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CURSO LIVRE AUDIOVISUAL Produção Audiovisual MATERIAL DE ESTUDO Produção Audiovisual MATERIAL DE ESTUDO AUDIOVISUAL Produção Audiovisual MATERIAL DE ESTUDO CURSO LIVRE AUDIOVISUAL © 2024 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás. Este material, no que diz respeito tanto à linguagem quanto ao conteúdo, não reflete necessariamente a opinião do Instituto Federal de Goiás. As opiniões são de responsabilidade exclusiva dos respectivos elaboradores. É permitida a reprodução total ou parcial desde que citada a fonte. Programa Nacional de Formação e Qualificação para o Mundo do Trabalho em Cultura CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Coordenação Geral do projeto Mônica Mitchell Morais Braga Coordenação de EaD Helen Betane Ferreira Pereira Coordenação pedagógica Rosselini Diniz Barbosa Ribeiro Coordenação de Curso Murilo Gabriel Berardo Bueno Coordenação de Acessibilidade e Inclusão Gláucia Mendes da Silva Equipe técnica Editoria Helen Betane Ferreira Pereira Rosselini Diniz Barbosa Ribeiro Organização Murilo Gabriel Berardo Bueno Revisão Aguimario Pimentel Silva Projeto gráfico Pedro Henrique Pereira de Carvalho Diagramação e Capa Isabela Maia Marinho Lía Vallejo Torres Rafael Oliveira de Souza Equipe elaboradora Álvaro André Zeini Cruz Doutor e mestre em Multimeios pela Unicamp — com doutorado-¡sanduíche pela University of Leeds —, especialista em Roteiro pela FAAP e bacharel em Cinema e Vídeo pela Unespar. Curtametragista, realizador dos curtas “Palhaços”, “Mimese”, “Memórias do meu tio” e “Janelas”. Roteirista e crítico de cinema e televisão. Professor universitário. Brener Neves Silva Mestre em Cinema e Audiovisual, especialista em Cinema e Linguagem Audiovisual e graduado em Produção Audiovisual. Editor de Cinema Ameríndio no Observatório de Cinema e Audiovisual (OCA) da UFF. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS Diretoria de Educação a Distância - Reitoria Avenida C-198, Qd. 500, Jardim América Goiânia/GO | CEP 74270–040 (62) 3612-2278 coordenacao.minc@ifg.edu.br contato@escult.cultura.gov.br escult.cultura.gov.br CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO História do audiovisual E DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA TÓPICO 1 CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Você sabia que, para entendermos a linguagem audiovisual, precisamos, antes, compreender como surgiu o cinema? Neste tópico, vamos refletir sobre como o audiovisual nasceu e como se tornou uma linguagem ao longo da história. Des- de as primeiras experiências com imagens em movimento até a consolidação da linguagem cinematográfica, iremos explorar os momentos que marcaram a trajetória do audiovisual. Também vamos estudar um pouco da história do cinema e sua contribuição para a cultura e a arte. Unidades Temáticas do Tópico 1.1 A invenção do cinema e o nascimento da linguagem cinematográfica 1.2 A ascensão da indústria cinematográfica e o surgimento do mercado cinematográfico CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 10 1.1 A invenção do cinema e o nascimento da linguagem cinematográfica O cinema surgiu a partir da curiosidade humana de ver registros de imagens em movimento. A fotografia, que havia surgido no começo do século XIX, despertou essa ansiedade por imagens se movendo, tal como observamos as coisas no dia a dia. Se era possível registrar imagens estáticas, por que não registrá-las movendo-se diante dos nossos olhos? Foi então que diversas pessoas espalhadas pelo mundo começa- ram a trabalhar em criações que pudessem trazer essa sensação visual de movimento. Acredite ou não, uma aposta em cavalos contribuiu para o surgimento das ima- gens em movimento. Segundo Thom Andersen (2018), em 1872, o ex-governador da Ca- lifórnia, Leland Stanford, contratou o fotógrafo inglês Eadweard Muybridge para pro- var sua teoria de que um cavalo, ao correr, tirava as quatro patas do chão. Alguns anos depois, entre 1878 e 1879, com financiamento de Stanford, Muybridge colocou diversas câmeras fotográficas ao longo de uma pista de corrida, cada uma conectada a um fio esticado até o dispositivo de disparo da câmera. Quando o cavalo passasse diante da primeira câmera da fileira, o fio seria rompido e acionaria o registro de cada uma. O resultado foi uma série de fotografias do cavalo correndo, sendo que, em uma delas, foi possível provar que, em um determinado momento do galope, o animal real- mente fica com as quatro patas suspensas no ar (figura 1). Você pode estar se pergun- tando por que isso tem relação direta com o cinema, certo? Acontece que, por meio desse experimento, observou-se que uma sequência de imagens fotográficas, quando colocadas uma ao lado da outra em uma determinada velocidade, pode gerar a sen- sação de movimento. E esta é a base do cinema: construir imagens em movimento. