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CAPÍTULO 4

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Capítulo 4
Um dos grandes desafios hoje enfrentado pelas organizações é de alcançar soluções capazes
de harmonizar o plano econômico, ambiental e social. Uma das ferramentas empregadas para tanto
é a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental. As premissas básicas que se buscam neste
capítulo são entender um método e identificar de que forma as empresas adotam um sistema de
Gestão Ambiental.
Objetivos de aprendizagem
1. Entender o que é o sistema de gestão ambiental.
2. Identificar quais são as Normas ISO 14000.
3. Conhecer de que forma as empresas fazem a implantação de sistemas de gestão
Ambiental (SGA) segundo a norma NBR ISO 14001.
4. Entender o que é a rotulagem ambiental e de que forma é empregada.
A gestão ambiental nas empresas
A gestão ambiental está se tornando uma tendência mundial, onde as empresas buscam,
além de trabalhar a questão ambiental, desenvolver também o lado da responsabilidade social. O
desafio hoje enfrentado pelas organizações é de alcançar soluções capazes de harmonizar o plano
econômico, ambiental e social.
A empresa que passa a preocupar-se com as questões ambientais assume a sua interferência
sobre o meio ambiente e, ao mesmo tempo, busca formas para minimizar os efeitos da poluição.
Donaire (1999, p. 50) coloca que as organizações deverão, de maneira acentuada, incorporar a
variável ambiental na tomada de decisão, além de manter uma postura responsável em relação à
questão ambiental. O autor descreve dez passos necessários para uma empresa atingir a excelência
ambiental:
Desenvolver e publicar uma política ambiental.1.
Estabelecer metas e avaliar os ganhos.2.
Definir claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal
administrativo.
3.
Divulgar interna e externamente a política, os objetivos, as metas e as
responsabilidades.
4.
Obter recursos adequados.5.
Educar e treinar os colaboradores e informar os consumidores e a comunidade.6.
Acompanhar a situação ambiental da empresa e fazer auditorias e relatórios.7.
Acompanhar a evolução da discussão sobre a questão ambiental.8.
Contribuir para os programas ambientais da comunidade e investir em pesquisa e
desenvolvimento aplicados à área ambiental.
9.
. Ajudar a conciliar os diferentes interesses existentes entre os envolvidos: empresa,
consumidores, comunidade, acionistas etc.
10.
Os objetivos inerentes a um gerenciamento ambiental adequado nas empresas evidentemente
devem estar em consonância com o conjunto das atividades empresariais. Para Seiffert (2005), os
objetivos não podem e nem devem ser vistos como políticas isoladas, devem integrar-se na cultura
das organizações.
A crescente utilização das normas de qualidade da ISO Série 9000 nas relações comerciais
internacionais não deixa dúvidas quanto à necessidade das empresas de se adaptar aos novos
tempos. Publicada em 1987, a ISO Série 9000 conta hoje cerca de milhares de empresas
certificadas em todo o mundo. O rápido crescimento do número de empresas certificadas mostra o
grau de importância da implantação de procedimentos gerenciais que garantam a qualidade através
de normas técnicas internacionais voluntárias.
Para Seiffert (2005), a aquisição do “PASSAPORTE" internacional de gestão da qualidade
passou a ser indispensável para a entrada ou manutenção de mercados para muitos setores
industriais. A difusão dessas normas técnicas acabou por uniformizar a linguagem entre clientes e
fornecedores. Assim, o mercado, cada vez mais competitivo e globalizado, ganhou agilidade e
versatilidade nos negócios e relações comerciais.
Para Cajazeira e Barbieri (2005), o momento atual pode ser denominado de era da
normalização internacional. Pode-se estabelecer o ano de 1979 quando a British Standard Institution
(BSI) criou a norma de qualidade BS 5750. Vários países seguiram o exemplo da BSI criando um
problema para as empresas exportadoras de um mesmo produto para diferentes países, resultante
da necessidade de atender normas diferentes. A presença de diferentes normas sobre um mesmo
assunto cria problemas para a circulação de produtos e serviços em termos internacionais e é um
dos modos de criar barreiras técnicas ao comércio. Por isso, não tardou muito para que a
International Organization for Standardization (ISO) criasse o Comitê Técnico 176 para tratar desse
assunto, resultando a série de normas sobre qualidade ISO 9.000.
Por outro lado, o processo de globalização das relações econômicas impulsionou o
comprometimento das empresas com a questão ambiental, através da adoção de Sistemas de
Gestão Ambiental (SGA). Este Sistema vem ao encontro da necessidade das empresas de adotarem
práticas gerenciais adequadas às exigências da legislação e do mercado. Esses procedimentos de
gestão ambiental foram padronizados em nível mundial, com o objetivo de definir critérios e
exigências que garantam que as empresas atendam a esses critérios, segundo as normas da ISO
14.000.
Todas as normas da gestão têm como base o ciclo PDCA, criado na década de 1930 por
Walter A. Shewart para efeito da gestão da qualidade e que passou a ser utilizado para outros
propósitos tornando-se uma espécie de modelo padrão de gestão para implementar qualquer
melhoria de modo sistemático e contínuo. (Cajazeira e Barbieri, 2005)
O ciclo PDCA é um método de gestão que representa o caminho a ser seguido para que as
metas estabelecidas sejam atingidas. Também é conhecido por ciclo de Shewhart, que foi o
idealizador do conceito; entretanto, Deming foi aquele responsável pelo seu desenvolvimento. O
ciclo PDCA (figura 1) pode ser empregado como um método gerencial para promover a melhoria
contínua. As 4 fases do PDCA são (Vieira, 2003):
1. Plan: planejar - Nesta etapa são definidas as metas que se desejam atingir,
geralmente, anuais. As metas devem relevar pontos importantes como as tendências de
mercado, os fornecedores, a situação política do país e do mundo. Após definidas as
metas, devem-se buscar os meios e os procedimentos para alcançá-las.
2. Do: fazer - Aqui todos os envolvidos com as ações são treinados nos procedimentos
que têm como base as metas estabelecidas, realizam as atividades e colhem dados,
para a fase de verificação. É a fase de implantação do planejamento.
3. Check: verificar - Esta é uma etapa puramente gerencial, verificando se as ações
executadas estão de acordo com as metas estabelecidas. Os dados utilizados são
aqueles coletados na etapa anterior, que são analisados e comparados com o planejado
(fase planejar). Normalmente, são empregadas as ferramentas da qualidade.
4. Action: agir - Nesta etapa, a atuação é corretiva, ou seja, caso a operação realizada
não esteja de acordo com o planejado, deve-se atuar corretivamente através de planos
de ação para correção de rumo visando a meta estabelecida. 
Ciclo PDCA
A melhoria contínua é feita a partir do momento em que as metas estabelecidas sejam
atingidas. Neste caso, deve-se voltar à fase 1 (planejar) e revisar as metas já atingidas traçando
novos desafios, procedimentos etc.
O objetivo da ISO é desenvolver a normalização e atividades relacionadas para facilitar as
trocas de bens e serviços no mercado internacional e a cooperação entre os países nas esferas
científicas, tecnológicas e produtivas. O movimento da ISO em relação à normalização de sistemas
gerenciais, inicialmente na área da qualidade e depois meio ambiente, é notável porque marca uma
alteração no foco organizacional mudando das normas técnicas da engenharia para normas que
possuem grande impacto e implicações para a sociedade e políticas públicas. (MORRISON et al,
2000).
Na segunda metade dos anos 90, iniciou-se um novo movimento: as normas de sistemas de
gestão ambiental, a Série ISO 14000. Apesar de abordagens diferentes, as normas técnicas de
sistemas de gestão ambiental compartilham dos mesmos princípios dos sistemas de gestão da
qualidade. Antes mesmo de pronta, a ISO Série14000 já acompanha a tendência da ISO Série
9000, passando a se tornar como a última, uma exigência de mercado, principalmente para
exportação.
Assim, o desenvolvimento de normas de sistemas de gestão ambiental para serviços,
processos e produtos associa dois movimentos de extrema importância nos anos 90. 0 primeiro
relaciona-se à grande disseminação dos sistemas de gestão da qualidade e a conceitos de controle e
qualidade total. Com um sistema de qualidade implantado, fica mais fácil a introdução de um
sistema de gestão ambiental, porque as normas têm estruturas bastante similares.
O segundo movimento diz respeito ao crescimento das organizações não governamentais,
agências e partidos políticos em torno das questões ambientais. As pressões sobre as atividades
produtivas passam a se dar com maior força e de maneira organizada. Não basta um produto com
qualidade assegurada, mas cresce a exigência de que ele seja ambientalmente sadio. A qualidade
ambiental passa a englobar a confiabilidade do produto e um meio ambiente saudável.
As normas de sistemas de gestão ambiental podem ser aplicadas em qualquer atividade
econômica, fabril ou prestadora de serviços, e, em especial, naquelas cujo funcionamento ofereça
risco ou gere efeitos danosos ao meio ambiente. Conforme D’Avignon (1995) os negócios são
influenciados pelas normas ambientais de diferentes formas:
As relações comerciais são facilitadas - Os clientes passam a exigir comprovação de seus
fornecedores de que o meio ambiente não está sendo agredido ou degradado por suas
operações.
