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Planejamento Tributário Web Aula

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WEBAULA 1
Administração Tributária1
Olá. Seja bem-vindo. Esta é nossa web-aula de abertura do conteúdo jurídico.
Bem, de início você pode estar pensando que a administração tributária diz respeito à forma através da qual o governo se organiza. Na verdade, não é somente isso, já que ela cuida também dos meios e formas de promover a fiscalização e arrecadação. Vejamos:
A administração tributária constitui-se num conjunto de ações e atividades, integradas e complementares entre si, que visam garantir o cumprimento pela sociedade da legislação tributária e do comércio exterior e que se materializam numa presença fiscal ampla e atuante, quer seja no âmbito da facilitação do cumprimento das obrigações tributárias, quer seja na construção e manutenção de uma forte percepção de risco sobre os contribuintes faltosos. Essas ações e atividades se sustentam na normatização da legislação tributária e do comércio exterior e num conjunto integrado de sistemas de informação, alimentados por informações cadastrais e econômico-fiscais, fornecidas ao fisco pelos próprios contribuintes ou por terceiros mediante a apresentação de diversas modalidades de declarações. (Brasil, Administração tributária, ano não informado).
A doutrina jurídica costuma abordar sobre este tema as questões ligadas à fiscalização, à dívida ativa, bem como aos direitos e às repercussões em caso de certidões tributárias, sejam elas negativas, positivas ou, então, positivas com efeitos de negativas.
No que tange à fiscalização, esta diz respeito aos atos do Estado (pelo Executivo: Administração Pública), tendente à averiguação a respeito do integral cumprimento pelos contribuintes das obrigações tributárias.
Importante também comentar que a fiscalização somente pode ser praticada por pessoas com competência para tal, isto é, apenas os que receberem autorização através da legislação tributária (leis, portarias, resoluções, etc) é que são considerados aptos a proceder na fiscalização.
Em consequência, se esse ato é realizado por pessoa incompetente (no sentido jurídico da palavra, quer dizer, pessoa sem autorização legal), tem-se que nenhuma punição poderá advir ao contribuinte, haja vista que a fiscalização praticada não gerará qualquer efeito por ser completamente inválida.
Em complemento, e pela mesma linha de raciocínio, mesmo o fiscal competente, não poderá ao contribuinte impor obrigações não previstas em lei (Machado, 2007). Inclusive, merece destaque a previsão da Constituição Federal de 1988, que assim menciona conteúdo que trata dessa situação.
Vá ao link, a seguir, e confira o que diz o art. 5º, II, da Norma Maior de 1888:
	
Desta forma, o contribuinte somente precisa se submeter às regras previstas em lei. Qualquer outro ato (mesmo que parta de um fiscal das Receitas Federal, Estadual ou Municipal) será completamente inválido, assim como as provas por ele colhidas.
Por outro lado, cabe destacar que os contribuintes, especialmente os empresários, devem se submeter à fiscalização toda vez que os agentes fazendários estiverem agindo dentro da legalidade, ou seja, com correção. 
Afinal, os livros empresariais têm o seu sigilo, mas este não é absoluto diante do interesse público do Estado em averiguar o efetivo cumprimento das regras tributárias pelos contribuintes.
Vale lembrar, também, as palavras de Machado (2007, p. 273):
A fiscalização não pode perdurar indefinidamente. Seus trabalhos causam transtorno ao contribuinte, que a este não está obrigado a submeter-se a não ser o mínimo necessário. A fixação de prazos muito longos ou a sucessiva prorrogação do prazo inicialmente fixado pode constituir abuso de poder da autoridade incumbida de realizar a fiscalização.
Importante frisar que este direito da Administração Pública, de ter acesso a dados e informações, não é absoluto. Eis que também se submete às regras de sistema jurídico, inclusive ao sigilo profissional de muitos profissionais liberais, que não são obrigados a revelar informações que obtiveram em decorrência da atividade profissional. São exemplos de profissionais com tais garantias, mas, principalmente deveres éticos, os advogados e contadores.
Uma vez encontrada alguma irregularidade no prazo dos procedimentos de fiscalização, deve a autoridade fiscal lavrar um auto de infração, isto é, um relatório do Estado no qual indicará a infração cometida pelo contribuinte, a penalidade, etc, dentre outros requisitos. Exemplos destas situações podem ser encontrados no seguinte sítio eletrônico da Receita Estadual de Minas Gerais:
Não se pode esquecer que, mesmo assinando o Auto de Infração, não se estará confessando qualquer situação, mas apenas dando ciência/conhecimento. De toda maneira, ao assinar, é aconselhável também colocar a observação da discordância.
Como não poderia deixar de ser, qualquer ato de desacato do cidadão contra autoridade pública ou então abuso de poder praticado por esta, configurará infração delituosa prevista, respectivamente, nos artigos 331 e 316, §1º, do Código Penal (Brasil, 1940), isto é, punição para o cidadão e para o servidor público, dentre outras.
Para concluir, há um interessante artigo (link que trago a seguir) e que indico para leitura:
GAUDERETO, Hugo Mescolin. Um breve estudo sobre Administração Tributária.
Dando sequência, abordaremos, agora, sobre a Dívida Ativa.
Uma vez identificada a ocorrência de um fato gerador, e não havendo  existência de algum motivo que exclua, extinga ou suspenda o crédito tributário, e ainda estando inadimplido o tributo, o Estado providenciará algumas diligências (ações), a fim de documentar que o contribuinte (sujeito passivo) está devedor.
