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A confiança é essencial para sair da zona de conforto EQUILIBRE AS EXPECTATIVAS Aprenda a lidar melhor com as frustrações PRATIQUE O DESAPEGO Supere as mágoas e falhas do passado CORAGEM PARA MUDAR Recomeçar é uma atitude íntima que nasce do autoconhecimento, da autocrítica e do amor próprio. Chegou a sua vez de florescer em um caminho diferente! COMECE UMA NOVA HISTÓRIA R$ 9,90Ler & Saber, Ano 2 - Nº26 Telegram @clubederevistas FEVEREIRO LaranjaRoxo Combate à leucemia e incentivo a doação de sangue ou medula óssea Conscientização do Lúpus, Fibromialgia e Mal de Alzheimer Para participar do nosso grupo no TELEGRAM, clique no ícone ao lado https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas Um novo caminho! A tualmente, muito se fala sobre mudança de vida: cursos de coach, livros de autoajuda, grupos de apoio ou até mesmo canais do You- Tube tratam do tema. Mas o que isso realmente significa? Para algumas pessoas, o processo de recomeço tem relação com uma vida mais saudável, um novo emprego, o fim de um relacionamen- to abusivo ou mesmo mudar tudo que estava planejado por conta de fatalidades inesperadas ou porque aquilo já não condiz com os anseios mais íntimos. Se você se encaixa em uma dessas situações ou quer alterar a trajetória do “trem da vida”, as próximas páginas foram desenvolvidas especialmente para tranquilizar a viagem. Nesta edição de Ler & Saber, mostramos como os erros podem ser grandes mestres na arte da evolução, a importância de se desapegar de sentimentos ruins e de que forma você deve equilibrar as expec- tativas sobre o futuro. Ensinamos ainda a grande arte do autoconhecimento, por meio de perguntas simples a respeito da sua imagem interior e exterior. Todavia, há algo que você precisa saber: nada disso será possível sem co- ragem. Para mudar o curso de sua história, você terá que confiar na própria capacidade de se reconstruir e florescer diferente em um novo caminho. Então, desenvolvemos uma reportagem especial sobre esse assunto! Por último, ensinamos como traçar metas, a importância da felicidade para a saúde e apresentamos depoimentos reais de pessoas que saíram da zona de conforto para buscar uma vida melhor. Boa leitura! A redação Telegram @clubederevistas CAPA Imagem Getty Images Perdas e ganhos Enquanto as escolhas certas nos satisfazem, as erradas nos ensinam a viver Receio, preocupação… covardia? Como os medos explicam a nossa personalidade e o modo como lidamos com as dificuldades cotidianas Expectativas A dose certa entre sonhar demais e evitar possíveis frustrações ÍN D IC E Coragem é a palavra Entenda como ser destemido para alcançar a nova vida que tanto deseja Deixa pra lá! Desapegar-se dos sentimentos e lembranças ruins faz parte do processo de mudança Quem é você? Aprenda a reconhecer suas qualidades e defeitos a partir do processo de autoconhecimento Metas Recomeçar exige parar e pensar nos próximos passos. Saiba o que mais vem com o planejamento Sorriso que muda tudo Uma dose de felicidade e uma pitada de bom humor fazem um bem danado para a saúde reais Depoimentos Histórias de pessoas que tiveram coragem para começar outra vez Telegram @clubederevistas Faz parte! Escolher, errar e se arrepender. Um caminho natural que temos que aprender a lidar SUPERAÇÃO Telegram @clubederevistas “O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove”. A frase do escritor e cro- nista brasileiro Fernando Sabino ref lete uma situação que sempre nos deparamos em nossa trajetória. Pode parecer clichê, mas viver é fazer escolhas e todas elas im- plicam em perdas. Todos os dias somos co- locados em situações que exigem decisões, e pesquisas apontam que esse contexto no qual somos inseridos não causa apenas nos- talgia, como ressalta Sabino, mas também Errar é bom Quando existe a consciência e a confirma- ção de que uma escolha foi errada, ou não foi a mais acertada entre tantas outras, que aquilo que deixamos era melhor do que recebemos, a atitude mais adequada e aconselhável é a posi- tiva. Uma falha pode – e deve – ser vista como uma oportunidade para tomar decisões mais conscientes no futuro. “Aprender com os er- ros é uma das capacidades que nos torna mais adaptativos a ambientes complexos”, ressalta André Luiz Moreno, psicólogo especialista em terapia cognitivo-comportamental. Apesar de sempre ouvirmos que errar é ruim, a maneira com que olhamos para essa situação aparen- temente negativa pode mudar tudo. Viés científico O cérebro tem duas reações rápidas quan- do fazemos algo errado. Primeiro, o sinal que reconhece o equívoco e, logo em seguida, acon- tece aquele que conscientiza o indivíduo do erro e indica que ele já está pensando em como consertá-lo. Essas duas respostas cerebrais acontecem cerca de um quarto de segundo depois da falha. Baseados nessas informações, cientistas da Michigan State University, em um artigo pu- blicado na Psychological Science, afirmaram que a atitude de uma pessoa frente a um erro pode dizer como esse influenciará em tenta- um mal muito popular nos dias de hoje: a ansiedade. Apesar disso, a sabedoria popular está do nosso lado nesse caso. “Há males que vem para bem”. “Não adianta chorar pelo leite derramado”. Quem nunca ouviu essas frases de consolo em momentos de nervo- sismo? Pois tenha em mente que elas po- dem ser verdadeiras, só depende de você. O processo de escolha, que traz perdas como consequência e exige que se abra mão de alguma coisa, é natural e erros acontecem – os seres humanos são imperfeitos. Não adianta chorar: sofrer pelo o que já foi ape- nas ocupará o tempo presente. Telegram @clubederevistas Uma lição para não se esquecer A australiana Bronnie Ware lançou o livro The Top Five Regrets of the Dying (Os cinco principais arrependimentos de pessoas à beira da morte, em tradução livre). Bronnie é enfermeira e especialista no trabalho com pacientes terminais, por isso resolveu publicar uma obra que reunisse suas experiências de anos lidando com relatos de pessoas que estavam encarando a realidade da morte. Segundo ela, essas confissões podem ser resumidas em cinco grandes arrependimentos: 1. Queria ter tido coragem para fazer o que realmente queria, e não o que esperavam que eu fizesse 2. Queria não ter trabalhado tanto 3. Queria ter tido coragem de falar o que realmente sentia 4. Queria ter retomado o contato com os amigos 5. Queria ter sido mais feliz O livro passa a mensagem que a eminência da morte faz com que as pessoas reavaliem suas vidas, mas que não existe a necessidade dessa situação para uma reflexão. Assim, deve-se aproveitar cada oportunidade para ser feliz. Jogo da vida Abrir mão é necessário, não dá pra ganhar sempre. Essa é uma das regras para que pos- samos conviver diariamente. “A culpa e o per- feccionismo, quando excessivos, são maneiras disfuncionais que utilizamos para lidar com a ansiedade. Ambos estão relacionados a formas de lidar com a incerteza gerada pela complexi- dade de decisões e desfechos dessas decisões”, observa André. E também não adianta julgar e olhar para o passado com os olhos de hoje. “No presente, temos consciência dos desfechos re- sultantes de nossos comportamentos. Porém, no passado, quando tomamos a decisão, não te- ríamos como saber de todas as consequências das possíveis decisões, devido à complexidade do ambiente”, conclui o psicólogo. tivas futuras – ou seja, se o erro servirá como ensinamento