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PRÁTICA DE ENSINO: IDENTIDADE 
DOCENTE E SEUS DESAFIOS 
APRESENTAÇÃO 
 
Professora Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
➢ · Licenciatura Plena em Pedagogia (UNIESP-BIRIGUI/SP.). 
➢ . Especialista em Tecnologias Aplicadas à Ead (UniFCV). 
➢ · Especialista em Psicopedagogia Institucional (UniCESUMAR). 
➢ · Especialista em EAD e as Novas Tecnologias (UniCESUMAR). 
➢ · Especializanda em Gestão Educacional (UniCESUMAR) 
➢ · Tutor Educacional (UniFCV). 
➢ · Link do Currículo na Plataforma Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/7121786122659913 
 
Ampla experiência na modalidade de ensino a distância (Ead), voltadas 
para a área da Educação (licenciaturas e áreas afins). Atualmente atuo nessa 
modalidade no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV), sendo com 
embasamento na Tutoria Educacional e, por fim, atuo como professora 
conteudista. 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo(a)! 
 
Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, 
isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de 
agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre a prática 
de ensino: identidade docente. Vamos descobrir a identidade docente, sobre 
seus reais valores, pensamentos e pensadores, assim como auxiliá-lo nos 
desafios que a formação implica para a sua profissionalização. 
 Na unidade I abordaremos a temática sobre a construção da Identidade 
Docente, entre a teoria e a prática, como o papel social do professor, sua 
identidade, os aspectos do saberes da docência e a práxis pedagógica. 
 Já na unidade II, vamos abordar sobre a formação de professores como 
um projeto político, contextualizando, assim, a importância da formação inicial e 
continuada, a importância do projeto político pedagógico frente à formação e 
atuação do professor. 
 Depois, na unidade III, vamos tratar da contribuição da pedagogia de 
Paulo Freire para a formação do docente: agente que aprende e ensina. 
 E, por fim, na unidade IV vamos abordar sobre os desafios da docência 
para o uso das tecnologias digitais, dentre o papel da formação do docente para 
o uso das tecnologias, apontando, assim, sobre tecnologias digitais e seus 
diferentes usos. 
 Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer 
esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos 
assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu 
crescimento pessoal e profissional. 
 
Muito obrigada e bom estudo! 
 
 
UNIDADE I 
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE – ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA 
Professor Especialista Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
● O papel social do professor; 
● A identidade do professor; 
● Os saberes da docência; 
● A práxis pedagógica. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
Proporcionar aos alunos e alunas uma reflexão sobre a importância da identidade 
docente que o/a auxilie no entendimento dos desafios que a formação implica para a sua 
profissionalização. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, caro (a) aluno (a), é com muita alegria que irei conduzi-lo pelo caminho do 
conhecimento, iremos refletir sobre assuntos muito importantes para sua formação 
profissional e, no final da unidade, deixarei algumas sugestões de filmes e livros. Espero 
que goste! 
O tema da nossa unidade é: O papel social do professor- entre a teoria e a prática, 
como o nome da unidade já sugere, estudaremos sobre vários aspectos teóricos e 
práticos que fazem parte do trabalho docente. 
Você refletirá sobre o quanto nossa profissão é importante para a mudança de 
vida das pessoas e perceberá que temos um grande poder em nossas mãos, mas para 
fazer isso será necessário possuir alguns saberes específicos e eu irei ajudá-lo a 
percebê-los, distingui-los e compreendê-los. Aprenderemos também sobre a identidade 
docente e sobre quais são os aspectos que contribuem para que ela seja formada e, 
para finalizar, ver sobre a práxis pedagógica, que é uma ação docente reflexiva e que 
visa transformar a realidade. 
Bons estudos! 
1 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-
1798363267 
 
Vamos começar essa unidade refletindo um pouco sobre nossa sociedade e as 
mudanças que têm e estão ocorrendo com o passar dos anos. Segundo o dicionário 
Michaelis (2021), dentre outras definições, alguns dos significados da palavra mudança 
são: 1 Ação ou efeito de mudar; muda, mudamento. [...] 6 Modificação ou alteração de 
sentimentos, ideias ou atitudes.[...]. Utilizaremos essas duas definições citadas, pois 
estão mais próximas do nosso campo de estudo e reflexão. 
 A outra palavra que iremos pensar no significado é sociedade: 
 
[...] 2 SOCIOL Agrupamento de pessoas que vivem em um território comum, 
interagindo entre si, seguindo determinadas normas de convivência e unidas 
pelo sentimento de grupo social; coletividade. 
[...] 4 Ambiente humano ao qual o indivíduo se encontra integrado. [...].6 
Relacionamento entre indivíduos que vivem em comunidade ou em grupo; 
convivência (MICHAELIS, 2021). 
 
Sendo assim, mudança social é um fenômeno relacionado a uma mudança de 
ideias, pensamentos, atitudes, hábitos e costumes que são inseridos ou deixam de fazer 
parte com o passar do tempo, de um determinado grupo social que convive no mesmo 
espaço, seguindo normas comuns a todos, e é ela que movimenta o desenvolvimento 
das sociedades. 
Seus impactos podem durar por gerações ou serem vistos apenas num futuro 
longínquo; alguns exemplos que possibilitam o acontecimento dessas mudanças são as 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267
guerras e revoluções, desenvolvimento das tecnologias, crescimento populacional, 
desastres naturais, econômicos, geográficos, culturais, religiosos e movimentos sociais 
como: o movimento feminista, estudantil, negro, trabalhista, ambientalista, LGBTQIA+ 
(sigla que significa: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, 
Queer, Intersexo, Assexual e mais), entre outros. 
Todos esses movimentos são formados por um grupo de indivíduos que defendem 
uma causa, pode ser para buscar a transformação de algo dentro da sociedade sejam 
elas mudança de valores, pensamento, atitudes e luta por direitos para que nossa 
sociedade seja mais justa, igualitária e democrática. 
Veja algumas imagens ilustrativas relacionadas a alguns dos movimentos citados: 
 
Figura 1 - Goiânia, Goiás, Brasil - 30 De Maio De 2019: Pessoas Segurando Cartaz Na 
Demonstração. Foto tirada Durante Manifestação a favor da Educação Ocorrida em Goiânia 
v 
ID da foto stock livre de direitos: 1965705043 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Goiânia, Goiás / Brasil - 24 de agosto de 2019: Multidão segura cartazes escritos em 
português em protesto pela proteção da floresta amazônica 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
 
ID da foto stock livre de direitos: 1486957508 
 
Figura 3 - São Paulo, SP, Brasil - 03 de junho de 2018: Pessoas na Parada do Orgulho LGBT 
na Avenida Paulista em São Paulo em um dia ensolarado 
 
ID da foto stock livre de direitos: 182763742 
 
Além de todas as mudanças e transformações que ocorrem pelos diversos 
motivos citados acima, a troca de informações hoje ocorre em tempo real, as tecnologias 
e seus avanços mudaram totalmente a maneira das pessoas pensarem e se 
relacionarem, temos mudanças profundas de valores e atitudes, o que era considerado 
politicamente correto no passado, hoje não é mais, tudo é questionado a todo momento, 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
https://www.shutterstock.com/pt/photos
temos novos pontos de vista e maneiras de se relacionar e viver; com isso a sociedade 
moderniza-see desenvolve-se, questionando maneiras de pensar que excluem esse ou 
aquele determinado grupo. 
Com essas transformações os alunos também mudam, os de antigamente não 
são os mesmos de hoje, nem serão os de amanhã, Tardif diz que os jovens de hoje 
percebem que “se aprende na escola, sim, mas também se aprende muito fora dela” 
(TARDIF, 2011, p. 143). Cabe ao professor ser flexível, estar atento a essas 
transformações, compreendê-las sem pré-julgamentos e incluí-las no dia-dia da sala de 
aula, trazendo assuntos atuais para debates, temas da realidade próxima de onde seus 
alunos vivem e também ouvir seus anseios e dificuldades, a fim de discutir e mostrar 
diferentes pontos de vista que leve o discente a ascender na sociedade, compreendendo 
que deve lutar pelos seus direitos, a fim de ocorrer uma transformação social para 
termos uma sociedade mais justa e igualitária. 
Segundo Freire (2000, p. 67) “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, 
sem ela tampouco a sociedade muda”. Podemos perceber com essa citação de Freire, 
como a educação tem um papel central na mudança da sociedade, na mudança de 
pensamentos, fazendo com que os discentes saiam do pensamento de senso comum, 
em que o que é levado em consideração são os saberes informais do cotidiano como: 
crenças, hábitos, preconceitos e tradições passados de geração em geração, a fim de 
que consigam ter um pensamento crítico, ou seja, em que a pessoa tem a capacidade 
de avaliar, discernir e refletir sobre as situações sem aceitar o que lhe é imposto. 
Reflitamos agora com esta citação de Gadotti (2003) , dizendo que a sociedade 
muda através do professor e não, apesar da existência dele, pois é uma classe 
insubstituível e de valor inestimável para o desenvolvimento dela. 
 
Assim se pode imaginar um futuro para a humanidade sem professores. Eles 
não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, 
mas também formam pessoas. Eles fazem fluir o saber, porque constroem 
sentido para a vida das pessoas, da humanidade e buscam, numa visão 
emancipadora, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para 
todos. Por isso eles são imprescindíveis (GADOTTI, 2003, p. 20). 
 
 
Dessa forma, percebemos a poderosa arma que o docente tem em mãos, ser 
professor hoje é diferente, não é nem mais fácil, nem mais difícil do que antigamente, 
pois é necessário ir moldando-se e reconstruindo-se, numa ação/reflexão constante 
sobre a prática, incluir novas tecnologias, novos métodos de ensino e ter uma boa 
relação professor-aluno também é imprescindível com respeito e diálogo. 
Para que isso aconteça, é necessário que o professor participe continuamente de 
atividades de formação continuada, em que em paralelo com as funções de docente 
também se coloca em lugar de discente, porque conhecimento não é estático, sendo 
assim professor é um ser que está sempre em transformação e, para tanto, é necessário 
garantir uma constante atualização teórica e prática e isso se refletirá na melhor 
formação dos alunos. 
Segundo Perrenoud (1993, p. 200): 
 
Atualizar-se, rever conceitos e (re) significar a prática pedagógica para poder 
responder às demandas sociais fazem parte das propostas de formação 
continuada. Porém, conhecer as novas teorias, estar ciente dos avanços na 
Ciência da Educação e poder discutir as tendências pedagógicas atuais, são 
conhecimentos que irão contribuir não somente na prática pedagógica em sala 
de aula do professor. 
 
Ou seja, professores precisam ser profissionais dinâmicos e críticos, precisam ter 
a consciência que sempre serão aprendentes de algum assunto e também compreender 
que não existe conhecimento absoluto, assim como não existe ignorância absoluta 
também, pois tudo está em constante transformação, já que todas as pessoas têm 
conhecimento sobre algum assunto e é ignorante sobre outro. Podemos ilustrar o trecho 
acima com esta afirmação de Paulo Freire: “Todos nós sabemos alguma coisa. Todos 
nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre” (FREIRE, 1989, p. 20) e 
assim conseguimos compreender a importância de não pensar no professor como figura 
superior ao seu aprendiz, pois experiências pessoais de vida e interesses diferentes 
fazem-nos crescer e saber mais ou menos sobre algum assunto que tenhamos interesse. 
Portanto, o professor precisa se colocar numa postura humilde, de um ser que 
está em aprendizado constante, e não num pedestal, onde sente ser o detentor de todo 
saber acumulado historicamente, colocando-se numa posição daquele que transmite 
conhecimento, mas tendo a postura de ser aquele que comunica saberes relativos a 
outros que também tem saberes relativos, guiando-os no caminho a ser traçado e 
conduzindo o discente a chegar as suas conclusões com independência, tornando-o 
sujeito ativo de sua aprendizagem, ocorrendo, assim, uma troca de informações em que 
um e outro são modificados constantemente. 
Vamos agora ler o que Freire (1996, p. 25-26) escreveu acerca desse assunto: 
 
Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender” [...] 
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que, 
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi 
assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens 
perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, 
métodos de ensinar. 
 
Segundo o autor quando eu ensino algo a alguém eu aprendo e quem está 
aprendendo também ensina algo a mim; assim não há maneira de sair de uma aula do 
mesmo jeito que entrou, pois nas relações aprendemos e somos transformados, basta 
que todos sejam escutados com respeito e tenha suas opiniões validadas, a fim de um 
diálogo que gere uma troca de informações, em que, ambas partes, evoluam em sua 
maneira de pensar. Também deixa bem claro que é preciso, segundo ele, "trabalhar 
maneiras, caminhos e métodos de ensinar”, falando, assim, sobre a importância de uma 
metodologia e didática adaptadas àquela realidade, a fim de alcançar o objetivo 
pretendido. 
De acordo com Cury (2003, p. 127): “a exposição interrogada gera a dúvida, a 
dúvida gera o estresse positivo, e este estresse abre as janelas da inteligência. Assim 
formamos pensadores, e não repetidores de informações”. Postura imprescindível para 
o ser humano no mundo de hoje, pois seres pensadores transformam sociedades, 
retomando aqui o conceito de sair do senso comum e chegar ao senso crítico. 
O professor precisa, então, fazer com que seus alunos enxerguem na educação 
uma ponte para ascender na sociedade, em que o ensino é utilizado como instrumento 
de luta, transformação social e mudança de vida, ou seja, deve ensinar o aluno a validar 
seu próprio ponto de vista, o que não significa ensinar soluções, mas, sim, colaborar para 
que o aluno construa conceitos e aplique-os nas situações do cotidiano, esse é papel 
social do professor, munir os alunos de instrumentos para libertação, fazendo-os 
vislumbrar e desejar novas formas de viver, almejando um futuro melhor de crescimento 
pessoal e profissional, mudando sua realidade. Charlot afirma isso quando diz que: 
“Ensinar é, ao mesmo tempo, mobilizar a atividade dos alunos para que construam 
saberes e transmitir-lhes um patrimônio de saberes sistematizados legados pelas 
gerações anteriores de seres humanos” (CHARLOT, 2008, p. 25). Percebemos, então, 
como o ofício de ser professor tem uma grande importância na sociedade e para finalizar 
deixe-os com essa frase de Malala Yousafzai, dita em seu discurso na ONU em 2013: 
“Que possamos pegar nossos livros e canetas. São as armas mais poderosas. 
Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”. 
 
 
2 A IDENTIDADE DO PROFESSOR 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-
concept-380394427 
 
Neste tópico, refletiremos sobre como formamos nossa identidadedocente 
percebendo-a como algo que não é fixo, mas mutável, porque é um processo de 
construção do sujeito, levando em consideração nossas experiências pessoais enquanto 
alunos, modelos de professores que tivemos enquanto aluno, comunidades de trabalho 
e as condições de trabalho ofertadas, interação com colegas de profissão, ideologias 
pessoais e reflexão constante da prática ajudam-nos a formar nossa identidade 
profissional docente, pois ela é formada tanto por experiências pessoais quanto pelo 
reconhecimento profissional em uma sociedade. 
Deixo-os primeiramente com esta citação de Paulo Freire: 
 
Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. 
Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz 
educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na 
reflexão sobre a prática (FREIRE, 1991, p. 58). 
 
