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Hudson Malta Apostila: Composição Fotográfica Criativa 1 V I S U A L A R T S HudsonMalta A composição é o nobre fundamento da fotografia que trata do expressividade, e não apenas o conhecimento da técnica e arranjo entre os elementos da imagem de forma a permitir a domínio dos seus recursos. eficiente comunicação com o receptor, através de uma Ao final, surge a tão desejada ‘assinatura artística pessoal’, algo linguagem visual regida por normas objetivas e subjetivas. que define o artista como dono de uma linguagem única e O objetivo final é dar continuidade à difusão dos valores própria. Talvez essa seja a principal exigência para que a simbólicos contidos na cena, passando-os ao receptor e criando criatividade se mostre. A criatividade é a pura expressão liberta, as melhores condições possíveis para a interpretação da voando alto com extrema força própria após a leve impulsão imagem. O uso cuidadoso de cores, grafismos, texturas, inicial dada pela aplicação esperta de conceitos. contrastes, ângulos, desfoques e posicionamentos permite o Nesta obra você conhecerá os pequenos detalhes que fazem controle absoluto sobre cada aspecto visual da imagem. O toda diferença na linguagem fotográfica. Você será apresentado fotógrafo deve sempre procurar a mistura equilibrada entre aos vários truques da composição e aprenderá a utilizá-los de visão refinada, sensibilidade apurada e conhecimento técnico maneira criativa e eficiente. para atingir a comunicação que deseja. Mas, apesar de bem definidas, as regras de composição também Hudson Malta podem (e devem) ser colocadas à prova. Certa vez, um fotógrafo Textos, imagens e diagramação experiente me disse que ‘você percebe que está fotografando bem quando descobre que pode chutar o balde’, ou seja, desvirtuar as regras é importante quando se sabe o que está fazendo. O conhecimento da própria linguagem pessoal-visual- fotográfica, aliada à evolução da necessidade de expressão, concede ao fotógrafo a sublime capacidade de subverter as convenções. Há o tempo de ir mais além, surprendendo o receptor com imagens que traduzem o pensar de quem as criou. Tais ‘quebras’ trazem informações inéditas e levam à novas reflexões. Entretanto, este nível de controle sobre a imagem exige do fotógrafo a plena consciência sobre sua própria Copyright 2009 Hudson Malta Nenhuma imagem ou texto contido neste documento pode ser utilizado ou reproduzido sem o prévio e expresso consentimento do autor. Introdução Composição Fotográfica Criativa O debate O outro lado digitais deve ser tratada com transmitido a cada pessoa que muitas vezes sem perceber ou Bem, se estes são especiais, como cuidado. Em nosso debate, depois de observar sua fotografia. desejar. Usam algo muito especial Com a consolidação da fotografia faremos para tentar alcançar seus algumas análises, percebemos que para fazer coisas diferentes e sempre digital, estamos testemunhando Este é um lado diferente que preza a resultados? Há métodos de este ‘movimento’ é legítimo e novas, surpreendentes e excitantes. atualmente uma verdadeira força do signo gráfico e das doutrinação? Algo que possa natural, pois o registro puro e São os criativos, estes mutantes explosão. Milhões e milhões de conceituações artísticas para converter pessoas em seres simples da imagem é a premissa alienígenas perdidos em nossa pessoas não hesitam em clicar todo cumprir uma outra função da criativos? básica da fotografia desde a sua mísera dimensão. Seriam eles os e qualquer momento com suas fotografia, mais voltada à expressão invenção. Dessa forma, o que responsáveis pelos desenhos maquininhas, registrando cenas Falando de fotografia, há, sim, meios milhões de pessoas fazem rupestres de Altamira e cotidianas e transferindo à outras de fazer mais e melhores imagens. hoje nada mais é do que Lascaux? Saberemos algum pessoas as suas memórias. É um Há técnicas, conceitos e truques que apertar um botão para dia...maravilhoso mundo novo, onde mais podem apresentar algo novo à fazer uso de toda uma uma ferramenta de expressão está à qualquer pessoa, e só é preciso Estes estão aí para nos plenitude de recursos em nossa disposição para transmissão estabelecer um início. Há um mostrar lados antagônicos prol da mais prosaica de emoções e pensamentos. caminho, e nele há uma busca. e totalmente pessoais das atividade: eternizar a artes, fotografia inclusa, Em debate recente com alguns Se estes recursos não formam novos memória. sempre envoltos em um alunos do meu curso de fotografia, mutantes, pelo menos abrem as incrível turbilhão de abordamos a tão falada ‘banalização portas para uma compreensão do que ao simples registro de fatos. resultados. O mais fantástico é que, da imagem’ , termo fácil de ser Por outro lado, existe uma parcela de melhor da criatividade e da Dominam a técnica e algumas vezes paradoxalmente, às vezes, há um encontrado nas rodas de conversas pessoas que não querem apenas comunicação na fotografia. a arte, e elevam a fotografia à um desprendimento tão grande entre entre fotógrafos e aficcionados. Sim, registrar os momentos, mas também patamar nobre. São cientes da sua criador e suas obras que parece ser é verdade que nunca se fotografou expressar sentimentos e condição diferenciada. este o único fato que prova suas tanto. As pessoas nunca tiveram nas comunicação. Para estes, não basta Mas entre estes pode haver um capacidades, pois tudo sempre é mãos a possibilidade de registrar apertar o botão. Buscam o grupo ainda mais interessante, que muito natural e fluido. Eles só seus momentos à custo tão baixo preenchimento da imagem com considera sua imagem como algo precisam criar, criar, criar. E assim como hoje. Mas a idéia de que a informações, objetivas ou subjetivas, que precisa ser realmente único, e seguem se comunicando e se fotografia não é mais a mesma por para garantir que o aquele impacto atingem o objetivo brilhantemente, expressando.causa do sucesso das câmeras inicial da imagem continue sendo ‘Ahh, os criativos, estes mutantes alienígenas perdidos em nossa mísera dimensão...’ O horizonte Desafio constante Então... igual a nada do que foi produzido que podemos criar a partir de agora. principal é ter em mente que o antes, acredite. Afinal, a criatividade Valorizamos o caminho percorrido, horizonte se afasta à medida que Bem, agora que honramos Para a fotografia, a idéia criativa reside em todo o caminho tanto por nós mesmos quanto por avançamos, portanto, não há limites devidamente lados tão diversos, sempre é desafiadora. O aspecto percorrido. No final, temos a qualquer outro. A partir daí, dá para para o que o pensamento criativo podemos nos concentrar naquele livre do pensamento criativo às alavanca para fazer algo maior, oferecer algo sempre novo e pode realizar e nem há uma meta que mais nos interessa, sem vezes se encontra em frente à melhor e mais criativo. Nunca é fácil, surpreendente! final a ser alcançada. Há apenas um remorsos. Sabemos o que queremos. complicações que parecem fazer mas sempre é muito bom! constante caminho de desafios, Mas é óbvio que para se comunicar com que a inspiração de todas as novas propostas e novas criações. com a imagem é preciso dominar pessoas provém da mesma fonte, e Nem sempre melhores, mas novas. mais do que um único botão. E isso é duro. Na fotografia isso consiste Simples assim.depois de estudadas as técnicas, em querer sempre algo Muitas vezes tive idéias ainda é preciso combinar tudo com o novo, estar sempre em Na técnica, prática e busca que acreditava serem senso criativo e artístico. Aí, a busca de informações e constante, provocamos o inéditas, para depois conversa muda. Este éo ponto onde conhecimento sobre obras pensamento criativo. Buscamos a descobrir que alguém já todos param e olham o vasto antigas e modernas, sobre conexão entre imagem e receptor, havia pensado a respeito, horizonte à frente, tão qualquer manifestação aqueles mágicos segundos em que a ou produzido algo aparentemente inacessível e artística. Consiste também foto prende a atenção dos olhos. O fantasticamente distante. Muitos dão meia-volta e em sempre ser desafiado novo, diferente e criativo é relevante sobre aquilo. aceitam o limite, satisfeitos com a pelo próximo trabalho, que Precisamos sempre nos nutrir de interessante! A boa fotografia, seja Sempre é uma ducha de água fria, técnica adquirida. Não estão poderá (deverá?) ser mais criativo interferências externas para em qual segmento for, necessita com certeza. Nestes casos, vale a errados, é uma questão de proposta. que o anterior. Nunca se sabe até o ´turbinar´ nossa percepção e, assim, disso. Mas a busca é constante. pena efetuar constantes pesquisas e final, mas dá pra ter uma boa potencializar nossos processos Quando achamos ter encontrado o Quem vai em frente segue de estudos sobre os resultados alheios. previsão.criativos. Isso não significa que ponto ideal na foto mais recente, um maneira tão diferenciada que Veja bem, eu disse resultados, não devemos copiar as idéias, pelo novo desafio aparece e descobrimos consegue contar qualquer história de métodos. O método precisa ser É legal ter parâmetros, um próprio e contrário. Devemos sim avançar nas que ainda falta muito...maneira especial, única e exclusiva. criado por você para que o resultado outros externos. Hoje é fácil saber