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MONOGRAFIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DA UERJ

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO 
FUNDAÇÃO CECIERJ /CONSÓRCIO CEDERJ / UAB 
POLO: BELFORD ROXO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A RELAÇÃO AFETIVA ENTRE DOCENTE E DISCENTE: UM DIFERENCIAL NA 
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANGÉLICA VELARDO DOS SANTOS BRAVO 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
JUNHO - 2018 
A RELAÇÃO AFETIVA ENTRE DOCENTE E DISCENTE: UM DIFERENCIAL NA 
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por: 
 ANGÉLICA VELARDO DOS SANTOS BRAVO 
 
Matrícula: 
15112080325 
 
 
 
Monografia apresentada à FACULDADE 
DE EDUCAÇÃO da UNIVERSIDADE DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO como re-
quisito parcial à obtenção do GRAU DE 
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA, na 
modalidade EAD. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
JUNHO - 2018 
A RELAÇÃO AFETIVA ENTRE DOCENTE E DISCENTE: UM DIFERENCIAL NA 
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 
 
 
 
 
 
Por: 
ANGÉLICA VELARDO DOS SANTOS BRAVO 
 
 
 
 
 
Professor Orientador: 
 
Profª Erondina Araujo 
 
 
 
 
 
________________________________ 
 Professor Examinador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
JUNHO - 2018 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor de 
meu destino, meu guia, socorro presente na hora da angústia. Porque é Dele, por Ele e para 
Ele que são todas a coisa! 
Ao meu pai Anibal e em especial a minha mãe Cacilda (em memória) que foi um mo-
delo na minha vida na busca do saber, mesmo tendo sido privada do direito de realizar seus 
sonhos de estudo por diversos problemas. 
Ao meu esposo Luiz, que esteve sempre ao meu lado incentivando nas horas de desa-
nimo e festejando nas horas das vitórias. 
A meus filhos Luiz Emanuel e Gabriel Angelo, que muito me motivaram nessa cami-
nhada e que me inspiraram a adquirir conhecimento e me tornar educadora cada dia melhor, 
acreditando que posso fazer a diferença neste mundo. 
A todos os amigos que, com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que еu 
chegasse até esta etapa de minha vida. 
A minha orientadora que com sua paciência e dedicação me trouxe até aqui, conduzin-
do-me a esse desfecho de sucesso! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Educar a mente sem educar o coração, não é 
educação.” 
Aristóteles 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
BRAVO, Angélica Velardo dos Santos. A RELAÇÃO AFETIVA ENTRE DOCENTE E 
DISCENTE: UM DIFERENCIAL NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO. Brasil, 
2018, nºfs 43. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universida-
de do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. 
 
Esse trabalho monográfico tem como titulo: “A relação afetiva entre docente e discente: um 
diferencial na construção do conhecimento.” E o assunto abordado é a afetividade na relação 
entre alunos e professores nas séries iniciais do ensino fundamental, buscando investigar se 
essa relação afetiva contribui ou não, para o desenvolvimento cognitivo, sociocultural do alu-
no. A pesquisa tem como objetivo principal: compreender se a relação afetiva entre docente e 
discente tem uma relação direta no desenvolvimento do aluno, colaborando ou não, para pro-
cesso de ensino aprendizagem. Para obter resposta para esses questionamentos, a metodologia 
utilizada foi a pesquisa bibliográfica, qualitativa, com fundamentação teórica nos estudos de 
Henri Wallon (1986, 2007), Paulo Freire (1996), Chalita(2001) e os estudos de Piaget(1967), 
sendo esses autores, voltados para uma pedagogia mais humana, envolvendo afetividade nas 
inter-relações no ambiente educacional. Além de outros autores que publicaram sobre o tema. 
Esse trabalho busca contribuir com uma análise sobre a humanização do fazer pedagógico, 
levando o professor a refletir sobre a importância de seu envolvimento afetivo com seus alu-
nos, na pretensão de produzir resultados positivos na construção do saber, além de agregar 
felicidade para sua prática diária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Afetividade; Aprendizagem e Ensino; aluno; professor. 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8 
1. A AFETIVIDADE UM ELEMENTO FACILITADOR NA APRENDIZADE. ...... 11 
1.1-Entendendo a aprendizagem........................................................................................... 11 
1.2- Conceituado a afetividade ............................................................................................. 13 
1.3 -Afetividade e seus efeitos na aprendizagem ................................................................. 15 
2. O PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DE VÍNCULOS AFETIVOS. ..... 19 
2.1 – O professor na construção do vinculo afetivo. ............................................................ 19 
2.2- Famílias: um fator primordial na aprendizagem ........................................................... 23 
2.3- O papel da escola.......................................................................................................... 25 
3 - A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O SUCESSO ESCOLAR DO 
ALUNO ......................................................................................................................... 28 
3.1 Fracasso e Sucesso: dois fatores ligados afetividade. ........................................... 29 
3.2- A afetividade na escola: fator de transformação ................................................. 32 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 38 
REFERÊNCIAS: ........................................................................................................... 40 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
Uma das teorias que se destaca nos estudos sobre a afetividade são os estudos Henri 
Wallon relatado no seu Livro Psicogênese da Pessoa Completa. A questão não é um tema 
novo nas pesquisas de muitos educadores e teóricos renomados, mas ainda enfrenta resistên-
cia ou até desconhecimento por parte de muitos educadores. Como afirma Wallon (1986, 
p.250): “As emoções têm um papel predominante no desenvolvimento da pessoa. É por meio 
delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades [...]”. No entanto, a afetividade 
ainda não é percebida por muitos educadores e até mesmo por escolas, da mesma forma como 
Wallon a percebe. Existe certa resistência ao termo “pedagogia da afetividade ou do afeto”. 
Esse trabalho monográfico que tem como titulo: A relação de afetividade entre do-
cente e discente: um diferencial na construção do conhecimento, foi realizado a partir do 
questionamento que originou essa pesquisa: “a relação afetiva entre docentes e discentes no 
ambiente escolar, contribui ou não para o processo de aprendizagem?” E tem como justifica-
tiva a observação pessoal da autora deste trabalho, quando percebeu que há certo equívoco no 
meio educacional quando se fala de afetividade. Essas observações ocorreram nos estágios 
supervisionados obrigatórios do curso de Pedagogia e em alguns Seminários de Práticas Edu-
cativas, também nesta graduação. Tendo em vista que, um grande número de alunos do curso 
que já atua no magistério, foi possível perceber, de acordo com o depoimento dos colegas, 
que alguns professores, quando são orientados a estabelecer relação afetiva com seus discen-
tes, confundem afetar positivamente o aluno, com ser doce e meigo, estabelecendo com ações, 
aquilo que supostamente seria uma relação afetiva entre aluno e professor, porém, podem 
também estar equivocados. 
Esse trabalho tem como objetivo geral: compreenderse a relação afetiva entre docente 
e discente, tem uma relação direta no desenvolvimento do aluno, colaborando ou não, para 
processo de ensino aprendizagem e como objetivos específicos: i) Analisar se a capacidade de 
estabelecer vínculos afetivos com os alunos pode produzir mudanças relevantes na vida do 
discente e no desenvolvimento do trabalho do docente; ii) identificar possíveis impedimentos 
para construção de uma relação afetiva entre docente e discente. iii) Entender de que forma 
ocorre a construção da relação afetiva entre discente e docente e sua contribuição para o su-
cesso escolar do aluno. 
Um aluno que é afetado e estabelece empatia com o professor será movido emocio-
nalmente a buscar aprimorar seus conhecimentos, para estar mais perto da satisfação de ser 
parte da aula, parte do processo de construção de aprendizagem. O aluno quer ser coadjuvante 
9 
 
no processo de aprendizagem, não quer ser um mero expectador que absorve ou apenas apa-
renta absorver aprendizado, quer realmente fazer parte desse processo. 
Ao longo do trabalho a pesquisa buscou confirmar as seguintes hipóteses: a) Se os 
vínculos afetivos entre professor e aluno são relevantes para o desenvolvimento do aluno. b) 
Se os profissionais da educação estão capacitados a identificar e resolver os problemas que 
surgem na relação de afetividade com os seus alunos. c) Se a relação de afetividade no ambi-
ente educacional contribui para o sucesso escolar do aluno. Levantar hipóteses, não significa 
que as respostas que serão encontradas irão atender as expectativas. Contudo, a pesquisa tem 
a intenção de buscar as respostas para confirmar, ou não as hipóteses levantadas. Utilizando-
se para tal, a pesquisa bibliográfica, documental. 
No confronto com a prática, é possível perceber que a afetividade tem um papel fun-
damental para o desenvolvimento do processo de aprendizagem e ensino. Corroborando que 
o ator principal destas relações, não é o professor ou aluno, mas na verdade, os atores são a 
escola, professor, família e alunos. A escola deverá ser o espaço em que serão formadas e 
construídas essas relações, que irão envolver todos os indivíduos no processo de ensino 
aprendizagem. Estimulando a construção dos vínculos ente docentes e discentes. Contribuin-
do desta forma, para melhorar a aprendizagem, romper com paradigmas e pré-conceitos rela-
cionado ao aprendizado de diversas disciplinas, que por vezes, causam temores nos alunos. 
Estes, que são recém-chegados nas séries iniciais, estão ansiosos e curiosos em relação a esse 
primeiro contato com professores. 
A escola precisa entender que esse momento pode ser crucial para um futuro relacio-
namento, incluindo a afetividade. Outro sim, se este for um momento considerado ruim para 
o aluno, é provável que o mesmo, venha sentir algum tipo de bloqueio em relação a disciplina 
ministrada pelo professor que lhe causou a impressão. Diferentemente do docente que passa 
confiança e acolhe o aluno com segurança e simpatia. Esse é normalmente, acolhido pelo alu-
no. 
A metodologia foi elaborada com base em análises bibliográficas, nas áreas relaciona-
das ao tema, além de pesquisa documental sobre programas, leis e outros termos normativos 
que estabelecem diretrizes que norteiam a educação no ensino brasileiro. As investigações 
bibliográficas apontam que a educação sofreu modificações a cada período histórico, mobili-
zando a necessidade de análise para a compreensão do atual espaço que a afetividade ocupa 
na escola. Neste contexto, portanto, elaborou-se pesquisa acerca das relações teórico-
metodológicas que compreendem o campo da educação com uma prática mais humanizada, 
10 
 
