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Dir Adm Apl - Aula 1 Restrição a propriedade

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DIREITO ADMINISTRATIVO APLICADOIntrodução
Prof. Jamir Calili2015.03 – UFJF/GV6º Período
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BOAS VINDAS
 Vamos estabelecer algumas regras para onosso convívio esse semestre;
 Nossas aulas serão às quintas e sextas feiras,nos dois primeiros horários da manhã;
 Todos os dias faremos chamada, o que incluihora para chegarmos e hora para encerrarmosnossas atividades.2
EMENTA
 Contratos administrativos. Licitação. Servidorpúblico. Improbidade administrativa. Restriçõesadministrativas à propriedade privada. Intervençãoestatal na economia.Responsabilidade do Estado.Processo administrativo.
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PROGRAMA
 1. Contratos administrativos. 1.1. Noçõesgerais 1.2. Características 1.2.1.Cláusulasexorbitantes 1.2.2.Mutabilidade. 1.3 Extinçãodos contratos. 1.4. Contratos administrativosem espécie.
 2. Licitação. 2.1. Noções gerais. 2.2.Dispensa. 2.3. Inexigibilidade. 2.4.Modalidades 2.5. Procedimento
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PROGRAMA
 3. Servidor público. 3.1. Normasconstitucionais. 3.2. Direito de greve eassociação sindical. 3.3. Direitos e deveres.3.4. Aposentadoria.
 4. Improbidade administrativa. 4.1. Naturezajurídica 4.2. Elementos constitutivos. 4.3.Sanções. 4.4. Procedimento.
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PROGRAMA
 5. Restrições administrativas à propriedadeprivada. 5.1. Noções gerais. 5.2. Ocupação.5.3. Servidão. 5.4. Tombamento. 5.5.Limitação. 5.6. Desapropriação.
 6. Intervenção estatal na economia
 7. Responsabilidade extracontratual doEstado
 8. Processo administrativo: noções gerais.
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Referência Bibliográficas
 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de DireitoAdministrativo. 22 ed. São Paulo: Malheiros,2010.
 JUSTEN Fl, Marcal. Curso de DireitoAdministrativo. 10 ed. Revista dos Tribunais: SãoPaulo, 2014.
 CARVALHO FL, Jose dos Santos. Manual dedireito administrativo. 17 ed. Atlas: São Paulo,2014.7
Referência Bibliográficas
 GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 17ed. Saraiva: São Paulo, 2010.
 MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso dedireito administrativo. 31 ed. Malheiros: SãoPaulo, 2014.
 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Cursode direito administrativo. 16 ed. Forense: Rio deJaneiro, 2014.
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AVALIAÇÕES
 1ª Prova – Valor 20 pontos – Dia 20/11
 2ª Prova – Valor 20 pontos – Dia 18/12
 Trabalho – a ser informado posteriormente
– As provas serão fechadas com uma questão abertacada;
– As provas são cumulativas
– Os demais pontos serão distribuídos pelo Prof.Emerson
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DICA
 ESTUDAR E LER
 ESTUDAR E LER 
 ESTUDAR E LER 
 ESTUDAR E LER 
 ESTUDAR E LER 
 ESTUDAR E LER
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Restrições Estatais ao Direito de Propriedade
Direito Adm AplicadoProf. Jamir Calili Ribeiro
Introdução – Direito de Propriedade
 Garantia: art. 5º, XXII da CF.
 Condicionado à função social:
– art. 5º, XXIII da CF;
– art. 182, § 2º.
 Fundamentos das restrições:
– Supremacia do interesse público;
– Função social da propriedade
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Introdução
 O poder público, em razão da soberania interna,pode ter, nos limites fixados pela ordem jurídica,prerrogativas de intervenção na propriedadealheia, seja ela pública ou privada.
 Não há afronta ao princípio da propriedadeprivada, pois tal direito não se afigura comoabsoluto, de forma que deve ser exercido noslimites do cumprimento da função social. Alémdisso, a intervenção terá fundamento no próprioPoder de Polícia.
Tipos de Intervenção
 Verifica-se a existência de duas modalidades deintervenção estatal na propriedade alheia:
– Intervenção restritiva => restringe ou condiciona o uso sem retirar a propriedade de seu dono: servidão administrativa, requisição, ocupação temporária, limitações administrativas e tombamento.
– Intervenção supressiva => transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em virtude de algum interesse público previsto na lei. A modalidade desta intervenção é a desapropriação.
