Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Quebrando a Banca nove princípios de sucesso para a conquista do cargo público 1ª Edição Joabe Dutra Reginaldo Coutinho 2015 Apresentação ATUALMENTE, OS AUTORES Joabe Dutra e Reginaldo Coutinho são auditores do Tribunal de Contas do Distrito Federal e do Tribunal de Contas da União. Antes disso, ambos foram analistas judiciários do Supremo Tribunal Federal e Oficiais do Exército Brasileiro, todos os cargos obviamente ocupados via concurso público. A primeira pergunta que você, leitor, pode estar se fazendo neste momento é: “Por que adquirir um livro de dois concurseiros aprovados e classificados em certames considerados dos mais difíceis, enquanto ainda inicio minha jornada ou mesmo quando me reconheço cheio de limitações a superar, antes de alcançar o concurso dos meus sonhos?” É uma excelente pergunta e os próprios autores também nos revelaram ter desenvolvido, durante a trajetória que percorreram, forte repulsa ao uso de livros e materiais daquelas pessoas constantemente aprovadas em tudo quanto é tipo de concurso (o que classificaram como gênios). E foi justamente o entendimento do porquê desta resistência dos autores a obras dos gênios que nos levou a patrocinar a publicação deste livro, que, em simples palavras, foi construído por concurseiros comuns, assim como você. Tomamos a liberdade de transcrever parte das palavras dos autores por acreditar que elas efetivamente respondem à sua pergunta: “Os gênios não nos compreendem. Eles não precisam se esforçar tanto quanto nós, que somos limitados e que reconhecemos essas limitações, para serem aprovados! Nós desenvolvemos os nove princípios (e os aplicamos nas nossas conquistas) a partir dos vários insucessos que obtivemos. O que conquistamos aos 40, os gênios conquistaram aos 20, com muito menos esforço.” Este livro é isso, fruto da vontade de dois concurseiros, que, a partir dos vários insucessos, conseguiram mapear alguns dos sinais que existem no caminho para a aprovação. Esses sinais foram corretamente desvendados, interpretados e transformados em faróis que poderão orientar você, navegante que se prepara com afinco e dedicação. Não se trata de loteria ou sorte, mas minuciosa análise que propiciou a construção, de forma coletiva e sinérgica, desta obra síntese. Esses simples e reveladores nove princípios poderão te ajudar a conquistar aquelas questões que farão a diferença entre ser aprovado e ter de esperar o próximo edital. A Editora 1. I. II. 2. I. II. III. Sumário OS DETALHES FAZEM A DIFERENÇA Base metodológica do Método Quebrando a Banca (Método QB) Percentual para aprovação em provas do tipo Certo e Errado COMO O AVALIADOR PENSA Tem de haver ao menos um Ao menos um, mas não posso aprovar todo mundo Preciso equilibrar as questões de acordo com o nível de dificuldade e minimizar o IV. 3. I. II. III. IV. V. VI. VII. a. b. c. d. e. fator sorte Preciso minimizar a possibilidade de anulação ou modificação das questões COMO O CANDIDATO DEVE PENSAR Cada questão é um flash Toda questão é do tipo errada Se não há erro, a questão está certa Cuidado com as questões certas e grife os erros que encontrar Não brigue com a banca Pegadinhas – Lenda ou realidade? Atenção aos Detalhes Duas leituras: rápida e lenta Início da frase Fim da frase Primeira proposição não tem relação com a segunda Na dúvida, use o conhecimento VIII. IX. 4. I. 1º- 2º- 3º- II. 4º- 5º- 6º- III. Evite alterar a resposta de itens já resolvidos Internalizar, testar, praticar e aplicar o Método QB ACERTANDO NA INCERTEZA, OS NOVE PASSOS PARA O SUCESSO Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras Princípio da prevenção ao recurso Princípio do “politicamente correto” OU Princípio do “fica difícil negar” Princípio de que “toda regra tem exceção” Postulados Aplicáveis a Questões Falsas Princípio da generalização excessiva Princípio da restrição excessiva Princípio do uso da palavra “principal” e expressões equivalentes Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras e Falsas 7º- 8º- 9º- IV. a. b. c. d. e. f. g. 5. I. II. III. Princípio da mensagem ao candidato a servidor público Princípio da interpretação de texto Princípio do equilíbrio OU Princípio do “é tudo ou nada” Observações aplicáveis a questões do tipo múltipla escolha Cuidado com a alternativa “A” Elimine as alternativas absurdas A alternativa correta se repete Item extenso e item pequeno Reincidências de opções (mais votada) Não poderá haver duas corretas Sobrando apenas duas OBSERVAÇÃO NA APLICAÇÃO DO MÉTODO QB Princípios combinados Princípios conflitantes Visão do Todo - Princípios explícitos e IV. a. b. c. d. e. 6. 7. implícitos Limitações na aplicação do Método QB Questões Diretas Cálculos, questões da área de exatas Princípios contraditórios na mesma questão Tempo limitado Pouco conhecimento sobre as disciplinas CONCLUSÃO GLOSSÁRIO DE TERMOS “CONCURSÍSTICOS” Relação de tabelas Tabela 1 - Os nove princípios para a conquista do cargo público Relação de gráficos Gráfico 1 – Evolução da média para classificação no Concurso do TCU Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 1 Gráfico 3 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 Gráfico 4 - Distribuição de tipos de questões por nível de prova Agradecimentos NORMALMENTE, ACREDITAMOS QUE uma obra é fruto do talento e da elevada capacidade de seus autores. No entanto, este livro não segue essa lógica. Seguramente podemos dizer que ele é fruto de nossas limitações e, por mais paradoxal que possa parecer, foram elas que nos trouxeram até aqui. Após muito tempo investindo em estudo para concurso (e também após muitas reprovações!!!), consegui identificar algumas das minhas limitações que comprometeriam meu sonho: não tinha tempo suficiente para estudar todos os temas e não tinha capacidade para dominar todas as matérias exigidas no edital. Diante disso, me restaram duas opções: abandonar o meu sonho ou desenvolver uma estratégia para contornar essa limitação. Escolhi a segunda opção e dessa escolha, nasceu o Método QB. Agradeço, portanto, a Deus pelas minhas limitações, pois elas tornaram possível a confecção deste livro, que espero que possa ajudar a muitos. Agradeço também por renovar-me o ânimo na busca por superá-las. Agradeço a minha família, que é a minha referência nos princípios e valores para a vida. Aos amigos que foram aprovados antes de mim, e que representaram fonte de inspiração, de orientação e de modelo a seguir para também alcançar o mesmo objetivo. Aos amigos concurseiros e companheiros de sala, que me ajudaram a sanar dúvidas, me motivaram na jornada e não permitiram que eu desistisse no meio do caminho. Aos mestres, amigos e colegas de trabalho que, de alguma forma, contribuíram ao transmitir seus conhecimentos e sua experiência particular. Joabe Dutra Agradecimentos COMPLEXA, E SINTO AINDA MAIS difícil do que realizar concursos ou mesmo escrever este livro, é a tarefa de agradecer. Nunca tive por mote de vida a confecção de uma obra literária; minhas bases sociais me impeliam a crer-me limitado a tamanho intento. Contudo, foi justamente a partir da necessidade, e da vontade de crescer, que me fiz constante aprendiz dos vários mestres e companheiros concurseiros que me auxiliaram e me orientaram no trajeto da via crucis que percorri para alcançar os meus sonhos. A esses, mestres e companheiros concurseiros, depois de Deus e de minha família, meus agradecimentos. A Deus agradeço pela oportunidade de existir em uma era tão especial para a humanidade. Nos últimos anos, nossa sociedade tem evoluído como em progressão geométrica em variadas dimensões e ciências. Vivenciar esse momento é um privilégio para cada um de nós. Possuir energia, paz e capacidade intelectual para deixar um pouco de mim nesse momentum é fator de muita alegria, felicidade e agradecimento a Deus. Aos meus familiares, bússola que orienta as ações que realizo, agradeço pelo carinho, paciência e fonte constante de motivação. As dificuldades que enfrentamos foram o combustível que me impulsionou até este momento. Minha mãe e guerreira foi o meu suporte moral e ético; minha esposa e meus filhos me sustentaram nos momentos de maior aflição e dificuldade; meus irmãos me incentivam a crer que ainda sou capaz de mais. Aos meus agradeço. Em verdade, essa obra não é fruto de nosso único conhecimento (eu e o Joabe); ela sumariza vários ensinamentos dos mestres e companheiros de sala que conhecemos e dos grupos de estudos que integramos durante nossa jornada “concursística”. Mais que simplesmente caminhar, tivemos a grata felicidade de vivenciar e de compartilhar, efetivamente, cada momento do trajeto. De nossas observações, experiências, lições dos mestres e orientações dos amigos, nasceram alguns dos princípios que explicitamos nesta obra. A vocês, que não ouso nominar por receio de cometer a injustiça de não citar a todos, meu muito obrigado. Reginaldo Coutinho Prefácio À PRIMEIRA VISTA, O TÍTULO DESTA obra pode induzir o leitor a acreditar que se trata de um livro voltado a expor técnicas de jogos de cartas, ou mesmo que se trata de uma análise do filme americano “21”, que em Portugal recebeu o nome de “21: A Última Cartada” e que no Brasil foi traduzido com o mesmo nome desta obra: “Quebrando a Banca”. Nas telas, um grupo de alunos geniais, liderados por Kevin Spacey, invade os cassinos de Las Vegas e utilizando-se de técnicas de contagem de cartas consegue ganhar milhares de dólares no jogo 21, também conhecido como blackjack. Guardadas as devidas proporções, é possível