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Web Aula Planejamento Tributário

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UNIDADE 1 – CONTABILIDADE E O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
 
Introdução
 
Olá, tudo bem? Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário. Sou o professor Fábio Rogério Proença e saibam de antemão que estou muito feliz em poder estar aqui com vocês apresentando esta disciplina, que traz um tema tão pertinente a toda a sociedade e que, com certeza, será de grande utilidade para você no seu futuro profissional.
Neste início da nossa unidade de estudo abordaremos os aspectos que ligam a contabilidade ao planejamento tributário e veremos a importância da tributação para a sociedade – ok?!
Legal, então, vamos lá. Um ótimo estudo a todos!!
 Fonte: O Autor (2015).
 
1.1 Contabilidade e Planejamento Tributário
Você sabe o porquê de pagarmos impostos? Qual a função do Estado? Tem consciência de que no dia a dia de um contador o Direito e a Contabilidade caminham juntos? Sabe dizer qual a importância do entendimento da legislação para o perfeito desenvolvimento da atividade profissional de um contador?
Essas e outras perguntas são necessárias quando nos lançamos na busca do conhecimento da área tributária. Antes de mais nada, é necessário saber que o Direito é a ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em sociedade, existindo para isto as diversas jurisprudências. É o conjunto das normas jurídicas vigentes no país. Já a Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro de atos e fatos administrativos de uma entidade, gerando, através de suas técnicas, relatórios capazes de servirem de instrumento para as tomadas de decisões de uma organização.
O Contador, além de obedecer às normas e princípios fundamentais de contabilidade, deve também seguir a legislação tributária concernente à correta apuração, registro e arrecadação aos cofres públicos dos diversos tributos que incidem sobre as pessoas jurídicas.
Questão para reflexão: Qual a importância do contador no processo do planejamento tributário?
Sabemos que o governo possui algumas responsabilidades com a sociedade, as quais deveriam ser ofertadas de forma satisfatória para todas as pessoas, independentemente de sua classe ou posição social, desde assistência à saúde, educação, garantia de segurança, defesa nacional, assistência judiciária, entre outras enquadradas como funções do Estado.
Estes subsídios são gastos para o governo e, diante disso, faz-se necessário possuir arrecadação suficiente de recursos aos cofres públicos para atender a sociedade e cumprir as funções do Estado.
Por outro lado, todo administrador deve, obviamente, buscar maximizar os lucros e minimizar as perdas. Em virtude disso, o planejamento tributário acaba por se apresentar como um instrumento necessário à gestão de negócios, tais como são o marketing, as vendas, a qualificação de pessoal, o comércio exterior, etc. Por isso o administrador precisa ser bem assessorado na parte contábil, com o objetivo de realizar a elisão fiscal. Aliás, sem um bom planejamento tributário será muito difícil competir no mercado globalizado e garantir um bom retorno para o capital investido.
Resumidamente, temos de um lado o governo na busca do aumento de sua arrecadação e, do outro lado, o empresariado focado na redução da carga tributária sobre suas atividades. Portanto, cabe a você, futuro(a) contador(a), se é que já não está exercendo a profissão como técnico(a) contábil, no mercado, conscientizar vossos clientes, empresários, a repassarem com responsabilidade, de forma ética, a parcela dos tributos que estão embutidos no preço dos produtos, mercadorias ou serviços prestados.
Nesta perspectiva, entramos na discussão de Elisão Fiscal e Evasão Fiscal.
Qual é a diferença existente?
Devido ao alto índice de tributos que atingem tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas no Brasil, motivando a inviabilização ou o fechamento das portas de muitas empresas diante do cenário de crise e somado também à má administração ou formação de seus preços, torna-se necessário que os empresários e profissionais da área contábil, cada vez mais, revejam suas estratégias e seus planejamentos tributários e orientem seus clientes observando a ética profissional.
O Planejamento Tributário, também denominado de Elisão Fiscal, perfeitamente aceito pelo Fisco e de forma legal, é pautado pela característica de cada empresa de verificar e adotar a legislação vigente em conformidade com suas necessidades, utilizando-se de situações decorrentes da própria lei ou de lacunas e brechas deixadas ou despercebidas pelo legislador. Assim, utiliza-se delas para benefício fiscal próprio, com intuito de maximizar seus lucros reduzindo a incidência dos tributos em seus produtos, tornando-se, inclusive, mais competitivo no mercado.
A Elisão Fiscal é o oposto da Evasão Fiscal, que se trata de estratégias ilícitas com o objetivo de prejudicar os cofres públicos, através da sonegação fiscal dos tributos e a “maquiagem” das demonstrações contábeis ou memórias de cálculo com o objetivo de se beneficiar de situações não contempladas pela legislação vigente, gerando um passivo fiscal não reconhecido, resultando no desconhecimento do rombo gerado e que, muitas vezes, quebram as empresas que não possuem um patrimônio líquido necessário para quitar tais dívidas de sonegação.
 