Refletindo com as palavras lidas acima do educador Paulo Freire, podemos iniciar 
nossos estudos compreendendo que educador é um ser em constante transformação, 
que vai sendo moldado com experiências vividas na prática, numa constante 
ação/reflexão, a partir da significação social da profissão. Proença e Mello (2009, p. 58) 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427
salientam que “o fato de passar por um curso de formação não faz com que alguém 
venha a ser professor” em consonância com o exposto acima, podemos compreender e 
concluir que nos tornamos professor ao longo de nossa experiência, e isso não acontece 
ao nos formarmos e receber um título. 
Ao formar-se como professor, podemos compreender que dedicamos um tempo, 
estudando em algum curso superior, conhecemos as teorias, as legislações, temos 
conhecimento sobre algum assunto específico e o queremos ensinar para alguém; já 
quando digo que me tornarei professor, precisamos ter a compreensão de que seremos 
um profissional em constante formação, pois a prática pedagógica forma-nos e 
transforma-nos a cada dia, porque torno-me cada vez melhor de acordo com as 
experiências que vou adquirindo, informações que troco com os colegas de profissão, 
exemplos que vejo e incluo em minha prática, formações que participo e reflito sobre a 
prática e na prática, enfim a identidade docente é formada a partir das muitas variáveis 
a que somos expostos e desenvolve-se tanto no individual quanto no coletivo. 
Garcia (2010, p. 18) afirma que nossa identidade profissional surge de um 
processo de construção e podemos confirmar no trecho abaixo: 
 
Não surge automaticamente como resultado da titulação, ao contrário, é preciso 
construí-la e modelá-la. E isso requer um processo individual e coletivo de 
natureza complexa e dinâmica, o que conduz à configuração de representações 
subjetivas acerca da profissão docente. 
 
O assunto identidade tem grande importância porque está diretamente 
relacionado à compreensão das pessoas e das suas relações com o mundo, Pimenta 
(1997) confirma que ela não é um dado imutável, mas um processo de construção do 
sujeito, ou seja, formamos nossa identidade porque existimos e interagimos com os 
outros em determinados contextos, só sou como sou devido a experiências que vivi. De 
acordo com Dubar (1998, p. 136), nossa identidade profissional é construída através das 
“reivindicações de pertença e de qualidades para e por si próprias”, o que permite que 
cada um de nós se conheça através das “histórias que cada um conta a si mesmo sobre 
o que é” e “ se encarna nas ‘figuras’, nos papéis, nos ofícios”. Ou seja, é necessário 
realmente incorporar a identidade do ser professor, é acreditar na importância de seu 
papel para a sociedade, crer que se pode fazer a diferença em determinada comunidade 
de trabalho e realmente “abraçar” tudo o que vêm junto com a carreira docente. 
De acordo com os autores Beijaard, Meijer e Verloop, as representações pessoais 
sobre o ser professor “determinam fortemente o modo como ensinam, a maneira como 
se desenvolvem enquanto professores e suas atitudes em relação às mudanças 
educacionais” (2004, p. 108). Ou seja, me modifico e fico melhor quanto mais reflito em 
minha prática e percebo que sou um bom professor, quando tenho segurança no que 
faço e acredito na metodologia de ensino que utilizo e ao surgimento de novos métodos 
e reformas na educação não me acanho, mas, sim, tento inseri-las no meu modo de 
trabalho sempre fazendo meu melhor. 
Segundo Pimenta (1996), a identidade docente é construída pelo significado que 
cada professor dá para sua profissão, sendo ator e autor, a partir de seu valores, sua 
história de vida, modo de situar-se no mundo, de seus saberes, anseios e angústias. 
Identidade docente evolui paulatinamente a partir de experiências pessoais e coletivas, 
quanto a tudo o que sou, a maneira em que vivo, meus valores e crenças pessoais sendo 
algo que se desenvolve durante a vida toda, não é algo fixo, mas mutável, a partir de 
experiências relacionais com outros docentes. 
Identidade pode ser compreendida respondendo à pergunta: Quem sou eu neste 
momento e quem eu quero ser? Podemos compreender, então, que se o docente não 
criar uma identificação com a docência, e se ao aprender a ser professor ele não alcançar 
o nível de reflexão necessária para a construção de sua identidade ela não ocorrerá. De 
acordo com Dubar “a aprendizagem experiencial permite por ela própria a 
implementação da reflexividade, isto é, a construção duma identidade reflexiva que 
devolve sentido a uma prática onde se tem sucesso” (DUBAR, 2006, p. 158). 
Reafirmando essa compreensão, André (2001, p. 66) afirma que: 
 
A importância de uma atitude reflexiva no trabalho docente é o domínio, pelo 
professor, de procedimentos de investigação científica como registro, 
sistematização de informações, análise e comparação de dados, 
levantamento de hipóteses e verificação, por meio dos quais poderá produzir 
e socializar o conhecimento pedagógico (ANDRÉ, 2001, p. 66). 
 
Nóvoa relata que a identidade não é um dado adquirido, uma propriedade ou um 
produto. Para o autor, “a identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço de 
construção de maneiras de ser e de estar na profissão” (NÓVOA, 1992, p.16). 
Podemos concluir, então, que a maneira como desenvolvo minha relação com a 
docência recebe influência de tudo que tenho a minha volta, nossas interações sociais 
desde a infância, experiências vividas e com os modelos ideais que tivemos de professor. 
Assim, o professor só se torna professor quando está exercendo a prática docente em 
sala de aula que é onde podemos ampliar e realmente começar a construir nossa 
identidade profissional num processo contínuo. 
 
 
3 OS SABERES DA DOCÊNCIA 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-
1937720896 
 
Caro (a) aluno (a), para chegar ao curso superior você já teve aula com muitos 
professores, em vários níveis de ensino diferentes e é um costume de que observemos 
suas práticas e os rotulamos como: Ah! Esse sabe o conteúdo, mas não sabe ensinar, 
ou seja, não tem uma boa didática (só sabe para ele), esse não domina muito o conteúdo, 
fica perdido na explicação, não responde perguntas com propriedade, mas é tão 
compreensivo e humano que faz com que toda a sala torne-se amiga dele e releve, e 
tem sempre aquele que não gosta de um relacionamento pessoal mais próximo e está 
sempre com feição fechada e tem também aquele a quem aguardamos ansiosos pelo 
dia de sua aula, porque para você ele é o melhor professor do mundo. 
Com certeza ao ler esse parágrafo, você lembrou-se de alguns professores que 
passaram na sua vida, não é? Mas...E o que quero dizer com tudo isso? Quero que você 
reflita um pouco, porque você provavelmente já chegoua esse curso com uma ideia 
prévia de como deve ser, ou não, um bom professor e alguns deles inspiraram-lhe 
positiva ou negativamente também e você teve exemplos de como gostaria de ser um 
dia ou como não seria de jeito nenhum. 
Segundo Salgueiro (2001, p. 89) “torna-se necessário um grande esforço para 
construir a competência docente capaz de responder aos novos desafios”. Pois os novos 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-1937720896
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desafios da atualidade, fazem com que seja necessário aliar teoria e prática, organizar e 
diversificar os conteúdos, fazer adaptações de acordo com as necessidades da turma, 
compreender a realidade que cerca seus alunos, elogiar as conquistas, demonstrar 
carinho e atenção para que o ambiente seja agradável e exista respeito mútuo entre 
outras competências, já que “Educar é guiar os alunos em uma jornada interior em 
direção a um modo mais sincero de ver e estar no mundo” (PALMER, 2012, p. 22). 
Sendo assim, reflitamos agora sobre o termo docência segundo Tardif e Lessard: 
[...] como uma forma particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma 
atividade em que o trabalhador se dedica ao seu ‘objeto’ de trabalho, que é 
justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana 
(TARDIF e LESSARD, 2005, p. 8). 
 
Os saberes da docência são os saberes específicos que um professor precisa 
possuir sendo: um conjunto de habilidades, conhecimentos, competências e atitudes que 
o professor deve dominar para ser realmente um bom professor. 
Segundo Tardif (2011, p. 60), o saber engloba “[...] os conhecimentos, as 
competências, as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo 
que foi muitas vezes chamado de saber, de saber-fazer e de saber ser”. Mas não basta 
só saber o conteúdo e não ter a didática necessária “saber, saber-fazer e saber-ser” 
conforme Tardif disse, para que os alunos se interessem pela matéria e aprendam, é 
necessário que o professor saiba fazer e saiba ser professor. 
Garcia (2010) afirma que o conceito de desenvolvimento profissional é um 
processo de longo prazo, vindo de oportunidades e experiências que produzem os 
métodos de aprender a ensinar. O professor é e será sempre um construtor desses 
saberes, pois a ação docente demanda ação e reflexão contínua, aliando teoria à prática, 
sendo, então, uma prática bastante reflexiva e não apenas uma aplicação de técnicas, 
pois o professor adquire experiências e competências na sala de aula. 
Severino e Pimenta (2009) delineiam três espécies de saberes da docência: 
1. A experiência (como aluno e como professor); 
2. O conhecimento específico (da disciplina a ser ensinada em suas relações 
com a contemporaneidade); 
3. Os saberes pedagógicos aqueles (“ligados à explicitação do sentido da 
existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social”) (SEVERINO 
e PIMENTA, 2009, p. 13). 
 
Observe a figura 1, nela podemos perceber que esses saberes não são saberes 
separados, um está intrinsecamente ligado ao outro, plurais e mesclados ao mesmo 
tempo. 
Figura 1 – Saberes da docência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pimenta (2012). 
 
Percebemos mediante este conceito, que não basta que os futuros docentes 
saibam apenas o conteúdo, pois é indispensável saber também como o aluno aprende, 
como organizar situações de aprendizagens significativas, como avaliar o 
desenvolvimento, porque se deve ensinar esse ou aquele conteúdo e qual a sua 
relevância para a formação do aluno. 
Iniciaremos explanando sobre o saber da experiência como aluno e como 
professor, conforme foi citado acima, quem já ouviu a expressão que diz: Ensinar se 
aprende ensinando! Pense sobre isso e reflita com o que será explanado agora a partir 
da ideia de Dewey: “Não é suficiente insistir na necessidade da experiência, nem 
inclusive da atividade na experiência. Tudo depende da qualidade da experiência que se 
tenha” (DEWEY, 1938, p. 27). 
Ou seja, segundo o pensamento do autor a qualidade das experiências é mais 
importante do que a quantidade, e podem ser divididas em duas vertentes: o quanto 
agradável ela foi para o sujeito tanto como aluno, quanto para professor e quais efeitos 
que tais experiências trarão para mim, a fim de que possam ser refletidas e utilizadas em 
ações posteriores a ela. Também devemos levar em consideração o que aquela 
experiência fez ou faz com que eu refletisse e mudasse algo em minha prática docente? 
Tardif diz que esses saberes não provêm das instituições de formação nem dos 
currículos. [...] não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias” (2011, p. 48-
49). Assim,podemos entender que o professor tem duas funções: a de ser produtor e a 
de ser sujeito, construindo experiências que agregam para sua prática docente. 
Continuemos com o pensamento do referido autor dizendo que as experiências “[...] 
fornecem aos professores certezas relativas a seu contexto de trabalho na escola de 
modo a facilitar sua integração” (2011, p. 50). 
Sobre o conhecimento específico, Amaral (2005) explica que: 
 
O domínio de conteúdo pode ser compreendido como o saber que o professor 
tem sobre o objeto de estudo e que orienta na mediação do aprendizado de seu 
aluno. Nessa orientação o professor partiria do conhecimento prévio do aluno, 
de sua realidade, a fim de ampliá-lo. Assim o aluno é entendido como indivíduo 
capaz de construir seu conhecimento (AMARAL, 2005,p. 22). 
 
A sabedoria popular diz que para ensinar bem, basta conhecer bem a matéria, 
mas nós sabemos e estamos vendo que não é necessário apenas isso, pois temos outros 
conhecimentos tão importantes quanto esse como: conhecer o contexto dos alunos onde 
se ensina, compreender seu reconhecimento social perante determinada comunidade e 
também saber como se ensina, ou seja, qual a melhor metodologia a ser utilizada para 
que eu atinja os objetivos propostos. 
Magnusson, Krajcih e Borko (2003) dizem que o conhecimento do conteúdo inclui 
a forma que se organiza os conteúdos para serem ensinados, os problemas que surgem, 
ou os imprevistos e também os diferentes interesses e habilidades que cada aluno 
possui. Então, conhecimento de conteúdo vai muito além do próprio conteúdo em si, não 
basta ser um professor conhecedor dos conteúdos e tê-los na “ponta da língua”, mas, 
sim, ser aquele professor que consegue articular o conhecimento que tem, com a 
maneira correta de apresentá-los, respeitando a individualidade de cada um e suscitando 
o interesse do aluno. 
 Para confirmar o que foi dito acima leia o pensamento deste grande pesquisador: 
 
(...) os professores executam essa façanha de honestidade intelectual mediante 
uma compreensão profunda, flexível e aberta do conteúdo; compreendendo as 
dificuldades mais prováveis que os alunos terão com essas ideias (...); 
compreendendo as variações dos métodos e modelos de ensino para ajudar os 
alunos em sua construção do conhecimento; e estando abertos para revisar seus 
objetivos, planos e procedimentos na medida em que se desenvolve a interação 
com os alunos. Esse tipo de compreensão não é exclusivamente técnica, nem 
somente reflexiva. Não é apenas o conhecimento do conteúdo, nem o domínio 
genérico de métodos de ensino. É uma mistura de tudo isso e é, principalmente, 
pedagógico (SHULMAN, 1992, p. 12). 
 
Schulman elucida exatamente sobre o assunto a ser refletido aqui, podemos 
perceber que só o conhecimento do conteúdo, das metodologias e uma boa didática 
ainda são insuficientes para que o aluno aprenda, e é necessário mesclar tudo isso 
tornando um âmbito pedagógico, que é mais abrangente. 
Então, compreendemos, assim, que o professor além de conhecer bem o 
conteúdo que leciona, precisa ter esse conhecimento pedagógico que nada mais é do 
que levar em consideração os outros fatoresenvolvidos no processo de aprendizagem 
e suas implicações para que ela aconteça ou não. O que nos leva ao terceiro saber: O 
saber pedagógico. 
O saber pedagógico está relacionado ao uso de técnicas, métodos e ferramentas 
que utilizaremos para conduzir o processo de ensino e aprendizagem nas nossas salas 
de aulas, mas ele vai muito além disso, pois o professor precisa saber articulá-los com a 
interação social, a experiência e ter uma boa relação professor- aluno. É necessário 
utilizar várias ferramentas e estratégias pedagógicas para que a construção do saber 
seja mais dinâmica e significativa, afinal cada estudante é de uma maneira e o 
aprendizado se dá de forma individual. 
Sendo assim, também podemos chamar o saber pedagógico de conhecimento 
prático, conforme afirma Grillo (2005, p. 105): “[...] trata-se do conhecimento prático, um 
tipo especial de conhecimento, idiossincrático, que vai sendo construído pelo professor 
ao articular saberes, esquemas e referenciais assumidos da sua experiência”. 
Então, podemos dizer que o saber pedagógico é o mesmo que conhecimento 
prático, é saber-fazer e para saber-fazer é necessário que você compreenda seu eu 
individual integralmente, nas esferas: intelectual, emocional e espiritual, ou seja, só se 
aprende a saber-fazer de verdade quando existe esse autoconhecimento. 
Bacich e Moran nos explicam da seguinte forma: 
 
As pesquisas atuais da neurociência comprovam que o processo de 
aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada pessoa 
aprende o que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que gera conexões 
cognitivas e emocionais (BACICH; MORAN, 2018, p. 2). 
 