identificarmos sim uma leve correlação entre o filme e o objetivo maior deste trabalho: compartilhar experiência acumulada durante os anos de concurseiros, expondo as estratégias de resolução de prova, as técnicas de indução a erro comumente utilizadas pelas bancas e as formas de aplicá-las para que você vença a banca, alcançando, assim, o sonhado cargo público. A semelhança entre as duas obras está justamente na exposição das técnicas de contagem capazes de levar o amigo leitor a acertar questões quando em dúvida, o que, no final das contas, o conduzirá a ganhar a sonhada vaga. O sucesso da metodologia está calcado no entendimento das estratégias utilizadas pelo examinador durante o processo de formular uma questão de concurso, bem como na identificação de grupos de palavras e expressões repetidamente utilizadas, com vistas a minimizar a possibilidade da questão ser invalidada por meio de recursos. Não é segredo que a nota de corte para classificação nos concursos nacionais tem sido cada vez maior, notadamente para aqueles considerados como concursos de ponta: Tribunal de Contas da União, Magistratura, Senado Federal, Câmara dos Deputados, carreiras de controle, do ciclo de gestão e de agências reguladoras, Tribunais Superiores etc. As causas para essa ampliação na média da nota de corte incluem a melhoria no preparo dos concurseiros, provocada, em grande parte, pela proliferação de cursos preparatórios, tanto presenciais quanto online (a nova fronteira). Nós, concurseiros, vivenciamos três fases distintas durante a trajetória rumo à aprovação: na primeira fase da caminhada, costumamos atribuir o sucesso na aprovação exclusivamente ao fator sorte. Ainda nos ouvimos dizer: “se eu tivesse um pouquinho mais de sorte…”; “se tivesse estudado só mais duas semanas…” ou “se tivesse lido um pouquinho mais aquela matéria…”. Na segunda fase, vencida a prematura e a errônea intepretação de que para passar basta sorte, costumamos atribuir o sucesso exclusivamente ao preparo. Nesta fase, desprezamos qualquer coisa que não esteja relacionada à plena e à meticulosa análise e estudo das matérias, assuntos e tópicos constantes dos editais. É verdade que há os que conseguem alcançar o sucesso de serem aprovados em um grande concurso sem chegar à terceira fase, o que não foi o nosso caso. Tivemos de chegar a esta última para compreender que a conquista de um cargo, notadamente nos grandes concursos, exige a tríade: preparo adequado, sorte (desta vez traduzida como a capacidade de interpretar a questão da forma como o examinador a pensou) e gestão de prova. Essa obra busca exatamente isso: trazer de uma forma simples e direta - sem se tornar mais uma matéria a ser estudada pelo já assoberbado candidato - as técnicas de contagem comumente repetidas pelas bancas examinadoras durante a elaboração de suas questões, proporcionando, aos que se prepararam adequadamente, mais uma ferramenta para ajudá-los no alcance do objetivo proposto. Como dizia um amigo concurseiro: “nenhum de nós precisa saber mais que a banca, só precisamos passar!”. E a verdade é que ser aprovado está a cada dia mais difícil, e hoje, ainda mais do que antes, conseguimos concluir que o sucesso realmente mora nos detalhes. Vários desses detalhes são evidenciados nas letras e palavras que integram esse pequeno mapa do tesouro. Nossa expectativa é de que esta obra possa ajudá-lo a construir o seu sucesso! 1. OS DETALHES FAZEM A DIFERENÇA “Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho.” Vitor Belfort DURANTE UMA ENTREVISTA, NA QUAL o lutador brasileiro de mixed martial arts (MMA) Vitor Belfort acabara de detalhar sua rotina de treinamentos, expondo os sacrifícios diários a que se submetia para combater utilizando o melhor de suas capacidades, o repórter indaga, após assistir reprise de uma luta na qual Vitor nocauteou o adversário em míseros segundos: “que sorte essa hein!?”. O brasileiro virou-se para o repórter e, reescrevendo semelhante frase do ex- presidente americano Thomas Jefferson, respondeu: “quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho”. Alguns termos citados por Vitor Belfort durante a entrevista chamam a nossa atenção porque estão relacionados a toda e qualquer atividade humana em que haja uma competição, inclusive com a dimensão “concursística” (o mundo dos concurseiros): sacrifício, treino (preparo) e sorte. É comum, e isso vai acontecer quando você for aprovado em um grande concurso, que as pessoas mais distantes do cotidiano de preparo e sacrifício atribuam o sucesso de alguém à sorte, aconteceu com Vitor Belfort (no caso dos combates), com Thomas Jefferson, conosco e vai acontecer com você também. A verdade é que, nos dias de hoje, ser aprovado em um grande concurso público exige dos candidatos a manutenção de uma rotina de estudos tão árdua (preparo/treino) quanto a de qualquer outro atleta de ponta, inclusive semelhante a dos atuais e famosos lutadores de MMA. Sem sacrifício diário, dedicação e persistência o candidato, realmente, só pode contar com a sorte para ser aprovado; e ela, por si só, não é mais suficiente. Não que a sorte não seja necessária; mas além dela, é imperioso que nos preparemos com afinco e que apuremos constantemente nossas técnicas, inclusive para acertar as questões para as quais não se têm certeza da resposta. Mas agora surgem as perguntas: “que tipo de preparo, além de estudar e estudar, eu preciso desenvolver para ampliar a minha capacidade de ser aprovado? O que diferencia aqueles que conseguiram alcançar seus objetivos daqueles que ficaram pelo caminho, mesmo compartilhando as mesmas condições histórico-sócio- econômicas? E que técnicas são essas capazes de me orientar a acertar as questões para as quais não tinha certeza da resposta?”. Ainda utilizando o mundo das competições desportivas como suporte material para explicarmos o mundo dos concursos públicos, é possível percebermos que cada categoria de atleta realiza treinos específicos, apropriados ao ramo em que atua. Interessante notar que, para o caso dos atletas de ponta, a técnica, a alimentação, os tipos de treinos necessários para se alcançar o máximo de rendimento para cada uma das modalidades desportivas são de conhecimento comum, bem documentados e testados. Para cada esporte um protocolo distinto. É natural que um atleta que arremessa discos seja preparado de forma diferente dos atletas que realizam salto com varas, por exemplo Para cada esporte existe um protocolo distinto. É natural que um atleta que arremessa discos seja preparado de forma diferente dos atletas que realizam salto com varas, por exemplo. Mas, dentro de uma mesma modalidade esportiva, é natural que cada um dos atletas de ponta possua carga de preparo semelhante. Ou seja: obedecem ao mesmo protocolo. Nesses casos, para superarem os adversários, soma-se ao adequado preparo a força mental para, durante a realização das competições, ler os sinais, os eventos externos que estão a acontecer naquele momento: a chuva que começa a cair mais forte do que se esperava, a direção e a força do vento, o rigor do sol, a velocidade e a técnica do adversário. No caso dos concurseiros, o barulho provocado por um carro de som estacionado em frente ao local onde realizamos a prova, as palavras e as expressões repetidas pelo examinador em variados concursos e questões, etc. O dia da prova é um dia diferente! Essa frase retrata bem que, além do preparo adequado, há fatores que estão além do domínio dos competidores e que a diferença entre ter sucesso ou não reside na capacidade que cada um de nós deve desenvolver em ler/reconhecer/identificar as variáveis, interpretando-as de acordo com o momentum espaço-tempo, e decidir acertadamente. Cada detalhe é importante nesse processo; eles fazem a diferença. No mundo dos concursos, é raro encontrar um candidato que tenha conseguido entender, profundamente, todos os tópicos constantes dos editais. Por mais que tenhamos o tempo necessário para o preparo, é natural e comum chegarmos naqueles momentos que antecedem a prova e não sentirmos segurança neste ou naquele assunto. Esta situação só vai se tornar um problema se aquele conteúdo que julgamos não dominar for tema de algumas questões. E aí? O que fazer nessa situação? I. Base metodológica do Método Quebrando a Banca (Método QB) Metodologia nada mais é do que um conjunto de técnicas que juntas formam uma estratégia para se alcançar um objetivo estabelecido. Nesse sentido, as técnicas expostas no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso reúnem a materialização da metodologia criada a partir da experiência compartilhada com amigos e das pesquisas realizadas junto a aprovados e examinadores. Mas antes de você as ler e internalizá- las, testar a fidedignidade das técnicas nos simulados e na resolução de questões de provas anteriores e, finalmente, aplicá-las aos momentos concretos de sua caminhada “concursística” (provas), faz-se necessário expormos as razões fáticas que nos impulsionaram a criar e aplicar a metodologia. São fatores que nos conduziram aos cargos que ora ocupamos. Figura 1 - Fluxo para aplicação do Método QB Conforme exposto mais acima, você não precisa se martirizar por não ter conseguido entender, em profundidade, todos os itens que constavam no edital. Isso é natural e ocorre com todos os candidatos. Por mais que a fase de preparo tenha sido plenamente e acertadamente executada, sempre haverá fatores extrínsecos que, por vezes apenas aparentemente, nos levarão a crer que deixamos alguma coisa passar. (...) quanto