o idéias, mergulhar e nadar em meio à Isso já é criatividade. seja original. Com o que acontece pelo mundo e entrar conceitos e práticas alheias, desenvolvimento dos seus próprios em contato direto com outros conhecer o que já existe para saber o métodos, seu trabalho nunca será produtores de comunicação. O ‘A criatividade é a idéia sempre presente, o pensamento livre e a valorização do caminho percorrido’ forma que cause determinado Elementos da impacto. composição A composição criativa se vale disso. Através de conceitos espertos e fotográfica algumas ‘ ‘malandragens psicológicas’, é possível fazer com Uma boa fotografia depende de que o receptor tenha determinadas diversas ligações entre seus sensações ao ver uma foto, elementos para que que o receptor independente do motivo se sinta capturado pela cena. Ele não fotografado. É possível guiar seus conhece nossos truques, mas sabe olhos enquanto recebe informações que alguma coisa existe naquela foto ocultas pela cena, até chegar ao para lhe agradar tanto, embora não clímax visual que o libera para a consiga definir exatamente o que interpretação do que viu. Estes seja, na maioria dos casos. Tudo isso elementos podem ser graficamente precisa vir acompanhado de doses explícitos ou delicadamente de surpresa, enigma, humor, ou o subjetivos. O importante é saber que mais for vital para a composição. como colocá-los lá, na medida certa, Importante é ter em mente de que de forma que cumpram o grande estas ligações precisam ser objetivo: expressar e comunicar. deliberadas e conscientes, tal qual um texto que reúne palavras para a formação de sentenças lógicas e expressivas. Cada ponto, linha, cor, forma, enfim, cada elemento deve ser calculado e disposto na cena de ‘Na composição criativa, cada elemento possui uma importante função. Minimize o acaso.’ Linhas Apesar de serem os elementos mais básicos na As diagonais podem também ser usadas para criar um composição, é preciso treinar sua visão para encontrar as senso de profundidade e movimento, convertendo o linhas de uma cena. Elas são os alicerces da imagem, e plano bidimensional de uma fotografia em algo quase devem ser utilizadas tanto para transmitir sentidos tridimensional. Unindo segmentos de linhas podemos básicos como para guiar o olhar do receptor pelo quadro. formar curvas pela cena, que também são muito Atuam de várias formas: definem limites internos, importantes para a condução do olhar. conduzem o olhar, dão ‘pesos’ à áreas da cena, Tenha em mente que qualquer leve desvio ou inclinação determinam o dinamismo geral da imagem. influenciará no resultado final, portanto, procure Chamo de linhas de força aquelas que são usadas na conceber previamente uma idéia e estude os imagem para determinar características como sentido da posicionamentos mentalmente antes de fazer a foto. leitura, caminho a ser percorrido pelo olhar, entre outras. Lembre-se sempre que o controle é seu, quem determina Se bem empregadas as linhas podem ‘forçar’ um o resultado é você. seguimento visual dentro da imagem para determinar ou sugestionar, em alto grau, a sua interpretação. Há basicamente três tipos de linhas: horizontais, verticais e diagonais. Cada uma delas confere à cena um determinado caráter, e você precisa encontrá-las e determinar, através do enquadramento, quais terão mais força e presença na imagem. Linhas horizontais, por exemplo, são plácidas e expressam tranqüilidade. Linhas verticais trazem mais dinamismo, particularmente quando a foto é feita em sentido vertical. Linhas diagonais são muito poderosas, pois além de formar irresistíveis “caminhos” pela imagem que conduzem os olhos do receptor, também conectam idéias distintas. Considero que a estrutura de idéias em minhas fotos deve fluir como em um texto, onde elementos simples de expressão se unem para transmitir sentidos complexos. Uso as linhas como os mais simples componentes dessa linguagem fotográfica, formando a base que dará suporte a todas as outras informações presentes na imagem. Horizontais distância, uma após a outra. Esta padronagem visual traz ritmo e movimento à imagem, além de Por serem elementos muito aumentar a sensação de distância. relaxantes em uma imagem, linhas horizontais podem ser utilizadas para criar sensação de tranquilidade e contemplação, ou ainda para aumentar a impressão de espaço físico. Dificilmente algo dramático será associado à elas. Podem também ser utilizadas como pontos de equilíbrio em cenas verticalizadas, pois trazem uma forte idéia de estabilidade. Esta característica as tornam muito úteis como condutoras do olhar, principalmente em cenas que vão se desenvolvendo na leitura da escrita ocidental, da esquerda para a direita. O uso de camadas horizontais pode contribuir para o aumento de interesse, pois cria um ritmo visual que cativa o olhar e atrai a atenção para efeitos de profundidade. Imagine sequências de ondas em uma praia ou montanhas à 1 - Tome cuidado com o uso de linhas horizontais excessivas ou muito fortes em temas dinâmicos, pois a imagem pode parecer sem sentido e desequilibrada. Nestes casos, prefira uma composição que valorize mais as linhas verticais ou diagonais. 2 - Fique atento também aos horizontes ‘vazios’, pois a foto pode ficar entediante. Nestes casos, resolva o problema combinando elementos que tragam algum impacto visual. Verticais são excelentes para isso. 3 - Note na imagem ao lado as linhas horizontais em planos bem distintos: gramado, cerca, montanhas e nuvens. Procure organizar o quadro de forma que haja harmonia entre os elementos. Linhas verticais Equilibrio Estas linhas são muito dinâmicas e presentes, estando diretamente relacionadas à força, crescimento e poder. Um elemento posicionado na vertical será bastantedestacado na imagem, e poderá sobrepujar facilmente qualquer outro elemento horizontal. Busque sempre equilíbrio com outras linhas, a menos que a imagem necessite de uma ‘sobrecarga de dinamismo’. As linhas verticais criam uma grande ligação com o receptor, e são fortes geradoras de interesse. Elas também facilitam a criação de caminhos pela imagem, sendo utilíssimas para ligar um ponto à outro na cena. combinação com linhas horizontais Apesar da força destas linhas, elas subjetiva. Perceba a divisão distinta podem - e devem - ser combinadas de três planos horizontais: parte com horizontais, com o intuito de inferior, central e superior. Isto trazer equilíbrio à cena. Em alguns aumenta o equilíbrio com o excesso casos, as horizontais se beneficiam de verticais, mas mesmo assim a bastante das verticais, que acabam imagem mantém todo o dinamismo por trazer algum interesse às outras típico destas linhas. Nesta foto foi linhas que estejam em contraste utilizada uma abertura pequena (f/11), visual. Isso é especialmente com o intuito de aumentar a interessante em cenários: profundidade de campo e preservar experimente colocar um elemento Como fontes de linhas verticais as nuvens, garantindo mais algumas vertical fazendo um contraponto com podemos ter qualquer elemento, horizontais de equilíbrio. a linha do horizonte!como árvores, construções ou pessoas. Se quiser enfatizar a altura e o poder do sujeito ou da cena, enquadre em um ângulo de visão baixo, apontando a câmera em diagonal para cima. Para reforçar ainda mais o poder de algumas linhas, faça a foto na posição vertical. Ao lado, os prédios em Recife trazem as linhas verticais muito fortes, levemente atenuadas pela Dica: Tenha sempre em mente que o grande dinamismo provocado pelas linhas verticais pode enfraquecer outros elementos da imagem, não apenas as horizontais. Então, se você precisa posicionar elementos importantes horizontalmente, tome cuidado com as verticais. Verticais x horizontais 1. Cactus em linhas verticais: Alto impacto e dinamismo. 2. Planos em linhas horizontais: placidez a tranquilidade.A cena também foi dividida em três partes distintas, com o foco da atenção no plano central. 3. Linhas horizontais: contemplação e plano geral da imagem. Linhas verticais: Ação e dinâmica em um ponto de atenção. 4. Linhas horizontais na Serra da Mantiqueira: repetição que gera ritmo, balanço e impacto visual, mas com grande efeito contemplativo. 