar sua vontade de crescer e sua carreira na empresa deslancha. Talvez você esteja pensando: - Mas, Roberto, o que isso tem a ver com minha vida? Eu não moro numa favela nem tenho problemas de aceitação de meus amigos.Bem, já concordamos que você quer crescer, não é? Pois saiba que seu processo de crescimento tem muito a ver com o rapaz que descrevemos anteriormente. Explico: imagine que você é um gerente que gosta muito de sua posição, mas chega um momento em que percebe que seu lugar é na diretoria. Ou você é aquele médico que está sempre com o consultório vazio e decide que um profissional como você não deveria estar vivendo essa situação. Então, vamos, juntos, ver como esse processo ocorre nesses dois casos. O primeiro passo do processo de crescimento é criar uma visão de sua carreira.O que é uma visão? Visão é um caminho entre as diversas possibilidades que vislumbro para minha carreira. É um caminho que abro para minha vida, é uma estrela que crio para orientar minhas ações, é a manifestação de meus ideais e, principalmente, é a expressão de minha fé no futuro. Quando um adolescente diz “quando crescer quero ser um advogado para criar a justiça”, está formando uma visão que manifesta os propósitos e os resultados que quer obter de sua vida. Quando um jovem numa favela cria uma visão de sua vida, ele estabelece uma possibilidade para sua vida. Ele se percebe como um ser especial, e isso começa a motivá-lo a fazer coisas diferentes, já que ele logo descobre que não vai ser especial se fizer o que todo mundo faz. Essa visão evidencia a nossa habilidade de viver uma realidade antes que ela se materialize e, portanto, antecipa o futuro. Às vezes, quando faço palestras em convenções de supermercados em que participam desde o presidente até os empacotadores, a maioria dos rapazes age como empacotadores, fazendo bagunça, paquerando as moças que passam etc. Aliás, alguns gerentes também agem como empacotadores. Mas, no meio dos garotos, eu consigo ver alguns deles alegres, com o olhar atento, saboreando cada palavra dos planos que são apresentados, e eu imagino que esse comprometimento provém de sua visão. Eles sabem que pertencem ao grupo dos gerentes. Antes de chegar lá, vão ser supervisores de departamentos e, quando forem gerentes, alguns vão criar a visão de ocupar uma diretoria. A visão orienta suas ações para um objetivo e, portanto, define prioridades. Não importa qual é sua idade no momento em que decreta o desejo de subir um degrau em sua carreira, o primeiro passo é responder àquela pergunta de criança: - O que você vai ser quando crescer? O marinheiro, antes de navegar, define seu objetivo, pois sua experiência diz que, para aquele que não sabe aonde ir, qualquer vento atrapalha.Torço para que, neste exato momento você, esteja se perguntando: - E agora? Qual o próximo passo? Antes de sair para a ação, vamos analisar alguns pontos para aproveitar ao máximo sua energia de mudança. Pegue uma caneta e trabalhe comigo as questões a seguir. 1) Tenha um objetivo Agora que você já refletiu bastante sobre a visão que almeja para sua carreira e já pensou na direção que quer dar a sua vida, é hora de estabelecer um objetivo. Mudar por mudar somente desgasta e desanima. Mudar por mudar gera muita preocupação e poucos resultados. Saber definir aonde você quer ir facilita o processo de mudança. Quando a pessoa não tem um sentido ou um rumo, dá muitas voltas e retorna ao mesmo lugar de onde saiu. Por isso, ao iniciar sua transformação, é sempre interessante conversar com amigos, chefes, colaboradores, clientes, fornecedores e até mesmo visitar concorrentes para recolher idéias. O mais importante, no entanto, é ter clareza sobre aonde se quer chegar. Os atletas que ganham medalhas olímpicas têm bem demarcados seus objetivos. Eles não correm para se exibir; eles correm para subir ao pódio. O primeiro passo para atingir um objetivo, então, é ter um! Aproveite este momento em que você está motivado para dar um salto em sua carreira e responda para você mesmo: o que você quer mudar? Para onde você quer ir? Como vamos saber que você conquistou seu objetivo? Vamos lá! 2) Tenha um ídolo Nessas ocasiões, é importante ter uma referência. Um ídolo pode ajudar bastante. Praticamente todo mundo que deu certo na vida começou imitando alguém. Roberto Carlos gostava de imitar João Gilberto; os Beatles imitavam Elvis Presley; Elis Regina imitava Ângela Maria; os Rolling Stones imitavam os guitarristas negros de blues; e assim por diante. Eu imitava um terapeuta argentino chamado Cecilio Kherman. Nas situações difíceis, em que não sabia o que fazer, me perguntava: - Se o Cecilio estivesse aqui, o que ele faria? Essa pergunta me ajudava bastante a encontrar soluções para casos complicados. Depois, apareceram outros ídolos: José Angelo Gaiarsa, Muriel James etc. O ídolo cria uma referência que nos ajuda a realizar nossa meta. Quando você atingir o nível dele, pergunte-se: - Qual será meu próximo ídolo? Pode ser que você não goste da palavra ídolo. Então use a palavra “referência” ou “mentor”. No Brasil, a maioria das pessoas não gosta de ídolos. Na verdade, odeiam reconhecer que os têm. Isso é ruim porque gasta-se muito tempo inventando a roda. Uma referência facilita a realização de uma mudança. Talvez você esteja querendo perguntar: - Roberto, mas e o meu talento? Seu talento vai se revelar à medida que seu trabalho for criando consistência. Roberto Carlos, os Beatles, Elis Regina e os Rolling Stones encontraram seus próprios caminhos conforme foram evoluindo em suas carreiras. Lembre-se: uma referência não é eterna. Ela apenas o ajuda alcançar seus objetivos. Chega um momento em que você supera seu ídolo e, então, adquire força suficiente para dar novos impulsos em sua carreira. Se você quer se tornar um pai mais carinhoso com seu filho, defina quem é seu modelo de pai ideal. Se você é uma dona de casa que deseja trabalhar fora, identifique uma mulher que fez uma revolução como a que você quer fazer em sua vida. Responda agora: quem vai ser seu modelo nesse processo de mudança? 3) Tenha um propósito Procure descobrir na mudança um sentido que oriente sua evolução. Trabalhar para ganhar mais dinheiro é algo que não motiva a maior parte das pessoas. Porém, trabalhar além do necessário para ter condições de pagar a escola dosfilhos aumenta a motivação. Quando alguém encontra um sentido para sua ação, ela se torna muito mais consistente. Por isso, há tanta gente que trabalha para orfanatos sem ganhar dinheiro. Elas simplesmente o fazem pelo prazer que têm por ajudar ao próximo. Encontrar um sentido para o que estamos buscando nos inspira e gera forças para superarmos os obstáculos da mudança. Lutar para ter mais dinheiro é pouco. Talvez seja melhor se você pensar que mais dinheiro vai poder ajudá-lo a fornecer melhores estudos para seu filho, a criar uma empresa mais humana ou uma sociedade mais justa. Ter um propósito ajudará você a administrar o sacrifício que um processo evolutivo sempre demanda. Assim, tente responder: qual o sentido da sua mudança? 4) Mãos à obra Toda mudança começa com a palavra “eu” seguida de um verbo de ação. A mudança ocorre quando alguém se dispõe a investir energia para mudar a si mesmo. Eu tenho certeza de que não adianta tentar mudar alguém que não queira mudar. Porque as pessoas não mudam porque elas simplesmente precisam mudar, mas principalmente porque elas se comprometem com o processo e colocam seus planos em ação. Portanto, agora que você está imensamente envolvido em seu processo de mudança, procure uma frase que o ajude a se comprometer ainda mas com seu objetivo e estabeleça um pacto com você mesmo. Por exemplo: • Eu vou fazer um curso de pós-graduação. • Eu vou sair com meus filhos três vezes por semana. • Eu vou fazer uma reunião semanal com minha equipe. Agora é a sua vez. Escreva sua frase: Eu vou... E mãos à obra. Lembre-se de que sucesso é algo que eu faço hoje, e fracasso é algo que eu deixo para amanhã! PARTE 4 É preciso destruir as resistências O sucesso obtido com o processo