mais se estuda, mais cresce o sentimento de incerteza sobre o que sabemos. Por vezes, até nos questionamos se não estamos perdendo tudo aquilo que demoramos tanto para ganhar. O pior é que, quanto mais se estuda, mais cresce o sentimento de incerteza sobre o que sabemos. Por vezes, chegamos até a nos questionar se não estamos perdendo tudo aquilo que demoramos tanto para ganhar. Costumamos explicar essa sensação de desaprender fazendo uso da metáfora do balão de ar (verdade seja dita, isso também aprendemos com um antigo e sensacional professor concurseiro). A ideia é simples de explicar e compreender. Imaginemos um balão de ar, daqueles de festa mesmo; tudo que estiver dentro do balão de ar representa o conhecimento que dominamos. Em contrapartida, tudo que estiver fora do balão representa o desconhecido. Separando os dois mundos (o conhecido do desconhecido), temos a matéria física que integra o balão (a superfície elástica propriamente dita). Essa superfície representa o que denominamos de zona de incerteza. Perceba que, quanto mais você estuda, mais você enche o balão de ar e, por consequência, mais você sabe. No entanto, quanto mais você enche esse balão de ar, mais ele cresce e junto com ele cresce também a zona de incerteza e o entendimento de que ainda há muito para aprender. O sucesso nas provas de concursos públicos reside em navegar nesta zona de incerteza de forma a acertar aquelas questões que meçam apenas interpretação do enunciado, ou mesmo aquelas que não nos lembramos efetivamente do porquê de acreditarmos que a questão está CERTA ou ERRADA, apenas sentimos isso. A síntese é que, quanto mais estudamos, mais entendemos que temos muito ainda a aprender e maior se torna a área de incerteza sobre a qual temos de tomar decisões na hora da realização das provas. Perceba os termos utilizados no último período: “temos de tomar decisões”. Os mais experientes nesta dimensão “concursística” podem ter pensado, enquanto liam essas palavras: “ora, se não tenho certeza eu não marco a questão”, as famosas práticas de “deixar em branco”. Bem, com toda certeza, deixar em branco é uma opção. Ainda mais nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção um para um, que representam anulação de um acerto para cada marcação contrária ao gabarito oficial. Ou seja: uma questão errada anula uma certa. Mas essa opção só vale II. para esse tipo de prova e não pode ser aplicada às provas do tipo múltipla escolha, que costumeiramente não têm fator de correção. Além disso, a segunda parte da nossa base metodológica revelará que deixar questões em branco tem o mesmo valor de não fazer a prova, na maioria das vezes. Percentual para aprovação em provas do tipo Certo e Errado Antigamente, muitos professores e candidatos estabeleceram a errônea premissa de que nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção o candidato só deveria marcar o gabarito quando tivesse plena convicção das respostas. Ecos dessa mensagem ainda persistem em algumas salas e cursinhos do Brasil, contribuindo para propagar o medo e impedir que alguns dos amigos e companheiros de jornada alcancem o sonhado cargo público. A título meramente exemplificativo, apesar de já termos percebido esse mesmo padrão em vários outros concursos, apresentamos abaixo o Gráfico 1 – Evolução da média para classificação que evidencia a elevação nos percentuais alcançados para conquista de uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), nos anos 2004 e 2014, considerando somente o resultado das provas objetivas e os classificados para Brasília, localidade onde costuma se localizar as maiores médias: Gráfico 1 – Evolução da média para classificação no Concurso do TCU Fonte: <http://www.cespe.unb.br> (em 30/12/2014) O Gráfico 1 – Evolução da média para classificação evidencia, para o caso dos concursos do TCU, que a menor média alcançada na prova objetiva em 2004 fora de 43% de pontos líquidos, enquanto que a menor média para classificação em 2014 (57,50%) foi pouca coisa inferior a maior média de 2004 (59,50%). Esses dados nos possibilitam concluir que, nos dias de hoje, só marcar o gabarito quando convicto da resposta conduzirá o candidato ao insucesso, pois os percentuais para classificação na maioria dos concursos superam os 55% líquidos. Em um exemplo hipotético, consideremos que determinada prova possua 100 questões do tipo CERTO ou ERRADO e com fator de correção (cada erro elimina um acerto). Para esse exemplo, o candidato resolveu marcar as 100 questões, pois acreditava ter certeza das respostas, acertou 80 e errou 20, alcançando a pontuação líquida de 60%, que, como já vimos, representa o limite inferior de aprovação para o concurso do TCU. Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 1 Após alguns anos de caminhada na rota do concurseiro, momento em que tivemos a oportunidade de realizar vários concursos, simulados e resolver inúmeras questões, conseguimos chegar à conclusão de que é natural aos candidatos errar entre 5% e 15% das questões que julgam ter certeza da resposta. Esse mesmo percentual se repetiu nos resultados dos alunos dos cursos que ministramos e nos grupos de estudos dos quais participamos. Destacamos o Grupo Neurus, cujos integrantes, percursores de várias das técnicas aqui apresentadas, conseguiram aprovação nos melhores concursos do país: 4 foram aprovados no Tribunal de Contas da União, 2 na Controladoria-Geral da União, 1 no Banco Central do Brasil, 2 no Tribunal de Contas do Distrito Federal, 2 no Supremo Tribunal Federal, 2 na Secretaria de Orçamento e Finanças do Ministério do Planejamento e Orçamento. Considerando a bagagem teórica e a prática vivenciada e compartilhada dentro de sala, nos grupos de estudos e durante a realização de vários concursos, é possível concluir que, nos dias de hoje, o candidato deve evitar o máximo deixar questões em branco. Retomando o Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação – Caso 1, é possível constatar que se o candidato marcar menos de 70 questões, numa prova que tenha 100 alternativas, a possibilidade dele passar reduz-se consideravelmente. Perceba: se a experiência evidencia que o natural é errarmos entre 5% e 15% das questões que julgamos ter certeza da resposta, considerando que esse candidato erre 10% (meio termo), ele alcançará a pontuação de 63 acertos e 7 erros, obtendo 56 pontos líquidos. Fato que, nos concursos de hoje, deixará o candidato de fora do número de vagas (o último do TCU alcançou 57,50%). Conforme sumariza o Gráfico 3 - Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 abaixo: Gráfico 3 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 Os dois fenômenos evidenciados até aqui, tanto o efeito balão de ar quanto a ampliação nos percentuais líquidos para aprovação/classificação, nos conduzem à conclusão de que precisamos alavancar nossa capacidade de marcar questões para as quais não temos certeza da resposta. E como fazer isso??? Quais são as estratégias utilizadas pelos examinadores para minimizar a ocorrência de recursos e que podem te auxiliar a acertar uma questão??? A partir dos conceitos expostos acima, vamos detalhar no próximo capítulo algumas técnicas que poderão te ajudar no alcance do cargo público. (...) o uso eficiente das técnicas poderá te render algumas questões preciosas que, assim como meio segundo faz diferença entre o ouro e o quarto lugar nas olimpíadas, te conduzirão a sonhada aprovação/classificação. Já citamos antes, mas, no entanto é bom reforçar, pois a repetição é a mãe do ensino: as técnicas apresentadas não substituem o adequado preparo, mas o uso eficiente delas poderá render a você algumas questões preciosas que te conduzirão a sonhada aprovação/classificação, assim como meio segundo faz diferença entre o ouro e o quarto lugar nas olimpíadas. 2. COMO O AVALIADOR PENSA “Conheces teu inimigo e conhece-te a ti mesmo;” Sun Tzu A CONSTRUÇÃO DOS NOVE PRINCÍPIOS, explicitados nesta obra e que facilitarão o seu caminhar rumo à aprovação, foi realizada a partir da prática e da análise sobre variados tipos de provas, matérias e assuntos. A partir do entendimento de como o examinador pensa, é possível, durante a realização de qualquer questão, buscar indícios que o auxiliarão a ratificar a decisão que tomou, quando acreditar conhecer a resposta, ou mesmo quando houver alguma dúvida, ajudar você a acertá-la. Assim que começamos a dar aulas, percebemos que muitos concurseiros ainda adotavam o mau hábito de não realizar questões das provas anteriormente aplicadas. Nós mesmos já havíamos cometido esse erro no passado. Esse fato acontece porque desde os primeiros dias de escola todos fomos treinados a pensar de forma sequencial. Primeiro o nosso “tio” ou “tia” precisou ensinar o que era um substantivo, um verbo, um pronome, um artigo etc. Depois disso, ele aplicava uma prova que nos exigia lembrar desses temas ministrados. É óbvio que algumas pessoas ainda adotam esse comportamento imaturo e reativo em várias situações de suas vidas. Essa visão sequencial dos fatos ainda limita vários concurseiros que, mesmo em salas de cursos preparatórios, não investem em conhecer as questões da banca examinadora do certame que desejam ou mesmo realizar simulados. (...) nós que estamos realmente comprometidos com nosso sucesso precisamos ser proativos, precisamos nos antecipar à banca e ao examinador resolvendo ou lendo as questões aplicadas nos concursos anteriores, ao menos as dos três últimos anos. Entretanto, nós que estamos realmente comprometidos com nosso sucesso precisamos