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A Afetividade na Alfabetização: Contribuições de Wallon

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISCILA DAYANE DE ALMEIDA DIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: 
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DE HENRI WALLON 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ 
2012 
1 
 
PRISCILA DAYANE DE ALMEIDA DIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: 
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DE HENRI WALLON 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, 
apresentado ao Curso de Pedagogia da 
Universidade Estadual de Maringá, como 
requisito parcial obtenção do grau de 
pedagogo. 
 
 Orientação: Prof. Drª Sheila Maria Rosin. 
Coordenação: Profa. Dra. Renata Marcelle 
Lara Pimentel 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ 
2012 
2 
 
 
PRISCILA DAYANE DE ALMEIDA DIAS 
 
 
 
 
 
 
A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: 
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DE HENRI WALLON 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, 
apresentado ao Curso de Pedagogia da 
Universidade Estadual de Maringá, como 
requisito parcial obtenção do grau de 
pedagogo. 
 
 Orientação: Prof. Drª Sheila Maria Rosin. 
Coordenação: Profa. Dra. Renata Marcelle 
Lara Pimentel 
 
Aprovado em: ______/______/______ 
 
 
Banca Examinadora 
 
_______________________________________ 
Profª Drª Sheila Maria Rosin (UEM) 
 
____________________________________________ 
Profª Drª Maria Angélica Olivo Francisco Lucas (UEM) 
 
__________________________________________ 
Profª Drª Luciana Maria Caetano (UEM) 
 
3 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu amado esposo Thiago, 
minha fonte de inspiração, por todo apoio, carinho e 
compreensão durante o curso. Aos meus queridos 
pais, Rosemeri e Mauro, que tanto me incentivaram 
e me ajudaram no percurso da realização deste 
sonho. E a todos da área da educação, espero 
trazer contribuições relevantes para o nosso campo. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e pela oportunidade de ingressar 
na Universidade Estadual de Maringá e concluir esta graduação, pois foi Ele que me 
deu força, graça e inteligência durante todo o curso! 
 
Aos meus pais por tudo que fizeram por mim, pela ótima educação que me deram e 
por acreditar que eu poderia realizar este sonho! 
 
Ao meu honroso esposo Thiago, por me amar, por acreditar no meu potencial e por 
me apoiar em todas as horas! 
 
À minha orientadora, por compartilhar seus conhecimentos, sempre muito atenciosa 
e pronta a esclarecer as minhas dúvidas. Também pelo seu empenho nas 
orientações do trabalho e sua compreensão e tolerância em momentos difíceis que 
passei no percurso da pesquisa. 
 
Agradeço pela rica oportunidade de ter participado do Programa Institucional com 
Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) da Universidade Estadual de Maringá, o qual 
é coordenado pela professora Dra Maria Angélica Francisco O. Lucas, que 
contribuiu de forma significativa em minha formação. O PIBID proporcionou-me uma 
relevante experiência inicial em sala de aula que me incentivou ainda mais a exercer 
a profissão em sala de aula. Participar do processo de aprendizagem das crianças é 
algo magnífico! 
 
A todos os meus colegas da turma pelos bons momentos que compartilhamos 
nesses quatro anos. 
 
E a todos os professores do Departamento de Teoria e Prática da Educação e do 
Departamento de Fundamentos da Educação do curso de Pedagogia da UEM, pela 
relevante contribuição em minha formação humana e acadêmica. 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa teve como objetivo investigar como a dimensão afetiva 
presente na relação professor-aluno interfere no processo de alfabetização. A 
dimensão afetiva assume um papel fundamental na apropriação da linguagem 
escrita pela criança, influenciando na atribuição de sentido que o aluno vai conferir 
ao ato de ler e escrever. Nesta pesquisa nos respaldamos na teoria de Wallon, a 
qual defende que o afetivo e o cognitivo se inter-relacionam e influenciam-se 
mutuamente, promovendo o desenvolvimento do indivíduo em sua totalidade. Para 
investigarmos como ocorre a relação entre a dimensão cognitiva e a dimensão 
afetiva no processo de aquisição da leitura e da escrita, além da pesquisa 
bibliográfica, foi realizado uma pesquisa de campo, baseada em observações e 
entrevista com a professora de uma turma de 1° ano da rede publica. Portanto, 
concluímos que as relações entre o sujeito e os objetos de conhecimento são 
marcadamente afetivas, sendo que a sua qualidade (aversiva ou prazerosa) 
depende, no mesmo sentido, do processo de mediação vivenciado pelo aluno, em 
sala de aula. A pesquisa trouxe contribuições para a formação dos professores, no 
sentido de que os mesmos possam rever sua prática pedagógica a fim de atingir um 
processo de aprendizagem mais eficaz e satisfatório. 
 
 
Palavras-chave: Afetividade; alfabetização; relação professor-aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
This research aimed to investigate how this affective dimension in teacher-student 
relationship interferes with the process of literacy. The affective dimension plays a 
key role in written language acquisition by children, influencing the assignment of 
meaning that the student will confer upon the act of reading and writing. This 
research study was supported in Wallon's theory, which argues that the affective and 
cognitive are interrelated and influence each other, promoting the development of the 
individual as a whole. To investigate how the relationship occurs between the 
cognitive and the affective dimension in the acquisition of reading and writing, in 
addition to the literature search was conducted field research, based on observations 
and interviews with the teacher of a class of 1st year the public school. Therefore, we 
conclude that the relationship between the subject and the objects of knowledge are 
markedly affective, and its quality (aversive or pleasurable) depends, in the same 
sense, the mediation process experienced by the student in the classroom. The 
research made contributions to the training of teachers, in the sense that they can 
revise their pedagogical practice in order to achieve a learning process more 
effective and satisfactory. 
 
 
Keywords: Affection; Literacy; teacher-student relationship. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 8 
2. DESENVOLVIMENTO INFANTIL E AFETIVIDADE NA TEORIA DE 
WALLON................................................................................................. 10 
2.1 Os estágios do desenvolvimento na teoria walloniana .......................... 12 
2.1.1 Estágio impulsivo emocional .............................................................. 13 
2.1.2 Estágio sensório motor e projetivo...................................................... 15 
2.1.3 - Estágio personalista.......................................................................... 16 
2.1.4 - Estágio Categorial............................................................................. 17 
2.1.5 - Estágio Puberdade e Adolescência................................................... 17 
3. AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO...........................19 
4. METODOLOGIA........................................................................................ 23 
4.1 – Procedimentos...................................................................................... 23 
4.2 Instrumentos utilizados............................................................................ 23 
4. 3 Análise dos resultados............................................................................ 28 
4.3.1 Categorias do grupo da postura da professora.................................... 28 
4.3.2 Categorias do grupo de conteúdos verbais.......................................... 31 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 35 
6. REFERÊNCIA........................................................................................... 37 
7. ANEXOS................................................................................................... 39 
 ANEXO 1.................................................................................................... 39 
 ANEXO 2.................................................................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O interesse pelo tema da afetividade no processo de alfabetização advém da 
experiência da pesquisadora como estagiária na escola, pelo Programa Institucional 
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Esta experiência em sala de aula 
possibilitou observações de como ocorre o processo de aquisição da linguagem 
escrita pelas crianças e suscitou algumas questões que levaram a pesquisar sobre 
tal tema, tais como: A dimensão afetiva influencia no processo de ensino 
aprendizagem? Como a dimensão afetiva se manifesta no processo de 
alfabetização? 
Recentemente, estudos e pesquisas com ênfase no aspecto social têm 
demonstrado a importância da dimensão afetiva para a educação, possibilitando 
uma visão mais integradora do ser humano. Estas reflexões teóricas baseadas em 
uma perspectiva monista de constituição do ser humano possibilitaram um grande 
avanço para a educação, pois afetividade e cognição passaram a serem concebidas 
como dimensões indissociáveis do mesmo processo, rompendo com a concepção 
dualista de homem, na qual se analisava estas duas dimensões separadamente. 
Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo investigar como a dimensão 
afetiva presente na relação professor-aluno interfere na alfabetização. 
Para alcançar nosso objetivo, em um primeiro momento, trazemos uma 
discussão sobre a afetividade tendo como referencial a teoria de Henri Wallon, a 
qual defende a perspectiva de desenvolvimento integral da criança, isto é, as 
funções afetiva, cognitiva e motora são vistas sempre em conjunto. Neste capítulo, 
abordaremos os principais conceitos da teoria walloniana sobre o desenvolvimento 
infantil, priorizando o aspecto afetivo. 
 O próximo momento consistiu no estudo sobre como a afetividade se 
manifesta no processo de alfabetização, pois o êxito do processo de aquisição da 
linguagem escrita depende de fatores relacionados ao desenvolvimento infantil, 
dentre estes fatores enfatizaremos o afetivo. 
Por fim, apresentaremos a pesquisa de campo, a qual foi realizada em uma 
escola municipal de Maringá. Consistiu em quatro encontros de observações 
9 
 
realizadas em uma turma de 1° ano em processo de alfabetização e também em 
uma entrevista com a professora da mesma turma. 
Nesta etapa foram coletados dados referentes às situações em que a 
afetividade se fez presente nas interações entre a professora e os alunos durante 
atividades que visavam à apropriação da leitura e da escrita. Depois de cumprida a 
referida etapa, os dados foram analisados de acordo com a fundamentação teórica. 
E, por último, teceremos algumas considerações sobre como a afetividade influencia 
o processo de alfabetização, bem como a importância do professor ter tais 
conhecimentos. 
Esta pesquisa traz relevantes contribuições para a educação, dente elas 
destacaremos algumas: contribui na ampliação da visão da escola sobre a 
importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem, pois mesmo com 
a ênfase dada a este tema pela referida abordagem teórica, a escola continua 
priorizando o aspecto cognitivo em detrimento do aspecto afetivo e tratando destas 
duas dimensões isoladamente, como realidades distintas. 
Tais estudos sobre a afetividade no processo de escolarização são também 
de grande importância para a formação de professores e para a prática pedagógica 
dos mesmos, no sentido de reverem sua prática a fim de atingirem um processo de 
aprendizagem mais eficaz e satisfatório. 
 