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
 As limitações administrativas impõem obrigações de caráter geral aproprietários indeterminados em benefício do interesse geral. Retirao caráter absoluto do direito de propriedade;
 São medidas de caráter geral, previstas em lei com fundamento nopoder de polícia (supremacia do interesse público sobre o privado),gerando para os proprietários obrigações positivas ou negativas,com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade aobem-estar social;
 Em regra não geram direitos a indenização, já que são uma carga geral imposta a todas as propriedades.
 Exemplos: parcelamento e edificação compulsória, limpeza do terreno, limitação no número de pavimentos do edifício.
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Observações
 As limitações administrativas regem-se pelo direito público e peloregime jurídico administrativo, devendo, portanto, se submeter aoprincípios já vistos em tópicos anteriores;
 Impõem ao proprietário do imóvel, em regra, deveres de não fazer(deixar de fazer);
 Não se pode confundir as limitações administrativas com regras deboa vizinhança (de natureza privada), ou até mesmo com osinstitutos do tombamento ou da servidão administrativa;
 Decorrem de leis gerais e abstratas, dirigindo-se a proprietáriosindeterminados, em benefício do interesse público genérico eabstratamente considerado.
DOMÍNIO
 Nas limitações administrativas, o proprietário conservaem suas mãos a totalidade de direitos inerentes aodomínio, ficando apenas sujeito às normasregulamentadoras do exercício desses direitos, paraconforma-lo ao bem-estar social; a propriedade não éafetada na sua exclusividade, mas no seu caráter dedireito absoluto, pois o proprietário não reparte, comterceiros, os seus poderes sobre a coisa, mas, aocontrário, pode desfrutar de todos eles, da maneira quelhe convenha, até onde não esbarre com óbices opostospelo poder público em prol do interesse coletivo.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
 Trata-se de direito real público de gozo sobrepropriedade imóvel (privada ou pública), instituída parapermitir execução de obras ou serviço público.
 Trata-se de (1) direito real de gozo, (2) de naturezapública, (3) instituído sobre imóvel de propriedadealheia, (4) com base em lei, (5) por entidade pública oupor seus delegados, (6) em favor de um serviço públicoou de um bem afetado (7) a fim de utilidade pública, portempo indeterminado (8).
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FORMAS DE CONSTITUIÇÃO
 Diretamente pela lei: mas alguns autores afirmam que, quando incidir sobre bens indeterminados não será servidão e sim limitação administrativa. 
 Por Acordo: instituído por decreto governamental (declaração de utilidade pública), efetivando com a lavratura na escritura pública do acordo.
 Por Sentença Judicial: após o DUP, quando não houver acordo ou sua aquisição derivar de usucapião.
Registro da Servidão
 Conforme o decreto-lei 3.365/41, art. 40, aservidão será instituída administrativa oujudicialmente após a prática do ato declaratóriode servidão, aproveitando-se, no que couberemas regras de efetivação da desapropriação.
 Para ser oponível ergan omnes, tanto aservidão por acordo quanto a judicial devem serinscritas no Registro de Imóvel.
FORMAS DE EXTINÇÃO
 Em regra são perpétuas, mas podem ser extintas se:
– (a) houver a perda da coisa gravada;
– (b) se ocorrer a transformação da coisa por fato que a torne incompatível com seu destino;
– (c) se ocorrer a desafetação da coisa dominante; 
– (d) se ocorrer a incorporação do imóvel serviente ao Patrimônio Público.
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INDENIZAÇÃO
 Não é cabível, em regra, quando decorrer dalei. Porém, será cabível, em percentualcompatível com o prejuízo, nos casos emque decorre de sentença judicial ou acordo.
Exemplos de Servidão que Decorrem Diretamente da Lei (controverso)
 Servidão sobre terrenos marginais: faixa de terra paralela aos rios;
 Servidão em favor das fontes de água mineral, termal ou gasosa e dos recursos hídricos: operímetro de proteção será definido por decreto (Código das Águas Minerais); Servidão sobre prédios vizinhos de obras ou imóvel pertencente ao patrimônio histórico eartístico nacional;
– Art. 18 do DL 35/37 – sem prévia autorização do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional, não sepoderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construções que lhe impeça ou reduza a visibilidade nem nelacolocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirados o objeto, impondo-senesse caso a multa de 50% do valor do mesmo objeto.
 Servidão em torno de aeródromos e heliportos: restrições necessárias para evitar embaraçosàs manobras de aeronaves ou causa de interferência de sinais ou visibilidade. Cabívelindenização. Para concurso públicos, trata-se de limitação administração essa restrição.