Sendo assim, no que se refere à dívida ativa, conforme exposição de Machado (2007), tem-se que essa é a finalização de um procedimento administrativo que concluiu pela existência de uma irregularidade tributária por parte do contribuinte. Isto é o que se extrai do artigo 201 do C.T.N.. Por isso, vá ao link, a seguir indicado, e reflita sobre o texto legal:
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm
Diante de uma situação como a narrada, imediatamente acima, é extraída do livro oficial uma Certidão de Dívida Ativa (que é a conhecida C.D.A.), sendo determinada pelo C.T.N. (Brasil, 1966) a obrigatoriedade de nela serem preenchidos os seguintes requisitos:
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.
Agora, pergunto a você: e se na C.D.A. não constar algumas das informações acima? Para saber o que acontece, vá ao link, a seguir, e analise o art. 203 do CTN:
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm
Cabe, ainda, ressaltar que a C.D.A. tem presunção de veracidade. Eis que é extraída após um processo administrativo, no qual a autoridade fiscal identifica o problema tributário do contribuinte e lhe dá prazo para defesa. Em razão desta presunção, é que a C.D.A. é considerada como título executivo extrajudicial, servindo assim, de prova de um débito que autoriza a propositura de uma ação de execução fiscal.
Para saber mais sobre as execuções fiscais,
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6830.htm
http://daleth.cjf.jus.br/Download/Manual3.pdf
http://www.jurisway.org.br/v2/cursosentrar.asp?id_curso=739
	Indico, ainda, um vídeo sobre Execução Fiscal Virtual, veja só:
E, também, os vídeos a seguir sobre um debate a respeito da dívida ativa:
  
próxima página você terá alguns apontamentossobre as certidões das Fazendas Públicas (sim, isso mesmo, Fazendas!).
As Fazendas Públicas (ou Receitas) nada mais são do que os órgãos responsáveis pelos procedimentos tributários (emissão de documentos, lançamento, processos administrativos, etc).
As certidões expedidas pela Administração Tributária nada mais são do que uma declaração da Receita (seja ela Federal, Estadual ou Municipal), na qual contém uma manifestação sobre a existência ou não de débito tributário.
Machado (2007) afirma que, única e tão somente em caso de crédito "constituído contra o interessado" (p. 281) na certidão, é que não se entregará uma declaração de inexistência de débito.
Atualmente, a maioria das certidões pode ser obtida através de sítios eletrônicos das respectivas receitas, o que facilita, significativamente, o acesso às informações e prática da cidadania.
No âmbito do direito tributário, há certidões passíveis de serem expedidas:
Certidão Negativa: quando nenhum débito tiver sido consolidado contra o contribuinte. O site "Poupa Clique"  conceitua a certidão negativa como:
	"....um documento emitido pela Receita Federal que comprova que você não possui débitos junto a órgãos públicos. A certidão emitida pela Receita Federal não abrange os débitos enviados ou inscritos na PFN (Procuradoria da Fazenda Nacional). "
Certidão Positiva: quando houver uma dívida a favor da Receita. Interessante destacar que "Caso a pessoa possua alguma pendência a certidão não será emitida via Internet. Você deverá procurar o posto da Receita Federal de sua jurisdição a fim de regularizar a situação." 
Certidão Positiva com efeitos de negativa: fornecida diante da autorização prevista no artigo 206 do C.T.N., quando se estiver diante de:
a) "existência de créditos não vencidos" (Brasil, 1966) - exemplo: quando a dívida foi parcelada em programas como o REFIS para tributos federais;
b) "em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora" (Brasil, 1966) - ocorre quando o credor tributário move ação de execução e o contribuinte, além de apresentar a defesa, ainda garante o futuro pagamento (se vier a ser definitivamente reconhecido como devedor) através da penhora de algum bem seu; ou
c) "cuja exigibilidade esteja suspensa" (Brasil, 1966) - exemplo: juiz, diante dos motivos apresentados num eventual processo, defere (autoriza) a expedição de medida liminar a favor do contribuinte para Receita não fornecer certidão positiva (a menos que seja com efeitos de negativa).
Indico, agora, para leitura, um texto muito interessante sobre Certidões Tributárias. Este texto foi elaborado pela Fazenda Pública do Distrito Federal. Todavia, guardadas as proporções cabíveis, tem-se que a essência é a mesma aplicável às demais Fazendas Públicas
Ampliando o conteúdo da aula anterior, agora trabalharemos sobre o famoso CADIN. Você já ouviu falar em Serasa ou SCPC?
Tenho certeza que sim. Então, basicamente, o CADIN tem a mesma função que os órgãos privados (sim, o Serasa e o SCPC são sociedades privadas!) mencionados, qual seja, cadastrar pessoas inadimplentes.
Antes de darmos continuidade, faça o seguinte: vá ao link, a seguir, e leia as explicações oficiais sobre o CADIN, inclusive o significado dessa sigla:
	
A Fazenda Pública Federal utiliza o critério de valor para identificar créditos que são interessantes e outros que não. Por conta disso, geralmente créditos de abaixo valor, sequer entram em execução fiscal, pois o custo de um processo judicial, mais as dificuldades em recebê-lo, acabam promovendo um desinteresse dos órgãos públicos federais. Mas cuidado, não é proibido mover ação fiscal de baixo valor.
De maneira semelhante, ocorre com o CADIN, já que abaixo de R$ 999,00 as dívidas não são inscritas; entre R$ 1.000,00 e R$ 9.999,00, a inscrição é facultativa; e, acima deste valor, há obrigatoriedade de inserção no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal - CADIN.