 
Ter consciência desses mecanismos possibilita ao professor uma 
reflexão mais criteriosa sobre sua prática pedagógica, bem como 
adquirir maiores condições de identificar sentimentos e emoções que 
podem inibir/travar os processos cognitivos, além de poder agir de 
maneira diferenciada diante de explosões emocionais que alteram 
negativamente o ambiente escolar. É importante assumir que há, nas 
relações de sala de aula, uma troca de sentimentos e emoções, que 
deve ser objeto de reflexão (TASSONI, 2010, p. 14). 
 
 
E, por fim, contribui com a formação dos professores e com a prática 
pedagógica dos mesmos no sentido de reconhecerem a íntima relação existente 
entre afetividade e aprendizagem e, consequentemente, atenuar as dificuldades das 
crianças no processo de alfabetização. 
 
 
10 
 
2. DESENVOLVIMENTO INFANTIL E AFETIVIDADE NA TEORIA DE WALLON 
 
 
Henri Wallon nasceu na França em 1879, viveu toda a sua vida em Paris, 
onde morreu em 1962. Médico, psiquiatra, psicólogo e educador, sendo esta a 
ordem de sua formação. Primeiramente, dedicou-se à psicopatologia, em 
decorrência da sua atuação como médico na primeira guerra mundial. Em seguida 
seus estudos se concentraram no psiquismo humano, mais voltado para a psicologia 
da criança. 
Durante sua atuação como psicólogo adquiriu profundo interesse pela 
educação. Considerava a psicologia e a pedagogia como ciências complementares 
pela relação existente entre ambas de contribuição recíproca. A pedagogia 
proporciona o campo de observação e questões de investigação à psicologia e a 
psicologia pelos conhecimentos produzidos sobre o desenvolvimento infantil oferece 
o aprimoramento da prática pedagógica. 
Tomando como base o materialismo dialético, a teoria walloniana busca 
compreender o desenvolvimento infantil por meio das relações da criança com o 
meio ambiente e com outras crianças, concebendo-a como um indivíduo completo. 
Segundo Galvão (1995), Wallon propõe o estudo integrado do 
desenvolvimento, analisando em conjunto os campos funcionais do ser humano: 
motor, afetivo e cognitivo. 
Para a referida autora, Wallon aponta três princípios funcionais que “agem 
como uma espécie de leis constantes” (GALVÃO, 1995, p. 40) que regulam o 
desenvolvimento humano, são eles: integração, preponderância e alternância. Tais 
princípios definem o desenvolvimento como um processo descontínuo, marcado por 
rupturas e conflitos, e também proporcionam características próprias a cada fase do 
desenvolvimento. Para Mahoney (2010, p.14), estes princípios, que também podem 
ser denominados de leis, “descrevem tanto o movimento do processo de 
desenvolvimento no seu todo, como nas fases menores dentro de cada estágio”. 
Em cada estágio há a predominância de um campo funcional (motor, afetivo e 
cognitivo) sobre os outros. Quando a afetividade prepondera sobre a dimensão 
cognitiva, o conhecimento da criança se volta para si mesmo. Este movimento é 
chamado por Wallon de centrípeto(GALVÃO, 1995). Já quando a dimensão 
11 
 
cognitiva predomina temos o movimento contrário que é denominado de centrifuga, 
no qual a criança busca o conhecimento do mundo externo. 
Tassoni (2008) salienta que embora os campos funcionais passem por 
predominância e alternância, eles estão constantemente integrados. Em todo o 
momento o conjunto afetivo e o conjunto cognitivo se inter-relacionam e influenciam-
se mutuamente, promovendo o desenvolvimento do indivíduo em sua totalidade. “A 
dimensão motora não assume preponderância em fase alguma, mas exerce um 
papel fundamental na evolução da pessoa” (TASSONI, 2008, p. 74). 
O desenvolvimento infantil não se inicia cognitivamente, e sim pela 
sensibilidade interna, que é o que predomina nos primeiros anos de vida da criança. 
O aspecto cognitivo do desenvolvimento se caracterizará pela sensibilidade externa. 
Segundo Tassoni (2008), o domínio afetivo vai se constituindo a partir de uma 
sensibilidade orgânica, que funciona de uma maneira muito intensa e precisa na 
etapa inicial do desenvolvimento humano. Essa sensibilidade orgânica Sherrington 
(apud WALLON, 1971) denominou de sensibilidade interoceptiva e sensibilidade 
proprioceptiva. Há ainda outra sensibilidade que ele o chama de exteroceptiva. 
De acordo com Tassoni (2008), a sensibilidade interoceptiva são as 
percepções que o bebê vai adquirindo dos seus órgãos internos (estômago, 
intestino) e que revelam estados de fome, dor, entre outras. A sensibilidade 
proprioceptiva se refere às percepções de postura, equilíbrio corporal. E a 
sensibilidade exteroceptiva consiste na percepção de ações externas. 
Wallon (1971) afirma que por meio destes processos perceptivos vai se 
delineando o desenvolvimento da vida racional. Tais processos são aperfeiçoados 
de maneira que as ações da criança passam a ser mais refinadas e complexas, mais 
conscientes, pois sua percepção do ambiente físico e social são maiores, resultando 
em transformações nas manifestações afetivas. 
Todavia, afirma o autor, inicialmente os conjuntos funcionais reagem aos 
estímulos externos e internos de forma sincrética, ou seja, como um todo 
indiferenciado. 
Assim, a criança ao nascer é considerada um ser sincrético, isto é, misturado 
ao outro. O outro está simbioticamente ligado ao eu, em um processo de 
indiferenciação. 
Mas aos poucos, o bebê passa a compreender que existe uma relação entre 
seus atos e os do ambiente pela comunicação afetiva estabelecida entre ele e o 
12 
 
adulto e assim ele passa a responder as solicitações do meio de forma mais 
organizada, mais clara, caracterizando, então, sua passagem do sincretismo para a 
diferenciação, tendência de todo processo de desenvolvimento. Conforme Mahoney 
(2010, p.15), desenvolver-se, na teoria walloniana, “é ser capaz de responder com 
reações cada vez mais especificas a situações cada vez mais variadas”. 
Wallon (1968 p.148) estabelece uma distinção entre afetividade e emoção. O 
autor define as emoções como, “sistemas de atitudes que corresponde, cada uma, a 
uma determinada espécie de situação”; em outras palavras, são manifestações de 
estados subjetivos, com componentes orgânicos, que têm origem na função tônica, 
e são classificadas de acordo com o grau de tensão a que se vinculam, podendo ser 
denominadas de hipotônicas ou hipertônicas. 
 Conforme Dantas (1992), as emoções de natureza hipotônica são as 
redutoras do tônus muscular e as emoções hipertônicas são as geradoras de tônus 
muscular. Um exemplo de emoção hipertônica apresentada por Wallon (1971) é a 
cólera, pois neste estado há o excesso de excitação sobre as possibilidades de 
escoamento. A timidez pode ser um exemplo da emoção hipotônica, pois revela um 
estado de hipotonia no qual verifica-se hesitação na execução de movimentos e 
incerteza na postura a ser adotada pelo sujeito. 
Quanto à afetividade se refere à capacidade do indivíduo de ser afetado pelo 
mundo interno e externo, seja por sensações agradáveis ou desagradáveis. Nas 
palavras de Tassoni (2008), a afetividade se constitui em um conjunto de 
manifestações mais amplas que compreende a emoção, o sentimento e a paixão. 
 