ou não. A investigação foi feita quando voluntários receberam alguns testes, como aqueles de atenção, simples, mas que por serem feitos repetidamente acabam por deixar as pessoas mais suscetíveis ao erro. De acordo com as reações cerebrais dos voluntários, os pesquisadores concluíram: quem pensava que ainteligência poderia ser desenvolvida e acreditava no aprendizado extraído de erros tinha aquela segunda rea- ção – de aceitar o deslize e já pensar em cor- rigi-lo – em maior intensidade. Dessa forma, nos próximos testes, o índice de acerto dessas pessoas era bem maior. S hu tt er st oc k Im ag es SUPERAÇÃO Telegram @clubederevistas emoçõesNão tema suas MEDO De grande necessidade para nossa sobrevivência primitiva, o medo muitas vezes é um obstáculo que diz muito sobre nós mesmos e nosso entendimento de mundo Telegram @clubederevistas C apaz de congelar sua fala e até de paralisar seus movimen- tos, o medo é uma reação na- tural e espontânea, que teve papel importante na evolução do ser humano. As situações em que o perigo é evidente levam a uma decisão imediata: sair correndo, gritar, ou simplesmente fi- car imóvel para evitar contato são atitudes instintivas que visam impedir que o nosso corpo seja afetado pelas ameaças. Entretan- to, muitas vezes o temor pode ultrapassar o receio de estar em perigo e gerar angústias na vida pessoal e profissional, podendo pro- vocar dificuldades. O que é o medo? Segundo Joana Singer, psicóloga e dire- tora do Centro Paradigma de Ciências do Comportamento, o medo se caracteriza por uma série de reações do organismo frente a uma ameaça. Essencial para a preservação da nossa espécie, o mecanismo pode ter consequên- cias negativas. “Ainda hoje, o medo nos predispõe a comportamentos que nos protegem de morte ou de lesões a nossa integridade física. Entretanto, sabemos também que frequentemente pagamos um preço alto por essa herança filoge- nética: sentimos medo, muitas vezes, sem que haja uma ameaça real. É como se res- pondêssemos por uma ‘sobra’ biológica”, elucida a psicóloga. Como pode atrapalhar É importante ressaltar que sentir medo não é algo ruim, contudo, em níveis excessi- vos, ele pode gerar pânico mesmo em situa- ções controladas, superestimando o risco naquele momento. As fobias, por exemplo, costumam fazer o indivíduo desacreditar em sua capacidade de enfrentar o proble- ma, ocasionando o pavor excessivo e uma angústia antecipatória. Uma boa amostra disso é o medo de an- dar de avião, que resiste fortemente aos da- dos estatísticos, que dizem que o meio de transporte é um dos mais seguros. Ver-se dentro de um veículo que voa a milhares de metros de altura pode causar, natural- mente, um grande desconforto. No entanto, essa sensação deixa de ser saudável quando somos incapazes, física e emocionalmente, de tentar encará-lo. “O medo se torna um problema quando interfere na vida profis- sional, social, afetiva, familiar ou nas ações cotidianas. Por exemplo: um indivíduo pode ter medo de cachorro, evitar ficar perto, etc. Porém, se a pessoa deixa de sair na rua em função do medo de encontrar cachorros, po- demos falar em algo mais sério, que merece intervenção”, explica a psicóloga. Conheça a si mesmo Com a complexidade alcançada das re- lações sociais e do próprio conhecimento humano, os medos foram além da busca por segurança física. Deixaram de ser desenca- deados pelo perigo incontestável e passaram a ter significados simbólicos e muito pes- soais. Dessa forma, o medo pode ser uma maneira de compreender melhor nosso in- terior. Segundo William Ferraz, terapeuta e especialista em inteligência emocional, MEDO Telegram @clubederevistas existem maneiras diferentes de entendê-lo. “Algumas pessoas precisam simplesmente ressignificar o medo para entender que ele tem uma intenção positiva de proteção. Ou- tras precisam trabalhar e entender como e porque ele foi construído”, explica. Muitas vezes somos incapazes de admitir que o medo esteja ali e evitamos nos apro- fundar nas causas e consequências de seu desencadeamento, mas é importante saber que a intenção do mecanismo é positiva e visa nos proteger. De acordo com Joana Sin- ger, “o ideal é que a pessoa aprenda a reco- nhecer o tamanho do medo frente às reais ameaças da vida. Um bom trabalho terapêu- tico deve ajudá-la a se aproximar dos estí- mulos temidos de forma segura e paulatina”. Durante certos períodos da vida, o receio de fracassar, de ser ridicularizado ou coloca- do de lado pode aparecer. Na adolescência, período no qual o mundo começa a ser en- tendido de maneira mais profunda, muitos desses bloqueios surgem e, nesse caso, têm efeitos negativos ao bem-estar. Frequente- mente, esses pavores aparecem devido às experiências negativas, que geralmente são acompanhadas de outras sensações, dando complexidade a essas emoções. “Quando fa- lamos em ‘medo de rejeição’, por exemplo, estamos empregando a palavra ‘medo’ para falar de uma série de sentimentos (como an- gústia, apreensão, etc.). Tratam-se de ‘me- dos’ mais complexos. Uma intervenção fo- cada não é suficiente”, completa a psicóloga. Filtre positividade O medo se agrava quando imaginamos o pior, então, por mais que exista realmente um risco, pensar somente nos destinos trágicos que aquilo pode ter irá consumir sua capacidade de lidar com o que apavora você. “Quanto mais nutrirmos nossos pensamentos com boas notícias ou boas informações, mais experiências que podem fortalecer um estado de espírito positivo e saudável serão criadas. Da mesma forma que quanto mais nutrimos nossos pensamentos com informações pessimistas ou de violência, mais teremos respostas de medo e stress”, finaliza William Ferraz. CONSULTORIAS Joana Singer, psicóloga e diretora do Centro Paradigma de Ciências de Comportamento; William Feng, terapeuta e especialista em inteligência emocional Telegram @clubederevistas expectativas Precisamos falar sobre FRUSTRAÇÕES Na dose certa, se empolgar e sonhar com determinadas situações pode ser saudável. Mas é preciso ter consciência de que as coisas nem sempre acontecem conforme o planejado ou desejado – especialmente no que diz respeito a outras pessoas Telegram @clubederevistas F alar sobre expectativas não é ta- refa das mais fáceis. Isso porque, embora seja parte da natureza humana, elas estão condiciona- das a uma imaginação muito fér- til, o que faz com que os desejos excedam a compreensão sobre a realidade em diversas oportunidades. Além disso, temos a tendência de projetar nossos anseios nos outros – por vezes até nos comportando de forma egoísta. Assim, é inevitável: quando rola uma en- trevista de emprego, logo já nos vemos cal- culando os benefícios do novo salário, or- ganizando a nova rotina e sonhando com o impacto que aquele novo cargo pode causar em nossa carreira profissional. Já quando ficamos ou nos apaixonamos por alguém in- teressante, vira quase um desafio não ideali- zar o desenvolvimento de uma relação como sempre sonhamos. Obviamente, depositar todas as nossas fichas em uma vontade que pode ou não se realizar não parece a atitude mais razoável. Contudo, também não é pecado esperar que coisas boas aconteçam. E a narrativa de rejei- ção das famigeradas expectativas pode criar um batalhão de pessoas que finge não se im- portar, mas, em seus íntimos, se remoem por não agirem como gostariam. Dessa maneira, como tratar dessa situação em doses e níveis certos? Os dois lados da moeda Para Aristides