de mudança consiste, no fundo, em romper barreiras, quebrar paradigmas e vencer resistências. Parece fácil, mas exige empenho e dedicação. esistência é a palavra preferida pelos avestruzes. Para eles, a mudança é sempre algo muito ameaçador. Por isso, negar a necessidade de evolução é seu jogo predileto. Na verdade, resistir só aumenta o problema, além de trazer mais sofrimento. R Enquanto o governo e os políticos não encararem as dificuldades da nação e enfrentarem os desafios com coragem, o tamanho dos nossos problemas só vai aumentar. Enquanto muitos empresários ficarem reclamando do governo e dos trabalhadores, seus problemas só vão crescer. Enquanto a maioria dos sindicatos não tiver uma conversa franca com seus associados para orientá- los sobre a necessidade de requalificação e evolução, o desemprego só se agravará. Ou seja, quando negamos um fato não eliminamos sua existência. Batalhe para que as instituições mudem, mas, enquanto isso não acontece, assuma a responsabilidade por sua vida. Na verdade, você tem que tomar o destino em suas mãos e ir atrás de seus sonhos. As resistências são bloqueios às mudanças e devem ser atacadas em várias frentes. 1) Aumente sua fé em você O consultor Wagner Pandolpho costuma dizer: - As pessoas usam tão pouco o potencial de seu cérebro quanto a capacidade de um computador”. Ele está certo. O uso que a maioria dos indivíduos faz de suas faculdades mentais não passa dos 10%. A maior parte de nossa mente vive sob trevas, é ociosa e está adormecida. Se, com apenas 10%, já realizamos tantas coisas, imagine o que faríamos se utilizássemos 15%? Seria assim tão difícil? Certamente não. Os neurofisiologistas já provaram que o cérebro é como um músculo: quanto mais o exercitamos, mais ele se desenvolve. Exija de seu cérebro. Ele vai agradecer a oportunidade de se oxigenar! Há alguns anos, biólogos norte-americanos realizaram uma experiência bastante interessante: colocaram um tubarão dentro de um aquário junto com um robalo, ambos separados por uma divisória de vidro. Quando o tubarão sentia fome, partia em direção ao robalo até bater com a cabeça no vidro. O tubarão seguia insistindo e lutava intensamente, até que, de tanto se machucar, desistia. De determinado momento em diante, mesmo quando os biólogos tiravam o vidro que separava os peixes, o tubarão não atacava mais o robalo. Tem muita gente que colocou uma divisória de vidro no cérebro e hoje é incapaz de realizar seus próprios desejos. São pessoas que vivem sonhando em comer um robalo, mas têm certeza de que nunca suas metas nunca poderão ser alcançadas. . As limitações que um indivíduo coloca na mente podem levá-lo a evitar qualquer atividade que exija um mínimo de massa cinzenta. Parece que é pecado utilizar os neurônios! Mas essa falta de uso causa uma apatia no cérebro. Vencer essa barreira é o mesmo que abrir as portas para o universo. O princípio da mudança é transformar o jeito de pensar. Enfrentar as limitações que nos colocaram, e que colocamos, em nossas mentes. As crianças, até a adolescência, escutam em média 100.000 “nãos”. Tal dose de proibições desestimula o raciocínio, a criatividade e as leva a dizer “não” para si mesmas antes de o dizer para outras pessoas. Quando um indivíduo não enfrenta seus medos: • Põe suas responsabilidades nas costas dos outros; • Sente-se perseguido por todos; • Age como um rebelde, mas não realiza seus sonhos; • Aceita situações tóxicas, por acreditar na absoluta falta de opção; • Não respeita a si mesmo nem aos outros; • E repete, dia pós dia, as mesmas ações. Você sempre é mais do que tem realizado. Sempre há algo a ser aprimorado. Portanto, abra sua mente para as novas possibilidades da vida. Quando ministrava seminários buscando aprimorar a performance das pessoas, eu as motivava a caminhar sobre um colchão de brasas. Elas ficavam surpresas com sua capacidade de desafiar suas crenças. Nesse instante, eu procurava ajudá- las a desafiar o que elas acreditavam ser impossível de realizar. 