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Soluções em tempos de crise - Fasciculo2

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INTRODUÇÃO
Crie sua evolução profissional
Sua carreira não é como um aparelho de jantar que você compra numa loja, define sua posse e o deixa em algum 
canto da casa. É muito mais que isso. É a possibilidade de realização da pessoa que você é. Por isso, precisa 
receber cuidados diariamente.
gora, nossa conversa será sobre 
como colocar sua carreira num 
patamar de constante evolução. 
Tenho certeza de que é um assunto 
oportuno, pois, neste momento da 
sua vida, você deve estar procurando opções para 
seu desenvolvimento profissional.
A
Seja qual for a posição que você ocupa – um 
gerente que quer se tornar diretor, um empresário 
que está crescendo muito ou precisando sair do 
vermelho, um colaborador que se sente ameaçado 
por um programa de demissão etc. –, existe uma 
energia dentro de você que o impulsiona a ir 
adiante. 
Observe que as pessoas que estão conscientes da 
força interior que possuem sempre querem mais. 
Estacionar significa decadência, que é sinônimo de 
repetição e acomodação. A capacidade de evoluir é 
que torna os seres humanos especiais. Os animais, 
no auge de seu desempenho, simplesmente 
repetem. A melhor teia que uma aranha pode fazer, 
por exemplo, é aquela de que toda espécie é capaz. 
O ser humano, entretanto, pode criar, isso o torna 
único.
Mudar, porém, é algo que acontece somente 
quando assumimos a responsabilidade pelo que 
somos e queremos. O poder de nos transformar nos 
pertence. Lembre-se: ninguém pode mudar nada 
por nós. Aliás, é a habilidade da autocriação que 
aproxima o ser humano de Deus. O Criador nos 
deu a semente da vida e nossa função é continuar 
sua obra. 
No entanto, a transformação é uma tarefa maior do 
que costumamos supor: implica superar barreiras, 
quebrar paradigmas, abandonar crenças, 
descongelar idéias e posturas cristalizadas. Requer 
um processo contínuo de revisão dos pensamentos 
e uma abertura permanente para o novo.
Vida é movimento
Além da força interior que nos impulsiona a 
mudar, escolher o caminho da transformação é 
fundamental para que possamos acompanhar a 
evolução do universo. As pessoas falam das 
mudanças do mundo atual, mas não é só a 
economia que muda, o próprio universo se 
transforma a cada momento, ele traz em si a 
dinâmica que gera o movimento dos planetas, o 
ciclo dos dias, o fluxo das nuvens e das águas, o 
ritmo da vida de cada planta ou animal. Mudar faz 
parte da própria vida.
As rápidas transformações do mundo atual exigem 
também mudanças velozes para enfrentar os novos 
desafios que surgem. Mudar é também o verbo da 
realização. Um verdadeiro campeão sempre 
aproveita os períodos de incerteza para 
compreender quais oportunidades esse verbo 
proporciona.
Por isso, estar aberto para evoluir 
permanentemente é fundamental para sua carreira. 
Não deixe que sua vida profissional seja decidida 
pelo destino. Faça um planejamento consciente 
para enfrentar os tempos difíceis.
A maior parte dos executivos cuida com muito 
carinho dos projetos de suas empresas, mas não faz 
nada especial para melhorar o nível de sua carreira. 
Eles se enganam ao pensar que basta promover o 
bom êxito de sua empresa para automaticamente 
garantir o sucesso na carreira. Isso é apenas parte 
da verdade.
e a seleção da qual você participa for 
campeã do mundo, certamente seu passe 
vai valorizar, mas o aumento poderá ser 
ainda maior se você cuidar com mais 
objetividade de sua carreira. Está na hora 
de você tomar conta da sua carreira, pois ela é sua e 
de mais ninguém. Você não pertence a nenhuma 
corporação, apenas a si mesmo. A responsabilidade 
pela sua evolução profissional não é da empresa em 
que você está trabalhando. Assim como desenvolver 
suas competências não é o papel da empresa. O que 
garante, de fato, a segurança de seu emprego é sua 
competência.
S
Claro que é ótimo quando você trabalha num lugar 
que investe no seu crescimento. Aliás, o valor de 
cada curso oferecido deve ser computado como a 
melhor parte do seu salário, porque o aprendizado 
oferecido garante o desenvolvimento da 
competência necessária para você seguir crescendo 
dentro da organização. Mas de nada adianta ter 
cursos disponíveis se você não assumir a liderança 
de seu processo de aprendizagem.
Ao decidir se aceita ou não uma nova proposta de 
trabalho, por exemplo, não analise somente o 
salário, como, infelizmente, muitas pessoas fazem. 
A oportunidade de aprender deve pesar muito mais 
na sua decisão, porque evoluir significa 
desenvolver competências não apenas para o 
presente, mas principalmente para o futuro.
É essencial que você busque o desenvolvimento de 
novas competências, pois as competências que 
fizeram você chegar aonde você está podem não 
ser suficientes para ajudá-lo a alcançar o que você 
quer. Saiba que carreiras estáticas são a maior 
ameaça à realização de nossos sonhos.
Vida é aprendizado
Na vida, as pessoas sempre aprendem, seja pela 
dor, seja pelo prazer. Tanto uma ameaça quanto 
um desafio podem nos motivar a continuar 
caminhando.
Se você é uma pessoa que aprende pela dor, 
certamente vai arrumar gente para machucá-lo; se 
for alguém que aprende por prazer, vai encontrar 
quem lhe ofereça oportunidades. Das duas 
maneiras, o crescimento vai ocorrer, mas evoluir 
por prazer é, com certeza, muito mais fascinante. 
Por isso, tente evoluir especialmente quando você 
está em um emprego do qual gosta!
É preciso entender que evoluir pode ser uma 
questão de resolver problemas ou de aproveitar 
oportunidades, dependendo de como você encarar 
a vida. Observe qual palavra é mais freqüente em 
seus pensamentos: ameaça ou oportunidade.
essoas que sentem muito ameaçadas 
geralmente funcionam na base da 
cobrança e precisam de um chefe no 
seu encalço, enquanto as que enxergam 
as oportunidades têm conquistado 
grandes vitórias em suas carreiras sem sofrimento. 
P
Este é o momento em que 
você pode transformar 
ameaças em oportunidades!
O primeiro passo para melhorar sua vida 
profissional é, então, definir o que você quer e se 
organizar interiormente para evoluir e enfrentar 
essa mudança. Torço para que você tenha coragem 
de dar esse salto em sua vida.
Algumas perguntas para ajudar você a refletir:
• Para onde você quer levar sua carreira?
• O que falta para você planejar melhor sua carreira?
• Você está disposto a enfrentar o desafio da mudança?
Lembre-se sempre: metas maiores exigem competências maiores.
PARTE 1
O trabalho como uma fonte de felicidade
A fórmula do sucesso profissional é simples e eficaz: vocação mais competência. Nenhum desses dois aspectos 
isoladamente serve para um campeão. É hora de reavaliar tudo.
m dos pontos mais importantes 
para alguém transformar o trabalho 
em felicidade é mudar a maneira 
como o encara. Infelizmente, a 
maioria das pessoas ainda considera 
o trabalho um sacrifício necessário para garantir a 
sobrevivência. Se perguntássemos a elas o que é o 
trabalho, provavelmente responderiam:
U
- É o sofrimento de um mês inteiro em troca de um 
salário.
Não é difícil notar o quanto encarar o trabalho 
dessa maneira é desgastante.
O neurologista austríaco fundador da Psicanálise, 
Sigmund Freud, um dos maiores conhecedores da 
alma humana, dizia que a felicidade se baseia no 
amor e no trabalho. Para ele, a influência da 
realização profissional na felicidade é definitiva.
 Realizar-se 
profissionalmente não é só 
um passaporte para o 
dinheiro, mas também para 
a felicidade. Se seu 
trabalho não está 
produzindo a sensação de 
plenitude, então está na 
hora de reavaliaro que 
você está fazendo com sua 
vida.
Numa pesquisa nos Estados Unidos, foi 
perguntado a um grupo de executivos se eles 
estavam satisfeitos com seus empregos. Para os 
que responderam positivamente, questionou-se 
também qual o principal motivo da satisfação. As 
respostas foram as seguintes, na ordem 
relacionada:
“Aqui eu tenho desafios à altura de minha 
capacidade”;
“Aqui eu aprendo”;
“O salário é muito bom”.
As pessoas de sucesso estão sempre procurando 
algo além da remuneração. Sua ambição 
profissional transcende o salário. Eles querem 
oportunidades para se sentir competentes no que 
fazem.