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 11 Figura 1 – Experimento realizado por Eadweard Muybridge Fonte: Aventuras na História (2024). Alguns anos mais tarde, em 1894, o empresário estadunidense Thomas Edison, juntamente com seu assistente William Dickson, apresentou uma máquina chama- da cinetoscópio, que funcionava como um projetor de filmes (figura 2). A película cinematográfica era colocada dentro da máquina, que, por meio de sua engrena- gem, fazia movimentos circulares, criando a sensação de movimento. Eram exibidas breves imagens de bailarinas dançando e de situações cotidianas, por exemplo. No entanto, segundo Franthiesco Ballerini (2020), o aparelho só reproduzia filmes para uma pessoa por vez, ou seja, não havia uma exibição coletiva como conhecemos hoje; além disso, tratava-se de uma máquina muito pesada, o que dificultava o seu deslocamento para outros lugares. Figura 2 – Cinetoscópio de Thomas Edison Fonte: Pinterest (2024). https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/aposta-em-cavalos-que-ajudou-no-desenvolvimento-do-cinema.phtml https://dk.pinterest.com/pin/522136150524147829/ CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 12 O cinema só ganhou impulso, de fato, a partir de 1895, quando os irmãos fran- ceses Auguste e Louis Lumière criaram um dispositivo chamado cinematógrafo (fi- gura 3). A máquina era uma espécie de dois em um, pois funcionava como câmera e projetor de filmes ao mesmo tempo. Conforme afirma Rogério de Almeida (2020, p. 90), “o cinematógrafo dos Lumière botou fim à corrida tecnológica a que diversos inventores haviam se lançado para a criação de um dispositivo capaz de gravar e reproduzir imagens em movimento”. Foi, então, no dia 28 de dezembro de 1895 que os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição cinematográfica pública e paga no Gran Cafe Paris, exibindo o filme L’arrivée d’un train en gare de la Ciotat (A chegada de um trem à estação de Ciotat). O filme exibia, literalmente, um trem chegando a uma estação na França, e há quem diga que muitas pessoas na sessão se assusta- ram achando que seriam atropeladas. Imagina só: você está acostumado apenas com imagens estáticas (fotos), nunca viu imagens em movimento e, de repente, há um trem vindo em sua dire- ção nas imagens do filme que você vê pela primeira vez. O susto até faz sentido. Mas o que interessa, aqui, é entendermos que o cinematógrafo revolucionou o cinema por ser um aparelho dois em um e mais leve, podendo chegar facilmente a várias partes do mundo. E foi exatamente o que aconteceu: com o sucesso das exibições, os irmãos Lumière começaram a levar o aparelho para diversos países, contratando operadores para essa função. Figura 3 – Cinematógrafo dos irmãos Lumière Fonte: Pinterest (2024). https://www.imdb.com/title/tt0000012/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_1_nm_0_in_0_q_L%27arriv%25C3%25A9e%2520d%27un%2520train%2520en%2520gare%2520de https://dk.pinterest.com/pin/76068681200503224/ CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 13 O dispositivo criado pelos irmãos Lumière despertouo interesse de aspirantes a cineastas, que começaram a desenvolver uma linguagem única para o cinema. Esses pioneiros começaram a realizar diversas experiências com as imagens em movimen- to, tentando incorporar elementos narrativos e discursivos de outras áreas na bus- ca por estabelecer significados dentro da linguagem cinematográfica em formação. Houve uma tentativa de aproximação, por exemplo, com as linguagens da literatura e do teatro. Mas o que isso quer dizer? No caso dos irmãos Lumière e de outros cineastas dos primeiros anos do cinema, as filmagens eram realizadas com a câmera parada, enquanto as ações aconteciam diante do equipamento, como quando você está sentado em um teatro assistindo a um espe- táculo. Do começo ao fim do filme, havia apenas um único enquadramento, sem nenhum movimento de câmera. Os únicos movimentos que existiam na imagem eram os dos personagens. Nesse caso, o registro proporcionava uma única visão sobre a ação. O que você precisa entender, aqui, é que isso já configurava uma linguagem cinematográfica à época. Entretanto, com o passar do tempo, essa linguagem foi sendo aprimorada por outros cineastas. Segundo o teórico e crítico de cinema Jean-Claude Bernardet, Um salto qualitativo é dado quando o cinema