2.1 Os estágios do desenvolvimento na teoria walloniana 
 
O autor estabeleceu estágios de desenvolvimento, nos quais se sucedem 
fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Os estágios propostos 
por Wallon são: impulsivo emocional (0 a 1 ano), sensório-motor e projetivo (1 a 3 
anos), personalismo (3 a 6 anos), categorial (6 a 11 anos), puberdade e 
adolescência (11 anos em diante). 
A descrição que Wallon faz dos estágios não é organizada de forma 
sistematizada e contínua. Na maioria de seus escritos, o autor seleciona uma tipo de 
atividade e prossegue mostrando suas características em várias idades, 
estabelecendo relações com outros tipos de atividades. Sendo assim, essa 
13 
 
organização dos estágios do desenvolvimento é realizada pelos estudiosos da teoria 
walloniana, entre estes, citamos: Dantas (1992), Galvão (1995), Mahoney (2010), 
Nascimento (2004), Leite (2006) Tassoni (2008), entre outros. 
Para uma maior compreensão sobre o desenvolvimento infantil na teoria 
walloniana, passemos a uma descrição de algumas características centrais de cada 
um dos cinco estágios propostos pela psicogênese walloniana. 
 
2.1.1 Estágio impulsivo emocional 
 
Conforme Duarte e Gulassa (2010), a primeira fase da vida, que Wallon 
denominou de estágio impulsivo emocional, abrange o período que vai do 
nascimento até um ano de idade e é composto por dois momentos: o da 
impulsividade motora e o emocional. 
O primeiro momento, que é o da impulsividade motora, inicia desde o 
nascimento até aproximadamente três meses. Nesse período, as atitudes do bebê 
são manifestas apenas por reflexos e movimentos impulsivos, desordenados e 
instintivos. 
Tais movimentos se constituem em descargas de energia muscular que são 
suscitadas pelas necessidades do bebê, refletem sensações de desconforto e de 
bem-estar. Trata-se de um importante recurso de comunicação que a criança dispõe 
para que suas necessidades sejam atendidas, pois ela se encontra em total 
dependência do outro. 
Segundo Wallon (1975, p. 153) o bebê 
 
é um ser cujas reações precisam de ser completadas, compensadas, 
interpretadas. Ele próprio incapaz de fazer qualquer coisa, é 
manipulado pelos outros, e é nos movimentos dos outros que as 
suas primeiras atitudes vão tomar forma. 
 
O segundo momento deste estágio que é o emocional se caracteriza pelas 
transformações das descargas motoras em meio de expressão e comunicação, ou 
seja, o bebê vai percebendo que a cada movimento seu, há uma resposta do outro, 
uma reação afetiva, de forma que as suas necessidades são atendidas pelo adulto. 
As respostas do adulto, marcadas de emoção, vão fazer com que os 
movimentos do bebê se tornem intencionais, expressivos. Este passa, então, a 
aprimorar suas reações de acordo com as manifestações afetivas. 
14 
 
Segundo Nascimento (2004, p.48), 
 
A resposta do meio vai favorecer o estabelecimento de conexões, 
pela criança, entre as ações do adulto próximo e as manifestações 
impulsivas, e, em pouco tempo, essas associações fisiológicas 
transformam-se em manifestações expressivas, ou seja, vão 
constituir uma troca emocional entre a criança e o adulto próximo. 
 
Esta é a primeira forma de sociabilidade, constituída de emotividade pura, 
pois na medida em que o bebê se relaciona com o meio ocorre a troca 
essencialmente afetiva. Neste momento não há nenhuma relação intelectual. 
Podemos dizer então que a primeira forma de comunicação entre o adulto e o 
bebê acontece por meioda dimensão afetiva. A interação do bebê com o adulto 
ocorre via emoção. 
A afetividade inicialmente é caracterizada por ser pura emoção, somática, 
epidérmica e totalmente dependente da presença e da resposta do outro. Neste 
estágio há uma predominância do aspecto afetivo, no qual o bebê busca se 
conhecer e explorar o mundo físico. 
 As emoções também se manifestam no recém-nascido, por meio dos 
movimentos impulsivos, decorrentes de sensações internas de desconforto. O choro, 
por exemplo, é considerado a forma de expressão mais primitiva da emoção da 
criança. Por meio dele, o bebê comunica sua fome ou desconforto. 
Sendo assim, podemos afirmar que a emoção (uma das manifestações 
afetivas) é condição de sobrevivência da espécie humana. Ela faz a ligação entre o 
orgânico e o social, pelo seu poder epidêmico e de contágio. 
Essa sua característica de ser contagiosa se justifica pelo fato de que ela é 
visível, se manifesta por meio de modificações na mímica e na expressão facial. Nas 
palavras de Wallon (1971, p.91): “a emoção necessita suscitar reações similares ou 
recíprocas em outrem e, inversamente, possui sobre o outro um grande poder de 
contágio”. Uma criança que cai e se machuca só chora se tiver alguém por perto a 
ouvindo, caso contrário, logo o seu choro cessa. Desta forma, sobre o poder das 
emoções, afirma Dantas (1992, p.89), “a emoção esculpe o corpo, imprimi-lhe forma 
e consistência”. 
Portanto, neste estágio observamos uma afetividade impulsiva, emocional, 
marcada pelo olhar, pelo contato físico e manifesta pelos gestos, mímica e posturas. 
 
15 
 
2.1.2 Estágio sensório motor e projetivo 
 
O estágio sensório motor e projetivo inicia por volta de um ano até os três 
anos de idade e é marcado pela exploração do meio externo. A dimensão que 
predomina neste estágio é a cognitiva, pois o movimento da criança segue para o 
conhecimento da realidade externa. 
Nesta fase a criança adquire a marcha, o que lhe permite maior autonomia na 
manipulação dos objetos e na exploração dos espaços. Outra característica 
fundamental deste estágio é o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. 
Neste momento entra em cena a segunda parte deste estágio, a etapa projetiva, a 
qual caracteriza a forma do pensamento da criança, pois segundo Galvão (1995, p. 
44), “o ato mental projeta-se em atos motores”. 
Ao andar a criança tem possibilidades de deslocar-se de um lugar para o 
outro, manipulando diversos objetos, e ao falar ela pode nomear estes objetos, 
distinguindo-os e caracterizando-os. 
Estas conquistas proporcionaram a imersão da criança no mundo simbólico, 
no qual seus pensamentos serão exteriorizados por meio dos gestos. Neste estágio 
a criança ainda não é capaz de imaginar sem representar. 
A linguagem é o fator fundamental para o desenvolvimento psíquico da 
criança, visto que permite outra forma de exploração do mundo. Conforme Wallon 
(1968, p. 186), “ela não é, verdade se diga, a causa do pensamento, mas é o 
instrumento e o suporte indispensável aos seus progressos”. 
Segundo Costa (2010, p. 34), “dois movimentos projetivos contribuirão para a 
expressão dessa atividade mental: a imitação e o simulacro”. A imitação consiste em 
uma atividade que relaciona o movimento com a representação, é um recurso 
simbólico que a prepara. Quanto ao simulacro, podemos dizer que pressupõe o 
início da representação, pois a criança utiliza os gestos para simular uma situação 
de utilização do objeto sem tê-lo. 
Outra atividade característica deste estágio é a formação do eu corporal. 
Entretanto, para que haja a apropriação do eu corporal é necessário que a criança 
estabeleça a relação entre sua pessoa e sua imagem. Decorre dessa afirmação a 
importância do uso de espelho com crianças nesta fase, pois possibilita a criança 
reconhecer sua imagem. 
16 
 
Vale ressaltar que embora o aspecto cognitivo tenha predominância neste 
estágio, a dimensão afetiva não deixa de estar presente no indivíduo; a emoção 
passa a se manifestar de outras formas, sem alterações físicas visíveis. 
 
2.1.3 Estágio personalista 
 
Segundo Bastos e Dér (2010), o estágio do personalismo está voltado para a 
construção da personalidade e abrange a faixa etária dos três aos seis anos. 
O conhecimento de todos os objetos e também de seu corpo faz com que a 
criança comece a se diferenciar, ou seja, começa o processo de diferenciação eu / 
outro, tarefa central deste estágio. Nesta fase há o predomínio do aspecto afetivo, 
visto que este é o momento da construção da consciência de si. Ele é marcado por 
três momentos distintos: oposição (expulsão do outro), sedução (assimilação do 
outro) e imitação. 
O momento da oposição ocorre na criança por volta dos três anos de idade. 
Esta fase deve ser compreendida como busca de afirmação de si, na qual o eu está 
iniciando o processo de diferenciação do outro. A criança confronta constantemente 
as pessoas para experimentar a sua independência. 
Após a oposição, surge o momento da sedução que é marcado pela 
necessidade da criança de ser admirada, de sentir que agrada aos outros, pois 
assim se admirará também. Ela busca ser o centro das atenções. 
A imitação é a terceira fase do personalismo, na qual a criança busca 
reproduzir atitudes de personagens que admira, ela busca apoderar das qualidades 
e méritos deste personagem, considerando-o como modelo a ser seguido. 
Bastos e Dér (2010, p. 46) afirmam: 
 
O eu e o outro constituem-se, então, simultaneamente, a partir de um 
processo gradual de diferenciação, oposição e complementaridade 
recíprocas. Compreendidos como um par antagônico, 
complementam-se pela própria oposição. 
 