Sabe quando é obrigatória a consulta ao CADIN? 
"Na realização de operações de crédito que envolva a utilização de recursos públicos; Na concessão de incentivos fiscais e financeiros; Na celebração de convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos, e respectivos aditamentos."
Aproveite a citação do parágrafo anterior e vá ao mesmo site, a fim de ler, atentamente, outras perguntas e respostas sobre o assunto. Acredito que você se surpreenderá com algumas informações!
(obs: Fique atento, pois as informações sobre as micro e pequenas empresas estão desatualizadas).
Importante ainda lembrar, que também existem "Cadin's" em praticamente todas as demais cidades e estados de nosso país. Logicamente que, em razão do princípio da legalidade, somente pode existir e receber a "negativação" de um devedor se houver lei anterior autorizando os atos públicos à concretização da criação do CADIN e inscrição de devedores.
Parabéns, com isso você finalizou essa web-aula!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
O que é Administração Tributária? Como equalizar o direito à privacidade e sigilo empresarial (especialmente dos livros) e o dever/direito de fiscalização dos órgãos públicos?
O que deve constar em uma C.D.A.? Qual a pena em caso de erro no seu preenchimento?
GLOSSÁRIO:
Doutrina Jurídica: conjunto de obras da literatura jurídica.
Executivo: Junto com o Judiciário e o Legislativo compõem o tripé da divisão das Funções do Poder.
Consolidado: Identificado, confirmado.
PARA SABER MAIS:
Brasil. Sistema e Administração Tributária. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/
20SistemaAdministracaoTributaria.pdf>. Acesso em 03 abr. 2009.
BRASIL. Ministério da Fazenda: Administração tributária. Ano não informado. Disponível em: 
<http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/02/02/prog0202.htm>. Acesso em: 29 jul. 2008.
TRISTÃO, José Américo Martelli. A administração tributária dos municípios brasileiros.Disponível em:
<http://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2568/86620.pdf?sequence=1>. Acesso em 03 abr. 2009.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO:
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros.
WEB-AULA 2
Competência Tributária
E então, o que achou sobre a web-aula anterior? Caso não tenha tido uma compreensão total, envie a mim um e-mail, e irei auxiliar no que for preciso, ok? Sendo assim, vamos dar continuidade.
Competência é a atribuição/autorização para o ente público - União, Estados, Distrito Federal ou Municípios - instituir (criar), alterar (majorar ou reduzir) e arrecadar (receber) algum tributo. Logicamente que o exercício desta competência não é absoluto, já que é preciso respeitar as limitações contidas na Constituição Federal e demais normas do sistema tributário.
Assim, um determinado tributo que seja de competência apenas da União Federal (Imposto de Renda, por exemplo), não poderá sofrer alterações pelos Estados, Municípios ou Distrito Federal; da mesma forma, ocorrerá se um Município quiser alterar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de outro Município, não terá sucesso algum, justamente porque aquele não tem competência sobre o tributo deste, haja vista que o IPTU é um tributo municipal - cada cidade tem o seu.
Essa repartição de responsabilidades e atribuições, ou seja, de competência, é feita de forma exclusiva pela Constituição Federal de 1988, especialmente (mas não apenas) do artigo 145 ao 162 - confira no seguinte link:
Em decorrência desta divisão, é plenamente aceito pelos juristas que a competência tributária é indelegável, ou seja, não pode ser transferida a terceiros, salvo a atribuição para arrecadação e fiscalização (o que tecnicamente não é delegação de competência).
Como visto no parágrafo anterior, pode, o ente público que tem competência tributária, atribuir auma pessoa jurídica de direito público, o direito de fiscalização e arrecadação (capacidade tributária), e, a uma pessoa jurídica de direito privado, a função de arrecadação (pois nada mais seria do que um mero caixa, como as casas bancárias). Desta forma, quem tem competência tributária também tem capacidade (não tem poder legislativo, apenas de execução, de prática), mas o inverso nem sempre é verdadeiro.
Isso tudo está previsto no C.T.N. (Código Tributário Nacional), a saber:
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
[...]
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Pois bem, você já viu sobre a competência, isto é, sobre o poder de tributar (tanto de legislar quanto para cobrar). Mas será que este poder é absoluto? Certamente que não, pois todos nós ficaríamos reféns (talvez escravos) da voracidade arrecadatória do Estado.
Em virtude disso, é que surgiram as limitações da competência tributária, que alguns denominam "limitações ao poder de tributar".
Elas são, basicamente, calcadas nos princípios constitucionais, quais sejam:
a) Princípio da Legalidade. No âmbito do direito público, somente é permitido fazer aquilo que estiver antecipadamente previsto em lei (art. 37, caput, da Norma Maior - Brasil, 1988). No que se refere especificamente ao direito tributário, esse princípio é também conhecido por reserva legal, e tem sua previsão no art. 150, I, da Constituição (Brasil, 1988), já que se exige a lei para pode exigir ou aumentar (ao instituir um tributo, o legislador deve disciplinar os elementos indispensáveis à caracterização de um tributo: Fato Gerador, Base de Cálculo, Alíquota e Sujeito Passivo.) um tributo e, por consequência também, para extingui-lo.
b) Princípio da IRRETROATIVIDADE (Algo que não retroage é aquilo que somente gera efeitos para frente, para o futuro, isso é, não repercute no passado). Sendo assim, por esse princípio, os tributos não gerarão consequências em relação a situações ocorridas - fatos geradores - antes do surgimento ou alteração da norma tributária. Vide exceções no art. 106 do CTN -http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm). ANTERIORIDADE (Proíbe-se, em regra*, a cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro (ano calendário), isto é, no mesmo ano em que foi instituído ou majorado) e NONAGESIMAL (deve-se respeitar o prazo de 90 dias entre a data que criou ou aumentou o tributo e o início de sua cobrança). Todos os três previstos no artigo 150 da Constituição.