deixa de relatar cenas que se sucedem e consegue dizer “enquanto isso”. Por exemplo, uma perseguição: veem-se alternadamente o perseguidor e o perseguido; sabemos que, enquanto vemos o perseguido, o perseguidor que não vemos continua a correr e vice-versa (Bernardet, 2006, p. 33). Como demonstrado pelo autor, o desenvolvimento da linguagem cinematográfi- ca se iniciou quando alguns cineastas passaram a utilizar o corte de cena para cena e, também, o corte dentro da cena. Para ficar mais claro: uma cena caracteriza-se pelos acontecimentos que ocorrem no mesmo espaço e tempo. Por exemplo: ima- gine que um menino corre atrás de uma bola no quintal de sua casa. Essa é uma cena. Mas, se o menino sai do quintal e entra em casa, já teremos outra cena, porque mudou o espaço. Ou seja, a cada mudança de local ou tempo surge uma nova cena. Além disso, vale ressaltar que, dentro de uma cena, podemos ter diversos cortes por meio dos planos de filmagem. Vamos utilizar o mesmo exemplo anterior: en- quanto o menino corre atrás da bola, podemos ver apenas seus pés correndo (o que caracteriza um plano); depois, ele de corpo inteiro (outro plano); posteriormente, a bola no canto do quintal (outro plano). Lembre-se de que nesse caso não trocamos de cena, apenas tivemos cortes dentro da mesma cena. Mas podemos trocar a partir do momento em que o menino entra em casa e novas ações acontecem. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 14 No começo do século XX, um cineasta que começou a trabalhar dessa forma foi o francês Georges Méliès, que implementava cortes em seus filmes “valendo-se de todos os truques e efeitos especiais possíveis para recriar o mundo dentro do estú- dio” (Almeida, 2020, p. 90). Um dos seus filmes de sucesso é o clássico Viagem à lua (1902), no qual um grupo de cientistas constrói uma nave para ir à lua, e ela aterrissa no olho direito do nosso satélite natural (figura 4). Durante a exploração do local, o grupo descobre que há habitantes extraterrestres, com os quais lutam até voltarem para a Terra, percebendo, inclusive, que os inimigos viram fumaça com um simples toque de guarda-chuva (feito pelos truques de Méliès). Figura 4 – Cena do filme Viagem à lua (1902), no momento em que a nave pousa Fonte: Le Voyage dans la lune (1902). Youtube (2024). Méliès também realizava truques como o de substituição, no qual o cineasta começava a filmar uma ação e, em determinado momento, desligava a câmera, subs- tituindo algum objeto por outro ou movendo o próprio ator de lugar; por fim, reini- ciava a filmagem. Isso dava a impressão de que um objeto (ou o ator) magicamente desaparecia ou era transformado em outro. Entretanto, os filmes de Méliès eram muito similares aos filmes dos irmãos Lumière no sentido de deixar a câmera parada filmando as ações acontecendo. Ainda no começo dos anos 1900, há um destaque, também, para a Escola de Brighton, na Inglaterra, considerada um dos primeiros núcleos de experimentação cinematográfi- ca. Constituída por pioneiros proeminentes, como George Albert Smith e James William- son, a escola desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da montagem cinematográfica. Filmes como Grandma’s reading glass (Óculos de leitura da vovó) e As seen through the telescope (Visto através do telescópio), ambos produzidos e lan- çados em 1900 por George A. Smith, introduzem conceitos fundamentais de linguagem a partir da montagem, como o close-up e a imagem que se dissolve, entre outros. https://www.youtube.com/watch?v=apWTcPQVB6o https://www.imdb.com/title/tt0000304/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_3_nm_0_in_0_q_Grandmas%2520reading%2520glass https://www.imdb.com/title/tt0000272/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_as%2520seen%2520through CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 15 Essa abordagem experimental da Escola de Brighton inspirou cineastas poste- riores, como o estadunidense David Gri!th. Visando novas possibilidades de uso da câmera, o cineasta começou a usar novos recursos que revolucionaram a linguagem cinematográfica. Segundo Ballerini (2020), Gri!th passou a movimentar a câmera para obter posicionamentos específicos durante a filmagem, resultando em narra- tivas mais dinâmicas. As cenas passaram a ser fragmentadas em diversos planos, desde os mais abertos (parecidos com a visão do teatro) até os mais fechados (fil- magem de detalhes, como uma mão ou uma chave em cima da mesa, por exemplo). Isso permitiu uma montagem com mais ritmo de acordo com a ação dramática que ocorria. Como assim, de acordo com a ação dramática? Quer dizer que os cortes entre