Brito, coach e diretor do Marca Pessoal Treinamentos, as expectati- vas abrangem questões muito amplas e par- ticulares. “Existem pessoas que jogam para o destino, ou seja, culpam o acaso. Mas a frus- tração está diretamente ligada à intensidade de expectativa que colocou em algo ou em alguém. Se você entrar num relacionamento e não cobrar a pessoa, tudo que ela oferecer, mesmo que seja pouco, vai ser suficiente. Ago- ra, se imaginar alguém só com qualidades, na hora que aparecerem os defeitos, a frustração vai ser enorme”, alerta o especialista. Telegram @clubederevistas Aristides ainda explica os dois extremos de criar expectativas atreladas ao planejamen- to. Sobre o lado positivo, ele revela: “Quanto mais planejado, mais próximo da realização.Se você conseguir prevenir o máximo possível de acontecimentos, com uma boa análise, tem grandes possibilidades de realizar. As pessoas mais organizadas têm mais chance de não se frustrar, pois pensam muito antes de partir para a prática. Já a pessoa que não busca se conhecer, conhecer os outros e se informar, com certeza pode se frustrar. E provavelmen- te vai culpar o azar”. Por outro lado, existe a possibilidade de, mesmo com todas as análises e previsões, acontecer algo inesperado, e a situação sair do controle. E é aí que mora o perigo, já que, quanto maior a altura, maior a queda. “No geral, essas pessoas que calculam tudo, que pensam no maior número de detalhes, são as que mais se frustram quando acontece algo. Então, o equilíbrio é se preparar, torcer para dar certo, mas se conscientizar para todas as situações. Até porque, o exagero na preven- ção também pode te deixar estagnado, sem sair do lugar, o que em geral é péssimo”, avalia Aristides. Viver uma vida consciente pressupõe, an- tes de tudo, aprender a perceber quando estas ilusões começam a se formar em nossa mente e aceitar o fato de que não temos o dom de manipular a realidade para que ela se molde ao nosso desejo. Em síntese, uma boa solução seria dividir os aspectos de sua vida em dois grandes grupos: as coisas que você espera que aconteçam e depende determinantemente de você e as coisas que você espera que aconte- çam, mas dependem muito mais de outras pessoas e acontecimentos do que das suas próprias ações. Mas é bom que se diga: não podemos ser escravos de uma vida focada em blindar decepções. Soluções “Quanto mais experiências, mais prepa- rada a pessoa fica para superar certas situa- ções”, afirma Aristides. Afinal, como dizem por aí, a frustração também pode servir de combustível para quem sonha, cai e se levanta em busca de seus propósitos. “A primeira coisa é entender que elas po- deriam acontecer com qualquer um em qual- quer lugar, não é nada pessoal. Às vezes a pes- soa se martiriza, se vitimiza por acreditar que aquilo só acontece com ela, como se ela fosse azarada. Isso é da sua cabeça. O segundo as- pecto é tirar algo de positivo da situação. Por mais complicado que seja, e por mais triste que a situação tenha se desenhado, vai ficar o aprendizado”, completa o especialista. Pode parecer clichê, mas o autoconheci- mento é fundamental para discernir cenários adversos e situações de risco. A longo prazo, quanto mais segura a pessoa estiver, mais maturidade terá para administrar as frus- trações. E, segundo Aristides, um conceito que anda muito recorrente pode ser decisivo neste processo. Trata-se da resiliência. “O ideal é desenvolver a resiliência, que é a capacidade de superação das adversidades. E isso você trabalha com treinamentos, dinâ- micas e até mesmo com autoconhecimento. Se você sabe que o excesso de expectativas te traz frustração, a melhor postura é tirar qual- quer pressão sobre o futuro”, analisa o profis- sional. E as nuances do tempo dão o gancho para a conclusão de sua linha de raciocínio. “Normalmente, as pessoas em uma so- ciedade excessivamente tecnológica como a nossa se cobram muito do futuro, vivem no futuro. Isso gera ansiedade e até mesmo doenças mais graves como consequência. Viver o presente, o agora, é algo que deve ser trabalhado com muito exercício. Os mais jovens talvez possuam dificuldade para en- tender isso, mas, com maturidade, a maio- ria entende que não se deve cobrar nada do futuro. E isso, infelizmente, só é apren- dido com as experiências ao longo do tem- po”, finaliza. Confira alguns passos para evitar ou lidar melhor com frustrações • Busque o equilíbrio: como já dito anteriormente, é preciso ter consciência de que as coisas nem sempre acontecem conforme o planejado ou desejado – especialmente no que diz respeito a outras pessoas. As expectativas devem ser pautadas em coisas alcançáveis, e não idealizadas. • Aceite as diferenças: pessoas têm histórias, valores e convicções diversas – isso sem falar dos diferentes contextos em que as decisões são tomadas. Compreender posturas e comportamentos que você não concorda é fundamental para não viver uma vida de decepção. • Tudo no seu tempo: quando um sonho se cruza com o empenho e com a determinação, tudo se torna mais próximo do possível. Mas vá com calma: espere, reflita e se dedique a um plano por vez, já que, ao traçarmos uma meta, a vida pode surpreender com imprevistos e fatores que ainda nem existem. FRUSTRAÇÕES Telegram @clubederevistas CONSULTORIA Aristides Brito, coach e diretor do Marca Pessoal Treinamentos Uma questão científica Em que medida nossas expectativas sobre o futuro influenciam os sucessos e falhas de previsões tecnológicas? A sociologia das expectativas trata justamente de perguntas como essas. Como disciplina, ela se propõe a investigar como o desenvolvimento de novas tecnologias é impactado por nossas suposições científicas e sociais. Um de seus principais influenciadores foi o economista Nathan Rosenberg, visto que o norte- americano estudou as relações entre as expectativas e decisões feitas por empreendedores. Em seu trabalho, ele define expectativas como o meio pelo qual empreendedores racionalizam investimentos em novas tecnologias, tentando encontrar o equilíbrio entre ser um pioneiro tecnológico e arriscar os problemas técnicos que seguem essa posição. Telegram @clubederevistas Mudar é um ato de coragem Por mais que pareça — e realmente seja — difícil mudar, nossa trajetória é feita de renovações e recomeços RECOMEÇAR Telegram @clubederevistas M udar pode ser tarefa árdua. Exige desapego, exige força e, principalmente, exige coragem. O ímpeto de deixar o que pas- sou para trás e olhar adiante sob uma nova ótica é necessário em diversas situações. Nossa vida pode estar estável em muitos aspec- tos: trabalho, filhos, amor, dinheiro, etc. E, como num passe de mágica, o relacionamento finda, um ente querido se vai, uma doença ou distúrbio dá as caras. E tudo desmorona. Reerguer-se é gradual Quando tudo está de cabeça para baixo, con- seguir trazer isso ao eixos novamente não se faz da noite para o dia. É normal, numa situação de dificuldade, demorar para ver alguma luz no- vamente. Por um tempo, ficamos presos àquele problema e, aparentemente, não há nenhuma esperança de melhoria. Apesar de ser clichê, os “perrengues” nos aju- dam em alguma coisa. Mesmo que seja difícil no início, a longo prazo — quando enfim, a vida está voltando à normalidade — percebemos que os sufocos nos deixam marcas e aprendizados. Mas, até esse ponto, há alguns percalços. Um exemplo: desilusão amorosa. O término pode ser terrível. Aquela rotina se esvai, associamos qual- quer