2) Mude o rumo do barco Outro grande problema é a inércia. A tendência da maioria das pessoas é deixar tudo como está para ver como é que fica. Se um barco não está indo no rumo desejado, não adianta torcer para que ele mude de rumo. É preciso fazer algo concreto para que isso mude. Mas mudar exige energia. E muita gente vive baseada na lei do mínimo esforço, sem perceber o sacrifício que é levar a vida do jeito que está. Pagam com o sofrimento diário a preguiça que têm para mudar. Exemplos não faltam: a preguiça de cursar uma faculdade é paga com o sacrifício de ficar num emprego que não lhe dá prazer; ou a preguiça de procurar um emprego novo faz a pessoa continuar trabalhando no mesmo lugar, a ser o que sempre foi e a receber o que sempre recebeu (e mereceu). Pior: ele se ilude dizendo que faz isso em nome da “segurança” do emprego. Claro que mudar dá trabalho. Mas viver sem prazer e sucesso dá muito mais. 3) Coragem de arriscar Adaptar-se à nova situação representa um salto no escuro. Significa abandonar a segurança em troca da possibilidade de realizar um sonho. A solidão gerada por uma falsa impressão de segurança não nos deve impedir de arriscar e de amar de novo, mesmo depois de uma separação. Essa dose de ousadia é algo que, com freqüência, vemos nos campeões. Da mesma forma, voltar à faculdade depois dos 40 anos e se ver cercado de pós-adolescentes causa, em geral, uma sensação de ridículo que somente os guerreiros ousam enfrentar. É difícil, e raro, alguém se sentir à vontade nos instantes de mudança da vida. Crescer significa penetrar numa região inóspita e insegura. Para uma criança, a adolescênciaé uma viajem ao desconhecido. É quando ela toma a mão da sua vida. E isso é assustador para a maioria dos seres humanos. Fugir da zona de segurança, da região de conforto, é muito complicado. Quando os jovens saem da casa dos pais e assumem sua vida, dão um grande salto. É como mergulhar num poço sem fundo: não se sabe o que vai acontecer, se a gente vai conseguir se dar bem ou não. Mas aquele salto é necessário. Só depois da vitória percebemos que o bicho não era tão feio assim. 4) Enfrente a estrutura social A sociedade está estruturada de modo a manter a estrutura vigente. Mudança é algo que assusta a sociedade. Por essa razão, existem poderosas armas apontadas para nós. Se você tem dor de cabeça, por exemplo, a primeira orientação que recebe é tomar um comprimido. No entanto, talvez fosse melhor, em vez de ingerir o remédio, parar e perceber sua vida, sentir o que está acontecendo com sua cabeça – com sua carreira ou com sua empresa. Isso seria, de fato, o mais indicado. Na verdade, o que você tem de fazer é refletir, elaborar uma saída. A maior parte das pessoas que sofrem com a síndrome do pânico trabalha sem paixão, está casada sem amor. É gente que precisa dar um basta e revolucionar a vida que levam. Porém, todo o sistema é criado para você tomar comprimidos e, assim, evitar conflitos. Você não está amando pra valer? Experimente Viagra. A questão é: será que ninguém percebe que o amor é o maior afrodisíaco que existe? Não adianta tentar solucionar os problemas colocando panos quentes. O melhor, nesses casos, é buscar a essência da insatisfação e atacar o cerne do problema.Muitas vezes, o que nos impede de agir assim são as resistências que se formam. Afinal, quando alguém muda, acaba, geralmente, quebrando o falso equilíbrio que existe na família, no casamento, no círculo de amizade e na empresa. É o caso da filha que resolve sair de casa para construir sua vida e obriga a mãe a enfrentar sua sensação de inutilidade. Ou da funcionária que encontra um novo emprego quando todos reclamam da falta de oportunidades.