Percebemos, então, que para exercer o ofício do magistério, é necessário ter um 
olhar refinado para que cada aluno aprenda e segundo Palmer (2012) devemos nos 
perguntar: “Quem é o eu que ensina”? Ou seja, que qualidade da minha personalidade 
contribui, ou não, na maneira de me relacionar com os meus alunos, colegas e meu 
mundo? Para o referido autor ocorre um entrelaçamento dos aspectos intelectuais, 
sociais, emocionais e espirituais na constituição do Eu professor. Quando o docente 
consegue trabalhar de forma “mais inteira”, ou seja, se dedicando em todos os seus 
aspectos, ele consegue proporcionar ao aluno um aprendizado integral, “Pode ajudar a 
deixar todos mais inteiros” (PALMER, 2012, p. 80). 
Ainda segundo Palmer (2012), os aspectos intelectuais referem-se à maneira 
como pensamos sobre o ensino e a aprendizagem. A forma e o teor dos nossos conceitos 
sobre como as pessoas sabem e aprendem, da natureza dos nossos alunos e das 
nossas matérias”. Por emocionais, o autor (2012, p. 20) entende que é “o modo como 
nós e os nossos alunos sentem quando ensinamos e aprendemos, sentimentos que 
podem aumentar ou diminuir as trocas entre nós”. Por espirituais, referem-se “às diversas 
maneiras como lidamos com nosso eterno desejo de estarmos conectados à 
grandiosidade da vida, um desejo que dá vida ao amor e ao trabalho, principalmente, a 
esse trabalho chamado magistério” (PALMER, 2012, p. 21). Compreendemos aqui, como 
as características próprias do professor como ser humano são relevantes e podem fazer 
a diferença na vida dos seus alunos. 
Ainda segundo Palmer (2012): 
 
O magistério, como qualquer atividade verdadeiramente humana, emerge da 
subjetividade de cada um, para o bem ou para o mal. Enquanto eu ensino, projeto 
a condição da minha alma nos meus alunos, na minha matéria e em nossa 
maneira de estarmos juntos.(PALMER, 2012, p. 18) 
 
Já vimos que a identidade docente está sempre em construção no início dessa 
unidade, e o saber pedagógico ou conhecimento prático estão sempre em construção 
conosco também, pois o ser professor sempre se renova, reflete, melhora e transforma-
se na sua prática. 
Podemos concluir que para que tenhamos domínio do saber pedagógico e 
exerçamos uma prática docente de excelência, são necessários conhecimentos muito 
além daqueles adquiridos nos cursos superiores, de formação continuada, pós-
graduação etc. Porque segundo Tardif: 
 
[...] um saber é sempre ligado a uma situação de trabalho com outros (alunos, 
colegas, pais, etc.), um saber ancorado numa tarefa complexa (ensinar), situado 
num espaço de trabalho (a sala de aula, a escola), enraizado numa instituição e 
numa sociedade (TARDIF, 2011, p. 15). 
 
Deixo-os com essa reflexão. 
4 A PRÁXIS PEDAGÓGICA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750 
 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao último tópico desta unidade; já refletimos sobre 
o papel social do professor, sobre como sua identidade docente é formada e sobre os 
saberes necessários para exercer esse ofício. Agora estudaremos sobre a práxis 
pedagógica, ou seja, sobre a prática em si associada à teoria, quais são as ações 
necessárias na prática e sobre a prática que é preciso que o professor faça para chegar 
ao seu objetivo: a aprendizagem do aluno. 
Para iniciar vamos ler esta citação que diz: 
 
Ter em consideração as características do pensamento prático do professor 
obriga-nos a repensar, não só a natureza do conhecimento acadêmico 
mobilizado na escola e dos princípios e métodos de investigação na e sobre a 
acção, mas também o papel do professor como profissional e os princípios, 
conteúdos e métodos da sua formação (PÉREZ GÓMEZ, 1995, p. 104). 
 
Ou seja, o referido autor quer nos dizer que, o professor precisa ter o 
conhecimento acadêmico, mas é necessário também possuir o pensamento prático, 
deve conseguir articular ambos rapidamente com criatividade refletindo sobre a prática 
e na prática, para fazer as intervenções necessárias. 
Segundo Alarcão (2003) esse seria o professor reflexivo, numa escola reflexiva, 
em desenvolvimento e aprendizagem, organizada como um grupo onde alunos, 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750
professores e comunidade têm papéis ativos na construção do processo educativo. A 
definição de escola reflexiva para ela é: 
 
Organização que continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social 
e na sua organização e se confronta com o desenrolar da sua actividade num 
processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo (ALARCÃO, 2003, 
p. 83). 
 
Pimenta e Ghedin (2002) apontam que essa reflexão docente é um processo 
coletivo e prático, em que a teoria tem um papel importantíssimo, pois essa teoria precisa 
proporcionar aos professores perspectivas de análise para que possam compreender 
contextos e informações históricas, sociais, culturais e organizacionais. Ou seja, 
embasamento teórico sobre determinados conteúdos, como também informações sobre 
si mesmos, enquanto professores, diante de sua atuação docente, transformando e 
aprimorando suas capacidades (PIMENTA; GHEDIN, 2002, p. 26). 
Morin, Ciurana e Motta (2003, p. 24) complementam esse pensamento ao 
afirmarem: 
 
Uma teoria não é o conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não 
é uma chegada, é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução, 
é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre o seu papel 
cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da atividade mental do sujeito. 
E é essa intervenção do sujeito que confere[...] seu papel indispensável. 
 
Quando o professor exerce uma práxis pedagógica consciente, percebe que teoria 
e a prática são indissociáveis, para produzir mudanças, se utilizar somente o prático, 
sujeito e objeto se separam, transformando nossa consciência dos fatos e das coisas, 
mas não sobre os fatos e as coisas. A esse respeito, Konder (1992, p. 116) afirma: 
 
Práxis e teoria são interligadas, interdependentes. A teoria é um momento 
necessário da práxis; e essa necessidade não é um luxo: é uma 
característica que distingue a práxis das atividades meramente repetitivas, 
cegas, mecânicas, “abstratas”. [...] a práxisé a atividade que, para se tornar 
mais humana, precisa ser realizada por um sujeito mais livre e mais 
consciente. 
 
Cabe ao professor se colocar num papel consciente e politizado, adquirindo a 
consciência de professor intelectual, sendo aquele que analisa criticamente a natureza 
do seu trabalho e percebe as contradições entre o que ele pratica e os resultados dessa 
prática. Durante o trabalho docente, o professor age sobre suas experiências, cria e 
enfrenta desafios do cotidiano e baseado neles constrói seus conhecimentos. 
Ainda segundo Konder (1992, p. 11), a ação docente é um trabalho que: 
 
Pode ser considerado um processo que ao mesmo tempo se reafirma e se 
supera a si mesmo: ele só é possível mediante a repetição mecânica de 
determinadas ações, porém simultaneamente leva o sujeito a enfrentar 
problemas novos e o incita a inventar soluções para tais problemas. Com isso o 
trabalho abre caminho para o sujeito humano refletir, no plano teórico, sobre a 
dimensão criativa de sua atividade, quer dizer, sobre a práxis. No trabalho se 
encontra, por assim dizer, o caroço da práxis; mas a práxis vai além do trabalho 
(KONDER, 1992, p. 11). 
 
O professor nas diversas ocorrências cotidianas, enfrenta situações complexas, 
em que é necessário que encontre respostas imediatas e criativas, articulando o saber 
que possui com suas vivências, identifica-se aí a práxis da ação docente, pois a ação é 
feita, visando atingir um objetivo proposto. Vázquez (1977, p. 187) nos diz que: 
 
O resultado ideal, que se pretende obter, existe primeiro idealmente, como mero 
produto da consciência, e os diversos atos do processo se articulam ou 
estruturam de acordo com o resultado que se dá primeiro no tempo, isto é, o 
resultado ideal. 
 
Ou seja, práxis é uma atividade humana feita intencionalmente, a fim de 
transformar uma realidade, um produto da consciência, um ideal. Para isso, é necessário 
que o saber teórico e o saber prático sejam articulados, para alcançar um objetivo, 
considerando que teoria e prática não estão distantes, mas, sim, caminham juntas com 
uma intencionalidade. 
Veja como Zanella define intencionalidade: “Aqui está de forma clara o princípio 
da intencionalidade – a consciência é sempre consciência de alguma coisa. Não há 
consciência pura de um lado e objetos de outro” (ZANELLA, 2007, p. 8). 
Nesse caso, professor e aluno (objetos), fundamentam-se e refletem sobre a 
realidade ao seu redor, leem o mundo criticamente, problematizando e questionando as 
coisas que ocorrem e por que ocorrem (consciência). Ou seja, o objeto puro não atinge 
a intencionalidade e nem a consciência sozinha atinge também. É necessário utilizar a 
práxis: 
A práxis é, na verdade, atividade teórico-prática; ou seja, tem um lado ideal, 
teórico e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que 
só artificialmente, por um processo de abstração, pode se separar, isolar um do 
outro (VÁZQUEZ, 1977, p. 241). 
 
Para finalizar deixo-o(a) com esta citação de Paulo Freire: 
“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. 
No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e 
modificadora da realidade” (FREIRE, 1996, p. 25) e desejo que você tenha compreendido 
bem os conceitos estudados até aqui e consiga realizar uma ótima práxis em suas aulas, 
a fim de transformar a realidade de seus alunos! 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O estudo da história é fundamental, pois por meio dela sabemos o que os homens 
foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer, ela ajuda 
na conscientização dos homens para construir um mundo melhor e uma sociedade mais 
justa (NEVES; COSTA, 2002). 
 
Fonte: NEVES, F. M. COSTA, C. J. A importância da história da educação para a formação dos 
profissionais da educação. Teoria e Prática da educação, 2012. Disponível em: 
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18570. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
Karnal Leandro (2003) nos ajudará a refletir sobre o ensino da História 
 “Eu diria que ensinar História é uma atividade submetida a duas transformações 
permanentes: a do objeto em si e da ação pedagógica. O objeto em si (o “fazer histórico”) 
é transformado pelas mudanças sociais, pelas novas descobertas arqueológicas, pelo 
debate metodológico, pelo surgimento de novas documentações e por muitos outros 
motivos. A ação pedagógica muda porque mudam seus agentes: mudamos professores, 
mudam os alunos, mudam as convenções de administração escolar e mudam os anseios 
dos pais”. 
 
Fonte: 8 Vícios do Professor e do Ensino de História. Ensinar História, 2015. Disponível em: 
https://ensinarhistoria.com.br/8-vicios-do-professor-e-do-ensino-de-historia/. Acesso em: 14 out. 2021. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao término da unidade I, foi um grande prazer ajudá-
lo a construir esses conhecimentos. 
Aprendemos como o professor tem um papel social muito importante na 
transformação da sociedade em que atua e na vida de seus alunos, vimos que a 
identidade profissional docente começa a ser construída antes de nos formarmos, pois 
carregamos exemplos de professores que tivemos e que ela é formada durante toda 
nossa carreira, sendo mutável. 
Refletimos sobre os saberes docentes, que são aqueles saberes necessários para 
se tornar um bom professor: saberes da experiência que são aqueles que adquirimos 
tanto nas experiências como aluno e como docente; o conhecimento específico que é 
aquele adquirido enquanto estamos em formação, ou seja , o que é preciso saber para 
lecionar aquela disciplina; e, por último, vimos sobre o saber pedagógico, que também 
podemos chamar de conhecimento prático, que são aqueles conhecimentos sobre 
metodologias, técnicas e ferramentas que utilizamos em sala de aula, é saber articular 
tudo isso as outras variáveis que incidem sobre a aprendizagem: a interação, a 
experiência e uma boa relação professor-aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar 
• Autor: Freire, Paulo. 
• Editora: Paz e Terra. 
• Sinopse: Educadores são responsáveis pela transformação social, em Professora, sim; 
tia, não, o maior educador brasileiro denuncia que a troca da palavra “professora” por 
“tia” para designar “pessoa que ensina” é uma armadilha ideológica. Nas dez cartas que 
compõem o livro, o autor analisa as qualidades verdadeiras e autênticas das virtudes 
éticas que educadores progressistas precisam ter e praticar, se querem ser agentes de 
transformação social. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: MUCIZE 
• Ano: 2015. 
• Sinopse: Enviado por sua família a uma cidade remota nas montanhas, o professor 
Mahir ajuda os moradores locais a construir uma escola e faz renascer neles a 
esperança. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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2003. 
 
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Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Educação da Universidade Federal de 
Goiás. Goiânia, 2005. 
 
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Ferreira. L’identité, l’individu, le groupe, la société. Jean-Claude Ruano-Borbalan. 
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Paulo: Autores Associados. Cortez, 1989. 
 
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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
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SOCIEDADE. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora 
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portugues/busca/portugues-brasileiro/sociedade. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 12. ed. Petrópolis, Rio de 
Janeiro: Vozes, 2011. 
 
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente. Elementos para uma teoria 
da docência como profissão de interações humanas. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 
 
VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. 
 
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Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/destaques-do-discurso-de-
malala-na-onu.html. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
ZANELLA, José Luiz. Considerações sobre a filosofia da educação de Paulo Freire e o 
Marxismo. QUAESTIO - Revista de Estudos de Educação, v. 9, n. 1, p. 101-122, 
2007. 
 
UNIDADE II 
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO UM PROJETO POLÍTICO 
Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
• Contexto histórico e político da formação de professores; 
• A importância da formação inicial e continuada; 
• A importância do Projeto Político Pedagógico frente à formação e atuação do professor; 
• O papel do pedagogo frente à formação continuada dos professores e os aspectos que 
envolvem o processo de ensino e de aprendizagem. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar historicamente a formação dos professores; 
• Compreender a influência da formação inicial e continuada aos docentes; 
• Estabelecer a importância do Projeto Político Pedagógico para a atuação do 
professor. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), continuaremos nossos estudos com a Unidade II - A formação 
dos professores com um projeto político. Espero que você leia atentamente a unidade e 
compreenda os conceitos explicitados. 
Nesta unidade, levo você a refletir sobre o contexto histórico e político da 
formação de professores. Faremos uma retrospectiva sobre os caminhos traçados na 
formação de professores, desde o início dela na Grécia até chegar aos dias atuais no 
Brasil, compreenderemos também a importância da formação inicial e continuada para 
uma carreira docente de sucesso. 
Você será levado a refletir e compreender sobre o que é o Projeto Político 
Pedagógico (PPP), qual sua função na escola, como ele é produzido e a importância do 
professor na construção dele e para finalizar, estudaremos sobre o papel do pedagogo 
na instituição escolar e qual é sua função e importância na organização da formação dos 
professores. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
 
 
 
Caro (a) aluno (a), iniciamos os estudos dessa unidade refletindo sobre a 
formação dos professores em seu contexto histórico e político. É necessário saber qual 
foi a evolução da história da educação para compreender melhor os rumos tomados pela 
educação no presente. 
O início da organização social e educativa remete aos tempos da Grécia antiga, 
principalmente, da cidade de Esparta e Atenas, essa organização serviu de modelo para 
as sociedades por muitos séculos. Em Esparta tinha-se o foco em códigos de condutas 
de militares, devido ao seu poder militar e caráter guerreiro, eles estimulavam as 
competições entre os alunos e tinham uma disciplina rígida. Já em Atenas o foco era o 
conhecimento, exercitavam a palavra, a retórica e a polêmica, como herança dessa 
educação surgiram os sofistas mestres da retórica e da oratória (arte de se comunicarde forma persuasiva, ou de bem argumentar). 
A profissão de professor existe há mais de 25 séculos e iniciou-se com o filósofo 
Grego Sócrates, que foi professor de Platão. Naquela época, Sócrates ensinava em 
lugares públicos como ginásios e praças, onde fazia perguntas que provocavam seus 
discípulos, obrigando-os a pensar, valorizando os conhecimentos prévios e suas 
experiências. 
 