Assista ao vídeo sobre Planejamento Tributário:
Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=t0PSvYpaPAU&feature=related>. Acesso em: 24 nov. 2015.
Figura 1.1 - Bandeira do Brasil 
Fonte: <>. Acesso em 26 nov. 2015.
 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 149, regulamenta e autoriza a União a constituir contribuições federais sociais, se houver necessidade.
Além das mencionadas, fica facultada, também, a cobrança de contribuições e arrecadações ligadas a órgãos de classe que providenciam o registro de seus profissionais, os quais têm poderes de fiscalização quanto ao desenvolvimento de suas atividades e a observância de seus códigos de ética específicos no desenvolvimento da profissão.
 
Quais seriam estes órgãos de classe?
Podemos citar diversos e os mais variados exemplos, porém, nesta oportunidade, destaco alguns, como, por exemplo: OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, CRC – Conselho Regional de Contabilidade, CRO – Conselho Regional de Odontologia, CRM – Conselho Regional de Medicina, entre outros, lembrando que cada qual age em sua região ou estado ou jurisdição.
 
Saiba mais: Disponível em: <>. Acesso em: 24 nov. 2015.
 
Quanto às contribuições federais e sociais, temos: PIS, COFINS, CSL, INSS e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE. Estas não estão sujeitas à distribuição de valores entre os estados e os municípios, pois, mesmo possuindo uma característica cuja natureza seja jurídica e tributária, não são considerados impostos.
Quanto ao assunto em discussão, reforçamos o exposto se posicionando da seguinte forma:
As contribuições federais, ou seja, contribuições sociais (INSS, PIS, COFINS, CSL e CPMF) e a de intervenção no domínio econômico (CIDE), pelo fato de que têm natureza jurídica tributária, mas não são impostos na espécie, são consideradas, na doutrina e na jurisprudência, como uma quarta espécie de tributo, e não estão sujeitas à repartição da receita com os Estados e Municípios, bem como podem ser cobradas de pessoa com imunidade tributária (art. 150, VI, da CF), uma vez que a imunidade só se refere a impostos. Esses fatores, por si só, explicam a preferência da União pela instituição e aumento de alíquotas e das bases de cálculo das contribuições, que representam parcela significativa dos sucessivos recordes de arrecadação que a Receita Federal vem conseguindo.
A Emenda Constitucional n. 42/03, art. 159, III, prevê a repartição de 25% do produto da arrecadação da CIDE com Estados e o Distrito Federal. Os Estados, por sua vez, devem repartir 25% de sua parte com os Municípios.
1.2 Processo de Planejamento Tributário
O planejamento tributário requer uma expertise de várias pessoas que detêm certosconhecimentos na empresa. A começar pelo contrato social, que tem que estar bem redigido em relação à saída de sócios e distribuição de lucros. Já no campo de análise de rentabilidade e lucratividade, a empresa precisa saber os lucros que ela obtém com cada atividade, visto que é um ponto crucial para o planejamento tributário. A verificação dos imóveis e móveis e as imobilizações é estratégica para análise do processo de planejamento.