intentando o enriquecimento das relações entre escola, alunos e família, em prol do aprendi-
zado do discente. 
A pesquisa traz ainda resultados das investigações feitas em artigos, publicações, mo-
nografias, revistas e estudos publicados em sites acadêmicos como Scielo, Domínio Público, 
bibliotecas online e periódicos das universidades. As referências teóricas são os trabalhos de 
Henri Wallon (1986, 2007), Paulo Freire (1996), Chalita(2001) e os estudos de Piaget(1967), 
tendo além desses teóricos, alguns estudos de outros pesquisadores da atualidade, abrindo 
assim, um leque amplo para pesquisa. 
O estudo faz uma análise da práxis do docente na recepção e acolhimento do aluno 
que vem da educação infantil e chega às séries iniciais do ensino fundamental e as relações 
que são fundamentadas a partir desse momento. Sabendo que esse primeiro contato é primor-
dial para o futuro relacionamento entre escola e aluno. A escola torna-se o ponto importante 
na vida social da criança. Portanto, assim como é improvável que numa relação harmoniosa, 
construída a base de simpatia, venha trazer efeitos negativos para o aprendizado. Entretanto, 
isso poderá ocorrer se houver qualquer sinal de indiferença, ou mesmo, um ato que leve o 
professor a ignorar o aluno. O que nem sempre é notado ou admitido por aquele que o prati-
ca. Dessa forma, o docente precisará descobrir que frustrações ou experiências desencadearam 
ou estão desencadeando ações que estão afetando negativamente seus alunos e estão degra-
dando sua prática docente. 
O primeiro capítulo – “A Afetividade um elemento facilitador na aprendizagem”. – faz 
um breve relato de como se dá o aprendizado e aborda o conceito de afetividade. Relacionan-
do alguns efeitos que a afetividade causa no aluno diante de algumas situações que ocorrem 
durante o processo de aprendizado. O segundo capítulo – “O papel do professor na formação 
de vínculos afetivos” – traz uma reflexão sobre os obstáculos e desafio encontrado no ambien-
te escolar para se criar vínculos afetivos. Aborda também o papel da escola e da família na 
concepção desta relação afetiva. O terceiro capítulo – “A importância da afetividade para o 
sucesso escolar do aluno” – analisa a influência da afetividade no sucesso ou fracasso escolar 
do aluno, bem como sua importância como fator de transformação na vida do alunato. 
A emoção do aluno e do professor são formas de expressar a afetividade. Para Wallon 
(1986, p. 42): “As emoções têm um papel predominante no desenvolvimento da pessoa. É por 
meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades [...]”. Dessa forma, o profes-
sor, é capaz de perceber em sala de aula quando o aluno está cansado e/ou desmotivado e po-
de tentar investigar os motivos e usar essas informações para contribuir para motivar o aluno. 
11 
 
1. A AFETIVIDADE UM ELEMENTO FACILITADOR NA APRENDIZAGEM. 
 
O capítulo a seguir traz um relato de como acontece à aprendizagem no meio escolar e 
elabora o conceito de afetividade que será o tema central deste trabalho monográfico, além de 
fazer um paralelo sobre os efeitos que esse fator ocasiona na aprendizagem do aluno. 
 
Ao se fazer referência a Educação, a primeira ideia que vem a mente é: educar pessoas 
e a interação entre docente e discente. Ampliando ainda mais esse conceito, é possível afirmar 
que a educação reporta-se ao diálogo, indivíduos construindo saberes juntos, em ações que 
envolve o aprender e o ensinar. Nesse contexto, onde se dá convivência entre aluno-professor, 
aluno-aluno, não é raro se estabelecer às relações afetivas entre os atores que compõe esse 
ambiente. As relações são experimentadas de diferentes maneiras e estágios. Sendo motivadas 
por sua relevância para construção do aprendizado. 
 
1.2- Entendendo a aprendizagem 
 
Através da aprendizagem a criança é inserida na sociedade, edificando o comporta-
mento em fatores culturais, comportamentais e no meio ambiente de maneira interativa às 
mudanças dos conjuntos de ações. O processo ensino-aprendizagem compreende aconteci-
mentos em conjuntos entre professor e aluno, estimulando criatividades para que o indivíduo 
seja inserido as práticas educativas. Para Vygotsky (1998,p.103) “a aprendizagem e o desen-
volvimento estão estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam com o 
meio objetal e social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de construção.” 
Por volta dos cinco anos, à criança inicia o controle de processos lógicos, apresentan-
do dificuldade para ignorar as distrações. O controle da atenção pode ser determinado por 
fatores externos e também internos, neste último caso, são: fadiga, estresse, grau de interesse 
ou medicamentos, todos esses, elementos que são capazes de impedir a atenção, porém os 
fatores externos como tamanho, relevância, complexidade novidade também tem a capacidade 
de incentivar ou inibir a atenção. Wallon explica que, "(...) Há uma ligação indissolúvel, a 
partir de uma certa idade, entre o desenvolvimento psíquico do indivíduo e o seu desenvolvi-
mento biológico" (1995, p.207). 
Para que se consiga aprender é necessário que memória e atenção estejam atreladas. O 
aprendizado não irá ocorrer se um dos dois elementos estiver deficitário. A aprendizagem 
não é a reprodução de informações. É comum confundir o aprendizado quando está disfarça-
do pelo treinamento de habilidades. Não são raros os casos em que professores revisam as 
12 
 
matérias em vésperas de provas, utilizando-se de questionários, corrigindo-os de forma que as 
respostas sejam únicas, a fim de que crianças decorem estas respostas para as provas, obtendo 
assim, boas notas diante de um “aprendizado” mecânico. O verdadeiro aprendizado só ocorre 
quando sinapses atuam sobre as informações armazenadas no cérebro e diante de experiências 
são capazes de causar mudanças no cérebro. 
O processo de aprendizagem pode produzir várias situações que afeta o aluno de for-
ma positiva ou negativa, algumas delas, são as dificuldades que surgem no cotidiano da esco-
la, muitas vezes, gerando obstáculos na interação do aluno com o professor. Esses obstáculos 
podem ser causados por uma série de fatores alheios a responsabilidade do professor. 
Entretanto, não se pode ignorar que alguns docentes não se põem disponíveis para in-
teragir com o discente, impossibilitando a criação de um elo afetivo. O educador Paulo Freire 
alerta: “O professor irresponsável, o professor amoroso da vida da gente, o professor mal-
amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum 
deles passa pelos alunos sem deixar sua marca.” (FREIRE 1996, p. 76). 
Outros professores, no dia a dia de seu trabalho, buscam uma interação que afetem o 
aluno de forma positiva. Se utilizando de estratégias que visam auxiliar na construção de um 
elo afetivo, de forma singular, que produzirá na criança um aprendizado dentro do mundo ao 
qual ele está plenamente adaptado. Algumas destas situações produzem uma interação praze-
rosa, dando oportunidade a criança de construir seu conhecimento com felicidade. A aprendi-
zagem se concede progressiva ao desenvolvimento, de modo que as informações, habilidades 
e compreensão prevaleçam continuamente. Como afirma Gonzaga: 
 
(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar metas para aprendi-
zagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes lingua-
gens, realizar intervenções e mudar a rota quando necessário. Talvez, os bons pro-
fessores sejam os que respeitam as crianças e por isso levam qualidade lúdica para a 
sua prática pedagógica. (2009, p. 39). 
 
 
O processo ensino-aprendizagem é uma associação dialética e educativa com finalida-
de básica de auxiliar o desenvolvimento e a formação do indivíduo, capacitando-o para en-
frentar desafios. Sejam na formação, valores ou diferentes níveis relacionados à proposta de 
ensino. Segundo o psicólogo Bruner (2001, p. 29), “os indivíduos que estão aprendendo se 
ajudam a aprender cada qual de acordo com suas habilidades. Isto simplesmente implica que o 
professor não exerça tal papel de forma monopolizada”. 
 A eficácia desse sistema está no efeito alcançado quanto à disposição transformadora. 
13 
 
Contudo, se não houver o envolvimento afetivo na relação entre docente e discente, é passível 
da docência deixar de lado o aspecto emocional, humano e buscar apenas o desenvolvimento 
do conhecimento. Assim, Freire pontua a prática docente: 
 
Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação como experiên-
cia fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos de-
vessem ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem tampouco ja-
mais compreendi a prática educativa como uma experiência a que faltasse rigor em 
que se gera a necessária disciplina intelectual (FREIRE, 1996, p. 146). 
 