Figura 1 - Filósofo grego antigo conversando com estudantes 
 
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O primeiro modelo de educação no Brasil vem dos jesuítas, que eram contra a 
reforma e seu currículo era centrado na Teologia cristã, Filosofia, artes sacras e nas 
línguas e esteve presente por mais de 200 anos. No Brasil, a formação de professores 
começou a ser uma preocupação após a proclamação da independência, ocorrida em 
07 de setembro de 1822 e intensificou-se depois da proclamação da República ocorrida 
em 15 de novembro de 1889, em que era parte do projeto de construção de uma nação. 
Para compreendermos melhor sobre o histórico de formação de professores, 
iremos dividi-los em três grandes períodos: 
Primeiro período: Foi originada como a criação das escolas normais e presença 
das concepções iluminista e positivista na educação, que se estende no período de 1890 
a 1930. Elas foram pioneiras no quesito formação docente no Brasil, mas não obtiveram 
bons resultados, um dos motivos para essa falta de sucesso foi que a população trazia 
consigo marcas totalmente agrárias, marcas da escravidão e pouco interesse e incentivo 
para a carreira no magistério. 
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Tanuri (1979, p. 22) afirma que: “nenhum aproveitamento notável tinham elas 
produzido até então”, sendo assim a escola normal era ainda uma instituição “quase 
completamente desconhecida”. As ideias iluministas defendiam que a escola deveria ser 
laica, livre e de qualidade para todos, as ideias positivistas rejeitavam a formação dada 
pela igreja, porque passavam apenas conhecimentos restritos, a fim de não formar seres 
pensantes. 
Para Oliveira (2010): 
 
O objetivo maior do positivismo pretendido inicialmente por Augusto Comte e 
posteriormente por seus seguidores era promover uma reforma intelectual da 
sociedade, a reforma positiva do modo de pensar uma vez que a filosofia positiva 
era a única capaz de responder às exigências que o saber científico impunha à 
sociedade como um todo [...].(OLIVEIRA, 2010, p. 07) 
 
Segundo período: Os ideais escolanovistas eram de uma escola gratuita, 
democrática e universal, com seus ideais marcados pelo “Manifesto dos Pioneiros da 
Escola Nova” de 1932, onde foram documentadas (escrito) por 26 professores para 
validar “o projeto educacional que defende, apresentando-o como o mais adequado para 
a reconstrução do país segundo o ideal republicano” (XAVIER, 2002, p. 3). Esse 
documento, segundo Ghiraldelli Jr. (1994, p. 42) foi como um divisor de águas, conforme 
descreve: 
 
[...] serviu como um divisor de águas entre católicos e liberais. Na tentativa de 
influenciar as diretrizes governamentais, os liberais vieram a público, em 1932, 
com o célebre Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova‟, um longo documento 
dedicado ao governo e à nação que pautou‐se em linhas gerais, pela defesa da 
escola pública obrigatória, laica e gratuita e pelos princípios pedagógicos 
renovados [...]. (GHIRALDELLI JR.,1994, p. 42) 
 
O país passava por uma grande mudança, em que estavam acontecendo 
processos de industrialização e urbanização, resultando no êxodo rural (quando as 
pessoas migram da zona rural para a zona urbana, a fim de garantirem sua 
sobrevivência) e o período exigia competências e habilidades técnicas. 
A partir da década de 1930, com o Governo de Getúlio Vargas esse modelo 
educacional ganhou força, era centrada no aluno que fazia busca ativa e significativa 
 
pelo conhecimento por meio de experiências e exigia um novo perfil do professor, com 
conteúdo científico e preparação didático-pedagógica. 
Segundo Saviani (2008), o professor configurava como um estimulador e 
orientador da aprendizagem, na qual o próprio aluno deveria buscar uma iniciativa 
principal, em uma forma de aprendizagem decorrente de uma ação espontânea de um 
ambiente estimulador a ser estabelecido entre os alunos e professores. Para tanto, 
Saviani (2008) afirma que o professor precisaria trabalhar de forma direcionada, com 
grupos pequenos de alunos, para facilitar as relações interpessoais e estimular, assim, 
a atividade educativa, em um ambiente rico de materiais didáticos, estímulos 
pedagógicos, biblioteca de classe, entre outros. 
 E, finalmente, o terceiro período, que estendeu-se de 1961 até 2001, sob a 
influência da concepção pedagógica produtivista, em que uma nova lei entrou em vigor 
no ano de 1946, que definiu como competência da União fixar “as diretrizes e bases da 
educação nacional”. Mas, a Lei de Diretrizes e Bases só foi promulgada em 1961. 
Saviani (2011, p. 34), discorre sobre a não criação de um Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação após o golpe civil militar em 1964 “[...] o golpe visava garantir a continuidade 
da ordem socioeconômica que havia sido considerada ameaçada no quadro político 
presidido por João Goulart, as diretrizes gerais, em vigor, não precisavam ser alteradas”. 
A educação foi ajustada a partir da Lei N.º 5540 de 28 de novembro de 1968, alterou a 
estrutura da organização da educação superior no país que atendeu duas demandas 
opostas: 
 
A dos professores e estudantes e dos grupos ligados ao regime civil-militar. A 
primeira foi atendida com a autonomia universitária, a indissociabilidade entre 
ensino e pesquisa, a abolição da cátedra e a eleição da universidade como forma 
prioritária de organização do ensino superior. O atendimento da segunda ocorreu 
por meio do regime de crédito, da matrícula por disciplina, cursos semestrais, 
cursos de curta duração e a organização fundacional (SAVIANI, 2011, p. 32). 
 
A Lei 5.692/71 alterou o ensino de 1 º e 2 º grau, o segundo grau passou a ter 
caráter profissionalizante, o 1 º grau tornou-se o ensino fundamental de 8 anos, 
obrigatório na faixa etária dos 7 aos 14 anos e o 2 º grau assumiu um caráter técnico. 
Devido a essas mudanças a formação dos professores precisou ser alterada, eles que 
eram habilitados por meio do curso normal, passaram a realizar sua formação a nível de 
 
2º grau em curso profissionalizante que ficou popularmente conhecido como magistério. 
Regulamentou-se, então, as licenciaturas curtas: 
 
Art. 29. A formação de professores e especialistas para o ensino de 1º e 2º graus 
será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se às 
diferenças culturais de cada região do País, e com orientação que atenda aos 
objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de 
estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos. Art. 30. 
Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino 
de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 
1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de 
graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta 
duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em 
curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. § 1º Os 
professores a que se refere a letra a poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino 
de 1º grau se a sua habilitação houver sido obtida em quatro séries ou, quando 
em três mediante estudos adicionais correspondentes a um ano letivo que 
incluirão, quando for o caso, formação pedagógica. § 2º Os professores a que 
se refere à letra b poderão alcançar, no exercício do magistério, a 2ª série do 
ensino de 2º grau mediante estudos adicionais correspondentes no mínimo a um 
ano letivo. § 3° Os estudos adicionais referidos nos parágrafos anteriorespoderão ser objeto de aproveitamento em cursos ulteriores (BRASIL, 1971). 
 
O que podemos perceber por essa retrospectiva é o aumento da importância ao 
processo de formação de professores no decorrer dos anos, sendo um pré-requisito 
fundamental para a construção de um sistema educativo de qualidade. Percebendo, 
assim, também a sua relação com o meio de produção econômico. 
Em 1996 houve uma nova regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação- LDB Lei nº. 9.394 de 1996: 
 
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos 
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de 
cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: 
I- Associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em 
serviço; 
II- Aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de 
ensino e outras atividades (BRASIL, 1996). 
 
 
Assim, vemos o conceito de formação continuada, que é considerada como uma 
capacitação em serviço. O Art. 62 nos diz que o profissional precisa adequar sua 
formação, em que se faz necessário possuir um curso superior em licenciatura, admitindo 
como formação mínima para atuar na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do 
ensino fundamental, a formação em nível médio na modalidade normal. 
 
 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em 
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades 
e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o 
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do 
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal 
(BRASIL, 1996). 
 
É válido ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 
9.694/96 já sofreu diversas alterações, inclusive uma muito significativa neste art. 62, 
haja vista que mudou-se a nomenclatura do que era antes chamado série, agora 
denomina-se como ano. 
 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em 
nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima 
para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos 
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal 
(BRASIL, 2017). 
 
No Art. 62 atual diz que para atuar na Educação Infantil e nos cinco primeiros anos 
do ensino fundamental e não nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, como 
está na redação datada em 1996. Porém, ainda descrevendo sobre o contexto histórico. 
Analisando os artigos 64-66 veremos que: 
 
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação 
básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base 
comum nacional. 
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível 
de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. 
Parágrafo único – O notório saber, reconhecido por universidade com curso de 
doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico BRASIL, 
2017). 
 
 
A LDB fala a respeito do espaço ocupado pela formação continuada nas políticas 
públicas educacionais, em que é direito do docente e também um meio de valorização 
da carreira do magistério. Em seu Art. 67 são relatados elementos que regem a 
valorização do magistério como: Piso salarial profissional, progressão funcional, 
condições adequadas de trabalho e aperfeiçoamento profissional continuado. 
 
 
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da 
educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos 
de carreira do magistério público: I- Ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos; II- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive 
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III- Piso salarial 
profissional; IV- Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na 
avaliação do desempenho; V- Período reservado a estudos, planejamento e 
avaliação, incluído na carga de trabalho; VI- Condições adequadas de trabalho 
(BRASIL, 2017). 
 
 
Isso foi uma grande vitória para os profissionais da educação, pois abriu espaço 
para a formação continuada entre as políticas públicas e definiu que os sistemas de 
ensino seriam responsáveis pelo desenvolvimento e pela oferta dela. 
 
 
 
2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA 
 
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Caro (a) aluno (a), neste tópico da unidade, continuaremos a estudar sobre a 
importância da formação inicial e continuada. Quero começar parabenizando-o por sua 
disposição e dedicação com sua formação, isso é início para ser um ótimo docente! 
Uma boa formação inicial é imprescindível para formar uma base sólida em que o 
professor se apoiará para exercer seu cargo, ela define-se como uma política pública e 
é adquirida a partir de estudo de renomados autores da educação, pesquisas sobre o 
âmbito escolar, história da educação, políticas públicas, compreensão de seu papel na 
sociedade e muito mais. A formação inicial proporciona também um alinhamento entre 
teoria e prática nos estágios supervisionados, primeiro observação e depois o estágio 
profissional exercendo a função docente (GADELHA, 2020). 
Mas, já é sabido que a formação de um professor está longe de acabar nessa 
formação inicial, porque o professor se forma também no dia a dia da sala de aula e nos 
momentos de estudos coletivos ou individuais. De acordo com Freire (2001, p. 27) “Não 
haveria educação se o homem fosse um ser acabado”. Todos somos seres inacabados, 
ainda mais o professor, pois se depara em sala de aula com muitos desafios e sempre 
precisa continuar estudando para conseguir superá-los e alcançar o objetivo que é a 
aprendizagem do aluno. 
A formação privilegia a construção de saberes e competências básicas 
necessárias para desenvolver uma boa prática, incluindo a construção da parceria 
professor e aluno e levando em consideração o nível de ensino em que se leciona, que 
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aproxima o graduando ao mundo da escola. Além disso, essa formação permite aos 
docentes analisar suas práticas docentes, para buscar sempre novos conhecimentos 
(GADELHA, 2020). 
Nesse contexto, de acordo com Pimenta (1997): 
 
Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao 
processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da 
licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e 
valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-
fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática 
social lhes coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilize os conhecimentos 
da teoria da educação e da didática necessários para a compreensão do ensino 
como realidade social, e que desenvolva neles a capacidade de investigar a 
própria atividade para, a partir dela, constituírem e transformarem os seus 
saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de suas 
identidades como professores.(PIMENTA, 1997, p. 18) 
 
Durante a formação inicial, os alunos (futuros docentes) constroem novas 
habilidades para chegar aos devidos fins, que é construir saberes e saberes docentes 
também, num processo de reflexão contínua, articulando os saberes e passando também 
pelos desafios cotidianos. 
Ens e Donato (2011, p. 83) definem que a atividade de ensinar constrói-se a partir 
de conhecimentos específicos e necessários que são adquiridos e construídos na 
formação inicial e na formação que acontece durante toda a vida profissional. Ou seja, 
começa-se na formação inicial o aprendizado de conhecimentos específicos e inerentesa essa atividade, mas durante o exercício da docência, continuo me formando 
constantemente. Isso pode ser observado nas palavras de Paulo Freire (2001, p. 10): 
“Quanto mais me capacito como profissional, quanto mais sistematizo minhas 
experiências, quanto mais me utilizo do patrimônio cultural, que é patrimônio de todos e 
ao qual todos devem servir, mais aumenta minha responsabilidade com os homens”. 
 Destaca-se que uma boa formação inicial contribui para formar bons professores, 
responsáveis e conscientes de seu papel perante a sociedade, que é o de saber e 
conseguir ensinar esse saber para alguém (LIMA; ANDRADE; COSTA, 2020). Diante 
disso, evidencia-se que não basta ter apenas o conhecimento sobre o conteúdo, 
conhecimento de técnicas, metodologias, conhecer as linhas pedagógicas e afins, mas, 
que o professor precisa adquirir na formação habilidades e atitudes para se tornar um 
 
profissional reflexivo. “O processo de formação deve dotar os professores de 
conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos ou 
investigadores” (IMBERNÓN, 2011, p. 41). 
Para ser um profissional reflexivo é necessário que se reflita, parece redundante, 
mas não é; pois na correria que os professores são obrigados a trabalhar, devido, muitas 
vezes, a pouca valorização profissional e baixos salários, acaba não sobrando tempo 
para essa reflexão, e é nesse aspecto que veremos a importância da formação 
continuada realizada no ambiente escolar. 
 
Figura 2 - Grupo de Professores Trocando Experiências
 
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Nesse contexto, é possível destacar: 
 
O lócus (local) da formação a ser privilegiado é a própria escola; isto é, é preciso 
deslocar o lócus da formação continuada de professores da universidade para a 
própria escola de primeiro e segundo graus. Todo processo de formação 
continuada tem que ter como referência fundamental o saber docente, o 
reconhecimento e a valorização do saber docente (CANDAU, 1996, p. 143). 
 