planos e entre cenas dependem da dramaticidade que a cena exige, pois há situações que são mais lentas e há aquelas que são mais rápidas. Vamos imaginar uma cena de uma competição de corrida com três atletas. Pela descrição, já sabemos que se trata de uma ação que exige mais rapidez, então é uma cena que terá diversos planos para mostrar, como, por exemplo, os pés dos participantes, seus corpos inteiros, o detalhe do suor escorrendo no rosto, as mãos balançando, o público assistindo e torcendo por cada um… Se unirmos todos esses planos em cortes rápidos, teremos uma cena com um ritmo mais acelerado, uma vez que uma corrida tem exatamente essa característica. Mas e se fosse uma cena de um casal apaixonado jantando em um restaurante? Nesse caso, a dramaticidade da ação é mais lenta, então podemos registrar por um longo tempo o rosto de cada um, as mãos se tocando na mesa, os olhares apaixo- nados… Se unirmos esses planos em cortes mais lentos, teremos uma cena com um ritmo mais lento, já que a situação exige uma dramaticidade mais lenta. Essa ques- tão do ritmo da ação dramática vale também em casos de duas cenas (ou mais) que acontecem ao mesmo tempo. Lembre-se de que uma cena muda quando há a troca de espaço ou de tempo? Pois é, vamos imaginar outra situação. Imagine que ladrões invadem a casa de uma família indefesa enquanto o pai dessa família, que não está em casa, corre em uma carroça com cavalos para salvá-los. Temos aqui três situações: 1. a família dentro de casa; 2. os ladrões tentando invadir a casa; 3. o pai correndo para salvar a família. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 16 A partir dessas três situações, que ocorrem em espaços diferentes, conseguimos montar três cenas. Mas como podemos tornar essa sequência mais dinâmica e dra- mática para prender a atenção do espectador? Podemos intercalar cada cena, dimi- nuindo o tempo de cada uma. Por exemplo: mostramos a família em casa, depois os ladrões tentando invadir e vamos diminuindo o tempo de cada uma para trazer mais tensão. Para contribuir com essa sensação, incluímosa terceira cena do pai correndo para casa na carroça e começamos a intercalar as três, o que ajuda a trazer mais sus- pense: será que os ladrões realmente conseguirão invadir a casa? Será que a família vai ficar bem? Será que o pai chegará a tempo de salvá-los? Isso foi exatamente o que Gri!th fez ao realizar, em 1909, o filme The lonely villa (A vila solitária), que conta a história das cenas descritas acima. O cineasta construiu o filme utilizando planos cada vez mais curtos conforme as ações iam acontecendo, o que ajudou a aumentar a dramaticidade, permitindo que as cenas fossem frag- mentadas e que apenas uma parte de cada uma fosse mostrada (figura 5). Isso ficou conhecido como montagem paralela, que se trata da intercalação de duas ou mais ações que ocorrem ao mesmo tempo. Figura 5 – As três cenas principais do filme The lonely villa (1909) Fonte: The Lonely Villa (1909) Youtube. Screenshot do filme The Lonely Villa. Elaborado pelo autor (2024). Essa invenção foi revolucionária, porque, antes da montagem paralela, os ci- neastas esperavam uma ação inteira ser finalizada para depois mostrar a próxima. É como se o filme mostrasse a família desesperada dentro de casa, por vários minutos, sem entendermos o motivo do desespero para, então, mostrar os ladrões, também por vários minutos, tentando invadir a casa. Esse recurso possibilitou trazer mais dramaticidade para as cenas de um filme. No entanto, embora Gri!th tenha contribuído bastante para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, devemos saber que esse desenvolvimento também foi impulsionado pela inquietação de vários cineastas que traçaram caminhos dife- rentes na busca por novas formas de contar histórias através das imagens em mo- vimento. Outra pessoa que contribuiu para isso foi o cineasta estadunidense Edwin Porter, que trabalhou com a organização de planos visando melhorar a dinâmica dos https://www.imdb.com/title/tt0000942/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_The%2520lonely%2520villa http://The%20Lonely%20Villa%20(1909)%20Youtube CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 17 filmes. Para ele, o plano sozinho não completava o sentido das ações: seria necessá- rio unir vários planos para trazer uma continuidade narrativa. O cinema soviético também contribuiu significativamente para a construção da linguagem cinematográfica. Cineastas como Dziga Vertov, Lev Kuleshov, Serguei Ei- senstein e Vsevolod Pudovkin criaram técnicas por meio da montagem de cenas e planos. Para os soviéticos, a montagem