A criança passa um tempo grande de sua vida na escola e é lá que começa a descobrir 
uma série de coisas. Diante desta questão a escola tem uma função primordial, pois ela é o 
agente de transmissão de conteúdo. Nessa perspectiva, Vygotsky aponta que: 
 
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamen-
to. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que 
seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas 
também que a sintam. [...] as reações emocionais devem constituir o 
fundamento do processo educativo. (VYGOTSKY, 2003, p. 121) 
 
 
A criança constrói suas relações e esse é um processo de formação da sua personalida-
de. Neste momento, ela está descobrindo o mundo, aprendendo a se relacionar com as negati-
vas e frustações do meio em que está inserida. Incluindo o meio escolar, onde ela começa a 
perceber um conjunto de regras e normas convencionais. Esse é um fator que deve ser levado 
em consideração pelo professor como mediador. Pois a criança apresenta alguns conflitos 
internos. A participação do docente deve ser efetiva, devendo organizar e através da sua per-
cepção, trabalhando esse lado emocional da criança. 
 
1.2- Conceituando a afetividade 
 
A afetividade quando relacionada à educação, trata principalmente, da ligação que vai 
sendo estabelecida no cotidiano escolar. As relações entre todos na rotina da escola, os mo-
mentos diários e até os desafios descobertos através das incompatibilidades desenvolvidas a 
respeito de algum indivíduo com quem se convive no espaço escolar, ou mesmo, a disciplina 
com a qual possui dificuldade para entender. 
O Dicionário Informal Online define a afetividade dessa forma: 
 
Afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou 
querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sen-
timentos e emoções a outro ser vivo. Pode também ser considerado o laço criado en-
tre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de 
14 
 
"amizade" mais aprofundada. Em psicologia, o termo afetividade é utilizado para 
designar a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alte-
rações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. Tem por constituinte 
fundamental um processo cambiante no âmbito das vivências do sujeito, em sua 
qualidade de experiências agradáveis ou desagradáveis. Disponível em <http://www. 
dicionarioinformal.com.br/significado/afetividade/7705/>acesso:25/03/18) 
 
 
Dessa forma, é possível explicitar essas relações como afetivas e/ou não afetivas. O 
que realmente determina o conceito de afetividade são os relacionamentos humanos entre 
pessoas que coabitam o mesmo espaço. Os psicólogos Piaget e Vygotsky evidenciam a rele-
vância da afetividade no desenvolvimento dos indivíduos, mas foi Henri Wallon que foi a 
fundo na questão, ao legitimar a teoria “que a vida psíquica é formada por três dimensões – 
motora, afetiva e cognitiva -, que coexistem e atuam de forma integrada.” (SALLA, 2011. P. 
1). Ou seja, que o processo de desenvolvimento do sujeito, necessita da sua estrutura biológi-
ca, tanto quanto, do seu ambiente, que de toda forma, o influencia. 
É no meioem que se encontra inserido, que suas habilidades irão se desenvolver. Ain-
da de acordo com Wallon, a afetividade tem três formas de se expressar: pela emoção, pela 
paixão e pelo sentimento. “O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias exter-
nas, mas em virtude de uma necessidade interna”. (WALLON, 2007, p. 76). 
Conceito de Afetividade segundo Henri Wallon: 
 
A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento dependente da ação de 
dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois fatores existe uma relação recí-
proca que impede qualquer tipo de determinação no desenvolvimento humano, tanto 
que a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro 
destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias 
sociais da sua existência onde a escolha individual não está ausente. (WALLON 
(2007, p. 288). 
 
 
A Revista Nova Escola, faz uma leitura do conceito de Wallon sobre afetividade de 
forma como é colocada por educadores. Utilizando o conceito como algo que afeta o indiví-
duo de formas divergentes. Ou seja, pode afetar positivamente ou negativamente no seu de-
senvolvimento e na construção do conhecimento. 
 
O termo se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativa-
mente tanto por sensações internas como externas. A afetividade é um dos conjuntos 
funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo 
de desenvolvimento e construção do conhecimento. (NOVA ESCOLA ONLINE, 
sem/Paginação).
1
 
 
1
 Fonte: Disponível em:< https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-afetividade-de-henri-wallon > 
acesso em 25/03/2018. 
 
https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-afetividade-de-henri-wallon
15 
 
 
Rubens Alves definiu o afeto: 
Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. A fome 
que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce 
do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do la-
tim "affetare", quer dizer "ir atrás". O movimento da alma na busca do objeto de sua 
fome. o Eros platnico, a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado (AL-
VES, 2002, p. 52.) 
De acordo com o autor, o afeto é algo que se deseja de forma intensa, e a busca por es-
se objeto, é mais que carinho. A aprendizagem pode ser traduzida como fome de aprender. 
Um desejo grande de adquirir determinado conhecimento, transformando-o em evolução pes-
soal. 
 
1.3 –A afetividade e seus efeitos na aprendizagem 
 
Definir o afeto de forma que todos entendam, é de fato uma tarefa difícil, poderia se 
dizer que é impossível não misturar o racional com a emoção. As relações humanas emocio-
nais que são instituídas dentro do espaço escolar, não se diferem das que se estabelecem fora 
deste. No entanto, existe a relação que interfere no aprendizado da criança. É essa afetividade 
que define o gostar ou não de uma determinada disciplina, ou mesmo, ser bem sucedido ou 
não nas atividades que a envolvem. 
Neste contexto, pode-se citar como exemplo, o ensino e aprendizado da Matemática. 
Esta, normalmente, é uma disciplina que carrega um estigma de ser difícil e detestada pela 
maioria dos indivíduos. Essa falta de “afeto” com a matéria influi em todas as outras discipli-
nas de exatas (Física, Química, etc), que o aluno irá encontrar no seu caminho acadêmico. É 
preocupante para alguns educadores, como essa disciplina mexe com os alunos. 
Felicetti afirma que: 
 
[...] a maioria dos alunos acha que não gosta de Matemática porque os professores 
não sabem ensinar a matéria. A Matemática deveria ser ensinada pelo professor, uti-
lizando-se da criatividade, pois a mesma [sic.] não é uma disciplina feita para calcu-
lar, mas para pensar. [...] Não associam a Matemática da escola com a Matemática 
do cotidiano. Parece que a Matemática serve somente para “passar de ano” na escola 
e nada mais. (FELICETTI, 2010, p. 34). 
 
 
De acordo com Chacón (2003), a matemática desenvolve no sujeito duas categorias 
distintas: A atitudes desenvolvidas em relação à disciplina e atitudes matemáticas. A primeira 
diz respeito atitudes desenvolvida pelo aluno como: o interesse e o destaque que ele dá a ma-
 
 
16 
 
téria e o seu aprendizado. Sendo neste caso que o fator principal está centrado no aspecto afe-
tivo. Isso envolve sentimentos de angustia, ansiedade, medo, descontentamento, enfado, mas 
também possui atitudes positivas como: curiosidade, interesse, simpatia e respeito pelo pro-
fessor, gostar da matéria. As atitudes matemáticas têm sua ação no fator cognitivo como: agi-
lidade, facilidade de compreensão, autoconfiança, espirito analítico, etc. 
 
O ensino da matemática deve partir das experiências cotidianas do educando para a 
(des)construção de conceitos, visando uma aprendizagem significativa. Se o docente 
desconsiderar essas evidências estará anulando os sentidos da aprendizagem. [...] o 
professor, ao contemplar os conhecimentos prévios do aluno, terá um ponto de par-
tida para novas possibilidades de aprendizagens. (SANTOS E LIMA, 2012, p. 3) 
 
 
Descrever alguns dos efeitos que a disciplina causa nos alunos, é uma forma de exem-
plificar como a afetividade funciona, sendo o ponto principal na relação com as disciplinas 
acadêmicas atingindo de forma benéfica ou não, algumas pessoas. Considerando que as atitu-
des positivas são bem mais fáceis de ser atingidas a partir de novas perspectivas e novos mé-
todos na aplicação da disciplina e comprometimento do professor. 
Segundo Santana, 
 
[...] várias possibilidades de atividades diferenciadas que vão muito além das infin-
dáveis sequências de exercícios e memorização de métodos e fórmulas. Dentro de 
um contexto histórico temos a possibilidade de buscar uma nova forma de ver e en-
tender a Matemática, tornando-a mais contextualizada, mais integrada com as outras 
disciplinas, agradável, criativa e humanizada. (2012, p. 1). 
 