Saia da lista dos descontentes
- Roberto, odeio trabalhar em banco, mas, se eu 
sair daqui, sei que não vou arrumar outro emprego. 
Quantas vezes você já ouviu uma frase parecida 
com essa? Provavelmente, inúmeras vezes. Bem, 
para não ser mais um nessa enorme lista de 
descontentes, é fundamental ter coragem de 
evoluir. Trabalhar sem prazer faz qualquer 
pessoa querer se livrar rapidamente das tarefas, 
para sair o mais cedo possível. 
Conseqüentemente, essa pessoa produz cada vez 
resultados mais pobres.
Certa vez, cheguei atrasado ao aeroporto de 
Congonhas, em São Paulo. A causa de minha 
demora já serviu de inspiração para que o saudoso 
Tom Jobim, mesclando transtorno e poesia, 
compusesse um dos clássicos da MPB. Eram as 
águas de março, que, além de fechar o verão, 
fechavam também todas as possibilidades de 
tráfego.
Naquele dia, eu tinha uma palestra em Joinville, 
Santa Catarina. Cheguei em Congonhas às 13h30 
para embarcar às 14 horas. A companhia aérea 
tinha dois guichês de chek-in com atendentes. Um 
deles estava lotado. Algo em torno de quarenta 
pessoas se aglomeravam buscando atendimento. 
Uma única funcionária tentava, em vão, 
administrar o caos.
No outro guichê, dois homens trajando ternos 
elegantes disputavam a atenção de outra 
funcionária. Então, me lembrei de que paulistano 
adora entrar numa fila e corri para o guichê em que 
estavam os dois rapazes de terno. Eles 
conversavam animadamente. Cinco infinitos 
minutos se passaram até que eu resolvi tomar uma 
atitude e disse:
-Moça, por favor...
Imediatamente, os rapazes se viraram em minha 
direção. Observei que eles portavam o crachá da 
empresa aérea. De repente, um deles disse:
- Eu não sei qual é a pergunta que o senhor vai 
fazer, mas a resposta é não.
Como estava com muita pressa, nem tive tempo de 
expressar minha raiva. Fui para o guichê 
superlotado. Vi um rapaz despachando as bagagens 
e falei:
- Por favor, preciso embarcar agora para Joinville.
Ele, então, correu em minha direção e disse:
- Puxa, o senhor está superatrasado!
Rapidamente, pegou meu bilhete, saiu apressado e, 
pouquíssimos minutos depois, voltou com meu 
cartão de embarque e me informou o número do 
portão. Fui o último a entrar no avião. Em seguida, 
a porta se fechou e a aeronave decolou.
Enquanto viajava, pensei nos dois grupos de 
funcionários que compõe essa empresa e nas 
diferentes percepções que os protagonistas dessa 
história têm em relação à empresa em que 
trabalham: para a atendente e os dois rapazes que a 
paqueravam, provavelmente, a empresa era uma 
chatice, repleta de controles rigorosos e de pessoas 
que os ameaçavam o tempo todo. Já para o rapaz 
que embarcava as bagagens, aquela possivelmente 
era uma empresa cheia de oportunidades, em que 
ele poderia crescer profissionalmente, chegando 
com rapidez a um cargo de supervisor.
Assim é o mundo: as pessoas vivem de acordo com 
a realidade criada a partir de suas percepções. É a 
sua percepção a respeito de um fato que o leva a 
adotar certas posturas.
bserve que as pessoas que você 
admira, porque realizam as metas a 
que se propõem, são aquelas que 
percebem o mundo como um lugar 
cheio de oportunidades. Elas estão 
sempre atentas para as chances que aparecem e 
sabem aproveitá-las.
O
Portanto, sempre que você escutar um comentário, 
antes de analisar o significado do que você ouviu, 
tente examinar quem é o autor da mensagem. 
Pergunte-se:
- Quem está fazendo este comentário?
Porque, na verdade, não existe um único universo, 
mas infinitos, que variam de acordo com a 
percepção que cada pessoa tem. Lembre-se: os 
perdedores falam sob a perspectiva dos perdedores. 
Os campeões falam sob a perspectiva dos 
campeões. 
Agora, você deve estar começando a notar o 
quanto sua vida é uma conseqüência do que você 
é. Reflita mais sobre isso. Essa é uma descoberta 
que você precisa fazer antes de partir para a 
mudança. Pois, quando você perceber que as 
verdadeiras transformações só acontecem quando 
você decide se transformar, será capaz de, 
efetivamente, mudar algo em sua realidade.
A fórmula do sucesso profissional 
Se você está infeliz no que está fazendo, procure 
dentro da empresa outro setor onde se sinta 
motivado. Se você não se dá bem com seus 
companheiros, procure ajuda no Departamento de 
Recursos Humanos. É muito importante a gente 
sentir orgulho por pertencer a uma equipe.
Se não for possível ser feliz no trabalho que 
você está hoje, mude de emprego, desenvolva 
novas competências e vá continuar sua carreira 
em outro lugar. Não desperdice sua vida pela 
segurança do salário.
liás, a fórmula do sucesso 
profissional é muito simples e 
bastante eficaz: vocação mais 
competência. Dinheiro sem alma é o 
caminho para a pobreza espiritual. E 
talento sem dinheiro é o caminho para a pobreza 
material.
A
Para um campeão, isoladamente, nenhum desses 
dois aspectos serve. Por isso, é fundamental que 
você consiga trabalhar com o que gosta. Mas 
também não adianta nada fazer o que você gosta de 
maneira incompetente. O fruto de seu trabalho 
deve ser nutritivo e saboroso, lucrativo e 
satisfatório. 
Dicas para o pessoal de Recursos Humanos
Um dos maiores desafios hoje é manter em uma empresa os grandes talentos, pois os melhores profissionais 
sempre recebem muitas ofertas de emprego. Perdê-los para a concorrência não é só um problema, mas uma 
catástrofe.
Para que os campeões continuem em sua empresa, é preciso muito mais do que uma simples remuneração.É 
necessário avaliar o grau de felicidade das pessoas que atuam em sua empresa e criar programas de 
desenvolvimento individual para seus colaboradores. Lembre-se: o prazer de se sentir competente é uma das 
maiores fontes de felicidade para seus funcionários. Ajudá-los a se sentirem competentes é uma grande 
estratégia para manter os bons profissionais a seu lado.
PARTE 2 
Vocação: uma opção essencial 
A palavra vocação vem do latim, uma tradução da idéia de “chamado” e “escolha”. Provavelmente significa 
lembrança e se refere à memória daquilo que você é de verdade. Você já parou para lembrar de você?
ma roseira é uma roseira, e tudo 
que ela produzir tem de ser a partir 
de sua essência de roseira. Eu não 
imagino que uma orquídea viva 
angustiada por querer ser um 
pinheiro nem que uma laranjeira fique infeliz por 
desejar ser um pessegueiro. A felicidade 
profissional vem quando trabalhamos em algo que 
verdadeiramente tenha a ver com nossa vocação. 
U
Um artista pode se transformar num bancário, mas 
terá de se tornar, pelo menos, “um bancário 
artístico”. Se ele lutar contra sua essência e 
eliminar a sensibilidade característica do artista, 
estará fazendo um grande mal a si próprio. 
Provavelmente, prejudicará sua carreira e, de 
quebra, correrá o risco de ser infeliz.A maior parte das pessoas escolhe a profissão por 
motivos que não têm nada a ver com sua alma. 
Alguns a escolhem pelo glamour. Ser sociólogo, 
por exemplo, era o máximo na década de 60. Já 
nos anos 80, a moda era ser psicólogo. Nos anos 
90, o que dava status era ser publicitário. E ser 
artista é algo que está na moda o tempo todo.
Mas a frustração chega quando a pessoa descobre 
que, junto com o glamour, o status ou qualquer 
outro motivo que tenha levada à escolha da 
profissão, vêm os desafios característicos de toda e 
qualquer tarefa. No entanto, aqueles que 
escolheram a profissão seguindo a vocação, 
enfrentam esses desafios com imenso prazer.
Há também aqueles que resolvem seguir uma 
determinada carreira para realizar os sonhos da 
família. Às vezes, o pai gostaria de ter sido 
médico, mas não conseguiu e fica, então, tentando 
fazer o filho ou a filha seguir essa profissão. 