elemento do dia a dia com a antiga vida a dois e entramos numa tristeza que parece infindável. Entretanto, a mudança não acontece rapi- damente. Algo muito importante de se ter em mente é que, para mudarmos, precisamos sen- tir essa necessidade em vez de não forçá-la. Os recomeços acontecem quando menos espera- mos. O coach de relacionamentos Pablo Tuffano COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ (Jojo Moyes, Editora Intrínseca) A jovem Louisa Clark, recém- desempregada e ainda dependente de seus pais, arruma um emprego de cuidadora. O rapaz que Louisa cuida é Will Traynor, de 35 anos, tetraplégico após um acidente de moto. Preso a uma cadeira de rodas, Will ficou amargo e seco. Quando a moça entra em sua vida, ele irá descobrir novas vivências que trarão perspectivas de recomeço para ambos! Filmes e livros para inspirar mudança salienta a necessidade do desapego ao passado para se chegar ao caminho da transformação. “A importância de se recomeçar está no fato de que não adianta olhar para trás e sonhar com o que se tinha, pois este passado já não existe mais, mes- mo que insista. Quando temos clareza de que, para termos a vida dos sonhos é necessário su- perar os desafios, logo ficaclaro que o recomeço pode ser uma excelente oportunidade”, ressalta o especialista. Mas, engana-se quem pensa que as dificul- dades mudam de intensidade de acordo com as situações. A psicóloga Lidiane Silva explica que cada um tem sua maneira de lidar com o sofrimento. “Não é a situação que determina o impacto acarretado, mas a personalidade e a maneira de interpretá-la, seja ela considerada grave ou simples. A subjetividade de cada ser humano influencia neste impacto”, elucida. Ela ainda complementa que a forma de se enxergar o medo e o recomeço está mais relacionada ao meio que a pessoa está inserida, ao controle de suas emoções e a sua capacidade de ser resilien- te. Na prática: uma pessoa pode quase morrer em função de uma doença grave e com pensa- mentos positivos e tratamento adequado, sair do problema dominando seu temor e enxergando a mudança como uma nova oportunidade para viver. Contudo, uma pessoa que é traída pode se tornar negativa, não se relacionar mais, deixando as preocupações dominarem e bloqueando qual- quer chance de reescrever uma nova história. Quando todas as nossas incertezas param de nos amedrontar, um novo ciclo fica mais próxi- mo. Adriana Schneider, coach especialista em desenvolvimento humano, acentua a relevân- “A importância de se recomeçar está no fato de que não adianta olhar para trás e sonhar com o que se tinha, pois este passado já não existe mais, mesmo que insista" Telegram @clubederevistas O ÚLTIMO ADEUS (Cynthia Hand, Editora Darkside Books) Após o suicídio de seu irmão mais novo, Lex, de 18 anos, começa a escrever um diário a pedido de seu terapeuta. A narrativa em primeira pessoa mostra o que a garota tem de enfrentar para conseguir seguir em frente, ao mesmo tempo que lida com o divórcio dos pais e as provas para entrar na faculdade. A autora Cynthia Hand retrata a dureza de uma perda e como, apesar dos percalços, o ser humano tem o poder de recomeçar. 7 PASSOS PARA DAR A VOLTA POR CIMA (Lauro Trevisan, Editora Da Mente) Na obra, Lauro Trevisan vai explanar sobre os possíveis caminhos para a retomada da vida depois de um momento de dificuldade. “O medo é uma tentativa de proteção, necessário para que as avaliações dos riscos sejam ponderadas. Ele só se torna um problema quando é paralisante” cia dos recomeços. “É manter-se vivo, presente, em processo de melhoria contínua. Criar mais musculatura emocional, tornar-se protagonis- ta, ampliar a autorresponsabilidade sobre as consequências de suas escolhas, romper com a passividade e o vitimismo. Quem tem coragem de recomeçar não fica preso ao jogo de acusações, mas age a partir do que aconteceu independente do motivo. Vai adiante construindo novos pata- mares”, enfatiza. RECOMEÇAR Telegram @clubederevistas COMER, REZAR E AMAR (Eat, Pray, Love, Ryan Murphy, 2010) “A ruína é a estrada para a transformação”, uma das frases mais emblemáticas do longa descreve bem sua narrativa. Liz Gilbert (Julia Roberts) se descobre infeliz no seu casamento e se divorcia. Depois, ela parte para se redescobrir e encontrar um novo começo. À PROCURA DA FELICIDADE (The Pursuit of Happyness, Gabriele Muccino, 2007) Chris Gardner (Will Smith) é um pai solteiro que luta para conseguir se sustentar e a seu filho Christopher (Jaden Smith). Ele arruma um estágio sem remuneração numa renomada empresa. Entretanto, Chris e o filho são despejados do apartamento onde vivem e passam a dormir em abrigos e banheiros do metrô, mas sem perder a esperança. Quero mudar, mas como? O coach Pablo Tuffano explica como pode ser traçado o caminho para a mudança de vida TRABALHAR O MEDO NO INCONSCIENTE: saber qual a origem do sentimento ou o problema que o incitou. FAZER UMA ANÁLISE DE RISCO: avaliar os riscos e se precaver caso tudo não saia como planejado. DESCOBRIR O PROPÓSITO: encontrar e afirmar o verdadeiro porquê daquela mudança. “Só assim o caminho se torna leve e o ideal que buscamos se torna maior do que as dificuldades”, diz o especialista. FAZER UM PLANO: ponderar quais são as maneiras de ficar mais próximo do seu objetivo. Planejar as atitudes a serem tomadas pode conduzir você ao recomeço. ENVOLVER PESSOAS: quando temos terceiros envolvidos, o nível de responsabilidade aumenta. Segundo Pablo, isso influencia o nosso comprometimento com as mudanças que objetivamos. Tropeçar faz parte As dificuldades assustam. Quando vivemos algo, nossa primeira reação é o medo. Medo de errar, da frustração, do tropeço. E isso auto- maticamente nos bloqueia de experimentar e insistir em coisas novas. O que devemos colocar na cabeça é que cair faz parte. Enquanto aprendíamos a andar de bicicleta, quantas vezes caímos? Muitas. E se pararmos para rememorar esse acontecimen- to, o número de quedas vão ser maiores que a quantidade de vezes em que nos equilibramos. Contudo, o medo não é de todo ruim. A psi- cóloga Simone Januário comenta a necessidade desse sentimento nos momentos críticos. “O medo é uma tentativa de proteção, necessário para que as avaliações dos riscos sejam ponde- radas. Ele só se torna um problema quando é paralisante”, ela destaca. Ou seja, o medo nos traz precaução, faz com que pensemos nas con- sequências das situações, entretanto, sem levar tudo ao extremo. Quando esse sentimento excede o limite considerado normal, a psicoterapia é uma via a ser tomada. “Desmistificar esse sentimento com a ajuda de uma psicoterapeuta, acreditar que novas experiências são novas vivências e que é possível fazer um final diferente”, afirma a psicóloga Sirlene Ferreira. CONSULTORIAS Adriana Schneider, coach de desenvolvimento humano; Pablo Tuffano, coach de relacionamentos; Lidiane Silva, Simone Januário e Sirlene Ferreira, psicólogas Lo br o7 8/ G et ty Im ag es e G et ty Pr em iu m .c om Telegram @clubederevistas ao passado Desapegar-se de objetos ou sentimentos faz parte da trajetória da mudança TEXTO ÉRICA AGUIAR | ENTREVISTAS ÉRICA AGUIAR E NATHÁLIA PICCOLI/COLABORADORA | DESIGN RAFAEL NAKAOKA D eixar o que nos marcou para trás não é uma tarefa fácil, não é mesmo? Como saber o que podemos “abandonar” ou guardar conosco? Quan- do estamos vivendo um excesso e não per- cebemos? Essas perguntas são difíceis de responder, afinal, ao longo da vida, acumu- lamos