É importante que você esteja atento, pois mudar quase sempre provoca angústia nas pessoas que estão a nosso redor. Porém, pior do que lidar com essa angústia é desistir de mudar porque os outros vão se sentir mal. Isso só provoca mais culpa nas pessoas que nos amam. 5) Humildade para evoluir Muitos acham que mudar é apenas reconhecer erros, admitir fracassos e derrotas. No fundo, os que pensam assim – e por isso nunca mudam – são arrogantes, imaginam-se perfeitos, sem necessidade de evolução. Mas mudar é admitir novas possibilidades que necessariamente não desqualificam as posturas anteriores. Até porque, nem sempre o que é bom agora será bom amanhã. A mesma pergunta, feita em momentos distintos, vai receber respostas diferentes. E, no final das contas, errar faz parte da vida. Somente os medíocres não erram! Todos os grandes criadores erraram e erram muito. O pesadelo começa quando insistimos no erro. Por isso, é tão importante parar na ocasião certa, reconhecer as perdas, aprender com a situação e ir em frente. Existe sempre um modo melhor de viver. Isso deve ser aceito com muita simplicidade para que as mudanças se tornem simples. É fundamental olhar o passado e o presente com serenidade para que se possa construir um futuro melhor. A resistência é um elástico que prende as pessoas ao passado. Para ir adiante, é preciso abandoná-la com a tranqüilidade de quem sabe que a escuridão não existe, apenas a falta luz. Com a luz de seu olhar, você pode iluminar os lugares pelos quais vai passar e perceberá que deixar o passado no lugar certo abre espaço para o novo. Agora, o que você tem a fazer é partir para a ação. Você já sabe que a mudança começa com a palavra “eu” seguida de um verbo de ação. Guarde, entretanto, estas recomendações: • As mudanças acontecem quando você faz a lição de casa. • A mudança tem de ser treinada até virar um hábito. • Mais importante que o desejo de mudar é o comprometimento com a mudança. Mas você deve estar se perguntando: - Quando devo mudar? Bem, o sucesso é algo que você faz agora e o fracasso é algo que você adia para amanhã! CASO José Augusto Minarelli: a volta por cima Experimentar a crise como um momento de crescimento é a chave para criar a oportunidade que gera o sucesso. No exemplo de Minarelli, você vai entender como é possível transformar tempestades em ventos a favor. uando estamos no meio de uma tempestade, temos duas alternativas: o desespero ou o crescimento. Lógico que eu seria um maluco se dissesse que os problemas são gostosos, mas a sabedoria está em aproveitá-los da melhor maneira possível. Quando não crescemos com as nossas dificuldades, criamos a armadilha de eternizá-las. Q Imagine a cena: você recebe uma carta de demissão após anos de dedicação na mesma empresa. Perde, de uma hora para outra, a estabilidade financeira, a segurança proporcionada pelo ambiente de trabalho, a secretária, o telefone, o fax, o computador e deixa para trás o poderoso sobrenome organizacional: - Eu sou o fulano da empresa tal... Como se isso fosse pouco, ao chegar em casa, você tem de dar a má notícia à esposa, que ostenta uma barriga saliente denunciando a presença do segundo filho. Esse não é um roteiro fictício. Infelizmente, já aconteceu milhares de vezes e a tendência é que essas estatísticas apenas aumentem nesses tempos de insegurança econômica. Vários personagens já protagonizaram uma história como essa. A diferença entre eles é que alguns aproveitaram a tempestade para transformar suas vidas, enquanto outros aumentaram suas dificuldades, alimentando o coração com ódio e se posicionando como vítimas do destino. José Augusto Minarelli, um amigo querido, é exemplo entre os que venceram a tormenta e conquistaram um porto seguro no competitivo mercado de trabalho. Em 1979, Minarelli vivenciou a situação descrita no início deste texto, com todas as letras. Refeito do susto da demissão, tomou as atitudes clássicas: mandou centenas de currículos, comunicou aos amigos sua disponibilidade e até escreveu uma mala direta vendendo suas habilidades para possíveis compradores de seu trabalho. A idéia era se lançar no mercado como consultor independente. Tudo em vão. Na época, como ele próprio relembra, o mercado não valorizava profissionais generalistas. Esse foi, certamente, um dos motivos pelos quais ele não foi contratado. O cerco estreitou-se rapidamente. Ele já não tinha