 
Entendendo que o processo educativo não se trata somente de transmissão de conhe-
cimento, mas de uma apropriação de saberes. Sob esta perspectiva, é que acontecem as evolu-
ções sociais, políticas emocionais do ser humano. Assim, Leite (2006, p. 143) pronuncia-se 
“as interações, que ocorrem na sala de aula, são permeadas por afetividade, que se constitui 
como um fator de grande importância na determinação do vínculo que se estabelecerá entre o 
aluno e as áreas/conteúdos escolares”. 
A afetividade na perspectiva de Vygotsky 
 
A afetividade é um elemento cultural que faz com que tenha peculiaridades de acor-
do com cada cultura. Elemento importante em todas as etapas da vida da pessoa, a 
afetividade tem relevância fundamental no processo ensino aprendizagem no que diz 
respeito à motivação, avaliação e relação-professor e aluno. (1998, p. 42): 
 
 
Ainda Segundo Ferreira (1986, p.62), a afetividade é um “Conjunto de fenômenos psí-
quicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados 
17 
 
sempre dá impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, 
de alegria ou tristeza”. Oliveira e Ruiz fazem uma separação dos dois conceitos: afeto e afeti-
vidade, mas sem separa-los integralmente. O afeto está contido na afetividade. 
 
Afetividade é o termo usado para designar e resumir não só os afetos em sua 
acepção mais estreita, mas também os sentimentos ligeiros ou matizes de 
sentimentos de agrado ou desagrado, enquanto o afeto é definido como qual-
quer espécie de sentimento e emoção associada à ideias ou a complexos de 
ideias. (OLIVEIRA E RUIZ, 2005, p.1) 
 
 
Wallon (2007), destaca que afetividade está relacionada à capacidadedo ser humano 
ser afetado, de forma negativa ou positiva, tanto nas sensações internas, quanto externas e 
atua paralelamente com a cognição e o ato motor, no processo de construção e desenvolvi-
mento do conhecimento. Destaca ainda, que o cognitivo não pode ser valorizado em detrimen-
to do desenvolvimento afetivo. 
 
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui 
um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e 
mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua uni-
dade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. 
(WALLON, 2007, p. 198). 
 
 
 O autor tem uma visão dualista do desenvolvimento humano. Segundo ele, as duas 
características: afetiva e cognitiva caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da ou-
tra, e em alguns casos, a afetiva vai melhorar e influenciar o avanço e conquistas na área cog-
nitiva do indivíduo. Para Wallon “As emoções têm um papel predominante no desenvolvi-
mento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades [...]” 
(1986 p. 250). A relação afetiva é valorizada pelo autor, tratando da capacidade do indivíduo 
de afetar com suas ações, de forma positiva ou negativa, o desenvolvimento do outro. 
 Muitos são os estudiosos que abordam a afetividade de maneiras distintas. No entanto, 
quanto à educação, convergem no sentido de reconhecer a importância do afeto no processo 
de ensino aprendizagem. Oliveira afirma que: 
 
O professor exerce um papel de suma importância como agente de mudanças e for-
mador de opiniões e caráter ao longo da vida do aluno. Ele poderá despertar simpa-
tias e antipatias pela disciplina, causar traumas e dificuldades de aprendizagem ao 
longo da vida escolar, deixando marcas registradas no desenvolvimento futuro do 
aluno. Todavia, sua presença e atuação pode despertar o prazer de aprender. (WAL-
LON, 2007, p. 3). 
 
 
18 
 
 Diante de tantas formas de ver a afetividade, é possível refletir que existem variações 
de afeto ou de vivenciar esse sentimento. Na concepção da educação, esses conceitos vão 
mais além, pois envolve diretamente o ensino e a aprendizagem, bem como, o desenvolvi-
mento social e cognitivo do sujeito que busca o aprendizado. 
Dentro da esfera da afetividade, pode haver diversas maneiras de expressar esse sen-
timento. Uma dessas formas está inserida no currículo escolar que é disponibilizado para o 
aluno. Este, muitas vezes, se identifica melhor e gosta mais de algumas disciplinas do que 
outras. Isso já proporciona um vínculo afetivo com aquele que lhe proporciona os mecanis-
mos para aquele aprendizado. “Sabemos que o sentido de aprendizagem é único e particular 
na vida de cada um, e que inúmeros são os fatores afetivos e emocionais, que podem impedir 
o investimento energético necessário ás aquisições escolares.” (BOSSA, 2000, p.18) 
Contudo, não é fácil saber se o aluno gosta da disciplina por causa do professor ou se 
por ter maior facilidade de entendimento, e assim, se sente mais confiante para desenvolver 
um vínculo com o seu docente. “Os primeiros contatos entre o sujeito e o ambiente são de 
ordem afetiva: são as emoções. O sujeito este por inteiro em sua emoção; está unido, confun-
dido nela [...]” (WALLON, 2007, p. 204). Os diferentes tipos de alunos, cada um com sua 
especificidade, só são decifrados em seus sentimentos se houver um interesse do docente em 
relação as suas dificuldades ou facilidades. Para Freire (1996, p.52) “saber que ensinar não é 
transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua 
construção”. Cabe ao professor produzir mecanismos para atender seus questionamentos, res-
pondendo de forma eficaz, criando uma relação de confiança que leve não só ao conhecimen-
to, mas um possível vínculo afetivo. 
 
 
19 
 
2. O PAPEL DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DE VÍNCULOS AFETIVOS. 
 
Este capítulo pretende ressaltar como ocorre a afetividade dentro do processo de ensi-
no e aprendizagem e como a unidade escolar, professores e alunos podem trabalhar com esse 
sentimento. Sendo assim, a meta foi analisar e apresentar os impactos que tal emoção pode 
desencadear na vida dos alunos e no aprendizado, e como os sujeitos que compõe as institui-
ções educacionais pode intervir através da afetividade contribuindo para construção do saber. 
Relatando ainda o que dizem os PCN’s sobre a relação de afetividade entre professor e aluno. 
 
O processo de apropriação do conhecimento precisa ser consequência de uma colabo-
ração entre alunos e professores na quais ambos ensinam e aprendem. O acolhimento do alu-
no e respeito para com suas experiências e conhecimentos adquiridos antes de chegar à escola, 
colabora para um aprendizado pleno e baseado na relação de afetividade. O aluno se sente 
respeitado e bem vindo ao ambiente escolar e retribui de forma participativa. 
De acordo com Libâneo, o papel do professor deve ser amplo e não ser conduzido a só 
uma direção. 
 
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também 
ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a 
expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respos-
tas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do profes-
sor (...). (1994, p.250). 
 
 
Nessa perspectiva, o papel do professor é o de facilitador de aprendizagem, ou seja, 
ele age como intermediário em todo o processo educativo. Conforme argumenta Freire (1996, 
p.134) “atitude correta de quem se encontra em permanente disponibilidade a tocar e a ser 
tocado, a perguntar e a responder, a concordar e a discordar”. Mediando a aquisição de sabe-
res e levando o aluno a dialogar, como ferramenta para construção de um aprendizado expres-
sivo e participativo. 
 
2.1 – O professor na construção do vinculo afetivo. 
 
Aprender a conviver, a fazer, a aprender e a conhecer, são os quatros pilares para a 
educação para o século XXI, que foram sugeridos por Delors (2012), no relatório da UNES-
CO. Esses pilares dizem que é necessário compartilhar, partilhar conhecimentos, experiências, 
20 
 
construir uma relação de aprendizado com o outro, caminhar juntos. Segundo o autor, quando 
há essa experiência conjunta, em que se descobre o outro, descobre-se a si mesmo. 
 
Uma vez que a descoberta do outro passa, necessariamente, pela descoberta de si 
mesmo, e pelo fato de que deve dar à criança e ao adolescente uma visão ajustada do 
mundo, a educação, seja ela fornecida pela família, pela comunidade ou pela escola, 
deve, antes de tudo, ajudá-los a descobrir-se a si mesmos. (DELORS, 2012 p. 80) 
 
 
Compreende-se, portanto, que o aluno não é um depósito de conhecimentos memori-
zado, pois, na verdade, o aluno é um ser capaz de pensar, de refletir, de discutir, de ter opini-
ões, de participar e de expor suas vivências, contribuindo assim para uma troca de aprendiza-
gens da qual o professor também pode ser um aprendiz. “É na fala do educador, no ensinar 
(intervir, devolver, encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, 
compreendido pelo educando, que ele tece seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo 
desejo e pela paixão”. (FREIRE 1992, p. 11). Quando o trabalho do professor torna a afetivi-
dade um elemento propulsor para sua relação com os alunos, esse fator é significativo também 
para o desenvolvimento do aluno e na formação de laços afetivos com outros indivíduos. 
O processo de ensino-aprendizagem deve ser uma relação de parceria, na qual alunos e 
professores ensinam e aprendem. E quando os alunos se sentem acolhidos em seus saberes e 
experiências, constroem com mais segurança seus conhecimentos, contribuindo, então, para 
uma aprendizagem efetiva. Nessa perspectiva, o papel do professor é o de facilitador de 
aprendizagem,ou seja, ele age como intermediário em todo o processo educativo. 
 
O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e 
dos alunos. Estes pelo estudo das matérias, sob a direção do professor, vão atingindo 
progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais. A direção eficaz 
desse processo dependendo do trabalho sistematizado do professor que tanto no pla-
nejamento como no desenvolvimento das aulas, conjuga objetivos, conteúdos, méto-
dos e formas organizativas do ensino. (LIBÂNEO, 1994, p.149). 
 