presentes, lembranças de ocasiões especiais, objetos que servem como recor- dações de lugares e até mesmo sentimen- tos bons e ruins. Assim, o apego pode ser saudável ou não. Classificar tudo isso e conseguir desapegar, muitas vezes, requer ajuda externa. É o que acontece com o personagem do ator Jim Carrey DESAPEGO Telegram @clubederevistas M ax im e R ob ey ns /E ye Em /G et ty Im ag es e Ie vg en ii Vo ly k/ G et ty im ag es no filme Sim Senhor. Carl Allen tem um traba- lho medíocre em um banco e simplesmente diz “não” para tudo que cruza seu caminho – seja convites para eventos ou viver novas experiên- cias. Porém, após uma conversa com seu amigo Peter – interpretado por Bradley Cooper –, per- cebe que sua vida poderia ser bem diferente. Assim, resolve participar de um encontro de auto-ajuda, cujo princípio é dizer “sim” a qual- quer coisa que aconteça ou que seja oferecida. A princípio, sua vida melhora: Carl é promo- vido, conhece a motoqueira Alisson e começam a namorar, frequenta as festas do chefe e apro- veita novas oportunidades. No entanto, tudo muda quando recebe o convite da amada para morarem juntos. A partir daí, ele descobre que o “sim” em excesso também pode causar pre- juízos. Dessa maneira, ensina a importante lição de não deixar as chances de lado, mas também não fazer nada obrigado. É preciso se desligar de algumas coisas – talvez muitas – para viver uma vida mais plena. Por que nos apegamos? A resposta é simples: devido ao simbolismo que atribuímos àquilo ou àquela pessoa a que nos apegamos. “Somos apegados, em geral, às coisas que sãoimportantes para nossa sobre- vivência (por exemplo, nossa casa), elementos que, de certa forma, atendem às necessidades emocionais como segurança, carinho, per- tencimento, ou às coisas que nos lembram de pessoas significativas e, talvez, representem momentos importantes ou bem-estar”, explica a psicoterapeuta Stèphanie Krieger. Segundo Fernando Vieira Filho, também psicoterapeuta clínico, indivíduos com baixa autoestima costumam ser mais apegados do que outros, pois costumam enxergar pessoas queridas como “muletas” para ajudá-los em sua jornada. “Apegam-se também a objetos e coisas que não lhe servem mais ou nunca ser- viram de fato. Acabam se tornando consumis- tas e acumuladores compulsivos”, acrescenta o profissional. Estar bem consigo mesmo, por outro lado, proporciona uma vida mais leve, livre e des- complicada, com dias mais tranquilos. Isso evita problemas físicos e emocionais, tais como ansiedade, fobia, medo e depressão. Como “esquecer” os erros? Bom senso e cautela são critérios essenciais para identificar do que, de fato, você precisa desapegar para que sua qualidade de vida me- lhore. Lembrar-se de alguns erros do passado, por exemplo, pode ser importante para que não mais os cometa. No entanto, não permita que eles sejam capazes de impedir a conquis- ta dos seus próximos sonhos. Tire uma lição sobre o ocorrido! O primeiro passo é descobrir a origem do arrependimento. O que provoca o sentimento ruim que você está carregando? As situações mais recorrentes se referem à escolha errada de carreira, ao lamento por ter recusado uma oportunidade no trabalho, aos conflitos fami- liares mal resolvidos, à mudança de cidade e perda de contato com amigos, ou ao casamento tumultuado que, com o passar dos anos, gera uma série de dúvidas. Porém, pode ser que você esteja atravessando uma situação diferente. Seja racional e compreenda o que acon- teceu – perdoe-se pelo ocorrido e, caso seja possível, tente resolver o problema com outra pessoa: peça perdão! Do contrário, continue seguindo em frente. Em alguns casos, não dá para mudar o passado, mas você consegue es- colher como ele afeta o presente e o futuro. Se precisar de ajuda, não tenha receio e procure um terapeuta ou grupos de apoio. Assim, será mais tranquilo para desapegar de aconteci- mentos antigos. No entanto, isso deve acontecer porque aquela situação não mais se encaixa na sua vida – evite encerrar um ciclo devido ao orgu- lho, ao pensamento de incapacidade ou por ar- rogância. Isso porque sua mente precisa estar leve para que tenha a possibilidade de escrever uma nova história e seguir novos rumos. É preciso se desligar de algumas coisas – talvez muitas – para viver uma vida mais plena. CONSULTORIAS Fernando Vieira Filho, psicoterapeuta clínico, palestrante e autor do livro Cure suas mágoas e seja feliz!; Stèphanie Krieger, psicoterapeuta cognitivo- comportamental. Telegram @clubederevistas Conhecer suas qualidades e defeitos é importante para saber a marca que deseja deixar no mundo Descubra-se! C omo você se descreveria?”: essa é uma das perguntas mais recorrentes em entrevistas de emprego e muitas pessoas não sabem como respondê-la. Saber quem é você é fundamental para orientar decisões, planejar os objetivos e como conquistá-los. Se não temos esse autoconhecimento, é difícil compreender os próprios sentimentos em algumas situações e podemos nos tornar inseguros quanto às escolhas que fazemos. “À medida em que um indivíduo conhece suas potencialidades e percebe que é capaz de se aperfeiçoar e se desenvolver quando necessário, torna-se mais forte. Ninguém se torna autêntico sem antes compreender a si mesmo e o universo ao seu redor”, explica Alexandre Prado, coach especialista em desenvolvimento humano. A seguir, descubra como conhecer melhor o seu “eu interior”, decidir o que pretende mudar, de que forma cultivar a autoaceitação e tomar decisões mais conscientes. “ AUTOCONHECIMENTO Telegram @clubederevistas 2. FILTRE O QUE FAZ BEM! Quais lugares trazem mais bem-estar? Que tipo de atividades proporcionam mais prazer? Ao lado de pessoas com quais personalidades você mais se sente bem? Quais acontecimentos provocam a sensação de “brilho nos olhos”? Essa etapa serve como orientação para o caminho que deseja seguir. 3. VISÃO EXTERNA Peça uma espécie de feedback de quem está presente no seu dia a dia. Pergunte a essas pessoas o que você faz bem e o que poderia melhorar. Se possível, questione sobre exemplos de situações. Assim, saberá quais características deseja abandonar, manter ou aperfeiçoar. 4. PONTOS FORTES E FRACOS Em uma folha de papel ou um arquivo de texto, faça duas colunas. A primeira com itens em que se considera bom, elementos que foi elogiado ou no que se destaca. A segunda deve conter informações sobre o que atrapalha seu desempenho, pontos de melhoria e do que sente falta para conquistar seus objetivos. 