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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade Mineira de Direito Gabriela Parreiras Aleixo 2020 Gabriela Parreiras Aleixo 1. Quais os fundamentos da intervenção do Estado na Propriedade? São fundamentos da intervenção do Estado na propriedade particular: a função social da propriedade e a prevalência do interesse público, a supremacia do interesse público sobre o privado. Na intervenção na propriedade privada, a atuação do Estado é efetivada de forma vertical, agindo o Poder Público em uma situação de superioridade, mediante a imposição de regras que de alguma forma restringem o uso da propriedade pelo particular. 2. O que é intervenção restritiva? A intervenção restritiva, que é aquela em que o “Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retirá-la de seu dono”, e a intervenção supressiva, em que “o Estado transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em virtude de algum interesse público previsto em lei. O efeito, pois, dessa forma interventiva é a própria supressão da propriedade das mãos de seu antigo titular. 3. O que é intervenção supressiva? Mencione os tipos? a Intervenção supressiva, ao contrário da restritiva, é aquela na qual o Estado, valendo-se de sua supremacia sobre os particulares, transfere coercitivamente a propriedade de um bem de terceiro para si. São modelos de intervenção supressiva, o tombamento , a desapropriação. 4. O que é? qual o fundamento? e quais os tipos de desapropriação existentes? Conforme Di Pietro “desapropriação é um procedimento administrativo pelo qual o poder público e seus delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização “. De acordo com o Art. 22, II da CR/88, compete privativamente a União legislar sobre desapropriação. Assim, somente a ela desempenha tal função, não podendo afirmar que o Distrito Federal, por exemplo é competente para tal. Desapropriação sanção urbana: Como dito inicialmente, a propriedade deve cumprir sua função social, logo, o proprietário que abandona um imóvel, por exemplo, pode sofrer desapropriação. Via de regra, a desapropriação deve ser paga em dinheiro, contudo, tal previsão não é absoluta. Vejamos a disposição legal trazida pelo Art. 5º: “XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;” Desapropriação sanção rural: Essa modalidade recai sobre imóveis rurais que não cumprem sua função social, a finalidade da desapropriação é promover a reforma agrária. Assim como a desapropriação urbana, o pagamento também é feito por meio de títulos, contudo são títulos da dívida agrária e o prazo para o resgate é de no máximo vinte anos. Desapropriação sanção por cultivar psicotrópicos: O cultivo de plantas psicotrópicas deve obedecer à normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e ter por finalidade o desenvolvimento terapêutico ou científico. Por exemplo, para o desenvolvimento de pesquisas. O tema além de ser exposto na Constituição por meio do Art. 243, também é disciplinado e detalhado pela Lei 8.257 de dezembro de 1991. A referida Lei conceitua planta psicotrópica da seguinte forma: “Art. 2° Para efeito desta lei, plantas psicotrópicas são aquelas que permitem a obtenção de substância entorpecente proscrita, plantas estas elencadas no rol emitido pelo órgão sanitário competente do Ministério da Saúde.” Desapropriação por motivo de utilidade pública Esta é a modalidade mais conhecida por todos. É um tipo de desapropriação que gera uma certa inquietação, pois, ao contrários das modalidades outrora estudadas, não tem caráter punitivo. Consagra o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Visa o bem da coletividade em detrimento de um indivíduo ou um grupo. Assim, a desapropriação em questão tem por finalidade a utilidade pública, o interesse social ou a necessidade pública. A desapropriação por utilidade pública é regulada pelo Decreto-Lei 3365/41: “Art. 2º – Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios”. 5. Disserte sobre a desapropriação comum, sua fundamentação jurídica e seu procedimento? A desapropriação ordinária, clássica ou comum, é aquela espécie geral, contemplada no art. 5º, XXIV, da Constituição Federal, que preenche os requisitos constitucionais de utilidade pública, necessidade pública, interesse social e indenização prévia e justa. Urge aclarar que esta modalidade expropriatória pode incidir sobre quaisquer bens, salvaguardou- se aqueles manifestos em lei, além disso, não se faz presente a figura do ius puniendi, eis que não dá ensejo a qualquer meio de punição. Quanto à competência, aqueles que a detêm são a União, os Estados-Membros, os Municípios, o Distrito Federal e todas aquelas pessoas que a lei permitir. 