1 2 43 Mesclando horizontais e verticais oblíqua, gerando sombras direcionais que podem ser utilizadas para sugerir linhas. Procure equilíbrio na combinação entre linhas diferentes. Mas, se a imagem necessitar de destaques A combinação de verticais e pontuais ou distinções entre horizontais cria imagens de grande dinamismo e tranquilidade, dê mais apelo gráfico. Procure elementos ênfase à umas ou outras. contrastantes e busque ângulos inusitados. Faça sempre que uma linha leve à elementos de outra, oferecendo ao receptor um exercício para olhos e mente. Posicione os elementos de forma que interajam entre si, criando caminhos curiosos e circulares pela imagem. Aprenda a ver padrões, luzes e linhas que ajudem a levar o receptor ao ponto de atenção, onde está o elemento-chave da imagem. Isto aumentará a força da composição. Se o elemento precisa ficar centralizado, linhas laterais evitam que a imagem se torne estática. Experimente fotografar cedo ou no fim de tarde e perceba como a luz natural decora a paisagem com uma luz quente e Dica: A combinação de linhas depende de observação cuidadosa da imagem. Não hesite em experimentar ângulos diferentes, se preciso deite no chão para estudar uma nova composição! Há combinações ocultas e grandiosas entre as linhas que só a visão atenta e desprendida poderá encontrar. Linhas diagonais Sentido de leitura subjetivas) que acabam se tornando sujeitos da cena. Estas formas são diretamente percebidas pelo receptor e vitais para a interpretação, pois criam linhas de ligação entre partes Extremamente poderosas e úteis, isoladas na imagem. estas linhas são essenciais e estão mais associadas ao dramático e A nossa leitura visual é amplamente dinâmico do que qualquer outra. São determinada pela escrita. Em povos quase onipresentes. Sua força de ocidentais, a interpretação visual se atração é tal que guiam o olhar do dá através de uma varredura que receptor com muita facilidade, inicia no canto superior esquerdo e inclusive fora dos eixos 2D típicos de segue até o canto inferior direito. Em uma fotografia. Ou seja, elas povos orientais é o contrário, indo do conseguem até mesmo evocar canto superior direito ao canto tridimensionalidade na imagem, inferior esquerdo, enquanto culturas dando uma dimensão totalmente árabes vão da direita para a esquerda, nova à fotografia. e de cima para baixo. Isto dá uma Sua localização e utilização na cena idéia do valor no uso das linhas dependem de muita sutileza, pois diagonais, pois através delas realmente importante. As linhas leves mudanças do ângulo de visão podemos sintetizar (e utilizar) os diagonais cumprem muito bem este criam ou eliminam diagonais processos naturais de interpretação papel.facilmente, principalmente nas cenas já presentes no subconsciente. Nesta foto, de uma igreja em em perspectiva. Procure por elas de Paraty/RJ, veja como as fortes linhas Sendo uma fotografia um conjunto forma consciente e cuidadosa. diagonais do telhado conduzem o de dados que se mostram todos ao Um grande recurso destas linhas é a olhar até a janela, passando por mesmo tempo, o uso de um conexão subjetiva entre elementos várias verticais de interesse. mecanismo que consiga definir da imagem, criando formas (também ordem sequencial da apresentação é Ligue tudo e crie formas todas as informações sejam vistas e absorvidas pelo receptor, que pode finalmente interpretar a cena. Esta é uma das mais importantes funções das linhas de força diagonais, Uma horizontal vai dos olhos do evidenciar um caminho para o olhar garoto(A) ao monitor, e uma vertical do receptor conectando elementos desce até o topo da mesa (B), onde distintos na imagem. Fique sempre encontramos o teclado e a borda atento às conexões da cena e busque diagonal da mesa, que nos leva de o enquadramento que as valorize volta aos olhos (c) e completa a como diagonais!leitura da cena. Esta triangulação é Perceba que uma pequena alteração um sujeito ativo e vital na imagem, no seu posicionamento às vezes é mesmo sendo totalmente subjetivo. tudo que se precisa para fazer a Com este ‘ truque’, garantimos que grande diferença na foto. Busque o ângulo de visão que inclua na cena as áreas de real interesse, deixando de fora aquelas que distraiam a atenção ou que não tenham nada a acrescentar à ideia proposta. AA BB CC Guie com gentileza A diagonal formada pelas cordas da guitarra convidam o olhar a percorrer um suave caminho, até o encontro com outra diagonal formada pela peça metálica na parte de baixo. Um novo caminho é proposto, que leva o olhar até o início da meia-lua branca na parte superior direita. Este grafismo em curva suavemente leva o receptor de volta ao ínício em uma horizontal subjetiva. Esta foto representa muito bem a capacidade de condução e ligação que está presente nas diagonais. Pesos e curvas Evite criar diagonais diretíssimas de um canto a outro,pois a imagem pode perder balanço e equilíbrio. Leve as diagonais através de curvas suaves, utilizando áreas de interesse como apoio, dando ‘pesos’ às curvas. Veja: Diagonais diretas. Estes são os sentidos gerais que daremos à leitura desta imagem. Perceba como a ligação é explícita entre ‘mãos’ (o que provoca a ação) e ‘instrumento’ (aquele que recebe a ação). Plano vertical. Esta linha garante a força do sujeito e cria equilíbrio com as duas diagonais diretas. Plano horizontal. Este detalhe no muro traz equilíbrio à cena, reforça a idéia do plano horizontal e guia a leitura para a direita. Posicionado no meio da foto, ajuda a diminuir o excesso de verticalidade da cena. Linha de leitura. Esta é a linha resultante, que guiará o receptor, efetivamente, na leitura da imagem. Ela é formada pelos «pesos» definidos nas linhas de força, que atuam como guias. Senso de profundidade Um grande recurso das diagonais é o senso de profundidade, que permite a análise de distâncias através de dados tridimensionais. Nestes casos, as diagonais estão ligadas à perspectiva, e não apenas a um caminho linear bidimensional. Este efeito é melhor realizado com o uso de objetivas curtas (angulares e grandes angulares), pois conseguem evidenciar a perspectiva, além de possuírem elevada profundidade de campo. O bom uso deste recurso faz com que a fotografia assuma um aspecto tridimensional, ampliando as possibilidades de comunicação. Uma composição que use este recurso pode conter elementos de expressão em vários planos diferentes. O único cuidado é com o excesso de informação, pois vários elementos conflitantes, em diversos planos, podem fazer com que a imagem fique caótica e desinteressante. Uma boa saída é utilizar fundos neutros, sem detalhes visuais complexos, ou com cores que não se sobressaiam às cores dos elementos principais. Áreas de muita diferença de contraste no fundo também devem ser eliminadas, principalmente se foram luminosas. No caso da imagem ao lado, a estrada de terra, no canto superior esquerdo, dá ao receptor uma medida conhecida para que defina a escala de tamanho e distância. Sua presença na imagem é importante, pois é o elemento quetraz a real medida da altura em que os escaladores se encontram. Note que todas as linhas e pontos de interesse levam à esta estrada, que deve ser a última referência a ser identificada pelo receptor. 14 AA BB CC DD AA BB CC DD Linhas: como ser criativo? 2 5 3 4 trajetória no céu. A ligação entre Quando estiver definindo o elementos destacados também forma caminho do olhar, evite criar linhas subjetivas na imagem (invisíveis, diagonais diretas ligando o mas perceptíveis) em maior ou menor ponto inicial ao final. Faça com que o grau. É mais fácil encontrar as linhas nas caminho a ser percorrido seja curvo, cenas do que fazer algo interessante suave e amplo. Lembre-se que uma Pense em 3D. Procure por com elas. Aqui estão alguns truques imagem criativa é como um texto: formas que se interligam no para você aplicar sempre. Não saia de quanto mais completa for a leitura, espaço tridimensional, usando casa sem eles! mais fácil será a interpretação. elementos dispostos em planos Busque elementos na imagem diferentes.Crie linhas que unam que reforcem as idéias das elementos do primeiro ao úlimo linhas. Árvores, pessoas e plano. Sua fotografia ficará muito prédios são excelentes representantes mais surpreendente e interessante e das verticais, enquanto a linha do sairá daquele ‘padrão visual’ imposto horizonte, a superfície da água, bancos pela tradicional composição de praça e estradas funcionam bem bidimensional. para as horizontais. Um dos mais importantes recursos da composição criativa é o uso de informação subjetiva, formada por elementos que não precisam estar explicitamente ou graficamente visíveis para serem percebidos. Uma simples nuvem acima do horizonte, por exemplo, pode representar uma linha horizontal, pois nosso subconsciente conhece sua Localize na imagem pontos de interesse que possam ser 1conectados através de linhas objetivas ou subjetivas. Use estes pontos como atrativos para formar caminhos curvos que guiem o olhar por toda a cena, ou pelo menos pelas áreas mais importantes, sempre combinando verticais, horizontais e diagonais. Os diagramas ao lado trazem alguns exemplos de conexões e caminhos que podem ser criados. Considere o ponto A como o início da leitura visual, e o ponto D como sua finalização. Os pontos B e C seriam áreas de interesse que atrairiam o olhar, forçando o receptor a percorrer grandes áreas na imagem. ‘Mantenha a intenção artística: Este será seu motivo para não disparar à toa.’ AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD AA BB CC DD Estabilidade e instabilidade Visualize a imagem como um todo por áreas que se beneficiariam de vertical. A pendência da imagem para estabilidade ou instabilidade. O tema a direita gera instabilidade, que geral da foto também precisa dessa acentua ainda mais a sensação de análise e cuidado, pois a idéia básica precariedade do equilíbrio da ave. Se expressa pela imagem pode ser a foto fosse feita em um ângulo que As linhas podem criar outro senso prejudicada pela aplicação pouco deixasse o tronco menos inclinado, a interessante, dando à imagem (ou elaborada (ou deficiente) da cena traria uma idéia de estabilidade partes dela) um teor de estabilidade estabilidade ou instabilidade. Temas muito mais intensa, que ou instabilidade através da leve sóbrio e diretos normalmente pedem automaticamente alteraria a nossa inclinação das verticais e horizontais. estabilidade, gerando certeza e percepção de equilíbrio da ave. As linhas diagonais são, por natureza, objetividade, enquanto mensagens sempre instáveis. Por vezes, uma mais subjetivas, críticas ou linha vertical ou horizontal inclinada subliminares carecem de não chega a se configurar como instabilidades que possam levar o diagonal, se este não for seu contexto receptor à dúvida, questionamento e na imagem. Nestes casos, a cena interpretação. A instabilidade passa ao receptor uma sensação de também pode levar ao aumento de desequilíbrio ou falta de balanço. Ao dinamismo e ação, da mesma forma enquadrar a cena, você deve ficar que as diagonais, porém com menor atento à disposição das linhas e suas intensidade. Ao contrário, linhas relações com outros pontos. estáveis conferem equilíbrio e inércia. Na foto desta página podemos verificar a aplicação de uma vertical Um truque é sempre visualizar a instável. Apesar do troco em imagem como um todo, procurando diagonal, toda a cena se posiciona na linhas como alicerces visuais. Construa sobre elas.’ ‘Pense nas A instabilidade como ferramenta Nesta foto, de uma antiga estação ferroviária em Paulo de Frontin/RJ, a câmera levemente inclinada trouxe iinstabilidade. O prédio ficou levemente tombado, embora ainda se constitua como uma intensa linha de força vertical. A soma das várias linhas diagonaia a esta vertical instável deu à foto um teor caótico e desequilibrado, aumentando a sensação de desordem e abandono do local. As vigas de ferro no canto inferior esquerdo parece erguer a construção em um movimento circular ascendente, trazendo ainda mais desequilíbrio visual. Estruturando as linhas Truques combinar diversos tipos de linhas,áreas diferentes da imagem, parecido com um barril. Faça uso mas é preciso que estejam em complementando e enriquecendo a também de linhas naturais na cena acordo com a mensagem que a cena mensagem a ser transmitida. (árvores, postes, pessoas, etc) que já procura transmitir. De forma geral, estejam inclinadas, aproveitando-as lembre-se de que linhas estáveis no contexto da cena, caso precise de trazem equilíbrio e conforto, e linhas instabilidade em algumas áreas. E O uso de objetivas curtas facilita a Temos aqui uma série de exemplos instáveis fazem o contrário. Usando muito importante: não confunda inserção de linhas instáveis, já que de estruturas estáveis (A) e instáveis estruturas combinadas você pode linhas diagonais com verticais ou deformam naturalmente o campo de (B). Em uma mesma foto você pode expressar situações distintas em horizontais instáveis.visão em um formato circular, AA BB Exercícios 31 2Pegue uma folha de papel A4 Disponha vários lápis de Fotografe cenas horizontais e trace diversas linhas retas cor, de comprimentos v i r a n d o a c â m e r a horizontais, variando o variados, sobre uma mesa. verticalmente, e vice-versa. espaçamento entre elas. Depois, Faça mosaicos coloridos combinando Faça também composições utilizando selecione um texto de algum escritor o s l á p i s v e r t i c a l m e n t e e a câmera sempre inclinada em 45 que goste e transcreva trechos deste horizontalmente. Observe quais são graus.Analise os resultados e encontre texto, manualmente, utilizando as as posições, horizontais e verticais, as linhas de força de cada cena. linhas como guias. Aumente ou o n d e d e t e r m i n a d a s c o r e s s e Utilizando um programa editor diminua o tamanho das letras de destacam. Tente fazer com que certas qualquer, faça flips (inversões) acordo com o espaçamento entre as cores se destaquem, simplesmente verticais e horizontais nestas imagens linhas. Perceba como as ênfases alterando suas posições. e observe se as linhas continuam provocadas pelo tamanho das letras mantendo sua força. parecem modificar o teor do texto. Este exercício ajudará a entender melhor pequenos nuances nas linhas horizontais das imagens que irá fotografar. As formas definem os conteúdos reconhecíveis da Atraia a atenção Um grande e eficiente truque para compor cenas imagem, sejam eles explícitos ou não. As mais atrativas cativantres é utilizar duas das formas mais atrativas composições utilizam as formas dos elementos para a nossa percepção: círculos e a própria figura retratados ou as linhas formadas entre estes elementos humana. Nossa atenção é fortemente desviada para como blocos de construção da imagem. Lembre-se estas duas formas. Procure colocá-las nos pontos de sempre que os elementos gráficos não precisam ser interesse da imagem, seja como objetivo final ou como explicitamente visíveis na imagem. Como exemplo, ponto de ligação. Tenha cuidado com a figura humana, podemos ter um objeto de forma triangular como pois seu peso é grande em nossa ‘ordem de interesses sujeito da imagem, mas também podemos ter uma visuais’. Toda cautela é necessária quando inserir estrutura visual formada por linhas de conexão (ligando pessoas em fotos onde o ponto principal não seja a vários objetos) em formato triangular como sujeito da figura humana. É vital evitar o conflito visual entre imagem. O receptor sempre verá o triângulo, seja ele formas atrativas, portanto, sempre faça uso das linhas explicitamente visível ou algo que apenas transmita a de força para ‘orientar’ o receptor quanto à forma idéia de um triângulo. correta de ‘passear’ pela imagem. Linhas diagonais que resultem em triângulos ou círculos sempre são muito atrativas, mas outras estruturas podem ser utilizadas na composição. Pense sempre na conexão entre os elementos (sujeitos) da sua imagem, de forma a uní-los em uma estrutura interessante e geométrica. Isto acabará por se tornar também um "sujeito", embora oculto. O receptor se sentirá atraído pela imagem, embora não saiba exatamente porquê. Formas Procuro fazer com que as formas, explícitas ou não, atuam em conjunto com as idéias objetivas e subjetivas da imagem, enriquecendo o transporte da comunicação. São elementos elaborados e muito importantes na linguagem fotográfica, estando presentes e ativas mesmo quando não estão visíveis... Círculos principalmente em fotografia de animais. ondas ‘hipnóticas’ no caminho do olhar. Nas fotos acima, veja como a curvatura das pétalas parece nos levar ao centro da flor, Você pode também aproveitar as circunferências para quebrar enquanto a simetria entre pernas e percoços dos cavalos cria a rigidez em imagens muito geométricas, trazendo equilíbrio Quando o objetivo é surpreender a nossa percepção visual, esta um agradável semi-círculo que parece trazer equilíbrio à cena. ou criando contraste à cena. Isso funciona muito bem em é uma das mais formas mais interessantes e polivalentes. fotografia de arquitetura, viagens ou paisagens urbanas. Se a Procure inserir elementos circulares nas áreas de interesse, imagem já é dominada por círculos, posicione-os de forma a ‘puxando’ a atenção do receptor para pontos específicos da criarem espirais ou linhas de conexão curvadas, o que criará imagem. Olhos são especialmente adequados para isso, Triângulos Porquê triângulos funcionam? Já sabemos que verticais e diagonais são uma grandes ferramentas composicionais: expressam força e permitem a criação de interessantes caminhos para o olhar. Já que triângulos possuem pelo menos uma diagonal e uma vertical, fica fácil entender a sua importância! Quando há duas diagonais então, tudo se multiplica. Sabendo disso, você pode buscar composições onde triangulos estejam presentes para garantir força, expressão e criatividade à cena. Os vértices do triângulo dão a firme idéia de ligação, que pode ser utilizada como um meio de promover integridade entre vários elementos. Triângulos isósceles, equiláteros e acutângulos também traduzem firmeza, segurança e força de maneira paradoxal, pois sempre haverá duas linhas diagonais (altamente ativas) sustentadas por uma base horizontal (passiva). O espaço negativo O espaço negativo consiste em amplas áreas que, por não possuírem dados visuais relevantes, ajudam a concentrar a atenção do receptor nas partes de interesse da imagem (também chamadas de ‘espaço positivo’). Você deve aproveitar áreas neutras da imagem para destacar o elemento principal, sempre atento para não trazer conflito com o restante da cena. Espaços negativos não precisam ser totalmente inertes, e podem possuir alguma informação visual que complemente a cena. Na imagem ao lado, o interior mal iluminado da casa e uma janela aberta serviram para destacar a bela luz do sol no exterior. As casas, cujas paredes brancas refletiam a luz alaranjada do sol de fim de tarde, ganharam destaque mesmo ocupando apenas uma pequena porção da foto. Fique atento... Cuidado com texturas! desfoques para diminuir o interesse em certos pontos da imagem e as linhas para conduzir Evite dar tamanhos iguais para o olhar. Lembre-se que cores e áreas negativas e positivas. Use a contrastres podem dispersar a Regra dos Terços para definir a atenção, criandos distrações melhor divisão da imagem. Em visuais que duelarão com o ponto muitos casos o drama e o impacto de interesse da imagem, visual melhoram quando o espaço diminuindo a força da negativo ocupa uma área maior composição. Seja cuidadoso com da imagem. Pense no espaço a textura dos espaços negativos.negativo como um descanso para Apesar disso, saiba que os os olhos. espaços negativos também Evite fazer com que o principal podem trazer informação visual, objeto de interesse da foto guie o desde que trabalhem em receptor para fora da imagem, conjunto com o objeto de principalmente em fotos de interesse da cena. Não há a pessoas. Oriente a posição da profundo céu da região de enfatiza a importância da extensa necessidade de utilizar apenas cabeça e olhos para ‘dentro’ da Resende/RJ serviu bem ao área neutra, transformando o brancos ou pretos profundos para cena. propósito de criar um espaço espaço negativo em um elemento criar um espaço negativo. Como negativo que aumentasse a de grande relevância na cena. sempre, a reposta estará na importância do objeto principal própria cena à sua frente. Analise-Tome muito cuidado com a da imagem, o ciclista. A escolha a com cuidado e oriente sua textura de fundo da imagem. por um posicionamento próximo imagem buscando sempre Evite gerar confusão visual entre ao chão criou a sensação de um equilíbrio, harmonia e bom gosto.