Exemplos de Servidão que Decorrem de Acordo ou de Sentença
 Servidão de aqueduto: confere ao titular o direito decanalizar águas pelo prédio de outrem;
 Servidão de energia elétrica: direito de praticar atos afim de manter linhas de transmissão de energia elétrica,telegráficas e telefônica. Possível indenização
Uma das principais diferentes entre as servidões e as ocupações, é que as primeiras são permanentes, enquanto as segundas são temporárias.
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TOMBAMENTO
 Trata-se de procedimento administrativo peloqual o poder público (União, Estados oumunicípios) sujeita a restrições parciais os bensde qualquer natureza (móveis ou imóveis), cujaconservação seja de interesse público, por suavinculação a fatos memoráveis da história oupor seu excepcional valor arqueológico ouetnológico, bibliográfico ou artístico. Tem porobjetivo a proteção do patrimônio histórico eartístico nacional.
Tombamento - Competência
 O artigo 24 inciso VII da Constituição Federal confere àUnião, aos Estados e ao Distrito Federal a competênciaconcorrente para legislar sobre a proteção do patrimôniohistórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico, o quesignifica que a União limitar-se-á a estabelecer normasgerais, exercendo os Estados a competênciasuplementar, na forma dos §§1º a 4º do mesmo artigo.
 Os municípios não tem competência legislativa, masdevem executar a proteção e fiscalizá-la.
Tombamento
 Assim como a limitação administrativa, é restriçãoparcial. Em regra, não gera direito a indenização.
 Decreto-Lei 23/37 (Lei do Tombamento).
 Pode incidir sobre quaisquer bens, sejam elesmateriais ou imateriais, móveis ou imóveis. Excluem-seos bens estrangeiros e os que pertençam a casas decomércio, conforme o artigo 3º da lei do tombamento.
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Modalidade de Tombamento
 Quanto à Constituição ou Procedimento:
– De ofício (art. 5º): recai sobre bens públicos, devendo se notificara entidade responsável (Estado, União etc.) passando a produzirefeitos desde a notificação;
– Voluntária (art. 6º e 7º): atinge bens particulares e é feito arequerimento do proprietário ou este apenas anui a notificaçãodo tombamento.
– Compulsória (art.6º, 8º e 9º): feito por iniciativa do Poder Públicoainda que contra a vontade do proprietário e recai sobre bensparticulares.
Modalidade de Tombamento
 Quanto a eficácia:
– Provisório (art. 10º): se o processo administrativo ainda não estiver concluído;
– Definitivo (art. 10º, § único): se o processo já estiver concluído exigindo, portanto, a inscrição no Registro de Imóveis.
 Quanto aos destinatários:
– Individual: se atingir a bem determinado;
– Geral: se atingir todos os bens de uma determinada região.
PROCEDIMENTO
 TOMBAMENTO DE OFÍCIO:
a) Manifestação de órgão técnico;
b) Inscrição do bem no livro do tombo;
c) Notificação da pessoa jurídica que seja responsável.
 TOMBAMENTO REQUERIDO;
a) Requerimento;
b) Oitiva do órgão técnico;
c) Preenchido os requisitos ocorrerá a inscrição no livro de Tombo e do Registro de Imóvel. 
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PROCEDIMENTO
 TOMBAMENTO COMPULSÓRIO:
a) Manifestação do órgão técnico;
b) Notificação do proprietário para anuir ou impugnar;
 Se anuir inscreve-se o imóvel no livro do tombo (tombamento voluntário) efaz o registro no cartório de registro de imóveis;
 Se impugnar remete-se o processo para o órgão técnico para apresentarrazões;
c) Remete os autos ao IPHAN para decisão;
d) O IPHAN poderá decidir pela inscrição do imóvel ou mandar arquivar osautos sem o tombamento;
e) A decisão do IPHAN irá para a apreciação e homologação pelo Ministroda Cultura;
f) Homologando a decisão do IPHAN, o tombamento se tornará definitivoe o imóvel será inscrito no livro do tombo com o posterior registro emcartório.
– TOMBO ARQUEOLÓGICO, ETNOGRÁFICO E PAISAGÍSTICO;
– TOMBO BELAS ARTES;
– TOMBO DAS ARTES APLICADAS
– TOMBO HISTÓRICO
TIPOS DE TOMBAMENTO
 Discricionário ou vinculado: Para Di Pietro é discricionário pois o Poder Público poderá deixar de promovê-lo se verificar interesse público relevante;
 Trata-se de limitação ou de servidão? ParaBandeira de Mello trata-se de servidão; Para DiPietro trata-se de categoria própria, tendocompartilhado características tanto de servidãoquanto de limitação.