era o elemento que trazia sentido à fragmen- tação das cenas. Por exemplo, segundo as teorias do cineasta Serguei Eisenstein, a montagem de planos fazia com que se gerasse um “choque” de imagens, propor- cionando novos significados (Ballerini, 2020). Parece difícil? Vamos esclarecer. Su- ponhamos que estamos filmando a cena de uma mulher olhando um porta-retrato. Podemos filmar dois planos, que chamaremos aqui de “plano A” e “plano B”: • plano A: rosto da mulher olhando para fora do enquadramento; • plano B: o porta-retrato em cima de uma estante. Repare que, ao imaginarmos o plano A separado do plano B (e vice-versa), seus significados são isolados. Em A, temos apenas uma mulher que olha para algum lugar, sem sabermos exatamente o que ela olha. Em B, temos apenas um porta-retrato. Se, no entanto, juntarmos A com B, teremos um “choque” entre os planos, e ficará mais fácil de entender que a mulher (A) está olhando para o porta-retrato (B), possibilitando gerar no espectador o entendimento da ação: a mulher olha para o porta-retrato. É como se a união do plano A com o plano B gerasse os significados na mente do espectador. Dessa forma, o trabalho dos cineastas soviéticos e estadunidenses ajudou a criar códigos que até hoje são utilizados na linguagem cinematográfica, constituída, atualmente, não só de imagens, mas também de sons que sustentam a transmissão de mensagens nas narrativas fílmicas. Com o passar do tempo, diversos movimentos cinematográficos surgiram, cada um contribuindo com novas técnicas, estéticas e ideologias para o avanço da narrativa fílmica. Segundo Chris Rodrigues (2007, p. 17), o cinema sempre percorreu vários cami- nhos, conhecidos como movimentos que “[...] se deram por outros fatores além da qualidade de expressão, devendo-se, por exemplo, a aspectos econômicos, artísti- cos, de contestação ao sistema de produção, distribuição e direção vigente”. Den- tre esses movimentos, podemos citar alguns que exerceram fortes influências no desenvolvimento do cinema mundial: Expressionismo Alemão (1920), Neorrealismo Italiano (1940), Nouvelle Vague na França (1960), Cinema Novo no Brasil (1960), Novo Cinema Latino-Americano (1960), Nova Hollywood (1967), entre outros. Fato é que, em um curto período de tempo, o cinema foi se tornando o que hoje conhecemos como linguagem audiovisual. Sua capacidade expressiva faz com que ele seja um poderoso veículo de comunicação de massa, capaz de proporcionar entretenimento, arte e informação de forma ampla em qualquer parte do mundo. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 18 http://https://br.pinterest.com/pin/77476056084080599/ https://br.pinterest.com/pin/38773246785175920/ https://br.pinterest.com/pin/151574343687796734/ https://br.pinterest.com/pin/4855512073977086/ https://www.youtube.com/watch?v=apWTcPQVB6o https://br.pinterest.com/pin/299630181477458493/ https://br.pinterest.com/pin/347903139937119869/ https://br.pinterest.com/pin/82894449386596833/ https://br.pinterest.com/pin/901986631597110354/ CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 19 Saiba Mais A primeira mulher diretora na indústria cinematográfica Alice Guy-Blaché foi uma francesa pioneira do cinema de ficção que iniciou o seu trabalho na companhia Gaumont. A cineasta, primeira mulher diretora na indústria cinematográfica, dirigiu mais de mil filmes e implementou inovações técnicas e narrativas na linguagem cinematográfica. Esse protagonismo na história do cinema é importante por se tratar de uma figura feminina que se destacou em meio a produções hegemonicamente masculinas. Para além do seu início nos estúdios franceses, sua atuação se deu também no epicentro de uma indústria que se consolidava, como sócia-fundadora da Solax Studios, importante companhia estadunidense pré-hollywoodiana. Embora a imagem de Blaché tenha sido apagada historicamente durante muitos anos, na atualidade ela é considerada personagem célebre não apenas por ter sido protagonista na arte de fazer filmes, mas por ter inserido e incentivado a participação de mulheres na encenação e nos bastidores da produção. Em 2018, a trajetória da cineasta foi contada por Pamela Green no documentário “Be natural: na untold story of Alice Guy-Blaché” (Alice Guy-Blaché: a história não contada da primeira cineasta do mundo). Fica a dica! Be natural: na untold story of Alice Guy-Blaché (Alice Guy-Blaché: a história não contada da primeira cineasta do mundo) Fonte: ADOROCINEMA https://www.adorocinema.com/filmes/filme-264298/ CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 20 1.2 A ascensão da indústria cinematográfica e o surgimento do