A criança ao tomar consciência de sua pessoa distinta do outro, vai buscar 
sua posição nas relações com os outros, partindo da família que será a sua 
referência de conjunto. O meio escolar é outro ambiente fundamental para o 
17 
 
desenvolvimento da criança, pois proporciona a convivência da mesma com outras 
crianças. 
A consciência de si conquistada neste estágio resultará em uma diminuição 
do pensamento sincrético, ou seja, a criança já conseguirá distinguir-se do outro, 
condições esta fundamental para as novas conquistas do estágio posterior. 
 
2.1.4 Estágio Categorial 
 
 O próximo estágio é o categorial, se refere à idade dos seis aos onze anos e 
é marcado pela predominância cognitiva, pois o interesse da criança está voltado 
para as coisas. Nesta fase a criança está iniciando seu processo de escolarização, a 
atividade da criança se dirige para o conhecimento do mundo exterior, e para 
construir o conhecimento ela começa a classificar, comparar, seriar, etc. 
Segundo Amaral (2010) neste estágio as relações afetivas que a criança 
estabelece vão determinar positivamente ou negativamente as características que 
atribuirá aos objetos, pessoas ou situações. “Embora saiba que as coisas, pessoas e 
acontecimentos têm uma individualidade estável, a compreensão que tem deles está 
diretamente relacionada a suas experiências emocionais” (AMARAL, 2010, p. 51). 
A referida autora afirma de acordo com a teoria walloniana que o pensamento 
categorial depende da influência conjunta do desenvolvimento biológico e da 
inserção no meio humano. O que marca o início deste estágio é a necessidade de 
uma nova capacidade para a criança: a atenção, cuja capacidade permite que a 
criança se mantenha concentrada por mais tempo em uma mesma atividade, o que 
é indispensável no processo de escolarização. 
 Este estágio é dividido em duas etapas, sendo a primeira a que 
corresponde ao pensamento pré-categorial, ainda caracterizado pelo sincretismo e a 
segunda refere-seao momento de formação de categorias, no qual a criança faz o 
uso destas categorias para ordenar a realidade. 
 
2.1.5 Estágio Puberdade e Adolescência 
 
O último estágio apresentado por Wallon foi o da adolescência, que tem início 
por volta dos 11 e 12 anos, etapa que separa a criança do adulto que ela tende a 
ser. De acordo com Dér e Ferrari (2010), começam a ocorrer mudanças fisiológicas 
18 
 
por causa do amadurecimento sexual, provocando na criança transformações 
corporais acompanhadas por uma transformação psíquica. 
Nesta fase volta a predominar a dimensão afetiva, pois é um período de 
construção da identidade, da pessoa. O jovem necessita encontrar o ser ideal, o 
complemento da sua própria pessoa, que pode ser imaginário ou real, mais em todo 
caso é um ser dotado de méritos desejáveis pelo sujeito. 
O jovem apresenta atitudes de dependência e oposição ao outro, pois ao 
mesmo tempo em que deseja ser independente do outro, precisa dele para receber 
orientações sobre as escolhas a serem realizadas. Estas atitudes são relevantes 
para a construção da personalidade do jovem e também para exercitar sua 
autonomia. 
Neste estágio, o jovem possui bastante interesse pela sua própria pessoa e 
também pelas relações que estabelece com seus pares. Tais relações com outros 
jovens semelhantes permitem que o adolescente se perceba igual e ao mesmo 
tempo distinto dos outros. 
Portanto, observamos que durante o desenvolvimento do indivíduo se 
sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva, contudo tais 
dimensões estão constantemente integradas. 
No próximo capítulo traremos uma discussão de como a dimensão afetiva se 
manifesta no processo de alfabetização, uma vez que o sujeito de nossa pesquisa é 
uma classe de alfabetização, a qual consiste na professora e nos alunos. A razão 
pela qual escolhemos este grupo para ser o sujeito da pesquisa é que consideramos 
que a dimensão afetiva assume um papel fundamental na apropriação da linguagem 
escrita pela criança, influenciando na atribuição de sentido que o aluno vai conferir 
ao ato de ler e escrever, ou seja, se o professor ao alfabetizar seus alunos souber 
lidar com a dimensão afetiva, seus alunos irão estabelecer uma relação prazerosa 
com a escrita e a leitura. 
Abordamos neste capítulo que aqui se finaliza, o desenvolvimento infantil de 
acordo com a teoria walloniana, visto que a compreensão a respeito de como a 
criança se desenvolve é essencial para entendermos seu processo de aquisição da 
linguagem escrita, pois o êxito na aprendizagem da leitura e da escrita tem relação 
com fatores relacionados ao seu desenvolvimento, dentre estes fatores 
enfatizaremos a seguir o afetivo. 
 
19 
 
 
3. AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 
 
 
Como vimos, a afetividade inicialmente é epidérmica, se manifesta e é 
alimentada por meio do corpo, em situações de toque, de troca de olhares, de 
modulações de voz, entre outras. Com a aquisição da função simbólica, a 
afetividade adquire novas formas de expressão, não se restringindo apenas ao 
toque. 
Na medida em que o indivíduo vai se desenvolvendo ocorrem novas 
exigências afetivas nas relações sociais, ou seja, a afetividade vai ganhando 
complexidade. Segundo Dantas (1993), ocorre a cognitivização da afetividade, pois 
surgem outras formas cognitivas de demonstrar afeição. 
No início do processo de escolarização observamos ainda mais a 
racionalização da afetividade, se antes as manifestações afetivas aconteciam por 
meio do corpo, “agora elas se fazem substituir por outras, de natureza cognitiva, tais 
como respeito e reciprocidade” (DANTAS, 1993, p. 75). 
 A referida autora nos chama atenção para a importância da afetividade no 
processo de alfabetização. “É corriqueira a observação de como a utilização inicial 
da escrita serve diretamente à função afetiva: declarações de amor e ódio povoam 
os textos da correspondência do alfabetizando” (Id. Ibid, p. 75). 
Desta forma, podemos afirmar que durante todo o desenvolvimento do ser 
humano a afetividade exerce um papel fundamental. Desde os primeiros dias de 
vida é ela que proporciona o contato do bebê com o adulto, por meio de impulsos 
emocionais. Essa interação da criança com o outro permite o processo de 
diferenciação eu/outro, onde a afetividade se faz presente permeando esta relação. 
É, ainda, pela afetividade que a criança tem o acesso ao mundo simbólico, o que dá 
origem então a atividade cognitiva e possibilita o seu progresso. 
Segundo Tassoni (2008, p. 205), “é nas interações com as pessoas que 
ocorre a apropriação do legado cultural – patrimônio que envolve conhecimentos, 
valores, sistemas simbólicos, formas de agir, pensar e sentir”. Vale a pena destacar 
que a dimensão afetiva está presente constantemente nestas interações sociais, por 
isso podemos afirmar que a emoção precede a dimensão cognitiva. Em outras 
palavras, a dimensão cognitiva tem origem na emoção, por ser o elemento que 
20 
 
possibilita o acesso ao universo simbólico do grupo social, assim o contato com a 
razão é dada pela emoção. 
Neste caso, podemos afirmar que a criança em processo de alfabetização 
está em intenso progresso no campo intelectual, ela está estabelecendo os 
primeiros contatos de maneira sistemática e formal com a língua escrita, o que 
significa dizer que a atividade predominante é da dimensão cognitiva. 
Porém, vale ressaltar que a dimensão afetiva não deixa de atuar neste 
processo também, visto que, segundo Wallon (1968), é a afetividade que possibilita 
o avanço no campo intelectual, pois são os motivos, necessidades e desejos que 
dirigem o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo exterior. 
Sabendo disso, o professor adquire uma importante ferramenta para auxiliá-lo 
no processo de ensino aprendizagem. Cabe a ele saber utilizar a dimensão afetiva 
para promover o avanço cognitivo. 
 