NATUREZA JURÍDICA DO TOMBAMENTO
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 Poderemos identificar efeitos quanto:
 a alienação;
 ao deslocamento;
 às transformações;
 aos imóveis vizinhos;
 à conservação
 à fiscalização.
Efeitos do Tombamento
 Poderemos identificar efeitos para:
– O proprietário: tanto obrigações positivas, negativas e de suportar;
 Conservar o bem por recursos próprios ou do governo mediante comunicação;
 Se for alienar o bem, notificar o poder público para exercer o direito de preferência no prazo de 30 dias.
 Assegurar ao poder público o direito de preferência na aquisição do bem quando da alienação;
 Não poderá demolir, destruir ou mutilar o bem;
 Só poderá reparar o bem com a devida autorização do IPHAN;
 Não pode retirar do país;
 Deve suportar a fiscalização;
Efeitos do Tombamento
 Poderemos identificar efeitos para:
– O proprietário vizinho – obrigações negativas:
 Art. 18: sem prévia autorização do serviço do patrimônio histórico eartístico nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada,fazer construções que lhe impeça ou reduza a visibilidade nem nelacolocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir aobra ou retirados o objeto, impondo-se nesse caso a multa de 50%do valor do mesmo objeto.
– Ao IPHAN – obrigações positivas:
 Mandar executar obras de conservação do bem;
 Vigiar e inspecionar o bem;
 Providenciar a transcrição do tombamento no Registro de Imóveis.
Efeitos do Tombamento
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OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
 Impõe ao proprietário o dever de suportar a utilização temporáriado imóvel pelo poder público para a realização de obras e serviçosde interesse coletivo. Afeta a exclusividade do direito depropriedade.
 A ocupação temporária é forma de limitação do Estado àpropriedade privada imóvel que se caracteriza pela utilizaçãotransitória de imóvel de propriedade particular, para fins deinteresse público (utilidade ou necessidade pública). Afetatemporariamente a exclusividade da propriedade. Está previsto naLei de Desapropriação – art. 36.
Quando será possível a ocupação temporária?
 Modalidades:
– Ocupação temporária para obras/serviços públicos, vinculada a processo de desapropriação: obrigatória a indenização;
– Ocupação temporária para obras/serviços públicos, sem vínculo com processo de desapropriação: indenização apenas quando houver prejuízo ao proprietário.
 Exemplos:
– Ocupação temporária de terrenos perto de estradas, para alocação de maquinas e equipamentos utilizados para a reforma;
– Ocupação de escolas ou clubes para realização de eleições.
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
 Requisição Administrativa está prevista no art. 22, III, da CF,caracterizando-se por ser procedimento unilateral e autoexecutório, poisindepende da aquiescência do particular e da prévia intervenção do PoderJudiciário. É em regra oneroso, com indenização a posteriori. Em tempode paz só se justificaem caso de perigo público iminente;
 A simples requisição não gera dever de indenizar, pois depende de danosefetivos e extraordinários, verificados após a requisição, ou seja, seocorrer a indenização ela será a posteriori.
 Pode incidir sobre bens móveis, imóveis e serviços particulares.
 Extingue-se a requisição com o desaparecimento da situação de perigopúblico iminente.
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DESAPROPRIAÇÃO
Procedimento administrativo pelo qual opoder público ou seus delegados, medianteprévia declaração de necessidade pública oude utilidade pública ou de interesse social,impõe ao proprietário a perda de um bem,substituindo-o em seu patrimônio por justaindenização (DI PIETRO).
CONCEITO
A desapropriação é uma forma originária deaquisição da propriedade (Art. 1228, §3ºCódigo Civil), consistente em um processoadministrativo onde se opera a transferênciacompulsória de bem alheio ao patrimôniopúblico ou ao patrimônio privado, desde queem razão de interesse público, mediante aindenização justa, prévia e em dinheiro ouatravés de entrega de títulos da dívida pública,ou ainda, em caso excepcional, não indenizável(Rafael Maffini).
PREVISÃO NORMATIVA
 Decreto-Lei 3.365/41;
 Art. 5º, XXIV – CF;
 Lei 8.629/93;
 A competência legislativa é privativa daUnião: art. 22, II, CF
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PRESSUPOSTOS
 Doutrinariamente costuma-se distinguir três hipóteses:
a) necessidade pública: emergências. Ex.: segurança nacional,calamidade pública, salubridade pública, etc.
b) utilidade pública: bem conveniente ou vantajoso, hipótesesprevistas no artigo 5º do Decreto-lei 3.365/41. Ex.: melhorias devias e acessos, planos de urbanização e parcelamento do solo,escolas e outros serviços públicos.
c) interesse social: atenuação das desigualdades sociais oucondicionar o uso ao bem estar social. Hipóteses previstas:
 Art. 2º da Lei 4.132/62: interesse social “genérico” (art. 5º, XXIV);
 Lei 10.257/01: desapropriação urbanística, para “punir” o proprietárioque não utiliza o imóvel urbano adequadamente (art. 182 da CF);
 Lei Compl. 76/93: para fins de reforma agrária, também consideradauma sanção(art. 184 da CF). Competência exclusiva da União.