Redução de riscos - Quando o controle da atividade produtiva em relação ao meio ambiente
não é adequado, maiores são os riscos de ocorrência de acidentes. As conseqüências são:
Para a empresa ocorre: perda de imagem, perda de reputação, .perda de mercado, ações
do poder público, queixas e reclamações e desperdícios.
Para o cliente: falta de segurança; falta de confiabilidade; danos à saúde; problemas
ambientais em geral (poluição do ar, solo, auditiva, visual, hídrica); Queixas e reclamações.
Para o meio ambiente: aumento da poluição; esgotamento de recursos naturais; mudanças
no ecossistema; reclamações permanentes das comunidades afetadas.
Para os funcionários: maior possibilidade de ocorrência de acidentes no trabalho; falta de
condições de controle dos processos: maior possibilidade de deterioração da
saúde;desperdício; falta de comprometimento no ambiente de trabalho.
Portanto, as normas ambientais (ISO 14000), através do SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL –
SGA, servem para garantir que os serviços ou processos produtivos de uma organização sejam
compatíveis com o meio ambiente, ou seja, sejam sustentáveis. Os autores D’Avignon (1995) e
Donaire (1999) listam os benefícios com a implantação de um SGA , conforme quadro abaixo:
Empresa Cliente Meio Ambiente
• criação de uma
imagem "verde";
• acesso a novos
mercados; 
• conservação de
energia;
• racionalização de
atividade;
• menor risco de
sanções do Poder
Público;
• maior economia.
• confiabilidade na
sustentabilidade do
produto;
• acompanhamento da
vida útil do produto;
• cuidados com a
disposição final do
produto;
• incentivo à reciclagem,
dependendo do caso.
• racionalização do uso
das
• matérias-primas e
outros insumos;
• conservação dos
recursos naturais;
• diminuição e controle
de poluentes; 
• harmonização da
atividade com o
ecossistema.
A Normas ISO 14000
O British Standards Institution iniciou a criação de norma sobre Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) no final dos anos 1980s, resultando daí a BS 7750 em 1992. Em 1992 foi criado um grupo de
assessoria denominado Strategic Advisory Group on the Environment (SAGE) para estudar as
questões decorrentes da diversidade crescente de normas ambientais e seus impactos sobre o
comércio internacional. O SAGE recomendou a criação de um comitê específico para a elaboração de
normas sobre gestão ambiental, o Comitê Técnico 207 (TC 207). Em 1996 são editadas as primeiras
normas sobre gestão ambiental a cargo do Subcomitê 1 (SC1): a ISO 14.001 e 14.004, ambas
sobre Sistema de Gestão Ambiental - SGA. Desde então outras foram editadas sobre outros tópicos
da gestão, tais como, auditoria ambiental, rotulagem ambiental, avaliação do ciclo do produto etc.
Essas normas que em abril de 2004 eram 25 formam um sistema de normas, de acordo com um
ciclo PDCA ampliado, como mostra a Figura 1. O núcleo desse ciclo é a ISO 14.001 (o círculo azul na
Figura 1), uma norma também concebida como um ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). (Cajazeira e
Barbieri, 2005)
Modelo ISO 14001 e suas correlações com as demais normas
da série 14000
Fonte: Cajazeira e Barbieri, 2005, p. 6
As normas citadas na Figura 2 são autônomas, podendo ser implementadas de modo isolado.
Porém há uma expectativa de que os melhores resultados venham a ser obtidos na medida em que
as normas sejam usadas de modo articulado, como será mostrado a seguir em relação à
implantação e manutenção de um SGA com base na ISO 14001 e ISO 14004. A norma ISO 14004
não é um guia para a ISO 14001, é um guia para um sistema de gerenciamento ambiental genérico
e, portanto, mais abrangente que os próprios requisitos da ISO 14001. (Cajazeira e Barbieri , 2005)
Os objetivos a que se destinam as normas da série ISO 14000 levaram ao surgimento de
diferentes formas na sua aplicação. Assim, as normas desta série se agrupam em dois enfoques
básicos: organização e produto
O enfoque produto é constituído dos grupos de normas (Seiffert, 2005):
a) Avaliação de ciclo de vida (ISO 14040, ISO 14041, ISO 14042,
ISO 14043, ISO/CD 14048, ISO/TR 14049): Estabelece a sistemática
para realização da avaliação de ciclo de vida de produto. Essa avaliação é
realizada considerando a abordagem do berço ao túmulo, ou seja, tudo o
que entra no processo produtivo, desde energia, água, matéria-prima,
insumos etc., até a fase de descarte do produto e suas implicações
ambientais.
b) Rotulagem ambiental (ISO 14020:1998; ISO 14021; ISO 14024 e
ISO/TR 14025). Estas normas estabelecem diferentes escopos para a
concessão de selos ambientais; diferentemente da ISO 14001, não
certificam processo e sim linhas de produto que devem apresentar
características específicas, tomando como base critérios estruturais
tecnicamente válidos.
A série ISO 14000 : normas de gestão ambiental.
Fonte: Seiffert, 2005, p. 29.
c) Aspectos ambientais em normas de produtos (ISO/14060): Visam
orientar os elaboradores de normas de produtos buscando a especificação
de critérios que reduzam os efeitos ambientais advindos dos componentes.
Embora todas essas normas forneçam uma base conceitual e estrutural importante para a
implantação da ISO 14001 e posterior certificação, exclusivamente os requisitos da norma ISO
14001 são indispensáveis e auditados para a obtenção de uma certificação de SGA. Portanto, a ISO
14001 é empregada como um instrumento para a gestão ambiental.
Sendo assim, é conveniente procurar entender como esta norma atua para levar à
implantação de um sistema de gestão ambiental nas organizações, o que será feito a seguir.
Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA) segundo a norma NBR ISO 14001
Um sistema de gestão ambiental pode ser definido como um conjunto de procedimentos para
gerir ou administrar uma empresa, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio
ambiente.
Assim, o sistema de gestão ambiental apresenta-se como um processo estruturado que
possibilita a melhoria contínua, num ritmo estabelecido pela organização de acordo com suas
circunstâncias, inclusive econômicas.
Para implantar um sistema de gestão ambiental numa organização é necessário seguir um
roteiro que, no caso, é a norma escolhida. De maneira geral, as normas de sistemas de gestão se
assemelham. As diferenças normalmente aparecem na abrangência ou no detalhamento. O modelo
que será detalhado é o estabelecido na ISO14001, que estabelece as especificações e os elementos
de como se deve implementar um sistema de gestão ambiental.
Frente à questão da implantação de sistemas de gestão ambiental, a norma da série ISO
14001 tem-se apresentado como um novo elemento no panorama gerencial das organizações.
Dentro da lógica gerencial, há razões estratégicas para que as empresas adotem a ISO 14001. O
papel estratégico da ISO 14001 resulta da própria forma com que ela foi estruturada. Isso acaba
evidenciando-se através da Norma ISO 14004, a qual estabelece os princípios de um sistema de
gestão ambiental (NBR ISO 14004, 1996):
Política ambiental - comprometimento da alta administração, realização de
avaliação ambiental inicial e o estabelecimento de uma política ambiental;
1.
Planejamento - formulação de um plano para o cumprimento da política
ambiental, através da identificação de aspectos ambientais e avaliação dos
impactos ambientais correlatos, caracterização dos requisitos legais envolvidos,
definição de critérios internos de desempenho, estabelecimento de objetivos e
metas ambientais e um Programa de Gestão Ambiental (PGA);
2.
Implantação e operação - criação e capacitação de mecanismos de apoio à
política, objetivos e metas ambientais. Isso ocorrerá através da capacitação e
aporte de recursos humanos, físicos e financeiros, harmonização do sistema de
gestão ambiental, estabelecimento de responsabilidade técnica e pessoal,
conscientização ambiental e motivação, desenvolvimento de conhecimentos,
habilidades e atitudes. Além disso, ações que apóiem comunicação e relato,
documentação do sistema de gestão ambiental, controle operacional, preparação
e atendimento de emergências;
3.
Verificação e ação corretiva - trata-se da medição e monitoramento do
desempenho ambiental, possibilitando ações corretivas e preventivas, além de
registros do sistema de gestão ambiental e gestão da informação;
4.
Revisão pela Gerência - envolve a modificação do sistema com o fim de
alcançar a melhora contínua de seu desempenho, através de sua análise crítica.
5.
O Desenvolvimento de um plano de Gestão Ambiental serve, fundamentalmente, para
orientar a implementação de uma atividade estratégica, visando evitar alguns fatores de risco, que
podem levar à falência do sistema. É um instrumento que visa estruturar as principais concepções e
alternativas para uma análise correta, proporcionando uma avaliação antes de colocar em prática a
nova idéia, reduzindo, assim, as possibilidades de se desperdiçarem recursos e esforços em uma
Gestão inviável. Entretanto, o plano de Gestão Ambiental não é nenhuma receita de bolo, nem
mesmo garantia de sucesso. A técnica em si não basta, mas sem ela os riscos de fracasso
aumentam.