5. ASSINATURA PRÓPRIA Qual é a marca que quer deixar no mundo? Do que imagina que as pessoas que passaram por sua vida se lembram ao mencionarem seu nome? Você fica feliz com isso? O que desejaria, de verdade, que fosse? CONSULTORIA Alexandre Prado, coach especialista em desenvolvimento humano Mapa da felicidade 1. MODO DE AGIR De que forma você administra suas vontades? Quando não conquista aquilo que deseja, fica estressado ou pensa em recomeçar tranquilamente? É mais assertivo ou possui várias dúvidas e as deixa transparecer? Telegram @clubederevistas O sonho nosso de cada dia METAS Telegram @clubederevistas Para alcançar seus objetivos, por vezes, é preciso parar e pensar. Especialistas explicam por que é tão importante se planejar para alcançar o que se quer TEXTO RAFAEL GUIMARÃES/COLABORADOR ENTREVISTAS NATHALIA PICCOLI/COLABORADORA DESIGN ANA PAULA MALDONADO T er sonhos pode ser tão frustrante quanto recompensador. Isso por- que, muitas vezes, tentamos de qualquer forma determinar o que é desejado e acreditamos que al- cançar algo é uma questão de pura sorte ou de fatores que estão longe do nosso alcance. Entretanto, a busca da realização de suas metas de vida é algo que depende de organiza- ção e disciplina, além da capacidade de superar as dificuldades e se reerguer após os tropeços. Conversamos com especialistas para determi- nar como se organizar para cumprir objetivos e sobre a importância da superação. Falta de tempo para si próprio Um problema recorrente para quem tem so- nhos como empreender ou deseja atingir uma meta é a falta de tempo para as realizações pessoais. “O desenvolvimento tecnológico – in- cluindo a internet – deixou os processos mais céleres”, explica Alexandre Prado, especialista em economia e coach de carreiras. “O resultado dessa celeridade é que estamos cada vez mais com a sensação de perder o tempo”. Por vezes, a falta de tempo passa uma sen- sação de que o dia é curto para realizar as ta- refas do nosso trabalho, que nos sustenta, e ao mesmo tempo ter um projeto pessoal, explica Alexandre: “Sabemos que um dia tem apro- ximadamente 24 horas, mas insistimos em ocupar-nos com tantas atividades quantas fo- rem possíveis para nos diferenciar, aprender mais, entregar mais, agregar mais valor. Porém, queremos fazer tudo isso – e mais um pouco – sem organização”. Não é culpa sua. A relação que temos com o tempo nos dias atuais é complexa, muitas vezes são as coisas ao nosso redor que nos aceleram e consomem, como explica Marcela Rangel, especialista em desenvolvimento humano: “Vivemos em um mundo cada vez mais veloz, agora as mudanças são rápidas demais e isso é um fato novo para nós. Nunca em toda a nossa história se mudou com tanta velocidade. Com isso a nossa noção de tempo também mudou. Cada dia você se levanta mais cedo e vai dormir mais tarde, e sempre com a sensação de que deveria estar mais tempo acordado”. É preciso contornar os problemas do tempo ao nosso redor para conseguir alcançar os obje- tivos traçados, mas épreciso também saber não se preocupar com isso o tempo todo. “Pesquisas recentes mostram que o sentimento ‘acelerado’ pode levar ao estresse e à infelicidade. Todos os dias nós recebemos milhares de informações de todos os lados: mídias, amigos, trabalho”, conta Marcela. “É preciso estar em equilíbrio para processar esse turbilhão de informações, é preciso ter autocontrole e saber identificar o que é útil e desnecessário para eliminar o que não faz bem”, pontua. Resiliência No entanto, como superar os desgastes do dia a dia e as dificuldades de forma a conseguir superar o trauma de ter seus objetivos nega- dos? É preciso desenvolver resiliência, palavra explicada por Marcela: “Significa a habilidade de persistir nos momentos difíceis mantendo Im a g en s: S h u tt er st o ck Im a g es Telegram @clubederevistas a esperança e o equilíbrio emocional. Pessoas altamente resilientes se tornam mais fortes após situações difíceis. Isso acontece porque elas desenvolvem autoconfiança aprendendo novas formas de lidar com os desafios”. O caminho para nos tornarmos mais re- silientes é, ainda, desafiador. É preciso mais do que simplesmente insistir nas mesmas questões e continuar errando. Conforme nos conta Alexandre, o ideal é aprender com os erros: “Indivíduos resilientes possuem grande capacidade de adapta- ção, esperam que as coisas terminem bem, criam emoções positivas em tempos de crise, adotam a postura de aprender continuamente com as experiências da vida e possuem sólida autoestima. As pessoas que possuem resiliência são muito valorizadas no convívio social e profissional, pois encaram as adversidades como oportunidades de aprendi- zado ou melhoria”. Superar os nãos Em geral, a diferença entre uma pessoa que apenas sonha e outra que realmente alcança seus objetivos é a capacidade de se reerguer das dificuldades. O sonho de uma promoção, por exemplo, pode ser negado algumas vezes antes de ser realizado. Em dados momentos, quando algo nos é recusado, a atitude correta para conseguir al- cançar o seu sonho é a de recuperação. “Ouvir o ‘não’ faz parte do processo de maturidade e é elemento integrante das relações humanas. As pessoas são diferentes e podem possuir per- cepções distintas sobre determinada questão”, explica Alexandre. “Também, cada um possui sua própria estrutura de crenças e valores, o que impacta em suas atitudes no mundo ob- jetivo. Uma vez que o indivíduo tenha clareza de propósito e saiba onde quer chegar ou o que alcançar, os ‘nãos’ não devem impedi-lo de se- guir em frente”. Para Marcela, entender a importância do ‘não’ pode ser algo que transformará esse obs- táculo em uma plataforma para alcançar um objetivo mais alto: “Receber ‘nãos’ faz parte de um processo de aprendizado e evolução. É uma boa oportunidade para refletir sobre estraté- gias e metas. Quando se depara com os ‘nãos’ da vida, o inconformismo e a busca por explica- ções se fazem presentes. Muitas pessoas fogem e acabam transferindo a culpa para os outros e dando desculpas por não terem conseguido”. Mas o ‘não’ pode ser também um alerta, uma forma de compreender o caminho a ser toma- do. Marcela fala da importância de entender a mensagem passada pela negação de algo: “Falar e ouvir ‘não’ é uma forma de dar limites, mos- METAS Telegram @clubederevistas trar outros caminhos e criar novas estratégias. O ‘não’ sempre abre novas portas. É um convite para uma grande reflexão sobre seus pensa- mentos, comportamentos e atitudes”. Para Alexandre, o resultado de uma ne- gação depende de como ela é encarada: “O ‘não’ pode ser analisado por dois prismas. O primeiro, relacionado simplesmente ao ponto de vista diferente da outra pessoa. O segundo, como uma forma objetiva de apren- dizado e aperfeiçoamento”. Planejamento pessoal Simplesmente não desistir dos sonhos é importante, mas o caminho para realmente alcançar uma meta é feito não apenas de con- tinuar a subida, mas de planejar o caminho. Ser organizado e processual é importante, como explica Marcela: “Quem se planeja sabe aon- de quer chegar e o faz com maestria. A falta de planejamento acaba levando para muitos ca- minhos que não vão a lugar nenhum. A maioria das pessoas desperdiça tempo e energia tentan- do fazer mil coisas de uma vez só, se perdendo em metas desalinhadas e sem foco. Resultado final: desistem ou levam o dobro ou até mesmo o triplo do tempo”. “Igualmente importante de saber para onde, é como fazer para chegar lá. Aí entra o planeja- mento. Um plano eficaz pode ser determinante entre alcançar ou não o que se deseja”, explica Alexandre. “Atitudes positivas relacionadas a este planejamento – clareza de propósito, foco, disciplina, perseverança, paciência – podem contribuir para o melhor resultado. Por outro lado, comportamentos negativos podem impe- dir que o indivíduo chegue onde deseja”. A principal vantagem do planejamento é que ele possibilita uma visão mais real e abran- gente do seu sonho. “Existem muitas pessoas que têm várias metas, que estão desalinhadas ou em oposição umas com as outras. Querem ganhar dinheiro, mas não desejam trabalhar. Querem frequentar a universidade, mas não querem estudar”, conta Marcela. “Todo esse desalinhamento causa uma grande confusão que se torna tão insuportável que elas termi- nam não colocando nada em prática. Isso gera um resultado de realização limitada, sucesso limitado, saúde precária e infelicidade”. Com