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AO JUÍZO DO _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SERRAVILLE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Autos: [Número do Processo] Flávio Dutra, brasileiro, desempregado, portador do RG nº [número do RG] e do CPF nº [número do CPF], residente e domiciliado na Rua dos Lestrigões Épicos, 725, apartamento 42, na cidade de Serraville, por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração em anexo (doc. 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor I. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS em face de Joana Bradiburgo Dumont, empresária, portadora do RG nº [número do RG] e do CPF nº [número do CPF], com endereço na Rua das Margaridas, 34, Condomínio Vale Verde, Serraville - Estado do Rio Grande do Sul, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: II. DOS FATOS O Autor, Sr. Flávio Dutra, em 15 de março de 2023, enquanto conduzia seu veículo particular por uma via pública de Serraville, foi vítima de um acidente de trânsito ocasionado pela Ré, Sra. Joana Bradiburgo Dumont. O acidente ocorreu devido à negligência da Ré, que dirigia de forma imprudente, realizando uma ultrapassagem perigosa e colidindo violentamente com o veículo do Autor. Após o acidente, o Autor buscou a Ré em sua residência para resolver a situação de forma amigável, porém está se recusou a atendê-lo, ignorando suas legítimas demandas. Em decorrência do acidente, o Autor sofreu diversas lesões físicas, incluindo fraturas ósseas, contusões e ferimentos que o obrigaram a ser hospitalizado e a submeter-se a procedimentos cirúrgicos. Ademais, o Autor desenvolveu quadros de ansiedade e depressão severos, ocasionados pelo trauma emocional resultante do acidente. III DO DIREITO III.I – DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E O DEVER DE REPARAR MATERIALMENTE E MORALMENTE. Na hipótese “sub judice”, caracterizados os requisitos legais e elementos básicos da responsabilidade civil, qual sejam: a conduta humana, o dano ou prejuízo e o nexo causal entre os dois primeiros elementos. O primeiro elemento da responsabilidade civil é a conduta humana. Essa pode ser positiva ou negativa. Tem por núcleo uma ação voluntária que resulte da liberdade de escolha do agente, com discernimento necessário para ter consciência daquilo que faz. Nesse sentido, seria inadmissível imputar ao agente a prática de um ato involuntário, sendo que, no caso concreto, a ré, condutora do veículo que colidiu com a da parte Autora, agiu em extrema imprudência, esta, veemente demonstrada. O segundo elemento é o dano ou prejuízo, o qual traduz uma lesão a um interesse jurídico material ou moral. A ocorrência desse elemento é requisito indispensável à configuração da responsabilidade, estas, claramente demonstrados e provados nos autos, sendo que, o Autor que terá que arcar com as despesas de conserto do seu carro, devido a ocorrência de um dano e de uma lesão da qual não foi quem deu causa, mas sim a ré, condutora do veículo automotor que agiu de maneira imprudente, dando causa a colisão. O último elemento essencial da responsabilidade civil é o nexo de causalidade. É um elo etiológico, um liame que une a conduta do agente ao dano. Todavia, somente se responsabilizará alguém cujo comportamento positivo ou negativo tenha dado causa ao prejuízo. É dizer, sem a relação de causalidade não existe a obrigação de indenizar. No caso em epígrafe, e evidente o nexo de causalidade entre a conduta da ré e o dano causado ao Autor, que sem culpa nenhuma, teve sérios prejuízos na seara material e moral. Este é caso em ensejo Excelência!! A causa do evento (colisão) causado unicamente pela parte ré que realizou uma ultrapassagem perigosa causando a colisão do seu veículo automotor ao veículo da parte Autora. A ré foi quem agiu por imprudência, desrespeitando a sinalização de trânsito em clara ofensa ao Código Brasileiro de Trânsito. Por isso, houve culpabilidade exclusiva da mesma, pois não existe a culpa da vítima (autor) no caso concreto, porque não haveria condição nenhuma de desviar do acidente. Assim, demonstra-se a responsabilidade objetiva da ré, proprietária do veículo, para ressarcir todo o prejuízo material e danos extrapatrimoniais a Autora, sendo esta, a medida que se impõe. III.II – DOS DANOS MATERIAIS OU EMERGENTES SOFRIDOS. Sabe-se que os danos materiais são aqueles valores que a vítima, efetivamente e imediatamente, teve diminuído em seu patrimônio em razão do ato acometido por