O Planejamento adequado a partir de um diagnóstico da situação ambiental da
organização, com a identificação de impactos, prioridade em sua solução,
estabelecimento de metas e preparação de um plano de ação, atribuição de recursos,
após uma análise econômico-financeira, é um dos fatores indispensáveis para a
organização de um SGA.
É importante definir o significado de Objetivos e Metas Ambientais. Segundo a ISO 14001
temos as seguintes definições:
Objetivo ambiental - propósito ambiental global, decorrente da política
ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificado
sempre que exeqüível.
Meta ambiental - requisito de desempenho detalhado, quantificado sempre
que exeqüível, aplicável à organização ou partes dela, resultante dos
objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que
tais objetivos sejam atingidos.
 
Fase do Planejamento
Segundo Seiffert (2005), na fase de planejamento, o primeiro passo é a estruturação de um
cadastro de requisitos legais, no qual deve constar toda a regulamentação ambiental pertinente à
organização e que serve como base para a avaliação de significância dos impactos ambientais. Após
a identificação dos aspectos ambientais, realiza-se a sua caracterização quanto à situação
operacional em questão a partir da qual se realiza uma verificação de importância. O processo
seguinte, a avaliação de significância dos impactos ambientais, é fundamental, pois serve como
base para o desenvolvimento da política ambiental e delimita os passos necessários para a
elaboração dos programas de gestão ambiental.
Através da etapa de planejamento serão definidos que aspectos ambientais serão
gerenciados dentro do SGA e qual o nível de gerenciamento em questão através: da elaboração
de controles operacionais, da realização de monitoramentos e medições, do estabelecimento de
objetivos e metas e/ou da elaboração de planos de atendimento à situação de emergência.
a) Requisitos legais e outros requisitos
De acordo com Seiffert (2005), este subsistema envolve as determinantes legais relacionadas
à questão ambiental na implantação do SGA. Como determina a norma ISO 14001, "a organização
deve estabelecer e manter procedimento para identificar e ter acesso à legislação e outros requisitos
por ela subscritos aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos e serviços".
Por sua vez, a norma ISO 14004 sugere uma série de questionamentos que apoiarão a
empresa no momento da concepção deste
1. Como a organização acessa e identifica os requisitos legais e outros
requisitos aplicáveis?
2. Como a organização acompanha os requisitos legais e outros requisitos?
3. Como a organização acompanha as alterações de requisitos legais e
outros requisitos?
4. Como a organização comunica informações pertinentes ao seu pessoal,
no tocante aos requisitos legais e outros requisitos?
A discussão em torno dessas questões permite identificar fontes de dados e informações, bem
como estabelecer a forma com que elas serão processadas e resultarão em informações para os
outros subsistemas do SGA. Trata-se de um subsistema que deve atuar no sentido de identificar,
caracterizar e coletar as informações constantes dos requisitos legais, disseminando-as entre os
agentes responsáveis e interessados envolvidos com o SGA.
Apesar da aparente simplicidade deste subsistema, ele é de grande importância para o SGA,
pois lida com determinantes muito objetivos que podem representar um sério entrave não só ao
bom andamento da gestão ambiental na organização, como também ao seu próprio funcionamento.
Desta forma, a sua estruturação deve merecer toda a atenção, principalmente no que tange à
responsabilização dos agentes encarregados da operacionalização do mesmo.
Com relação aos agentes que seriam os protagonistas deste subsistema, recomenda-se que
deve existir nas empresas um setor (pequeno), dentro da área jurídica ou ambiental, que seria
responsável pela identificação de todas as leis e regulamentos ambientais aplicáveis à sua atividade.
b) Estruturação do cadastro de requisitos legais e outros requisitos
Quando a empresa inicia a implantação de um SGA, passa a ser obrigada a identificar e
manter atualizado um cadastro de requisitos legais aplicáveis a suas atividades, produtos e
serviços. Este cadastro de requisitos legais deve conter itens legais ambientais identificados nos
níveis municipais, estaduais, federais e internacionais, bem como códigos industriais, normas
voluntárias e compromissos ambientais assinados em contrato, que tenham qualquer relação com
as atividades, produtos ou serviços da organização. Além disso, o material produzido deve ser
mantido e atualizado constantemente e comunicado aos setores da empresa que tenham relação
com os aspectos ambientais, sendo a comunicação feita por escrito e os documentos guardados de
forma centralizada para garantir sua atualização.
Além de identificar os itens legais aos quais estão associados seus aspectos/impactos
ambientais, é necessária a identificação dos demais requisitos subscritos pela organização, os quais
podem incluir a Carta da Câmara Internacional do Comércio (Desenvolvimento Sustentável)ou
acordos com empresas e/ou prefeituras locais como, por exemplo, recuperar um determinado rio ou
floresta. A definição de outros requisitos também incluiria Seiffert (2005):
1. códigos de boas práticas da indústria (atuação responsável);
2. normas e políticas corporativas;
3. normas internacionais (ISO, EMAS etc.);
4. códigos privados (ANSY, ASME etc.);
5. acordos entre empresas parceiras;
6. acordos com autoridades públicas (associadas à proteção ambiental).
c) Identificação de aspectos e avaliação de impactos ambientais
Os conceitos de aspecto e impacto ambiental estão explicitados na norma ISO 14004:
• Aspecto ambiental é um "elemento das atividades, produtos ou serviços de uma
organização que pode interagir com o meio ambiente". São exemplos de aspectos
ambientais relacionados ao produto: consumo de matéria-prima e insumos de
produção, consumo de água, de energia, descarte de resíduos sólidos, emissão de
efluentes, produção de emissões atmosféricas específicas. Também pode envolver uma
descarga, uma emissão, consumo ou reutilização de um material, ou ruído. Pode ser
classificado em:
- aspecto direto: resultante de atividade desenvolvida por uma atividade;
- aspecto indireto: resultante de atividade de terceiros sobre os quais
pode-se esperar que um projeto venha ter alguma influência.
• Impacto ambiental é definido como "qualquer modificação do meio ambiente,
adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou
serviços de uma organização". Por exemplo, poluição ou contaminação da água,
esgotamento de recursos naturais ou poluição do ar, em conseqüência de uma atividade
humana ou natural.
Ou seja, aspecto e impacto ambiental guardam entre si uma relação direta de causa e efeito.
A identificação dos aspectos ambientais associados a atividades, processos e produtos é uma das
etapas mais importantes da implementação de um SGA. A adequada implementação deste
subsistema é particularmente crítica para a implantação do SGA, porque determinará a sua
abrangência e robustez.
Embora existam abordagens distintas adotadas por especialistas para a realização do
levantamento de aspectos/impactos ambientais, é fundamental que este seja realizado por pessoal
do quadro funcional da organização que está implantando o SGA, de tal modo que a equipe
designada para sua realização seja constituída por representantes de cada um de seus
departamentos ou áreas da organização. Esta abordagem oferece uma série de vantagens, tais
como (Seiffert, 2005):
1. conscientização e comprometimento dos participantes;
2. proposição de medidas mitigadoras mais criativas e imediatas;
3. identificação dos aspectos em todos os níveis e funções;
4. risco menor de que algum aspecto/impacto passe despercebido.
A identificação dos aspectos ambientais e da análise dos impactos associados é importante
como uma primeira grande oportunidade de envolvimento de todos os setores da empresa com o
SGA em implantação.
Para identificação de aspectos ambientais, a norma ISO 14004 aponta uma série de
questionamentos sistemáticos que devem ser feitos pela empresa; são eles:
As atividades, produtos ou serviços da organização geram impactos ambientais
adversos significativos?
1.
A organização tem um procedimento para avaliar os impactos ambientais de novos
projetos?
2.
A localização da organização exige considerações ambientais especiais?3.
De que forma as modificações ou acréscimos pretendidos nas atividades, produtos ou
serviços afetarão os aspectos ambientais e seus impactos associados?
4.
Quão significativos ou severos são os impactos ambientais potenciais, se ocorrer uma
falha no processo?
5.
Com que freqüência uma situação que leve a um impacto poderá ocorrer?6.
Quais são os aspectos ambientais significativos, levando-se em consideração os
impactos, a probabilidade, a severidade e a freqüência?
7.
Os impactos ambientais significativos são de abrangência local, regional ou global?8.
A forma como esses requisitos são atendidos dentro da metodologia desenvolvida pela
organização para a realização deste levantamento é muito importante, pois irá determinar a
efetividade do levantamento realizado e evitará a necessidade de re-trabalho.
Seiffert (2005) relata que os aspectos ambientais necessitam ser considerados quanto a sua
temporalidade, que vem a indicar o período de ocorrência do processo, atividade ou operação
causadora do impacto ambiental. A autora propõe um modelo para a identificação de aspectos
ambientais em função da temporalidade, conforme quadro 1 e 2 e 3.
Temporalidade decorrente de aspectos/impactos ambientais (Seiffert, p. 104)
Temporalidade Descrição Exemplo
Passada (P)
Impacto ambiental identificado no presente, mas
que foi causado por atividade desenvolvida no
passado.
Área de solo
contaminado por
óleo.
Atual (A) Impacto ambiental decorrente de atividade atual.
Lançamento de
efluentes.