o planejamento, é mais fácil conquis- tar confiança e se preparar para ser mais resi- liente e dedicado ao seu projeto, como explica Alexandre: “Fundamentalmente, o indivíduo preparado, que se organizou e planejou, está muito mais seguro e confiante que irá chegar onde quer”. Organização, portanto, é a chave para a realização dos seus sonhos. “A escolha de uma meta não é algo opressor e não se faz para agradar outras pessoas”, ex- plica Marcela, esclarecendo que a decisão de se organizar não é, necessariamente, a mesma coisa que engessar o seu sonho e torná-lo algo impessoal. “A forma mais eficaz para se criar uma boa meta é utilizar o seu melhor raciocí- nio, temperado com a sua intuição”. A conclusão final, portanto, é que traçar ob- jetivos e procurar um planejamento são formas mais tranquilas de vencer os problemas que se interpõe entre você e seu sonho. “Costumamos dizer que metas são sonhos com data de reali- zação. Talvez o maior benefício de traçar metas e planejar-se para alcançá-las seja uma certeza maior de êxito”, finaliza Alexandre. “Traçar objetivos e procurar um planejamento são formas simples de vencer os problemas que se interpõem entre você e seu sonho” Im a g en s: S h u tt er st o ck Im a g es Telegram @clubederevistas BEM-ESTAR Telegram @clubederevistas Um combustível chamado felicidade Potencializadora da vida humana, ela põe para funcionar todas as outras capacidades de bem-estar. Resta saber onde fica o posto mais próximo para abastecer o tanque sempre S e existisse um posto de abaste- cimento de felicidade, não ha- veria crise do petróleo ou alta do combustível que o impediria de funcionar bem, mesmo em cenários de caos. Mas a questão é que a felici- dade — esse sentimento tão essencial na vida das pessoas — às vezes entra em períodos de escassez e isso afeta demais o estado emocio- nal do ser humano e o modo como ele lida com as situações cotidianas. De repente, as atividades que produzem felicidade, a convivência social, o ambiente profissional e os planos para o futuro termi- nam por angustiar, reduzindo os níveis de empolgação. Por que isso acontece e como se prevenir desse mal-estar que compromete seu senso de humor e sua saúde? Por onde começar nessa busca? Engatando a primeira: rir, a iniciativa fundamental Ter bom humor é uma maneira eficaz de sermos mais criativos e inovadores na nossa forma de pensar. Esse pré-requisito é defen- dido pelo neurocientista americano Scott Weems, pesquisador da Universidadede Maryland, nos Estados Unidos, e autor do li- vro Ha! The Science of when we laugh and why (Há! A ciência de quando rimos e por quê, em tradução livre). O especialista apresenta o humor como uma área de estudo e o associa à criatividade e à capacidade das pessoas resolverem proble- mas. Além disso, rir e ter senso de humor são estruturas que o cérebro desenvolveu para se defender de situações embaraçosas e obter a sensação de prazer e descontração. Por isso, de acordo com Weems, quando encaramos Telegram @clubederevistas com mais alegria os conflitos que surgem à mente – buscando soluções para eles – nasce o humor, e é ele que vai melhorar a saúde e a própria inteligência das pessoas. O estudioso escreve que, ao ouvirmos uma piada, por exemplo, o humor se preocupa em examinar a construção da história, fazer uma avaliação e, por fim, resolver o enigma que se apresenta, de forma surpreendente às vezes. Quem tem bom humor na vida consegue realizar o mesmo processo para aqueles pro- blemas cotidianos, pessoais ou profissionais que angustiam e põem em risco o estado de felicidade. Assim, a metodologia para inter- pretar uma piada pode ser a mesma para en- tender seus problemas e isso, consequente- mente, deixará você mais seguro e feliz. Acelerando aos poucos Para a coach Mara Pessanha, autora do projeto “Sua vida plena”, existem três passos que podem ajudar na hora de alterar seu es- tado emocional e deixar para trás o status de infelicidade. “O grande obstáculo para sair de qualquer estado emocional negativo é ter força para promover mudanças de comporta- BEM-ESTAR Telegram @clubederevistas mento por meio de uma conversa interna em que você muda as coisas que diz para si mes- mo o dia inteiro; e por meio da fisiologia, na qual você procura melhorar a postura, colo- cando o corpo ereto, em posição de equilíbrio e harmonia por mais tempo”, salienta Mara. Olhar para cima e sorrir mesmo sem motivo também estão entre as orientações da coach. 3 passos fundamentais para uma mudança de estado emocional 1º. Mude a forma de pensar sobre o pro- blema. Significa dar um novo significado à adversidade, internalizando, o mais rápido possível, o pensamento de que os problemas podem ser encarados como desafios que nos fazem crescer, aprender e evoluir. Pergunte-se sempre: o que posso aprender com isso? 2º. Faça uma análise detalhada sobre a situação, para ter uma visão bem realista. Na maioria das vezes, estamos muito melhores do que pensamos e chegar a essa conclusão já traz muita leveza para a pessoa. 3º. Trace um objetivo sobre o que real- mente quer para si mesmo. Passe a focar nas soluções! Ter uma meta clara traz foco e alegria para o dia a dia de qualquer ser hu- mano. Freando para equilibrar Para a psiquiatra Maria Cristina De Stefa- no, a sensação de felicidade pode ser alcan- çada também por meio do equilíbrio entre sistema nervoso, imunológico e hormonal. Ela explica que o equilíbrio psíquico e físico é o resultado de milhares de processos en- volvendo os neurotransmissores, aquelas substâncias produzidas pelos neurônios e as células do sistema nervoso – central, perifé- rico e visceral. Fazendo a curva: a forma que você ri tem influência genética? Um estudo na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, diz que sim. Isso porque, ao observarem os risos diferentes nas pessoas diante de algumas situações, os pesquisadores concluíram que isso estava ligado a uma diferenciação genética entre os indivíduos. As pessoas tendem a ter o alelo do gene 5-HTTLPR com tamanhos diferentes, algo que interfere na frequência e no porte da risada. Por isso, cada um tem uma reação, um tom de riso e uma intensidade quando é colocado diante de uma situação engraçada. Os cientistas chegaram a essa conclusão depois que analisaram 336 voluntários. Aqueles que tinham alelos do gene 5-HTTLPR bem curtos riram bem mais quando colocados para assistir a um desenho animado, por exemplo. No entanto, aquelas pessoas com alelos maiores riram bem menos. A experiência comprovou que pessoas com esses alelos mais curtos seriam mais sensíveis aos picos de emoção – por isso, notou-se tanta expressividade. O equilíbrio deve ser constante e contínuo para que todo nosso corpo e mente funcionem da melhor maneira. “A in- teração de todos os sistemas de nosso corpo é feita por mecanismos de ‘feedback’ entre as milhões de células que o compõem e quando tudo corre bem podemos desfrutar da sen- sação de prazer, satisfação, reconhecimento, alívio, alegria, euforia, realização e inclusive de felicidade”, elucida Maria Cristina. Mas ela salienta que tudo isso é momentâneo, fugaz e tem prazo agendado para acabar, ou seja, não dura para sempre. CONSULTORIAS Mara Pessanha, coach; Maria Cristina De Stefano, psiquiatra. FONTE Livro Ha! The Science of when we laugh and why de Scott Weems. Telegram @clubederevistas Eu estava passando por um momento difícil em que tinha acabado de me graduar na