6. Disserte sobre a desapropriação especial urbana, sua fundamentação jurídica e seu procedimento? Tem-se a desapropriação extraordinária ou especial, a qual se subdivide em urbanística sancionatória, rural e confiscatória [39]. A expropriação urbanística sancionatória tem fulcro no art. 182, §4º, III, da Constituição Federal, sendo aplicada como punição aquele proprietário que não obedecer à obrigação de motivar o conveniente aproveitamento da sua propriedade, segundo o Plano Diretor do Município em que está localizado o bem imóvel. O Poder Público não pode deixar que o particular fique em estado de inércia, por isso, se faz necessária esta medida, para que o desenvolvimento urbano tenha prosseguimento. 7. Disserte sobre a desapropriação especial rural, sua fundamentação jurídica e seu procedimento? A desapropriação para fins de reforma agrária é do tipo desapropriação- sanção, porque busca punir àquele que não cumpre a função social de sua propriedade. É de competência exclusiva da União Federal, prevista no artigo 184 da Constituição Federal e é disciplinada pela Lei 8.629/1993. O artigo 148 da Constituição Federal assim a prevê: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. Esta espécie de desapropriação tem por finalidade atender ao interesse coletivo das classes rurais carentes, constituídas pelos agricultores, para que, com os proveitos da terra consigam arcar com o próprio sustento e de seus familiares 8. Disserte sobre a desapropriação confisco, sua fundamentação jurídica e seu procedimento? Essa modalidade de desapropriação está regulamentada pela Lei n. 8.257/91, que estabelece as regras processuais aplicáveis na transferência do bem imóvel ao Poder Público. A competência para propor a ação expropriatória é privativa da União podendo essa atribuição ser delegada a pessoa jurídica da administração indireta (autarquia, fundação pública ou sociedade de economia mista). http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10657347/artigo-184-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104141/lei-8629-93 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10671429/artigo-148-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127955/lei-8257-91 9. Quem possui competência para o ato declaratório de desapropriação? Quais exceções? O Poder Público está vinculado para fazer o ato declaratório que está disposto na lei. Desse modo: “Por essa ótica, o ato declaratório será vinculado, não tendo o administrador qualquer liberdade quanto ao fundamento da declaração, já que os parâmetros de atuação, que representam esse fundamento, são de natureza legal 10. O que é e como se dá a fase declaratória da desapropriação e quais os seus efeitos? A primeira fase, fase declaratória, já produz alguns efeitos: a) submete o bem à força expropriatória do Estado; b) fixa o estado do bem, isto é, suas condições, melhoramentos, benfeitorias existentes; c) confere ao Poder Público o direito de penetrar no bem a fim de fazer verificações e medições, desde que as autoridades administrativas atuem com moderação e sem excesso de poder; d) dá início ao prazo de caducidade da declaração. Assim, mesmo não tendo o bem ainda sob seu poder, o Poder Público tem competência para adentrar imóvel para fazer a verificações necessárias. Contudo, o proprietário ainda pode gozar, usar e dispor do bem. 11. Qual o período de caducidade do ato declaratório? A caducidade da desapropriação por utilidade ou necessidade pública, é a perda do prazo do Poder Público promover os atos para efetivá-la. Esta caducidade ocorre no prazo de cinco anos. O prazo de caducidade, trata da desapropriação por interesse social, este prazo será de dois anos a partir da decretação da medida, como demonstra o Artigo 3º da Lei 4132/62: “O expropriante tem o prazo de 02 (dois) anos, a partir da decretação da desapropriação por interesse social, para efetivar a aludida desapropriação e iniciar as providências de aproveitamento do bem expropriado.” (BRASIL, 1962). Esta lei, diferentemente da anterior, não estabelece nenhum prazo de carência para a emissão de uma nova declaração. 12. Disserte sobre a fase executória da desapropriação e qual a necessidade de ingresso judicial? Na fase executória da desapropriação, como o próprio nome já diz, o Poder Público executa a desapropriação, ou seja, este adota todas as medidas que forem necessárias para que haja a efetivação da desapropriação. Esta segunda fase pode ser extrajudicial, que seria através da via administrativa, ou judicial. Pela via administrativa, haveria um acordo entre as partes no que se refere ao preço, sendo reduzido a termo a transferência do bem expropriado, assim, não haveria intervenção do Poder Judiciário. Destarte, esta fase pode inexistir, em vista que o Poder Público caso desconheça o proprietário irá propor um ação de desapropriação, ao qual independe de saber quem é o titular do domínio. 