OBSERVAÇÕES SOBRE OS PRESSUPOSTOS
 Ao administrador público será relevante fazer as distinções acima,tendo em vista que elas produzem efeitos diversos quanto àcompetência, às regras de caducidade, aos beneficiários e quanto àindenização.
 Todos os bens poderão ser desapropriados, incluindo coisas móveise imóveis, corpóreas e incorpóreas, públicas ou privadas. O espaçoaéreo e o subsolo também podem ser expropriados, quando dautilização do bem puder resultar prejuízo patrimonial ao proprietário.
 Há um outro tipo: desapropriação confiscatória, de caráterpunitivo, que não gera indenização e ocorre ao proprietário queexplora cultivo de plantas psicotrópico (art. 243 CF). Alguns autoresnão reconhecem como desapropriação.
OBJETOS DESAPROPRIÁVEIS
 A desapropriação dos bens públicos deve respeitar as respectivas“hierarquia” dos entes federados, não podendo, portanto, o municípiodesapropriar bens do estado, da União e de outros municípios, e nem oestado desapropriar bem da União e de outros estados. Quando possível,será necessário autorização legislativa derivada do ente expropriante.
 O §3º decreto-lei 3.365/41 estabelece que a desapropriação, pelos Estados,Distrito Federal, Territórios e Municípios, de ações, cotas e direitorepresentativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamentodependa da autorização do Governo Federal e se subordine à suafiscalização só poderá ocorrer mediante prévia autorização, por decreto doPresidente da República.
 Não são desapropriáveis: valores monetários, a liberdade, a cidadania, apropriedade produtiva (no caso de reforma agrária).
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COMPETÊNCIA
 Sujeito ativo – a pessoa à qual é deferido, nos termosda Constituição e legislação ordinária, o direito subjetivode expropriar. Poderá praticar o ato administrativo emsentido material que irá declarar a utilidade pública, anecessidade ou o interesse social:
a) União, estados e municípios quando a desapropriação sefundamentar em utilidade pública ou em interesse social previstono decreto-lei 3.365/41 e lei 4.332/62;
b) Apenas a União quando se tratar de reforma agrária;
c) Apenas os municípios quando se tratar de reforma urbana;
d) Também a Administração Pública Indireta, quandoexpressamente autorizada por lei (Ex.: ANEEL, art. 10 Lei9.074/95; DNIT, art. 82 da Lei 10.233/01).
COMPETÊNCIA
 Pode executar/promover a desapropriação, ou seja,praticar os atos necessários à consumação detransferência do domínio propriamente dito:
a) A própria pessoa política declarante;
b) Os entes da Administração Pública Indireta.
c) Concessionários e Permissionários de Serviço Público, seautorizados por lei ou contrato.
 Sujeito Passivo ­– é o expropriado, podendo ser pessoafísica ou jurídica, pública ou privada.
ESPÉCIES
 Desapropriação Ordinária: nessas as indenizações devem serjustas, prévias e em dinheiro, não têm caráter punitivo, sãoconduzidas por qualquer dos entes federados e se dão por questõesde utilidade pública, por necessidade ou por interesse social emgeral.
 Desapropriação Extraordinária: são indenizadas através de títulosda dívida pública, têm caráter punitivo (inobservância da funçãosocial da propriedade) e a competência para conduzir oprocedimento ou pertence à União – casos de reforma agrária – oupertence ao município – caso de reforma urbana.
 Desapropriação Confisco: tem acentuado caráter punitivo em faceda conduta normalmente tipificada como criminosa, não éindenizável, e somente pode ser promovida pela união, sendoprevista no art. 243, caput, da CF.
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PROCEDIMENTO: Fase Declaratória
 Consiste no momento procedimental em que é declarado ofundamento constitucional por parte de quem possuir competênciapara tanto. Trata-se o momento em que se realiza a declaração danecessidade pública, utilidade pública ou interesse social (geral ouespecial).