Outras vezes, o pai é um poderoso empresário e 
quer que o filho perpetue seu negócio. Mas o 
jovem não tem a mínima vocação ou habilidade 
para tocar uma empresa.Aí, começam os conflitos, 
sem que nenhum dos dois perceba o que está 
acontecendo de fato. O pai, às vezes acha que o 
filho é preguiçoso, e o filho, depois de tanta 
cobrança, acaba se convencendo de que um dia vai 
mudar de vida. Ele até se esforça para deixar o pai 
feliz, mas logo se dá conta de que tudo o que faz 
vem acompanhado de desprazer e frustração.
Nesses casos, o melhoré ter uma conversa franca 
com seus pais. Você deve agradecer os cuidados 
deles, mas dizer que precisa seguir seu próprio 
caminho.
Existe ainda quem, por conta da crise econômica, 
escolha a carreira pensando no retorno financeiro. 
O que dá dinheiro? Informática, telecomunicações, 
tecnologia da informação? Poucos, infelizmente, 
percebem que optar por uma profissão sem paixão 
é como se casar com alguém muito rico sem sentir 
amor. Se já é trabalhoso com paixão, imagina 
como a coisa fica sem desejo!
Finalmente, existe o grupo dos que escolhem a 
carreira para evitar problemas. Por exemplo: são os 
novos empresários que pretendem montar um 
negócio porque não querem ter chefes. Logo 
descobrem que possuir o próprio negócio é 
transformar cada cliente em um chefe.
Como a maioria das decisões é tomada em 
momentos de rebeldia, seja na adolescência dos 
menores de 20, seja no inconformismo assumido 
daqueles com mais de 40 anos, muitas vezes as 
pessoas não têm clareza sobre o que querem. Elas 
definem somente o que não querem. Veja alguns 
exemplos:
• “Eu não quero um emprego em que eu não 
possa viajar”; 
• “Eu não quero mexer com números”; 
• “Eu não quero lidar com gente o dia inteiro”.
Eliminar opções não significa que você encontrou 
alguma. Em qualquer um dos casos acima, perceba 
que as frases não trazem qualquer informação 
sobre a vocação da pessoa.
Bem, como você vai se sentir melhor: sendo um 
goleiro, um defensor ou um atacante? Querer 
transformar o Edmundo em goleiro, 
provavelmente, vai criar muitos problemas. Por 
isso, você tem que fazer o que o faz se sentir bem, 
ainda que isso não o desobrigue de realizar certas 
tarefas que o desagradem. Afinal, o atacante 
precisa ajudar na defesa e o defensor, participar de 
alguns ataques, assim como o goleiro.
Aprendendo a escutar
O primeiro passo para encontrar respostas é escutá-
las. Em geral, aqueles que estão buscando definir 
melhor a vida profissional fazem muitas perguntas, 
mas escutam muito pouco. Na maior parte das 
vezes, quando oriento algum executivo ou 
empresário nessa fase da vida, percebo que mal 
começo a responder uma pergunta e ele já está 
levantando outra questão.
Nesse tipo de busca, as respostas que você recebe 
são muito importantes. Portanto, escutar é 
fundamental para saber qual é sua real vocação – 
especialmente quando você aprender a ouvir sua 
voz interior. E para ouvi-la, você terá que criar 
momentos para estar em silêncio.
Em uma de suas canções, Gilberto Gil nos dá uma 
grande pista: “Se eu quiser falar com Deus, tenho 
que ficar a sós”. Parece que ele realmente entende 
das coisas, porque sabe que o quanto é 
fundamental estar consigo mesmo, especialmente 
para ouvir o Deus que existe em nosso interior.
Para escutar sua voz interior, o ideal é ir para um 
lugar silencioso, uma praia, talvez uma montanha. 
Um lugar sem revistas, livros, walkman, 
computador etc. E ficar sentado ou caminhar.
Claro que, quem quer procurar o silêncio, antes de 
encontrá-lo, vai passar por alguns desafios. 
Primeiro, quando você tentar se isolar e ir sozinho, 
por exemplo, para uma praia ou para a casa de um 
amigo, vai acabar sentindo vontade de fazer muitas 
coisas. Então, vai precisar resistir à tentação de 
ligar a TV, o computador, navegar pela internet, ler 
seu e-mail. Não satisfeito, também vai pensar em 
sair, se distrair, conhecer alguém diferente, 
apreciar melhor o lugar etc. Quando essas 
tentações surgirem, lembre-se: você é o único que 
pode dar esse tempo para pensar em sua vida. 
Se você conseguir sobreviver a esse primeiro 
desafio, terá chance de se encontrar consigo 
mesmo. Depois, virá aquela saudade de alguém. 
Então, você sentirá vontade de pegar o telefone, 
ligar para que ela ou ele venha visitá-lo. Se você 
não resistir, der um telefonema e a pessoa não 
puder vir, vai brigar, ficar com raiva, amargurar 
lembranças ruins dessas pessoas, ou seja, vai ficar 
com ela ou ele (ainda que seja na imaginação) e 
deixar de ficar com você mesmo.
Mas, se você ultrapassar também esse segundo 
desafio, começará, então, a sentir alguns 
arrependimentos e a se lembrar do passado. Agora, 
que você já está no caminho, terá que , antes de 
mais nada, deixar o passado e as lembranças lá 
atrás. Lembre-se: se você agüentou até agora, não 
custa nada parar de pensar no que já passou e 
começar a conversar com você. E aí: pronto! Boa 
sorte!
Para você treinar seu ouvido a escutar você 
mesmo, vou propor algumas reflexões. 
Que tal conhecer melhor 
suas próprias idéias acerca 
de seu futuro? Você pode 
começar visitando seus 
sonhos de adolescência. O 
que faltou para realizá-
los? Será que eles ainda 
estão vivos dentro de você? 
O que gostaria de fazer de 
verdade na vida?
Analise seus desejos mais profundos, 
independentemente das chances de torná-los reais. 
Muita gente coloca tantos obstáculos para a 
realização de um desejo que os elimina antes 
mesmo de qualquer tentativa de alcançá-los.
Também é interessante conversar com outras 
pessoas sobre suas descobertas. Ouça e analise as 
várias possibilidades, mas escute, principalmente, 
sua consciência. Dê um tempo para que suas 
decisões amadureçam. Não adianta entrar 
precipitadamente numa faculdade, por exemplo, e 
se arrepender logo em seguida. Esse intervalo para 
refletir antes de tomar uma decisão é, com 
freqüência, cheio de angústias. Por isso, paciência 
é fundamental. Quando fizer sua escolha, saiba que 
ela é somente o princípio de uma longa caminhada.
Na verdade, existem momentos especiais em que é 
preciso olhar para dentro de si mesmo para 
encontrar a resposta. É assim na hora de:
- escolher uma profissão;
- decidir em que empresa você vai 
trabalhar;
- optar entre ter um emprego ou um 
negócio próprio;
- avaliar como você deve se posicionar 
no mercado;
- examinar que imagem vai criar para 
você.
Muitos profissionais criam uma imagem para 
aproveitar um momento e, depois, precisam 
agüentar o peso de carregar por todaa vida. E a 
bagagem vai ficar bem mais leve se sua marca 
pessoal refletir quem você é.
As pessoas, em geral, tomam decisões importantes 
analisando somente racionalmente os vários fatores 
que podem influenciar a escolha, mas é 
fundamental que, além disso, você se sinta feliz 
com sua decisão. Então, depois de resolver para 
que lado você vai andar, comece a caminhada. 
Vários profissionais comentam comigo:
- Roberto, sei que estou vivendo minha vocação, 
mas o que eu ganho é muito pouco. 
Claro que não basta fazer o que se gosta. Todos 
precisamos de um mínimo de tranqüilidade para 
viver. Por isso, se você tiver certeza de que está 
fazendo o que gosta, é importante se capacitar para 
que seu trabalho lhe traga, além de prazer, 
tranqüilidade.
Competência é... 
...a capacidade de transformar esforço em resultados.
...a habilidade de transformar talento em lucros.
...saber escolher os frutos de seu suor.
... a capacidade de transformar ameaças em novas oportunidades.
PARTE 3
Mudanças: o despertar de 
uma nova era!
“Se as mudanças no mundo estão acontecendo num ritmo mais intenso do que na organização, é sinal de que o 
fim está próximo.”
Jack Welch, ex-presidente da General Electric
voluir é a própria condição para a 
sobrevivência. Para enfrentar os 
novos desafios do mundo atual, é 
preciso acompanhar as rápidas 
transformações. São mudanças que se 
processam nas empresas e nos indivíduos. Pois 
empresas campeãs são formadas por seres humanos 
campeões.