Na citação acima, o autor esclarece que a formação continuada deve acontecer 
na escola, tendo como referência o saber docente e sua valorização do, pois têm 
opiniões e reflexões a serem externadas, devido ela estar no centro do processo 
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ensino/aprendizagem, enxergando as dificuldades que não colaboram para que ela 
aconteça. 
Corroborando essa perspectiva, é possível destacar que a formação continuada 
deve estar alinhada com o desempenho profissional do professor, em que as escolas 
sejam lugares de referência, um local de credibilidade para os programas de formação 
estruturarem-se, considerando problemas e projetos de ação reais e da comunidade em 
que estão inseridos, não apenas em torno de conteúdos acadêmicos (NÓVOA, 1992). 
Chegamos aqui a um ponto crucial da formação continuada, ela deve ser 
direcionada para resolver os problemas daquela comunidade e pensar em soluções que 
visem superá-los, como fazer, porque fazer e de que maneira resolver, não deve se 
limitar em torno de conteúdos acadêmicos em que o professor, muitas vezes, estuda 
assuntos que não condizem com a realidade que está vivendo. A formação continuada 
é essencial para um bom desempenho do professor, frente ao cenário complexo em que 
está inserida (GADELHA, 2020). 
Nóvoa (1995) nos diz que o desenvolvimento profissional deve abranger três 
dimensões: pessoal, profissional e organizacional. Para o autor, é possível estruturar da 
seguinte forma: Pessoal: Estimular reflexões críticas e autônomas, ter espaço de 
interação entre profissional e pessoal; Profissional: Aqui o professor é tido como autor e 
produtor de seu conhecimento profissional, sendo reflexivo e responsável pela sua 
formação; Organizacional: Voltado para a ideia de que formação e trabalho devem 
caminhar juntos, pois o desenvolvimento profissional e pessoal está ligado também ao 
desenvolvimento da instituição em que atua (NÓVOA, 1995). 
Ter acesso a uma boa formação continuada e permanente garante ao professor 
desenvolver-se profissionalmente ao mesmo tempo em que cria sua identidade e isso 
está relacionado à qualidade da aprendizagem. A formação continuada possibilita uma 
capacitação pessoal e profissional dos docentes, que reflete em uma ampliação e 
aprimoramento de suas práticas pedagógicas, como na utilização de novas metodologias 
e práticas de ensino (MUNCK; BORGES, 2020). 
O professor precisa sair do papel de mero expectador e assumir as rédeas de sua 
formação, indicando os desafios enfrentados e qual tipo de formação o ajudaria a superar 
esta ou aquela dificuldade, pois para resolver um problema é necessário estudá-lo a 
 
fundo, debruçar-se sobre suas origens, compartilhar saberes e experiências com os 
outros docentes da escola para chegarem a uma solução comum a todos, afinal todos 
são parte de uma mesma escola, inserida numa mesma comunidade. 
 
 
 
 
3 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO FRENTE À FORMAÇÃO 
E ATUAÇÃO DO PROFESSOR 
 
O Projeto Político Pedagógico (PPP) mostra-nos a visão macro do que a escola 
pretende alcançar, é um plano de intenções produzido pela escola, nele contém o que 
temos a intenção de fazer, de realizar, quais são os objetivos metas e desafios que 
queremos alcançar, tanto nas questões pedagógicas quanto nas administrativas. 
Ele é uma direção, um rumo para as futuras ações da escola, ele é democrático 
e definido coletivamente pelo qual todos têm um compromisso, baseado no presente e 
planejando como queremos que seja o futuro. Portanto, o PPP pode ser considerado um 
instrumento norteador dos processos de formação de uma Instituição escolar, com 
significação dos conteúdos e do processo de ensino-aprendizagem (FERREIRA; 
BORGES JÚNIOR, 2020). 
 
Figura 3 - União De Todos Os Envolvidos Na Elaboração Do Projeto Político Pedagógico 
 
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Diante dessa nossa discussão, é possível evidenciar 
 
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar 
um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da 
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente 
(GADOTTI, 1994, p. 579). 
 
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Assim, o PPP é político porque tem o direcionamento, as escolhas de caminhos 
para formar cidadãos conscientes, críticos e reflexivos o termo político aqui, nada tem a 
ver com partido ou doutrina conforme nos fala Vasconcellos (2002, p. 20): “[...] Ser 
político significa tomar posição nos conflitos presentes na Polis, significa, sobretudo, a 
busca do bem comum. Não deve ser entendido no sentido estrito de uma doutrina ou 
partido”. 
Ele também é pedagógico porque é o meio pelo qual a escola define os objetivos, 
atividades pedagógicas e as ações que fará, a fim de alcançar os objetivos educacionais. 
Segundo Veiga (1995, p, 13): “[...] Pedagógico, no sentido de definir as ações 
educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e 
sua intencionalidade”. Assim, ao construí-lo, é necessário que se tenha em mente que a 
escola é um lugar de grande diversidade cultural no corpo docente e discente, onde 
existem pessoas de várias etnias, religiões, raças e classes sociais, que faz a gestão da 
escola ser um processo complexo; e o Projeto Político Pedagógico mostra-nos uma 
visão global da sociedade em que a escola está inserida, ele é o retrato fiel da identidade 
da escola, portanto ele é dinâmico e deve ser adaptado às condições sociais, 
econômicas e políticas da realidade que cerca a escola. De acordo com Vasconcellos 
(2002): 
 
A identidade se constrói na alteridade e não na confusão de ideias, 
posicionamentos e personalidades. Cada instituição deverá traçar o seu 
caminho; porém, este caminho poderá ser tanto mais interessante quanto maior 
a oportunidade de diálogo com outros sujeitos tambémposicionados. 
(VASCONCELLOS, 2002, p. 17) 
 
Luck (2008) corrobora esse posicionamento, afirmando que: 
 
Entende-se que a natureza humana básica - sua vocação primeira - consiste na 
necessidade de a pessoa ser ativa em associação com seus semelhantes, 
desenvolvendo seu potencial. Isto é, o ser humano se torna uma pessoa e 
desenvolve sua humanidade na medida em que, pela atuação social, 
coletivamente compartilhada, canaliza e desenvolve seu potencial ao mesmo 
tempo que contribui para o desenvolvimento da cultura do grupo em que vive, 
com o qual interage e do qual depende para construir sua identidade pessoal 
(LUCK, 2008, p. 61). 
 
 
A questão da identidade apontada pelos autores é de extrema importância para 
melhor articulação das ações desenvolvidas pela escola, e o diálogo necessário entre 
agentes escolares e da comunidade, para que ele seja elaborado possibilita uma maior 
aproximação e compreensão da realidade que cerca aquela instituição escolar. 
A LDB 9.394/96 em seu artigo 13 estabelece que “Os docentes incumbir-se-ão 
de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”. 
Contudo, conforme já explicitado anteriormente, é necessário que a construção do PPP 
não seja vista como uma obrigação. Você, futuro(a) professor(a) precisa ter a 
consciência de que ele deve ser um aprofundamento do trabalho em equipe, pois a 
divisão rígida entre o trabalho docente e trabalho gestor precisa se dissipar, porque hoje 
você pode ser professor(a) e no futuro assumir um cargo de coordenação. 
 
O ponto de vista que nos interessa reforçar é que a escola não tem mais 
possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder centralizador 
que dita as normas e exerce o controle técnico e burocrático. A luta da escola é 
pela descentralização em busca de sua autonomia e qualidade (VEIGA, 1995, p. 
18). 
 
A autonomia e a qualidade ficam comprometidas quando o poder é centralizado, 
conforme lemos nas palavras de Veiga (1995), o poder centralizador deve ser substituído 
pela descentralização, em que todos os envolvidos participam coletivamente e 
contribuem para o sucesso da escola. 
Para que o professor compreenda sua importância nesse processo é necessário 
que, além da formação inicial, que forneça uma base de conhecimentos, é necessária a 
formação continuada, a qual mostra-se indispensável e que pode criar momentos de 
reflexão sobre a prática. Estrela (2002, p. 153) nos confirma isso dizendo que: [...] “ 
introduzir os professores em formação inicial ou contínua em metodologias simples de 
investigação, tornando-os crescentemente autônomos na sua capacidade de análise e 
de tomada de consciência crítica no real em que operam”. 
Como já citado algumas vezes, o professor precisa ser criativo e reflexivo. A 
realidade de uma escola é sempre diferente da realidade enfrentada por outra e, o próprio 
PPP, pode fazer uma previsão da organização pedagógica para qual o professor 
precisará estar preparado, nenhum curso superior o preparará para isso e nesse caso 
 
será necessário que juntamente com seus pares, vocês realizem uma formação coletiva 
em contexto. 
Na proposta dessa formação, os educadores buscarão estudar alternativas que 
contribuam para a melhoria do trabalho, e os temas a serem pesquisados, refletidos e 
debatidos, são definidos conforme o PPP da escola; tornando-os assim participantes 
ativos desse processo. 
Finalizamos assim este tópico com as palavras de Imbernón (2000) 
 
A escola deve abrir suas portas e derrubar suas paredes não apenas para que 
possa entrar o que passa além de seus muros, mas também para misturar-se 
com a comunidade da qual faz parte. Trata-se “simplesmente”, de romper o 
monopólio do saber, a posição hegemônica da função socializadora, por parte 
dos professores, e construir uma comunidade de aprendizagem no próprio 
contexto. (IMBERNÓN, 2000, p.95) 
 
Avalie como é necessário que isso reflita para a comunidade, que seja algo que 
atinja o meio social a que está inserida. 
 
 
 
4 O PAPEL DO PEDAGOGO FRENTE À FORMAÇÃO CONTINUADA DOS 
PROFESSORES E OS ASPECTOS QUE ENVOLVEM O PROCESSO DE ENSINO E 
DE APRENDIZAGEM 
 
 
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Caro(a) aluno (a), refletiremos agora sobre o papel do pedagogo frente à formação 
continuada e os aspectos que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Já é 
sabido que professor é um ser em constante formação e a aprendizagem contínua 
colabora para o desenvolvimento docente e da sociedade em geral. 
De acordo com Nóvoa (2017), as propostas de formação continuada devem 
atender a dinamicidade presente no século XXI, favorecendo a reflexão contínua sobre 
a prática e baseadas nas necessidades que surgem no cotidiano. A respeito disse, 
Alarcão (2007) nos chama a atenção dizendo que: 
 
Falaremos então de uma nova forma de estar na profissão e de viver a profissão 
assumindo que, perante a imprevisibilidade, a constante mudança e a exigência 
dos contextos de atuação, a formação ao longo da vida surge como um 
imperativo inquestionável.(ALARCÃO, 2007, p. 13) 
 
Nóvoa (1992) nos diz ainda que é necessário investir positivamente nos saberes 
que o professor detém, trabalhando e desenvolvendo-os de um ponto de vista teórico e 
conceptual, para que esses saberes tornem-se práticas pedagógicas mais significativas 
e primordiais, a fim de atender às demandas da sociedade atual. 
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O papel do pedagogo na formação continuada é o de planejar e acompanhar a 
execução dos processos, sejam eles didáticos, políticos, pedagógicos ou sociais; ele é 
um articulador e condutor do processo de formação continuada, contribuindo para uma 
prática reflexiva coerente planejando ações coletivas. 
Nesse contexto, Franco (2012, p. 110) esclarece-nos alguns pontos sobre o papel 
do pedagogo: O pedagogo será́ aquele profissional capaz de mediar teoria pedagógica 
e práxis educativa e deverá estar comprometido com a construção de um projeto político 
voltado à emancipação dos sujeitos das práxis na busca de novas e significativas 
relações sociais desejadas pelos sujeitos. 
Libâneo (1999) ratifica essa compreensão: 
 
O Pedagogo assume a tarefa de orientar a prática educativa de modos 
conscientes, intencionais, sistemáticos, para finalidades sociais e políticas 
cunhadas a partir de interesses concretos no seio da prática social, ou seja, de 
acordo com exigências concretas postas à humanização num determinado 
contexto histórico social. Junto a isso formula e desenvolve condições 
metodológicas e organizativas para viabilizar a atividade educativa nos âmbitos 
da escola e extra escola.(LIBÂNEO, 1999, p. 135) 
 
Para ser um bom profissional, em qualquer área, é necessário ter o domínio de 
conhecimentos pertinentes para garantir eficiência em sua ação, a fim de alcançar os 
resultados esperados; com os pedagogos isso não é diferente, é necessário que se 
busque uma formação teórica boa, para saber articular saberes práticos que formarão a 
base para o desempenho de sua profissão. Dominar um método científico permite 
entender o trabalho pedagógico escolar em sua dinamicidade teórica e prática, diante de 
suas particularidades, mas também de sua totalidade e complexidade, possibilitando, 
ainda, compreender as diversas determinações que constituem e engendram o espaço 
escolar e interferem no trabalho social da escola (SÁ, 2006). 
Se o pedagogo possuir uma boa base de conhecimentos, ele é capaz de realizar 
uma análise para os problemas, e vê-los além do imediatismo, mostrando níveis mais 
profundos de compreensão. Ele é apontado, então, como o profissional que reúne as 
condições de refletir, juntamente com os professores, os enfoques das práticas, 
confrontando com a teoria e o contexto social e cultural dos discentes. Hagemeyer (2006) 
fala-nos que é por meio da: 
 
[...] interação entre a consciência e as circunstâncias,entre 
pensamento/conhecimento e realidade sócio-cultural, que se configura a 
possibilidade de atuação do profissional pedagogo/professor. O caráter 
mediador de articulação entre os dois pólos, o teórico e o prático, é realizado 
pelo caráter mediador do trabalho pedagógico.(HAGEMEYER, 2006, p. 37) 
 
A todo momento, novas tecnologias e linguagens são introduzidas no contexto 
escolar, onde ocorre a reelaboração dos currículos, as maneiras de ensino e 
aprendizagem, a estrutura escolar, e as diversidades sociais e culturais tornam-se mais 
evidentes. Imbernón (2010, p. 72) afirma que “contemporaneamente, o que tenho visto 
e vivido no meu contexto profissional é uma formação continuada de cima para baixo, 
padronizada, implementada por especialistas na qual se desconsidera o conhecimento 
que o professor amealhou na sua trajetória”. 
Diante disso, é possível avaliar que: 
 
[...] as ações de formação continuada são ações didáticas, elas próprias 
consistem de um processo de ensino, de modo que tudo o que queremos que 
aconteça nas escolas em termos de mudança de atitude dos professores na sala 
de aula, deve acontecer também nas ações de formação continuada (LIBÂNEO, 
1999, p. 40). 
 