 Declaração de utilidade pública (DUP): Estudo de caso
 Declaração pelo Poder Executivo: por meio de Decreto do chefe dopoder executivo, ou ato da entidade administrativa dotada decompetência legal.
 Declaração pelo Poder Legislativo: por meio de lei. Caberá aoexecutivo, no caso, tomar as providências para a desapropriação.Se recair sobre bem público a autorização legislativadesapropriatória será obrigatória;
PROCEDIMENTO: Fase Declaratória
 O ato declaratório deverá conter:
– (I) sujeito passivo;
– (II) descrição do bem;
– (III) declaração da utilidade/necessidade ou interesse social;
– (IV) distinção específica a ser dada ao bem;
– (V) fundamento legal;
– (VI) recursos orçamentários destinados ao atendimento dadespesa.
 Para fins de reforma agrária, o decreto expropriatóriodeverá ser antecedido pela aferição da produtividade dapropriedade.
EFEITOS DO ATO DECLARATÓRIO
 Submete o bem à força expropriatória do Estado: sujeita o proprietário àsoperações materiais necessárias à efetivação das medidas, desde que asautoridades administrativas atuem com moderação e sem excesso de poder;
 Fixa o estado do bem, isto é, suas condições, melhoramentos, benfeitoriasexistentes: serve para demarcar o que será indenizado pelo Estado. Todas asbenfeitorias antes da declaração são suscetíveis de indenização. Após adeclaração só serão suscetíveis as benfeitorias necessárias; as úteis apenasquando autorizadas pelo Estado. As voluptuárias nunca geram direito aindenização quando realizadas após a declaração.
 Dá início ao prazo de caducidade da declaração, que é, em regra, de cinco anos.Se por interesse social ou para reforma agrária será de dois anos.
 Não ocorrida o início da efetivação da transferência de domínio, ou seja, aexecução da medida, o ato declaratório ficará caduco. Depois de caduco o atodeclaratório só poderá ser renovado após o transcurso de um ano.
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PROCEDIMENTO: FaseExecutória
 Compreende os atos pelos quais o Poder Público promove adesapropriação, ou seja, adota as medidas necessárias àefetivação da desapropriação, pela integração do bem nopatrimônio público. De forma simples, consiste na efetivatransferência de domínio do bem expropriado. Pode seradministrativa ou Judicial;
 A fase executória será administrativa se houver acordoacerca da indenização, hipótese em que se observarão asformalidades estabelecidas para a compra e venda deimóveis;
 Não havendo acordo ou desconhecido for o titular dodomínio segue-se para a fase judicial;
PROCEDIMENTO: Fase Executória
 Procedimento da fase judicial está estabelecido no DL nº 3.365/41, quandoa desapropriação for por utilidade pública ou quando for por interesse social.Lei Complementar 76/1993: para as desapropriações por reforma agrária;
 No curso do processo judicial de desapropriação só podem ser discutidasquestões relativas ao preço ou a vício processual, pois o artigo 20 dodecreto-lei nº 3365/41 determina que “a contestação só poderá versar sobrevício do processo judicial ou impugnação do preço”, sendo que qualqueroutra questão deverá ser decidida por ação própria/direta (autônoma);
 Possível requerer o direito de extensão: é o direito de exigir que nadesapropriação se inclua a parte do imóvel que ficou inaproveitávelisoladamente;
 Indenização, em regra, deve ser prévia, justa e em dinheiro, exceto noscasos de desapropriações sancionatórias (próximo slide). Incluídos novalor justo os lucros cessantes e atualização monetária.
DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA
 CF/88 – Prevê três modalidades:
– Art. 182, §4º => descumprimento da função social dapropriedade urbana (desapropriação urbanística);
– Art. 186 => descumprimento da função social dapropriedade rural;
– Art. 243 => expropriação de glebas de terras quecultivam plantas psicotrópicas.
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Descumprimento da Função Social da Propriedade Urbana – Art. 182 §4º 
 A indenização será paga em títulos da dívida pública, de emissãoanteriormente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgatede até 10 anos;
 Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) e arts. 182 e 183 da CF/98.
 Desapropriação prevista como instrumento de política urbana;
 Competência para declarar = municípios;
 Depende da existência de um plano diretor que defina as exigênciasfundamentais de ordenação da cidade;
 Tem que ser precedida de lei municipal específica para área incluídano plano diretor, determinando o parcelamento, a edificação ou autilização compulsória do solo urbano não edificado, subutilizado ounão utilizado, devendo fixar as condições e os prazos paraimplementação da referida obrigação (art. 5º, caput, Estatuto daCidade).