E
Você sempre tem a opção de viver estagnado, mas 
o preço que pagará por isso será, provavelmente, 
muito alto. É como pagar a conta com o que você 
tem de mais precioso: todo seu potencial criativo.
É imprescindível que as pessoas tenham 
consciência da rapidez das mudanças e aproveitem 
o momento não apenas para farejar bons negócios, 
mas, principalmente, para criar competências que 
lhes garantam vitórias. Como disse o piloto 
italiano Mario Andretti, campeão de Fórmula 1 em 
1978 e de Fórmula Indy em 1984: “Quando tudo 
está sob controle, é sinal de que não estamos indo 
suficientemente rápido”.
Não adianta querer impedir que as mudanças 
ocorram; elas são maiores que nós. É impossível 
deter a globalização, a autonomia da mulher, o 
desenvolvimento dos negros na nossa sociedade, a 
jovialidade dos idosos, a impetuosidade dos 
jovens. Em vez de gastar sua energia negando as 
transformações, é melhor investir sua força na 
renovação.
Como nada nesse mundo fica estático, as 
vantagens competitivas adquiridas pelo seu 
negócio estão correndo o risco de se tornarem 
ultrapassadas o tempo todo. Por isso, devemos 
sempre nos adiantar às situações que surgirão. E 
isso só pode ser feito a partir da adoção de uma 
postura de mudança permanente.
É preciso se antecipar aos acontecimentos para 
aproveitá-los melhor. Se somos ótimos 
datilógrafos no momento em que surge a 
informática, é importante aprender a usar 
computadores. O nosso conhecimento sobre as 
máquinas de datilografar deve ser rapidamente 
adaptado, reformulado e transformado. Ou 
montamos uma escola de digitação, ou 
desenvolvemos softwares, ou vamos vender 
computadores.
E não há eficiência que dê conta de criar vitórias 
com negócios fracassados. Nem o melhor 
profissional do mundo, o mais bem informado e 
reciclado, conseguiria obter sucesso com uma 
escola de datilografia!
Portanto, estar atento é fundamental, porque o 
mercado está sempre evoluindo. A tendência das 
pessoas comuns é relaxar depois do esforço de 
implantar uma mudança. Mas a acomodação pode 
ser fatal. Não devemos nos apegar à velha máquina 
de escrever e aos conceitos do. Não há saídas para 
os tempos de ontem.
Ok, talvez você esteja mais tranqüilo do que os 
datilógrafos porque está desenvolvendo ótimos 
programas de computador. No entanto, terá de 
tomar um outro cuidado: vem aí uma invasão de 
empresas estrangeiras. Ou seja, você também terá 
de dar um salto, tornando sua empresa mais ágil 
para que ela possa ocupar um novo nicho de 
mercado. Para isso, você precisará se recriar. À 
medida que você criar algo novo e começar a 
lucrar com isso, outras empresas inovarão e virão 
correndo atrás de seus clientes. E aí vai começar 
tudo de novo: reciclagem, reinvenção e novas 
soluções. É a nova ordem. Mundo de adrenalina...
Sempre que você alcançar uma vitória, é chegada a 
hora de:
- parar e analisar quais são as tendências do 
mundo e do setor em que atua;
- perceber quais as necessidades e os desejos das 
empresas e das pessoas;
- antecipar as novas oportunidades de negócio e 
criar soluções para essas necessidades;
- mostrar ao mundo suas opções; 
- vender, vender e vender.
Esse mesmo processo de recriar uma empresa 
serve também para você alavancar sua carreira:
- analise as tendências da sua empresa, 
do seu setor e do mundo;
- descubra quais são as necessidades de 
seu chefe e de sua empresa;
- antecipe as oportunidades de ascensão 
profissional;
- crie competência (falar alemão, fazer 
um estágio na matriz) e as mostre ao 
mundo.
O desejo de vencer e o incômodo da 
derrota
Infelizmente, a maioria das empresas e das pessoas 
não consegue se recriar. O sucesso faz elas ficarem 
cada vez mais satisfeitas com o resultado atual, 
reforçando as estratégias empregadas, a maneira de 
decidir, de agir e cria vulnerabilidade às novas 
regras de mercado. Então, a inércia começa a 
destruir a ousadia e a consciência da necessidade 
de evolução até que o tranco de uma derrota 
evidencia que é preciso despertar para uma nova 
era.
Existem dois grandes motivadores da mudança: o 
desejo da vitória e o medo da derrota. Quando se 
pergunta a um atleta por que ele se dedica tanto, 
treina muito, batalha pelas jogadas, a maioria 
absoluta diz:
- Não sei se é porque adoro vencer ou porque 
odeio perder.
Quando você pergunta a um ator por que ele se 
dedica tanto, a resposta mais comum é:
- Porque eu adoro os aplausos e odeio a 
possibilidade de errar. 
Esses são os dois componentes da mudança: o 
desejo de vencer e o incômodo da derrota. O 
campeão sabe que a derrota o espera na próxima 
esquina e o medo de experimentar o sabor do 
fracasso o impulsiona para a evolução, pois é a 
evolução que o fará sentir o prazer da vitória. 
Vamos imaginar um adolescente pobre que vive 
numa favela dessas tão comuns nos grandes 
centros urbanos. Quando esse jovem analisa seu 
futuro, percebe que, à primeira vista, tem dois 
caminhos básicos a seguir: ser pobre como os pais 
ou se envolver com o tráfico de drogas. Ser pobre, 
para ele, significa proporcionar aos filhos a mesma 
vida que ele teve. Trabalhar com o tráfico significa 
morrer cedo ou viver na prisão como ele está 
cansado de ver acontecendo com ex-amigos.
Então, ele percebe que abandonar sua vida na 
inércia do destino não oferece perspectivas muito 
motivadoras. Para continuar na favela não é 
preciso nenhuma imaginação, é só observar o que 
ocorre ao redor e ir adiante. Sua vida começa a se 
diferenciar no momento em que ele se sente 
angustiado de ter perspectivas tão desanimadoras e 
pressente que não precisa ser assim.
Ele assiste aos programas de televisão, vê o estilo 
de vida de outras pessoas e passa a se identificar 
com suas casas e seus escritórios. A angústia se 
transforma em curiosidade. Ele continua a observar 
outras pessoas, outros lugares e, cada vez mais, se 
dá conta de que seu caminho pode ser diferente. 
Ele gosta da ousadia dostraficantes, mas não gosta 
da loucura da vida que eles levam, sempre fugindo 
dos confrontos com a polícia ou com as outras 
quadrilhas. Ele gosta da ética e da simplicidade de 
seus pais, mas não gosta de seus resultados.
A curiosidade vai aumentando, ele observa os 
médicos, os professores, o patrão no trabalho onde 
ele é office-boy e, dentro dele, vai ficando clara a 
visão do que sua vida pode se tornar.
Aos poucos, percebe que algo deve ser feito de 
diferente se quiser realizar esse caminho que está 
visualizando. Retoma, à noite, os estudos que 
havia parado, começa a se espelhar no doutor Luís, 
seu chefe, e, às vezes, até seu jeito de falar parece 
com o dele. Os colegas de rua ironizam suas 
mudanças, mas, apesar disso, o rapaz continua seu 
caminho. A mãe tem pena dele, do sacrifício que 
faz, e lhe pergunta sempre se vale a pena lutar 
tanto. Ele continua.
Lentamente, nota que é um garoto especial, que 
pode construir muitas coisas. Sua maneira de agir e 
de pensar vai se diferenciando, inclusive dos 
colegas de escritório. Ele não perde a oportunidade 
de mostrar sua vontade de crescer e sua carreira na 
empresa deslancha.
Talvez você esteja pensando:
- Mas, Roberto, o que isso tem a ver com minha 
vida? Eu não moro numa favela nem tenho 
problemas de aceitação de meus amigos.Bem, já 
concordamos que você quer crescer, não é? Pois 
saiba que seu processo de crescimento tem muito a 
ver com o rapaz que descrevemos anteriormente. 
Explico: imagine que você é um gerente que gosta 
muito de sua posição, mas chega um momento em 
que percebe que seu lugar é na diretoria. Ou você é 
aquele médico que está sempre com o consultório 
vazio e decide que um profissional como você não 
deveria estar vivendo essa situação. Então, vamos, 
juntos, ver como esse processo ocorre nesses dois 
casos.
O primeiro passo do processo de crescimento é 
criar uma visão de sua carreira.O que é uma visão?
Visão é um caminho entre as diversas 
possibilidades que vislumbro para minha carreira. 
É um caminho que abro para minha vida, é uma 
estrela que crio para orientar minhas ações, é a 
manifestação de meus ideais e, principalmente, é a 
expressão de minha fé no futuro.