ser proativos. Precisamos nos antecipar à banca e ao examinador, resolvendo ou lendo as questões aplicadas nos concursos anteriores, ao menos as dos três últimos anos. O Método QB, calcado na premissa de que precisamos aprender a navegar na incerteza e a estar atentos quanto a repetições de grupos semânticos (base dos princípios detalhados no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso), também tem por fundamento a análise do contexto em que se dá a realização do concurso, bem como das responsabilidades que bancas e examinadores têm de cumprir quando I. organizam um concurso público ou formulam uma questão. As premissas abaixo expõem essa análise de contexto, atentando-se para as responsabilidades e precauções que os atores envolvidos no processo de realização do concurso devem observar e que inclusive podem ser reconhecidas como suporte fático da metodologia. Tem de haver ao menos um A primeira responsabilidade de uma banca contratada para realizar um determinado certame é aprovar alguém. Exceto em raros casos, notadamente nos concursos para a magistratura, o natural é que ao final do certame exista uma lista de futuros agentes públicos. Mas II. perceba que mesmo nesses concursos (magistratura), as eliminações dos candidatos só costumam ocorrer nas fases pós prova objetiva, fato que também torna possível aos concurseiros desse ramo fazer uso do Método QB. Em simples palavras, é preocupação da banca e do examinador preparar uma prova que possibilite a constituição de uma lista de aprovados. Se todos os candidatos que fizerem a prova forem reprovados, a banca não conseguiria atender o objeto para o qual fora contratada. Ao menos um, mas não posso aprovar todo mundo Parece óbvio, mas o entendimento dessa premissa nos leva a conclusão de que as questões terão de ser pensadas de forma que seja possível selecionar os candidatos mais bem preparados (não quer dizer que são os mais inteligentes) sem que existam muitos empatados com a mesma quantidade de pontos. Nesse sentido, é importante destacar que a seleção dos que ingressarão nos quadros da Administração Pública não pode ser calcada exclusivamente no fator sorte. Além disso, como já vimos no tópico anterior, é preciso garantir uma lista de candidatos aprovados com diferentes notas. Essas duas precauções nos conduzem às próximas duas premissas que deverão ser supridas por III. banca e examinador. Preciso equilibrar as questões de acordo com o nível de dificuldade e minimizar o fator sorte Neste ponto, a experiência nos fez perceber que a construção das provas é feita de forma a garantir que existam questões: fáceis, médias, difíceis e - com o objetivo de provocar diferenciação entre os candidatos mais experientes, os que conhecem profundamente vários dos temas dos editais – as novidades legislativas, jurisprudenciais e/ou doutrinárias. Alertamos que essas novidades não devem ser motivo de desconforto e preocupação. Você precisa entender que o percentual dos tipos de questões vai variar de cargo para cargo e de acordo com o nível do concurso. Porém, o percentual dessas ditas novidades é rotineiramente pequeno. Gráfico 4 - Distribuição de tipos de questões por nível de prova Temos certeza que você já observou que algumas questões se repetem com extrema frequência nas provas. Não é verdade? Essas questões compõem o grupo das fáceis (mesmo que inicialmente classificadas como “difícil” ou “novidade”) e você, que quer a vaga, não poderá errá-las. Isso porque os candidatos que realmente se preparam dificilmente irão perdê-las. E a pergunta que surge é: “como não errá-las?”. A solução é simples: ler todas as provas dos últimos três anos da banca do certame pretendido, mesmo as de nível diferente do cargo pretendido. Já vimos questões aplicadas em concursos para o nível superior serem repetidas logo depois para os cargos de nível médio, e já vimos também questões objetivas de provas deste nível serem cobradas como discursivas em provas de nível superior. Perceba que esta seção está diretamente relacionada às duas anteriores. Se um examinador se preocupar em colocar somente questões difíceis na prova, aquelas consideradas das mais pesadas, é possível que não haja sequer um candidato aprovado ou ainda que, já que as questões são todas difíceis, os concurseiros adotem a estratégia de simplesmente chutar as respostas, fato que nivelará todos os candidatos pelo fator sorte. Por outro lado, se as questões forem todas fáceis, é provável que muitos candidatos empatem nas melhores posições e que, mais uma vez, não se consiga selecionar o candidato mais preparado. IV. Preciso minimizar a possibilidade de anulação ou modificação das questões A realização de um concurso público provoca o surgimento de variadas relações no plano fático. Além das relações que se estabelecem entre os diretamente envolvidos: órgão/entidade contratante e banca contratada, também temos as que surgem entre a banca e os examinadores e entre a banca e os candidatos que se inscreverão para o concurso. Cada um desses candidatos poderá fazer surgir vários outros eventos, desde compras de passagens aéreas e reservas em hotel, até contratação de pessoas para cuidar dos filhos/parentes no dia da realização do concurso. Enfim, perceba que a possível anulação de um concurso tem repercussão na vida de muitas pessoas, fato que também contribui para a perda de credibilidade da banca organizadora ou mesmo a imposição de restrição à realização de novos concursos por esta. Outra situação que também contribui para a redução/perda da credibilidade de uma banca é o elevado índice de questões anuladas ou modificadas por meio de recursos. Nesses casos, a banca buscará verificar quem foi o examinador responsável pela formulação da questão e, dependendo do caso, poderá não mais contratá-lo. As informações aqui expostas nada mais são do que pequenos exemplos de como o processo de anulação de uma questão, ou mesmo de uma prova inteira, pode causar prejuízos a todos os envolvidos. É importante que você tenha isso em mente porque algumas questões, caso tenha dúvida, poderão ser solucionadas p e l o Princípio da prevenção ao recurso, detalhado no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso. 3. COMO O CANDIDATO DEVE PENSAR “Na guerra, a audácia é o mais formoso cálculo do gênio.” Napoleão APÓS ESPECIFICAR ALGUNS DOS detalhes que envolvem a realização de um concurso público e detalhar atitudes e comportamentos adotados pelas bancas (situações que inclusive servem de suporte fático para os princípios detalhados no Capítulo 4 - Acertando na incerteza, os nove passos para o sucesso desta obra), passamos, de forma simples e objetiva, a expor alguns dos comportamentos que você deve internalizar e repetir. As informações abaixo não são frutos de nossa exclusiva compreensão do universo “concursístico”; na verdade elas sintetizam lições aprendidas de vários companheiros e professores que percorreram conosco nossa pequena jornada. Temos certeza que a internalização desses conceitos poderá acelerar sua aprovação no concurso de I. seus sonhos, assim como o fez conosco. Cada questão é um flash A primeira das premissas diz respeito a necessidade de você manter-se plenamente concentrado na leitura e na resolução da questão enquanto busca, em suas memórias, o conhecimento para resolvê-la. É comum que candidatos menos experientes fiquem dispersos durante essa atividade e por vezes, apesar de conhecerem o tema, acabam errando a questão por mera falta de atenção. Diz- se que aquele candidato foi lido pela assertiva. Entenda melhor essa premissa lendo o tópico Duas Leituras: Rápida e Lenta II. da seção Atenção aos detalhes logo abaixo. Toda questão é do tipo errada Nas aulas do mestre André Luís (Ministro-Substituto do Tribunal de Contas da União) aprendemos que a leitura atenta da questão deve ser voltada a encontrar o erro da questão. Esse comportamento de buscar o erro pode ser aplicado inclusive nas questões do tipo múltipla escolha. Mesmo nessas, é possível perceber que se faz necessário, para descobrir a alternativa correta, diferenciar os erros das demais. Encontrado o erro, você deve destacá-lo imediatamente, com fins de minimizar a III. possiblidade de se confundir quando da marcação do gabarito. Se não há erro, a questão está certa o percentual de questões que trazem consigo algum nível de malícia oculta é muito pequeno e que não vale apena pautar toda a resolução da sua prova com medo de cair numa casca de banana. Apesar de aparentemente contraditórias, esta premissa complementa a anterior. Na seção “Pegadinhas – Lenda ou realidade?” deste capítulo, você vai perceber que o percentual de questões que trazem consigo algum nível de malícia oculta é muito pequeno e que não vale apena pautar toda a resolução da sua prova com medo de cair numa casca de banana. Você deve, ao iniciar uma questão, manter-se totalmente focado nela (cada questão é um flash) e pesquisar por um possível erro (se o encontrar, grife-o). Contudo, caso não tenha encontrado erro, é possível que a questão esteja sim certa. Alguns candidatos acabam sofrendo por IV. não terem encontrado erro e acabam por inventá-lo. Essa atitude fatalmente os levará a perder a questão. Cuidado: o equilíbrio é essencial para o bom uso dessas duas premissas. Cuidado com as questões certas e grife os erros que encontrar É importante reprisar que toda questão é do tipo errada e que os erros identificados nas alternativas devem ser destacados. Essa simples atividade minimiza a ocorrência de erros quando da marcação dos