Em concordância com ele, Mizukami (2003, p. 74) afirma ser preciso possibilitar 
oportunidades reais e apropriadas de aprendizagem profissional, que devem estar 
inseridas na organização de seu trabalho diário, o que estimulará competências de 
investigar, experimentar, consultar e avaliar. Nessa maneira de analisar, o papel do 
pedagogo é de suma importância para dar suporte ao desenvolvimento coletivo e 
individual tendo como ponto de partida os saberes, experiências e os problemas do 
cotidiano da escola. 
Fazendo dessa maneira o papel do professor muda, conforme dito por Nóvoa: “os 
professores não são apenas consumidores, mas também produtores de saber; não são 
apenas executores, mas também criadores de instrumentos pedagógicos; não são 
apenas técnicos, mas são também profissionais críticos e reflexivos” (NÓVOA, 1992, p. 
31). 
Sendo assim, o trabalho ativo e intencional do pedagogo aliado com o projeto 
político pedagógico da escola colabora para que o professor tome consciência sobre sua 
ação e atuação. Pinto (2011, p. 153) afirma que “a atuação do pedagogo junto aos 
 
professores só faz sentido, se não perder de vista seu fim último, a melhoria da 
aprendizagem dos alunos”. Então, o objetivo da mediação do pedagogo é a melhoria 
das práticas docentes e como consequência a qualidade do processo de ensino e 
aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Paulo Freire é um dos intelectuais brasileiros mais referenciados do mundo — 
está entre os 100 mais citados em estudos e o seu livro mais famoso, Pedagogia do 
Oprimido, é a terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos da área de humanas. 
 Ao redor do globo, o educador é tido como referência mundial em qualidade de 
ensino e já foi homenageado em diversos países. O Centro Paulo Freire Finlândia é um 
espaço dedicado à discussão da obra do escritor brasileiro. Existem, também, centros 
de estudos semelhantes em outros países como África do Sul, Áustria, Alemanha, 
Holanda, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. 
Fonte: FREIRE, Paulo. Paulo Freire: o que diz a filosofia do educador brasileiro? Politize, 2021. Disponível 
em: https://www.politize.com.br/paulo-freire/. Acesso em: 14 out. 2021. 
 
REFLITA 
 
O foco de atuação do licenciado é sim a docência, mas isso não impede que ele 
realize outras atividades relacionadas a sua habilidade, como consultorias, pesquisas e 
também o serviço público por meio de concursos que exigem apenas a graduação. 
Pense nisso! 
 
Fonte: QUER ser professor? Veja 7 curiosidades dos cursos de licenciatura. São Judas, 2021. Disponível 
em: https://www.usjt.br/blog/quer-ser-professor-veja-7-curiosidades-dos-cursos-de-licenciatura/ Acesso 
em: 15 out. De 2021. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro(a) aluno (a), chegamos ao final de mais uma unidade, a qual trouxe-nos 
reflexões sobre como política, história e educação andam lado a lado; uma não existe 
sem a outra. 
Voltamos no tempo para aprender onde surgiram os primeiros professores no 
mundo e no Brasil, quais foram seus caminhos traçados pela educação em nosso país 
desde o tempo dos Jesuítas, vimos sobre os três grandes períodos da evolução da 
formação de professores. Compreendemos que é de suma importância para o 
desenvolvimento da educação, passamos pelos períodos de formação no magistério, a 
escola nova com o Manifesto do Pioneiros e a concepção pedagógica produtivista, 
ressaltamos sobre alguns artigos da LEI LDB 9394/96 e baseamo-nos nela para 
compreender sobre os processos. 
Foi abordado sobre o papel da formação inicial e continuada na carreira do 
professor; e quais foram suas implicações para executar boas práticas pedagógicas. 
Vimos sobre a construção do Projeto Político da Escola, ressaltamos que ele é muito 
mais que um documento; é um norte para a escola nos aspectos pedagógicos e para 
gestores, que é montado com a ajuda de todos os membros envolvidos na instituição 
escolar : docentes, discentes, gestão e comunidade; refletirmos sobre sua importância 
e implicações para o futuro. 
E, por fim, falamos sobre a função do pedagogo na instituição escolar, como ele 
pode vir a contribuir na formação continuada dentro da escola e qual a sua importância. 
Foi um prazer ajudá-lo(a) a construir esses conhecimentos! 
 
Até a próxima unidade! 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A formação dos professores precisa estar alinhada com o Projeto Político Pedagógico, 
cada vez mais, valorizando uma educação transformadora. O artigo ‘Os Modelos de 
Formação de Professores/as da Educação Básica: quem formamos?’ escrito por Camila 
Lima Coimbra, da Universidade Federal de Uberlândia, discute como identificar o lugar 
– ou os lugares – da formação de professores/as para a Educação Básica no Brasil. 
 
Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/edreal/a/xJnsTVj8KyMy4B495vLmhww/?format=pdf&lang=pt . 
Acesso em: 07 dez. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: Qualidade do Ensino e Formação do Professorado Uma Mudança Necessária. 
• Autor: Francisco Imbernón. 
• Editora: Cortez Editora. 
• Sinopse : Este livro tem como objetivo ajudar o leitor a refletir sobre questões 
relacionadas com a educação. Está dividido em duas partes. Na primeira, são analisadas 
a figura do professor, a escola e a qualidade do ensino. A segunda trata dos professores 
e sua formação como elemento essencial na qualidade da educação em todos os 
âmbitos, para ser conduzida até os novos aspectos, como a criação de redes de 
formação. 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: Preciosa 
• Ano: 2009. 
• Sinopse.O filme conta a trajetória de Claireece “Preciosa” Jones, uma garota negra que 
sofre abusos e violências pelos pais. Pobre, ela por uma série de discriminações por ser 
analfabeta e acima do peso. Com muita coragem e a ajuda de uma educadora que 
acredita na sua possibilidade de mudança, Preciosa dá a volta por cima. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
 
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino 
de 1º e 2º graus, e dá outras providências. MEC. Ensino de 1º e 2º grau. Brasília, DF, 
ago. 1971. 
 
BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, nº 248, 23 de dezembro de 1996. 
 
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Conversão da Medida Provisória nº 
746, de 2016. Brasília, DF, fev. 2017. 
 
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incertezas contemporâneas. In: ENS, R. T.; BEHRENS, M. A. (Orgs.). Ser professor: 
formação e os desafios na docência. Curitiba: Champagnat, 2011. 
 
ESTRELA, Maria Teresa. A investigação como estratégia de formação continuada de 
professores: reflexão sobre uma experiência. in: SHIGUNOV NETO, Alexandre; 
MACIEE, Lisete Shizue Bomura (Orgs.) Reflexões sobre a formação de professores. 
São Paulo: Papirus, 2002. 
 
FERREIRA, M. C. S.; BORGES JÚNIOR, M. A importância do projeto político 
pedagógico na construção do processo de ensino-aprendizagem contextualizado: um 
estudo de caso da CEFFA Manoel Monteiro. Revista Exitus, v. 10, p. 01-26, 2020. 
 
FRANCO, M. L. P. B. Análise de Conteúdo. 4. ed. Brasília: Liber Livro, 2012. 
 
FREIRE, P. Educação e mudança. 24. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. 
 
GADELHA, R. M. A Formação Inicial E Continuada De Professores. In: VII Congresso 
Nacional de Educação - CONEDU. 2020, Maceió-AL. Anais: Educação Como 
(Re)existência: mudança, conscientização e conhecimentos. Maceió-AL, 2020. 
 
GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In. MEC, Anais da 
Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, ago. - set. de 1994. 
 
GHIRALDELLI JR., P. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. 
 
HAGEMEYER, R. C. C. Formação docente e contemporaneidade: fundamentando o 
 
processo das práticas catalisadoras. (Tese de doutorado), Universidade de São Paulo: 
2006. 
 
IMBERNÓN, Franscisco (org). A educação no século XXI: os desafios do futuro 
imediato, trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 
 
IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Tradução Juliana dos Santos 
Padilha. Porto Alegre: Artmed: 2010. 
 
IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a 
incerteza. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 
 
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? São Paulo: Cortez, 1999. 
 
LIMA, I. S. de M.; ANDRADE, A. I.; COSTA, N. M. V. N da. A prática pedagógica na 
formação inicial de professores em Cabo Verde: perspectivas dos supervisores. 
Educação & Formação, v. 5, n. 13, p. 3-26, jan./abr. 2020. 
 
LUCK, Heloísa. A Gestão participativa na escola. Petrópolis: Vozes, 2008. 
 
MIZUKAMI, M. G. N. Relações Universidade – Escola e Aprendizagem da 
Docência: Algumas Lições de Parcerias Colaborativas. VII Congresso Estadual 
Paulista Sobre Formação de Educadores. Águas de Lindóia: 2003. 
 
MUNCK, L.; BORGES, M. Aprendizagem, desenvolvimento de competências e 
reflexões sobre o aprender: relato de experiência utilizando aprendizado mais profundo 
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NÓVOA, A. Profissão Professor. Porto: Porto Editora, 1995. 
 
NÓVOA, A. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos 
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OLIVEIRA, C. G de. A matriz positivista na educação brasileira: uma análise das portas 
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PIMENTA, S. G. (Org.). Didática e formação de professores. São Paulo: Cortez, 
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PINTO, U. de A. Pedagogia escolar: coordenação pedagógica e gestão escolar. São 
Paulo. Cortez, 2011. 
 
 
SÁ, R. A. de. Contribuição para uma concepção de formação continuada unitária do 
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SAVIANI, Dermeval. Educação e colonização: as ideias pedagógicas no Brasil. In: 
STEPHANOU, Maria e BASTOS, Maria H. (Orgs.) Histórias e memórias da educação 
no Brasil, vol. I: séculos XVI-XVIII. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 
 
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. Edição Comemorativa. Campinas: Autores 
Associados, 2008. 
 
TANURI, Leonor M. O ensino normal no estado de São Paulo: 1890-1930. São 
Paulo: Faculdade de Educação da USP, 1979. 
 
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do 
projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002. 
 
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político-Pedagógico da escola: Uma 
construção possível. Campinas: Papirus, 1995. 
 
XAVIER, Libânia Nacif. Para além do campo educacional: um estudo sobre o 
Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932). Bragança Paulista: EDUSF, 2002. 
 
 
UNIDADE III 
A CONTRIBUIÇÃO DA PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE PARA A FORMAÇÃO DO 
DOCENTE: AGENTE QUE ENSINA E APRENDE 
Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
• Contexto histórico e político; 
• O professor e o processo de ensino e de aprendizagem; 
• As contribuições de Paulo Freire; 
• Educação humanizada. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar Paulo Freire; 
• Compreender a concepção de Freire para a formação docente; 
• Estabelecer a importância da contribuição de Freire para a educação humanizada. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Estudante, nesta unidade vamos dialogar sobre a influência de Paulo Freire na 
educação brasileira sob diferentes pontos de vista: primeiro sobre a formação do 
educador, em seguida, sobre suas contribuições para o distanciamento da escola 
tradicional e, por fim, seus preceitos sobre a escola humanizada. 
 Para que tais argumentações sejam mais efetivas, começaremos estudando 
sobre quem foi Paulo Freire e como este educador foi capaz de deixar um legado tão 
rico e inovador à educação brasileira. 
Boa leitura! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO 
 
Imagem do Tópico: 
 
Fonte: Cherries/shutterstock 
 
A ideia de se discorrer sobre Paulo Freire, filósofo e educador, tanto na sua 
influência, quanto no marco que deixou na educação brasileira, quando levada à 
formação docente, apresenta um significado ainda maior e mostra-nos, por fato, que sua 
contribuição ainda ecoa na educação de nossas crianças e adolescentes. 
A contribuição de Freire está sempre ligada a uma mudança severa na visão dos 
conceitos de educação, ensino, que nortearam por anos a formação docente. Em sua 
história de mais de meio século, o Brasil passou por profundas mudanças políticas, 
sociais, econômicas com grandes reflexos na educação. 
O que Paulo Freire fez foi iniciar um movimento pela visão de uma educação 
libertadora com repercussão em diversos países, assim como defendem Gumiero e 
Araújo (2018): 
 
São indiscutíveis as contribuições e a presença ativa do educador Paulo Freire na 
vida educacional, política e cultural do país e a sua influência na educação em 
vários países do mundo. Desde a sua participação do início do Movimento de 
Cultura Popular (MCP), em Recife/PE, Freire assumiu importantes cargos, tais 
como: presidente da Comissão Nacional de Cultura Popular e a coordenação do 
 
Programa Nacional de Alfabetização (PNA), então promovido pelo Ministério da 
Educação. (GUMIERO;ARAÚJO,2018, p.3) 
Mas, apenas no começo de 1963 que o nome de Paulo Freire passou a ecoar com 
grande destaque em território nacional, por conta de seu método inovador de 
alfabetização de adultos, cujo sucesso levou ao amplo uso pela Secretaria de Educação 
do Estado do Rio Grande do Norte. 
O que se observou nos anos seguintes foi a popularização de sua metodologia 
pela maioria dos movimentos educativos que adotavam práticas mais populares. Seus 
métodos abusavam da conexão da didática com práticas cotidianas, defendendo a 
necessidade de uma conscientização que com o uso de seu método,o qual defende a 
busca por uma sociedade mais justa, seria viável, alcançável (SCOCUGLIA, 1999). 
Vale ressaltar que o contexto político brasileiro sempre influenciou a atuação de 
Paulo Freire e com a queda da ditadura de Vargas, a Campanha de Educação de Adultosfoi capaz de manter a política por ele instituída, que, embora centralizadora, tinha por 
objetivo e diretrizes o estabelecimento dos critérios gerais a serem aplicados por seus 
estados e municípios. 
A campanha tinha por objetivo “[...] estender às massas letradas o domínio das 
técnicas elementares de leitura, a escrita e os rudimentos de cálculo, além de noções 
básicas de higiene, saúde e conhecimentos gerais” (GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 04). 
A aplicação do material didático da Campanha de Educação de Adultos começou 
a ser aplicado na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, mesmo que a princípio, 
com o uso de folhas mimeografadas (uma forma de reprodução de folhas que utilizava a 
pressão de uma matriz e álcool). Mas pouco tempo depois materiais estruturados foram 
disponibilizados, como: 
 
● A cartilha Ler - primeiro guia de leituras; 
● Saber - segundo guia de leituras; 
● Caderno de Aritmética; 
● Malária; Tuberculose; 
● Maria pernilonga; 
● Tirar leite com ciência; 
● Uma das melhores frutas do mundo; 
● Lindaura vai fazer manteiga; o grão de ouro; Terra cansada, além de 
outros (BEISIEGEL, 2010 apud GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 04). 
 
 
Com esses materiais, o objetivo imediato seria de proporcionar o domínio da 
leitura e escrita, em adolescentes e adultos, o que também incluiu sua capacitação em 
conhecimentos gerais, saúde e higiene. Naquele primeiro momento, as orientações 
foram, de acordo com Freire (1959): 
[...] acerca das relações entre o homem, a educação e a sociedade. Considerava 
o homem um ser de relações, aberto para o mundo, que dialoga com os outros 
homens, distingue o ontem do hoje e do amanhã, o aqui do ali, mantém relações 
com o ‘mundo natural’, que não é criação sua, mas ao qual confere uma 
significação que varia ao longo da história e o ‘mundo da cultura’, que é criação 
sua, [...]. (FREIRE 1959, p. 8-9 apud GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 
04): 
 
O que Freire desejava ressaltar era, naquele momento, que a relação do homem 
com a educação e a sociedade, em geral, não deveria ser passiva, ou seja, o homem 
deve se deixar marcar e marcar ao mesmo tempo. Nesse sentido, o homem deve 
prevalecer em sua relação com sua realidade, sobre seus outros mundos, como um 
criador de culturas, e na humanidade que realiza com os outros homens. De acordo com 
Beisiegel (1982 - 2008): 
 
Em seus estudos e nas suas práticas pedagógicas, Freire também considera suas 
reflexões sobre as modalidades de consciência e sobre as características de uma 
educação comprometida com o processo de conscientização: “[...] uma 
consciência que não percebe nem pode perceber, claramente, pelo menos, o que 
há nas ações humanas de respeito a desafios e a questões que a vida apresenta 
ao homem”.(BEISIEGEL, 1982-2008, p. 81 apud GUMIERO; 
ARAÚJO, 2018, p. 04) 
 
A segunda, a consciência transitiva, ingênua em seu primeiro momento, e que se 
caracterizava por sua simplicidade ao interpretar problemas, ao idealizar o passado, ao 
subestimar o homem comum, uma consciência crítica, como afirma Freire (1959) 
 
[...] se caracteriza pela profundidade na interpretação dos problemas, pela 
substituição de explicações mágicas por princípios causais, pela recusa a 
posições quietistas, pela segurança na argumentação, o gosto pelo debate, uma 
maior dose de racionalidade, pela apreensão e receptividade a tudo que é novo e 
 
pela aceitação da massificação como um fato. (FREIRE, 1959, p. 30-31 
apud GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 05) 
 
 
O ponto focal desse modelo de educação seria a construção de personalidades 
democráticas, em que o diálogo agia como o cimento, a solda no processo educativo. 
Portanto, Freire apresenta o diálogo como um componente intrínseco para a promoção 
da democracia. 
 
