EMBALAGENS E OCUPAÇÃO DE VEÍCULOS. Alexandre da Silva Paim1 1 – Embalagem A embalagem é um recipiente ou envoltura que armazena o produto temporariamente, individualmente ou agrupando unidades, tendo como principal função protegê-lo e estender o seu prazo de vida (shelf life), viabilizando sua distribuição, identificação e consumo (ABRE, 2014). Para Moura e Banzato (2000, p.11) embalagem é o “[..] conjunto de artes, ciências e técnicas utilizadas na preparação das mercadorias, com o objetivo de criar as melhores condições para seu transporte, armazenagem, distribuição, venda e consumo, ou alternativamente, um meio de assegurar a entrega de um produto numa condição razoável ao menor custo global”. Embalagens desempenham um papel muito importante na produção, na comercialização e na logística, podendo ser classificadas em função de sua finalidade como a) de consumo (e.g. saquinhos de salgadinhos), b) expositora (e.g. embalagem blister usada para expor produtos em supermercados), c) industrial ou de movimentação (e.g. embalagens para proteger peças pintadas durante a movimentação para a linha de montagem), d) de armazenagem (e.g. colocação de itens com formas complexas em caixas que permitam empilhamento), e) de transporte/distribuição física (e.g. agrupando itens em caixas de embarque para melhorar a eficiência de embarque/desembarque ou colocando itens em embalagens que possam proteger a carga de choques e vibrações devidas ao transporte) e f) de exportação (e.g. atendimento a exigências legais de comércio internacional e/ou para proteger a carga em navegação marítima de longo curso). As embalagens podem servir a funções como a) contenção (e.g. uma garrafa de refrigerante contém o produto), b) acondicionamento (e.g. chuveiros colocados em caixas são mais fáceis de armazenar), 1 Mestre em Ciências Empresariais, consultor e professor adjunto da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. c) comunicação (e.g. informações são impressas nas embalagens de modo a atender à legislação ou aos interesses do marketing ou da logística, orientando manuseio ou movimentação), d) proteção e preservação (podem proteger contra vibração ou choque, humidade, luz solar, contaminação, etc.), e) conveniência (e.g. normalmente se quer facilidade de manuseio, o que às vezes exige a colocação de alças e facilidade de abertura, mas remédios podem exigir que seja dificultada a abertura da tampa por parte de crianças para protege-las de ingestão acidental) e f) desempenho (e.g. embalagens com características que permitam enchimento/fechamento automatizado). As mercadorias podem ter embalagens com vários níveis (umas dentro das outras), sendo estas nomeadas como primária, secundária, terciária, e assim por diante, contadas a partir daquela que tem contato direto com a mercadoria. A Embalagem Primária, portanto, é aquela em contato direto com o produto. A embalagem secundária é feita para conter uma ou mais embalagens primárias, podendo ou não ser indicada para o transporte. A embalagem terciária pode agrupar diversas embalagens primárias ou secundárias para o transporte, tipicamente caixas de papelão ondulado (ABNT, 2010). Pode-se citar como exemplo salgadinhos que são embalados em “saquinhos” (embalagem primária, ou de consumo) que são, por sua vez, colocados em caixas de papelão ondulado (embalagem secundária) que são usadas para o despacho das mercadorias (caixas de embarque ou de despacho). Outro exemplo são bombons, que são envolvidos com embalagem plástica individual (embalagem primária) e depois colocados em sacos (embalagem secundária) com 25 unidades que são posteriormente colocadas em caixas de papelão ondulado (embalagem terciária) para serem embarcadas em unitizadores (paletes, por exemplo) ou diretamente em veículos. Medicamentos em geral apresentam mais níveis de embalagens que outros tipos de produtos. Em termos de movimentação podemos ter embalagens que são projetadas para serem movimentadas manualmente e embalagens destinadas a serem movimentadas mecanicamente. Quanto à utilidade as embalagens podem ser retornáveis (e.g. garrafas de vidro para refrigerantes) ou descartáveis (e.g. garrafas de plástico PET para refrigerante). O processo de retorno (reversão) das embalagens faz parte da logística reversa. As embalagens podem assumir os mais variados tipos como caixas, engradados, sacos, latas, cartuchos (caixas feitas de papel cartão, como as de sabão em pó), blister (composta da cartela-‐suporte e do filme plástico transparente em forma de bolha como as usadas para pilhas), apenas para citar alguns. Os materiais usados são os mais diversos como papelão ondulado, cartão, madeira, metal, plástico rígido ou flexível, ou compostas por diversos materiais combinados. Embalagens mistas combinam dois ou mais materiais (como plástico com metal, metal com madeira, plástico com vidro, vidro com metal ou madeira com papel) incluindo materiais reciclados. A vantagem é a combinação das propriedades dos materiais com o objetivo de proteger e transportar os produtos e atrair os consumidores. Como exemplo podemos citar garrafas de vidro envoltas em vime. As embalagens multicamadas também são mistas, mas combinam os diferentes materiais (alumínio com papel ou papel com papelão) em camadas sobrepostas. As embalagens cartonadas são compostas por camadas de materiais (também são multicamadas) que criam barreiras à luz, gases, água e microrganismos, conservando as propriedades dos alimentos. A embalagem cartonada asséptica (como a das caixas de leite) é feita com uma camada de papel cartão (que dá forma e resistência) mais uma camada de alumínio (que protege do oxigênio e da luz) e varias camadas de polietileno (que impedem o contato do alimento com o alumínio e isolam a embalagem da umidade externa). Embalagens laminadas (como as usadas em alimentos como salgadinhos) são formadas pela sobreposição de materiais como filme plástico metalizado colado sobre filme plástico. 2 – Embalagem Modular Embalagens modulares são aquelas em que as dimensões das caixas maiores são múltiplas ou submúltiplas das dimensões das caixas menores (ver Figura 1). Esta característica permite armazenar e transportar de modo mais eficiente grupos heterogêneos de caixas. Figura 1: Dimensões modulares para caixas onde as dimensões são sempre divididas pela metade. A Portaria Conjunta 009 (MAPA, 2002) emitida por INMETRO, ANVISA e SARC recomenda que as embalagens de produtos horti-fruti-granjeiros sejam de dimensões padronizadas modulares do palete PBR I (1,2m x 1,0m). Três FAMILIAS de dimensões de base (conhecidas como a pegada ou footprint) para caixas são perfeitamente adequadas para ocupação (lastro) 100% do palete PBR I (1200 mm x 1000 mm): “600mm x 400mm”, “500mm x 400mm” e “500mm x 300mm”. As famílias são obtidas dividindo a dimensão maior por dois conforme mostrado no quadro a seguir. Quadro 1: Famílias de dimensões modulares para ocupação 100% do palete PBR I. 600mm x 400mm 500mm x 300mm 500mm x 400mm 400mm x 300 mm 300mm x 250mm 400mm x 250mm 300mm x 200 mm 250mm x 150mm 250mm x 200mm ………………….. ………………….. ………………….. A família 600mm x 400mm já era usada na Europa e tem sido mais adotada por permitir que seja feita a “amarração” das caixas, ou seja, as camadas de caixas são superpostas com disposições alternadas de modo