faculdade, em um curso que não gostava tanto. Não consegui um emprego na cidade em que eu gostaria e tive que voltar a morar com meus pais. Foi quando conversei com uma amiga sobre fazer intercâmbio, pois sempre foi o meu sonho, e resolvi deixar minha vida para trás no Brasil e vir morar nos Estados Unidos. O término de um longo relacionamento foi só a confirmação de que aquela seria a melhor escolha para mim naquele momento. Hoje, há meses morando mais de 7.400 quilômetros longe da minha casa, da minha família e dos meus amigos de infância, eu só posso con- firmar que fiz a melhor decisão para minha vida. É claro que nem tudo são flores, tem dias que a saudade aperta e que me pergunto como estaria se tivesse continuado no lugar que estava. Mas as experiências que vivo aqui, infelizmente, nunca conseguiria ter no Brasil. As pessoas que conheci e o meu crescimento pessoal não têm preço” Thais Daniel Benedicto23 anos Baltimore (EUA) Histórias Relatos de pessoas que tiveram coragem para alterar os rumos da própria vida e saíram da zona de conforto DEPOIMENTOS Telegram @clubederevistas Eu estou morando nos Estados Unidos há um mês e meio. Sempre tive vontade de fazer um intercâmbio, independente de onde fosse, mas nunca imaginei que viria para cá. Talvez seria uma porta mais fácil porque te- nho primos que moram aqui, que me contavam como era a experiência. Eu tive vontade de vir para os Estados Unidos há uns dois ou três anos. Na primeira vez, eu estava com o processo adiantado, mas desisti. Falei: ‘Não, não quero mais, não estou prepara- da’. Eu achava que, além de não ser capaz, estava além das minhas condições não só financeiras, mas como ser humano. Porém, em fevereiro de 2017, eu decidi que precisava seguir os meus sonhos, já que ninguém seguiria por mim. Ninguém realizaria meus so- nhos. Se não fosse eu mesma atrás daquilo que eu quero para a minha vida, eu me sentiria parada. Era funcionária pública e, muitas vezes, me questionava: ‘É essa a vida que eu quero? Como posso contribuir para mudar esse cenário?’. Não que eu não gostasse – eu adorava o que eu fazia! Mas eu comecei a questionar, sabe? Como eu poderia fazer com que as coisas que eu tenho vontade se tornassem realidade. Aí, eu fiz um trabalho de autoconhecimento muito grande e resolvi definitivamente vir para os Estados Unidos – e foi muito rápido. Em ques- tão de 20 dias, eu já estava com tudo pronto, com trabalho e estudo aqui. Eu não vejo como um risco. Claro, eu deixei meu trabalho público, mas não deixei ‘tudo para trás’ porque onde estiver, estou com minha família e história no meu coração. Mas tudo que eu tinha de zona de conforto, eu deixei para trás para viver uma experiência comple- tamente nova que achava que seria muito boa para meu cres- cimento pessoal. Hoje, vejo quanto foi ex- traordinário mudar o rumo. Às vezes, eu penso que é lou- cura, mas é a loucuramais incrível que eu já fiz na mi- nha vida. É satisfação! Eu precisava disso porque queria me conhecer. Não só a experiência diária com o inglês e enriquecer meu currículo – estu- dando e trabalhando –, mas queria me provar como ser humano. E eu descobri que nós somos capazes de fazer tudo o que quisermos. Seguir nosso coração é uma das coisas mais certas que fazemos na vida” Marília Munhoz 23 anos Richmond (EUA) Telegram @clubederevistas No dia 19 de setembro de 2017, eu trabalhei normalmente. No dia seguinte, pela manhã, senti um formigamento na barriga e isso me paralisou da cintura para baixo. Fiquei internada, tomando medicamento, mas não sabia da gravida- de. Passado alguns dias, descobri que já não andava mais. Tudo mudou: eu andava, trabalhava, cuidava da casa sozinha, era totalmente ativa e independen- te. Foi a doença, chamada Mielite Transversa, que fez com que eu mudasse toda a minha vida. Minha família contratou uma cuidadora e eu fi- quei quatro meses em cima de uma cama sem poder me mexer e com sonda. Como é uma doença rara, os médicos da minha cidade não davam perspectivas, eu enfrentei guerras para conseguir tratamento fora daqui. Atualmente, me trato em Campinas no centro de reabilitação Lucy Montoro, para pessoas que estão em uma cadeira de rodas e querem voltar a andar. Eu consegui tratamento também na Unicamp. Mesmo na cama, com o telefone, eu ligava e corria atrás. Estou recomeçando porque já aprendi a fazer vá- rias coisas. Ganhei uma cadeira de banho, consigo sair da minha cama, tomo meu banho sozinha, me troco e passo a sonda. Eu já consigo fazer comida, dar uma ajeitada na casa e colocar a roupa suja para lavar. Tudo isso eu comecei há pouco tempo e coloco como desafio. Não é fácil para mim, nem para quem está perto, cuidando, lidando com a situação. Exige muita fé em Deus e paciência de ambas as partes. É uma retomada de vida em todos os sentidos. Estou lutando para andar, mas não posso ficar espe- rando as coisas acontecerem Quero mudar minha habilitação para ver se consigo dirigir um carro di- ferente e ganhar minha liberdade. Atualmente, mexo bem as penas e dou alguns passos no andador. O que mais espero, de cora- ção, é voltar a andar. Depois, é viver perto das pessoas que gosto, curtir minha família, voltar a trabalhar. Ah, eu tenho um monte de sonhos! Eu penso muita coisa pro futuro: ver minha filha casar, ter netos. Mas em relação a mim, é andar e retomar a vida profis- sional. A confiança vem da fé em Deus. Eu creio que Ele está orando por mim e que se eu estou passando por isso, quero que seja com dignidade. Eu acredito que daqui a pouco tempo vou andar – talvez com uma ben- gala ou andador – e isso me faz ter confiança e, prin- cipalmente, porque tenho uma filha que amo muito. Eu sempre amei demais minha filha, fiz muito por ela, e ela também está fazendo bastante por mim nesse momento. Eu creio que as pessoas que me amam que- rem ver essa coragem e confiança em mim. Apesar de tudo que passei, estou viva, continuo vivendo, adoro viver, ser in- dependente e penso que vivemos em um mundo de inclusão. Se eu estiver em uma cadeira ou não, pre- ciso ser aceita na so- ciedade, no mercado de trabalho, dentro de um supermerca- do, numa loja. Não vou aceitar que as pessoas me olhem torto, que me discri- minem. Vou querer fazer valer os meus direitos” Maria Rosimeire Vanni Arroyo 49 anos Americana (SP) DEPOIMENTOS COORDENADORA DE REVISTAS DIGITAIS Hérica Rodrigues (herica.rodrigues@astral.com.br) REDAÇÃO Ana Carvalho (ana.carvalho@astral.com.br), Ana Kubata (anabeatriz.kubata@astral.com.br), Fernanda Villas Bôas (fernanda.villasboas@astral.com.br) e Gabrielle Aguiar (gabrielle.aguiar@astral.com.br) DESIGN Lilian Flaitt (lilian.flaitt@astral.com.br) e Roberta Lourenço (roberta.lourenco@astral.com.br) Conteúdo produzido e publicado originalmente na revista: Viva Bem Super - Ano 1, nº 2 - 2018 DIREÇÃO João Carlos de Almeida e Pedro José Chiquito CONTATO atendimento@astral.com.brat ENDEREÇO Rua Joaquim Anacleto Bueno, 1-70, Setor M83 - Jardim Contorno, Bauru - SP - CEP: 17047-281 ©2025 EDITORA ALTO ASTRAL LTDA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDA A REPRODUÇÃO. Ano 2, nº 26, Fevereiro - 2025 Telegram @clubederevistas FEVEREIRO Roxo Laranja Conscientização do Lúpus, Fibromialgia e Mal de Alzheimer Combate à leucemia e incentivo a doação de sangue ou medula óssea Para participar do nosso grupo no TELEGRAM, clique no ícone ao lado https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas https://t.me/clubederevistas