* As exceções existem porque é, justamente, através destes tributos excepcionados, que se pode controlar a economia e suprir as próprias necessidades da população. Por exemplo, se faltar arroz no país, pode o governo diminuir o tributo sobre a importação e, assim, facilitar a entrada de cereais estrangeiros. Pode-se, então, nomear as seguintes exceções ao princípio da anterioridade: a) Imposto de importação(II); b) Imposto de exportação (IE); c) Imposto sobre produtos industrializados(IPI); d) Imposto sobre operações financeiras(IOF); e) CIDE petróleo; f) Empréstimo compulsório para casos de calamidade pública ou guerra externa; g) Imposto extraordinário de guerra; h) Contribuições sociais, que obedecem à anterioridade nonagesimal ou mitigada.
c) Princípio da isonomia tributária: todos os iguais têm direito à igualdade. Por isso que toda vez que houver contribuintes em situações semelhantes, não há que a legislação tributária implementar alguma distinção entre aqueles. Desta forma, se apenas uma pessoa da família é a proprietária de uma moto, será apenas aquela a devedora do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo automotor) e não os seus parentes, mesmo que estes morem na mesma casa.
d) Princípio da vedação ao confisco (Art. 150,IV,CF/88): o tributo não pode, no fim, ter um altíssimo valor em relação ao bem tributado. Visa a Norma Maior fazer com que o Judiciário, o Executivo e o Legislativo utilizem a razoabilidade para definir o que se constitui como ato tributário confiscatório.
e) Princípio da capacidade contributiva: como diz o art. 145, § 1º, da Constituição Federal: "Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte." Portanto, quanto maior for a capacidade (o poder econômico), maior será também o potencial débito desta pessoa. Um dos mais cotidianos exemplos é a tabela progressiva do Imposto de Renda.
Vamos dar continuidade e agora estudar os assuntos que envolvem a imunidade tributária, também chamada de "competência tributária negativa", por Machado (2007), já que impede a ocorrência da tributação.
Imunidade tributária é a característica da qual se beneficiam algumas pessoas em virtude de, contra elas, não surgir qualquer tributo. Observe-se que não se trata delas serem dispensadas do pagamento do tributo, mas sim, do débito sequer vir a ser constituído.
O art. 150, VI, da Constituição Federal expressamente afirma que:
"Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. (Brasil, 1988)." - destaque nosso.
Em que pese o texto constitucional mencionar apenas o Imposto (uma das cinco espécies de tributos), tem-se que, para atendimento das finalidades da imunidade, necessária se faz uma abrangência para alcançar qualquer tributo (Machado, 2007).
O art. 150, VI, "a", acima citado, é a chamada imunidade recíproca, já que ambos os entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não podem instituir tributos uns sobre os outros. Importante lembrar de que o texto constitucional apenas diz respeito às imunidades tributárias em relação, exclusivamente, às pessoas jurídicas mencionadas, e não às sociedades empresariais privadas que prestam serviços públicos (ocorre, então, a tributação).
Essa mesma exceção à imunidade recíproca aplica-se aos empreendimentos que recebam contraprestação ou pagamento de preço ou tarifas de usuários (exemplos: empresas de transporte público de passageiros).
Templos, também, estão excluídos da incidência de tributos, pelo que prevê o art. 150, VI, "b" da Constituição. Observe-se que o objetivo aqui, da norma, é não impedir ou dificultar o exercício do livre direito de crença (de religiosidade). Todavia, tal imunidade não é absoluta em relação às atividades praticadas por alguma Igreja. O que estão imunes são as atividades e bens necessários ao culta/missa, como por exemplo, a "casa paroquial, ou o convento, ou qualquer outro edifício utilizado para atividades religiosas, ou pararesidência dos religiosos" (Machado, 2007, p. 308). Portanto, se a Igreja tiver dinheiro sobrando e comprar um imóvel não para atividades religiosas (como por exemplo, para mero investimento), haverá a incidência normalmente da tributação.
Por sua vez, o art. 150, VI, "c", da Constituição, exclui da tributação os partidos políticos (acrescentada dentre as imunidades em virtude da necessidade destes para o desenvolvimento e fortalecimento da democracia); as entidades sindicais (não somente dos trabalhadores, mas também dos empregadores, por critérios de isonomia e liberdade sindical); e as instituições de educação ou assistência social (desde que sem fins lucrativos, isso é, sem distribuição dos lucros aos sócios, associados ou acionistas - o que não se confunde com o pagamento de salários aos trabalhadores, seja empregados ou diretores / administradores, porque isto é a remuneração pelo trabalho).
Por fim, são imunes (art. 150, VI, "d", da Norma Maior) os livros, jornais e periódicos, inclusive os papéis e todos os demais bens utilizados com exclusividade para suas produções, pois do contrário, ficaria em vão a garantia constitucional. Vale frisar que não são apenas as grandes editoras que tem tal benefício tributário, mas sim, a qualquer pessoa (física ou jurídica).