gabaritos. A experiência demonstra, e isso será reprisado nos princípios adiante, que devemos ter mais cuidado com as questões que acreditamos serem certas do que para com aquelas que identificamos ao menos um erro. Perceba que para a questão ficar errada, o examinador teve de incluir ao menos um erro. Identificado o erro inserido, mesmo que houvesse outros, ainda assim você não perderia a questão. Contudo, se você julgar que a questão esteja certa, é possível que realmente assim o seja ou que você não identificou o erro inserido pelo examinador. Portanto tenha muita atenção quando for marcar a questão como certa, mas mantenha o equilíbrio de não inventar erros para as alternativas, conforme evidenciado nas duas premissas anteriores. V. Não brigue com a banca O ponto chave desta premissa é que você não precisa querer saber mais que a banca, ou melhor, você pode e deve saber, mas não deve tentar demonstrar isso durante a realização da prova. Doutrinar e expor seu ponto de vista sobre algumas das disciplinas e temas do concurso devem ser exercitados somente depois que terminar a prova/questão ou, melhor ainda, depois de ser nomeado. A massiva e constante realização de questões anteriores serve para que nos posicionemos de acordo com a linha e entendimento daquela banca, notadamente para os casos de repetições VI. ou semelhança de questões. Pegadinhas – Lenda ou realidade? “O medo da desgraça é pior que a própria desgraça” Leib Lazarov É comum, dentre os concurseiros, os chavões: “atenção às pegadinhas”, “candidato bom é o que sabe resolver as pegadinhas” e muitas outras expressões similares que tratam das di tas cascas de banana, que seriam artimanhas propositalmente inseridas pelo examinador na formulação das questões. Mas será que realmente existem essas armadilhas ocultas? Afinal de contas, o que são pegadinhas? Mas será que realmente existem essas armadilhas ocultas? Afinal de contas, o que são pegadinhas? As pegadinhas seriam questões elaboradas de forma ardilosa pelo examinador com o objetivo de confundir o candidato (notadamente o que domina o assunto), levando-o a errar a questão por não perceber a malícia oculta. 1) 2) O que devemos fazer para identificar as pegadinhas? Que tipo de treinos podemos realizar para evitá-las? Que atitudes devemos tomar quando identificamos uma questão que parece ser uma pegadinha? O que ler? quem procurar? Enfim…. o que fazer em relação às pegadinhas? A resposta é simples: Nada! O que alguns chamam de pegadinha, na verdade, pode ser identificada como uma das seguintes situações: falta de conhecimento da disciplina, do assunto ou do tópico; desatenção durante a leitura da questão; 3) 4) incorreta interpretação de texto; ou desconhecimento dos princípios contidos neste livro. Desenvolver um raciocínio quase certo e inserir uma pequena armadilha exige muito trabalho e a realidade dos concursos evidencia que é muito raro o avaliador colocar questões com elevado nível de malícia. Em uma prova de 100 questões, o mais provável é que não existam pegadinhas ou que se encontre, no máximo, duas questões que poderiam ser assim chamadas. Valeria a pena fazer uma prova que contenha 100/120 questões preocupado com a possibilidade de talvez existirem duas pegadinhas??? Se você adotar a estratégia de ler cada uma das questões com elevada preocupação de procurar a possível malícia por trás de cada palavra, o mais provável é que você cometa muitos mais erros do que se adotasse a estratégia limpa, direta e clara de apenas tentar resolver a questão. Por óbvio que a leitura de cada comando deverá ser realizada de forma cuidadosa, atentando-se para a presença de “não”, ”exceto”, ”sempre”, ”nunca”, notadamente quando antepostos a uma proposição verdadeira. Porém essa atitude tem de ser equilibrada. O excesso de preocupação em não cair em pegadinhas (que conforme dissemos, duvidamos que exista), pode provocar mais erros do que se resolvêssemos a prova sem esse medo. O excesso de preocupação em não cair em pegadinhas (que conforme dissemos, duvidamos que existam), pode provocar mais erros do que se resolvêssemos a prova sem esse medo. Seja prudente, porém de forma simples. Como ensinou o maior Mestre da História: “Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mateus 10:16b). Você lembra da analogia do balão de ar que citamos no Capítulo 1 – Os detalhes fazem a diferença? Lá explicamos que a sensação de incerteza cresce com o aumento do conhecimento. Logo, naturalmente, você tenderá a ser m a i s prudente na avaliação das questões. Não há necessidade de olhar a prova com elevada malícia, como se existisse uma casca de banana em cada questão. Veja a prova de forma simples, aplicando tão somente o seu conhecimento das disciplinas e os princípios deste livro. Adote já o pensamento de que não há qualquer problema você errar as pegadinhas das questões por dois motivos: 1) o número de questões desta natureza é insignificante (quando existem!!); e 2) é bem provável que muitos candidatos, tão preparados quanto você, também irão errar a questão. Além disso, se você ler com atenção, aplicar seus conhecimentos e refletir sobre os princípios apresentados, é provável que você acerte as questões e nem se dê conta que foram postas ali para derrubar alguns candidatos. Um exemplo prático é o que diz respeito ao uso dos termos DEVE x PODE, chavão repetido no mundo “concursístico”. Alguém disse no passado, e isso ainda vem ecoando em salas de cursinhos, que quando o avaliador utiliza a palavra “pode”, ele a utiliza no sentido de “faculdade de agir”. Dessa forma, quando uma questão apresentasse a palavra “pode”, caberia ao candidato verificar se a situação fática apresentada no comando da proposição exigiria um “dever de agir” em vez de mera “faculdade de agir”. Caso positivo, a questão deveria ser assinalada como falsa pelo candidato, vez que o examinador deveria ter utilizado a palavra “deve”. E aí, lenda ou realidade? Como já mencionado, o avaliador não está preocupado em elaborar pegadinhas. Seja prudente na leitura das questões, mas não é preciso acreditar que o objetivo é derrubar os candidatos a todo custo. O objetivo é medir o conhecimento e não descobrir quem tem mais habilidade em identificar casca de banana. Não encontramos, nos últimos anos, nos concursos das bancas mais renomadas, histórico de número elevado de questões VII. a. desse tipo. Trata-se de lenda criada e repetida por alguns que talvez não identificaram o real erro de uma questão, ou mesmo porque a questão não continha qualquer erro, mas a banca insistiu em manter o gabarito (é sim, isso acontece!). Atenção aos Detalhes “A simplicidade é o máximo da sofisticação.” Leonardo da Vinci Duas leituras: rápida e lenta Assim que for publicado o edital do certame para o qual se objetiva um cargo/emprego público, dentre outras atividades, você deve calcular o tempo médio que terá para ler e resolver cada questão, considerando no cálculo deste tempo os intervalos para descanso (total de 10 minutos), o tempo para marcar o gabarito (5 a 10 minutos) e o tempo para confeccionar a redação (quando houver). Essa estratégia deve ser muito bem assimilada pelos candidatos de ponta, pois o tempo é fator determinante na aprovação do concurseiro e faz parte de um dos três fatores que te conduzirá à aprovação: o fator Gestão de Provas. Para maximizar seu rendimento, recomendamos que para cada questão você faça apenas duas leituras. Veja o porquê logo abaixo. Se após a segunda leitura, você ainda não souber a resposta, deixe a questão para ser relida no final da prova. Não perca tempo! Se você não soube responder de imediato, ou porque não conhece o assunto ou porque não conseguiu lembrar, reler e reler só lhe trará desgaste mental e emocional. Passe para as questões seguintes e só ao final da prova retorne a essas que pulou. É até possível que, ao longo da prova, você se lembre do assunto ou que perceba ser possível aplicar algum dos princípios deste livro. Quanto às duas leituras: faça uma rápida e outra mais lenta. Na primeira leitura (rápida), avalie se a ideia principal da questão é coerente, se b. faz algum sentido. Na segunda leitura (lentamente), avalie cada expressão e palavra, atentando se há alguma situação que passou despercebida na primeira leitura. Atenção especial ao início e ao final das questões (mais adiante, explicamos o motivo). Para você que estudou o assunto, a primeira resposta que vem à mente provavelmente é a correta. Não complique, seja simples! Lembre-se do balão (Capítulo 1 – Os detalhes fazem a diferença)! Início da frase A experiência e a análise das provas nos revelam que é muito comum o examinador inserir os erros logo no início das questões, fato que conduz muitos candidatos a não percebê-los e, por consequência, a perda de preciosos pontos. Mas por que isso acontece? Comparando a leitura da questão com a execução de um truque de mágica, percebemos que o bom mágico faz uma série de ações prévias de entretenimento e depois anuncia o que efetivamente fará: fazer um objeto desaparecer de dentro de uma caixa, por exemplo. Neste momento, todos ficam atentos para tentar descobrir o truque. Entretanto, perceba que as ações necessárias ao truque já foram realizadas antes do anúncio, ou seja, não será possível identificar o como ele faz porque ele já o fez muito antes de nos atentarmos para o evento em si. Quando o mágico diz que objeto desaparecerá, é porque o objeto não está mais ali na caixa. Ele faz o objeto desaparecer logo no início, enquanto a plateia não está muito atenta. Em