Futura (F)
Impacto ambiental previsto, decorrente de
futuras alterações de processo, aquisições de
novos equipamentos, introdução de novas
tecnologias.
Ampliação de
ETE.
A partir deste momento, a metodologia passa a ser desdobrada em três procedimentos
diferentes. O primeiro e o segundo são utilizados para levantamento de aspectos/impactos ocorridos
no passado, que estão associados a passivos ambientais e incidentes/acidentes ambientais,
conforme os Quadros 1 e 2.
 
Metodologia para levantamento de práticas ambientais passadas.
(Seiffert, p. 105)
O quadro 3 é usado para realização de levantamentos em situações em que os
aspectos/impactos apresentem temporalidade atual e futura. Nesses dois levantamentos busca-se
obter um histórico dos impactos ambientais da organização. São fornecidos subsídios,
principalmente para a avaliação de risco ambiental associada principalmente à probabilidade, uma
vez que aquelas situações de emergência detectadas no passado, caso as condições se mantiverem
inalteradas, tenderão a se repetir no futuro. Esses levantamentos representam informações que
complementarão a avaliação de aspectos/impactos para situações atuais.
Metodologia para levantamento de acidentes e incidentes
ambientais. (Seiffert, p. 105)
* Vazamento, derramamento, incêndio, explosão,
O exame de todos esses itens deve ser realizado de forma sistemática, considerando
principalmente a perspectiva da organização. A norma IS0 14004 (ABNT, 1996b) apresenta uma
série de etapas para realização desse processo:
1. seleção de uma atividade, produto ou serviço: O elemento que for
abordado deve ser grande o bastante para que seu exame seja significativo
e pequeno o suficiente para que seja adequadamente entendido;
2. identificação de aspectos ambientais da atividade, produto ou
serviço: caracterizar o maior número possível de aspectos associados;
3. identificação de impactos ambientais: listar o maior número possível
de impactos reais e potenciais, positivos e negativos, associados a cada
aspecto identificado;
4. avaliação da importância dos impactos: o grau de importância varia
entre as organizações, sendo que a quantificação pode ajudar nos
julgamentos. Pode auxiliar igualmente este processo uma abordagem que
faça considerações ambientais em termos de escala, severidade,
probabilidade de ocorrência e duração de ocorrência do impacto.
A identificação dos aspectos ambientais relativos a uma organização, bem como seus
respectivos impactos, é uma atividade que requer continuidade, não podendo desta forma ser
negligenciada pelos agentes envolvidos no gerenciamento ambiental. Desta forma, o subsistema
aspectos ambientais assume um importante papel no SGA. Ele fornece os elementos objetivos para
atuação do sistema, assinalando processos, produtos e serviços envolvidos na questão ambiental e
as conseqüências deste envolvimento.
d) Elaboração da política ambiental
Este subsistema relaciona-se ao estabelecimento de parâmetrosque orientem a gestão
ambiental na organização. A política de uma organização é entendida como um conjunto de
intenções sobre determinado assunto. As intenções são estabelecidas pelos níveis hierárquicos mais
elevados, resultando numa série de medidas mediadas concretas, as quais irão orientar condutas
gerenciais, fixando desta forma princípios que servem de orientação para o coletivo organizacional
(MOURA, 2000).
Segundo a norma ISO 14004, a política ambiental serve para estabelecer um senso geral de
orientação, fixando os princípios organizacionais de ação (ABNT, 1996b). Ainda de acordo com a
norma, é recomendado que uma política ambiental, para ser estabelecida, considere as seguintes
questões:
a missão, a visão, os valores e as crenças da organização;1.
os requisitos das partes interessadas e o processo de comunicação com elas;2.
a melhoria contínua;3.
a prevenção da poluição;4.
os princípios orientadores;5.
a coordenação com as demais políticas da organização, tais como: qualidade, saúde
ocupacional e segurança no trabalho;
6.
as condições locais ou regionais específicas;7.
a conformidade com os regulamentos, leis e demais critérios ambientais relacionados e
que foram estabelecidos pela organização.
8.
Ao considerar tais questões, a política ambiental assume um caráter sistêmico, pois passa a
se relacionar com uma multiplicidade de outros sistemas organizacionais, além daqueles que já
fazem parte do SGA.
Segundo Cajazeira (1998), a empresa Bahia Sul Celulose, na definição da sua política
ambiental, realizou uma pesquisa que procurou levantar as expectativas dos clientes, fornecedores,
acionistas, funcionários e comunidades vizinhas à fábrica que se relacionam ao cotidiano da
empresa. A pesquisa levantou as opiniões dos vários segmentos com relação aos seguintes
assuntos:
Comunidade: integração social, reconhecimento, impacto social, financeiro e ambiental.1.
Funcionários: comunicação, motivação, prevenção ambiental, preocupação com a
qualidade, aspectos sociais e econômicos.
2.
Fornecedores: critérios exigidos, preços praticados, sistema de comunicação, confiança
e parceria.
3.
Clientes: atendimento às necessidades, imagem ambiental, excelência como fornecedor,
confiança e parceria.
4.
Esta abordagem participativa, utilizada por Cajazeira (1998), é sem dúvida uma excelente
alternativa no sentido de evitar a elaboração de uma política ambiental pouco objetiva e totalmente
desvinculada dos interesses de stakeholders e stockholders. A documentação da política ambiental,
além de ser um item fundamental da ISO 14001, também é essencial ao processo de sua
implementação por representar uma série de vantagens, tais como:
Permitir a todos os integrantes da organização saber das intenções da alta chefia,
evitando a ocorrência de distorções comuns em comunicados verbais através dos
diferentes níveis hierárquicos.
1.
Possibilitar que as partes interessadas, principalmente externas, conheçam a política.2.
Estimular o processo de reflexão sobre a política ambiental, antes de formulá-la, o que
leva a maior comprometimento, bem como metas mais realistas e passíveis de serem
cumpridas.
3.
Evitar o surgimento de políticas informais, confeccionadas pelos níveis hierárquicos mais
baixos e que podem ser contraditórias com relação às intenções da alta administração.
4.
Permitir às auditorias ter um ponto de partida em relação aos itens a serem verificados.5.
Para Seiffert (2005), uma política ambiental deve conter três comprometimentos-chave que
podem ser considerados como os pilares de sustentação do SGA: atendimento à legislação,
prevenção da poluição e comprometimento com a melhoria contínua (figura 5). Isto não significa
que uma organização deva melhorar todo o seu desempenho ambiental, de uma só vez, mas que a
política deve orientar todos os esforços no sentido de aprimoramento contínuo de seu SGA.
Os três Pilares da Política
Ambiental.
A política ambiental deve ser definida pela alta administração da empresa e apropriada à
natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Aqui é importante
considerar que a política ambiental de uma empresa deve expressar um comprometimento com a
redução de seus impactos ambientais significativos e relevantes à sua operação. Além disso, as
diretrizes estabelecidas pela política devem ser evidenciáveis através de objetivos e metas
compatíveis e implantados através de Planos de Gestão Ambiental. Em decorrência disso, uma
política ambiental só pode ser completamente definida após a realização de um levantamento de
aspectos ambientais e uma avaliação de significância dos respectivos impactos.
O texto da política ambiental deve evidenciar o comprometimento com a melhoria
contínua e a prevenção da poluição, sendo que todo o seu conteúdo deve estar
evidenciado de alguma forma dentro da operação do SGA. Além disto, é recomendável que as
frases que constem na política reflitam a realidade atual da empresa. Devem-se evitar em seu
conteúdo certos tipos de frases que, embora possam, aparentemente, conferir mais impacto ao
texto, também podem conferir alto grau de generalismo e falta de objetividade. Expressões como as
que seguem podem comprometer a certificação de um SGA, sendo causa de uma não-conformidade
sistêmica (Seiffert, 2005):
a empresa buscar alcançar o desenvolvimento sustentável;1.
educar e treinar todos os funcionários, fornecedores e comunidades vizinhas;2.
atingir padrão de excelência mundial;3.
buscar o atendimento a todas as expectativas de nossos clientes;4.
utilizar a melhor tecnologia disponível;5.
atender à legislação e normas ambientais aplicáveis à atividade da empresa.6.
Veja um exemplo abaixo de uma política ambiental definida por Seiffert (2005, p.123). Os
itens inseridos na política ambiental são geralmente focos de referência para o estabelecimento de
objetivos, que por sua vez devem ser desdobrados em metas.
Nós, Pedrita de Rio Tavares/Florianópolis, atuando no segmento de mineração e
construção adotamos a gestão ambiental como um dos princípios do nosso
desempenho empresarial.
Esta política está sustentada nos seguintes propósitos:
Prevenção
Conduzir as atividades da empresa, levando em consideração o conceito de
prevenção.
Educação
Treinar, conscientizar e motivar nossos colaboradores para conduzir
nossas atividades de maneira ambientalmente responsável.
Desenvolvimento
Desenvolver processos enfatizando o conceito de melhoria contínua.
Recursos Naturais
Otimizar a extração de minério através de mecanismos de uso eficiente.
Inovação
Incorporar inovações tecnológicas viáveis que reduzam os impactos
ambientais significativos.