dinheiro para sustentar a família, estava pedindo emprestado aos amigos, entrando no cheque especial, sem convênio médico, abusando do limite do cartão de crédito, pagando títulos em cartório. Formou-se o caos. Foi quando Minarelli teve a idéia de visitar consultores estabelecidos para lhes oferecer alguma colaboração nos contratos que estavam em andamento ou em serviços que não pudessem executar. Minarelli se agarrou a tudo que podia: rapidamente conseguiu alguns subcontratos para atuar na retaguarda, produziu manuais e conduziu sessões de treinamentos. Muitos abacaxis descascados depois, deu a sorte de estar no lugar certo, na hora exata (lembre-se de que a sorte é uma oportunidade encontrada pelas pessoas que estão preparadas). Ele foi procurar trabalho com um amigo no exato momento em que este estava às voltas com umcontrato urgente, mas na iminência de assumir o posto de diretor de Recursos Humanos de uma grande empresa em poucos dias. Ele resolveu o impasse subcontratando os serviços de Minarelli, pelos quais recebeu 50% dos honorários totais. Daí para frente, as coisas começaram a acontecer. Pedagogo especializado em orientação profissional, Minarelli entendeu que, seguindo sua vocação e aproveitando o fato de que a recolocação de executivos no mercado era um ramo recém-chegado ao Brasil, poderia conquistar um espaço bastante privilegiado. Para isso, a saída era aliar a experiência de ter sido demitido à prática em seleção e treinamento. Com toda essa bagagem, Minarelli enriqueceu o atendimento básico que era oferecido a quem procurava uma empresa de outplacement. Em 1982, ele criou sua própria empresa e, hoje, oferece recolocação com empregabilidade e qualidade de vida, um conceito sofisticado que resultou da evolução do trabalho da equipe Lens & Minarelli. Esse é o caso de alguém que deu a volta por cima. A consultoria de Minarelli integra hoje um networking de empresas independentes com mais de 125 escritórios em todo o mundo. O Career Partners International Lens & Minarelli tornou-se ainda a primeira consultoria brasileira associada à Association of Career Management Consullting Firms International. Para quem atravessa uma situação semelhante, Minarelli costuma dizer que de nada adianta esperar, reclamar, chorar pelos cantos. E ele tem razão. Mesmo que a situação esteja muito difícil, é preciso continuar procurando e mantendo atitudes positivas. Como o próprio Minarelli diz, é preciso crer para ver. Por isso, esteja atento às ofertas do mercado. O emprego está escasso, mas o trabalho não. Há diversas oportunidades de trabalho remunerado. Agora, se você está empregado, saiba que seu emprego não é garantia de estabilidade. A maré não está para peixe, e acomodar-se é fatal. O mundo moderno exige constante evolução. E a base da sua segurança sempre nasce da sua competência. Se você estver desempregado, certamente existem dois caminhos nesse momento: falar que Minarelli é uma exceção ou que ele deu muita sorte e, assim, aumentar sua amargura e fragilidade ou usá-lo como inspiração. Não se esqueça de que todos nós temos muitos problemas e isso faz parte da grandeza e do mistério da vida, a diferença é que os campeões sabem aproveitar as oportunidades para recuperar o tempo perdido. ARTIGO O papel da empresa e do trabalhados na nova ordem Planejar carreiras é uma atividade que cada vez menos depende dos vínculos de um funcionário com sua empresa. É algo que deve ser feito segundo as aspirações e os desejos do trabalhador. Por Joel Souza Dutra* pesar de todas as orientações para que sejamos senhores de nossos destinos e gestores de nossos projetos profissionais e de vida, a análise da realidade brasileira nos surpreende nessa questão. Num estudo realizado em 1993 na cidade de São Paulo com pessoas de formação superior, constatamos que apenas 2% dos pesquisados haviam pensado em suas carreiras de forma estruturada. Portanto, 98% dos participantes do levantamento haviam entregue seus destinos pro fissionais à empresa ou ao acaso. A Apesar de os