Além do atrás estudado, também é possível afirmar que há uma competência privativa para selecionar quem é o ente com corretas atribuições para tributar. Assim, para tributos que incidam sobre atividades/serviços públicos, tem-se que a competência nesse caso é privativa daquele ente que praticar a atividade.
Exemplo do mencionado, no parágrafo anterior, são as atividades como a liberação de um Alvará de funcionamento (que é um serviço municipal). Automaticamente, atribui ao Município correspondente ao serviço a competência para legislar sobre o tributo incidente - no caso a Taxa.
Já para tributos que não dependem de alguma atividade estatal prestada para se tornarem obrigatórios, mas simplesmente de um fato acontecido em sociedade (Ex: ter veículo gera o dever de pagar o IPVA), a competência privativa é determinada pela própria Constituição Federal (esta diz qual imposto vai competir a qual ente público), fazendo assim, com que estejamos diante de limitações do poder de tributar. (Machado, 2007).
Há, ainda, a chamada competência residual, que ocorre por meio da permissão do art. 154, I, da Constituição Federal (Brasil, 1988) para que a União Federal possa criar outros impostos que não sejam coincidentes com outros já previstos, vejamos:
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Machado (2007, p.315), sabiamente, expõe que é importante
[...] a exigência de não cumulatividade, bem assim a de não superposição relativamente aos impostos elencados pela Constituição. Com isto se evita a bitributação disfarçada.
Qualquer infração a essas regras de competência gerará a irregularidade da cobrança tributária, e, por consequência, a possibilidade de se buscar, no Judiciário, o reconhecimento do tributo ilegal/inconstitucional. Sendo assim, ficará dispensado o pagamento e, para aqueles que já pagaram indevidamente, poderá haver a restituição da quantia (juridicamente chama-se repetição do indébito).
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
Diferencie competência e capacidade tributárias?
Quais são as limitações ao poder de tributar?
GLOSSÁRIO:
Isonomia: Igualdade
Norma Maior: O mesmo que Constituição Federal; Diploma ou Carta Constitucional; Carta Maior, etc.
Majorar: Aumentar
Infração: Descumprimento de uma determinada ordem.
PARA SABER MAIS:
PIZOLIO JUNIOR, Reinaldo. Competência tributária e conceitos constitucionais. Disponível em: . Acesso em 02 abr. 2009
DABÉS, rodrigo abou id. A importância dos conceitos de competência tributária, capacidade tributária ativa, capacidade tributária passiva, responsabilidade e substituição no direito tributário. Disponível em: . Acesso em 03 abr. 2009.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO:
ARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros.
 
WEBAULA 1
Ilícitos Tributários1
Olá, seja bem-vindo a esta nova unidade de estudo da web-aula. Aqui, você terá acesso singular (distinto) sobre os ilícitos, e, em especial, os tributários.
Basicamente, um ilícito é um ato contrário ao que está previsto no ordenamento jurídico. Isto é, um ato praticado em desconformidade com o autorizado nas leis e demais normas.
No caso específico, um ilícito tributário é o descumprimento das regras e obrigações tributárias, sejam elas principais (exemplo: pagamento de um tributo) ou acessórias (exemplo: prestar, anualmente, a declaração do imposto de renda).
Em esclarecimento ao acima exposto, veja as palavras do autor:
"Pretende este sucinto escrito, tecer comentários à respeito do ilícito tributário e seus desdobramentos. Como premissa afirmamos desde já que o sistema jurídico pode ser visto como um conjunto totalizante, repartindo-se em dois subconjuntos: um, é o da licitude, o outro é o da ilicitude. É a esse que se denomina a parte de antijuridicidade. Destarte, o conjunto total compõe-se, assim, de juridicidade e antijuridicidade. Uma parte não é maior, nem menor que a outra, ambas opõem-se em complementariedade, e a normatividade cobre as duas exaustivamente." (Roberto Wagner Lima Nogueira, 2004)
Mas cabe perguntar, esta ilicitude é caracterizada apenas em caso de haver a vontade consciente do cidadão em descumprir a lei? Certamente que não, pois o próprio CTN é expresso ao afirmar o oposto, vejamos:
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
Como toda regra parece ter uma exceção (será verdade mesmo?), no âmbito do direito é preciso analisar detalhadamente o caso, para corretamente se aplicar uma legislação. Exemplo disto é, justamente, o caso de um ilícito puder ser relativizado diante da prova inequívoca de que o cidadão cometeu apenas um engano. Veja no link, adiante indicado (mais especialmente no item 3), um caso acontecido em que foi levada em consideração a boa-fé do contribuinte:
 (NOGUEIRA, Roberto Wagner Lima. "Notas sobre o ilícito tributário na doutrina e na jurisprudência do supremo tribunal federal")
A sonegação é o mais conhecido dos ilícitos tributários e é, atualmente, os que mais rendem audiência em razão das megatelevisadas operações de apreensão de documentos e prisão de pessoas pelo país afora. Para aprofundar mais seu conhecimento a respeito, vá ao link, adiante mencionado, e faça um leitura e reflexão detalhada:
http://www.portaltributario.com.br/artigos/precodasonegacao.htm (Zanluca, Júlio César. "O preço da sonegação")
Então, como você analisou os artigos de lei acima indicados?