As experiências vividas em sala de aula ocorrem, inicialmente, entre 
os indivíduos envolvidos, no plano externo (interpessoal). Através da 
mediação, elas vão se internalizando (intrapessoal), ganham 
autonomia e passam a fazer parte da história individual. Essas 
experiências também são afetivas. Os indivíduos internalizam as 
experiências afetivas com relação a um objeto específico. (TASSONI, 
2000, p. 3) 
 
 
A criança vai conferir um sentido afetivo ao ato de ler e escrever por meio do 
aspecto afetivo, podendo ser um sentido positivo ou negativo, dependendo da forma 
com que o professor lidou com esta dimensão durante o ensino da escrita e da 
leitura. 
As experiências vivenciadas em sala de aula permitem trocas afetivas 
positivas que, não só marcam positivamente o objeto de conhecimento, que neste 
caso é a língua escrita, mas também favorecem a autonomia e fortalecem a 
confiança dos alunos em suas capacidades e decisões. 
Sendo assim, a qualidade da interação professor-aluno traz um sentido 
afetivo para o objeto de conhecimento e influencia a aprendizagem do aluno. E, o 
fato do professor ter consciência da ligação entre o aspecto afetivo e o aspecto 
cognitivo possibilita-o de controlar e reverter sentimentos negativos, como também 
explorar de maneira positiva o desejo de aprender e o interesse em fazer. 
21 
 
A afetividade tem um relevante papel no processo de alfabetização, 
proporcionando um melhor desempenho da criança na aquisição da leitura e da 
escrita. Conforme Menezes (2006, p. 63), “a criança, à medida que aprende a ler e a 
escrever, está se desenvolvendo, ampliando e diversificando capacidades e 
habilidades que dependem de processos cognitivos e afetivos”. 
A partir destas considerações, podemos afirmarque a dimensão afetiva não 
pode ser negligenciada na escola, visto que todas as nossas ações são permeadas 
por ela, principalmente nos primeiros anos de escolarização, nos quais as relações 
estabelecidas entre professor e aluno são tão significativas que deixam marcas na 
personalidade de ambos. 
Segundo Menezes (2006), o professor precisa tomar conhecimento do que é 
emoção, de como ela se manifesta em sala de aula e a sua importância para a 
aprendizagem da leitura e da escrita. Sabendo identificá-la facilitará o seu trabalho 
pedagógico, tal conhecimento além de permitir que o professor compreenda o aluno 
e o ajude, também possibilitará ao educando que leia e entenda suas próprias 
ações. 
O professor alfabetizador possui um grande desafio, que é ensinar as 
habilidades de leitura e escrita, levando o aluno a gostar de ler e se envolver com as 
práticas sociais de leitura e escrita, o que implica o trabalho pedagógico com as 
dimensões afetivas do processo. O professor só terá êxito em seu trabalho quando 
passar a considerar as dimensões intelectual e afetiva em conjunto, concebendo seu 
aluno em sua totalidade. 
Destacamos outro aspecto sobre a importância do professor ter o 
conhecimento sobre a influência da afetividade no processo de ensino e 
aprendizagem. Ele saberá lidar com o poder de contágio da emoção em sala de 
aula, pois o professor pelo convívio com as crianças está permanentemente exposto 
ao contágio emocional, visto que elas são seres essencialmente emotivos. 
Vejamos o exemplo que Dantas (1992, p. 88) nos apresenta: “A ansiedade 
infantil, por exemplo, pode produzir no adulto próximo também angústia, ou irritação. 
Resistir a esta forte tendência implica conhecê-la, isto é, corticalizá-la, condição 
essencial para reverter o processo”. 
Os estudos sobre emoção na educação deveriam ser incluídos entre os 
propósitos da ação pedagógica, pois tal conhecimento proporciona ao professor a 
compreensão de como lidar com esta dimensão afetiva em sala de aula. 
22 
 
Portanto, de acordo com a teoria walloniana, educar significa considerar as 
leis que regulam o processo de desenvolvimento, respeitando as possibilidades 
orgânicas e neurológicas do momento e as condições de existência do aluno. 
Conforme Mahoney (2010, p. 17) “a essência do educar é, pois respeitar a 
integração dos conjuntos funcionais no seu movimento constante”. 
A abordagem walloniana traz contribuições enriquecedoras sobre a 
afetividade, defendendo que as manifestações afetivas passam por transformações 
qualitativas ao longo do desenvolvimento humano. Ela perde o seu caráter instintivo 
por meio das interações sociais, deslocando-se para o plano simbólico. E assim, a 
afetividade passa a ser manifesta de forma consciente e autodeterminada. 
A partir de todas estas considerações, podemos reunir as principais idéias de 
Wallon sobre a afetividade, baseados em Tassoni (2008, p. 69): 
- Assume o caráter social da afetividade e tem uma abordagem de 
desenvolvimento para ela. Defendendo que inicialmente as manifestações 
emocionais são orgânicas, mas elas vão ganhando complexidade, passando a atuar 
no universo simbólico e assim suas formas de manifestações se ampliam; 
- Defende que “o afetivo e o cognitivo inter-relacionam-se e influenciam-se 
mutuamente, promovendo o desenvolvimento do indivíduo em sua totalidade”. 
Enfim, a afetividade que se manifesta na relação professor-aluno se constitui 
elemento inseparável do processo de construção do conhecimento. Por isso, a 
qualidade da interação pedagógica deve ser buscada com muita primazia, pois é ela 
que vai conferir um sentido afetivo para o objeto de conhecimento, a partir das 
experiências vividas. A natureza desse processo de mediação não é somente 
cognitivo-intelectual, mas profundamente marcada pela afetividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
4. METODOLOGIA 
 
 
4.1 Procedimentos 
 
A escola selecionada para a coleta de dados pertence a rede pública de uma 
cidade situada ao noroeste do estado do Paraná, localizada em um bairro de 
periferia. A escola atende apenas o ensino fundamental, sendo que no período da 
manhã acontece o ensino regular e no período da tarde o Programa Mais Educação. 
A classe observada foi de 1° ano, com alunos de aproximadamente 5 a 6 anos em 
período de alfabetização. Tal opção se deu pelo fato destes alunos estarem 
estabelecendo os primeiros contatos com a escrita de forma sistemática e formal, 
esta experiência contribui de maneira relevante na construção do significado e do 
sentido de escrever na vida do aluno. 
As observações ocorreram no período da manhã, em quatro encontros de 
quatro horas, perfazendo um total de 16 horas. Além das observações realizamos 
uma entrevista com a professora a fim de investigar qual é a concepção da mesma 
sobre a relação afetividade e cognição. Portanto, os sujeitos desta pesquisa são os 
alunos e a professora desta turma de 1° ano do período matutino. 
Os dados foram coletados por meio de observações e de entrevista com a 
professora. 
 
4.2 Instrumentos utilizados 
 
a) Observação 
 
A observação foi o instrumento utilizado para a investigação cientifica por se 
mostrar adequada para focalizar a dinâmica interativa entre a professora e os 
alunos, uma vez que o objeto de estudo está situado nestas interações. Entretanto, 
de acordo com Ludke e André (1986, p. 25): 
 
Para que se torne um instrumento válido e fidedigno de investigação 
cientifica, a observação precisa ser antes de tudo controlada e 
sistemática. Isso implica a existência de um planejamento cuidadoso 
do trabalho e uma preparação rigorosa do observador. 
24 
 
 
As observações em sala de aula foram registradas em anotações no diário de 
campo. O objetivo foi coletar o maior número de situações de intervenção da 
professora em que a afetividade tivesse presente, enfatizamos os comportamentos 
da professora e dos alunos durante a interação. 
Os dados coletados passaram por várias etapas de análise, as quais 
descreveremos nesta parte. Primeiramente, as observações registradas no diário de 
campo foram transcritas e organizadas com o nome de 4 episódios, que 
correspondem a quantidade de dias observados (ANEXO 1). 
Vale ressaltar que utilizamos dois grupos de análise elaborados por Tassoni 
(2000) em sua pesquisa para direcionarmos nossas observações no campo. Foram 
eles: a postura da professora e os seus conteúdos verbais, pois de acordo com a 
referida autora, “analisar as falas e comportamentos de professores e alunos 
favorece uma maior compreensão do ato pedagógico, fornecendo pistas para inferir 
que tipo de sentimento permeia as relações em sala de aula” (TASSONI, 2000, p. 
60). 
Utilizamos a seguinte tabela com os dois grupos e três categorias para cada 
um deles, para fazermos as análises dos dados. 
 
TABELA DE OBSERVAÇÃO: 
1) Postura da professora 
 
 NUNCA ÁS VEZES SEMPRE 
PROXIMIDADE 
ATENÇÃO 
EXPRESSÃO FACIAL 
Observações: 
2) Conteúdos verbais 
 
 NUNCA ÁS VEZES SEMPRE 
INCENTIVO 
APOIO 
CORREÇÃO 
Observações: 
25 
 
Selecionadas as três categorias dentro do grupo postura da professora, faz-se 
necessário apresentarmos as definições trazidas por Tassoni (2000, p. 61-64) de 
cada uma destas categorias, a fim de compreendermos melhor a análise dos dados. 
Proximidade: 
Referiu-se a uma aproximação física, resultado de um deslocamento iniciado 
pela professora, durante a execução da atividade, onde esta atuou como mediadora 
entre o aluno e a atividade escrita. 
Atenção: 
Diz respeito às posturas atenciosas que revelaram certo cuidado daprofessora pelo aluno, as quais foram manifestas por iniciativa da professora. 
Expressão facial: 
Referiu-se aos movimentos faciais relacionados às manifestações de 
sentimentos que foram demonstrados pela professora. 
 