Para haver um planejamento adequado, devemos ter uma contabilidade confiável, com a escrituração de todos os fatos contábeis e ter os livros corretamente escriturados, como: Livro Diário, Livro Razão, Livro de Inventário, Livro de Apuração do Lucro Real, Apuração do ICMS, Apuração do IPI, Apuração do ISS, Livro Termo de Ocorrência.
Esse conjunto de informações e sistemas irá gerar os dados preliminares para análise tributária. Logicamente, se queremos reduzir tributos, temos que saber quanto estamos gastando com eles na atualidade. Sem uma contabilidade adequada, o planejamento tributário fica dependente de informações avulsas, irregulares, sujeitas a erros.
Para que a contabilidade sirva para o planejamento tributário, ela deverá refletir a real situação do patrimônio e das receitas e despesas. A qualidade da informação contábil diminui se tivermos uma escrituração não obedecendo ao regime de competência, atrasos na escrituração e conciliações incorretas.
Primeiro precisamos de informações da empresa, como: ramo de atividade, contrato social, processo produtivo (se for uma indústria), ativo imobilizado, demonstrações financeiras e gerenciais, a logística da movimentação das mercadorias e produtos, o atual regime tributário da empresa, os tributos que a empresa paga, é a parte da coleta de informações e análises da tributação atual. A partir dessas informações, iniciarão a comparação, as análises, as verificações, as deduções, as simulações e hipóteses de alternativas lícitas para redução fiscal.
Questão para reflexão: Muito se fala que grande parte das empresas recém-constituídas fecha suas portas antes de completarem três anos de vida. Será que o Planejamento Tributário pode auxiliar a mudar este cenário? Por quê?
 
Segundo Silvio Aparecido Crepaldi (2012, p. 82-83), são os seguintes os passos do planejamento tributário:
Passo 1: Considerações Preliminares
Empresa eficiente do ponto de vista tributário.
Diferença entre elisão e evasão fiscal.
Passo 2: Objetivos Estratégicos do Planejamento Tributário
Redução ou eliminação de carga fiscal das empresas.
Postergação do pagamento de tributos e contribuições.
Minimizar a contingência tributária.
Recuperação de tributos recolhidos.
 
 Passo 3: Frentes de Ação do Planejamento Tributário
Questionamento judicial de tributos.
Planejamento induzido pela legislação.
Reorganização corporativa.
 
Passo 4: Etapas (metodologia) do Planejamento Tributário
Revisão da estrutura corporativa.
Análise do planejamento estratégico.
Mapeamento das atividades (Controladoria).
Formulação de estratégia tributária.
 
Passo 5: Questionamento Judicial de Tributos
Princípios constitucionais da corporação.
Hierarquia da legislação tributária (ordenamento jurídico).
 
Passo 6: Planejamento Tributário Induzido pela Legislação
Sistema de apuração de tributos.
Formas de retribuição dos acionistas.
Formas de recuperação de tributos.
 
Passo 7: Planejamento Tributário nas Organizações Societárias
Captação de recursos internos.
Responsabilidade das pessoas ligadas.
Prejuízo fiscal, base negativa da CSLL e do IRPJ.
 
Passo 8: Diligência como Fonte de Planejamento Tributário
Identificação de ativos e passivos não contabilizados.
Recuperação de crédito fiscal.
Processo de compra e venda de mercadorias e produtos.
 