padrões de gerenciamento da própria carreira serem também baixos na Europa e nos Estados Unidos – apenas 20%, em média, cuidavam da própria carreira, segundo pesquisa feita em 1986 –, os dados apresentados no Brasil estão muito abaixo dos piores níveis já registrados. Portanto, é hora de perguntar: - O quanto somos escultores de nossa carreira ou esculturas da empresa e do ambiente? - Qual é o papel e o interesse da empresa em apoiar seus funcionários em seus projetos profissionais? - Quais são os aspectos do ambiente que alavancam ou restringem essa consciência? - Quando o profissional não cuida de sua carreira, em que medida as empresas o ajudam no processo? Neste mundo de eternas transformações, certamente começam a aparecer alguns sinais de mudanças nas relações de trabalho. Algumas empresas têm demonstrado interesse em estimular os funcionários a elaborar seus projetos profissionais a partir de seus próprios referenciais. Isso porque essas empresas perceberam que indivíduos paralisados em platôs profissionais tendem a assumir posturas resistentes à mudança. Conciliando expectativas Um ambiente mais competitivo tem exigido colaboradores mais seguros e conscientes em relação ao seu projeto profissional. Por isso, existe uma grande pressão para que eles se comprometam com reflexões estruturadas acerca de suas carreiras. As organizações que apresentam histórias de su cesso recentes têm se preocupado em conciliar suas expectativas de desenvolvimento com as das pessoas com quem trabalham, isso como forma de obter maior comprometimento com os objetivos estratégicos da empresa. Atualmente percebemos que as empresas que melhor investem em seus colaboradores procuram a conciliação das expectativas de desenvolvimento do negócio com as das pessoas. Elas estão cons cientes de que existe a necessidade de: - A empresa obter um envolvimento efetivo do tra balhador com os objetivos e as estratégias do negócio, como forma de obter vantagens competitivas; - A empresa contar com pessoas em condições de interagir com a organização num processo de mútua aprendizagem; - Tanto a empresa quanto as pessoas reverem suas relações de dependência, pois as organizações não podem mais garantir empregos, e as pessoas não podem vincular suas carreiras e futuro profissional a uma única empresa; - Mudança do perfil exigido pelas empresas. No lugar de pessoas obedientes e disciplinadas, são solicitadas pessoas autônomas e empreendedoras; - Mudança na expectativa das pessoas em relação à organização. Cada vez mais os funcionários buscam autonomia e liberdade em suas opções de carreira e escolhas profissionais. Certamente no Brasil, um país de contrastes, em que o ultrapassado convive com o moderno, essas práticas ainda são incipientes. Ainda hoje observa mos que muitas empresas adotam uma postura au toritária relativa ao desenvolvimento de seus traba lhadores, definindo, por exemplo, a carreira do profissional. Ou então se omitem totalmente, dei xando os funcionários a sua própria sorte. Isso ocorre porque, de fato, as empresas, em sua quase totalidade, estão despreparadas para qualquer ação de estímulo, orientação e suporte para que seus trabalhadores assumam o planejamento de seu desenvolvimento ou de sua carreira. Como se vê, não são só as pessoas que precisam se reorientar em suas trajetórias. Atualmente, as empresas mais avançadas começam a tornar claras suas expectativas a respeito dos trabalhadores. Elas têm aberto o diálogo, mostran do transparência nos horizontes dentro da organi zação e nos critérios de acesso a eles. Na maioria dessas empresas, cada gerente tem um programa de desenvolvimento de competências, no qual seu valor como profissional é ampliado, assim como sua utilidade estratégica para a organização. Assim, as pessoas tendem a ter mais espaço para expressar sua individualidade em ambientes com menor grau de estruturação. Mas elas continuam necessitando de parâmetros que as orientem como se relacionar da melhor forma possível com a empresa para poderem se expressar