SAIBA MAIS 
 
Saiba mais sobre a história das primeiras experiências de alfabetização de Paulo 
Freire para a educação de adultos em um excelente documentário. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8. Acesso em: 07 dez. 2021. 
#SAIBA MAIS# 
A simplicidade também era destaque no método de alfabetização de Freire, para 
a construção de uma prática educativa de forma a retirar de palavras comuns como 
aluno, escola, classe e professor, seus significados inaceitáveis e, ao mesmo tempo, 
domesticadores da educação brasileira tradicional, dessa forma: 
 
[...] as classes eram substituídas pelos ‘círculos de cultura’; os ‘alunos’, pelos 
‘participantes do grupo de discussões’; os ‘professores’ cediam lugar aos 
‘coordenadores de debates’. De igual modo, a ‘aula’ era substituída pelo ‘debate’ 
ou ‘diálogos’ entre educador e educandos e o ‘programa’, por ‘situações 
existenciais’ (GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 05). 
 
De acordo com o procedimento desenhado por Freire, existia um formato 
específico de introdução dos adultos analfabetos ao estudo da cultura, com a aplicação 
das fichas de cultura, em que cada uma das 10 fichas apresentava uma cena específica, 
https://www.youtube.com/watch?v=5y9KMq6G8l8
 
um desenho, ou pintura, ou fotografia. De acordo com Freire (1963 apud GUMIERO; 
ARAÚJO, 2018, p. 05) essas fichas mantinham o seguinte conteúdo: 
 
1. A primeira tinha como tema ‘O homem diante da natureza e da cultura’. 
Ela reproduzia a figura de um casal de costas para o espectador, contemplando 
uma paisagem com casas, coisas construídas pelo homem, pássaros, animais, 
árvores etc. 
2. A segunda reproduzia a figura de um índio atirando uma flecha num 
pássaro que voa. 
3. A terceira ficha apresentava a figura de um caçador armado de 
espingarda. 
4. A quarta reproduzia a figura de um gato caçando um rato. 
5. A quinta, a figura de uma mulher debaixo de uma tenda de palha, fazendo 
louças de barro. 
6. A ficha seis apresentava um prato, uma moringa e uma panela de barro, 
produzidos por uma mulher. 
7. Na sete, viam-se dois cantores tocando viola, com um rádio ao lado. 
8. A oitava ficha reproduzia a figura de um vaqueiro do Nordeste. 
9. A nona, apresentava a figura de um gaúcho de bombachas. 
10. E a ficha número dez mostrava um grupo de adultos dialogando num 
‘círculo de cultura’. 
 
Além de uma sequência didática lógica, cada ficha continha seu significado, seu 
objetivo, como identificar objetos na cultura e na natureza, por exemplo, ou mudanças 
de atitude, autoconsciência. Para Freire, esses debates, oferecidos pelas fichas, 
deveriam girar em torno da aquisição da experiência humana pela dimensão cultural, que 
vem da comunicação escrita como a melhor via para se somar às experiências 
acumuladas. 
 Um grande destaque do método proposto por Freire estava na sua abordagem quase 
que artesanal do ensino, em que era conduzido um estudo sobre a vida da comunidade 
que receberia o trabalho. Nesse estudo, informações sobre a região, costumes locais e 
sobre os futuros alunos, mas se expandia ao ponto de incluir usos e costumes locais, 
religião e política. 
 A necessidade do estudo se via na prática ao permitir a melhor escolha das palavras, 
que poderiam carregar significados diferentes na região, ou seja, estabeleceram um 
universo vocabular mínimo, que, de acordo com Beisiegel (2010): 
 
Levantado esse ‘universo vocabular’, procedia-se à seleção das ‘palavras 
geradoras’. Os mecanismos da linguagem escrita eram estudados por meio do 
progressivo desdobramento das ‘palavras geradoras’ em sílabas e, quando fosse 
necessário, em vogais que, reunidas depois, pelos próprios educandos, 
possibilitavam, em novas associações, a formação de novas 
palavras.(BEISIEGEL, 2010 apud GUMIERO; ARAÚJO, 2018, p. 06) 
 
 
Essas palavras geradoras eram escolhidas e com elas os coordenadores de 
debates passariam a buscar as situações existenciais típicas dos alunos-alvo do estudo, 
da metodologia. Uma palavra escolhida geraria uma representação gráfica relativa a algo 
comum da rotina dos alunos específicos, como, por exemplo, um martelo, que passaria 
a ser tratado no uso cotidiano dos alunos,como em um reparo de uma cerca. 
 De fato, tal método buscava responder às reivindicações por uma educação capaz de se 
adaptar ao desenvolvimento de uma relação positiva com as mudanças 
socioeconômicas e políticas. Mas vale ressaltar que o modelo buscava formar agentes 
que trabalhassem pela mudança social, capazes de substituir a figura da autoridade na 
educação, por outra, em que o educador estivesse mais próximo do educando e 
trabalhando seus conteúdos através das experiências da vida real. 
 
 
 
2 O PROFESSOR E O PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM 
 
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Na educação brasileira existem poucos nomes tão valorados como o de Paulo 
Freire, ao ponto de ser reconhecido internacionalmente por sua metodologia de 
alfabetização de adultos. Freire desenvolveu o pensamento pedagógico e tinha como 
maior objetivo, fazer com que os alunos fossem seres pensantes e conscientes, capazes 
de promover sua própria libertação. Sobre Paulo Freire, que criticava a ideia de que 
ensinar restringia-se apenas em transmitir o saber, temos que, de acordo com Zluhan e 
Raitz, (2014, p. 432, apud LIRA et al., 2019, documento on-line). 
 
[...] para ele o dever do docente é garantir, possibilitar, promover, gerar e 
manter os conhecimentos de mundo e da vida. Para este autor, não valia a 
concepção de que o aluno necessita só de condições facilitadoras para o auto 
aprendizado, prevendo assim, para o professor, um papel diretivo e informativo, 
pois media a relação entre o aluno e o conhecimento, mas não como verdade 
absoluta, mesmo porque ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas 
também não aprendem sozinhas. Os homens são educados entre si mediados 
pelo mundo. 
 
Freire apresentou a premissa de que a cultura do aluno não deveria ser vista, e 
nem era, melhor ou pior que a do professor, o que representou, naquele momento, que 
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o professor, além do aluno, também deveria aprender neste método de ensino e 
aprendizagem, não apenas o aluno, o que representou “[...] uma das grandes inovações 
da pedagogia freiriana, considerar que o sujeito é fruto da criação cultural, nunca é 
individual” (RUGUT, OSMAN, 2013, apud LIRA et al., 2019, documento on-line). 
 Portanto, podemos concluir que o processo de ensino e aprendizagem freiriano 
valorizava a cultura do aluno como fator preponderante para o progresso da 
conscientização, mesmo que, a princípio, o método fosse destinado a adultos. Esse 
método se propôs a encontrar e validar as palavras-chave dos alunos, também 
chamadas de palavras geradoras, capazes de promover as experiências da vida comum 
desses alunos. 
 Grande parte do conceito que Freire adotou no desenvolvimento dessa abordagem para 
a educação de adultos está centrada no fato de que o ser humano é um ser inacabado, 
ou seja, está sempre construindo sua história, aprendendo, ensinando (LIMA; BRAGA, 
2016). Para Paulo Freire (1987, p. 43 apud LIRA et al., 2019, documento on-line), o 
ensino deve valorizar: 
 
[...] o homem, desenvolva suas capacidades e corresponda com a própria 
natureza do ser humano que é de se humanizar dentro da sociedade, 
configurando-se participante e principalmente transformador de uma realidade 
injusta e discriminatória. 
 
Mas, o processo pedagógico que permite tal humanização depende de que sejam 
modificadas as relações socioculturais dentro da prática pedagógica vigente e, com isso, 
deve passar a manter tanto o docente quando o discente, como figuras ativas no 
processo, para que tanto as significações quanto as ressignificações sejam mútuas. 
 Assim, vale destacar que Paulo Freire considera esse processo com um foco maior na 
concepção da educação plena, em que o ato de educar deve representar o depósito do 
saber no aluno, mas onde se faz necessário complementar tal consideração, como o 
pensamento e o conhecimento (LIMA; BRAGA, 2016). O complemento dessa educação 
plena significa falar da realidade estática, passada, mas sem a inquietação e em que o 
educador posiciona-se como um agente responsável por encher os alunos de seu 
 
conteúdo, sua narrativa. 
 Para a educação em massa, desafios como a exclusão, desfragmentação e 
desarticulação das comunidades escolares, Freire apresenta mais uma contribuição 
quando desenvolve um projeto de uma educação libertadora, em que eleva em 
importância o uso do recurso de aprendizagem pela leitura, e pela escrita, sem deixar de 
lado a politização do educando. 
 Para Freire, ao observar sua atuação e construções metodológicas, a educação não é 
neutra, pois deve se originar das diferentes realidades, de seus significados, e cujas 
diferentes reflexões tendem a transformar, lhe dar forma. Nessa perspectiva, frisa-se 
que: 
 
[...] que o espaço da sala de aula precisa ser democrático, dialógico e criativo 
para poder fluir e a escola possa se tornar viva. Afinal, é possível aprender a ser 
democrata com métodos que produzam o autoritarismo. Neste contexto, a 
educação precisa ser compreendida ao mesmo tempo como um ato político, 
como um ato de conhecimento e como um ato criador e mais eficaz (LIRA et al., 
2019, documento on-line). 
 
Portanto o ato de educar deve despertar a indagação, a constatação e estimular 
a intervenção, pois se trata de um ato de se apropriar de diferentes conhecimentos, trocar 
saberes, sejam empíricos, do mundo, e o mais importante: as vivências e experiências. 
 Para Freire a verdadeira aprendizagem deve transformar o educando, pois ele deve 
reconstruir os saberes que lhe são transmitidos por seus educadores (LIMA; BRAGA, 
2016). De acordo com sua ressignificação esse educando pode crescer, o que nos leva 
a compreender que para a verdadeira aprendizagem existem certas condições que 
permitirão tornar tais alunos em seus reais construtores e reconstrutores do saber. 
Essa questão de o educando ser o seu próprio ponto focal, ser o ator principal do 
enredo de sua própria educação perdura nos dias de hoje, e não tira a importância do 
educador, apenas o coloca em uma posição em que consegue ser muito mais efetivo: 
na posição de mediador dessa aprendizagem. Assim, o aluno passa a ser visto como 
indivíduo, e não como o objetivo de uma estatística, de uma política pública, pois ele é 
 
parte do processo ensino-aprendizagem para esta concepção progressista. 
 A sociedade atual aceitaria melhor um Paulo Freire vivo, do que a sociedade de seu 
tempo? 
 Estes conceitos e conclusões nos permitem compreender que o maior trabalho de Paulo 
Freire não foi necessariamente sua metodologia, mas sim demonstrar onde deveriam 
estar às importâncias, os valores, no processo pedagógico que necessitava ser 
problematizador e transformador, o que mais uma vez permitiu-se visualizar o porquê 
esta educação não deveria ser neutra. E de acordo com Dunham (2018, apud LIRA et 
al., 2019, documento on-line): 
 
E nessa perspectiva, a teoria da aprendizagem é a construção humana para 
interpretar um conhecimento específico chamado de aprendizagem. Representa 
o ponto de vista de um autor sobre como interpretar as variáveis em relação a 
esta temática. 
 
Sobre o impacto de Freire na formação docente, temos a estrutura de sua 
proposta de trabalho em que seria possível atuar com alunos, mesmo que portassem 
alguma dificuldade de aprendizagem de forma a melhorar suas técnicas de ensino com 
o ressignificado dentro desse processo educativo, que apresentou como método de 
avaliação os seguintes parâmetros: 
 
-Verificar como as principais teorias da aprendizagem influenciam no processo 
educacional brasileiro, considerando os aspectos epistemológicos, sociais e 
políticos da inter-relação do indivíduo; 
-Discutir questões que envolvam dificuldades de aprendizagem e técnicas de 
intervenção e prevenção; 
-Caracterizar e discutir temáticas voltadas aos modelos das teorias da 
aprendizagem humana e suas nuances; 
-Analisar asconcepções da aprendizagem, identificando quais modelos são 
determinantes para que a mesma se desenvolva (LIRA et al., 2019, documento 
on-line). 
 
 
Esta metodologia apresenta seu maior destaque no fato de que o processo de 
aprendizagem pode ser definido de forma sintética, no que diz respeito à forma com que 
os alunos adquirem novo conhecimento, e no quesito processo avaliativo, (MERRIAM, 
2017, apud LIRA et al., 2019, documento on-line). 
 
[...] deve-se considerar que este deve ser um processo global, dinâmico, pessoal, 
gradativo, acumulativo e contínuo. O professor em sala, deve fazer uso desse 
processo para melhor desenvolver seu ato de ensinar e respaldar o de aprender 
na busca de ressignificar a aprendizagem (MERRIAM, 2017, apud LIRA et al., 
2019, documento on-line). 
 
Dentro dessa estrutura, dessa metodologia, o educador também pode envolver o 
educando no processo avaliativo transferindo-lhe a responsabilidade pela 
aprendizagem, até mesmo, ao definir os tamanhos dos grupos e estabelecer diálogos 
que contribuam para o desenvolvimento individual, sempre com a observação do 
professor. 
 
 
3 AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE 
 
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Podemos estabelecer que uma das maiores contribuições de Freire, foi em 
mostrar ao educando que ele tem por responsabilidade uma eterna busca por 
conhecimento, o que permite a evolução de seus métodos pedagógicos ao mesmo 
tempo em que se torna um professor de maior significância na sua capacidade de 
mediador do processo de ensino-aprendizagem de seus educandos. 
 Segundo Freire (2006, p. 29 apud SILVA; BARBOSA, 2019, p. 166), “não há 
ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Assim sendo, fica demonstrado que 
enquanto ensina o professor necessita sempre estar buscando meios para constatar o 
que aprende e ensina.” Pois, o professor que nada aprende, pouco é capaz de ensinar. 
E, esse saber do docente, deve ser pautado em um contexto, uma realidade como a 
base que forma o seu conhecimento, assim como de seu aluno. 
 