Passo 9: Limites do Planejamento Tributário
Questionamento pelo Fisco.
Defesa (ação fiscal) Departamento Jurídico.
Jurisprudência favorável ao contribuinte.
Defesa fiscal – Contribuinte x Aduana (Administração).
Recuperação de tributos em trânsito.
Bibliografia Recomendada
OLIVEIRA, Gustavo P. de. Contabilidade tributária. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PROENÇA, Fábio Rogério; NOGUEIRA, Daniel Ramos. Planejamento tributário: ciências contábeis VII. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2010.
REZENDE, Amaury José; PEREIRA, Carlos Alberto; ALENCAR, Roberta Carvalho de. Contabilidade tributária: entendendo a lógica dos tributos e seus reflexos sobre os resultados das empresas. São Paulo. Atlas, 2010.
GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. Dialética, 2011.
 
Bibliografia Utilizada
BRASIL. Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.  Diário Oficial da União: Brasília, 27 de outubro de 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>.  Acesso em: 24 out. 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 24 out. 2015.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Planejamento tributário: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2012.
Link: Disponível em: <>. Acesso em: 24 nov. 2015.
Mas existe algum benefício em se realizar o Planejamento Tributário?
Sim, temos.  Os benefícios são: compreender o processo entre elisão e evasão fiscal; identificar dentro da lei as oportunidades de eliminação ou minimização dos tributos; minimizar os riscos tributários de calcular errado os tributos; criar empresas de acordo com a lucratividade de suas atividades para minimizar a carga tributária.
 
Saiba mais: Disponível em: <>. Acesso em: 24 nov. 2015.
Para Discutir
Na avaliação do sistema tributário nacional atual, quais são os caminhos que as empresas devem seguir para atingir a redução no ônus tributário?
 
Resumo
Foram vistos nesta unidade de estudo a importância da contabilidade e consequentemente do profissional contábil para a elaboração do planejamento tributário. Foi apresentada a diferença entre elisão fiscal e evasão fiscal, a primeira é a forma lícita de se reduzir ou até mesmo postergar o ônus da tributação, já a segunda se refere à prática ilícita de atos que visam evitar o pagamento de impostos, taxas e outros tributos. E fechamos a unidade abordando o estudo dos passos para a elaboração de um bom planejamento tributário, bem como a sua importância para as empresas em termos de otimização dos resultados empresariais.
 
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“O papel do planejamento tributário no sucesso empresarial”.
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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E FORMAS DE TRIBUTAÇÃO
Unidade 2
Introdução
 Vamos estudar, neste momento, a tributação nas esferas municipal, estadual e federal. Para isso, relembraremos o que é imposto.
Vamos buscar o conceito para responder ao nosso questionamento no artigo 16 do Código Tributário Nacional, Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966, o qual trata das disposições gerais, com a seguinte redação: “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
 
Saiba mais
Sugiro a leitura do capítulo 4 do livro Direito Empresarial para administradores, de George Niaraldi, disponível na Biblioteca Digital da Unopar.
A cobrança dos impostos e a sua respectiva competência e autonomia são estipuladas pela Constituição Federal de 1988, através dos seus artigos, sendo que cabe à União, no artigo 153, instituir os impostos sobre importação e exportação, tanto de produtos nacionais, quanto de produtos nacionalizados, disciplinar impostos sobre a renda ou proventos independente de sua natureza, se posicionar quanto aos impostos dos produtos que forem industrializados, cuidar das operações de câmbio, dostítulos e de valores mobiliários, assim como as respectivas operações de crédito, os seguros, atribuir impostos aos proprietários de terras que se encontrem em áreas rurais, entre outros, como, por exemplo, a incidência sobre as grandes fortunas.
Em consonância com o artigo 155, é de competência dos Estados e do Distrito Federal estabelecer impostos quanto à transmissão de causa mortis e doações, disciplinar quanto às operações envolvendo a circulação de mercadorias, inclusive no que se refere à prestação de serviços de transporte, tanto o interestadual quanto o intermunicipal, prestação de serviços de comunicação e as operações vinculadas ao mercado internacional, instituir os impostos e valores a serem cobrados dos contribuintes proprietários de veículos automotores.
 