Quando um adolescente diz “quando crescer quero 
ser um advogado para criar a justiça”, está 
formando uma visão que manifesta os propósitos e 
os resultados que quer obter de sua vida.
Quando um jovem numa favela cria uma visão de 
sua vida, ele estabelece uma possibilidade para sua 
vida. Ele se percebe como um ser especial, e isso 
começa a motivá-lo a fazer coisas diferentes, já 
que ele logo descobre que não vai ser especial se 
fizer o que todo mundo faz. 
Essa visão evidencia a nossa habilidade de viver 
uma realidade antes que ela se materialize e, 
portanto, antecipa o futuro. Às vezes, quando faço 
palestras em convenções de supermercados em que 
participam desde o presidente até os 
empacotadores, a maioria dos rapazes age como 
empacotadores, fazendo bagunça, paquerando as 
moças que passam etc. Aliás, alguns gerentes 
também agem como empacotadores.
Mas, no meio dos garotos, eu consigo ver alguns 
deles alegres, com o olhar atento, saboreando cada 
palavra dos planos que são apresentados, e eu 
imagino que esse comprometimento provém de sua 
visão. Eles sabem que pertencem ao grupo dos 
gerentes. Antes de chegar lá, vão ser supervisores 
de departamentos e, quando forem gerentes, alguns 
vão criar a visão de ocupar uma diretoria.
A visão orienta suas ações para um objetivo e, 
portanto, define prioridades. Não importa qual é 
sua idade no momento em que decreta o desejo de 
subir um degrau em sua carreira, o primeiro passo 
é responder àquela pergunta de criança:
- O que você vai ser quando crescer?
O marinheiro, antes de navegar, define seu 
objetivo, pois sua experiência diz que, para aquele 
que não sabe aonde ir, qualquer vento 
atrapalha.Torço para que, neste exato momento 
você, esteja se perguntando:
- E agora? Qual o próximo passo?
Antes de sair para a ação, vamos analisar alguns 
pontos para aproveitar ao máximo sua energia de 
mudança. Pegue uma caneta e trabalhe comigo as 
questões a seguir. 
1) Tenha um objetivo
Agora que você já refletiu bastante sobre a visão 
que almeja para sua carreira e já pensou na direção 
que quer dar a sua vida, é hora de estabelecer um 
objetivo.
Mudar por mudar somente desgasta e desanima.
Mudar por mudar gera muita preocupação e 
poucos resultados.
Saber definir aonde você quer ir facilita o processo 
de mudança. Quando a pessoa não tem um sentido 
ou um rumo, dá muitas voltas e retorna ao mesmo 
lugar de onde saiu. Por isso, ao iniciar sua 
transformação, é sempre interessante conversar 
com amigos, chefes, colaboradores, clientes, 
fornecedores e até mesmo visitar concorrentes para 
recolher idéias.
O mais importante, no entanto, é ter clareza sobre 
aonde se quer chegar. Os atletas que ganham 
medalhas olímpicas têm bem demarcados seus 
objetivos. Eles não correm para se exibir; eles 
correm para subir ao pódio.
O primeiro passo para atingir um objetivo, então, é 
ter um! Aproveite este momento em que você está 
motivado para dar um salto em sua carreira e 
responda para você mesmo: o que você quer 
mudar? Para onde você quer ir? Como vamos 
saber que você conquistou seu objetivo?
Vamos lá!
2) Tenha um ídolo
Nessas ocasiões, é importante ter uma referência. 
Um ídolo pode ajudar bastante. Praticamente todo 
mundo que deu certo na vida começou imitando 
alguém. Roberto Carlos gostava de imitar João 
Gilberto; os Beatles imitavam Elvis Presley; Elis 
Regina imitava Ângela Maria; os Rolling Stones 
imitavam os guitarristas negros de blues; e assim 
por diante.
Eu imitava um terapeuta argentino chamado 
Cecilio Kherman. Nas situações difíceis, em que 
não sabia o que fazer, me perguntava: 
- Se o Cecilio estivesse aqui, o que ele faria?
Essa pergunta me ajudava bastante a encontrar 
soluções para casos complicados. Depois, 
apareceram outros ídolos: José Angelo Gaiarsa, 
Muriel James etc.
O ídolo cria uma referência que nos ajuda a 
realizar nossa meta. Quando você atingir o nível 
dele, pergunte-se:
- Qual será meu próximo ídolo?
Pode ser que você não goste da palavra ídolo. 
Então use a palavra “referência” ou “mentor”. No 
Brasil, a maioria das pessoas não gosta de ídolos. 
Na verdade, odeiam reconhecer que os têm. Isso é 
ruim porque gasta-se muito tempo inventando a 
roda. Uma referência facilita a realização de uma 
mudança. 
Talvez você esteja querendo perguntar:
- Roberto, mas e o meu talento?
Seu talento vai se revelar à medida que seu 
trabalho for criando consistência. Roberto Carlos, 
os Beatles, Elis Regina e os Rolling Stones 
encontraram seus próprios caminhos conforme 
foram evoluindo em suas carreiras.
Lembre-se: uma referência não é eterna. Ela 
apenas o ajuda alcançar seus objetivos. Chega um 
momento em que você supera seu ídolo e, então, 
adquire força suficiente para dar novos impulsos 
em sua carreira.
Se você quer se tornar um pai mais carinhoso com 
seu filho, defina quem é seu modelo de pai ideal. 
Se você é uma dona de casa que deseja trabalhar 
fora, identifique uma mulher que fez uma 
revolução como a que você quer fazer em sua vida. 
Responda agora: quem vai ser seu modelo nesse 
processo de mudança?
3) Tenha um propósito 
Procure descobrir na mudança um sentido que 
oriente sua evolução. Trabalhar para ganhar mais 
dinheiro é algo que não motiva a maior parte das 
pessoas. Porém, trabalhar além do necessário para 
ter condições de pagar a escola dosfilhos aumenta 
a motivação.
Quando alguém encontra um sentido para sua 
ação, ela se torna muito mais consistente. Por isso, 
há tanta gente que trabalha para orfanatos sem 
ganhar dinheiro. Elas simplesmente o fazem pelo 
prazer que têm por ajudar ao próximo. 
Encontrar um sentido para o que estamos buscando 
nos inspira e gera forças para superarmos os 
obstáculos da mudança. Lutar para ter mais 
dinheiro é pouco. Talvez seja melhor se você 
pensar que mais dinheiro vai poder ajudá-lo a 
fornecer melhores estudos para seu filho, a criar 
uma empresa mais humana ou uma sociedade mais 
justa. Ter um propósito ajudará você a administrar 
o sacrifício que um processo evolutivo sempre 
demanda.
Assim, tente responder: qual o sentido da sua 
mudança?
4) Mãos à obra
Toda mudança começa com a palavra “eu” seguida 
de um verbo de ação. A mudança ocorre quando 
alguém se dispõe a investir energia para mudar a si 
mesmo. Eu tenho certeza de que não adianta tentar 
mudar alguém que não queira mudar. Porque as 
pessoas não mudam porque elas simplesmente 
precisam mudar, mas principalmente porque elas 
se comprometem com o processo e colocam seus 
planos em ação.
Portanto, agora que você está imensamente 
envolvido em seu processo de mudança, procure 
uma frase que o ajude a se comprometer ainda mas 
com seu objetivo e estabeleça um pacto com você 
mesmo. Por exemplo:
• Eu vou fazer um curso de pós-graduação.
• Eu vou sair com meus filhos três vezes por 
semana.
• Eu vou fazer uma reunião semanal com minha 
equipe.
Agora é a sua vez. Escreva sua frase:
Eu vou... E mãos à obra. Lembre-se de que sucesso 
é algo que eu faço hoje, e fracasso é algo que eu 
deixo para amanhã!
 
PARTE 4 
É preciso destruir as resistências
O sucesso obtido com o processo de mudança consiste, no fundo, em romper barreiras, quebrar paradigmas e 
vencer resistências. Parece fácil, mas exige empenho e dedicação.
esistência é a palavra preferida 
pelos avestruzes. Para eles, a 
mudança é sempre algo muito 
ameaçador. Por isso, negar a 
necessidade de evolução é seu jogo 
predileto. Na verdade, resistir só aumenta o 
problema, além de trazer mais sofrimento.
R
Enquanto o governo e os políticos não encararem 
as dificuldades da nação e enfrentarem os desafios 
com coragem, o tamanho dos nossos problemas só 
vai aumentar. Enquanto muitos empresários 
ficarem reclamando do governo e dos 
trabalhadores, seus problemas só vão crescer. 