 
Ao nascer e começar o seu desenvolvimento pleno, a criança tem em seus primeiros 
meses, um aprendizado simultâneo em que começa a descobrir formas de se expressar. Ela 
aprende a falar, movimentar-se, chora e ri, desenvolve uma aprendizagem de sondagem. É 
nesse momento que surge às brincadeiras que a faz rir, dar gargalhadas e as necessidades que 
fazem chorar. Neste momento, pode-se afirmar que ela entende que essas duas ações estão 
ligadas a pessoas que cuidam dela. De acordo com Saltini (2008, p.100), a criança “deseja e 
necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosi-
dade e do aprendizado.” Ao criar-se um vínculo afetivo, normalmente, baseado na confiança 
21 
 
que a criança passa a ter no seu cuidador, aquele que está sempre presente e lhe supre as ne-
cessidades. Essa ligação emocional que a criança desenvolve com os pais, é fundamental para 
seu amadurecimento emocional e traz uma autoestima que vai acompanha-la e auxiliar na sua 
chegada ao ambiente escolar. 
Ao se inserir a criança no ambiente escolar, as suas possibilidades se ampliam. E aqui 
também, neste novo ambiente, que ela precisará de um mediador capacitado, para agir em prol 
do seu desenvolvimento. 
 
A serenidade e a paciência do educador, mesmo em situações difíceis faz parte da 
paz que a criança necessita. Observar a ansiedade, a perda de controle e a instabili-
dade de humor, vai assegurar à criança ser o continente de seus próprios conflitos e 
raivas, sem explodir, elaborando-os sozinha ou em conjunto com o educador. A se-
renidade faz parte do conjunto de sensações e percepções que garantem a elaboração 
de nossas raivas e conflitos. Ela conduz ao conhecimento de nós mesmos, tanto do 
educador quanto da criança (SALTINI, 2008, p102). 
 
 
Ajudando no seu aprendizado e na relação interativa com as outras crianças. Direcio-
nando, interferindo minimamente em situações vividas pelo aluno, buscando compreender e 
motivando-o a entender o porquê de suas ações e reações diante das situações vivenciadas. 
Esse momento em que a criança sai do imaginário e começa a conviver com situações reais. 
Aprende regras de conduta, comportamento ético, tem a percepção de uma ordem social. A 
partir deste momento ela começa a fazer uma exploração concreta do universo exterior. Essa 
interação provoca, estimula e faz perceber suas habilidades motora, sensorial e emocional. 
Como citado no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil. 
 
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando 
e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e ca-
pacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhe-
cimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento 
humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no 
parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um am-
biente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e 
sociais variadas. (BRASIL, 1998, p. 30, v.01) 
 
 
De acordo com Vygotsky, o mediador é um componente positivo para ajudar a criança 
a entender e solucionar problemas. Nesta relação existe uma troca interativa, na qual esse me-
diador traz para criança a possibilidade de aprender a linguagem e desenvolver habilidades 
para tomada de decisões. “Tal como a situação imaginária tem de ter regras de comportamen-
to, também todo o jogo com regras contém uma situação imaginária” (VYGOTSKY, 1998 
p.36). 
22 
 
A criança no seu cotidiano utiliza de diferentes linguagens que são expressas através 
de suas ações, tais como: falar, estudar e na maneira como coloca seus pensamentos. Suas 
expressões passam a ser conhecidas por aqueles que se encontram mais próximos, como famí-
lia e professores. A comunicação entre eles torna-se mais fácil devido a convivência. Está 
assim, estabelecido os primeiros passos a criação do vínculo afetivo. O mediador possui um 
papel importante nesta construção, interagindo com a criança. 
A prática escolar deve ser cortês e precisa compreender o universo infantil, incenti-
vando e não impondo a criança a desenvolver sua capacidade de sistematizar seu conhecimen-
to. A instituição deve criar para a criança um ambiente acolhedor, que atenda as suas necessi-
dades, valorizando e motivando a desenvolver suas habilidades com atividades pedagógicas. 
A criança deve ter liberdade para fazer suas descobertas. Briggs diz a respeito: 
 
Os princípios básicos: respeite a curiosidade da criança e o seu desejo de explorar; 
procure saída aceitável para sua vontade de conhecer. A auto estima é fortalecida 
quando a sua atitude e o seu comportamento dizem à criança: “A sua curiosidade é 
importante. Eu ajudarei você a conhecer e a compreender. (2000 p.170) 
 
 
É uma fase de muitos questionamentos que devem ser atendidas de forma natural e 
honesta. A responsabilidade desta condução no ambiente escolar é do professor mediador. 
Tudo dependerá do seu preparo como mediador e sua interação com a criança. Assim, de 
acordo com Chalita, o professor que trabalha com a educação infantil necessita: 
 
[...] luz própria e caminhar com pés próprios. Não é possível que ele 
pregue a autonomia sem ser autônomo; que fale de liberdade sem expe-
rimentar a conquista da independência que é saber, que ele queira que 
seu aluno seja feliz, sem demonstrar afeto. E para que possa transmitir 
afeto é preciso que sinta afeto, que viva o afeto. Ninguém dá o que não 
tem. (CHALITA 2001, p. 162). 
 
 
 O aluno precisa ser desafiado a construir seu aprendizado, mas é necessário também 
que o professor valorize os conhecimentos previamente adquiridos que este traz para escola. 
Por isso, a afetividade deve está inserida em todo contexto educacional. Assim, "O aluno, 
como todo ser humano precisa de afeto para se sentir valorizado" (CHALITA, 2001, p.155). 
Essa afirmativa do autor corrobora para que a escola busque trabalhar com uma pedagogia 
afetiva. Pois, esses são fatores que trazem autoconfiança para a criança, fazendo-a se sentir 
confortável em compartilhar seus saberes e se sentir apta a buscar mais conhecimentos. 
A criança que não compartilha dessa afetividade no âmbito escolar, podem ter dificul-
dades de reconhecer suas habilidades, inibindo a capacidade de raciocínio, reflexão, e de se 
23 
 
colocar com opiniões próprias em um debate, ficando acovardada diante de desafios propostos 
pelo docente. Ela passa a receber o conteúdo que lhes são propostos e os assimila de forma 
pessoal, numa apreensão de conhecimento unilateral. Esse pode ser um grande obstáculo nas 
séries futuras. Ela pode estar assimilando o conhecimento de forma errônea e o professor 
acreditando que ela aprendeu. Neste contexto, se faz necessário que o educador reflita: o que 
deve ser feito para que sua prática alcance o seu aluno de forma significativa. 
 
A reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não resolve tudo. 
São necessárias estratégias, procedimentos, modos de fazer, além de uma sólida cul-
tura geral, que ajudam a melhor realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva 
sobre o que e como mudar (LIBÂNEO,2005, p. 76) 
 
 
 O professor precisa ter uma visão mais ampla sobre o ensino e o comportamento do 
seu aprendiz. Tendo em vista, que é fundamental que ele conheça e possa interceder nas difi-
culdades dos seus alunos. Além de procurar instigar, motivá-los a aprenderem bem mais que o 
conteúdo dado em sala de aula, fazendo-o entender que o conhecimento é disponibilizado 
durante todos os momentos da vida. 
Se olharem com atenção, estarão sempre aprendendo algo novo. Ou seja, este pode ser 
um momento oportuno para problematizar questões sobre a realidade e desenvolver junto com 
eles a necessidade pela aprendizagem, tornando-os indivíduos questionadores e críticos dessa 
realidade em que estão inseridos e consequentemente construtores de uma nova aprendiza-
gem. A sala de aula pode e deve ser um local para o exercício de uma parceria em que alunos 
e professores discutam, se olhem, ensinem e aprendam juntos permeados pelo bom senso e 
pela segurança de quem aprende ensinando e ensina aprendendo. 
 
2.2- Famílias: um fator primordial na aprendizagem 
 
 
A família é a primeira sociedade que a criança pertence ou se reconhece, sendo a mais 
antiga e a que exerce maior influência sobre seus membros. Os pais são os responsáveis pelos 
primeiros contatos sociais e as mais importantes relações afetivas. Tendo eles a responsabili-
dade de introduzir um modelo, para sua conduta, o que chamamos de educação e assim a cri-
ança se integra a outras sociedades, com culturas distintas, porém as famílias devem ser mar-
cadas pelos afetos cuidados e comprometimentos. Segundo Chalita (2001 p. 23), “A família 
tem como função primordial a de proteção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio 
emocional para a resolução de problemas e conflitos [...]”. A família é uma instituição unida 
por laços de afeto, que promove segurança e cuidados com a criança. 
24 
 
 É no grupo familiar que se inicia o desenvolvimento psicológico e toda a gama de sen-
timentos. As famílias tendem a acolher seus novos membros antes mesmo do nascimento, 
com expectativas, desejos e preparativos. Dispensam carinhos, cuidados, idealizam projetos, 
dão suporte a necessidades e desejos. Desta forma, começa a ocorrer à evolução e maturação 
da personalidade. Para a criança, é crucial que sua família seja participante contumaz da sua 
vida escolar, esclarecendo que esse é o principio para uma relação afetiva que dá segurança e 
demonstra amor. Segundo Chalita (2001 p. 23), “A família tem como função primordial a de 
proteção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de pro-
blemas e conflitos [...]” 
A família está diretamente ligada, as atitudes comportamentais expressas pela criança. 
É comum os pais ignorarem que suas maneiras são mais observadas do que suas palavras. 
Pois os sistemas adotados dentro deste núcleo social, são responsáveis pela conduta moral, 
social, intelectual e psicológica de seus membros. 
 