Descumprimento da Função Social da Propriedade Urbana – Art. 182 §4º
 O proprietário deve ser notificado para o cumprimentoda obrigação, devendo a notificação ser averbada nocartório do registro de imóveis. Em regra o proprietáriodeverá apresentar em até um ano um projeto e em atédois anos depois de aprovado deverá iniciar as obras;
 Se a obrigação não for cumprida incidirá sobre oimóvel o IPTU progressivo;
 Se decorridos cinco anos de IPTU progressivo e nadafor feito, caberá ao município desapropriar o imóvel.
Descumprimento da Função Social da Propriedade Rural – Art. 186
 O pagamento da indenização será feito em títulos da dívidaagrária, e resgate em até 20 anos contados a partir do segundoano de sua emissão. As benfeitorias úteis e necessárias sãoindenizáveis em dinheiro.
 Competência exclusiva da União;
 Inobservância dos seguintes requisitos: (I) aproveitamento racionale adequado; (II) utilização adequada dos recursos naturaisdisponíveis e preservação do meio ambiente, (III) observância dasdisposições que regulam as relações de trabalho; (IV) exploraçãoque favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores;
 Não incidirá sobre a pequena e média propriedade rural (se oproprietário não possuir outra) e nunca incidirá sobre a propriedadeprodutiva. Mas atenção que pode ocorrer a desapropriação pornecessidade/utilidade pública.
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Expropriação de Glebas de Terras que Cultivam Plantas Psicotrópicas
 Não há qualquer direito a indenização nesses casos.
 Equipara-se ao confisco;
 Por isso utiliza-se comumente a palavra expropriação;
 Só incide sobre cultivos de plantas psicotrópicas ilícitas;
 O procedimento está regulado pela Lei 8.257/91 e peloCPC. O STF entende que a desapropriação deve serestendida a toda a propriedade, mesmo que o cultivoseja em apenas parte dela.
Natureza Jurídica das Desapropriações
 Forma originária de aquisição da propriedade. Originária porque,conforme Celso Antônio Bandeira de Mello, a causa que atribui apropriedade a alguém não se vinculou a nenhum título anterior, istoé, o imóvel não procede, não deriva de título precedente.
 Assim, não caberá verificar se o título era justo ou injusto, de boaou má-fé.
 Sob o aspecto “forma”, a desapropriação é um procedimento,porquanto se trata de um conjunto ordenado de atosadministrativos com vista a obter a transferência efetiva dedomínio. Quanto ao conteúdo, constitui transferênciacompulsória da propriedade: a perda da propriedade pordesapropriação acontece independentemente ou até mesmocontra a vontade do expropriado.
Forma Originária de Aquisição da Propriedade
 Conseqüências:
 O desenvolvimento da ação judicial de desapropriaçãoindepende de saber a Administração quem seja o proprietárioou onde possa ser encontrado;
 A indenização paga a terceiro que não o proprietário nãoinvalida a desapropriação, resolvendo-se em perda e danos;
 Todos os ônus ou direitos que recaiam sobre o bemexpropriado extinguem-se e ficam sub-rogados no preço. Osdireitos obrigacionais de terceiros poderão, não obstante, serpleiteados contra o poder expropriante em ação própria;
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IMISSÃO PROVISÓRIA NA POSSE
 É a transferência da posse do bem objeto da expropriação para oexpropriante, já no início da lide, obrigatoriamente concedida pelojuiz, se o Poder Público declarar urgência e depositar em juízo, emfavor do proprietário, importância fixada segundo critério previstoem lei (Celso Antônio Bandeira de Mello).
 Requisitos: (a) declaração de urgência; (b)depósito de quantiafixada segundo critérios previstos em lei; e (c) que a imissão sejarequerida em até 120 dias depois da declaração de urgência.
 A alegação de urgência caduca, portanto, em 120 dias, nãopodendo ser renovada e impedindo a imissão.
DESTINO DOS BENS DESAPROPRIADOS
 A regra é que os bens desapropriados passam aintegrar o patrimônio das pessoas jurídicas políticasque fizeram a desapropriação ou das pessoas públicaou privadas que desempenhem serviços públicos pordelegação do Poder Público. Trata-se de destinaçãoordinária;
 Haverá hipóteses, porém, em que os bens serãotransferidos para terceiros, como são os casos dedesapropriação para questões urbanas, por zona, porinteresse social, para assegurar o abastecimento dapopulação e quando for a título punitivo. Trata-se dedestinação extraordinária.