Questão para reflexão: Quando estudamos a competência tributária dos entes federativos nos deparamos com o ICMS, que é um imposto de competência dos Estados e do Distrito Federal. Neste sentido, o que vem a ser o diferencial de alíquotas?
Quando nos referimos às Leis Complementares, quanto à competência dos Estados e ao Distrito Federal, cabe, ainda, identificar seus contribuintes, se pronunciar quanto à substituição tributária, como proceder em casos de compensação de impostos, delimitar a área de atuação quanto às operações de circulação de mercadorias ou prestações de serviços, tratar das regras e regulamentar quanto a isenções, ou incentivos concedidos, assim como benefícios fiscais, como também, se for o caso, a sua revogação, entre outras regulamentações necessárias quanto aos assuntos de sua competência.
 
Link: Acesse o endereço a seguir e faça a leitura do artigo sobre “Contabilidade Tributária”.  Disponível em: <  >. Acesso em: 24 nov. 2015.
E agora, o quê está faltando?
Os municípios, tratados no artigo 156 da Constituição Federal de 1988, quanto à cobrança de seus impostos, tratando da sua competência e autonomia, determinando a forma e os valores de cobrança quanto ao IPTU vinculado à propriedade predial e territorial urbana levando em consideração as alíquotas diferenciadas quanto à localização e o tipo de uso do imóvel. Cada município disciplinando logicamente as suas condições e critérios, bem como o imposto de transferência de propriedade de forma “inter vivos”, estipular o valor dos impostos sobre os serviços de qualquer natureza quanto ao ISS ou ISSQN, entre outros.
1. Formas de Tributação
 
 
Agora chegou a hora de estudarmos as formas de tributação nas quais as empresas podem ser tributadas. Temos algumas opções para optar na hora de decidirmos em termos de tributação da pessoa jurídica, lembrando, é claro, das limitações impostas pela lei, as quais nós estaremos estudando nos tópicos logo abaixo – ok?!
 
Legal.... Então vamos lá...
Começaremos com a tributação conhecida como Lucro Real, a qual se apresenta em duas formas distintas, anual e trimestral, acompanhe: 
 
1.1 Lucro Real Anual
As empresas que vendem acima de R$ 78.000.000,00 são obrigadas a tributar pelo lucro real. Esse regime tributário exige que a empresa tenha uma contabilidade bem executada em relação às contabilizações de receitas e despesas. O lucro contábil não é o que vai ser tributado pelo chamado Imposto de Renda e Contribuição Social, esses são dois impostos federais. O lucro contábil é ajustado pelas adições que são despesas não dedutíveis e diminuídas pelas receitas tributadas anteriormente e outras permitidas em lei, chamadas de exclusões do lucro contábil, e também tem as compensações.
Esse regime exige um bom contador, para que não se tribute além do que a lei exige. A empresa vai antecipando mensalmente o Imposto de Renda por estimativa, que é um cálculo que leva em conta o faturamento. No final do ano temos o balanço anual, calculando o Lucro Real e descontando o que você já pagou por estimativa mensalmente.
 