13. Disserte brevemente sobre como se dá a ação de desapropriação? http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11701308/artigo-3-da-lei-n-4132-de-10-de-setembro-de-1962 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109257/lei-4132-62 A desapropriação se dá pela transferência compulsória da propriedade do particular ao Poder Público, mediante o pagamento justo e prévio de indenização em dinheiro. Tal ato decorre da supremacia do interesse público e é, portanto, a maior forma de expressão de poder do Público sobre o particular. Neste sentido Di Pietro: “A desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o por justa indenização.” 14. Quais as parcelas acessórias incidentes na indenização pela desapropriação? Disserte brevemente sobre cada uma delas? São parcelas acessórias: a)Correção Monetária: É a atualização da moeda, incidente sobre o valor não levantado pelo particular, desde o momento da avaliação do perito judicial. Deve ser guiada por índices oficiais que retratem a inflação do período. b) Juros Compensatórios: Compensa a perda da posse antes de receber a indenização justa, devendo incidir sobre 20% + diferença no valor da indenização, no patamar de 12% ao ano, conforme súmula 618 do STF[5]. Deve ser pago mesmo quando a desapropriação recair sobre propriedades improdutivas. c) Juros Moratórios: Devidos em razão da demora no efetivo pagamento pelo Estado. Incidem a partir de 1º de Janeiro do ano seguinte a que o precatório deveria ter sido pago, no percentual de 6% ao ano, conforme súmula vinculante 17. d) Honorários Advocatícios: Incidem sobre o valor fixado na sentença excluído o depositado pelo ente estatal (é a diferença entre a https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46440/desapropriacao-e-indenizacao-do-fundo-de-comercio#_ftn5 oferta e a indenização), no percentual entre 0,5% e 5% do valor da sucumbência 15. Disserte brevemente sobre a ação de desapropriação rural? A desapropriação movida pelo poder público para expropriação de imóveis rurais que tenham áreas de cobertura vegetal, o valor da justa indenização expropriatória sobre a área ambientalmente protegida ainda é objeto de questionamentos pelo poder público. O pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro ao proprietário ou possuidor do imóvel expropriado é condição para a efetiva desapropriação do imóvel, conforme estabelece o art. 32 do Decreto-Lei nº 3.365/41 (ou Lei de Desapropriação). A despeito disso, surgem dúvidas em desapropriações de imóveis rurais sobre a inclusão de algumas áreas de cobertura vegetal no cálculo da indenização expropriatória. Com relação às desapropriações para fins de reforma agrária, a Lei nº 8.269/93, em seu art. 12, estabelece taxativamente, ao tratar da indenização expropriatória para fins de reforma agrária, que se considera “justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas” e, no seu §2º, prevê que “integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural [...]”. Logo, seria possível presumir que a vegetação, as florestas e matas são suscetíveis de avaliação econômica de mercado para fins de cálculo da indenização devida na desapropriação de imóveis rurais para reforma agrária. 16. Quando e como se dará a imissão na posse por parte do expropriante? A imissão provisória na posse, como prevista na norma do art. 15, caput, §§ 2º e 3º, do DL 3.365/1941, é a transferência da posse do bem em favor do expropriante, já no início da lide, condicionada à alegação de urgência (que não poderá ser renovada), objeto de requerimento que terá de ser feito no prazo de 120 dias a contar dela, transferência esta que o juiz concederá mediante depósito de importância a ser fixada segundo critério previsto em lei. O mandado de imissão provisória será objeto de registro, conforme dispõe a norma do art. 15, § 4º, do DL 3.365/1941, ato notarial também previsto na regra do art. 167, I, 36, da LF 6.015/1973. 