Transparência
Manter um diálogo aberto com as partes interessadas para troca de
informações, reconhecendo e respondendo às demandas pertinentes em
relação aos aspectos ambientais significativos da empresa.
Atendimento legal
Buscar o atendimento à legislação e às normas ambientais aplicáveis à
empresa.
Diretor Presidente
e) Elaborando os objetivos e as metas
Caracteriza-se por buscar a elaboração e manutenção de objetivos e metas claramente
definidos e mensuráveis. Os objetivos e as metas devem estar relacionados a cada nível e função
organizacional que guarde alguma relação com a questão ambiental, os quais devem ser pautados
pela política ambiental, estabelecendo desta forma a junção das diretrizes operacionais com
orientação geral dada à gestão ambiental. Esta vinculação deve buscar a criação de um
comprometimento da organização com o controle, a melhoria e a eliminação dos impactos
ambientais adversos.
Os objetivos e as metas servem de parâmetro às ações operacionais da organização. Isto
decorre do fato de que no âmbito da ISO 14001 são requeridas medições realizadas através do
SGA, como forma de demonstrar que os controles operacionais da organização são efetivos e estão
emconformidade com as metas e os objetivos ambientais. É importante que se tenha em mente, e
como pode ser observado na Figura 6, que existe um inter-relacionamento marcante entre este
subsistema e os subsistemas Programas de Gestão, Política Ambiental,
Aspectos/Impactos\ambientais e Requisitos Legais. (Seiffert, 2005, p. 125)
Estrutura Lógica para elaboração de
objetivos e metas. 
A elaboração de Objetivos e Metas pela organização e sua materialização através dos
Programas de Gestão Ambiental representam uma forma de gerenciamento de aspectos ambientais
significativos. Vejamos um exemplo:
Objetivo: Eliminação
de emissões de SO 4
Meta1: Desenvolvimento de projeto para a instalação de
lavadores de gases para emissões atmosféricas até agosto
de 2007.
Meta 2: Instalação de lavadores de gases até dezembro de
2007.
Como podem ser constatados, os objetivos e as metas como subsistema representam o
direcionamento concreto dado ao SGA no seu cotidiano; a partir deste direcionamento torna-se
necessária a sistematização de maneiras de alcançá-lo. Isso inclui liberação de recursos,
principalmente financeiros.
A partir dos objetivos e das metas estabelecidos, são selecionados os indicadores de
desempenho ambiental mais adequados para o acompanhamento de sua evolução, ou seja,
melhoria de desempenho ao longo do tempo.
Seiffert (2005) propõe uma metodologia para o atendimento desse requisito da ISO 14001,
conforme quadro 4. A autora define uma metodologia simplificada, mas que permite que os
objetivos ambientais e as respectivas metas, bem como os correspondentes programas de gestão
ambiental, possam ser adequadamente implementados e monitorados.
Estabelecimento de objetivos e metas do SGA (Seiffert,
2005,p.127)
Cada meta desdobrada a partir de um objetivo deve ser gerenciada através dos Programas de
Gestão Ambiental (PGA). Neste subsistema, são estabelecidos atribuições, responsabilidades,
indicadores e recursos para o alcance de metas e objetivos ambientais. O PGA deve detalhar as
ações que serão realizadas, indicando a pessoa responsável pelas mesmas, os recursos a serem
utilizados, o tempo em que devem ocorrer, sendo tudo interligado às metas e aos objetivos
estabelecidos para a gestão ambiental. Da mesma forma que a política ambiental, os objetivos e as
metas, uma versão preliminar de cada PGA deve ser elaborada no Workshop Estratégico. O
público-alvo para treinamento são os integrantes da alta administração da empresa, principalmente
presidente, vice-presidente, diretores e gerentes que apresentem atribuições estratégicas
associadas ao meio ambiente, como gerente de produção, qualidade e/ou saúde e segurança
ocupacional.
Seiffert (2005) propõe uma sistemática para monitoramento dos planos de gerenciamento
ambiental do SGA, conforme quadro 7, seguindo o mesmo método do subsistema de objetivos e
metas. Acrescenta-se um Cronograma de Execução para monitoramento bimestral de cada
programa em implantação, para acompanhamento pelo gerente responsável. Caso estes prazos não
sejam cumpridos e nenhuma providência seja tomada pela organização para sua adequação, ela
pode incorrer em sério risco de comprometer seu processo de certificação na data planejada.
Matriz de monitoramento de plano de gerenciamento ambiental (Seiffert,
2005, p.129)
Fase de Implantação e operação
A fase de implantação do SGA aborda as necessidades de comprometimento da alta direção
de uma empresa com o SGA, definindo responsabilidades, representantes, fazendo o treinamento
comunicando, documentando e controlando a implantação. Também envolve o controle operacional,
através da elaboração de um planejamento operacional, evidenciando a importância do controle dos
subcontratados e fornecedores no processo de geração de resíduos sólidos.
a) Estrutura e responsabilidade
A definição da estrutura e das responsabilidades relacionadas ao SGA encontra-se
diretamente relacionada à implementação e à operacionalização do sistema. A partir de seu
estabelecimento, torna-se possível seu desenvolvimento e continuidade da implantação do SGA.
Isso decorre do fato de que passa a existir uma definição de atribuições permanentes para os vários
sujeitos envolvidos, bem como a coordenação de seus esforços frente ao aparato desenvolvido para
a gestão ambiental na organização.
Um aspecto fundamental relacionado à estrutura de suporte ao SGA diz respeito à existência
de um setor que se ocuparia desta questão dentro da organização. As características deste setor são
as seguintes (Seiffert, 2005, p. 132):
1. possuir poucos profissionais especializados com dedicação integral. Além
das responsabilidades diretas, eles devem atuar como consultores junto a
outras áreas da organização;
2. forma de atuação frente aos problemas através de grupos de trabalho
que envolvam pessoas de outras áreas da organização, sendo conduzidos
por um integrante do setor ambiental;
3. os funcionários de outros setores, que componham os grupos de trabalho
ambientais, devem atuar em tempo parcial, ter papel de "facilitadores"
junto aos seus setores de origem, ser apoiados por seus chefes imediatos e
ser reconhecidos explicitamente pelas boas atuações (elogios, prêmios).
Este subsistema tem uma importância fundamental na medida em que assegura que todas as
funções hierárquicas organizacionais sejam identificadas e mobilizadas durante o processo de
implantação e operação do SGA.
Um aspecto considerado crítico neste processo é o comprometimento da alta
administração através da criteriosa escolha de um líder de implantação ou representante da alta
administração. Sua participação na definição da política ambiental, além dos objetivos e metas do
SGA, seu envolvimento direto no processo de implantação, assim como na análise crítica do SGA
associada às auditorias internas e externas é essencial.
A importância da alta administração reside basicamente no fato de prover ao SGA todos os
elementos necessários à sua implantação. Assim, para que um SGA seja funcional, a alta
administração deve assegurar que a organização seja capaz de atender aos requisitos de suas
normas (Seiffert, 2005), o que significa que esta deve:
1. Disponibilizar recursos.
2. Integrar o SGA com outros sistemas de gerenciamento.
3. Definir atribuições e responsabilidades.
4. Viabilizar o processo de motivação e conscientização ambiental.
5. Identificar os conhecimentos e habilidades necessárias.
6. Estabelecer processos para comunicação e relato.
7. Implementar controles operacionais necessários.
Portanto, o apoio e comprometimento efetivos dos níveis hierárquicos superiores, em termos
de recursos, pessoal, tempo e financeiros, é considerada um fator determinante para o sucesso do
SGA. Por outro lado, considera-se que, para atingir a integração do SGA em toda a organização, é
necessário que os gerentes assumam a responsabilidade por atingir objetivos e metas ambientais,
quer estes objetivos sejam definidos para atendimento de demanda regulamentar ou aumentando a
eficiência do uso de matérias-primas.
Para Moura (2004), as responsabilidades dos vários agentes perante o SGA, normalmente são
estabelecidas de forma genérica:
Presidência e diretoria da organização: definição da política ambiental,
acompanhamento das etapas de implantação do SGA, integração da gestão ambiental à
gestão organizacional, definição do processo de solução de conflitos entre objetivos e
metas ambientais frente a outros objetivos e prioridades da organização.
1.
Gerência ambiental: formação de equipes, direção do planejamento, implantação,
monitoramento e responsabilidade sobre a eficácia do SGA, verificação de conformidade
frente a leis e normas e a prestação de contas frente à diretoria da organização.
2.
Gerência de fábrica/processos: cumprimento das normas, verificação de conformidades
e apoio ao pessoal que tenha atribuições específicas.
3.
Diretoria comercial e de marketing:identificação de necessidades e expectativas dos
clientes com relação aos produtos da organização, ligadas a aspectos ambientais.
4.
Gerência de compras: identificação das expectativas de fornecedores e
encaminhamento de eventuais ações junto aos mesmos.
5.
Gerência financeira: utilização da contabilidade da organização para caracterizar os
custos ambientais inseridos nos seus produtos e serviços.
6.
Demais membros da organização: cumprimento das metas de melhoramento, conforme
instruções específicas e planos de ação das chefias operacionais.
7.