áreas negativas e positivas Na foto desta página o imenso e plano ascendente que também usando estrategicamente os Silhuetas Seja autêntico e fuja dos clichês o único - ponto de interesse da imagem. Uma forma interessante de usar os espaços negativos é através das silhuetas, também chamadas de Para fugir do clichê fotográfico, seja ‘contra-luz’. Apesar de necessitarem criativo no enquadramento, de cuidado especial na sua buscando posicionamentos pouco composição para não caírem no usuais. Procure por ângulos lugar-comum dos clichês inesperados, criando surpresas fotográficos, as silhuetas podem visuais. Quando possível, crie resultar em imagens de grande relacionamentos entre a silhueta e as impacto visual. áreas positivas, ligando-as através das linhas de força. Aproveite-se de cenas com forte iluminação por trás do primeiro plano Evite usar formas que o receptor não e faça a fotometria nas áreas mais reconheça. Uma silhueta tem por intensas de luz. Procure for formas característica o minimalismo, onde o que sejam facilmente reconhecíveis mínimo de informação é fornecida. apenas pelo seu contorno, e tente Assim, a imagem deve permitir a inserí-las na imagem de forma que se identificação dos temas somente não ajudam muito aqui) , pois haverá fotometria também ajuda a manter harmonizem com o restante. Evite pelo seus contornos. a forte tendência do equipamento um bom nível de ’pretos’ nas áreas fundos muito detalhados e confusos. tentar iluminar a cena por inteiro, escuras.Ao registrar silhuetas, certifique-se Lembre-se que silhuetas atraem para usando até mesmo o flash. Use o de que a câmera não esteja operando si a maior parte da atenção do modo manual e fique atento às em algum modo automático ou semi- receptor, portanto deverão ser, na leituras do fotômetro. Reduzir um ou automático (os modos Speed Priority maioria dos casos, o principal - senão dois terços de ponto após feita a (SP) e Aperture Priority (A) também Figura humana Não force a barra em retratos! A forma humana parece possuir um grande magnetismo visual, conseguindo atrair o olhar de maneira irresistível mesmo quando a imagem traz outros elementos de grande interesse. Use este recurso como o artifício definitivo em inúmeras situações, principalmente naquelas em que poucas pessoas são enquadradas na cena. Combine o posicionamento das pessoas com algumas linhas de força, criando um caminho que, na maioria dos casos, deverá culminar justamente na posição em que se encontram. Ao fotografar em close, não centralize os olhos. Procure posicioná-los em um dos terços externos do enquadramento, e tenha sempre em mente que este será o ponto de maior empatia com o receptor. Evite situações forçadas. As melhores fotos de pessoas são aquelas mais espontâneas e soltas. Tente passar à pessoa fotografada confiança e desenvoltura. Um grande truque de na linha dos seus olhos. Não as fotografe de cima para baixo, retratistas e fotógrafos documentais é manter uma relação pois o resultado será uma imagem que diominui a de cumplicidade e simpatia com o modelo, que não deve se importância do motivo. sentir oprimida pela câmera. Outro grande e conhecido truque é fotografar crianças sempre posicionando a câmera A métrica fotográfica diz respeito a tudo que se refere Há de se tomar bastante cuidado com os pequenos ao posicionamento sistemático dos elementos na detalhes ocultos na cena, como contornos, linhas, imagem. Seus fundamentos estão baseados na vazamentos de luz e cores dispersas que possam tornar influência que cada parte da imagem possui sobre o a mensagem menos clara, ou sua transmissão menos todo ou sobre outra parte distinta, considerando eficiente. Em contrapartida, estes mesmos detalhes pontos que atraiam a atenção, áreas de discordância, também podem agir como agentes positivos, agrupamentos de ítens de interesse, o caminho fortalecendo o contexto da imagem ao provocar escolhido para guiar os olhos e tudo mais que se refira à sensações ou criar atração visual.interação, dentro e fora da imagem. Não só a A função dos mecanismos da métrica é posicionar estes harmonização entre as partes é tratada pela métrica, os e outros pontos da cena no enquadramento, de modo conflitos e contrastes também são de extrema controlado e crítico, para garantir que a imagem importância. transmita, por si só, as sensações esperadas. Ao final, o objetivo é provocar a conexão entre diversos setores da imagem de maneira que a mensagem carregue todas as indicações necessárias para a sua devida interpretação. Seja crítico e metódico Sua visão, trabalhando em conjunto com o pensamento analítico, deve limitar-se às bordas da janela de enquadramento, determinando quais os elementos possuem relevância com a mensagem pretendida. Ao mesmo tempo, é preciso ter ciência do que está na periferia em uma visão ampla, pois ocasionalmente haverá algo que mereça - ou precise - ser inserido. E, por mais incrível que possa parecer, haverá muito a ser excluído! Inicio minha métrica logo no enquadramento da cena, quando escolho o que fica dentro do quadro e o que sairá dele. O posicionamento dos elementos precisa ser definido com o máximo critério, pois até mesmo pequenos pontos de distração podem alterar o caminho do olhar do receptor, causando ruídos na transmissão da mensagem. Sonho de menino 50mm, f/11, 1/250s, ISO 200 Métrica Regra dos Terços Na prática Talvez esta seja a mais conhecida regra de composição. Massivamente utilizada em praticamente todas as formas de comunicação visual, esta técnica consiste no posicionamento descentralizados dos elementos com o objetivo de aumentar o apelo visual, dinamizar ou harmonizar a imagem e criar ligações de interesse com o receptor. "A regra dos terços tem origem na matemática antiga. A proporção áurea ou número de ouro ou número áureo é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega "phi" e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618. É um número que há muito tempo é empregado na arte, e nota-se a sua freqüente utilização por artistas da antiguidade, com as primeiras manifestações oriundas da ancestral arquitetura egípcia. Este número está envolvido com a natureza do crescimento e da progressão matemática. Phi (não confundir com o número Pi (π), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado na proporção de crescimento de conchas (o nautilus, por exemplo), nos seres humanos (o tamanho dos ossos dos dedos e mãos, por exemplo), até na relação populacional entre machose fêmeas de vários nichos biológicos. Há inúmeros outros exemplos que envolvem a ordem do crescimento." Na fotografia, a proporção áurea é atingida quando dividimos a cena em três colunas verticais e três horizontais, resultando em 9 partes. Nos quatro pontos onde estas linhas divisórias se encontram, temos os pontos áureos. A colocação do sujeito próximo a qualquer um destes pontos torna a imagem muito mais equilibrada e interessante. Em alguns casos (praias, por exemplo), o motivo da imagem também pode ocupar toda uma linha ou coluna. Perceba ao lado como a cabeça da borboleta foi posicionada em um dos pontos áureos, valorizando esta área de contato visual e pleno interesse na cena. Pontos Áureos Dividindo a imagem Coisas a evitar será grande, mas com o tempo você perceberá que a imagem espaço para os olhos do receptor se movimentarem pelo fica muito mais harmônica e dinâmica com esta nova cenário, como indica a seta neste diagrama: arrumação. Paradoxalmente, é preciso saber também o Ao fotografar cenas que possuam seções distintas, tente não momento em que a divisão dos terços não funciona! Use o bom centralizar o ponto de destaque da imagem. Faça com que uma senso, mas sempre aliado à análise crítica e reconhecimento da das seções, aquela que possui o ponto de maior interesse (veja cena antes do disparo. o capítulo Ponto Focal), permaneça próxima a um dos pontos áureos, ocupando apenas um terço do enquadramento vertical Nas fotos desta página podemos perceber como tudo isso e horizontal. funciona. Há dois cortes possíveis para a mesma cena: na esquerda, uma composição onde o ponto de interesse da imagem (a mulher e o menino) foi centralizado, juntamente Nem sempre fica bom centralizar a linha do horizonte. Isto é com o horizonte, evitando que a atenção do receptor percorra muito útil em fotografias decenários, ou sempre que houver o restante da foto. À direita, temos um enquadramento mais grande domínio de linhas horizontais ou verticais. Evite adequado, posicionando o centro de interesse no ponto áureo também deixar