seguida, faz uma série de ações para entreter o público e então anuncia o que fará. Mas, tudo já aconteceu bem antes… De forma similar, isso também ocorre nas questões de concurso, notadamente nas que possuem textos mais longos. Na ânsia por ler rapidamente o enunciado da questão ou a própria questão em si, o candidato não dá muita atenção às primeiras palavras, e é justamente aí que mora o perigo. De nada vai adiantar procurar o erro no restante da questão, quando ele foi propositalmente inserido logo no início. Atenção ao início da frase que é onde o erro, em grande parte das vezes, “se esconde”. Exemplo 1 (CESPE - 2014 - TC-DF - Técnico de Administração Pública) A respeito das classificações das constituições e dos princípios fundamentais previstos na [Constituição Federal] CF, julgue os itens a seguir. A constituição material, escrita e rígida, como a CF [Constituição Federal], consiste em um documento escrito formado por normas substancialmente constitucionais que só podem ser alteradas por meio de processo legislativo especial e mais dificultoso. (destaques inseridos) Gabarito E Repare que o erro está logo no início da questão. O candidato que ler rapidamente, de forma distraída, pode deixar passar a informação mais importante da questão. (Ver o tópico “Duas leituras: rápida e lenta”) Exemplo 2 (CESPE - 2014 - Polícia Federal - Agente Administrativo) A respeito de processos licitatórios, julgue os seguintes itens. A transferência, mediante ato administrativo, da execução de determinado serviço público a uma autarquia configura descentralização administrativa por outorga. Gabarito E Em uma leitura rápida e distraída, pode parecer que o foco da questão é a diferença entre outorga e delegação, quando o erro está no início e o foco da questão é, na verdade, a diferença entre ato administrativo e lei formal. Assim, como o exemplo citado do mágico, o avaliador tenta “esconder” o erro, desviando o foco do candidato para outro ponto. Exemplo 3 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) Com relação à gestão de pessoas na administração pública federal, nos termos dos Decretos n.º 5.497/2005 e n.º 5.707/2006. Ao contrário de grupos formais de estudos, os estágios e os intercâmbios, os cursos presenciais e à distância, os seminários e os congressos são considerados eventos de capacitação. Gabarito E Mais uma vez, uma leitura rápida e distraída pode prejudicar o candidato. Parece que o foco do examinador está na seguinte oração: “os estágios e os intercâmbios, os cursos presenciais e à distância, os seminários e os congressos são considerados eventos de c. capacitação”, quando, na verdade, o erro está logo no início, ao excluir os grupos formais de estudos dos eventos de capacitação. Agora, você já sabe da importância da atenção aos termos utilizados no início da frase e o “truque do mágico” apenas atingirá os seus concorrentes. Fim da frase De modo semelhante à inserção de erros no início de frases, identificamos que alguns examinadores preferem a estratégia de situar no final das frases as expressões que as tornariam erradas. Assim como na situação anterior, é muito comum o candidato não perceber esse erro e perder a questão. Mas por que isso acontece? O comum é que a ânsia para se livrar rapidamente da questão pode resultar na perda da vaga. Mantenha, portanto, a atenção durante toda a leitura da questão, notadamente nas expressões finais. Em textos muito longos, em especial quando o examinador concatena sequencialmente uma série de ideias corretas, o candidato tende a relaxar a atenção na leitura e não dá muita atenção ao final da frase. O comum é que a ânsia para se livrar rapidamente da questão possa resultar na perda da vaga. Portanto, mantenha a atenção durante toda a leitura da questão, notadamente nas expressões finais. Exemplo 4 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) A respeito dos Poderes Executivo e Legislativo, julgue os itens a seguir. Dispor sobre a organização da administração federal é atribuição privativa do presidente da República, que somente poderá ser exercida pelo próprio ou, durante seus impedimentos, por quem o substituir na presidência, vedada a delegação. Gabarito E Repare que o erro da questão está no final. Tenha, portanto, atenção às expressões inseridas no terço final da questão. Exemplo 5 (CESPE - 2014 - Polícia Federal - Agente Administrativo) O orçamento público constitui norma legal a ser aplicada integralmente e contém a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas pelo governo em determinado exercício financeiro, sendo objeto de estudo tanto do direito financeiro quanto do direito tributário. Gabarito E Mais uma vez, a questão estava quaaaaase certa! O erro, novamente, está no final da questão. Ela é um pouco mais extensa que as outras e pode levar o candidato a reduzir a atenção no final, devido ao cansaço ou à pressa de terminar a leitura e passar para a próxima questão. Desconfie, portanto, de questões muito longas e aumente sua atenção nas últimas expressões. Exemplo 6 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) De acordo com a legislação vigente, as modalidades de licitação são a concorrência, a tomada de preços, o concurso, o convite, o leilão e o pregão. Em uma licitação, é permitido combinar duas ou mais formas de licitação. Gabarito E Outro exemplo em que o erro está no final da questão. Exemplo 7 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária) Acerca dos direitos fundamentais e do conceito e da classificação das constituições, julgue os itens a d. seguir. Os direitos fundamentais têm o condão de restringir a atuação estatal e impõem um dever de abstenção, mas não de prestação. Gabarito E Mais uma vez… Primeira proposição não tem relação com a segunda Se você leu o livro até aqui, já sabe da importância da atenção aos detalhes e, com certeza, esse tipo de questão será de fácil resolução. Em alguns casos, o avaliador elabora uma questão que possui duas proposições e estabelece uma relação entre elas. Talvez, separadamente, até possam ser verdadeiras, porém, ao estabelecer uma relação entre elas, a questão toda pode se tornar falsa. Exemplo 8 (CESPE - 2014 - TJ-SE - Analista Judiciário - Direito) Julgue os itens a seguir, a respeito da teoria dos direitos fundamentais e dos princípios fundamentais na Constituição Federal de 1988 (CF). A dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade, a) b) em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do direito individual. Gabarito E Duas proposições: a dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, promove o direito à vida digna em sociedade, em prol do bem comum, fazendo prevalecer o interesse coletivo em detrimento do direito individual. A primeira proposição é verdadeira e, a segunda, dependendo do contexto, pode ser verdadeira. Entretanto, não há relação entre elas. É justamente quando se busca estabelecer uma relação entre uma e outra que a questão se torna falsa. Exemplo 9 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Serviços) Com relação à origem, à evolução legislativa, aos princípios a) b) constitucionais e à organização da seguridade social no Brasil, julgue o próximo item. A seguridade social rege-se pelo princípio constitucional da solidariedade, segundo o qual nenhum benefício poderá ser criado sem a correspondente fonte de custeio total. Gabarito E A questão apresenta duas proposições: a seguridade social rege-se pelo princípio constitucional da solidariedade, nenhum benefício poderá e. ser criado sem a correspondente fonte de custeio total. Mais uma vez, as duas proposições, separadamente, são verdadeiras, porém não há relação entre uma e outra. Ao estabelecer essa relação, a questão passou a ser falsa. Na dúvida, use o conhecimento Seja simples, não complique! Se estiver em dúvida, avalie qual a melhor conclusão que você pode chegar sobre o tema com base nos seus conhecimentos. Na dúvida, use o conhecimento! (Parece paradoxal né?) Já vimos que há temas que não permitem o domínio total devido a sua extensão. Você tem que tomar decisões com base no conhecimento que você tem (navegar na incerteza). Se você parar para pensar, verá que a nossa vida diária também é assim. Não dominamos todas as situações que surgem, mas buscamos fazer o melhor com base na nossa experiência de vida até aquele dia. Faça o mesmo na prova! Avalie as questões sob a perspectiva do mundo que nos cerca. Uma pergunta que sempre nos salvou em momentos de dúvida foi: “essa proposição da questão é VIII. natural? Se tal fato viesse a ocorrer, qual seria minha reação?”. Você vai perceber que o direito posto (constituição, lei, atos secundários, tratados) explicita um dever-ser coletivamente aceito. Evite alterar a resposta de itens já resolvidos O natural é que estejamos mais atentos durante o início da realização da prova, isso porque estamos descansados e o cérebro ainda não iniciou suas atividades de busca da informação. Perceba se no começo da prova, devidamente descansado e relaxado, você optou por marcar a questão X ou Y como verdadeira. Será que lá no final da IX. prova, depois de ter visto várias questões, você teria condições físicas para melhor avaliar aquela questão X ou Y???? É importante que você tenha em mente que é possível sim alterar a resposta da questão antes da marcação no gabarito final, mas caso decida fazê-lo, tenha total convicção da nova resposta e entenda que seu cérebro está muito mais cansado nesta revisão do que quando fez a questão. Internalizar, testar, praticar e aplicar o Método QB Por fim, é essencial que você leia com atenção cada um dos princípios do Método QB, bem como as premissas e técnicas aqui expostas, de tal forma que seu uso seja uma atividade constante no processo de análise das questões. Caso você, após a realização das duas leituras explicadas na seção “Atenção aos detalhes” acima, não se sinta seguro para resolver a questão, e mesmo depois do retorno a essa questão permaneça a dúvida, pode ser decisivo para seu sucesso o pleno conhecimento das técnicas aqui evidenciadas. Pois hoje, mais do que ontem, o sucesso mora nos detalhes. 