1.2 Lucro Real Trimestral
No Lucro real trimestral, o Imposto de Renda e a Contribuição Social são calculados com base no balanço apurado no final de cada trimestre.
O lucro real do trimestre não pode ser totalizado (acumulado) ao prejuízo fiscal de trimestres futuros, ainda que dentro do mesmo ano civil. O prejuízo fiscal de um trimestre só poderá deduzir a título de compensação, respeitando o limite de 30% do lucro real dos trimestres seguintes ao ocorrido. Cada trimestre é como se fosse um ano.
Planejamento tributário pode reduzir tributos das empresas. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=5udkBlg8Zo4 >. Acesso em: 24 nov. 2015.
1.3 Lucro Presumido
No Lucro Presumido, de acordo com o art. 223, do RIR/1999, o lucro presumido pode ser definido da seguinte forma: Lucro Presumido é o montante determinado pela soma do valor resultante da aplicação dos preceitos fixados pela legislação em vigor, sobre a receita bruta de cada atividade, auferidos em cada período de apuração trimestral, mais os ganhos de capital, os rendimentos e os ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras e demais valores determinados pela lei e auferidos no mesmo período. Lucro Presumido é uma forma de arrecadação que tem a finalidade de facilitar o pagamento do Imposto de Renda.
Todas as pessoas jurídicas podem optar pelo Lucro Presumido, salvo aquelas sujeitas à apuração pelo Lucro Real. Entretanto, para cercar-se de que esse é o melhor regime de tributação para a empresa, se faz necessário realizar simulações projetadas. Basta lembrar que se a empresa possua valores consideráveis de despesas dedutíveis para a apuração do IRPJ, é muito provável que o lucro real seja mais econômico que o lucro presumido.
A seguir temos um quadro da presunção de lucro por ramos de atividade:
Quadro 2.1 – Demonstrativo dos Percentuais de Presunção por Atividades
1.4 Lucro Arbitrado
Já no Lucro Arbitrado, este é assunto do art. 47 da Lei nº 8.981/95, enumerando as hipóteses em que o lucro da pessoa jurídica será arbitrado. A escrituração imprestável, não apresentação de livros comerciais e fiscais, não apresentação de arquivos ou sistemas de escrituração, não apresentação de Livro Razão, não escriturar ou não apresentar os livros ou registros auxiliares.
O parágrafo segundo do art. 21 da Lei nº 8.541, de 1992, veio dispor excepcionalmente, nos casos fortuitos ou de força maior, como definido na lei civil e, devidamente comprovados, a pessoa jurídica poderá calcular o imposto sobre a renda com base no lucro arbitrado.
No arbitramento de lucro de empresa comercial, por exemplo, será aplicado o percentual de 9,6% sobre a receita bruta, que corresponde a 8% mais 20% de 8%. São majoradas as alíquotas do Lucro Presumido em 20% com penalidade por não ter escrituração regular.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: como usá-lo para reduzir meus impostos. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hJC6Pyg_X8s >. Acesso em 24 nov. 2015.
 
1.5 Simples Nacional
O Simples Nacional é um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Impostos e Contribuições devidos pelas Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), a partir de 1º de julho de 2007, de acordo com a Lei Complementar n. 123, de 2006. Foram estabelecidas normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito federal e dos Municípios, especialmente no que se refere à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias, bem como ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias, e ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos poderes públicos, à tecnologia, ao associativismo e as regras de inclusão.
 A Lei Complementar nº 123/2006 (BRASIL, 2006) instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte, também conhecido como Simples Nacional,que, a partir de 1º de julho de 2007, substituiu o Simples da Lei nº 9.317/1996 (BRASIL, 1996).
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=f1Pg9n9A63E>. Acesso em: 24 nov. 2015.
Saiba mais
Disponível em: <http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/monografias/Frederico_Lopes_de_%20Aguiar.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2015.
 
Questão para reflexão: Como são definidas as obrigações fiscais acessórias e quem são os sujeitos passivos delas?
Figura 2.1 – Objetivos do Simples Nacional
Fonte: CGSN (2008)
 
O Simples Nacional é um regime de arrecadação, de caráter facultativo para o contribuinte, que implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições devidos por microempresas ou empresas de pequeno porte (Art. 13, Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006).
Saiba mais
Disponível em: <http://vienacontabil.com.br/simples-nacional-ou-super-simples >. Acesso em: 24 nov. 2015.
 
Figura 2.2 – Impostos arrecadados
Fonte: CGSN (2008).
 