Enquanto a maioria dos sindicatos não tiver uma 
conversa franca com seus associados para orientá-
los sobre a necessidade de requalificação e 
evolução, o desemprego só se agravará.
Ou seja, quando negamos um fato não eliminamos 
sua existência. Batalhe para que as instituições 
mudem, mas, enquanto isso não acontece, assuma 
a responsabilidade por sua vida. Na verdade, você 
tem que tomar o destino em suas mãos e ir atrás de 
seus sonhos. As resistências são bloqueios às 
mudanças e devem ser atacadas em várias frentes.
1) Aumente sua fé em você
O consultor Wagner Pandolpho costuma dizer:
- As pessoas usam tão pouco o potencial de seu 
cérebro quanto a capacidade de um computador”.
Ele está certo. O uso que a maioria dos indivíduos 
faz de suas faculdades mentais não passa dos 10%. 
A maior parte de nossa mente vive sob trevas, é 
ociosa e está adormecida. Se, com apenas 10%, já 
realizamos tantas coisas, imagine o que faríamos 
se utilizássemos 15%?
Seria assim tão difícil? Certamente não. Os 
neurofisiologistas já provaram que o cérebro é 
como um músculo: quanto mais o exercitamos, 
mais ele se desenvolve. Exija de seu cérebro. Ele 
vai agradecer a oportunidade de se oxigenar!
Há alguns anos, biólogos norte-americanos 
realizaram uma experiência bastante interessante: 
colocaram um tubarão dentro de um aquário junto 
com um robalo, ambos separados por uma 
divisória de vidro. Quando o tubarão sentia fome, 
partia em direção ao robalo até bater com a cabeça 
no vidro.
O tubarão seguia insistindo e lutava intensamente, 
até que, de tanto se machucar, desistia. De 
determinado momento em diante, mesmo quando 
os biólogos tiravam o vidro que separava os 
peixes, o tubarão não atacava mais o robalo.
Tem muita gente que colocou uma divisória de 
vidro no cérebro e hoje é incapaz de realizar seus 
próprios desejos. São pessoas que vivem sonhando 
em comer um robalo, mas têm certeza de que 
nunca suas metas nunca poderão ser alcançadas. .
As limitações que um indivíduo coloca na mente 
podem levá-lo a evitar qualquer atividade que exija 
um mínimo de massa cinzenta. Parece que é 
pecado utilizar os neurônios! Mas essa falta de uso 
causa uma apatia no cérebro. Vencer essa barreira 
é o mesmo que abrir as portas para o universo.
O princípio da mudança é transformar o jeito de 
pensar. Enfrentar as limitações que nos colocaram, 
e que colocamos, em nossas mentes. As crianças, 
até a adolescência, escutam em média 100.000 
“nãos”. Tal dose de proibições desestimula o 
raciocínio, a criatividade e as leva a dizer “não” 
para si mesmas antes de o dizer para outras 
pessoas.
Quando um indivíduo não enfrenta seus medos:
• Põe suas responsabilidades nas costas dos 
outros;
• Sente-se perseguido por todos;
• Age como um rebelde, mas não realiza seus 
sonhos;
• Aceita situações tóxicas, por acreditar na 
absoluta falta de opção;
• Não respeita a si mesmo nem aos outros;
• E repete, dia pós dia, as mesmas ações.
Você sempre é mais do que tem realizado. Sempre 
há algo a ser aprimorado. Portanto, abra sua mente 
para as novas possibilidades da vida.
Quando ministrava seminários buscando aprimorar 
a performance das pessoas, eu as motivava a 
caminhar sobre um colchão de brasas. Elas 
ficavam surpresas com sua capacidade de desafiar 
suas crenças. Nesse instante, eu procurava ajudá-
las a desafiar o que elas acreditavam ser 
impossível de realizar.
2) Mude o rumo do barco
 
Outro grande problema é a inércia. A tendência da 
maioria das pessoas é deixar tudo como está para 
ver como é que fica. Se um barco não está indo no 
rumo desejado, não adianta torcer para que ele 
mude de rumo. É preciso fazer algo concreto para 
que isso mude.
Mas mudar exige energia. E muita gente vive 
baseada na lei do mínimo esforço, sem perceber o 
sacrifício que é levar a vida do jeito que está. 
Pagam com o sofrimento diário a preguiça que têm 
para mudar.
Exemplos não faltam: a preguiça de cursar uma 
faculdade é paga com o sacrifício de ficar num 
emprego que não lhe dá prazer; ou a preguiça de 
procurar um emprego novo faz a pessoa continuar 
trabalhando no mesmo lugar, a ser o que sempre 
foi e a receber o que sempre recebeu (e mereceu). 
Pior: ele se ilude dizendo que faz isso em nome da 
“segurança” do emprego. Claro que mudar dá 
trabalho. Mas viver sem prazer e sucesso dá muito 
mais.
3) Coragem de arriscar
Adaptar-se à nova situação representa um salto no 
escuro. Significa abandonar a segurança em troca 
da possibilidade de realizar um sonho.
A solidão gerada por uma falsa impressão de 
segurança não nos deve impedir de arriscar e de 
amar de novo, mesmo depois de uma separação. 
Essa dose de ousadia é algo que, com 
freqüência, vemos nos campeões. 
Da mesma forma, voltar à faculdade depois dos 40 
anos e se ver cercado de pós-adolescentes causa, 
em geral, uma sensação de ridículo que somente os 
guerreiros ousam enfrentar.
É difícil, e raro, alguém se sentir à vontade nos 
instantes de mudança da vida. Crescer significa 
penetrar numa região inóspita e insegura. Para uma 
criança, a adolescênciaé uma viajem ao 
desconhecido. É quando ela toma a mão da sua 
vida. E isso é assustador para a maioria dos seres 
humanos.
Fugir da zona de segurança, da região de conforto, 
é muito complicado. Quando os jovens saem da 
casa dos pais e assumem sua vida, dão um grande 
salto. É como mergulhar num poço sem fundo: não 
se sabe o que vai acontecer, se a gente vai 
conseguir se dar bem ou não. Mas aquele salto é 
necessário. Só depois da vitória percebemos que o 
bicho não era tão feio assim.
4) Enfrente a estrutura social 
A sociedade está estruturada de modo a manter a 
estrutura vigente. Mudança é algo que assusta a 
sociedade. Por essa razão, existem poderosas 
armas apontadas para nós.
Se você tem dor de cabeça, por exemplo, a 
primeira orientação que recebe é tomar um 
comprimido. No entanto, talvez fosse melhor, em 
vez de ingerir o remédio, parar e perceber sua vida, 
sentir o que está acontecendo com sua cabeça – 
com sua carreira ou com sua empresa. Isso seria, 
de fato, o mais indicado. Na verdade, o que você 
tem de fazer é refletir, elaborar uma saída. 
A maior parte das pessoas que sofrem com a 
síndrome do pânico trabalha sem paixão, está 
casada sem amor. É gente que precisa dar um basta 
e revolucionar a vida que levam. Porém, todo o 
sistema é criado para você tomar comprimidos e, 
assim, evitar conflitos.
Você não está amando pra valer? Experimente 
Viagra. 
A questão é: será que ninguém percebe que o amor 
é o maior afrodisíaco que existe? Não adianta 
tentar solucionar os problemas colocando panos 
quentes. O melhor, nesses casos, é buscar a 
essência da insatisfação e atacar o cerne do 
problema.Muitas vezes, o que nos impede de agir 
assim são as resistências que se formam. Afinal, 
quando alguém muda, acaba, geralmente, 
quebrando o falso equilíbrio que existe na família, 
no casamento, no círculo de amizade e na empresa. 
É o caso da filha que resolve sair de casa para 
construir sua vida e obriga a mãe a enfrentar sua 
sensação de inutilidade. Ou da funcionária que 
encontra um novo emprego quando todos 
reclamam da falta de oportunidades.É importante 
que você esteja atento, pois mudar quase sempre 
provoca angústia nas pessoas que estão a nosso 
redor. Porém, pior do que lidar com essa angústia é 
desistir de mudar porque os outros vão se sentir 
mal. Isso só provoca mais culpa nas pessoas que 
nos amam.
5) Humildade para evoluir
Muitos acham que mudar é apenas reconhecer 
erros, admitir fracassos e derrotas. No fundo, os 
que pensam assim – e por isso nunca mudam – são 
arrogantes, imaginam-se perfeitos, sem 
necessidade de evolução.