Para Seiffert (2005), é recomendável que para o atendimento deste requisito da ISO 14001
seja elaborada uma matriz de responsabilidades (Quadro 8) das funções associadas ao SGA. Desta
forma, cada funcionário estará ciente de suas funções em relação ao mesmo.
Definições de responsabilidades associadas ao SGA. Adaptado de Seiffert
2005, p. 137.
b) Treinamento, conscientização e competência
De acordo com a norma ISO 14001, a organização deve providenciar que todos os seus
integrantes que estejam diretamente envolvidos com a questão ambiental estejam capacitados e
comprometidos para exercer sua função frente às necessidades do SGA e a suas implicações
ambientais.
Para Seiffert (2005), o subsistema de treinamento e conscientização representa uma forma de
a organização evidenciar que seus integrantes estão cientes da importância da conformidade com a
política ambiental através do cumprimento de procedimentos e requisitos do SGA. Por outro lado,
deve-se levar em conta que, normalmente, os problemas observados estão associados com a falta
de conformidade, ocasionados principalmente por treinamentos inadequados.
O engajamento do indivíduo e a percepção dos problemas ambientais são o primeiro passo
para o sucesso de um SGA. Na 1a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental
(1977), foram discutidos alguns pressupostos para a Educação Ambiental, os quais colocam a
necessidade de:
1. Conscientização: para que se possam ajudar indivíduos e grupos
sociais na busca de sensibilidade e, conseqüentemente, assimilação da
consciência necessária dos problemas do meio ambiente global e questões
associadas.
2. Comportamento: que resulte no desenvolvimento de atitudes e uma
série de valores éticos, tais que os indivíduos se sintam interessados pelo
meio ambiente, participando, assim, da proteção e da melhoria ambiental.
3. Participação: visando proporcionar a possibilidade da participação ativa
nas tarefas que busquem resolver os problemas ambientais.
4. Conhecimento: para adquirirem uma diversidade de experiências e a
compreensão fundamental de sua relação com o meio ambiente e os
problemas que o afetam.
5. Habilidades: para adquirirem as habilidades necessárias para a correta
identificação e resolução de problemas ambientais.
É importante ter em mente que a conscientização ambiental está ligada à motivação, ou seja,
à vontade que as pessoas têm de realizar seus trabalhos da melhor maneira possível. Já o
treinamento refere-se a preparar as pessoas para que desempenhem suas funções adequadamente.
Assim, conscientização significa "querer fazer", ao passo que o treinamento determina que o
colaborador possa ser "competente para", o que significa "saber fazer". (Seiffert, 2005).
Segundo Lacombe (2004, pg. 69), “competência é a qualidade de quem é capaz de analisar e
resolver um assunto, ou executar determinada coisa”. Portanto, ter competência significa "ter
requisito ou habilidade apropriada e conhecimento para completar uma tarefa ou função”.
Por outro lado, de nada adianta o funcionário estar motivado a executar suas atividades da
melhor forma possível, por estar consciente da importância disso para o desempenho ambiental da
organização se, todavia, não foi adequadamente treinado, ou seja, não é competente (a ISO 9001
define como ser "qualificado").
Para Seiffert (2005), a análise das necessidades de treinamento de cada colaborador deve ser
desenvolvida de modo a que esses possam tornar-se competentes em suas funções. Esta
competência pode ser alcançada através de:
1. Cursos na própria organização (com ou sem certificação).
2. Cursos externos à organização.
3. Experiência prévia (formação específica).
4. Treinamento no posto de trabalho pelos supervisores, considerado por
muitos especialistas um dos melhores métodos.
6. Auto-treinamento através de manuais e procedimentos escritos,
sobretudo para nível superior e alta gerência.
As necessidades de treinamento devem ser contempladas através de um plano específico.
Existem vários modelos de planejamento. Sugere-se o 5W2H (quadro 9). Esta sigla corresponde a
uma ferramenta da qualidade composta pelas questões: Who? Why? What? When? Where? How?
How much? Que pode ser traduzida no seguinte quadro:
Ferramenta da qualidade 5W2H. Fonte: (Seiffert, 2005)
Este é um modelo básico. A forma final do quadro de planejamento do treinamento é peculiar
às necessidades e metas da empresa.
c) Estabelecimento de comunicação interna e externa
O subsistema de comunicação faz parte das etapas de comprometimento, política e
implementação de um SGA. Abrange as formas com que uma organização promove e controla o
fluxo de informações e conteúdos relacionados. As normas determinam que a organização deve
estabelecer e manter, com relação aos seus aspectos ambientais e SGA, procedimentos para:
realizar a comunicação interna entre vários níveis e funções da organização, atuar sobre o
recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes das partes interessadas
externas. Além disso, deve considerar os processos de comunicação externa sobre seus aspectos
ambientais significativos e registrar sua decisão.
O princípio fundamental por trás de um sistema de comunicação interno é facilitar o fluxo de
informação através dos vários níveis hierárquicos da organização. Os tipos de comunicação mais
comuns, com seus veículos mais usuais, são (Seiffert, 2005):
1. Partindo da organização para o público externo: boletins, relatórios
anuais, folder de divulgação do SGA, home page, anúncios em jornais,
folhetos de associação de classe, divulgação de um telefone para consultas
e reclamações (usualmente o SAC), reuniões e outros eventos abertos ao
público.
2. Partindo do público externo para a organização: cartas, correio
eletrônico, telefonemas, reuniões.
3. Da organização com seu público interno (colaboradores):
informativos periódicos, folhetos, murais, cartazes, reuniões, mensagens
pelo correio eletrônico, Intranet, folhetos.
4. Do público interno à organização: formulário específico de
comunicação ambiental e correio eletrônico.
 
d) Documentação do SGA
A documentação do SGA representa um subsistema que se ocupa do estabelecimento e da
manutenção de informações, em papel ou em meio eletrônico. Apresenta como função descrever os
principais elementos do sistema de gestão e a interação entre eles, além de fornecer orientação
sobre a documentação relacionada.
O elemento mais significativo deste subsistema se materializa na forma do manual de
gestão, o qual busca sintetizar as informações relativas aos procedimentos do SGA. O
manual funciona como um índice do sistema, possibilitando a localização de determinados itens para
que possam ser acessados ou trabalhados.
Entretanto, o que a norma ISO 14001 estabelece é que a organização sistematize e
documente a estrutura de seu SGA especificando as interligações entre os vários documentos que o
constituem.
O objetivo do subsistema de controle documental é proporcionar à organização o
estabelecimento e manutenção de procedimentos para o controle de todos os documentos exigidos
pela ISO 14001. Assegura-se, desta forma, que eles possam ser localizados, que sejam
periodicamente analisados, revisados quando necessário e aprovados quanto à sua adequação por
pessoal autorizado. Este subsistema deve assegurar que as versões atualizadasdos documentos
pertinentes estejam disponíveis em todos os locais onde são executadas operações essenciais ao
efetivo funcionamento do SGA.
Visando a seu efetivo controle, os documentos emitidos, que passarão a ser considerados
padrões de procedimento, devem ser legíveis, datados (com datas de revisão) e facilmente
identificáveis, sendo mantidos de forma organizada e retidos por um período de tempo especificado.
Em sua estrutura devem ser explicitados quais são os procedimentos a serem seguidos e
responsabilidades referentes à criação e alteração dos vários tipos de documentos. (Seiffert, 2005)
Os requisitos do sistema de controle de documentos aplicáveis à IS0 14001 obedecem à
mesma lógica da ISO 9001, o que simplifica bastante o processo de integração entre as duas
normas. Estes requisitos para este subsistema são expressos no quadro 10. Isto é particularmente
importante quando consideramos a tendência ao “espelhamento" dos subsistemas destas duas
normas já evidenciado pela abordagem diferenciada da versão 2001 da ISO 9001. (Seiffert, 2005)
Verifica-se que uma grande parcela de documentos do SGA pode ser controlada pelo sistema
estabelecido pela ISO 9001. O procedimento pode ser escrito de modo a atender aos requisitos do
sistema de gestão da qualidade e também se referir ao controle de outros documentos do SGA.
Requisitos do sistema de controle de documentação – norma ISSO 14001
Requisitos documentais
Documentação
do SGA
Procedimentos Política Outros
Requisitos de controle
de documentos
Preparação Aprovação Revisão Disposição
Requisitos legais Identificação Tempo de retenção Estocagem Disposição
 
e) Controle Operacional
Os controles operacionais representam uma alternativa para gerenciamento ambiental, ou
seja, redução do impacto ambiental de atividades que possam apresentar um impacto ambiental
significativo em virtude da forma como são executadas.