17. O que é desapropriação privada? Desapropriação privada: existe indefinição quanto à natureza do instituto, pois “não se identifica com a desapropriação clássica, instituto de direito público, como também não pode ser confundido com a usucapião, pois este é gratuito, também denomina a hipótese de “desapropriação privada”.O instituto não é uma usucapião por se materializar num perdimento do bem e ser oneroso, tal como nas desapropriações. O que a aproximaria com a usucapião seria a exigência do lapso temporal de cinco anos e a delimitação de área. Todavia, como dito, por estar listado nos parágrafos que indicam restrições à propriedade, o instituto é uma forma de desapropriação. A denominação que parece ser a mais adequada para o instituto seria desapropriação judicial, pois é, 1) é desapropriação por implicar na perdada coisa; 2) o juiz é que fixará a justa indenização devida ao proprietário (§ 5º). 18. O que é desapropriação indireta? Desapropriação indireta é o fato administrativo pelo qual o Estado se apropria do bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. Costuma ser equiparada ao esbulho podendo ser obstada por meio de ação possessória. Constitui fundamento da desapropriação indireta o art. 35 de Decreto Lei nº 3.365/41, que dispõe: “Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos”. 19. O que é direito de extensão? O direito de extensão é o que assiste ao proprietário de exigir que na desapropriação se inclua a parte restante do bem expropriado, que se tornou inútil ou de difícil utilização. Tal direito está expressamente reconhecido no art. 12 do Dec. Federal 4.956/03". Note-se que a oportunidade para o expropriado exercer o direito de extensão será durante o procedimento administrativo ou judicial, sob pena da sua inércia ser entendida como renúncia, pois é inadmissível requerer a extensão após o término da desapropriação. 20. Disserte sobre tredestinação e retrocessão? Retrocessão deriva do latim retrocessus , de retrocesso, que significa retrocedimento, recuo, regredimento, e está no sentido de voltar para trás, retroagir, retroceder. Também denominada reversão ou reaquisição é a devolução do domínio expropriado, para que se integre ou regresse ao patrimônio daquele de quem foi tirado, pelo mesmo preço da desapropriação. Assim, retrocessão é o direito que tem o expropriado de exigir de volta o seu imóvel caso o mesmo não tenha o destino para que se desapropriou. A tredestinação ocorre quando há a destinação de um bem expropriado a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. Divide-se em lícita e ilícita. A lícita ocorre quando a Administração dá destinação outra que não a planejada quando da expropriação, porém, mantém o atendimento ao interesse público. Assim, o motivo continua sendo o interesse público, mas, como ensina Carvalho Filho, o "aspecto específico" dentro desse interesse público é diferente. Logo, não se vislumbra ilicitude porque o fim especial foi diferente, porém, o motivo que deu ensejo à expropriação (interesse público) permanece. 21. O que é limitação administrativa? Disserte sobre a possibilidade de indenização? Limitação administrativa é uma determinação geral, pela qual o Poder Público impõe a proprietários indeterminados obrigações de fazer ou de não fazer, com o fim de garantir que a propriedade atenda a sua função social. Limitação administrativa é toda imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do bem-estar social”. As limitações administrativas devem ser gerais, dirigidas a propriedades indistintas e gratuitamente. Para situações individualizadas de conflito com o interesse público, deve ser empregada a servidão administrativa ou a desapropriação, por meio de justa indenização. Nesse sentido Carvalho Filho (2014, p. 813): “Sendo imposições de caráter geral, as limitações administrativas não rendem ensejo à indenização em favor dos proprietários. [...] Não há sacrifícios individualizados, mas sacrifícios gerais a que se devem obrigar os membros da coletividade em favor desta”. As limitações podem atingir tanto a propriedade imóvel como o seu uso e outros bens e atividades particulares. O seu objeto é bem variado, exemplos: permissão de vistorias em elevadores de edifícios, fixação de gabaritos, ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária, obrigação de dirigir com cinto de segurança. Características: a) são atos administrativos ou legislativos de caráter geral (todas as demais formas de intervenção possuem indivíduos determinados, são atos singulares); b) têm caráter de definitividade (igual ao das servidões, mas diverso da natureza da ocupação temporária e da requisição); c) o motivo das limitações administrativas é vinculado a interesses públicos abstratos (nas outras maneiras de intervenção, o motivo é sempre a execução de serviços públicos específicos ou obras); d) ausência de indenização (nas demais formas, pode ocorrer indenização quando há prejuízo para o proprietário). 