Quando preservamos valores morais e sociais, quando demonstramos interesse ao 
próximo, quando somos justos, honestos, equilibrados, assertivos em nossas atitu-
des, por modelação tenderemos a formar filhos também justos, honestos, equilibra-
dos, e interessados em valores sociais”. (FEIJÓ, 2008, p.108). 
 
 
Os sentimentos que os pais expressam por seus filhos, são de extrema importância, no 
processo de aprendizagem, pois estes sentimentos, são capazes de incentivar ou inibir o de-
senvolvimento cognitivo, sabendo que o afeto desempenha papel essencial no desenvolvimen-
to da inteligência. Nesta perspectiva, é possível afirmar que a escola necessita e anseia pela 
cooperação da família na construção do conhecimento da criança. Para Chalita (2001, p. 17) 
esta cooperação deve ser “[...] em alguns momentos, apenas como incentivo; em ou-
tros, de uma participação efetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valo-
rizar a preocupação que o filho traz da escola.” 
De acordo com Maturana (1998), a influência do ambiente familiar no aprendizado es-
colar é amplamente reconhecida, mas não é a única responsável pela sua evolução, pois as 
características das crianças e o ambiente escolar, são pilares que sustentam o aprendizado, 
pois a escola deve ser o alicerce para a formação sistematizada. Entretanto, a escola tem se 
colocado como local de transmissão de conhecimento e não de desenvolvimento e construção 
de aprendizado, pois a escola tem buscado aplicar somente conhecimentos prontos, acabados, 
sem contextualização. 
25 
 
Valorizar habilidades e as múltiplas inteligências, além de incentivar o desenvolvi-
mento afetivo, entre educando e educador, são fatores que contribui para o aprendizado. Em 
contextos menos favorecidos, onde a criança não possui uma relação de afeto, ou ainda, não 
conta com a presença dos pais na sua vida estudantil, percebe-se que é criada uma distância 
entre educando e educador. Essa é uma questão entendida até como natural, já que a criança 
que ignora como é essa relação, não tem a chance de desenvolvê-la. Por vezes, a escola ainda 
se apresenta como palco de discriminações. A escola enquanto instituição deve procurar co-
nhecer e valorizar a cultura familiar e sua organização, reconhecendo os saberes e contextos. 
Faz-se necessário que escola e família se unam em prol da construção do aprendizado, tor-
nando-se parceiras e não opositoras, e como tal, elas acabam culpando-se mutuamente, e am-
bas culpando a criança, isso acaba por se refletir no seu aprendizado. 
A escola precisa reconhecer quais as habilidades da criança e leva-la a desenvolvê-las 
sem receio. Na escola há uma tendência a se valorizar somente os saberes dentro da matemá-
tica, e comunicação. É fundamental que a escola esteja apta a abandonar suas práticas con-
vencionais e busque soluções, criando estratégias, para proporcionar a todos os alunos condi-
ções para o aprendizado. 
Escola e família se constituem como duas organizações fundamentais para o desen-
volvimento evolutivo da criança em todos os seus aspectos, atuando como propulsora ou ini-
bidora nos processos de construção de conhecimento e da autonomia. Ambos os espaços de-
vem se unir complementando as ações que levarão a conquista do conhecimento e crescimen-
to cognitivo, desenvolvimento das habilidades e autonomia. 
Família e escola desempenham papeis que são distintos, mas que se completam na 
formação do indivíduo. A família precisa garantir as necessidades fisiológicas e psicológicas, 
além dos laços afetivos e diálogo harmonioso entre seus membros, pois a falta desses referen-
ciais leva ao bloqueio na evolução da aquisição de conhecimento. A escola deve propor a 
aquisição de conhecimento de forma desafiadora despertando interesse, promovendo ações 
em conjunto com a família, valorizando suas culturas, estruturas, reconhecendo e ampliando 
as habilidades de cada um. 
 
2.3- O papel da escola 
 
Sendo o espaço escolar um local privilegiado para aprendizagens variadas e trocas de 
vivências, não se pode ignorar que também é um espaço onde se encontram uma grande di-
versidade de indivíduos com culturas, credos, etnias, gêneros e etc. Portanto, esses não podem 
ser tratados de forma homogênea. O atual conceito educacional tem em seus princípios que 
26 
 
cada um deve ter respeitado as suas especificidades, tendo na escola uma incentivadora das 
interpelações pessoais entre os grupos diversos inserido neste contexto. 
É necessário quebrar os preconceitos e acolher a todos. “Os diretores de estabeleci-
mentos escolares devem ser convidados a procedimentos mais flexíveis de gestão e remanejar 
os recursos pedagógicos, devem criar as opções educativas, estabelecer relações com os pais e 
a comunidade.” (BRASIL, 2014, p 18). Essas interações com a família e a comunidade podem 
produzir uma relação afetiva, que possivelmente, venha a facilitar a adaptaçãodo aluno re-
cém-chegado à escola. (...) Uma administração escolar bem sucedida depende de um envol-
vimento ativo e reativo de professores e do pessoal e do desenvolvimento de cooperação efe-
tiva e de trabalho em grupo no sentido de atender as necessidades dos estudantes. (UNESCO, 
1994, p.143). 
Como corrobora o artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “a cri-
ança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e a dignidade como seres humanos 
em processo de desenvolvimento...” e continua no artigo 53. “a criança e o adolescente tem 
direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa (...) assegurando-lhes 
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola...” (BRASIL, 1990). 
Contudo, é necessário que o docente tenha domínio nos fundamentos que são a base 
para a aprendizagem, pois dessa forma ocorrerá um ensino significativo. Portanto, cabe ao 
professor compreender como acontece o processo de ensino aprendizado do aluno, buscando 
distinguir como se dá o seu desenvolvimento e quais atividades podem ser usadas para auxili-
ar em seu saber. 
Evidentemente, que a formação profissional não traz nenhuma garantia de que o aluno 
conseguirá aprender. Entretanto, o docente que é capacitado utiliza de estratégias que facilite 
para o aluno essa etapa do conhecimento, usufruindo de atividades e recursos para ministrar o 
ensino. Essa é uma escola que como afirma Carvalho (2002, p. 120): “inclui a todos, que re-
conhece a diversidade e não tem preconceito contra as diferenças, que atende às necessidades 
de cada um e que promove a aprendizagem.” 
Nesta perspectiva, é que as instituições educacionais devem estar preparadas para aco-
lher essa criança e atendê-la de forma que transmita segurança e afeto, produzindo assim uma 
interação não só com o aluno, mas também com sua família. Esse preparo também diz respei-
to ao currículo e a metodologia a ser utilizada. Deixando claro que ao sair da educação infan-
til, a criança se depara com um novo quadro no contexto escolar, sendo quase sempre transfe-
rida para outra instituição escolar, com alunos e professores diferentes. "a sensibilidade da 
criança se estende ao ambiente; ela reproduz os seus traços e não se sabe distinguir deles" 
27 
 
(WALLON, 2007, p. 151). Neste momento, é que a escola necessita estar atenta, estimulando 
o desenvolvimento entre professor e o aluno, contribuindo para maior reflexão e contribuição 
para a prática pedagógica. 
O papel da direção da escola e do docente, é aceitar os desafios e procurar acolher as 
diversidades, salientando as reais possibilidades, ao invés de enfatizar as diferenças. O diretor 
escolar precisa ser o mediador na relação entre o professor, comunidade e aluno, direcionando 
ações em prol da adaptação dos alunos neste ambiente que se configura novo e cheio de incer-
tezas. Ainda que não seja aparente, as dúvidas e o receio do novo ambiente estão intrínsecos 
nas suas atitudes. As expectativas criadas por esse aluno, família e meio, também colaboram 
para esse sentimento. 
 
2.4 - Os Parâmetros Curriculares Nacionais e a afetividade 
 
O trabalho com a afetividade desempenhado pela escola não foi algo imaginado e pos-
to em prática simplesmente. As escolas encontraram respaldo nos PCNs que trouxeram como 
visão curricular, a influência da afetividade no processo educativo. Portanto, é relevante co-
nhecer propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para uma educação em que o 
centro da aprendizagem seja o aluno num ambiente agradável, motivador e que faça com ele 
se sinta seguro para interagir, expor suas curiosidades e aprender na prática o princípio demo-
crático para sua participação na vida social. Esse processo ao estar associado à afetividade 
apresenta o propósito de proporcionar liberdade para o desenvolvimento de uma consciência 
crítica e criativa. Dessa maneira os PCN’s orientam que é preciso: 
 
Eleger a cidadania como eixo vertebrador da educação escolar implica colocar-se 
explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, 
comprometendo-se com as perspectivas e decisões que as favoreçam. Isso se refere a 
valores, mas também a conhecimentos que permitem desenvolver as capacidades 
necessárias para a participação social efetiva. (1997, p.25) 
 
É possível compreender que os PCN’s (BRASIL, 1997) consideram relevante que os 
alunos do Ensino Fundamental tenham o direito a uma formação plena, em que valores morais 
como respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade sejam parte relevante da aprendizagem 
dos educandos, dessa forma capacitando-os para respeitar as diferenças e modificar a sua pró-
pria realidade. Também são objetos dos PCN’s: 
 
A necessidade dos alunos serem capazes de compreender a cidadania como uma par-
ticipação social e política, adotando atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio 
às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. Posicionar-se 
de maneira crítica, responsável e construtiva, tendo o diálogo como mediador. Ne-
28 
 
cessidade de conhecer e valorizar a pluralidade sociocultural, posicionando-se contra 
qualquer discriminação. Desenvolver o sentimento de confiança sobre as capacida-
des afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção 
social para o exercício da cidadania. E questionar a realidade através da formulação 
e resolução de problemas (1997, p. 107). 
 