grandes áreas sem informação relevante, a inferior direito, trazendo mais dinamismo. Houve também o menos que o restante da composição dependa muito desta deslocamento da linha d´água para o terço inferior horizontal, área. A tentação de centralizar o elemento principal sempre dividindo a imagem em partes mais equilibradas e dando mais { { { { { { Regra flexível Apesar da sua importância e funcionalidade, você não precisa estar sempre preso às regras dos terços. Analise a imagem e perceba quando e como será possível sua utilização, tendo em mente de que a boa e expressiva ligação entre os elementos da imagem , às vezes, colocam de lado muitas das regras clássicas da composição. Na cena ao lado a imagem foi dividida em terços verticais, mas foi centralizada no eixo horizontal, sem detrimento à comunicação. Este enquadramento, de certa forma, até ajudou a reforçar o caminho que a chuva fará para a direita, invadindo todo o espaço do cenário. Contribuiu também para dar intensidade e dimensão à ação presente (a força da chuva), pois somos levados à pensar que há energia suficiente nas águas para cobrir toda a região. Horizontal ou vertical? Não se torne previsível! Nesta foto, que retrata o mesmo momento da da cena anterior (porém, com o uso de uma teleobjetiva de 500mm para fechar o enquadramento) ,podemos ver novamente a divisão dos terços de forma independente. Foi utilizado apenas o eixo horizontal, dividindo a cena em três partes distintas: casas, chuva/montanhas e nuvens. Não há divisão de terços na vertical. Este enquadramento deu muita força às nuvens e às águas, colocando as construções em posição de imensa fragilidade. O uso da regra dos terços (ou a sua quebra) dependerá imensamente dos resultados que se pretende obter. Como regra geral, ela sempre funcionará, mas é preciso ter muito cuidado para não se deixar dominar pela atuação sempre precisa desta regra. A constante presença dominadora da regra dos terços pode levar suas fotos a mostrarem sempre uma métrica monótona, indiferente e padronizada, já que é um dos conceitos mais difundidos e utilizados na fotografia. Isso não significa que devemos deixá-la de lado, pelo contrário. Torna-se necessário um uso consciente, cuidadoso, estudado. Seu bom uso, sempre equilibrado, confere às cenas um caráter bastante dinâmico, principalmente quando utilizado com outros recursos igualmente importantes, como as linhas de força. É preciso que a regra dos terços se torne uma esperta e útil ferramenta de composição, e não um caminho-das-pedras infalível, onipresente e, quase sempre, previsível. Turbinando o terço Com o domínio da fotografia digital, ficamos livres do formato tradicional baseado no filme de 35mm. Frequentemente faço cortes diferentes com programas de edição para criar enquadramentos panorâmicos ou quadrados, ampliando as possibilidades criativas. Mas, ao aplicar o enfoque tradicional da Razão Áurea nestes formatos diferenciados (figura 1), corremos um sério risco de não conseguir dispor os elementos no quadro de maneira satisfatória, pois os pontos áureos podem ficar muito próximos ao centro do quadro. Para evitar isso, podemos usar outro modo de divisão, a Simetria Dinâmica (figuras 2, 3 e 4). Este processo, bem mais elaborado e moderno, desloca os pontos áureos mais para os cantos, de modo proporcional (quanto mais retangular for o corte, mais para os cantos irão os pontos), e trata as razões dimensionais da imagem de forma mais precisa. É ideal para formatos panorâmicos, pois permite uma distribuição muito mais harmônica dos elementos. Enfoque tradicional pela Razão Áurea Simetria Dinâmica o 90 o 90 o 90 o 90 Simetria Dinâmica aplicada às composições em diagonal e perspectivas 1 Simetria Dinâmica aplicada ao formato Wide (Escala 16:9) o 90 o 90 o 90 o 90 43 2 Montando a simetria dinâmica A grade da Simetria Dinâmica é menos óbvia do que a divisão tradicional em partes iguais. Vamos analisar sua montagem, lembrando que: A) Se você não quer fazer uma foto panorâmica, essas medidas devem ser feitas mentalmente, na hora da composição. B) Se você deseja fazer um corte panorâmico posteriormente, faça as linhas mentalmente na hora da composição também, porém, já considerando o novo formato que sua foto terá mais tarde, após os cortes que fará na edição. Vamos aos passos: 1 - Comece pelo lado esquerdo da cena, traçando uma linha imaginária começando no vértice superior esquerdo (’’a’’), indo até o vértice inferior direito (’’b’’). Esta será a primeira linha principal. 2 - Trace duas novas linhas, ligando os outros vértices (’’c’’ e ’’d’’) à linha oprincipal em um ângulo de 90 áureos (círculos em amarelo). 3 - Repita o mesmo processo no lado direito da cena, começando pelo vértice superior direito (’’e’’) e indo até o vértice inferior esquerdo (’’f’’). Esta será a segunda linha principal. 4 - Trace as últimas linhas unindo os vértices ’’g’’ e ’’h’’ à segunda linha oprincipal, sempre em ângulo de 90 . Os pontos de encontro indicam os dois últimos pontos áureos. Pronto! Com prática, este processo se tornará cada vez mais rápido e eficiente, e ajudará bastante na composição de cenas mais equilibradas, principalmente em formatos não convencionais. . Neste momento, você encontra dois pontos o 90 o 90 1 bb aa o 90 o 90 3 ee ff o 90 o 90 4 gg hh o 90 o 90 2 cc dd o 90 o 90 Note que o resultado da Simetria Dinâmicaé uma grade compensada para o tamanho da imagem,com retângulos e quadrados de tamanhos distintos, como podemos ver ao lado. 21 Quebrando a regra Quando a cena pede, você pode subverter ou até esquecer a regra dos terços, visando uma composição mais inesperada e surpreendente. Algumas imagens se beneficiam da simetria, ou até mesmo da centralização total. Tudo depende da forma como os elementos interagem na sua composição. Estas duas fotos mostram bem isso, onde a centralização dos temas principais funcionou, dando força às linhas verticais. Na primeira foto, do vendedor de sorvete, há a centralização dos dois eixos, vertical e horizontal. Perceba como a linha do horizonte foi posicionada no meio do quadro. Isso indica que, embora eficiente, a regra dos terços não é mandatória e está sujeita à minuciosa análise da imagem e do consequente impacto ou interpretação que se deseja dela. Ponto focal Defina seus objetivos e conclua com o Ponto Focal percebida ao final, depois que os - Desfoques de fundo com luz mais olhos sigam uma trajetória intensa que o primeiro plano sequencial, determinada pelos -Pontos com cores contrastantes pontos de ligação entre os Uma fotografia, mesmo sendo uma elementos. É sempre melhor resolver estas representação finita e bidimensional questões no momento do click. Você de algo ocorrido em uma fração de O ponto focal é, então, o desfecho da pode cortar a imagem tempo , pode ter seus elementos de imagem. Seu posicionamento pode posteriormente, no laboratório, de informação agrupados de forma que se valer das regras do terço, mas não forma a obter um melhor sejam absorvidos pelo receptor de é dependente disso. Certamente, o enquadramento, mas lembre-se que forma sequêncial. uso de linhas de força contribui esta prática descarta pixels da bastante para seu êxito, por isso é imagem, reduzindo sua qualidade A soma das linhas de força e dos fundamental que você analise bem gráfica. Se o corte for necessário, pontos de atração pode criar tudo que está enquadrado para que evite retirar mais do que 15% da caminhos pela imagem para, como já possa combinar os elementos de imagem. sabemos, guiar o olhar do receptor. forma precisa e eficiente. Dessa forma podemos entender que Esteja sempre muito atento com uma fotografia pode ter início, meio e todos os elementos da composição e fim, como um filme ou história em crie diálogos entre eles, usando quadrinhos. Bem, para que uma foto linhas, formas e cores como Antes de acionar o disparador, você cumpra essa tarefa, é preciso que conexões.precisa considerar se o centro de haja uma história, ou uma sequência interesse da imagem está claramente de informações conectadas no definido. Estas são algumas situações enquadramento, até que venha a que podem atrapalhar o ponto focal:conclusão que encerra a leitura. Neste ponto, o receptor já deve ter - Fundos que desviam a atenção do absorvido todos os dados objetivos e elemento principa;subjetivos da imagem, e está pronto - Luzes ou formas que criam pontos a fazer sua interpretação. de interesse conflitantes com o sujeito da imagemQuem tem esta função de finalizar a - Linhas e elementos que "expulsam" leitura é o ponto focal, uma área da o receptor para fora da imagem, ou imagem que traz um forte elemento guiam seu olhar de maneira de interesse, mas que só deve ser inadequada Foco x Ponto focal Uma das confusões mais frequentes dos fotógrafos iniciantes é considerar o «ponto de foco» como «ponto focal». O foco, que representa o nível de nitidez de uma imagem, nem sempre estará associado ao ponto focal, que é o centro máximo de interesse da cena. Ou seja, podemos ter um centro de interesse sem nitidez, como prova a fotografia ao lado. Esta foto foi feita no Zôo do Rio de Janeiro, com uma objetiva de 500mm que, por sua própria natureza, diminui bastante a profundidade de campo. Com o uso deste recurso, foi possível focalizar apenas a cerca do aviário onde o tucano estava. A cena evoca o sentido de aprisionamento, colocando