22. O que é servidão administrativa? Disserte sobre a possibilidade de indenização? Servidão administrativa consiste em direito real sobre coisa alheia. Tendo em vista que este direito é exercido pelo poder público, pode ser mais especificamente definido como o direito real de gozo do Poder Público (União, Estados, Municípios, Distrito Ferderal, Territórios, Pessoas Jurídicas Públicas ou Privadas autorizadas por lei ou contrato) sobre propriedade alheia de acordo com o interesse da coletividade. Maria Sylvia Zanella di Pietro[ 1 ] conceitua servidão administrativa como sendo "o direito real de gozo, de natureza pública, instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com base em lei, por entidade pública ou por seus delegados, em face de um serviço público ou de um bem afetado a fim de utilidade pública". Considerando que o direito de propriedade consiste no direito absoluto, exclusivo e perpétuo de usar, gozar, dispor e reivindicar o bem com quem quer que ele esteja, a servidão administrativa atinge o caráter exclusivo da propriedade, pois o Poder Público passa a usá-la juntamente com o particular com a finalidade de atender a um interesse público certo e determinado, ou seja, o de usufruir a vantagem prestada pela propriedade serviente. Ressalte-se que a servidão, por se tratar de direito real, deve constar na escritura do imóvel para dar publicidade. Por fim, vale esclarecer que servidão não se confunde com a passagem forçada prevista no art. 1.285 do Código Civil, pois esta decorre da lei e é um direito que assiste ao dono de imóvel encravado de reclamar do vizinho que lhe deixe passagem mediante indenização. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10649494/artigo-1285-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 23. O que é tombamento? Qual o procedimento? Disserte sobre a possibilidade de indenização? Tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. O tombamento pode ter por objeto bens móveis e imóveis que tenham interesse cultural ou ambiental para a preservação da memória e outros referenciais coletivos em diversas escalas, desde uma que se refira a um Município, como uma em âmbito mundial. Estes bens podem ser: fotografias, livros, acervos, mobiliários, utensílios, obras de arte, edifícios, ruas, praças, bairros, cidades, regiões, florestas, cascatas. É indicado que durante o processo, o tombamento seja realizado em conjuntos significativos, como por exemplo, um ecossistema para a preservação de uma ou mais espécies, podendo inclusive, reforçar a proteção em torno de áreas protegidas por legislação ambiental nos âmbitos estadual e federal. 24. Quem deverá ser responsável pela conservação e manutenção do bem tombado? Há exceção? União e dono de imóvel tombado podem responder por conservação do bem. A Lei do Tombamento (Decreto-Lei 25, de 1937) poderá estabelecer a responsabilidade solidária da União e do proprietário (pessoa natural ou empresa) de imóvel tombado para conservação desse patrimônio e suas exceções. 25. O que é requisição administrativa? Requisição administrativa é um ato administrativounilateral e auto-executório que consiste na utilização de bens ou de serviços particulares pela Administração, para atender necessidades coletivas em tempo de guerra ou em caso de perigo público iminente, mediante pagamento de indenização a posteriori. Não possui a natureza de direito real, posto que dela resulta direito pessoal vinculante do Poder Público e do titular do bem ou do serviço requisitado. Enquadra-se como requisição administrativa a competência prevista no inciso XXV do artigo 5° da Constituição, in verbis: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano” 26. O que é ocupação temporária? Ocupação temporária como forma de intervenção pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Duas são as formas de ocupação temporária: a ocupação temporária para obras públicas vinculadas ao processo de desapropriação e a ocupação temporária para as demais obras e para os serviços públicos em geral. No primeiro caso, o Estado tem o dever de indenizar o proprietário pelo uso do bem imóvel. No segundo caso, em regra, não haverá indenização, mas esta será devida se o uso a acarretar comprovado prejuízo ao proprietário. No que tange a instituição, se for o caso de ocupação vinculada à desapropriação, a instituição deve ser feita por decreto específico do chefe do executivo. No caso da ocupação desvinculada da desapropriação, a atividade é autoexecutória e dispensa ato formal, como é o caso de uso de terrenos baldios para alocação de máquinas e equipamentos. Por fim, cabe ressaltar as principais características desse instituto, a saber: cuida-se de direito de caráter não real;
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