Dando continuidade, para que o contribuinte não pratique as ilicitudes mencionadas na página anterior, este precisa estar atento às palavras do autor Zanluca, quando este especialmente diz:
Os contribuintes precisam organizar seus procedimentos e atividades, visando excluir de suas condutas qualquer ato considerado como sonegação. A primeira orientação é conhecer adequadamente a legislação tributária, visando atendê-la de forma correta, organizando a contabilidade e a escrituração fiscal. Outra forma é utilizar o planejamento tributário, como ferramenta de redução de custos. Tal planejamento, quando feito de forma profissional e responsável, pode reduzir encargos tributários de forma lícita, sem risco para o contribuinte. (Zanluca, Júlio César. "O preço da sonegação".
http://www.portaltributario.com.br/artigos/precodasonegacao.htm)Ocorre que o contribuinte terá problemas com a Justiça se ele não atender ao disposto na legislação. Isto, pois, vê-se que para todo ato ilícito haverá uma correspondente sanção, isto é, uma punição a fim de reparar o dano cometido contra o ofendido, que, no caso dos ilícitos tributários, é toda a sociedade.
Afinal, considerando que os bens estatais pertencem a todos nós, o não pagamento (ou pagamento a menor) de algum tributo está a lesar cada cidadão brasileiro.
No âmbito das sanções, tem-se aplicação conforme a infração (ilícito) cometida. Uma lesão corporal provocada por uma briga poderá ter, conforme a gravidade, sua sanção penal encontrada no art. 129 do código penal, bem como no art. 186 do código civil, no que se referem à reparação dos danos materiais, morais e lucros cessantes. Se o agressor for um servidor público, ainda poderá sofrer punições disciplinares, de acordo com as previsões do direito administrativo.
No que se refere ao direito tributário, o primeiro objetivo das sanções são reparatórias/ressarcitórias, quer dizer, busca-se receber aquilo que não foi pago de acordo com o determinado na legislação e mais a multa correspondente.
Interessante destacar a classificação das sanções fiscais feitas por Geraldo Ataliba (renomado autor tributarista), ao ser citado pelo retro mencionado Roberto Nogueira:
a)- juros de mora, em geral 1%; b)- multa de mora, em geral 10%; c)- multa reparatória, (indenização) em geral até a quantia igual a do imposto devido; d)- multas punitivas, 100%, 150%, 200% do imposto devido; e)- outras penalidades, não compreendidas nas demais categorias; e f)- penas.
Para um maior aprofundamento sobre o tema, indico para leitura os itens 4 e 5 do seguinte link:
 (NOGUEIRA, Roberto Wagner Lima. "Notas sobre o ilícito tributário na doutrina e na jurisprudência do supremo tribunal federal")
Além das sanções no âmbito financeiro, expostas na página anterior, outra consequência severa para ilícitos tributários é a encontrada no direito penal face ao crime de sonegação fiscal, como veremos na próxima página. Estou aguardando-lhe.
Tal crime tem previsão especial, na lei nº 4.729 de 1965. Assim, diz a legislação:
Art.1º Constitui crime de sonegação fiscal: 
I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei; 
II - inserir elementos inexatos ou omitir, rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública; 
III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública; 
IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis. 
Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes (sic) o valor do tributo.
Confira as demais previsões legais sobre este crime, no seguinte link:
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4729.htm
Além disso, o Código Penal também trata de algumas infrações penais, no que se refere às Finanças Públicas. Vejamos:
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
I - com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
II - quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
[...]
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
[...]
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Leia, com atenção, as outras disposições legais sobre os artigos 359-A a 359-H:
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
Como toda ação, no âmbito do direito, os problemas envolvendo o direito penal também estão sujeitos à prescrição. Para tanto, indico a leitura (no mesmo link acima) dos artigos 107 a 120, do Código Penal, que tratam de diversas peculiaridades a respeito dos efeitos do tempo sobre o direito punitivo do Estado.
Além do conteúdo exposto sobre o âmbito criminal, imprescindível, ainda, é relatar a existência da lei 8137/90, que define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
Consta, na mencionada legislação, inúmeras previsões legais que tipificam alguns crimes, dos quais são exemplos:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
A lei, acima, também trata de infrações à ordem econômica. Vejamos:Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante:
a) ajuste ou acordo de empresas;
b) aquisição de acervos de empresas ou cotas, ações, títulos ou direitos;
c) coalizão, incorporação, fusão ou integração de empresas;
[...]
f) impedimento à constituição, funcionamento ou desenvolvimento de empresa concorrente.
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.
[...]
VI - vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de impedir a concorrência;
VII - elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço, valendo-se de posição dominante no mercado. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Você pode conferir diversas outras previsões legais a respeito, no seguinte link:
	http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8137.htm
Importante destacar que as sanções penais somente podem ocorrer se houver uma lei anterior à prática da ilicitude e que a caracteriza como crime efetivamente. Quer dizer, uma pessoa pode praticar um ilícito, mas ele não, necessariamente, terá uma consequênciapenal, podendo ter, apenas, no âmbito tributário (ressarcitória) ou administrativo.
A sanção penal depende de uma lei que defina (tipifique) o ato ilícito como crime. Isto advém do princípio de que não há crime (e, portanto, não haverá pena) sem uma lei anterior que o defina. Isto está previsto na Constituição Federal de 1988, que assim diz em seu art. 5º, XXXIX:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Cabe, por fim, perguntar, haverá ainda o crime se o contribuinte pego em conduta ilegal, como uma sonegação, por exemplo, vier a pagar ou parcelar o valor devido à Receita (instituição credora)? Haverá ou não a extinção da punibilidade? Em outras palavras, vai continuar havendo o crime e o cidadão poderá ser punido ou não?