a ave como sujeito principal. A ave é, portanto, o ponto focal. A cerca é o elemento que conduz à interpretação. A leitura é finalizada quando vemos o tucano que, mesmo estando completamente fora de foco, é o ponto central de interesse. Ele é, portanto, o ponto focal. Valorizando o ponto focal toda a diferença. Na primeira foto há um interessante padrão de forma que as áreas em sombra se tornassem ainda mais de formas verdes que é quebrado pela flor arroxeada. Esta flor escuras. A flor continuou ocupando o mesmo lugar, o ponto tem qualidades para ser o ponto focal da imagem, mas da áureo superior direito. Mas desta vez, a ausência de áreas de forma como a cena foi enquadrada, as folhas largas e de roxo distração fez com que a pequena flor se tornasse, então, o mais escuro nas laterais desviam toda a atenção, disputando o principal ponto de interesse da cena. Muitas vezes uma simples alteração no ângulo de visão é interesse do receptor e retirando da flor o seu lugar de suficiente para que a cena ganhe outra dimensão. O correto destaque. O ponto focal ficou indefinido e confuso. Este exemplo ilustra como podemos transformar uma cena posicionamento do ponto focal é sensível a fatores como simples e sem resultados em algo impactante, simplesmente perspectiva, combinação de cores e formas, interação entre as Na segunda foto, um novo enquadramento foi realizado, com a deslocando o ângulo de visão. O ponto focal precisa ser sempre linhas, etc. câmera sendo posicionada mais acima e próxima da bromélia , analisado e corretamente inserido na imagem, de forma que Nos exemplos acima, de uma bromélia iniciando sua fase de eliminando da cena as folhas das laterais. O obturador da todos os elementos se relacionem de maneira equilibrada e inflorescência, podemos perceber como o posicionamento faz câmera também foi fechado um pouco, em torno de 1 ponto, coerente. A atração é o meio, o ponto Atração focal é o fim informações visuais diferenciadas, para que estes atrativos não enquadramento descuidado. Esta sempre haverá um ponto ou área que assumam a função de «finalizador de forma compete com os outros atrairá a atenção de forma mais leitura». Faça com que o ponto focal elementos da imagem, atraindo a É certo que podemos considerar intensa. A presença de certos signos seja o único e definitivo finalizador, atenção para longe do ponto focal (os como elementos de atração certos A atração, na fotografia, é a força gráficos, como a figura humana, com força suficiente para suplantar dedos segurando a rede e a lâmina) e conceitos, como os pontos áureos e que determinada parte de uma círculos, triângulos e contrastes de os elementos de atração que levaram diluindo a força dos reais pontos de as linhas de força. Pontos focais imagem possui de desviar nossa luz ou de cor, é irresistível à nossa o receptor à ele. interesse da imagem. Na outra foto, também são elementos de atração, atenção, alterando o caminho do atenção. Isso pode ser usado para alterada para servir como exemplo, o mas sua natureza é finalizar a leitura olhar e diminuindo a força das outras fins positivos na composição. A Nos exemplos abaixo é fácil perceber triângulo foi digitalmente retirado. visual da imagem, enquanto a áreas, chegando até mesmo a anulá- principal forma de utilização é a como a atração funciona. Na primeira Note como a cena ficou muito mais atração deve ser utilizada como um las. inserção destes elementos de forma imagem (A), apesar do tema equilibrada. Toda a atração está meio para este fim. Sendo assim, que ajam como «chamarizes» na interessantee das ricas texturas , há concentrada no trabalho executado utilize recursos de atração que levem No contexto de uma imagem, orientação do olhar do receptor. um triângulo no canto superior pelas mãos, sem distrações que ao ponto focal, mas tome cuidado mesmo quando esta é repleta de esquerdo, resultado de um distanciem o receptor do tema. BBAA O norte Oriente-se, rapaz! O oriente O termo nortear indica, de forma simplista, ´indicar o rumo certo´´. Como metáfora, conhecer a direção do norte nos traz a indicação clara dos caminhos que Aprendi um truque com um dos meus alunos de temos, pois sua identificação determina as outras fotografia, o Victor Santos, um ativo professor de direções. Uma bússola aponta para o norte e faz com fisica também apaixonado por fotografia. Confesso que não nos percamos. Essa é uma direção que, de que, antes disso, eu ainda não havia percebido em maneira figurada, consegue nos tirar dos apertos. fotos esta influência tão interessante. É claro que os Portanto, estar norteado significa estar na direção significados presentes em uma cena sempre me certa, o que nos traz alento e segurança. Se uma atraíram e fascinaram, mas depois daquele dia, minha imagem tem um claro direcionamento verticalizado visão ficou um pouco mais clara e aberta, e por isso ascendente, podemos considerar que ela ´´está sou muito grato à ele. norteada´´, trazendo em si toda a força e significados deste conceito. Tudo teve origem em uma aula de composição, através de uma simples pergunta: porquê a foto ao lado é tão agradável? Se fizermos uma análise crua e De maneira análoga ao norte, o oriente também insensível, podemos afirmar que o arco-íris no plano indica positividade, pois subjetivamente entendemos posterior faz um contraponto com a textura escura e que lá é casa do conhecimento e da cultura. É onde o sombria das folhas do primeiro plano, evocando sol ´´nasce primeiro´´; é onde afirmam que se iniciou a conforto. nossa evolução intelectual e cultural. Daí o termo O posicionamento verticalizado da cena traz orientar: indicar os meios certos para que algo dinamismo, fortalecendo a presença do arco-íris. evolua. Estar orientado, portanto, significa ter plena Mas será só isso? consciência do que fazemos, do que queremos e onde vamos chegar. Se uma imagem direciona o O Victor, sempre atento e de pensamento ágil, olhar para o lado direito (o lado ´´oriental´´), declarou: ´´Hudson, você sabe porquê essa foto é tão interpretamos mais facilmente toda a positividade legal? É porque ela está norteada e orientada!´´. que o conceito da orientação traz.´Como assim´´, eu perguntei, surpreso pela declaração tão enigmática. E a explicação veio como Hoje, dou mais atenção à este importante detalhe. uma iluminação, algo que, por ser tão simples e Nortear e orientar uma imagem realmente a torna verdadeira, não está ao alcance até que alguém nos mais positiva e interessante. Aconteceu nesta foto, e mostre. Vamos a ela: eu só fui descobrir o motivo algum tempo depois do click. Graças ao professor Victor! Cortes imagem. Isso também exige uma nova sensibilidade do fotógrafo, que precisa aprender a enquadrar a cena No novo mundo da fotografia digital imaginando cortes diferentes do que temos uma enorme liberdade na vê pela ocular da câmera. As noções definição do formato das nossas de métrica precisam ser utilizadas com imagens. No passado os filmes intensidade no momento do estavam disponíveis em várias enquadramento, pois o real dimensões, mas o formato tradicional posicionamento das linhas, pontos de da película de 35mm (24mm x 36mm) interesse e outros elementos só será reinou absoluta, estabelecendo a consolidado posteriormente, na tela proporção de 3:2. No início da do computador. fotografia digital, quando os monitores disponíveis ainda não Ao lado podemos ver alguns exemplos estavam disponíveis em formatos de cortes. A escolha por alterar a «Wide Screen», a proporção era de proporção da imagem deve levar em 4:3, o que gerava fotos mais conta o ganho que teríamos na quadradas. Hoje, com monitores mais interpretação da mesma. Algumas alongados, retornamos ao 3:2, cenas seriam bastante valorizadas obedecendo ao legado dos filmes mais com cortes panorâmicos, enquanto utilizados no passado. outras funcionariam melhor com cortes quadrados. É claro que os Porém, devido à grande facilidade de cortes eliminam informação da edição e alta resolução dos atuais imagem, descartando pixels e sensores, não precisamos nos prender diminuindo a resolução gráfica. à proporção 3:2.Os programas de Portanto, seja cuidadoso e aplique edição de imagens oferecem recursos este recurso apenas quando que permitem o corte (ou «crop») da necessário. imagem no formato que desejarmos. Esta possibilidade abre muitas caminhos para a composição criativa, com enquadramentos inusitados e mais compatíveis com o conteúdo da Panorâmico Tilt Proporção 3:2 Proporção 4:3 Proporção 16:9 (Widescreen) Como cortar corretamente uma foto? Há truques básicos que permitem bons resultados quando um corte é necessário: - Faça uma composição, no momento do disparo, que já considere o corte posterior. Enquadre de maneira a facilitar a recomposição mais tarde. - Utilize a máxima resolução possível da sua câmera, usando formatos profissionais como o RAW. Cortes eliminam quantidades significativas de pixels, então não economize memória do seu cartão: fotografe sempre em qualidade máxima. Muitas vezes uma composição em formato tradicional ganha utilize menos zoom na objetiva para cobrir o máximo possível impacto com pequenos cortes de elementos discordantes das destes elementos. - Descubra os diafragmas mais nítidos das suas objetivas e use- laterais ou cantos, como se um pequeno zoom fosse aplicado à os nas fotos que serão cortadas. objetiva, mas