outrem, alheio a sua vontade. Os prejuízos sofridos materialmente pela Autora ao seu veículo são referente: danos a porta dianteira do lado direito; danos a porta traseira lado direito; pintura de porta dianteira dentro e fora do lado direito; pintura da porta traseira dentro e fora do lado direito; pintura da lateral traseira direita do coleira, caixa de roda e calafeta; pintura do paralama lado direito; lanternagem, desmontagem e montagem, ficando o conserto na JVG lanternagem e pintura o valor total de R$ 72.000,00 (setenta e dois mil reais), conforme se comprova nos documentos anexos a presente. Assim, diante a inércia da ré em reparar os danos advindos da sua conduta, socorre a parte Autora a manto do Poder Judiciário, com vistas a obter a necessária tutela jurisdicional neste sentido. III.III - DO DANO EXTRAPATRIMONIAL OU DANO MORAL PURAMENTE DITO. O artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal assim dispõe acerca da inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral sofrido decorrente da sua violação. Exsurge o direito da parte Autora à indenização por danos morais, posto que a Ré, por certo e imprudentemente, furou o sinal vermelho, sem se atentar para as regras de trânsito, o que ocasionou prejuízo a Autora. Convêm trazer o que diz o artigo 28 e 29 do Código de Trânsito Brasileiro, in verbis: CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes normas: […] II – o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo e as condições climáticas; III – quando veículos, transitando por fluxos que se cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência de passagem: a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodovia, aquele que estiver circulando por ela; Temos por cristalino que o Requerido não ateve a observância aos cuidados indispensáveis à segurança do trânsito, agindo com total falta de atenção, ignorando a sinalização, avançando com notória imprudência, e portanto, infringindo o disposto normativo supra. O Promovido também deixou de observar a norma inserta no artigo 34 da mesma Lei, que tratam sobre a indispensável prudência e velocidade moderada: CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade. Nesse diapasão, a responsabilidade pelo cometimento de ato ilícito vem expressa nos artigos 186 e 927 do Diploma Civil Brasileiro, ora invocados: CÓDIGO CIVIL. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. A legislação, portanto, determina que no caso de ilícito cometido, a reparação é patente, inclusive por danos morais e Estéticos. Nesse sentido, já se manifestou o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, cuja ementa transcreve-se: APELAÇÃO CÍVEL. RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO.CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO AFASTADA. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS MANTIDOS.HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. I - Nos termos dos arts. 370 e 371 do CPC, não há cerceamento do direito de defesa diante da não realização da perícia complementar que se revele desnecessária à a quitação da matéria discutida, notadamente, diante do longo transcurso de tempo ocorrido, e porque, no caso, foi produzida prova pericial embasada nos documentos oficiais (boletim de ocorrência de acidente de trânsito e extrato do boletim de ocorrência), análise técnica do local e nas avarias nos veículos. II - Afasta-se a alegação de ausência de fundamentação se a decisão expõe, satisfatoriamente, as razões de decidir, incorrendo violação ao artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. III - Caracterizada a culpa, o nexo causal entre a conduta e o dano efetivamente comprovado em virtude do acidente, emerge, cristalinamente, o dever de reparar os danos suportados pela vítima, nos termos dos arts. 186 e 927 do Código Civil. IV - O valor da indenização por danos morais e estéticos devem ser fixados com razoabilidade e proporcionalidade, atendendo à finalidade compensatória da vítima, sem lhe propiciar enriquecimento sem causa e, ao mesmo tempo, inibir a reiteração da conduta que ensejou o dano. Revelando-se adequado o valor estabelecido, impõe-se sua manutenção. V - Mostra-se razoável o valor fixado a título de honorários advocatícios, já que atendidos os requisitos do artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJGO, Apelação ( CPC) 0405137- 39.2014.8.09.0111, Rel. FERNANDO DE CASTRO MESQUITA, 2ª Câmara Cível, julgado em 23/10/2019, DJe de 23/10/2019) (Grifo nosso) O ato ilícito é conduta conflitante com o ordenamento pátrio. Violar direito é, via de regra, transgredir norma imposta. Assim, a conduta praticada pela Ré, conforme dispositivos avocados, afrontou direito da Autora causando-lhe dano moral, o que por conseguinte, merece a devida reparação. Logo, as provas anexadas aos autos deixam claro que o impacto ocorreu em razão da condutora ré, por legítima imprudência, ter furado o sinal vermelho atingindo com velocidade o veículo do Autor, causando danos a sua personalidade, aptas a causar abalo psíquico. Nesse sentido, destacam-se ainda os seguintes arestos: CÓDIGO CIVIL. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. As fotos e o vídeo do local do acidente são nítidas. Ademais, por tratar-se de veículo utilizado como ferramenta indispensável ao deslocamento ao trabalho, a ré deveria ter o mínimo cooperado para o conserto, o que não o fez. Certo é que, não fosse o comportamento imprudente da ré, o acidente não teria ocorrido, na medida em que estava em alta velocidade, comprovando que não se precavesse das cautelas necessárias. Daí porque se afigura inafastável o dever reparatório. Na esfera do dano moral, podemos defini-lo como sendo aquele que acarreta abalo psíquico, ou seja, que acarreta um distúrbio anormal na vida da vítima, condicionando-o ao sofrimento, humilhação, constrangimento, etc. Ademais, como se não basta-se, o acidente ocasionado pela ré e o prejuízo perpetrado, diante disso, vemos que ocorrera fatos que lesaram a honra e a moral do Autor, bem superiores ao meros aborrecimentos do cotidiano, dos quais se exigem que o arbitramento do quantum da indenização se faça conforme o posicionamento jurisprudencial do Tribunal pátrio, fundado sempre em critério de razoabilidade, tendente a reconhecer e condenar a ré a pagar valor que não importe enriquecimento sem causa para aquele que suporta o dano, mas uma efetiva reparação de caráter moral, e uma séria reprimenda ao autor do dano, que lhe sirva de exemplo a não reincidência, levando em consideração o binômio reparação/prevenção, tendo-se por razoável e proporcional a fixação do quantum indenizatório no valor sugerido de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Subsidiariamente, não sendo este o entendimento de Vossa Excelência, que seja arbitrado em conformidade com o entendimento da jurisprudência deste Tribunal de Justiça a casos semelhantes ao em apreço. IV - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Conforme previsto no art. 373, § 1º do Código de Processo Civil, o juiz, para obter maior facilidade na obtenção da prova do fato, e no caso concreto, for verificado maior facilidade da parte contrária em produzir a prova, poderá inverter o ônus probatório, desde que por decisão fundamentada. Nessa esteira, vale transcrever o § 1º do artigo 373, que diz: CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Art. 373 § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído”. A parte Autora, pessoa hipossuficiente, postula que seja determinando a inversão do ônus da prova a parte ré, nos termos do artigo 373, § 1º do CPC, como medida de inteira justiça. V. DO PEDIDO Diante do exposto, requer-se: 1. A citação da Ré, Sra. Joana Bradiburgo Dumont, para, querendo, contestar a presente demanda no prazo legal, sob pena de revelia; 2. A procedência do pedido, condenando-se a Ré ao pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 72.000,00 (setenta e dois mil reais), correspondente aos prejuízos materiais suportados pelo Autor em decorrência do acidente; 3. A parte autora opta pela realização da audiência de conciliação ( CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da ré, para comparecer à audiência designada para essa finalidade, e não havendo acordo, querendo, apresente sua defesa, sob pena de incorrer contra si, os efeitos da revelia e confissão; 4. A condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão dos danos emocionais e psicológicos suportados pelo Autor; 5. A concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Autor, considerando sua atual situação de desemprego e falta de renda; 6. A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente a oitiva de testemunhas e a realização de perícia médica para comprovação dos danos sofridos pelo Autor; 7. A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. Dá-se à causa o valor de R$ 77.000,00 (setenta e sete mil reais) para fins meramente fiscais. Nestes termos, pede deferimento. [Local] ,[Data] [Assinatura do Advogado] [Nome do Advogado - OAB/UF nº [número da OAB]]