 
Ressaltando que para uma educação de qualidade, é crucial que os profissionais que 
nela atuam, compreendam que não há nada mais prazeroso do que aprender num ambiente 
onde a afetividade encontra espaço para agir no processo educativo. 
 
O Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as cri-
anças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de cresce-
rem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa também, contri-
buir para que possa realizar, nas instituições, o objeto socializador dessa etapa edu-
cacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos 
conhecimentos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998). 
 
 
Os Referenciais para Formação de Professores trazem também alguns objetivos que 
especificam que a formação do docente deve estar pautada nos aspectos afetivos. Explicitando 
que esse desenvolvimento deve ser contínuo e que os futuros docentes devem estar aptos para 
trabalhar competências como "analisar situações e relações interpessoais [...] identificando 
características cognitivas, afetivas e físicas" (Brasil, 1999, p.83) 
 
A formação deverá preparar o professor, especificamente para o... desenvolvimento 
cognitivo, para os aspectos afetivos, físicos, socioculturais e éticos, segundo os valo-
res ligados aos princípios estéticos, políticos e éticos que guiam a educação escolar 
numa sociedade democrática; ... adoção de uma atitude de acolhida em relação aos 
alunos e a seus familiares, de respeito mútuo e de engajamento à justiça, ao diálogo, 
à solidariedade e à não violência (Brasil 1999, p.69). 
 
Um professor comprometido com a sua prática pedagógica, vai refletir e chegar à con-
clusão de que precisa centralizar seu planejamento nas necessidades e nas expectativas que 
seus alunos apresentam e não apenas em conceitos pré-determinados sem a participação dos 
discentes. Na relação com seus alunos, o professor é o personagem que exerce maior influên-
cia no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, é através de sua capacitação que ele po-
derá contribuir de maneira qualitativa na formação da personalidade dos seus alunos. 
Os professores são a melhor fonte de ajuda para os alunos que enfrentam problemas 
emocionais ou interpessoais. Quando os alunos têm uma vida familiar caótica e imprevisível, 
eles precisam de uma estrutura firme e atenta na escola. Eles precisam de professores que 
estabeleçam limitesclaros, sejam consistentes, apliquem as regras firme, mas não punitiva-
mente, respeitem os alunos e mostrem uma preocupação genuína com o seu bem estar. 
29 
 
3 - A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE PARA O SUCESSO ESCOLAR DO ALUNO 
 
Este capítulo tem o propósito de trazer a reflexão sobre o impacto da afetividade na vi-
da escolar da criança. Buscando mostrar que o sucesso e o fracasso estão vinculados a esse 
fator. Traz ainda a afetividade como elemento de transformação na vida do discente. 
 
 “o objetivo que devemos nos propor na educação de um jovem é o de formar- lhe o cora-
ção.” ROUSSEAU (1994, p.45) 
 
Um grande desafio que a escola enfrenta, são as situações que envolvem afetividade, 
sejam nos procedimentos de adequação e acolhimento experimentados pela criança, ou no 
processo de ensino. O papel da escola ao realizar a inserção do aluno no seu rol de alunos, 
tem privilegiado a cognição do mesmo, frequentemente, não dando importância ao fator afeti-
vo. Na opinião de Barros, a escola (1996, p. 34), “precisa permitir à criança a observação e a 
ação espontânea sobre o ambiente físico, bem como favorecer o intercâmbio com outras cri-
anças e adultos. O clima da sala de aula é decisivo para o desenvolvimento da criança”. 
Ao deixar explícito que o ambiente escolar é separado para o ensino sistematizado, 
torna a relação mais rígida e fria. Por isso, cabe salientar que esse proceder pode acarretar a 
criação pela criança de uma imagem negativa da escola, perdendo assim, a oportunidade de 
criar um vínculo com o aluno, consequentemente, com a família, gerando uma animosidade 
na criança. 
3.1 Fracasso e Sucesso: dois fatores ligados afetividade. 
 
Segundo Ferreira (1998), o fracasso escolar possui várias definições e todas são de cu-
nho negativo. No dicionário online de significados, a palavra fracasso significa: Falta de su-
cesso: Frustação, derrota, desgraça, fiasco, insucesso, malogro, reprovação, revés, ruina, etc. 
Assim, é nítido que a falta de resultados na escola produz no aluno a sensação negativa, de 
fracasso. Seja pela avaliação, frequentemente usada de forma tradicionalista e mecanicista, 
buscando notas e médias retiradas de avaliações com conteúdos homogeneizadas. 
O aluno busca a média estipulada e se não a alcança é considerado incapaz. Essa é 
apenas uma vertente dessa discussão. Luckesi (2008) alerta para os tipos de avaliações que 
têm sido utilizadas na contemporaneidade. “A característica que de imediato se evidencia na 
nossa prática educativa é de que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo 
30 
 
nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma 
“pedagogia do exame” (p.17)”. 
 Torres (2004) declara que é extremamente difícil para escola lidar com o fracasso es-
colar. Sendo a falta de aprendizado do aluno e consequentemente a sua reprovação, o meio 
mais prático de apresentar como justificativa. 
 
Quando associamos erro e fracasso, como se fossem causa e consequência, por ve-
zes nem se quer percebemos que, enquanto um termo – o erro – é um dado, algo ob-
jetivamente detectável, por vezes, até indiscutível, o outro - o fracasso – é fruto de 
uma interpretação desse dado, uma forma de o encararmos e não a consequência ne-
cessária do erro[...] a primeira coisa que devemos examinar é a própria noção de que 
erro é inequivocadamente um indício de fracasso. A segunda questão intrigante é 
que, curiosamente, o fracasso é sempre o fracasso do aluno (CARVALHO, 1997, p. 
12). 
 
 
 Weiss (2007) corrobora que a escola não é a única organização que pode ser conside-
rada culpada pelo insucesso da aprendizagem. A autora conceitua que há vários víeis que pos-
sibilitam esse diagnóstico tão problemático. Portanto, se faz necessário considerar os meios 
sociais frequentados por esse estudante, tais como: “a escola, a sociedade e também o aluno” 
(p.16). A realidade econômica e social também é um fator que colabora para essa adversidade 
educacional, pois ao diagnosticar dados relativos ao fracasso escolar não levam em considera-
ção alguns pormenores presentes na vida desse aluno, como seus dados socioculturais. Lucke-
si (2008) argumenta que: “O sistema de ensino está interessado nos percentuais de aprova-
ção/reprovação do total dos educandos (p.18)”, ou seja, a qualidade, ferramentas, metodologi-
as e outras características são descartadas nesse sistema de ensino. 
 
Os alunos têm sua atenção centrada na promoção. Ao iniciar um ano letivo, de ime-
diato, estão interessados em saber como se dará o processo de promoção no final do 
período escolar. Procuram saber as normas e os modos pelos quais as notas serão 
obtidas e manipuladas em função da promoção de uma série para a outra (LUCKESI 
1990 apud LUCKESI, 2008, p. 18). 
 
 
 Segundo Scoz (1994), a realidade social e econômica é componente crucial neste con-
texto onde se desenvolve o fracasso escolar. A falta de escolaridade da população de baixa 
renda, que é uma das características na maioria do alunato que passa por esse processo. Todas 
as dificuldades que envolvem o cotidiano deste podem ser consideradas mais um obstáculo 
para a apreensão do conhecimento. 
 Souza (1999) aponta as questões relativas ao fracasso escolar, o autor usa como 
exemplo o fato dos conteúdos não serem relacionados à realidade e ao meio em que crianças e 
31 
 
adolescentes estão inseridos. Ele analisa a escola através de várias perspectivas e diante dessa 
ótica ele conclui que as mesmas (escolas) não levam em consideração o aluno na hora de 
compor o currículo, em suas didáticas são deixadas a margem os conhecimentos prévios des-
ses estudantes, o que só aumenta o número crescente da evasão, dificuldades de aprender, e 
consequentemente, os resultados não são satisfatórios. 
 
[...] na medida que o aluno tem dificuldades, não aprende e é reprovado por falta de 
conteúdos e a falta de conteúdos amplia-se à medida que os alunos ficam reprova-
dos. O fracasso, portanto, não se explica apenas pela reprovação, nem pela perda de 
um ou mais anos, repetindo séries; outra perda relevante acontece pelo distancia-
mento cada vez maior estabelecido entre os alunos e o conhecimento que a escola 
pretende transmitir (SAMPAIO, 2004, p.89). 
 