Em relação ao outro grupo – conteúdos verbais, as categorias elogio, apoio e 
correção podem ser assim definidas: 
 
Elogio: 
Todas as verbalizações direcionadas para encorajar e motivar o aluno, cujo 
conteúdo tinha por objetivo valorizar o comportamento emitido pelo aluno. 
Apoio: 
 Referiu-se às verbalizações cujo conteúdo tinha por objetivo fornecer pistas 
ou dicas para o aluno durante a realização da atividade. 
Correção: 
Referiu-se às verbalizações que forneceram informações sobre ortografia, 
normas e convenções da língua. Foram emitidas com o objetivo de possibilitar ao 
aluno modificar conceitos e retificar concepções. 
 
 
b) Entrevista com a professora 
 
Após realizar todas as observações em sala de aula, transcorremos para a 
segunda etapa do processo de coleta de dados, que foi a entrevista com a 
professora da turma. Foi uma entrevista semi-estruturada, realizada 
26 
 
individualmente com a mesma, todas as respostas, comentários e gestos foram 
registros em um caderno. 
Segundo Ludke e André (1986, p. 34) a entrevista proporciona “a captação 
imediata e corrente da informação desejada”, bem como possibilita “correções, 
esclarecimentos, e adaptações que a tornam sobremaneira eficaz” para a coleta 
de dados. 
As questões diziam respeito a aspectos que mais mereciam destaque 
dentro da temática - afetividade no processo de alfabetização. Objetivou-se com 
a entrevista identificar qual era a concepção sobre afetividade da professora, 
bem como ela lida com este aspecto em sala de aula e estavam assim 
estruturadas (TASSONI, 2000): 
 
 Fale sobre sua formação profissional. 
Tenho formação em pedagogia e especialização em educação especial. 
Atuo como professora alfabetizadora há 15 anos. 
 
 Que aspectos você considera importante, que merecem a sua atenção 
como professora, nesse processo de alfabetização dos seus alunos? O 
que você se preocupa em cuidar mais nessa fase de aquisição da escrita? 
Eu me preocupo em passar segurança para os alunos, incentiva-los a 
falar, perguntar, questionar sem receios de censuras. 
 
 Qual a importância da mediação feita pelo professor para o processo 
de alfabetização? 
A mediação da professora é fundamental nesse processo, ela vai facilitar a 
compreensão dos alunos no desenvolvimento das atividades propostas. 
 
 Que aspectos dessa mediação podem ser considerados facilitadores 
para o processo? 
Acredito que é a leitura. A leitura feita pelo professor tem que ser 
constante na alfabetização, incentivar os alunos a lerem. 
 
 O que é afetividade? 
27 
 
Está relacionado com um sentimento positivo e também com auto-estima. 
 
 Qual o papel da afetividade no processo de alfabetização? 
A afetividade tem um papel imprescíndivel na alfabetização. O bom 
relacionamento entre professor e aluno pode ajudar a desenvolver atitudes, 
pensamentos positivos que estariam contribuindo na sua auto-estima. 
 
 Você acha que a afetividade exerce alguma influência no processo de 
apropriação da escrita? Por quê? 
Sim, o professor deve estabelecer uma mediação entre o aluno e o 
conhecimento de maneira prazerosa, isso faz com que o aluno adquira 
maior gama de conhecimentos de forma que possa aplicar em sua vida. 
 
 Como, concretamente, a afetividade manifesta-se na sala de aula nas 
atividades que envolvem a linguagem escrita? 
No momento que você dá a atividade para o aluno escrever e percebe que 
ele está com dificuldades. O professor senta junto incentiva e ajuda a 
criança. 
 
 O que você faz que considera importante para que seus alunos 
construam uma boa relação com a escrita? 
Procuro sempre incentivar o aluno, passar segurança para ele, dizer que ele é 
capaz. 
 
 
A entrevista foi transcrita em forma de questões acompanhadas por breves 
comentários da pesquisadora, no que diz respeito à postura da professora durante a 
entrevista (ANEXO 2). 
Durante o processo de análise, cada resposta da professora foi relacionada 
com as suas interações em sala de aula, buscando assim, compreender se as suas 
falas complementavam os dados registrados no diário de campo. 
 
 
 
28 
 
4. 3 Análise dos resultados: 
 
Apresentaremos os dados e reflexões de cada categoria separadamente, pois 
permite uma melhor organização das análises. Todavia, as interações entre a 
professora e os alunos aconteciam de maneira dinâmica e estes fatores apareciam 
em conjunto. 
 
4.3.1 Categorias do grupo da postura da professora: 
 
Considerando que este grupo se refere à maneira da professora se colocar 
corporalmente diante de seus alunos, podemos afirmar que esta categoria foi 
bastante observada nas intervenções da professora com seus alunos. Ela 
demonstrava muitas vezes por meio de expressões corporais seus sentimentos, 
tanto negativos como positivos. O que mais se destacou nesta categoria foi que a 
professora andava pela sala, de carteira em carteira, o tempo todo para visualizar a 
atividade das crianças e também auxiliá-los. 
 
a) Proximidade 
 
Os dados apontam que a professora se aproximava dos alunos 
constantemente, esta postura foi verificada todos os dias da observação. Quando 
ela caminhava pela sala para verificar o andamento das atividades e algo lhe 
chamava sua atenção, parava e se aproximava do aluno a fim de tecer algum 
comentário ou orientações. 
O exemplo abaixo demonstra a aproximação da professora para arrumar uma 
aluna corretamente na carteira, pois sua forma de sentar estava dificultando a cópia 
do quadro: 
 
Professora: “- Senta direito, porque senão vai doer suas costas”! 
Observamos com esta aproximação, um certo cuidado da professora com a 
aluna, para que ela estivesse sentada confortavelmente a fim de aprender. 
Outro exemplo que vale a pena destacar de proximidade é o seguinte: 
enquanto as crianças montavam palavras com o jogo de palavras, a professora 
29 
 
verifica que um aluno está com dificuldade de montar uma determinada palavra e 
então ela questiona: 
- “E1, olha para a professora, como se escreve CO e CA?” 
Esta atitude da professora revela que além de se aproximar do aluno para 
auxiliá-lo, ela busca transmitir segurança para ele, pedindo que olhe em seus olhos. 
De acordo com Dantas (1993), “é impossível alimentar afetivamente à distância” (p. 
75). A troca de sentimentos foi possível devido à proximidade entre a professora e 
os alunos. 
A professora reforça sua postura de proximidade aos seus alunos na 
entrevista, ao responder a questão: como a afetividade se manifesta no processo de 
alfabetização. 
 
“No momento que você dá a atividade para o aluno escrever e percebe que ele está 
com dificuldades. O professor senta junto incentiva e ajuda a criança.” 
 
Nesta fala da professora fica evidente que a afetividade se manifesta no se 
aproximar da criança, sentar junto para auxiliá-la. As crianças se sentiam mais 
tranquilas e envolvidas na atividade ao verem a professora por perto. Este recurso 
da proximidade é muito importante na prática pedagógica, visto que ele alivia a 
ansiedade dos alunos e auxilia os com maior eficiência. 
 
b) Atenção 
 
Os dados coletados nesta categoria dizem respeito ao comportamento 
atencioso da professora em cuidar de seus alunos. Em todos os dias foram 
observados práticas de cuidado para com os alunos. 
A professora sempre arrumava os alunos corretamente nas carteiras,organizava seus materiais e quando havia lápis no chão ela mesma pegava e 
guardava no estojo do aluno. 
Ela sempre estava atenta a turma toda, verificando na maior parte do tempo 
se todos estavam prestando atenção durante a explicação, se estavam virados para 
a frente ou se estavam sentados tortos na cadeira. 
 
1
 - Utilizaremos letras das iniciais dos nomes das crianças para identificá-las. 
30 
 
 
c) Expressão facial 
 
Os dados da presente pesquisa demonstram que a expressão facial se fez 
presente nas interações entre a professora e os alunos, na maioria dos casos, 
positivamente. 
Houve um exemplo interessante desta categoria: um aluno estava copiando 
do quadro e a professora passou ao seu lado, parou e sorriu para ele, demonstrando 
uma expressão de satisfeita e afirmou: 
-“Hoje o Aluno B está esperto”! 
A comunicação entre olhares e sorrisos completou a frase de elogio para o 
aluno, motivando-o ainda mais a copiar corretamente com capricho e rapidez. 
Outro exemplo em que a expressão facial foi manifesta foi quando a 
professora estava perguntando nomes de alimentos saudáveis, que estavam na 
folha de atividade deles e a uma aluna, logo em seguida, responde corretamente. 
Então a professora confirma movimentando a cabeça e dizendo: “isso mesmo!”. Tal 
expressão confirmou positivamente o acerto da aluna a atividade. 
Entretanto, tiveram momentos em que a mímica facial revelou estado de 
intolerância e nervosismo, como foi este caso em que a professora “deu de dedo” 
em um aluno e falou: 
“- Eu quero seu caderno com capricho hoje, ouviu moçinho?” 
Estes dados revelam que as expressões faciais bem como as posturas da 
professora, no que diz respeito à proximidade e atenção, proporcionam algum tipo 
de sentimento na criança, podendo ser motivador para a atividade como também 
desestimulante. 
A expressão facial da professora, bem como dos alunos pode dizer muito 
sobre seus sentimentos. Segundo Galvão (1995) as emoções provocam alterações 
no funcionamento neurovegetativo, perceptíveis para quem as vive, elas provocam 
diversas alterações, inclusive na mímica facial. Acompanham-se de modificações 
visíveis do exterior, expressivas, que são responsáveis por seu caráter altamente 
contagioso e por seu poder mobilizador do meio humano. 
 