mercado cinematográfico A partir da invenção e popularização das primeiras tecnologias de filmagem e projeção, o cinema foi se tornando cada vez mais mercadológico. Como vimos, pio- neiros como os irmãos Lumière souberam administrar a propaganda e as vendas do cinematógrafo em todo o mundo. Essas primeiras exibições, inicialmente vistas como curiosidades científicas, rapidamente capturaram a imaginação do público e abriram caminho para a criação de uma nova forma de entretenimento e arte. Os ci- neastas, exibidores e distribuidores de filmes começaram a perceber a potência que o cinema tinha de atingir os mais variados públicos, o que possibilitou levar filmes a determinados espaços para que as pessoas pudessem pagar ingressos e gerar lucro.Segundo Fernando Mascarello (2006), com toda essa expansão do cinema na socie- dade, surge o mercado cinematográfico por meio de companhias e estúdios de cinema, ainda ao final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Na França, surgem as companhias Pathé Frères, em 1896, e Star Film, em 1902. Nos Estados Unidos, surge a Biography Company, em 1895, e a Vitagraphy Studios, em 1897. Com a produção de filmes aumentando, os estúdios passaram a realizar a divulgação de filmes por meio dos no- mes de atores e atrizes mais conhecidos na época, assim como já fazia o teatro. Além disso, surgem também grandes estúdios de cinema que conhecemos hoje, como a Universal Pictures. Fundada nos Estados Unidos em 1912 pelo alemão Carl Laemmle, a empresa foi crescendo ao produzir diversos filmes que iam para as salas de cinema com grande número de pessoas assistindo, consolidando-se, hoje, como um dos maiores estúdios de cinema no mundo. Outro estúdio de cinema que surgiu nesses mesmos moldes, nos Estados Unidos, foi a Paramount, fundada em 1912 pelo húngaro Adolph Zukor. Podemos citar, também, a Fox Film Corporation, fundada em 1915 pelo húngaro William Fox, que em 1935 fundiu a empresa com a 20th Century, passando a ser chamada de 20th Century Fox. Você também já deve ter ouvido falar ou assistido a algum filme da Metro-Gold- wyn-Mayer (MGM), aquela do leão rugindo. O surgimento desse estúdio se deu atra- vés de uma fusão, em 1924, das empresas Metro, Louis B. Mayer Pictures e Goldwyn Pictures, resultando no nome que conhecemos hoje. Esses estúdios de cinema foram CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 21 produzindo, aos poucos, filmes em grande escala, controlando não só a sua produção, mas também a distribuição e a exibição, graças ao surgimento de salas de cinema em várias partes do mundo, o que tornou os produtos mais acessíveis a diversos públicos. Esse período também foi marcado pelo surgimento do cinema de Hollywood, que nada mais é do que um distrito localizado na região central da cidade de Los Angeles, na Califórnia. O nome do local passou a ser uma referência para a indústria cinemato- gráfica, pois diversos estúdios se fixaram na região devido ao fato de a Califórnia ser muito atrativa, tanto pelos custos mais baixos, na época, quanto pela diversidade de cenários naturais (Ballerini, 2020). De forma muito rápida, o distrito de Hollywood pas- sou a concentrar grandes estúdios e cineastas, assim como atores e atrizes famosos. Os filmes produzidos por Hollywood logo passaram a ter algumas caracterís- ticas em comum: narrativas com início, meio e fim bem definidos, além da linea- ridade de tempo e edição, valorizando a continuidade entre planos. Isso significa que seus filmes eram, basicamente, “mastigados”, para que o público assistisse e entendesse facilmente tudo o que ocorria nas tramas. Foi a fórmula necessária para o sucesso dos filmes produzidos ali, com muito sucesso ainda nos dias atuais. Além disso, o surgimento do som, no final dos anos 1920, e o advento do cinema colorido, nas décadas seguintes, transformaram ainda mais o espetáculo cinema- tográfico, atraindo públicos cada vez maiores. Logo da Pathé Frères. Fonte: Mubi (2024). Pathé Frères Foi pioneira na produção e distribuição de fil- mes, introduzindo inovações técnicas e em- presariais que moldaram o cinema moderno. A companhia foi responsável por popularizar o uso de câmeras e projetores padronizados, além de estabelecer uma rede internacional de dis- tribuição que facilitou o acesso ao cinema em várias partes do mundo. A empresa também in- vestiu na produção de técnicas de colorização e som, contribuindo significativamente para a evolução estética e tecnológica do cinema. Uma curiosidade: a logomarca da Pathé era um galo, escolha inspirada nas raízes dos irmãos Pathé no setor de restaurantes, fazendo uma referên- cia