Mas mudar é admitir novas 
possibilidades que 
necessariamente não 
desqualificam as posturas 
anteriores. Até porque, 
nem sempre o que é bom 
agora será bom amanhã. A 
mesma pergunta, feita em 
momentos distintos, vai 
receber respostas 
diferentes.
E, no final das contas, errar faz parte da vida. 
Somente os medíocres não erram! Todos os 
grandes criadores erraram e erram muito. O 
pesadelo começa quando insistimos no erro. Por 
isso, é tão importante parar na ocasião certa, 
reconhecer as perdas, aprender com a situação e ir 
em frente. Existe sempre um modo melhor de 
viver. Isso deve ser aceito com muita simplicidade 
para que as mudanças se tornem simples.
É fundamental olhar o passado e o presente com 
serenidade para que se possa construir um futuro 
melhor. A resistência é um elástico que prende as 
pessoas ao passado. Para ir adiante, é preciso 
abandoná-la com a tranqüilidade de quem sabe que 
a escuridão não existe, apenas a falta luz. Com a 
luz de seu olhar, você pode iluminar os lugares 
pelos quais vai passar e perceberá que deixar o 
passado no lugar certo abre espaço para o novo.
Agora, o que você tem a fazer é partir para a ação. 
Você já sabe que a mudança começa com a palavra 
“eu” seguida de um verbo de ação. Guarde, 
entretanto, estas recomendações:
• As mudanças acontecem quando você faz a 
lição de casa.
• A mudança tem de ser treinada até virar um 
hábito.
• Mais importante que o desejo de mudar é o 
comprometimento com a mudança.
Mas você deve estar se perguntando:
- Quando devo mudar?
Bem, o sucesso é algo que você faz agora e o 
fracasso é algo que você adia para amanhã!
CASO
José Augusto Minarelli: a volta por cima
Experimentar a crise como um momento de crescimento é a chave para criar a 
oportunidade que gera o sucesso. No exemplo de Minarelli, você vai entender como é 
possível transformar tempestades em ventos a favor.
uando estamos no meio de uma 
tempestade, temos duas alternativas: o 
desespero ou o crescimento. Lógico 
que eu seria um maluco se dissesse que 
os problemas são gostosos, mas a 
sabedoria está em aproveitá-los da melhor maneira 
possível. Quando não crescemos com as nossas 
dificuldades, criamos a armadilha de eternizá-las.
Q
Imagine a cena: você recebe uma carta de 
demissão após anos de dedicação na mesma 
empresa. Perde, de uma hora para outra, a 
estabilidade financeira, a segurança proporcionada 
pelo ambiente de trabalho, a secretária, o telefone, 
o fax, o computador e deixa para trás o poderoso 
sobrenome organizacional:
- Eu sou o fulano da empresa tal...
Como se isso fosse pouco, ao chegar em casa, você 
tem de dar a má notícia à esposa, que ostenta uma 
barriga saliente denunciando a presença do 
segundo filho.
Esse não é um roteiro fictício. Infelizmente, já 
aconteceu milhares de vezes e a tendência é que 
essas estatísticas apenas aumentem nesses tempos 
de insegurança econômica. Vários personagens já 
protagonizaram uma história como essa. A 
diferença entre eles é que alguns aproveitaram a 
tempestade para transformar suas vidas, enquanto 
outros aumentaram suas dificuldades, alimentando 
o coração com ódio e se posicionando como 
vítimas do destino.
José Augusto Minarelli, um amigo querido, é 
exemplo entre os que venceram a tormenta e 
conquistaram um porto seguro no competitivo 
mercado de trabalho. Em 1979, Minarelli 
vivenciou a situação descrita no início deste texto, 
com todas as letras. Refeito do susto da demissão, 
tomou as atitudes clássicas: mandou centenas de 
currículos, comunicou aos amigos sua 
disponibilidade e até escreveu uma mala direta 
vendendo suas habilidades para possíveis 
compradores de seu trabalho. A idéia era se lançar 
no mercado como consultor independente. Tudo 
em vão. Na época, como ele próprio relembra, o 
mercado não valorizava profissionais generalistas. 
Esse foi, certamente, um dos motivos pelos quais 
ele não foi contratado.
O cerco estreitou-se rapidamente. Ele já não tinha 
dinheiro para sustentar a família, estava pedindo 
emprestado aos amigos, entrando no cheque 
especial, sem convênio médico, abusando do limite 
do cartão de crédito, pagando títulos em cartório. 
Formou-se o caos.
Foi quando Minarelli teve a idéia de visitar 
consultores estabelecidos para lhes oferecer 
alguma colaboração nos contratos que estavam em 
andamento ou em serviços que não pudessem 
executar.
Minarelli se agarrou a tudo que podia: rapidamente 
conseguiu alguns subcontratos para atuar na 
retaguarda, produziu manuais e conduziu sessões 
de treinamentos. Muitos abacaxis descascados 
depois, deu a sorte de estar no lugar certo, na hora 
exata (lembre-se de que a sorte é uma 
oportunidade encontrada pelas pessoas que estão 
preparadas). Ele foi procurar trabalho com um 
amigo no exato momento em que este estava às 
voltas com umcontrato urgente, mas na iminência 
de assumir o posto de diretor de Recursos 
Humanos de uma grande empresa em poucos dias. 
Ele resolveu o impasse subcontratando os serviços 
de Minarelli, pelos quais recebeu 50% dos 
honorários totais.
Daí para frente, as coisas começaram a acontecer.
Pedagogo especializado 
em orientação profissional, 
Minarelli entendeu que, 
seguindo sua vocação e 
aproveitando o fato de que 
a recolocação de 
executivos no mercado era 
um ramo recém-chegado 
ao Brasil, poderia 
conquistar um espaço 
bastante privilegiado.
Para isso, a saída era aliar a experiência de ter sido 
demitido à prática em seleção e treinamento. Com 
toda essa bagagem, Minarelli enriqueceu o 
atendimento básico que era oferecido a quem 
procurava uma empresa de outplacement.
Em 1982, ele criou sua própria empresa e, hoje, 
oferece recolocação com empregabilidade e 
qualidade de vida, um conceito sofisticado que 
resultou da evolução do trabalho da equipe Lens & 
Minarelli.
Esse é o caso de alguém que deu a volta por cima. 
A consultoria de Minarelli integra hoje um 
networking de empresas independentes com mais 
de 125 escritórios em todo o mundo. O Career 
Partners International Lens & Minarelli tornou-se 
ainda a primeira consultoria brasileira associada à 
Association of Career Management Consullting 
Firms International.
Para quem atravessa uma situação semelhante, 
Minarelli costuma dizer que de nada adianta 
esperar, reclamar, chorar pelos cantos. E ele tem 
razão. Mesmo que a situação esteja muito difícil, é 
preciso continuar procurando e mantendo atitudes 
positivas. Como o próprio Minarelli diz, é preciso 
crer para ver.
Por isso, esteja atento às ofertas do mercado. O 
emprego está escasso, mas o trabalho não. Há 
diversas oportunidades de trabalho remunerado.
Agora, se você está empregado, saiba que seu 
emprego não é garantia de estabilidade. A maré 
não está para peixe, e acomodar-se é fatal. O 
mundo moderno exige constante evolução. E a 
base da sua segurança sempre nasce da sua 
competência.
Se você estver desempregado, certamente existem 
dois caminhos nesse momento: falar que Minarelli 
é uma exceção ou que ele deu muita sorte e, assim, 
aumentar sua amargura e fragilidade ou usá-lo 
como inspiração. Não se esqueça de que todos nós 
temos muitos problemas e isso faz parte da 
grandeza e do mistério da vida, a diferença é que 
os campeões sabem aproveitar as oportunidades 
para recuperar o tempo perdido.
ARTIGO
O papel da empresa e do trabalhados na nova 
ordem
Planejar carreiras é uma atividade que cada vez menos depende dos vínculos de um 
funcionário com sua empresa. É algo que deve ser feito segundo as aspirações e os 
desejos do trabalhador.
Por Joel Souza Dutra* 
pesar de todas as orientações para 
que sejamos senhores de nossos 
destinos e gestores de nossos projetos 
profissionais e de vida, a análise da 
realidade brasileira nos surpreende 
nessa questão. Num estudo realizado em 1993 na 
cidade de São Paulo com pessoas de formação 
superior, constatamos que apenas 2% dos 
pesquisados haviam pensado em suas carreiras de 
forma estruturada. Portanto, 98% dos participantes 
do levantamento haviam entregue seus destinos pro­
fissionais à empresa ou ao acaso.