 
A afetividade é um fator primordial para que a criança se sinta acolhida e fique a von-
tade para interagir com outros sujeitos e no processo de aprendizagem. A escola é um espaço 
em que ela pode se sentir integrada e bem vinda. Pois não é raro ela só encontrar alguém que 
lhe dê atenção no espaço escolar. A falta de atenção dos pais e responsáveis também é consi-
derada obstáculo para um bom desempenho escolar. 
 
O aspecto emocional do indivíduo não tem menos importância do que os outros as-
pectos e é objeto de preocupação da educação nas mesmas proporções em que o são 
a inteligência e a vontade. O amor pode vir a ser um talento tanto quanto a geniali-
dade, quanto a descoberta do cálculo diferencial. (Vygotsky, 2000, p.146). 
 
 
O ambiente escolar que demonstra afetividade torna o processo educativo um momen-
to de múltiplas aprendizagens significativas, pois promove um ambiente em que o aluno se 
sente seguro, acolhido e à vontade para expor seus conhecimentos prévios e assim construir 
novos conhecimentos baseados numa relação de confiança e tranquilidade. “Educar sem afeto 
é esculpir uma face sem olhos nem ouvidos, sem paladar e sem as sensibilidades do tato, o 
que vale dizer: uma educação que propicia a preparação da pessoa para o mundo” (Schettini, 
2010, p.15). 
 É dentro de um clima de afetividade, que o professor conhece melhor os seus alunos e 
consegue resultados mais significativos no ensino e a colaboração destes. Saltini (1997, p. 31) 
também menciona que, “em primeiro lugar a educação não é uma transmissão de conheci-mento, de um saber ou até mesmo de uma conduta, mas, sobretudo uma iniciação à vida”. 
Essa relação torna ambos os atores deste processo acessíveis a novas aprendizagens e essa 
interação será fator de influência para formação da cidadania e na maneira como os alunos 
irão atuar na sociedade na qual estão inseridos. Ensinar é um exercício de imortalidade. De 
32 
 
alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela ma-
gia da nossa palavra. (ALVES, 2006, p.4) 
 A criança passa boa parte do seu tempo no ambiente escolar, por isso, é preciso que a 
escola vá além do conteúdo didático. A transmissão do conhecimento ultrapassa o saber cien-
tifico e perpassa para aquisição de experiências em comum entre sujeitos que convivem no 
ambiente da escola e como em toda relação humana, a emoção está envolvida. Para Henri 
Wallon (2007), a evolução afetiva está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento cognitivo, 
visto que difere entre uma criança e um adulto. A emoção é o primeiro e mais forte vínculo 
entre os indivíduos. Nessa perspectiva, Vygotsky aponta que: 
 
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamen-
to. A preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que 
seus alunos pensem profundamente e assimilem a geografia, mas 
também que a sintam. [...] as reações emocionais devem constituir o 
fundamento do processo educativo. (VYGOTSKY, 2000, p. 121). 
 
 
É na infância que a criança está em formação de sua personalidade e está construindo 
suas relações com o mundo que a cerca. Esses processos levam a criança a um mundo de des-
cobertas. Tudo é novo para ela. É nesse momento que ela vai criar suas relações, se comunicar 
com outros indivíduos, aprender a viver socialmente, lidando com fracassos e frustações. É na 
entrada na escola que ela entende que naquele ambiente existem regras e normas que devem 
ser obedecidas. Esses fatores podem trazer desconforto, a principio, mas logo é assimilado 
pela criança. 
 
A afetividade, a princípio centrada nos complexos familiais, amplia sua escala à 
proporção da multiplicação das relações sociais, e os sentimentos morais [...] evolu-
em no sentido de um respeito mútuo e de sua reciprocidade, cujos efeitos de descen-
tração em nossa sociedade são mais profundos e duráveis (PIAGET; INHELDER, 
1990, p. 109). 
 
 
O papel do educador é primordial nestes momentos de formação. O seu interesse pela 
criança fará com que ela se sinta amada e acolhida. Sendo a sua participação efetiva, median-
do e resolvendo conflitos internos, que elas podem apresentar, ocasionalmente, ou mesmo 
aqueles que acontecem no ambiente da escola e que ela ainda não está apta a enfrentar sozi-
nha. Esse pode ser um fator relevante para o sucesso escolar da criança. 
Rousseau (1994) faz considerações sobre a postura que o educador deve ter no contato 
com os seus alunos, afirmando que na relação entre eles, é preponderante para o aproveita-
mento escolar do discente. Constantemente, pode-se observar que o sucesso do aluno tem 
33 
 
origem nesta relação na qual a criança se sente querida e admira o seu professor, com isso, se 
sente motivado e motivando em troca seu professor no decorrer do processo. 
 
O aluno deve sobretudo ser amado, e que meios tem um governante de se fazer amar 
por uma criança a quem ele nunca tem a propor senão ocupações contrarias ao seu 
gosto, se não tiver, por outro, poder para conceder-lhe esporadicamente pequenos 
agrados que quase nada custam em despesas ou perda de tempo, e que não deixam, 
se oportunamente proporcionados, de causar profunda impressão numa criança, e de 
ligá-la bastante ao seu mestre. (ROUSSEAU, 1994, p.23). 
 
Quando está em questão o sucesso do processo educativo no ambiente escolar, as rela-
ções afetivas entre professores e seus alunos, devem apresentar o objetivo de promover o res-
peito, a motivação e a transmissão de valores tão necessários para que a aprendizagem seja 
significativa e prazerosa para ambos, 
 
3.2- A afetividade na escola: fator de transformação 
 
Este capítulo busca esclarecer como ocorre a afetividade e como esta atua como agen-
te de transformação na vida do sujeito. Por isso, foi descrito como ocorre à afetividade no 
ambiente escolar, na relação entre professor e aluno. E o papel da escola na construção dessa 
relação. 
Como já dito anteriormente neste trabalho, afetividade quer dizer afetar de alguma 
forma. Essa pode ser uma ação que irá gerar algo positivo ou negativo. Desta forma, o profes-
sor em sua relação com o aluno deve perceber que este é também um vínculo que permite 
múltiplas aprendizagens através da convivência, da admiração, imitação e respeito mútuo en-
tre eles. Essa ligação constrói afetos, partilha emoções, história e anseios. É uma oportunida-
de para o professor aproveitar para afetar seus alunos, permitindo que seu trabalho junto com 
eles seja embasado no amor e na seriedade de sua missão. Sobre isso, Souza (1970) salienta 
que: 
Para que haja um desenvolvimento harmonioso é importante satisfazer a necessidade 
fundamental da criança que é o amor. (...) O professor, na sua responsabilidade e no 
seu conhecimento da importância de sua atuação, pode produzir modificações no 
comportamento infantil, transformando as condições negativas através das experiên-
cias positivas que pode proporcionar. Estabelecerá, assim, de forma correta, o seu 
relacionamento com a criança, levando-a a vencer suas dificuldades (p.10). 
 
 
A criança aceita o professor e cria uma relação com este, se sentir que bem recebida. É 
natural dos pequenos estarem disponíveis para serem queridas e acolhidas no espaço da esco-
la. Saltine afirma que, “a criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para 
que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado” (1997, p.89). 
 Assim adverte Vygotsky “é preciso que o desenvolvimento de um conceito espontâ-
34 
 
neo tenha alcançado certo nível para que a criança possa absorver um conceito científico cor-
relato”. Daí, o importante papel que Vygotsky atribui à intervenção escolar promotora do agir 
coletivo como alternativa pedagógica. Sendo esta, capaz de provocar aprendizagem e, conse-
quentemente, gerar o desenvolvimento dos educandos. 
 
[...] quem separa o pensamento do afeto, nega de antemão a possibilidade de estudar 
a influência inversa do pensamento no plano afetivo, volitivo da vida psíquica, por-
que uma análise determinista desta última inclui tanto atribuir ao pensamento um 
poder mágico capaz de fazer depender o comportamento humano única e exclusiva-
mente de um sistema interno do indivíduo, como transformar o pensamento em um 
apêndice inútil do comportamento, em uma sombra desnecessária e impotente. 
(VYGOTSKY, 2000, p. 25). 
 
 
A afetividade no ambiente escolar difere da afetividade familiar. O envolvimento emo-
cional com a família tem muitos sentimentos envolvidos e a relação não é só de afetividade, 
mas de cuidados específicos. A família é responsável pela criança em todos os seus aspectos. 
Além de zelar pelo bem estar físico, emocional e sua vida educacional, a família deve se unir 
a escola para cooperar com o desenvolvimento pleno da criança. 
No contexto institucional, ao se relacionar com seus alunos, o professor deve assumir 
uma postura firme, porém carinhosa, já que uma não impede a ação da outra. Ao lecionar em 
uma turma com muitos alunos, frequentemente, o docente necessita gerenciar algumas situa-
ções de conflitos como: divergências entre alunos e até com seus colegas do corpo docente. 
“O que não posso permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu 
dever de professor no exercício de minha autoridade.” (FREIRE, 1996, p.159). A autoridade 
do professor não precisa estar dissociada da afetividade, mas este necessita estar seguro de 
suas ações, pois pender para qualquer um desses fatores (afetividade, rigidez)

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