 
 
31 
 
4.3.2 Categorias do grupo de conteúdos verbais 
 
a) Elogio 
Durante os dias de observação pudemos perceber que esta categoria se 
manifestou algumas vezes nas interações entre a professora e os alunos. O 
exemplo abaixo nos aponta que os elogios afetam diretamente a auto-estima dos 
alunos, vejamos: 
A professora incentivou um aluno, falando que a sua letra havia melhorado 
bastante. “Parabéns aluno A, sua letra está bonita, melhorou bastante heim? 
Continue assim!” O aluno A ao ouvir este elogio sorriu e ficou motivado a continuar 
caprichando na letra. 
Outro exemplo foi quando a professora elogiou um aluno por ter respondido 
uma pergunta corretamente. 
“- Qual outro alimento saudável temos na folha”? 
Resposta do Aluno H: carne. 
- Muito bem aluno H, parabéns!” 
Tal incentivo trouxe na aula uma sensação de conquista e alegria, 
estimulando os alunos a participar mais das aulas. 
Conforme Tassoni (2008, p. 152) “mesmo mantendo-se o contato corporal 
como forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar seu trabalho, 
reconhecer seu esforço, constituem-se formas cognitivas de vinculação afetiva.”. 
Sendo assim, podemos confirmar a afirmativa de que as trocas afetivas 
passam por um processo de refinamento. O elogio é uma manifestação afetiva que 
ultrapassou os limites do afeto epidérmicos, que exige uma ação mais cognitiva no 
nível da linguagem. 
Na entrevista a professora evidencia que o incentivo é importante para que os 
alunos construam uma boa relação com a escrita: “Procuro sempre incentivar o 
aluno, passar segurança para ele, dizer que ele é capaz.” 
Portanto, a professora da sala defendeu que o incentivo se faz necessário 
para o processo de alfabetização, pois proporciona confiança ao aluno, fortalecendo 
sua auto-estima e estabelecendo uma boa relação com a linguagem escrita. No 
entanto, o incentivo não faz parte de seus conteúdos verbais mais frequentes, pelo 
menos durante os dias observados. 
 
32 
 
 
b) Apoio 
 
Considerando que esta categoria se refere “às dicas” e orientações dadas 
pela professora sobre a atividade, podemos afirmar que ela se fez presente sempre 
nas interações entre a professora e os alunos. 
A seguinte fala da professora revela algumas pistas do que é necessário no 
processo de apropriação da linguagem escrita: 
- “Aluna F, para escrever você precisa falar, senão você não aprende”. 
As atitudes de apoio da professora se basearam na verificação da letra, se a 
escrita estava dentro da margem, ela apontava em qual linha os alunos deveriam 
copiar a atividade e também falava algumas sílabas devagar para as alunos 
identificarem melhor o som e estimulava-os a falarem para escrever, principalmente 
quando erravam alguma sílaba. 
Esta categoria mostra que houve preocupação por parte da professora com o 
processo de elaboração da linguagem escrita. Seu apoio possibilitou aos alunos 
maior compreensão sobre a organização da língua escrita. 
Portanto, 
é a sensibilidade do professor, a sua experiência, a sua vivência em 
cada encontro, a sua atenção genuína, o seu ouvir lúcido, a sua 
motivação para compreender o outro que serão os guias para decidir 
o como, o quando, o quanto é possível aproximar-se dessas 
condições. A função da emoção na ação educativa é a de abrir 
caminho para a aprendizagem significativa, isto é, aquela 
aprendizagem que vai ao encontro das necessidades, interesses e 
problemas reais das crianças e que resulta em novos significados 
transformadores da sua maneira de ser. Amplia seu campo 
perceptual, possibilitando a descoberta de novas idéias. Aumenta 
seu contado tanto com o mundo subjetivo, quanto com o mundo 
exterior. (MAHONEY, 1993, p. 70-71). 
 
 
c) Correção 
 
De acordo com os dados coletados na pesquisa esta categoria é a que mais 
se destacou por ter ocorrido constantemente nos episódios. As correções eram 
destinadas a fornecer informações sobre a língua escrita e sua organização. 
33 
 
Os exemplos que traremos a seguir evidenciam o interesse da professora em 
proporcionar informações sobre as normas e convenções da linguagem escrita, 
incentivando a criança a pensar nas letras e na relação grafema e fonema. 
- “Está ficando muito misturado e feijão está escrito errado”! Apagou e orientou o 
aluno a escrever corretamente. 
- “Não pode passar da margem”. Explicou a professora sobre a forma como 
organizamos a escrita no caderno. 
Houve também duas situações em que a professora poderia ter feito, em 
nossa opinião, a correção de outra maneira, levando o aluno a refletir sobre o som 
da sílaba, porém ela, de forma irritada, proporcionou a resposta correta. 
Em uma das situações havia um aluno com dificuldade e a professora 
perguntou uma sílaba da palavra e ele respondeu errado por ter confundido o som 
das sílabas. Então ela disse: “esta sílaba não é com N coisa nenhuma, é com V”. 
No segundo exemplo, um aluno deveria formar a palavra BOLA, no entanto 
ele formou LABO, invertendo a ordem das sílabas, então a professora olha como o 
ele formou a palavra BOLA no jogo e diz: 
- “Pode parar, porque primeiro é BO e não LA”. 
Entretanto, na maioria das situações, ela estimulava seus alunos a pensar 
sobre a escrita, incentivava-os a falar para escrever. 
- “Aluno E, olha para a professora,como se escreve a sílaba CA e CO”? 
Com esta fala a professora foi silabando a palavra, destacando as sílabas CA 
e CO para que o aluno identificasse as letras a serem usadas. 
Observamos que a afetividade se manifestou nesta categoria porque a 
professora fazia as correções objetivando ensinar seus alunos sobre como a 
linguagem escrita deve ser organizada, no que se refere ao espaço entre as letras e 
as palavras, margem, entre outros; também com a intenção de transmitir confiança a 
respeito da escrita. 
Esta interação verbal por meio da correção proporcionou aos alunos o 
envolvimento com a atividade fornecendo a apropriação do conhecimento de 
maneira significativa. 
A correção tem o objetivo de esclarecimento de dúvidas e deve ocorrer de 
forma sensata de tal forma que a professora saiba lidar com os erros dos alunos, 
sem expô-los a situações desagradáveis. Porém, não foi desta forma que aconteceu 
nos episódios observados, houve nos casos já citados situações que poderiam 
34 
 
conduzir a criança a estabelecer uma relação totalmente desprazerosa com a 
escrita, uma vez que a professora coloca-a em situação vergonhosa diante da 
turma. 
Desta forma, 
“O que se diz, como se diz, em que momento e por quê – da 
mesma forma que o que se faz, como se faz, em que momento 
e por quê – afetam profundamente as relações professor-aluno 
e, conseqüentemente, influenciam diretamente o processo de 
ensino e aprendizagem, ou seja, as próprias relações entre 
sujeito e objeto” (Tassoni, 2000: p. 149). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Os estudos teóricos sobre afetividade e os dados coletados em campo 
permitiram que alcançássemos o objetivo desta pesquisa o qual era investigar como 
a dimensão afetiva presente na relação professor-aluno interfere no processo de 
alfabetização. 
Portanto, identificamos que a afetividade se manifesta em sala de aula 
principalmente por meio da postura da professora e das suas verbalizações, ou seja, 
o que a professora fala (seja orientações, elogios ou correções), o seu modo de 
falar, seu tom de voz, sua aproximação dos alunos, suas expressões faciais e 
também a atenção que dirige as crianças são determinantes para que os alunos 
estabeleçam uma boa relação com a escrita. 
A afetividade assume um importante papel na apropriação da linguagem 
escrita pela criança, pois ela permeia a relação professor-aluno. E o aluno em 
processo de alfabetização precisa, mais do que em qualquer outra etapa de 
escolarização, do professor, pois a aprendizagem da linguagem escrita exige 
habilidades que não são naturalmente conquistadas, antes envolvem conteúdos 
complexos, resultados de convenções socialmente estabelecidas, por isso exigem a 
ação de um mediador competente – o professor. 
As interações entre o professor e seus alunos são carregadas de afetos e 
estas interações em sala de aula vão marcar significativamente a relação dos alunos 
com o objeto de conhecimento, que no nosso caso é a escrita, podendo a relação da 
criança com a escrita se tornar prazerosa ou não. 
A intensidade da afetividade produzida na prática pedagógica, agradáveis ou 
desagradáveis, pode tanto estimular a criança a gostar de aprender, como 
desestimulá-la. O interesse da criança em aprender está muito relacionado à 
dimensão afetiva, pois são os motivos, necessidades e desejos que dirigem o 
interesse da criança para o conhecimento. 
A partir dos dados coletados podemos confirmar a afirmação defendida pela 
teoria walloniana de que a afetividade amplia suas formas de expressão, pois, esta 
pesquisa permitiu a identificação de outras manifestações afetivas que não se 
limitava apenas ao contato físico, mas se manifestam por meio de conteúdos verbais 
e de posturas. 
36 
 