A
Apesar de os padrões de gerenciamento da própria 
carreira serem também baixos na Europa e nos 
Estados Unidos – apenas 20%, em média, 
cuidavam da própria carreira, segundo pesquisa 
feita em 1986 –, os dados apresentados no Brasil 
estão muito abaixo dos piores níveis já registrados.
Portanto, é hora de perguntar:
- O quanto somos escultores de nossa carreira ou 
esculturas da empresa e do ambiente?
- Qual é o papel e o interesse da empresa em apoiar 
seus funcionários em seus projetos profissionais?
- Quais são os aspectos do ambiente que 
alavancam ou restringem essa consciência?
- Quando o profissional não cuida de sua carreira, 
em que medida as empresas o ajudam no processo?
Neste mundo de eternas transformações, 
certamente começam a aparecer alguns sinais de 
mudanças nas relações de trabalho. Algumas 
empresas têm demonstrado interesse em estimular 
os funcionários a elaborar seus projetos 
profissionais a partir de seus próprios referenciais. 
Isso porque essas empresas perceberam que 
indivíduos paralisados em platôs profissionais 
tendem a assumir posturas resistentes à mudança.
Conciliando expectativas
Um ambiente mais competitivo tem exigido 
colaboradores mais seguros e conscientes em 
relação ao seu projeto profissional. Por isso, existe 
uma grande pressão para que eles se comprometam 
com reflexões estruturadas acerca de suas 
carreiras.
As organizações que apresentam histórias de su­
cesso recentes têm se preocupado em conciliar 
suas expectativas de desenvolvimento com as das 
pessoas com quem trabalham, isso como forma de 
obter maior comprometimento com os objetivos 
estratégicos da empresa.
Atualmente percebemos que as empresas que 
melhor investem em seus colaboradores procuram 
a conciliação das expectativas de desenvolvimento 
do negócio com as das pessoas. Elas estão cons­
cientes de que existe a necessidade de:
- A empresa obter um envolvimento efetivo do tra­
balhador com os objetivos e as estratégias do 
negócio, como forma de obter vantagens 
competitivas;
- A empresa contar com pessoas em condições de 
interagir com a organização num processo de 
mútua aprendizagem;
- Tanto a empresa quanto as pessoas reverem suas 
relações de dependência, pois as organizações não 
podem mais garantir empregos, e as pessoas não 
podem vincular suas carreiras e futuro profissional 
a uma única empresa;
- Mudança do perfil exigido pelas empresas. No 
lugar de pessoas obedientes e disciplinadas, são 
solicitadas pessoas autônomas e empreendedoras;
- Mudança na expectativa das pessoas em relação à 
organização. Cada vez mais os funcionários 
buscam autonomia e liberdade em suas opções de 
carreira e escolhas profissionais.
Certamente no Brasil, um país de contrastes, em 
que o ultrapassado convive com o moderno, essas 
práticas ainda são incipientes. Ainda hoje observa­
mos que muitas empresas adotam uma postura au­
toritária relativa ao desenvolvimento de seus traba­
lhadores, definindo, por exemplo, a carreira do 
profissional. Ou então se omitem totalmente, dei­
xando os funcionários a sua própria sorte.
Isso ocorre porque, de fato, as empresas, em sua 
quase totalidade, estão despreparadas para 
qualquer ação de estímulo, orientação e suporte 
para que seus trabalhadores assumam o 
planejamento de seu desenvolvimento ou de sua 
carreira. Como se vê, não são só as pessoas que 
precisam se reorientar em suas trajetórias.
Atualmente, as empresas mais avançadas começam 
a tornar claras suas expectativas a respeito dos 
trabalhadores. Elas têm aberto o diálogo, mostran­
do transparência nos horizontes dentro da organi­
zação e nos critérios de acesso a eles. Na maioria 
dessas empresas, cada gerente tem um programa 
de desenvolvimento de competências, no qual seu 
valor como profissional é ampliado, assim como 
sua utilidade estratégica para a organização.
Assim, as pessoas tendem a ter mais espaço para 
expressar sua individualidade em ambientes com 
menor grau de estruturação. Mas elas continuam 
necessitando de parâmetros que as orientem como 
se relacionar da melhor forma possível com a 
empresa para poderem se expressar e se sentirem 
seguras.
O ideal seria que empresa e colaborador se in­
tegrassem no desenho da evolução de suas 
competências. Desse modo, parafraseando NancyBell e Barry Staw, dois estudiosos do assunto, as 
pessoas podem ser escultoras de suas carreiras, 
desde que busquem determinar seus caminhos a 
partir de si mesmas e procurem nessa evolução 
criar as competências que propiciem às empresas 
realizar seus objetivos.
As pessoas, para se sentirem importantes para a 
organização, devem ter a oportunidade de discutir 
seus projetos com a gerência, pois só assim fica 
explícito o compromisso da organização com seu 
desenvolvimento.
Vale lembrar que a mudança hoje em curso no 
mercado de trabalho atinge do mesmo modo 
empresas e trabalhadores. Se, por um lado, busca-
se um trabalhador mais afinado com os novos tem­
pos, com perfil de empreendedor, disposto a dar, 
por conta própria, seguimento em sua carreira, por 
outro, é preciso que haja empresas que propiciem 
ambientes e condições adequados para o desen­
volvimento do potencial e dos talentos humanos. 
Da conciliação dessas aspirações nascerá o novo 
trabalhador e a nova organização. Será, então, um 
novo tempo.
* Joel Souza Dutra é doutor em Administração e professor 
titular da Faculdade de Economia e Administração (FEA) 
da Universidade de São Paulo. Autor de quatro livros na 
área de Gestão de Pessoas, também escreveu inúmeros 
capítulos em livros e artigos publicados em revistas e jornais 
brasileiros.
PARA REFLETIR
Bis
avia um cantor americano que 
fazia muito sucesso em seu país. 
Um dia, ele pediu a seu empresário 
que lhe providenciasse uma 
apresentação no famoso Scala de 
Milão.
H
E assim aconteceu. Noite de estréia, casa lotada e o 
artista cantou a primeira música. Ao final, a 
platéia, emocionada, gritava:
- Bis! Repete! De novo!
O cantor não entendeu a situação. Primeira música 
e a platéia pedindo bis.
Ele resolveu satisfazer o público. Fez um sinal ao 
maestro e repetiu o número.
Ao final, o público repetiu:
- Bis! Repete! De novo!
E assim aconteceu mais algumas vezes.
E o público gritando:
- Bis! Repete! De novo!
Enfim, exausto, ele perguntou à platéia:
- Até quando vocês querem que eu repita esta 
peça?
E uma velhinha na primeira fila respondeu:
- Até cantar direito!
Até aprender a cantar certo, a vida vai lhe 
apresentar os mesmos problemas. 
Por isso, quando as dificuldades se repetirem, 
lembre-se que é a vida que está gritando:
“Bis! Repete! De novo!”
É isso que a vida diz para:
 A mulher que sempre namora um homem 
complicado;
 O sujeito que se sente traído;
 O profissional que sempre é preterido;
 O eterno problema de falta de dinheiro.
A neura aparece quando nos sentimos pegos na 
mesma armadilha. Dessa vez parece que tudo vai 
ser diferente, mas, de repente, as coisas se 
transformam e, vapt, você caiu na mesma cilada.
É fundamental perceber que o final do filme só vai 
ser diferente se Chapeuzinho Vermelho não 
conversar com o Lobo Mau. Se ela não resistir à 
tentação, o final do filme será previsível.
Você já percebeu que todo filme fica interessante 
quando alguém faz uma trapalhada qualquer e joga 
por terra tudo o que estava organizado para o final 
feliz? O protagonista nos conquista nesse 
momento, quando consegue arrumar a bobagem 
que fez. 
Na vida real, o melhor é evitar cair em tentação, 
pois consertar a bobagem dá muito mais trabalho.
Enfim, até que você faça algo diferente, o final é 
previsível. Então, o que você está fazendo parado? 
Procure um curso, contrate uma consultoria, leia 
um livro, converse com um amigo de confiança, 
debata o assunto com seus assessores diretos, faça 
um estágio em outra organização, mude sua 
postura! E, principalmente, inicie o processo de 
mudança começando por você. Essa é a maior de 
todas as revoluções possíveis. Como dizia 
Mahatma Gandhi:
- Os únicos demônios deste mundo são aqueles que 
estão em nossos próprios corações, e é aí que todas 
as nossas batalhas devem ser travadas.
Sua vida só mudará quando você mudar.
Com afeto,
Roberto Shinyashiki.

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