direta às suas origens na culinária. https://mubi.com/pt/cast/pathe-freres CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 22 Logo da Star Film. Fonte: Pinterest (2024). Star Film A companhia fundada por Georges Méliès intro- duziu conceitos inovadores que transformaram a narrativa cinematográfica e a técnica de filma- gem. Méliès, um ilusionista de formação, aplicou suas habilidades para criar efeitos especiais pio- neiros, desenvolvendo técnicas como a sobrepo- sição de imagens, os cortes de cena e a exposição múltipla. A companhia não só ampliou os limites da imaginação e da criatividade no cinema, mas também estabeleceu a base para os efeitos espe- ciais e as narrativas visuais complexas. Logo da Universal. Fonte: Universal Pictures (2024). Universal Pictures Pioneira na produção de filmes de longa-metra- gem, ajudou a definir o formato e a estrutura do cinema moderno. A companhia é amplamente re- conhecida por seus clássicos do cinema de hor- ror dos anos 1930, como Drácula (1931), de Tod Browning, e Frankenstein (1931), de James Wha- le, que estabeleceram padrões de gênero. Além disso, a Universal foi uma das primeiras a criar um complexo de estúdios em Hollywood, conso- lidando a cidade como um centro de produção cinematográfica. Ao longo dos anos, a Universal continuou a produzir filmes de sucesso, adaptan- do-se às mudanças tecnológicas e de mercado. Logo da Paramount Pictures. Fonte: Pinterest (2024). Paramount Durante a era de ouro de Hollywood, entre os anos de 1920 e 1960, a companhia lançou diversos fil- mes de sucesso, como Sunset Boulevard (1950), de Billy Wilder, e The ten commandments (1956), de Cecil B. DeMille. A Paramount foi pioneira na implementação do sistema de estúdios, que permitiu a produção em massa de filmes e o controle sobre a distribuição, influenciando a estrutura da indústria cinematográfica. http://Pinterest https://www.universalpics.com.br/ https://www.imdb.com/title/tt0021814/?ref_=nv_sr_srsg_7_tt_8_nm_0_in_0_q_Dr%25C3%25A1cula https://www.imdb.com/title/tt0021884/?ref_=nv_sr_srsg_4_tt_8_nm_0_in_0_q_frankenstein https://br.pinterest.com/pin/389842911511379058/ https://www.imdb.com/title/tt0043014/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_sunset%2520boulevard https://www.imdb.com/title/tt0049833/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_the%2520ten%2520command CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 23 Logo da 20th Century Studios. Fonte: Pinterest (2024). 20th Century Fox Produziu uma vasta gama de filmes que se tornaram clássicos, desde musicais como The sound of music (1965), de Robert Wise, até fic- ções científicas como Star Wars (1977), de Geor- ge Lucas, ajudando a definir e popularizar di- versos gêneros cinematográficos. A companhia também foi pioneira em inovações tecnológi- cas, como o desenvolvimento do processo de CinemaScope, que revolucionou a experiência de assistir a filmes com telas largas. Logo da Metro-Goldwyn-Mayer. Fonte: Pinterest (2024). Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Conhecida pela imagem do leão rugindo, a MGM se destacou pela produção de filmes de alta qualidade durante a era de ouro de Hollywood, lançando clássicos como O mágico de Oz (1939) e E o vento levou (1939), ambos de Victor Fle- ming. A MGM criou o sistema de estrelas, pro- movendo talentos como Judy Garland, Clark Ga- ble e Greta Garbo, e estabeleceu um padrão de excelência que definiu a era. Visando profissionalizar cada vez mais o cinema, produtores de Hollywood fun- daram, em 1927, a Academy of Motion Picture Arts and Sciences (Academia de Artes e Ciências Cinematográficas). Dois anos depois, em 1929, a Academia passou a realizar uma premiação anual que você já deve conhecer: o Oscar. Por muitos anos, o Oscar vem sendo um importante evento hollywoodiano que reconhece o trabalho de di- versos artistas do cinema nas mais diversas áreas. Desde então, a indústria cinematográfica foi se consolidando cada vez mais como uma das principais formas de entretenimento de massa, gerando grandes lu- cros e influenciando muitaspessoas ao redor do mundo. Hoje, o cinema continua a se desenvolver, integrando novas tecnologias, como o 3D, o 4D, o 5D e a realida- de virtual, bem como novos mecanismos de distribuição, como as plataformas de streaming. Mas sua ascensão e estabelecimento como mercado tem suas raízes nas inovações e nos desenvolvimentos das primeiras décadas do século XX. Isso tudo se deu graças ao esforço de vários cineastas, que foram tentando construir o que hoje denominamos linguagem audiovisual. É por isso que, para en- tendermos a linguagem