Existem várias ações do professor que se constituem em comunicação 
afetiva, tais como: aproximação do aluno, atenção dada a ele, expressões faciais, 
elogiar a criança em processo de alfabetização, indicar meios para que ela realize 
uma atividade, corrigi-la quando necessário, etc. Estas são apenas algumas formas 
de trocas afetivas mais complexas, as quais foram racionalizas. 
Os dados revelaram que a manifestação da afetividade predominou na 
proximidade entre a professora e os alunos, pois foi esta atitude que possibilitou 
diversas formas de interação entre eles, desencadeando outras relações afetivas, 
como: elogio, apoio, entre outros. 
Diante da análise realizada sobre a afetividade com base nos autores 
referidos neste estudo, podemos afirmar com maior propriedade a importância do 
aspecto afetivo na relação professor-aluno e na relação da criança com o objeto de 
conhecimento, visto que sua influencia sobre a aprendizagem do aluno é grande, por 
isso faz se necessário o professor se atentar a este aspecto. Afinal, um ambiente 
para se ensinar e aprender deve ser harmonioso, enriquecido por práticas 
pedagógicas afetuosas, somente assim é possível atingir um processo de 
aprendizado mais eficaz. 
Portanto, a interação do individuo com o outro e com o objeto de 
conhecimento é mediada pela emoção, é ela a responsável pela socialização do 
indivíduo, pela formação da personalidade do mesmo, da construção da consciência 
de si. É por meio da emoção que a criança supera a dependência do outro e 
prossegue construindo seu conhecimento, “alimentando-se da cultura”, como um 
sujeito ativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
6. REFERÊNCIA 
 
 
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ALMEIDA, L. R. (Orgs) Henri Wallon. Psicologia e educação. 9 ed. São Paulo: 
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COSTA, L. H. F. M. Estágio Sensório-Motor e Projetivo. In: MAHONEY, A. A; 
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DUARTE, M. P.; GULASSA M. L. C. R. Estágio impulsivo emocional. In: MAHONEY, 
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Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/23/textos/2019t.PDF. Acesso em: 
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______. Afetividade e produção escrita: a mediação do professor em sala de aula. 
Dissertação de mestrado, Faculdade de educação, Universidade Estadual de 
Maringá, 2000. 
 
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______. Psicologia e educação da infância. Porto: Estampa. 1975. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
7. ANEXOS 
ANEXO 1 
 
Transcrição das observações de campo: 
- Episódio do dia 22/08/12 
 Este foi o primeiro dia da observação de campo na turma e inicialmente as 
crianças ficaram curiosos com o motivo da minha presença em sala de aula, 
buscando interagir com a pesquisadora, entretanto ela assumiu uma postura apenas 
de observadora, não houve participação a fim de não atrapalhar a aula da 
professora. 
 Primeiramente a professora explicou como era para ser feito a tarefa, 
entregou o livro de matemática, chamando aluno por aluno em sua mesa, foi 
entregando sem olhar para o aluno, pois seu olhar estava na sala de modo geral, de 
tal maneira que ia chamando a atenção da turma quando necessário. 
 Em seguida a professora se aproximou de uma aluna e arrumou-a 
corretamente na cadeira. Afirmando: 
“- Senta direito, porque senão vai doer suas costas!” 
 Logo depois fez o cabeçalho coletivamente, com a participação de todos os 
alunos, ela interagia muito com a turma e pedia que eles participassem. Escreveu no 
quadro com a ajuda deles o nome dos alimentos ingeridos na hora da merenda no 
dia anterior e pediu que eles copiassem e depois desenhassem cada alimento ao 
lado e então distribuiu o caderno de sala. 
 Enquanto as crianças copiavam a professora ia passando de carteira em 
carteira apontando a linha em que eles deveriam copiar, também arrumando os 
materiais dos alunos, a mesa e a postura de sentar deles. Na medida em que ela via 
necessidade, ela parava e auxiliava. 
 Ela incentivou um aluno, falando que a sua letra havia melhorado bastante. 
“Parabéns aluno A, sua letra está bonita, melhorou bastante heim. Continue assim!” 
 A professora dava bastante apoio, ou seja, fornecia orientações e dicas para 
as crianças copiarem do quadro, no que diz respeito à letra, pular linhas, etc. 
 Comentários que ia fazendo ao olhar o caderno dos alunos: 
- “Hoje o Aluno B está esperto”! Afirmou sorrindo e com uma expressão de satisfeita. 
- “Está ficando muito misturado e feijão está escrito errado”! Apagou e orientou o 
aluno a escrever corretamente. 
40 
 
- “Faz uma coisa bem feita, capricha!” 
- “Desenha maior!” E ia apagando. 
- “Não pode passar da margem”. 
- “Pinta querido”! 
 Enfim, observamos que a professora conversa bastante com seus alunos, ou 
seja, ela trabalha muito bem com a oralidade, estimulando-os a falarem, a se 
expressarem. 
 
- Episódio do dia 31/08/12 
 A professora foi iniciando a aula explicando sobre a tarefa. Em seguida, 
distribuiu um jogo, denominado de JOGO DE PALAVRAS, que era para formar o 
nome dos objetos. 
 Enquanto ela distribuía o jogo, chamou a atenção de vários alunos que 
estavam virados para trás e arrumou-os corretamente na carteira. 
 E no momento em que eles jogavam, ela interagia com a turma, conversando. 
Quando via que o aluno estava com dificuldade, chamava o em sua mesa, pois ela 
estava passando a tarefa no caderno de tarefa. 
 Depois que eles montaram todas as palavras, a professora pediu que 
mostrasse para ela a fim de que ela corrigisse e em seguida eles deveriam copiar 
em uma folha de sulfite a palavra e desenhar na frente o objeto. 
 Quando ela terminou de passar a tarefa no caderno deles, ela se levantou e 
foi passando de carteira em carteira, pedia que a criança pronunciasse a palavra 
para então escrevê-la. 
 Durante o jogo, observei que alguns alunos ajudavam uns aos outros a 
identificarem as silabas e a montarem as palavras. 
 A professora ficou nervosa com uma aluna que derrubou as letras no chão. E 
então ela cutucou a aluna e afirmou: “Aluna D, você não irá à aula de informática 
deste jeito”. 
 Um aluno levou a cartela completa para a professora olhar, mas estava 
errado e ela foi com o aluno até a carteira dele, desmontou tudo e foi auxiliando-o a 
montar as palavras, estimulando ele para que falasse as mesmas. 
 Havia um aluno com dificuldade e a professora perguntou uma silaba da 
palavra e ele respondeu errado por ter confundido o som das silabas, então ela 
disse: “que N o que é V”. 
41 
 
 Falou para outro aluno que estava procurando uma letra. “Você é muito lerdo, 
não pode demorar assim, não.” 
 A professora disse a um aluno: 
- “Pode parar, porque primeiro é BO e não LA”. 
- “Aluno E olha para a professora, se escreve como CA e CO?” 
- “Aluna F fala senão você não aprende”. 
 Houve um momento em que a professora perdeu a paciência, pegou uma 
criança pelo braço, fazendo a sentar e fazer a atividade. 
- “Não é assim Aluna G, vai ter que fazer tudo de novo”. 
 O tom de voz da professora é um pouco alto e demonstrava convicção, mas 
ela não grita. 
 No final da aula, ela escreveu no quadro algumas palavras e pedia para as 
crianças lerem, aquele que lia primeiro e corretamente ganhava um adesivo. Esta é 
uma dinâmica utilizada pela professora que estimula muito seus alunos a lerem. 
 
Episódio do dia 04/09/12 
 Primeiramente a professora fez a chamada, em seguida o cabeçalho, 
trabalhando cada sílaba por meio da oralidade. Neste dia ela enfatizou a distinção 
do som de uma palavra com 1 R e outra palavra com 2 R. Também revisou no 
quadro as famílias do 10, 20, 30, 40 até do 100. 
 A professora procura interagir bastante com seus alunos, escuta a fala deles 
com muita atenção e corrige quando necessário. Durante suas explicações, organiza 
os alunos que não estão sentados corretamente. 
 Ela vai passando de carteira em carteira olhando os alunos copiarem o 
cabeçalho do quadro, quando eles copiavam alguma letra errada, ela apagava e 
pedia para a criança fazer novamente. 
 Em seguida, entregou uma folha avulsa com desenhos de vários alimentos 
para as crianças pintarem e depois ela escreveu o nome de cada alimento no 
quadro, contou o número de letras e identificou as sílabas, tudo coletivamente. 
 Enquanto a professora escrevia uma das palavras no quadro, um dos alunos 
estava disperso, ela foi até ele e arrumou-o na carteira e mandou que ele colocasse 
as mãos em cima do caderno e prestasse a atenção. 
 Posteriormente, elogiou um aluno por ter respondido uma pergunta 
corretamente. 
42 
 
“- Qual outro alimento saudável temos na folha”? 
Resposta do Aluno H: carne. 
- Muito bem aluno H, parabéns!” 
Outra aluna falou outro nome

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