Assim, para o cumprimento dos requisitos associados ao controle operacional, a empresa
deve procurar o estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados, para abranger
situações em que sua ausência possa acarretar desvios em relação à política ambiental e aos seus
objetivos e metas. Também deve estipular critérios operacionais nos procedimentos, que visam,
desta forma, ao estabelecimento e manutenção de procedimentos relativos aos aspectos ambientais
significativos identificáveis associados a produtos e serviços da organização, e, também, à
comunicação dos procedimentos e requisitos pertinentes a serem atendidos por fornecedores e
prestadores de serviços. (Seiffert, 2005)
A organização deve identificar aquelas operações e atividades associadas aos aspectos
significativos identificados de acordo com sua política, objetivos e metas. Também deve planejar
tais atividades, inclusive a sua manutenção, de forma a assegurar que sejam executas sob
condições específicas através:
do estabelecimento e manutenção de procedimentos documentados, para abranger situações
onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política e aos objetivos e metas;
da estipulação de critérios operacionais nos procedimentos;
do estabelecimento e manutenção de procedimentos relativos aos aspectos significativos
identificáveis de bens e serviços utilizados pela organização, e da comunicação dos
procedimentos e requisitos pertinentes a serem atendidos por fornecedores e prestadores de
serviços.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar o potencial e atender
a acidentes e situações de emergência, bem como para prevenir e mitigar os impactos que possam
estar associados a eles. Também deve analisar e revisar, onde necessário, seus procedimentos de
preparação e atendimento a emergências, em particular após ocorrência de acidentes ou situações
de emergência.
É recomendado que uma organização analise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu
sistema de gestão, com o objetivo de aprimorar sua qualidade e seu desempenho global.
Verificação e ação corretiva
Quanto à verificação e à ação corretiva, é recomendada a abordagem baseada nos seguintes
pontos (Dias, 2006):
a) Monitoramento e medição: a organização deve estabelecer e manter
procedimentos documentados para monitorar e medir, periodicamente, as
características principais de suas operações e atividades que possam ter impacto
significativo sobre o meio ambiente. Tais procedimentos devem incluir o registro de
informações para acompanhar o desempenho, controles operacionais pertinentes e a
conformidade com os objetivos e metas da organização. Através dele, a organização
deve assegurar que os equipamentos de monitoramento devem ser calibrados e
mantidos, e os registros desse processo devem ficar retidos, segundo procedimentos
definidos pela organização. Também deve estabelecer e manter um procedimento
documentado para avaliação periódica do atendimento à legislação regulamentos
pertinentes.
b) Não-conformidade e ações corretiva e preventiva: a organização deve
estabelecer e manter procedimentos para definir responsabilidade e autoridade para
tratar e investigar as não-conformidades, adotando medidas para mitigar quaisquer
impactos e para iniciar e concluir ações corretivas e preventivas. Qualquer ação
corretiva ou preventiva adotada para eliminar as causas das não-conformidades, reais
ou potenciais, deve ser adequada à magnitude dos problemas proporcional ao impacto
verificado. A organização deve implementar e registrar quaisquer mudanças nos
procedimentos documentados, resultantes de ações corretivas e preventivas. A
organização deve estabelecer e manter procedimentos para a identificação, manutenção
e descarte de registros do sistema de gestão. Estes registros devem incluir registros de
treinamento e os resultados de auditorias e análises críticas.
c) Registros: a organização deve estabelecer e manter procedimentos para
identificação, manutenção e descarte de registros ambientais. Estes registros devem
incluir registros de treinamento e resultados de auditorias e análises críticas. Este
subsistema compõe os registros ambientais possibilitando à organização estabelecer e
manter procedimentos para a identificação, manutenção e eliminação de registros
ambientais. Os registros devem incluir dados de treinamentos, resultados de auditorias
e análises críticas. O formato dos registros ambientais deve ser legível e identificável,
de modo a possibilitar o rastreamento de atividades, produtos ou serviços. Os registros
devem ser arquivados e mantidos de maneira que permita seu rápido acesso, também
sendo protegidos contra avarias, deteriorações ou perdas, sendo seu período de
retenção preestabelecido e registrado. Esse subsistema pode ser atendido plenamente
pelo procedimento que já atende aos requisitos da ISO 9001 sem nenhuma alteração.
Existem duas possíveis formas para o atendimento aos requisitos associados a esse
subsistema, utilizando-se duas diferentes abordagens para a implantação do sistema de
controle de registros do sistema (Seiffert, 2005):
1. centralizado, em que todos os registros gerados pelo sistema
são indexados e controlados através de uma lista mestra de
registros;
2. descentralizado, em que a cada procedimento é
acrescentado um item específico sobre a forma de registros
associada a cada procedimento.
d) Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental: a organização deve estabelecer e
manter programa(s) e procedimentos para auditorias periódicas do Sistema de Gestão
Ambiental. Ele busca determinar se o SGA está em conformidade com as diretrizes
estabelecidas pela gestão ambiental, bem como, as da Norma, além de verificar sua
efetiva implantação e manutenção. O programa de auditoria da organização, inclusive o
cronograma, deve basear-se na importância da atividade envolvida , e nos resultados
de auditorias anteriores. Para serem abrangentes, os procedimentos de auditorias
devem considerar o escopo da auditoria, a freqüênciae as metodologias, bem como as
responsabilidades e requisitos relativos à condução de auditorias e à apresentação dos
resultados.
Revisão pela gerência
Quanto à revisão pela gerência, a alta administração da organização, em intervalos por ela
predeterminados, deve analisar criticamente o sistema de gestão ambiental, para assegurar sua
conveniência, adequação e eficácia contínuas. A análise crítica deve abordar a eventual necessidade
de alterações na política, objetivos e outros elementos do sistema de gestão ambiental, da mudança
das circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua. (dias, 2006).
O processo de análise crítica também deve assegurar que as informações necessárias sejam
coletadas, de modo a permitir à administração proceder a esta avaliação. A análise crítica pela
administração deve abordar a eventual necessidade de alterações na política, objetivos e outros
elementos do sistema de gestão à luz dos resultados de auditorias do sistema de gestão, da
mudança das circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua.
Desse modo, a norma NBR ISO 14000, embora bastante detalhada na exigência dos
procedimentos que devem ser adotados para a implantação de um SGA, não estabelece metas e
pode ser adotada por empresas de qualquer tipo e tamanho.
De acordo com Cajazeira e Barbieri (2005), aqui se pode utilizar à série de normas de
análise do desempenho ambiental para acompanhamento com indicadores ambientais dos
compromissos de melhoria contínua previstos pela política ambiental. Avaliação do Desempenho
Ambiental é um processo permanente de coleta e análise de dados e informações para verificar a
situação atual das questões ambientais pertinentes à organização e prever as tendências futuras,
com base em indicadores previamente estabelecidos. A ISO 14.031 apresenta diretrizes para
selecionar e utilizar indicadores ambientais para avaliar o desempenho ambiental de organizações,
enquanto a ISO TR 14.032 apresenta exemplos de aplicação desse instrumento. 
 
ULBRAORBE file:///X:/DISCIPLINAS/2007-1/ADMINISTRACAO_E_MEIO_AM...
1 de 6 7/11/2007 15:23
Rotulagem Ambiental
Rotulagem ambiental é a certificação de produtos adequados ao uso e que
apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis
disponíveis no mercado. Para a rotulagem ambiental pode-se utilizar as normas da série 14000
relativas aos selos verdes e declarações ambientais, redigidas pelo TC 207 SC3, resumidas no
quadro 12. As comunicações ambientais também podem ser realizadas com o apoio da norma ISO
14063 que é um guia voltado às organizações que querem efetuar comunicações sobre seus
aspectos e impactos ambientais.
Normas que compõe a série de Selos e Declarações Ambientais
ISO 14020 ISO 14021 ISO 14024 ISO TR 14025
Estabelece princípios
gerais que servem 
como base para o
desenvolvimento de 
guias e normas ISO 
para declarações
ambientais.
Selos do tipo II:
Proporciona guia em
terminologia, símbolos,
testes e metodologias
de verificação para
organizações que
queiram efetuar
autodeclarações dos
seus aspectos 
ambientais relativos aos
seus produtos e
serviços.
Selos do tipo I:
Estabelece princípios
orientadores e 
procedimentos para 
selos ambientais
concedidos por 
terceira parte 
(programas de
certificação
ambiental de 
produtos).
Selo tipo III:
Identifica e
descreve elementos 
e itens a serem 
considerados 
quando for
necessário executar
uma declaração
quantificada de
produtos com base 
em dados 
decorrentes de uma 
ACV.
Os selos, como também outras atividades dos programas de rotulagem ambiental, servem a
uma variedade de propósitos. Convém aqui salientar a diferença entre rotulagem ambiental e
certificação ambiental. O rótulo é voltado para os consumidores. A certificação ambiental,
para indústrias.
Segundo Barboza (2001), os programas de rotulagem ambiental tentam, em diferentes
graus, alcançar pelo menos três objetivo:
despertar no consumidor e no setor privado a consciência e entendimento dos propósitos de
um programa de rotulagem;
crescimento da consciência e entendimento dos aspectos ambientais de um produto que
recebe o rótulo ambiental; e
influenciar na escolha do consumidor ou no comportamento do fabricante.
a) Tipos de Selos Ambientais
O programa de rotulagem ambiental no Brasil foi desenvolvido com base nas experiências de
programas mundiais de rotulagem ambiental. De acordo com Barboza (2001), o programa brasileiro
de rotulagem ambiental - ABNT- Qualidade Ambiental – está estruturado de acordo com o esboço
das versões das normas ISO 14020, e ISO 14024.
