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Crimes dolosos e crimes culposos

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DIREITO PENAL I
PROF. LUÍS ROBERTO
(luisrob@unitoledo.br)
8.10 Crimes dolosos
DOLO: art. 18, I, do CP: “Diz-se o crime doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. 
Tipo = tipo subjetivo + tipo objetivo
O dolo é o elemento subjetivo geral do tipo, compõe o tipo subjetivo.
Dolo, como resolução delitiva, é saber e querer a realização to tipo objetivo de um delito.
ELEMENTOS: 
 a) consciência da conduta e do resultado (elemento cognitivo)
 	 b) consciência do nexo causal (elemento cognitivo);
 c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (elemento volitivo)
OBS.: O DOLO DEVE ABRANGER OS ELEMENTOS DA FIGURA TÍPICA. Abrange o fim visado pelo agente, os meios empregados e as consequências necessárias.
TIPOS DE DOLO: 
DIRETO x INDIRETO (alternativo ou eventual).
DOLO ALTERNATIVO : a vontade se dirige a um ou outro resultado. Ex. ferir ou matar.
DOLO EVENTUAL: o sujeito não quer o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo, ou seja, não se importa se ele ocorrer. Ex.: X atira granada para matar Y, em momento em que este está em um bar, no qual há outras pessoas.
PELA LEI, O DOLO EVENTUAL É EQUIPARADO AO DOLO DIRETO (art. 18, I). 
 
EXEMPLOS EXTRAÍDOS DA JURISPRUDÊNCIA:
desferir pauladas na vítima, a fim de com ela manter relações sexuais, estuprando-a em seguida, e provocando-lhe a morte em consequência dos golpes desferidos.
médico que ministra remédio ao paciente, sabendo que este pode ser conduzido à morte, apenas para testar o produto.
aquele que, na ignorância, dúvida ou incerteza quanto a idade da vítima menor de 14 anos, com ela mantém conjunção carnal.
Teorias adotadas pelo Código Penal (CP, art. 18, I)
Dolo direto: teoria da vontade
Dolo eventual: teoria do consentimento
8.11 Crimes culposos
Art. 18, II: “Diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”
- imprudência: prática de um fato perigoso. Ex.: dirigir embriagado
- negligência: omissão, ausência de precaução. Ex.: deixar arma carregada ao alcance de criança.
- imperícia: falta de aptidão ou capacidade para o exercício de arte ou profissão. Ex.: médico que comete erro grosseiro.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO CULPOSO
a) conduta humana voluntária
b) resultado involuntário
c) nexo de causalidade
d) tipicidade
e) inobservância do cuidado objetivo manifestada através da imprudência, negligência ou imperícia
f) previsibilidade objetiva
g) ausência de previsão
- inobservância do cuidado objetivo :
VIDA EM SOCIEDADE - DEVER DE NÃO CAUSAR DANOS AOS OUTROS - CUIDADO OBJETIVO NECESSÁRIO.
A conduta mostra-se típica a partir do momento em que alguém deixa de observar o cuidado objetivo necessário nas relações com outras pessoas.
O elemento decisivo da ilicitude não reside no fim, como ocorre nos crimes dolosos, mas no desvalor da ação que praticou.
EXEMPLO: SUJEITO QUE, PARA IR À MISSA DOMINGUEIRA, DIRIGE VELOZMENTE E ATROPELA UM PEDESTRE 
- previsibilidade objetiva : possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava.
- ausência de previsão: é necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Se previu, o crime é doloso.
Obs.1: A tipicidade, nos crimes culposos determina-se através da comparação entre a conduta do agente e o comportamento presumível que, nas circunstâncias, teria uma pessoa de discernimento e prudência ordinários.
Obs.2: Nos crimes culposos, a ação não está descrita como nos dolosos. Os tipos são abertos, pois necessitam de complementação de outra norma de caráter geral.
Obs.3: A conduta dolosa é mais perigosa – deve ser punida mais gravemente – do que a culposa. O desvalor da ação dolosa é maior que o desvalor da ação culposa.
ESPÉCIES DE CULPA
- culpa inconsciente: é a culpa comum, cujo resultado não é previsto pelo sujeito.
- culpa consciente: é a chamada culpa com previsão. O resultado é previsto pelo sujeito, que confia em poder evitá-lo.
- culpa própria: é a comum, em que o resultado não é previsto, embora seja previsível.
- culpa imprópria: também chamada de “culpa por equiparação”. Nela, o resultado é previsto pelo agente, que incorre porém em erro de tipo inescusável. Trata-se, na verdade, de um crime doloso, a que o legislador aplica a pena do crime culposo (art. 20, par. 1º, 2a. parte).
COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIA DE CULPAS - incabível em matéria penal
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO - art. 18, par. único.
8.12 Crimes preterdolosos
		São aqueles em que a conduta produz um resultado mais grave do que o pretendido pelo sujeito. São crimes mistos, vez que há uma combinação de dolo e culpa. A conduta inicial é dolosa, enquanto o resultado final dela advindo é culposo. Há dolo no antecedente e culpa no consequente. Ex.: art. 129, par. 3o., do CP.
O exemplo clássico é o da lesão corporal seguida de morte, em que o agente dá um soco na vítima, que, durante a queda, bate a cabeça no chão e morre. Nota-se que o agente realiza a conduta com a intenção de ferir (animus laedendi), sobrevindo, por culpa, a morte da vítima.
Referências bibliográficas
BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal. Parte Geral. Vol. 1. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
JESUS, Damásio E. Direito Penal. Parte Geral. 26a. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 8.ed. São Paulo: RT, 2008.
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