DESTINO DOS BENS DESAPROPRIADOS
 Desapropriação por zona, ou extensiva, ocorre nas desapropriações porutilidade pública, prevista no art. 4º da lei de desapropriações, abrangendoárea contígua necessária ao desenvolvimento posterior da obra a que sedestine ou as zonas que se valorizarem extraordinariamente emconseqüência da realização do serviço. O ato expropriatório deveráespecificar qual área se destina a continuidade da obra e qual se destina arevenda. No caso da revenda o bem é desapropriado para ser transferidoa terceiro com lucro. Tem a mesmo fundamento das contribuições demelhoria.
 No caso da desapropriação para urbanização a jurisprudência entendeque o Poder Público poderá revender os bens que excedem anecessidade pública, desde que se garanta o direito de preferência aoexpropriado.
 As desapropriações por interesse social têm por finalidade precípua atransferência para terceiros. Observaro disposto no artigo 186 e 189 daCR.
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DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
 É a desapropriação que se processa sem observância doprocedimento legal, se equiparando ao esbulho, podendo serobstada por meio de ação possessória. Trata-se de verdadeiraafetação ilícita. Desapropriação “às avessas”.
 Consiste na circunstância na qual o poder público: i) apropria-seindevidamente de um bem alheio, ou ii) esgota seu valoreconômico, sem a devida e precedente desapropriação.
 Mas, se o particular não intervier no momento adequado e aAdministração Pública ter um fim público ao bem, não caberá aoparticular solução a não ser promover a ação de desapropriaçãoindireta, pleiteando indenização por perdas e danos.
 Ou seja, caberá ação possessória se o esbulho for reversível.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
 Sob o nome de servidão e limitação, a Administração Pública,muitas vezes, impede o total exercício dos poderes inerentes aodomínio, o que legitimará, também, o pedido de indenização pordesapropriação indireta.
 A indenização, no caso de desapropriação indireta, inclui asmesmas parcelas mencionadas para a desapropriação legal,inclusive juros compensatórios que eram devidos a conta daocupação. Porém, o artigo 15-A, do decreto-lei 3.365/41,acrescentando via Medida Provisória, estabelece que não serácabível os juros compensatórios relativos ao período anterior àaquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.
 A sentença transitada em julgado deve ser transcrita no Registrode Imóveis para a incorporação do bem ao patrimônio público.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
 Qual o prazo para configurar a favor da Administração Público o direito àusucapião? Qual o prazo para o proprietário pedir a indenização cabívelpelo esbulho (desapropriação indireta) ?
 Conforme o artigo 10, parágrafo único, do Decreto-lei nº 3.365/41,alterado pela Medida Provisória nº 2.183/01, o direito para propor açãode indenização por apossamento administrativo ou desapropriaçãoindireta, extingue-se em cinco anos. Porém ADIn nº 2.260/DF contraessa medida provisória teve pedido liminar acolhido, sendo suspensa aaplicação desse prazo. Dessa forma, o prazo é de 15 (quinze) anos,conforme art. 1.238 do Código Civil, pois a jurisprudência é pacífica nosentido de ser necessária a caracterização do usucapião de bem imóvel.
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TREDESTINAÇÃO E RETROCESSÃO
 No caso da desapropriação ocorrerá a tredestinação quando odestino dado ao bem desapropriado não foi aquele alegado paraa desapropriação.
 A tredestinação pode ser:i) lícita, quando foi dado outra destinação, mas continua sendo umadestinação de interesse público;ii) ilícita, quando a destinação é diversa e não visa ao interesse público.
 Havendo tredestinação ilícita o processo desapropriatório deveráser invalidado, por desvio de finalidade, cabendo a retrocessão.
 A retrocessão é direito que tem o expropriado de exigir de volta oseu imóvel caso o mesmo não tenha o destino para que sedesapropriou.
RETROCESSÃO: Quando será possível?
 A Administração Pública tem a prerrogativa de desistir dadesapropriação, pelo menos até que ela se consuma, ou seja, atéo pagamento da indenização. Desistindo deverá, em favor doexpropriado, devolver o bem e pagar a indenização dos prejuízoscausados. Aqui não se trata de tredestinação ou de retrocessão esim de desistência.
 Há divergência sobre a existência do direito a retrocessãoquando o poder público não se utiliza do imóvel para qualquerfim. De qualquer maneira, em regra, para haver a retrocessãoilícita necessário é que se revele, de forma concreta, a intençãodo Poder Público de não utilizar o bem para qualquer finalidadede interesse coletivo, devendo o expropriado estar atento aoprazo de prescrição, porque, um vez caracterizada a desistênciapela Poder Público, começa a correr o prazo para pleitear aretrocessão ou perdas e danos.
Bora treinar...
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