audiovisual, precisamos primeiro dedicar um pouco de tem- po aos primeiros anos do cinema. Vale ressaltar que não é possível criar uma obra https://br.pinterest.com/pin/642959284321550288/ https://www.imdb.com/title/tt0059742/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_5_nm_3_in_0_q_the%2520sound%2520of%2520music https://www.imdb.com/title/tt0059742/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_5_nm_3_in_0_q_the%2520sound%2520of%2520music https://www.imdb.com/title/tt0076759/?ref_=nv_sr_srsg_1_tt_7_nm_0_in_0_q_star%2520wars https://br.pinterest.com/pin/130111876728014003/ https://www.imdb.com/title/tt0032138/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_O%2520magico%2520de%2520oz https://www.imdb.com/title/tt0031381/?ref_=nv_sr_srsg_0_tt_8_nm_0_in_0_q_e%2520o%2520vento%2520levou CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 24 audiovisual sem ter pelo menos uma noção básica dos códigos dessa linguagem. Naturalmente, há variações na utilização da linguagem, com maior ou menor inten- sidade, dependendo do formato do vídeo a ser produzido. Nesse caso, os códigos (planos, continuidade entre planos, cenas, sequências etc.) podem ser usados livre- mente na produção de filmes de ficção, documentários, vídeos institucionais, peças publicitárias, reportagens, vídeos para a internet, entre outros. Aprender a linguagem audiovisual exige estudo, paciência e atenção. Os códi- gos são muito específicos e devem ser compreendidos, mesmo que depois sejam desafiados, ou seja, mesmo que depois você queira fazer um plano inovador, por exemplo. É sempre importante saber os motivos de suas escolhas ao trabalhar com a linguagem audiovisual, pois não se posiciona uma câmera diante de um assunto de maneira aleatória. Assim que a câmera começar a filmar, tudo será capturado, e, se você é o/a realizador/a audiovisual, sua marca estará presente na obra. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 25 Revisando Neste tópico, aprendemos sobre os primeiros anos do cinema, o surgimento da linguagem cinematográfica e a ascensão do audiovisual como indústria. A invenção do cinema no final do século XIX pelos irmãos Lumière marcou o início de uma nova era na comunicação e no entretenimento, revolucionando a forma como histórias são contadas e vivenciadas. Esse novo meio visual rapidamente capturou a imagina- ção do público, levando a significativos avanços técnicos e criativos. Com o desenvolvimento da linguagem cinematográfica por pioneiros como a Es- cola de Brighton, Georges Méliès e David Gri!th, o cinema se desenvolveu de simples registros de cenas cotidianas para uma arte complexa, capaz de transmitir emoções e narrativas profundas. Além disso, não apenas se tornou uma forma de arte, mas tam- bém uma poderosa ferramenta de comunicação e propaganda, dando origem a uma indústria, com Hollywood se estabelecendo como o epicentro dessa nova forma de arte, moldando a cultura popular e influenciando gerações ao redor do mundo. Essa transformação não só impulsionou a economia e a inovação tecnológica, mas também criou uma plataforma para a expressão cultural e a troca de ideias, consolidando o cinema como uma das mais importantes formas de arte e entrete- nimento do século XX. A capacidade do audiovisual de capturar a essência da ex- periência humana em diversas culturas e contextos históricos contribuiu para uma compreensão mais profunda da sociedade e das relações humanas. Com o advento das novas tecnologias digitais, a linguagem cinematográfica continua a se expandir e se reinventar, garantindo que o cinema permaneça relevante e influente na forma- ção do imaginário coletivo contemporâneo. CURSO LIVRE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL TÓPICO 1 HISTÓRIA DO AUDIOVISUAL 26 Referências ALMEIDA, Rogério de. O cinema entre o real e o imaginário. Revista USP, n. 125, p. 89-98, 2020. ANDERSEN, Thom. Eadweard Muybridge. Comparative cinema, v. 6, n. 11, p. 10-16, 2018. BALLERINI, Franthiesco. História do cinema mundial. São Paulo: Summus Editorial, 2020. BERNARDET, Jean Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006. MASCARELLO, Fernando. História do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2006. RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção: para quem gosta, faz ou quer fazer cinema. 3. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. Escult Escola Solano Trindade de Formação e Qualificação Artística, Técnica e Cultural escult.cultura.gov.br 1.1 A invenção do cinema e o nascimento da linguagem cinematográfica 1.2 A ascensão da indústria cinematográfica e o surgimento do mercado cinematográfico