	A resposta você encontra nos seguintes links
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/FDir
/Artigos/gianpaolo1.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9249.htm
Após encontrar a resposta, vá ao Fórum e poste seu comentário.
Parabéns, você encerrou mais uma web-aula. Até mais!
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
Como você analisa o atual sistema jurídico brasileiro no que se refere às ilicitudes e às sanções?
O que é um ilícito tributário e quais as possíveis sanções? Dê exemplos?
GLOSSÁRIO:
Ilícito: Infração.
Inequívoco: Indiscutível
Ordenamento: Sistema.
Sanção: Punição.
Tipificar: Definir, Criminalizar.
PARA SABER MAIS:
SCHOERPF, Patrícia. Crimes Contra a Ordem Tributária - Aspectos Constitucionais, Tributários e Penais. Ed. Juruá.
NOGUEIRA JÚNIOR, Alberto. Algumas questões decorrentes do princípio do devido processo legal tributário, inclusive, e ainda, sobre o depósito prévio recursal administrativo-fiscal.Disponível em:http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/campos/alberto_nogueira_junior.pdf>. Acesso em: 02 abr. 2009.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO:
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros.
WEB-AULA 2
Processos Tributários
Depois de superadas todas as web-aulas anteriores, chegamos a um ponto fundamental para a conclusão dos estudos tributários, qual seja: os processos administrativo e o judicial.
Uma vez determinada uma penalidade para um contribuinte, este poderá tomar providências no sentido de se livrar do problema que lhe advirá (pagamento de multa, do tributo, sanções penais, administrativas, etc).
Tais providências podem ocorrer no campo administrativo ou no campo judicial, ambas através de um processo, isto é, através se uma sequência pré-determinada de procedimentos objetivando averiguar quem (contribuinte/devedor ou a Receita/credora) está correto, de acordo com a legislação.
Pode, também, haver uma decisão mista, na qual se reconhece a parcial procedência do pedido do contribuinte. (Ex: Não exclui totalmente o débito, mas reduz a multa, anteriormente imposta).
Sobre o conceito de processo, indico para leitura o artigo doutrinário, encontrado no seguinte link:
	
A decisão a respeito do processo caberá à autoridade competente (com atribuição jurídica, com deveres-poderes) para tanto. Se for no campo administrativo (processos extrajudiciais), caberá ao diretor-chefe da entidade credora (Receita); se for no âmbito Judicial, caberá ao Juiz responsável pelo conflito em discussão.
A todos os processos são garantidos alguns direitos elementares e onipresentes para uma organização e solução jurídica justa e correta - isso se chama princípios. Para um melhor conhecimento sobre os princípios processuais, vá ao link, a seguir, e faça uma leitura detalhada:
Olá! Dando continuidade, necessário se faz abordar alguns dos principais princípios aplicados aos processos, sejam eles administrativos e tributários. O desrespeito a qualquer um dele caracterizará ofensa grave ao sistema jurídico e qualquer consequência (condenação, sanção, etc) deverá ser reconhecida como inválida e, assim, incapaz de gerar efeitos jurídicos negativos ao contribuinte.
DEVIDO PROCESSO LEGAL. Previsto na Constituição Federal em seu artigo 5º, LIV, quando garante que: "LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;"
Muito interessante são as palavras de Waquim (Bruna Barbieri Waquim. "Breve análise dos Princípios Constitucionais do Processo". Disponível em:http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2124/Breve-analise-dos-Principios-Constitucionais-do-Processo)
Muitos doutrinadores consideram o princípio do devido processo legal como a fonte de todos os demais princípios processuais constitucionais. AMARAL conceitua este princípio, também denominado "princípio do processo justo" ou ainda "princípio da inviolabilidade da defesa em juízo", como "uma garantia do cidadão, constitucionalmente prevista em benefício de todos os cidadãos, assegurando tanto o exercício do direito de acesso ao Poder Judiciário como o desenvolvimento processual de acordo com normas previamente estabelecidas".
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA. A Constituição Federal também garante no art. 5º, LV, o seguinte: "LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;".
Entende-se como contraditório o direito de manifestar-se sobre os documentos e demais provas (testemunhas, periciais, etc) colhidas no processo, quer dizer, o direito de dar a sua opinião e contradizer tudo o que disser, respeito ao seu interesse (seja para prejudicar ou não).
No que se refere à ampla defesa, esta diz respeito ao máximo acesso dos envolvidos no processo (apesar de dizer ampla defesa, também envolve a acusação) aos meios para provarem suas alegações, seja como autor (acusação) ou como réu (defesa). Logicamente, que há alguns limites impostos pela própria legislação em virtude da razoabilidade, como por exemplo, o número de testemunhas).
FUNDAMENTAÇÃO ou MOTIVAÇÃO. Mais uma vez, a fim de realmente ressaltar a importância do referido princípio, a Norma Maior, de 1988, também trata do assunto no art. 93, IX e X, a estabelecer que "IX - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade [...]"; "X - As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas[...]"
Com isso, afirma-se que o Julgador (seja administrativo ou judicial) deverá fundamentar/motivar/justificar as razões legais do seu entendimento que o levaram à conclusão definida.
Uma decisão, que não contenha os fundamentos jurídicos/legais, é instável por dela não se poder retirar uma conclusão embasada na legislação (o que prejudica a possibilidade do contribuinte recorrer) e, por isso, não poderá gerar efeitos ao contribuinte, sendo assim, considerada nula.