Abrangência do Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime facultativo para o contribuinte. Mesmo que a empresa esteja enquadrada na condição de ME e EPP, ela pode decidir não fazer a opção pelo Simples Nacional. Se a empresa fizer a opção pelo Simples Nacional, ela vale para o ano todo, só podendo ser modificada no ano seguinte.
 
Figura 2.3 – Abrangência do Simples Nacional
Fonte: CGSN (2008).
 
Consideram-se microempresas (ME) ou empresas de pequeno porte (EPP) a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 do Código Civil Brasileiro, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
no caso das ME, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);
no caso das EPP, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).
No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, as empresas deverão observar o limite da receita bruta proporcional ao número de meses do ano em que exerceu atividade comercial, ou seja, de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), multiplicado pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, consideradas as frações de meses como um mês inteiro.Caso a receita bruta acumulada no ano-calendário de início de atividade, obtida pelas operações comerciais realizadas no mercado interno ou em exportação de mercadorias, for superior a R$ 300.000,00, multiplicados pelo número de meses do período, a EPP estará automaticamente excluída do Simples Nacional; desta forma, ela deverá pagar a totalidade ou a diferença dos tributos devidos de conformidade com as normas gerais de incidência, com efeitos retroativos ao início de atividade (Lei Complementar nº 123/06, art. 3º, § 10) (BRASIL, 2006).
Não podemos esquecer que a referida exclusão não retroagirá ao início de atividade se o excesso verificado em relação à receita bruta acumulada não for superior a 20% do limite referido, nesta condição os efeitos da exclusão somente irão ocorrer a partir do ano-calendário subsequente. (Lei Complementar nº 123/06, art. 3º, § 12).
Vamos a um exemplo, acompanhe:
 
Determinada empresa comercial deu início a suas atividades em 01/01/2015. Sua atividade principal é comércio varejista de roupas, e obteve o seguinte faturamento no seu início de atividade:
Receita bruta de jan/2015 = R$ 30.000,00
Para verificarmos o enquadramento no Simples, anualizamos o faturamento mensal:
R$ 30.000,00 x 12 meses = R$ 360.000,00
Alíquota a ser aplicada (Anexo I) = 5,47%
Imposto a recolher, competência jan/2014 = R$ 30.000,00 x 5,47% = R$ 1.641,00.
 
 
 
Fonte o Autor (2015)
 
Atenção
Na hipótese de início de atividade no ano-calendário imediatamente anterior ao da opção, deverá ser observado o limite da receita bruta anual de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), multiplicados pelo número de meses no período.
Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (BRASIL, 2006).
 
Resumo
Nesta unidade de estudo aprendemos sobre a competência tributária, vimos que a Constituição Federal de 1988 atribui a competência tributária à União, Estados, Distrito Federal e Municípios de instituírem e administrarem seus tributos. Estudamos também sobre os regimes de tributação nos quais as pessoas jurídicas podem ser tributadas, ou seja, as empresas podem optar por um destes regimes tributários de acordo com a sua atividade empresarial e também quanto ao seu faturamento. Os regimes tributários são lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e Simples Nacional, cada um com suas características, formas de tributação e também com suas obrigações acessórias.
 
Para Fazer
Vamos regionalizar um pouco?
Agora que aprendemos muito sobre o planejamento tributário, convoco para um trabalho de campo. Você terá que escolher três empresas de sua cidade ou região, de preferência do mesmo ramo de atividade, e entrevistar os seus proprietários com as seguintes indagações:
1 - Qual o regime tributário de sua empresa?
2 - Você sabe o que vem a ser planejamento tributário?
3 - Sua empresa realiza planejamento tributário?
4 – Qual a importância da contabilidade para sua empresa?
 
Participe do Fórum 
Convido você a postar em nosso Fórum um comentário sobre a seguinte temática:
“Qual o melhor regime de tributação para a micro e pequena empresa?”
Sua participação no Fórum é muito importante para podermos ampliar nossas discussões e, consequentemente, nossos aprendizados.
Fonte o Autor (2015)

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