cortes diferenciados também alcançam bons - No momento da edição, interpole a imagem após o corte, resultados se estiverem de acordo com os elementos da restaurando sua largura ou altura original, em pixels. - Em panorãmicas, pense em enquadramentos mais abertos e composição.. pontos áureos mais afastados. Use os terços baseados na - Se a foto foi feita em RAW, trabalhe sempre em 16 bits. Mude Simetria Dinâmica. - Para imagens panorâmicas, experimente combinações de para 8 bits apenas no final, e só no caso de gravar a imagem várias imagens ao invés de cortar apenas uma. Faça várias final em JPG. - Evite a tentação de retirar muita informação da imagem. Um fotos deslocando a câmera lateralmente entre uma e outra, e simples corte sutil pode dar muita ênfase à composição, use os recursos de montagem presentes nos programas de portanto, experimente opções de cortes menos agressivos. edição para reuni-las em uma única e extensa cena. Como regra geral, evite retirar mais do que 15% da imagem. - Seja criativo na composição e pense além do que vê no visor - O corte pode ser baseado em proporções diferentes do 3:2. da câmera. Procure conexões interessantes ao longo da cena e O registro fotográfico tenta confinar em uma área Estes recursos estão ligados aos símbolos objetivos bidimensional fatos que estão ocorrendo em um da cena, que são visíveis e explícitos. Não se trata de mundo tridimensional repleto de sentimentos idéias ou conceitos, mas sim de representações subjetivos, e isso não é uma tarefa fácil. A fotografia gráficas que dão à nossa percepção dados que possui vários truques para dar ritmo, dinâmica e conhecemos e usamos no dia sempre que olhamos movimento às nossas imagens estáticas, evocando algo e nos situamos no espaço.sentimentos difíceis de serem textualmente descritos (alegria, raiva, suavidade, aspereza). Mas e Pense criativamente nestes recursos, e considere-os quanto às grandezas físicas próprias do nosso mundo como «associativos», isto é, podem trabalhar em de três dimensões, como tamanho, profundidade e conjunto com outros da sua classe em uma distância? combinação de efeitos que aumente a sensação física de espaço. Combine desfoques com perspectivas, Alguns recursos podem ser utilizados, e todos interações entre os planos, distorções típicas de utilizam exatamente as mesmas saídas que temos algumas objetivas, etc, e crie efeitos que tragam para entender visualmente e nos posicionar no surpresa e impacto visual. mundo à nossa volta. Desfoques, perspectivas e escalas devem ser inseridas na imagem para dar ao receptor sensações físicas, complementando toda a gama de mensagens que a cena traz em si. Pensando de forma simplista e básica, compor é selecionar onde e como os elementos certos permanecerão no quadro para transmitir as suas idéias. Acredito que isso seja mais ‘exclusão’ do que ‘inclusão’. Arrumar poucas coisas no espaço contido de uma foto e ainda assim obter comunicação é uma das grades mágicas da boa fotografia. Sonho de menino 50mm, f/11, 1/250s, ISO 200 Espaço e dimensão Planos A profundidade de campo é menor quando... O foco é muito importante A profundidade de campo é maior quando... identificar facilmente 5 planos, e ainda observar como os - Estamos mais distantes do ponto focalizado. elementos mais distantes se tornam graficamente menores pelo efeito da perspectiva. Podemos considerar que uma imagem tridimensional é - Usamos aberturas de diafragma maiores (ex., f/2.8); formada por uma sequência de camadas, e que cada uma delas - Usamos objetivas mais longas (ex., tele-objetivas); possui um ou vários elementos de informação visual. Cada uma A foco possui uma importância vital para a definição dos - Estamos mais próximos do ponto focalizado. destas camadas é, portanto, um plano. Na fotografia, quando planos. Podemos escolher quais os pontos permanecerão combinamos os planos e os tornamos identificáveis, nítidos através do (foco seletivo e da profundidade de campo, Quando deixamos os últimos planos desfocados e os primeiros conseguimos passar a idéia de tridimensionalidade, já que nem sempre a amplitude focal de uma objetiva é tão planos nítidos, ganhamos um interessante efeito onde se tem a principalmente com o uso da perspectiva e do desfoque. Os extensa a ponto de permitir o foco em todos os planos.A impressão de que os elementos da frente parecem elementos presentes nos planos podem ser relevantes em profundidade de campo determina a extensão de planos que «destacados» da imagem. Isso de deve ao fato do nosso maior ou menor grau (através do seu tamanho ou nitidez de permanecerá nítida na imagem. Felizmente, podemos cérebro considerar que áreas desfocadas estão mais distantes. foco), e isso dependerá apenas do contexto geral da imagem. controlar este efeito. Veja: A sensação de proximidade e distância é um recurso muito útil em fotos onde seus componentes possam se misturar, seja Nas gravuras abaixo, podemos ver como uma imagem pelo excesso de cores ou formas. Desfocando alguns planos bidimensional (A) pode ser representada tridimensionalmente, conseguimos separar os motivos, diminuindo a confusão visual - Usamos aberturas de diafragma menores (ex., f/168); ao separarmos seus planos (B). Neste exemplo podemos e organizando a cena para que o receptor possa interpretá-la - Usamos objetivas mais curtas (ex., grande-angulares); AA BB 1º plano 2º plano 3º plano 4º plano Último plano (Infinito) Desfoque Quando a profundidade de campo é pequena, a imagem não permanece focalizada em sua totalidade. Isso cria uma separação de planos, uma representação espacial que, se bem elaborada, traz uma grande sensação de profundidade, como se a fotografia fosse uma «caixa» de onde poderíamos retirar as ciosas que estão em seu interior. Essa sensação é puramente visual e interpretada em nosso cérebro, que considera distantes as regiões desfocadas dos últimos planos, ou próximas quando o desfoque é nos elementos dos primeiros planos. Perceba como esta foto nos leva à uma estranha sensação de que o inseto está voando livremente à nossa frente, como se estivesse destacado da cena. Isso acontece porque a profundidade de campo foi suficiente apenas para cobrir o corpo do inseto no primeiro plano, mantendo o último plano em completo desfoque. Dica: Objetivas como as meias-teles (de 60mm a 105mm) e teles (acima de 105mm) geram desfoques com grande facilidade, mesmo em diafragmas mais fechados. Foco seletivo Outro recurso baseado na profundidade de campo curta é o foco seletivo, onde deixamos nítidos apenas um plano da cena, que pode ser próximo ou distante, não importa. O foco seletivo é excelente para criar profundidade e destacar áreas de interesse ou pontos de expressão. Lembre-se que, apesar do destaque de apenas uma região da cena, é necessário que a continue havendo interação com os outros planos para garantir a continuidade visual da imagem. Se isso não acontecer, o receptor pode ser levado à permanecer em apenas um ponto de toda a imagem, não percorrendo sua totalidade. Portanto, é preciso critério para a aplicação do foco seletivo, pois a força de atração de elementos nítidos é grande. Estruture uma combinação equilibrada de recursos de atração, tentando dar às áreas desfocadas alguma força que crie balanço com os pontos em foco. Na foto ao lado, os olhos dos modelos foram usados para gerar este balanço, por meio da força atrativa que olhos possuem em uma fotografia. Mesmo desfocado, o olho da pessoa em segundo plano consegue atrair e manter a atenção, evitando que o receptor fique preso apenas à lateral esquerda da cena. Dica: Para facilitar o uso do foco seletivo, diminua a profundidade de campo com estes meios: - Use objetivas mais longas (meia-teles ou mais). - Aproxime-se o modelo. - Use diafragmas mais abertos. Escala Nós mantemos inúmeras referências em nosso "banco de dados visual", e utilizamos isso para reconhecer formas e situações no espaço bidimensional de uma fotografia. Porém, precisamos, em certos casos, recorrer a parâmetros mais diretos e consistentes para facilitar a leitura de uma imagem, ou mesmo aumentar a intensidade da mensagem. O «elemento de escala» é um destes parâmetros. Trata-se de um componente de informação identificável pelo receptor, colocado em ponto estratégico na composição, de forma a facilitar o reconhecimento espacial na cena, além de definir o tamanho e distância dos objetos, ou entre os objetos. Esse recurso é de grande utilidade em fotos angulares de cenários, pois estabelece uma "medida física" que dá dimensão à toda a imagem. Sem algo que defina a escala de tamanho entre os objetos, toda a grandiosidade de um eventual cenário perde o impacto. Assim que um elemento dimensional é detectado, a cena de forma por completo aos olhos do receptor. Em fotos de arquitetura ou de viagens este recurso é especialmente valioso. Ao colocar na cena pessoas ou construções simples, como bancos de praça ou postes, estamos complementando a imagem com informações que serão utilizadas como referência espacial. Procure colocar seus elementos de escala em posição privilegiada na imagem. A Regra dos Terços pode ser usada para isso. É preciso que este elemento seja um ponto de atenção forte o bastante para atrair a atenção do receptor. Se possível, crie caminhos com linhas de força para
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