e se sentirem seguras. O ideal seria que empresa e colaborador se in tegrassem no desenho da evolução de suas competências. Desse modo, parafraseando NancyBell e Barry Staw, dois estudiosos do assunto, as pessoas podem ser escultoras de suas carreiras, desde que busquem determinar seus caminhos a partir de si mesmas e procurem nessa evolução criar as competências que propiciem às empresas realizar seus objetivos. As pessoas, para se sentirem importantes para a organização, devem ter a oportunidade de discutir seus projetos com a gerência, pois só assim fica explícito o compromisso da organização com seu desenvolvimento. Vale lembrar que a mudança hoje em curso no mercado de trabalho atinge do mesmo modo empresas e trabalhadores. Se, por um lado, busca- se um trabalhador mais afinado com os novos tem pos, com perfil de empreendedor, disposto a dar, por conta própria, seguimento em sua carreira, por outro, é preciso que haja empresas que propiciem ambientes e condições adequados para o desen volvimento do potencial e dos talentos humanos. Da conciliação dessas aspirações nascerá o novo trabalhador e a nova organização. Será, então, um novo tempo. * Joel Souza Dutra é doutor em Administração e professor titular da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo. Autor de quatro livros na área de Gestão de Pessoas, também escreveu inúmeros capítulos em livros e artigos publicados em revistas e jornais brasileiros. PARA REFLETIR Bis avia um cantor americano que fazia muito sucesso em seu país. Um dia, ele pediu a seu empresário que lhe providenciasse uma apresentação no famoso Scala de Milão. H E assim aconteceu. Noite de estréia, casa lotada e o artista cantou a primeira música. Ao final, a platéia, emocionada, gritava: - Bis! Repete! De novo! O cantor não entendeu a situação. Primeira música e a platéia pedindo bis. Ele resolveu satisfazer o público. Fez um sinal ao maestro e repetiu o número. Ao final, o público repetiu: - Bis! Repete! De novo! E assim aconteceu mais algumas vezes. E o público gritando: - Bis! Repete! De novo! Enfim, exausto, ele perguntou à platéia: - Até quando vocês querem que eu repita esta peça? E uma velhinha na primeira fila respondeu: - Até cantar direito! Até aprender a cantar certo, a vida vai lhe apresentar os mesmos problemas. Por isso, quando as dificuldades se repetirem, lembre-se que é a vida que está gritando: “Bis! Repete! De novo!” É isso que a vida diz para: A mulher que sempre namora um homem complicado; O sujeito que se sente traído; O profissional que sempre é preterido; O eterno problema de falta de dinheiro. A neura aparece quando nos sentimos pegos na mesma armadilha. Dessa vez parece que tudo vai ser diferente, mas, de repente, as coisas se transformam e, vapt, você caiu na mesma cilada. É fundamental perceber que o final do filme só vai ser diferente se Chapeuzinho Vermelho não conversar com o Lobo Mau. Se ela não resistir à tentação, o final do filme será previsível. Você já percebeu que todo filme fica interessante quando alguém faz uma trapalhada qualquer e joga por terra tudo o que estava organizado para o final feliz? O protagonista nos conquista nesse momento, quando consegue arrumar a bobagem que fez. Na vida real, o melhor é evitar cair em tentação, pois consertar a bobagem dá muito mais trabalho. Enfim, até que você faça algo diferente, o final é previsível. Então, o que você está fazendo parado? Procure um curso, contrate uma consultoria, leia um livro, converse com um amigo de confiança, debata o assunto com seus assessores diretos, faça um estágio em outra organização, mude sua postura! E, principalmente, inicie o processo de mudança começando por você. Essa é a maior de todas as revoluções possíveis. Como dizia Mahatma Gandhi: - Os únicos demônios deste mundo são aqueles que estão em nossos próprios corações, e é aí que todas as nossas batalhas devem ser travadas. Sua vida só mudará quando você mudar. Com afeto, Roberto Shinyashiki.
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