A missão do programa ABNT - Qualidade Ambiental é promover a redução da
responsabilidade ambiental e os impactos negativos relacionados a produtos e serviços. Tal meta
seria atingida pelo crescimento da conscientização por parte dos fabricantes, dos consumidores e
das organizações públicas observando as vantagens da adoção de produtos menos danosos ao meio
ambiente. Por meio de seu programa de certificação ambiental , a ABNT espera:
certificar produtos que demonstrem qualidade ambiental;
promover o suprimento de tais produtos para o uso do consumidor;
expandir o programa para outros setores;
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torná-lo conhecido tanto nacional quanto internacionalmente; e,
alcançar sustentabilidade financeira.
b) Classificações dos Programas de Rotulagem Ambiental
Os programas de rotulagem ambiental variam muito, tanto com relação aos produtos que
eles cobrem quanto para com os problemas de meio-ambiente para os quais estão voltados. Podem
ser classificados de acordo com o número de características do programa. Uma das características
mais importantes é por tipo de organização que administra o programa. A ISO levando em
consideração tal característica, classifica-os em três tipos, a saber: Programas de 1a Parte,
Programas de 2a Parte, e Programas de 3a Parte.
Os programas de 1a Parte: são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou
embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a reinvidicação ambiental (são
geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto). Esses programas
também são conhecidos como "auto-declarações", porque a parte que faz a reinvidicação ambiental
a faz sem verificação independente.
Os programas de 2a Parte: são aqueles que envolvem a rotulagem para produtos ou
embalagens que são concedidos por associações comerciais. Não estão diretamente ligados à
fabricação ou venda do produto e as categorias de informação podem ser estabelecidas pelo setor
industrial ou por organismos independentes.
Os programas de 3a Parte: são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou
embalagens por partes que são independentes da produção ou venda dos produtos, ou seja, não
estão ligadas à fabricação ou venda do produto (instituições governamentais, do setor privado ou
organizações sem fins lucrativos). Esses programas especificam normas para produtos
ambientalmente preferíveis para selos do Tipo I. São exemplos de programas de 3a Parte: Eco Mark
(Japão, 1989), Blue Angel Mark (Alemanha, 1978), Nordic Swan (Países nórdicos, 1988).
Tipos de Selos Ambientais
Atenta à necessidade de normatizar a relação entre produtos e consumidores ou relações
entre empresas, a ISO criou a série de normas 14020. Os selos ambientais aparecem em forma de
declaração ou em forma de símbolo. A ISO estabeleceu três categorias de selos: tipos I, II e III.
- Rotulagem Tipo I – Programas de Selo Verde
- Rotulagem Tipo II – Auto-declarações ambientais
- Rotulagem Tipo III – Inclui avaliações de Ciclo de Vida
1) Selos do Tipo I: são aqueles que comparam os produtos com outros da mesma
categoria, e concedidos àqueles que são ambientalmente preferíveis devido ao seu ciclo
de vida total (ACV). Sãocertificados por entidades de Programas de 3a Parte, que
estabelecem os critérios e os monitora através de certificação, auditoria e processo. A
Rotulagem Tipo I é estabelecida através da NBR ISO 14024 que “estabelece os
princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem
ambiental, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais dos
produtos e características funcionais dos produtos, e para avaliar e demonstrar sua
conformidade. Esta Norma também estabelece os procedimentos de certificação para a
concessão do rótulo”.
2) Selos do Tipo II: são as reinvindicações ambientais que são feitas pelos
próprios fabricantes, importadores ou distribuidores para os seus produtos, sem
avaliação de organizações de 3a Parte. Não são verificados independentemente, não
usam os critérios preestabelecidos e aceitos como referência, e são questionáveis como
sendo o menos informativo das três categorias de selos ambientais. A Rotulagem Tipo
II é estabelecida através da NBR ISO 14021 que “especifica os requisitos para
auto-declarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos
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produtos. Ela descreve, ainda, termos selecionados usados comumente em declarações
ambientais e fornece qualificações para seu uso. Esta Norma também descreve uma
metodologia de avaliação e verificação geral para auto-declarações ambientais e
métodos específicos de avaliação e verificação para as declarações selecionadas nesta
Norma”.
3) Selos do Tipo III: são aqueles que listam critérios de impactos ambientais para
produtos através do seu ciclo de vida. São semelhantes aos selos de produtos
alimentícios que detalham seu teor de gordura, açúcar ou vitaminas. A Rotulagem
Tipo III é estabelecida através da ISO 14025 e ainda está sendo elaborada no
âmbito da ISO. Ela tem alto grau de complexidade devido à inclusão da ferramenta
Avaliação do Ciclo de Vida. A percepção é de que ainda há um longo caminho a ser
percorrido para que este tipo de rotulagem ganhe o mercado, visto que a ferramenta de
ACV ainda não está definitivamente consolidada do ponto de vista técnico.
A experiência brasileira com auto-declarações
As auto-declarações têm ganho destaque no cenário brasileiro para embalagens em geral,
consolidando-se como a melhor interface com o consumidor. O CEMPRE - Compromisso Empresarial
para Reciclagem (www.cempre.org.br) é uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção
da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo. Fundado em 1992, o Cempre
é mantido por empresas privadas de diversos setores.
O Cempre trabalha para conscientizar a sociedade sobre a importância da redução,
reutilização e reciclagem de lixo através de publicações, pesquisas técnicas, seminários e bancos de
dados. Os programas de conscientização são dirigidos principalmente para formadores de opinião,
tais como prefeitos, diretores de empresas, acadêmicos e organizações não-governamentais
(ONG's).
A seguir alguns exemplos de rotulagens, extraídos do material disponibilizado pelo CEMPRE.
Os símbolos mais comuns são:
Para plásticos a simbologia
mais utilizada segue a Norma 
NBR 13230 da ABNT
Fonte: CEMPRE
Para papel e papelão, os símbolos da NBR ISO 14021 (Tipo II) têm sido seguidos pela
maioria das empresas. É importante ressaltar que o setor de papel influenciou diretamente estas
normas durante sua elaboração. Os símbolos Tipo II da ISO foram inspirados na simbologia utilizada
pelo setor, especialmente nos Estados Unidos. A maior parte das empresas está utilizando essa
simbologia. Ela é muito importante para orientar os programas de coleta seletiva, especialmente
catadores e sucateiros.
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Símbolos da NBR ISO 14021 papel e papelão
Fonte: CEMPRE
Como no Brasil o aspecto social relacionado à coleta seletiva, através da inserção dos
catadores de materiais recicláveis no processo é fator determinante, estes símbolos tornaram-se
ferramentas indispensáveis no auxílio à atividades desses verdadeiros “agentes ambientais”. Os
símbolos são muito importantes nas etapas de coleta seletiva e triagem.
A seguir são apresentados bons exemplos de auto-declarações ambientais que seguem os
padrões da ISO e da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O consumidor atento às
questões ambientais já está acostumado com este tipo de simbologia.
Simbologia para Identificação
de Plásticos (ajustados à Norma
ABNT)
Simbologia para embalagens de 
alumínio
Esta simbologia apesar de não ser
normatizada no Brasil já está
consolidada no mercado e o
consumidor a identifica com clareza.
 
Simbologia para embalagens de
aço 1
Simbologia para embalagens 
Longa-Vida 2
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1 Também neste caso a simbologia apesar de não ser normatizada no Brasil já está
consolidada no mercado e o consumidor a identifica com clareza. Também é
fundamental na etapa de triagem (diferenciação em relação às embalagens de
alumínio) e encaminhamento às indústrias recicladoras.
2 A simbologia para as embalagens Longa-Vida está presente em quase todos os
produtos envasados nessas embalagens.
Campanha anti-littering 1 Simbologia para embalagens de vidro
1 Vários produtos contém declarações voltadas a campanhas anti-littering, ou seja, que
chamam a atenção para a necessidade de se direcionar a embalagem pós-consumo
para o destino adequado, a lata do lixo. Estas campanhas são especialmente
importantes para produtos consumidos em “trânsito”.
Alguns produtos são identificados com símbolos adaptados por empresas e/ou associações
setoriais. Abaixo são apresentados dois exemplos deste tipo de declaração que ganharam adesão do
consumidor atento às questões ambientais.
Campanha anti-littering 1 Simbologia para embalagens devidro
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Programas de Selo Verde
Num programa de Rotulagem Tipo I outorga-se um selo ambiental a produtos que satisfazem
um conjunto de requisitos pré-determinados. Dessa forma, o selo identifica produtos que são
determinados como preferíveis do ponto de vista ambiental, dentro de uma determinada categoria
de produto específica, com base em considerações superficiais do ciclo de vida.
A ABNT chegou a lançar um programa de Selo Verde, entretanto, sem muito destaque no
cenário nacional por vários motivos, alguns dos quais expostos acima.
Certificado do Rótulo Ecológico ABNT - Qualidade Ambiental
É o certificado que atesta que um produto está em conformidade com critérios ambientais de
excelência estabelecidos para uma determinada categoria de produtos. Portanto, identifica os
produtos com menor impacto ambiental em relação a outros produtos comparáveis, disponíveis no
mercado.
Selo Verde: Fonte: http://www.abnt.org.br/home_new.asp

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