Avançando um pouco mais!
Na expressão de Machado (2007), "processo administrativo fiscal designa a espécie do processo administrativo destinada à determinação e exigência do crédito tributário".
De maneira mais aprofundada, percebe-se que o processo administrativo fiscal/tributário não é destinado apenas à ação do contribuinte para negar um débito. Afinal, pode-se haver uma mera Consulta feita à Fazenda/Receita (Ex: Federal), no sentido se pedir esclarecimentos sobre a licitude ou não de determinado procedimento/comportamento. Pode-se requerer a devolução do que foi pago a mais pelo contribuinte, etc.
Um processo administrativo fiscal bem comum (inclusive o mais rotineiro) é o tendente a se determinar e exigir o crédito tributário, que é sintetizado por Brito (2003), da seguinte forma:
"[...] o crédito tributário é constituído pelo lançamento, sendo de competência privativa da autoridade administrativa a sua lavratura. Através dele dá-se início ao procedimento administrativo, que tem por finalidade verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Esta é a inteligência do art. 142 do Código TributárioNacional.
O contribuinte autuado tem o direito de insurgir-se contra o lançamento, apresentando, para tanto, sua defesa perante o órgão competente que, em algumas esferas de governo, pode ser um Tribunal especializado, sem jurisdição, ou um Conselho de Contribuintes.
[...]
É indiscutível que o processo administrativo tributário é um instrumento valioso de solução de conflitos, de forma mais célere e menos dispendiosa, tanto para o contribuinte como para o próprio Fisco, e tem por escopo a justiça fiscal."
Conforme ensinamentos de Machado (2007), destacam-se os seguintes apontamentos sobre o processo administrativo fiscal:
Os prazos previstos no aspecto tributário são contados em dias corridos (isto é, incluem-se os sábados, domingos e feriados), mas pode, a lei, tratar de maneira diversa. Ademais, pelo art. 210 do C.T.N., os prazos somente se iniciam ou se findam em dias de expediente da repartição que corre o processo administrativo. (MACHADO, 2007);
Da decisão da autoridade administrativa julgadora, cabe recurso para o Conselho de Contribuintes e, posteriormente, para a Câmara Superior de Recursos Fiscais (MACHADO, 2007);
Não podem existir, concomitantemente, processos administrativo e judicial, por isso, caso o contribuinte resolva mover um processo judicial, ele, automaticamente, abdicará da discussão administrativa - o que, pouquíssimas vezes, pode ser interessante;
Esta última página da web-aula trata-se de um complemento a respeito do processo judicial fiscal/tributário.
De início, é importante destacar que não pode, o Judiciário, recusar-se a julgar um determinada demanda (princípio da inafastabilidade do controle judicial - art. 5º, XXXV, da Norma Maior de 1988: "X Finalizado este tema, vamos à próxima página!] - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;").
Com isso, todos podem mover ação para buscar, do Estado, através o Judiciário, uma decisão que atenda ao disposto na legislação.
Basicamente, o credor (Fazenda Pública) move ação de Execução Fiscal objetivando o recebimento de valores (créditos tributários ou não), que entende serem cabíveis em virtude do comportamento do contribuinte, que praticou um fato gerador. A lei que trata do assunto, a LEF (Lei das Execuções Fiscais), pode ser encontrada no seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6830.htm, cuja leitura indico a você. Frise-se que é um processo no qual, como qualquer outro, poderá o réu (no caso executado) fazer prova de suas alegações, inclusive, que nada deve, se for o caso.
Apesar de não ser comum, uma outra ação cabível à Fazenda Pública é a Cautelar, para tornar indisponíveis os bens do contribuinte, conforme autorização da lei 8397/92. Veja algumas hipóteses em que ela é cabível:
Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor:
I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado;
II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação;
III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; 
V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: 
a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade;
b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido;
[...] (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8397.htm)
Por sua vez, o contribuinte pode mover uma Ação Anulatória de Lançamento Fiscal (objetiva declarar alguma nulidade do ato de Lançamento); ação de Consignação em Pagamento (quando o contribuinte deposita em Juízo o valor que entende cabível para um determinado crédito tributário da Fazenda); ação de Repetição de Indébito (objetiva a devolução daquilo que o contribuinte pagou sem ser devido); mandado de Segurança (ação muito comum quando diz respeito a questões envolvendo o Estado, seja na parte tributária ou não. É possível ser proposta quando houver ofensa a direito líquido e certo, isto é, quando houver prova inequívoca da ofensa ao direito do contribuinte), etc.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO:
O que é um processo administrativo tributário? Quais suas peculiaridades?
O que é um processo judicial tributário? Quais suas peculiaridades?
GLOSSÁRIO:
Parcial procedência de um pedido: Quando apenas uma parte dos vários pedidos constantes do requerimento do contribuinte é julgada favorável.
Abdicar: "Abrir mão".
PARA SABER MAIS:
DINIZ, Eduardo Abílio Kerber. A instrumentalidade do Processo Judicial Tributário. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8723. Acesso em: 03 abr. 2009.
BRITO, Maria do Socorro Carvalho. O processo administrativo tributário no sistema brasileiro e a sua eficácia. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 66, jun. 2003. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/4112/o-processo-administrativo-tributario-no-sistema-brasileiro-e-a-sua-eficacia >. Acesso em: 03 abr. 2009.
APROFUNDANDO O CONHECIMENTO:
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros.

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