4. ACERTANDO NA INCERTEZA, OS NOVE PASSOS PARA O SUCESSO “Otimismo é esperar o melhor, confiança é saber lidar com o pior.” Roberto Simonsen CONTINUAMENTE AS BANCAS EXAMINADORAS estão elevando a quantidade de disciplinas exigidas nos concursos públicos, bem como ampliado o escopo de assuntos cobrados para cada uma delas. Diante desse cenário, tem sido cada vez mais difícil para os candidatos conhecerem profundamente todos os assuntos de todas as disciplinas constantes dos atuais certames. É comum, notadamente pelo pouco tempo para preparo e por essa ampliação de disciplinas e assuntos, que você priorize algumas matérias em detrimento de outras, fato que conduzirá você, inexoravelmente, a não ter condições de responder todas as questões da prova com segurança. O que fazer nesses casos? Veremos neste capítulo que, mesmo sem dominar totalmente o tema, é possível responder algumas das questões utilizando o Método QB e obter preciosos pontos para conduzi-lo à aprovação/classificação. Conforme já detalhado na seção “Percentual para aprovação em provas do tipo Certo e Errado”, a nota de corte para classificação tem sido cada vez maior. Deixar um grande número de questões sem respostas pode eliminá-lo antecipadamente. Importante ressaltar que este capítulo consolida e materializa toda a base metodológica do Método QB que, repita-se, foi criado a partir do insucesso de concurseiros (inclusive os diversos insucessos dos autores deste livro). A síntese aqui explicitada condensa nos três postulados os nove princípios do método. Para cada um dos postulados, três princípios. E para cada um dos princípios, apresentamos exemplos de questões que o auxiliarão a replicar o mesmo modelo de interpretação na resolução de provas futuras. Ou seja: criamos a estrutura, expomos a análise prática por meio de exemplos e concluímos cada um desses exemplos práticos com uma projeção de como você deverá interpretar questões semelhantes no futuro. Figura 2 - Estrutura de aplicação do Método QB I. Ao final deste capítulo, você será capaz de: a) identificar indícios de que a questão é verdadeira ou falsa; b) conhecer princípios para responder questões, quando em dúvida; e, c) eliminar alternativas para o caso de questões do tipo múltipla escolha. Postulados Aplicáveis a Questões Verdadeiras A experiência e a análise de várias provas nos permitem concluir que é possível identificar nas questões de concursos alguns elementos que indicam que aquela questão é verdadeira ou que tornam muito pouco provável que ela seja falsa. Os princípios detalhados neste capítulo, que denotam que uma questão é verdadeira, estão relacionados a uma ou mais das seguintes características: 1) não restringem muito; 2) quando fazem alguma restrição, informam que há a possibilidade de haver exceções; 3) são inclusivos, ou seja, afirmam algo, mas deixam claro que podem existir outras situações similares ou, até mesmo, exceções; 4) expressam algo de forma tão genérica que a proposição seria verdadeira para qualquer tipo de assunto. 1º- Princípio da prevenção ao recurso N o Capítulo 2 - Como o avaliador pensa, você aprendeu que uma das preocupações da banca é reduzir a possibilidade de recursos. Um recurso bem embasado e procedente indica que o avaliador falhou ao elaborar a questão; portanto, ele busca proteger-se dessa possibilidade. Em qual tipo de questão você acredita que a preocupação do avaliador é maior? Nas questões pensadas para serem verdadeiras ou nas falsas? Vamos verificar: A questão falsa contém pelo menos um erro intencionalmente inserido pelo examinador. Se o avaliador falhar em sua elaboração, dificilmente a tornará verdadeira. O mais provável é que a falha do avaliador torne a questão com mais um erro, o que a manteria como falsa do mesmo jeito. Em contrapartida, nas questões pensadas para serem verdadeiras, a falha do avaliador poderá torná-la falsa ou levar a uma dupla interpretação, o que levaria a alteração do gabarito ou anulação da questão. Nessa linha, é fácil perceber que se o avaliador demonstrou preocupação em “proteger” a questão é porque ela provavelmente é VERDADEIRA. Vejamos alguns exemplos: Exemplo 10 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) Com relação ao regime diferenciado de contratações e à disciplina legal sobre o pregão, julgue os itens subsequentes. Entre outras proibições, veda-se, no pregão, a exigência de garantia de proposta bem como a exigência da aquisição do edital pelos licitantes como condição para participação no certame. Gabarito C Observe que a expressão “entre outras” demonstra a preocupação do avaliador em manter a questão verdadeira. O avaliador poderia ter entrado diretamente no assunto: “veda- se, no pregão, a exigência….”. A questão continuaria verdadeira, porém ele se preocupou com um eventual recurso que alegasse que a questão está incompleta, o que poderia levar a anulação. Logo, uma questão desse tipo provavelmente será verdadeira. ATENÇÃO!! A questão incompleta não é falsa. Ela continua verdadeira, porém vimos, neste exemplo, que o avaliador foi cauteloso e não queria deixar margem à dúvida. Exemplo 11 (CESPE - 2014 - TC-DF - Analista de Administração Pública - Sistemas de TI) Com relação ao regime diferenciado de contratações e à disciplina legal sobre o pregão, julgue os itens subsequentes. Afora a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o regime diferenciado de contratações aplica- se a obras e a serviços voltados à construção, à ampliação e à reforma de estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo, entre outras. Gabarito C Mais uma vez, a expressão “entre outras” contribui para que a questão não fique incompleta. Preocupações e cautelas dessa natureza evidenciam que o examinador está tentando proteger a questão e essas características são indícios de que a questão é verdadeira. Exemplo 12 (CESPE - 2014 - Polícia Federal - Administrador) Em relação à gestão de processos e de projetos, julgue os itens que se seguem. Entre as técnicas para aprimoramento de processos destaca-se o Six Sigma, por meio do qual se mapeiam as exigências dos clientes a fim de transformá-las em requisitos de qualidade adotados pela organização. Gabarito C A expressão “entre as técnicas para aprimoramento de processos” faz aqui o papel da expressão “entre outras”. Questão muito similar ao exemplo anterior e com igual análise. Exemplo 13 (CESPE - 2013 - STF - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Julgue os itens a seguir, relativos a noções de administração geral e pública. A implementação da gestão do conhecimento em uma organização demanda que ocorram as seguintes etapas, não necessariamente consecutivas ou mesmo ordenadas: geração do conhecimento; codificação do conhecimento e transferência do conhecimento. Gabarito C Por que o examinador teria a preocupação de destacar que “não necessariamente consecutivas ou mesmo ordenadas”? Provavelmente porque a questão é verdadeira. Um eventual recurso poderia alegar que determinado autor, por exemplo, considera que há casos em que a ordem pode ser outra ou que haveria etapas intermediárias entre elas e, portanto, não são consecutivas. Se a questão fosse falsa, ele não teria que se preocupar com isso, pois a questão pensada para ser falsa já contém pelo menos um erro. Não haveria, portanto, a necessidade de preocupação quanto à existência de mais um erro. Outra vez mais, quando diante de questões semelhantes no futuro, já sabemos que há elevada probabilidade de elas serem verdadeiras. ATENÇÃO!! Citar itens fora de ordem não torna a questão falsa. Ela continua verdadeira, porém, mais uma vez, observamos a cautela do avaliador que não quer deixar margem para eventual recurso. Exemplo 14 (CESPE - 2014 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) No que se refere ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), julgue os itens seguintes. Para o empregado doméstico, considera-se salário de contribuição a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as disposições normativas pertinentes. Gabarito C A expressão “observadas as disposições normativas pertinentes” também denota uma preocupação do avaliador em manter a oração que a antecede verdadeira. Afinal de contas, sempre devem ser “observadas as disposições normativas pertinentes”, certo? Geralmente, esse tipo de expressão tem o objetivo de evitar: a) que a questão esteja incompleta, b) que ocorra dupla interpretação; ou c) resguardar de uma possível exceção. Essa questão também tem relação com o Princípio da interpretação de texto (retomaremos esse assunto logo mais adiante). Exemplo 15 (CESPE - 2014 - SUFRAMA - Analista Técnico - Administrativo) Acerca do sistema e do processo de orçamento federal e das inovações introduzidas pela Constituição Federal de 1988, julgue os itens que se seguem. Entre as responsabilidades da SOF está incluída a realização de estudos e pesquisas concernentes ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário federal. Gabarito C A expressão “entre as responsabilidades da SOF” faz, aqui, o papel da expressão “entre outras”. A questão poderia ser descrita somente como: “A responsabilidade da SOF é a realização de estudos e pesquisas concernentes ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário federal”. Por que a preocupação em deixar claro que há outras responsabilidades da SOF? Provavelmente, porque a questão é verdadeira. A omissão da expressão “entre as responsabilidades da SOF” manteria a questão verdadeira, porém, um possível recurso poderia alegar que: a) a questão dá a entender que a responsabilidade citada é a principal da SOF; ou b) a questão dá a entender que não há outras responsabilidades para o órgão. O avaliador, portanto, teve a intenção de proteger a questão de um possível recurso. Preferiu ser cauteloso. Logo, em situações futuras, diante de questões com essa peculiaridade, é bem provável que a questão seja verdadeira. Exemplo 16 (CESPE - 2014 - CADE - Analista Técnico - Administrativo) Acerca da comunicação na gestão pública e da gestão de redes organizacionais. Entre os meios de comunicação utilizados no serviço público, incluem-se as portarias, as instruções normativas, os despachos, os pareceres e as circulares. Gabarito C Exemplo muito similar ao anterior. A cautela do avaliador indica que ele quis proteger a questão. E já sabemos que esse zelo todo é evidenciado em questões pensadas para serem verdadeiras. Exemplo 17 (CESPE - 2014 - ANATEL - Analista Administrativo - Administração) Acerca do regime diferenciado de contratações públicas (RDC) e sua regulamentação, julgue o item. O RDC norteia-se, entre outros princípios, pelo princípio da economicidade, previsto constitucionalmente no tocante à fiscalização contábil, financeira e orçamentária da administração pública. Gabarito C Novamente, o avaliador enfatizou que há outros princípios. Ele não quis correr o risco de um eventual recurso que alegasse que: a) a questão dá a entender que não há outros princípios que norteiam o RDC; b) a questão dá a entender que a economicidade é o princípio mais importante. Exemplo 18 (CESPE - 2014 - ICMBIO - Analista Administrativo) Acerca do regime dos servidores públicos federais, julgue os itens de 23 a 25. O servidor em exercício nomeado para cargo de provimento efetivo está sujeito a estágio probatório pelo período de três anos, durante o qual serão avaliadas sua aptidão e sua capacidade para o desempenho do cargo, observando, entre outros fatores, a assiduidade e a responsabilidade a fim de adquirir estabilidade. Gabarito C Alguma dúvida? A cautela do avaliador indica que a questão é verdadeira. ATENÇÃO!! Apesar de não ser a regra, há algo bem frequente nessas questões. Repare que, normalmente, a expressão que indica cautela do avaliador começa com a palavra “entre”, veja: “entre outros fatores”, “entre outras causas”, “entre outras características” e outras similares. Exemplo 19 (CESPE - 2013 - ANCINE - Analista Administrativo - Área 1) Julgue os itens a seguir, acerca de processos e da gestão de projetos. Os impactos que a adoção da gestão de processos ocasiona em uma organização incluem a quebra dos silos e feudos da gestão corporativa tradicional. Gabarito C. A palavra “incluem” é uma forma implícita de dizer “entre outros impactos”. Guarde com carinho essas dicas: uso da palavra “entre” e “incluem” evidenciam uma busca por proteger a questão de possíveis recursos. Portanto, a presença das expressões mencionadas, bem como de outras que também demonstrem esse tipo de cautela do avaliador em “proteger” a questão, como explicamos, torna muito provável que ela seja verdadeira. 2º- Princípio do “politicamente correto” OU Princípio do “fica difícil negar” Algumas vezes, mesmo sem saber profundamente uma determinada lei ou posição doutrinária, é possível identificarmos indícios de que a questão seja verdadeira. Quando o avaliador, por exemplo, expõe uma assertiva dita politicamente correta, é muito provável que esta questão seja verdadeira porque, dificilmente, a legislação ou a doutrina diria o oposto. Esse princípio está fundamentado na tese de que o direito posto (legislações em geral) é criado sobre uma base lógica e um senso comum que orienta a vida em sociedade. Esse princípio está fundamentado na tese de que o direito posto (legislações em geral) é criado sobre uma base lógica e um senso comum que orienta a vida em sociedade. Exemplo 20 (CESPE – 2014 – SUFRAMA – Analista Técnico – Administrativo) Julgue os itens subsequentes, relativos à gestão pública. Relações éticas, conformidade com suas dimensões, transparência e prestação responsáveis de contas são princípios associados à governança pública. Gabarito C Mesmo que você não saiba quais são os princípios associados à governança pública ou o que os principais autores do tema dizem a respeito, não é difícil responder a uma questão como essa. Pense sobre os princípios apresentados: - relações éticas; - conformidade com suas dimensões; - transparência; - prestação de contas. Alguma dúvida de que esses princípios seriam importantes para a administração pública? Dificilmente, o avaliador encontraria um princípio importante para a administração pública que não tivesse associado com a governança pública (nem que fosse de forma indireta). Logo, questões com essa característica provavelmente são verdadeiras. Exemplo 21 (CESPE - 2014 - SUFRAMA - Analista Técnico - Administrativo) Julgue os itens subsequentes, relativos à gestão pública. Uma forma de promover a transparência na administração pública consiste no investimento e na profissionalização dos serviços públicos. Gabarito C Mesmo sem ter lido algo sobre o que seria importante para promover a transparência, também não é difícil responder a essa questão. Reflita sobre: - investimento; - profissionalização dos serviços públicos. Alguma dúvida de que ambos são importantes para administração pública? Seriam, portanto, importantes para fortalecer os princípios da administração pública, incluindo também o princípio da transparência. Ficaria muito difícil o avaliador elaborar uma questão deste tipo que fosse falsa. O que poderia ser importante para a administração pública e, ao mesmo tempo, prejudicial para os princípios que ela defende? Logo, o mais provável é que questões deste tipo sejam verdadeiras. Exemplo 22 (CESPE - 2014 - SUFRAMA - Analista Técnico - Administrativo) Julgue os itens subsecutivos, relativos às políticas públicas. Ao planejar uma política pública, devem estar claros seu objeto e seus mecanismos de planejamento e de avaliação. Gabarito C Um candidato com conhecimento superficial sobre Políticas Públicas teria condição de responder essa questão? Com certeza. Diríamos até que aquele candidato que não conhece nada sobre o tema, caso refletisse um pouco sobre o assunto, seria capaz de marcar essa questão como verdadeira. Mais uma vez, destaco aqui a sequência lógica utilizada para chegar à conclusão de que a questão é verdadeira, analisando-se os termos chaves da assertiva: - claro o objeto (da política pública); - mecanismos de planejamento; - mecanismos de avaliação. Em que situação alguma das ideias mencionadas não seriam importantes para a administração pública? Se for importante para administração pública, provavelmente será importante para as políticas públicas. Pelo Princípio do “politicamente correto” ou Princípio do “fica difícil negar”, concluímos que é pouco provável que o avaliador conseguisse elaborar uma questão desse tipo como falsa. Exemplo 23 Julgue os itens a seguir, relativos à gestão da qualidade. (CESPE - 2014 - Polícia Federal - Administrador) A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), por meio do modelo de excelência da gestão (MEG), ressalta a importância do pensamento sistêmico e do aprendizado organizacional como caminhos para a obtenção de resultados qualitativos nas organizações. Gabarito C Com base em tudo que vimos até agora, mesmo que você não saiba o que a Fundação Nacional da Qualidade diz sobre resultados nas organizações, te pergunto: você teria condição de responder a essa questão? Estou certo que sim. Você seria capaz não só de respondê-la como acertá-la. Vejamos: a) pensamento sistêmico (visão do todo, como um sistema completo); b) aprendizado organizacional. Alguma dúvida de que essas ideias são importantes para uma organização e de que são importantes para melhoria dos resultados? De que forma um avaliador poderia elaborar uma questão deste tipo que fosse falsa? Quando “fica difícil negar a questão” ela, na maioria das vezes, será verdadeira. Exemplo 24 (CESPE - 2014 - Polícia Federal - Administrador) Em relação ao orçamento público no Brasil, julgue os próximos itens. A contextualização do programa temático no âmbito do plano plurianual deve incluir a interpretação completa e objetiva da temática tratada, as oportunidades e os desafios associados, os contornos regionais que a política pública deverá assumir e as transformações que se deseja realizar. Gabarito C A questão relaciona “contextualização do programa temático” com os seguintes pontos: a) interpretação completa e objetiva; b) oportunidades; c) desafios; d) contornos regionais; e) transformações a realizar. Esses pontos seriam importantes em um programa de governo? Com certeza. Não é necessário um estudo profundo para identificar que esses pontos elencados na questão são importantes para que o Estado formule, adequadamente, os programas de governo. Seria difícil para o avaliador identificar pontos importantes
Compartilhar