 
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SAIBA MAIS 
 
O professor aprendendo com os alunos é um conceito que ainda desperta receio e medo 
em muitos docentes, mas é parte vital ao processo de ensino-aprendizagem 
humanizado, com isso recomendo o artigo do IFPB sobre “Ser professor é aprender com 
os alunos, pois eles têm muito a ensinar”. 
Fonte: NETO, A. G. Ser Professor é aprender com os alunos, pois eles têm muito a ensinar, 2016. 
Disponível em: https://www.ifpb.edu.br/joaopessoa/noticias/2016/10/201cser-professor-e-aprender-com-
os-alunos-pois-eles-tem-muito-que-ensinar201d. Acesso em: 16 out. 2021. 
#SAIBA MAIS# 
Portanto, seguir os ensinamentos de Freire significa ao professor jamais deixar de 
ser educando, que em seu caso podemos nomear pesquisador, pois deve estar sempre 
atualizado, se capacitar constantemente, o que o coloca na rota da educação 
permanente. Somente o professor devidamente capacitado e atualizado pode dar aos 
alunos seu melhor, conhecimento atual, relevante. 
 
É importante que o docente crie o hábito de pesquisar, buscando sempre estar 
atualizado; buscando sempre a capacitação profissional, a educação 
permanente, a promoção social, evitando se tornar um profissional obsoleto. A 
fim de poder conhecer o que ainda não se sabe e transmitir as novidades aos 
alunos (as), fazendo com que a curiosidade dos mesmos transite da ingenuidade 
do senso comum à "curiosidade epistemológica", carregada de criticidade 
(FREIRE, 2006, p. 29, apud SILVA; BARBOSA, 2019, p. 166). 
 
Para Teixeira (2017, p. 01 apud SILVA; BARBOSA, 2019, p. 166) podemos 
compreender que a “Competência só pode ser constituída na prática. Não é só o saber, 
mas o saber fazer. Aprende-se fazendo, numa situação que requeira esse fazer 
determinado”. O que nos leva de volta ao que apresenta Freire ao afirmar que o educador 
deve ser o eterno provocador de situações, que engaja culturalmente a quem estiver em 
sua sala de aula, em comunhão pelo conhecimento. 
 
Para Freire, além de não ser neutra, a educação precisa ser multicultural, ética e 
dar ao educador e educando o poder de se libertarem, de se transformarem e que tem 
também a intenção de mudar a consciência de cada indivíduo e, por consequência, de 
seu meio social (SAUL; SAUL, 2016). Em complementaridade, temos que a proposta de 
Paulo Freire pensada para a educação vai além das limitações de uma teoria, visto que 
ela pode ser compreendida como uma forma de compreender o mundo, como se pensar 
sobre ele, adequando os fatos a partir de uma ação consciente (SILVA; BARBOSA, 
2019). 
 Pelo caminho levado, de acordo com os postulados de Freire, a educação precisa 
ser conscientizadora, praticamente como um ato político, o que significa que o 
conhecimento, se possível, deve ser isolado, não necessariamente liberta, mas que 
libertar deve ser o fim da educação. Portanto, o pensamento de Freire apresenta que a 
finalidade da educação é a libertação social, uma transformação radical, de forma que 
permita aos educandos sua oportunidade de serem os sujeitos de sua história. 
 De acordo com Freire (2006), existem diversos saberes vitais à prática educativa: 
 
Abrange a linguagem multicultural do professor, a importância do educando 
como parte do processo de construção do conhecimento, entre muitos outros. O 
autor ressalta a necessidade de uma reflexão crítica sobre a prática educativa e 
recomenda para que não sejamos demasiadamente crentes de nossas certezas 
visto que todo novo conhecimento pode superar o já existente.(FREIRE, 2006 
apud SILVA;BARBOSA, 2019, p. 167) 
 
Dessa forma, Freire acredita que a formação docente deve promover professores 
que sejam aprendizes pensantes, tal como se espera de seus alunos, e complementa 
afirmando que o bom professor jamais fica à espera de manuais e guias que lhe digam 
o que deve ser feito, e que o pensar certo vai nascer de sua comunhão com o educando. 
 Dessa forma, devemos compreender que os professores por profissão, embora 
estejam, na maioria das vezes, aplicando conhecimentos que foram outrora produzidos 
por outros, devem assumir uma prática pedagógica de acordo com os significados de 
seu meio, do meio de seus educandos, em que vale ressaltar que: 
 
 
[...] deter o conhecimento não basta, é importante saber transmitir a alguém, é 
importante e necessário entender o conhecimento sendo capaz de organizá-lo, 
reorganizá-lo, elaborar e reelaborá-lo e adaptá-lo sempre que necessário em 
sala de aula (SILVA; BARBOSA, 2019, p.167). 
 
Freire defende que ensinar significa que o educador possui autonomia, dignidade, 
algo ético e não uma benfeitoria, pois o docente em sua prática colabora seu saber com 
seus valores, conhecimentos e deve buscar a melhora na qualidade do ensino oferecido, 
portanto, tal prática é muito mais orgânica do que técnica. 
 De acordo com Gohn (2009, p. 21 apud SILVA e BARBOSA, 2019, p.168), “O 
professor é visto por Freire como alguém ao lado do aluno, um ser que também busca e 
também aprende; o aluno passa a ser sujeito das ações educativas e não mais objeto, 
ele ganha dignidade no processo educativo”. 
 Portanto, o professor necessita de uma formação sólida, mas isso não se resume 
ao conteúdo científico de suas disciplinas, e sim em sua didática, de suas significâncias, 
que o levem a uma formação constante (SAUL; SAUL, 2016) e, portanto, existe uma 
multiplicidade dessa formação, compreendida como: 
 
[...] a melhor riqueza do conhecimento, a magnitude de saberes diferentes, de 
culturas e costumes diferenciados, os quais se valorizados e acatados podem 
ser uma linha que une o processo de ensino aprendizagem e sejam elos entre o 
conhecimento científico e o do senso comum (SOARES, 2013, apud SILVA; 
BARBOSA, 2019, p.168). 
 
O educador é o mediador do conhecimento, aquele responsável por abrir o 
caminho às informações tãoimportantes ao processo de assimilação por parte de seus 
educandos, dessa forma, esse docente não é estático no processo, deve buscar adaptar 
sua realidade, suas significâncias, as dos seus educandos, estimulando esses alunos no 
processo de ensino-aprendizagem. 
 
 
 
 
4 EDUCAÇÃO HUMANIZADA 
 
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A educação humanizada vem sendo alvo de inúmeras discussões dentro da 
educação brasileira, devido a uma latente necessidade de se oferecer ao educando uma 
formação de maior significância, mas o que se pode concluir inicialmente, que tal 
construção representa um grande desafio para a escola contemporânea. 
 Esse desafio das escolas contemporâneas reside, em parte, da grande 
diversidade social que promove muitos entraves, algo complexo de ser contornado, 
resolvido, assim como define Santos (2020, p. 179) ao afirmar que uma das metas atuais 
da educação está em “[...] construir, passo a passo, uma educação mais humanizada e 
humanizadora, com maior significado, onde sejam priorizados com rigor os princípios e 
valores éticos, tão necessários para a formação da sociedade e da cidadania”. 
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 Na contramão da humanização, de acordo com Freire (1988 apud SANTOS, 2020, 
p. 180): 
 
A desumanização do sujeito é um grave problema, que requer uma atenção 
especial no contexto em que estamos inseridos. O autor trata da desumanização 
como um processo negativo que tem levado o indivíduo à ruina [sic] em vários 
sentidos. Um deles é a sua descaracterização como humano, o que o torna 
insensível frente a inúmeras situações em que é necessário provar a sua 
sensibilidade. (FREIRE,1988 apud SANTOS, 2020, p. 180) 
 
De forma geral, social, a humanização é um elemento de grande importância à 
vida cotidiana, capaz de transformar vidas e, com isso moldar o ser humano, visto, nesse 
contexto, como um diamante bruto, carente de lapidação, em que tal lapidação pode se 
originar da educação (FREITAS, 2018). 
 Assim, a humanização tem o poder de positivamente modificar a sociedade, se 
apresentando como uma necessidade de todos os seres humanos. De forma geral, o ser 
humano produz seus meios de sobrevivência, mas que também produz sua cultura, sua 
ideologia, seu lado social, o que o torna um ser histórico e social. 
 Mas esse ser humano, social, construtor de sua história, não nasce dessa forma, 
com tal habilidade, portanto a educação deve atuar para garantir que essa construção 
ocorra e, que ocorra da forma que permita a evolução de sua sociedade, seu meio. 
 Seja no tempo de Freire ou atualmente, a educação ainda busca seu caminho 
pela humanização, claro que esse não é o único desafio que a educação brasileira 
enfrenta, mas vem mostrando-se a montanha mais alta a se ultrapassar (FREITAS, 
2018). Nesse sentido, podemos conceber que a educação humanizada deve ser vista 
como uma educação capaz de além de formar, transformar os educandos, talvez, 
tornando-os ainda mais humanos, valorizando seus sentimentos, suas emoções, 
sensações. Para Braga (2015 apud SANTOS, 2020, p.181) 
 
[...] as práticas sociais (em especial aquelas realizadas pela via da educação) 
são capazes de mudar toda uma realidade social. Percebe que o fazer 
pedagógico como ato de educar se efetiva por meio de ações e de intervenções 
 
claras, objetivas e contínuas. Propiciar uma educação autêntica, capaz de 
promover a dignidade das pessoas de forma que vivam humanamente, é um 
grande desafio, que requer um conjunto de ações e de intervenções bem 
estruturadas e planejadas.(BRAGA, 2015 apud SANTOS, 2020, p.181) 
 
 
Podemos conceber, nestes argumentos, a respeito da educação humanizadora, 
libertadora, conscientizadora que a escola forma opiniões, o que expressa o tamanho 
considerável que o processo de aprender, pois deve contribuir para que, cada um, 
educador e educando, aprendam a serem seres humanos. 
 Esse lado humanizador do processo de ensino-aprendizagem nem sempre é 
conquistado com sucesso, o que pode ser observado nos elevados índices de violência 
que as estatísticas das cidades brasileiras exibem e que aumentam a cada ano. Nesse 
sentido, nenhum dos aspectos da vida em sociedade vem contribuindo efetivamente pela 
humanização do cidadão: nem a escola, nem o lar, a família. 
 Para Santos (2020), o conhecimento e saberes são construídos e estimulados 
dentro de uma dinâmica social que possui poder de transformar e construir um diálogo 
dentro do aspecto humanizador, tão necessário a todos. A falta da educação humanística 
torna extremamente difícil romper o ciclo da violência, sem deixar de lado que o próprio 
processo educativo se prejudica, pois ambos aspectos estão intrinsecamente 
associados. 
 Nesse sentido, Paulo Freire considera que tanto o espaço familiar quanto o 
pedagógico, são ideais para que seja consolidada a humanização, mas ressalta que tal 
prática precisa ser cotidiana, permanente e contínua (SANTOS, 2020). Apenas com a 
educação humanizadora em seu melhor desempenho é capaz de oferecer a verdadeira 
humanização, ou seja, uma educação que torna cada indivíduo resiliente, consciente, 
pois o mundo majoritariamente capitalista mostra-se cada dia mais egoísta e 
individualista. 
 Pela visão de Freire, a educação efetivamente humanizadora é aquela capaz de 
vencer a ideologia de uma escola tradicional transmissora de conteúdo, o que ainda se 
vê como prática majoritária na educação nacional. Segundo Gôngora (1985 apud 
SANTOS, 2020, p.182), 
 
[...] esse tipo de pedagogia consistia em um caminho cultural em direção ao 
saber mecânico e superficial. Assim, não eram priorizadas as questões 
emocionais e humanísticas do sujeito, pontos-chave que a educação 
humanizada traz hoje e que servem de suporte para lutar e superar as 
dificuldades para uma aprendizagem muito mais significativa. (GÔNGORA, 
1985 apud SANTOS, 2020, p.182) 
 
 
O que se observa da educação na escola tradicional brasileira não oferece o 
verdadeiro valor à aprendizagem, nem a torna ampla, significativa, capaz de priorizar a 
afetividade, os valores, os conceitos e princípios morais dos educandos e educadores. 
Assim, Freire (1982 apud Santos 2020, p.182) acrescenta que “[...] o maior desafio não 
é transmitir conteúdos escolares, é sobretudo o de se tornar um educador brilhante, que 
deixa um legado de mestre para o aluno, para a comunidade escolar, para a sociedade 
em geral e para si mesmo”. 
 Para que a educação seja efetivamente humanizadora, ela precisa ser integral ao 
ser humano, proporcionando-lhe transformação em todas suas facetas, todos seus 
aspectos, o que permite a educação humanizadora contribuir para que o indivíduo deixe 
seu legado de vida e conforme Gadotti (1995): 
 
A educação se faz sobretudo com histórias de vida, de maneira que é 
imprescindível inserir no contexto escolar a ternura, a doçura, o carisma, a 
coerência, o compromisso, a seriedade e a afetividade. Palavras e expressões 
que precisam sair do papel e se converter em ações concretas dentro da prática 
docente, que irá se refletir positivamente dentro e fora da escola. 
(GADOTTI,1995 apud SANTOS 2020, p.182) 
 
 
Dentre seus destaques na educação, Paulo Freire também contribuiu 
enormemente para a educação humanizadora, com sua própria caminhada pela 
educação, o que lhe concede o título de um dos maiores educadores do século XX. E 
sobre os pensamentos e postulados de Freire podemos compreender que essa 
 
educação humanizadora não começa e nem termina no educando, mas começa no 
educador. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
 
Recomendo a leitura do artigo sobre a Educação Humanizada que trata de como 
implementar essa inovadora (embora não seja recente) metodologia de ensino. 
Fonte: PAULA, Natáli de. Ensino humanizado: definições, benefícios e como implantar, 2020. 
Disponível em: https://rubeus.com.br/blog/ensino-humanizado/ Acesso em: 16 out. 2021. 
 
#SAIBAMAIS# 
 
Dessa forma, o educador precisa buscar que sua formação também seja 
humanizadora, ou seja, necessita ser um docente proativo, e que para Fagundes (2009 
apud Santos 2020, p.182), “[...] a proatividade e a ética são dois elementos essenciais 
no quesito educação humanizadora, pois esses processos são perfeitamente capazes 
de transformar a realidade social”. 
 Filosoficamente falando, a educação humanizadora é capaz de abrir as portas do 
coração e com isso permitir ao educador e educando a construção de uma sociedade 
elevadamente humanizada. Portanto, educar não mais é simplesmente um ato de se 
transmitir conteúdos didáticos, pois isso não inclui emoções e sensações. 
 Sendo a educação conduzida como necessita, representa a chave para o 
progresso da sociedade como um todo, principalmente, um progresso ético, moral, social 
de cada indivíduo que a constitui. E, dessa forma, devemos compreender que muito do 
que se espera dessa nova educação, está nos ombros dos docentes que ainda resistem 
ao modelo, a necessidade de se humanizar o processo de ensino-aprendizagem. Assim, 
 
a educação dentro dessa perspectiva humanista resultará de um trabalho de muitos 
esforços, com criação e recriação de valores e significados; em outras palavras, é um 
trabalho de doação (SANTOS, 2020). Ainda, segundo Santos (2020), Paulo Freire 
considera o conhecimento como a capacidade de criar, de se inventar e reinventar; de 
se aprender. 
Concluindo, temos que a educação deve ser vista como complexa, para que todos 
seus atores compreendam que existem várias nuances e pormenores que devem ser 
endereçados para que seja efetiva, humanizadora e, principalmente: que não seja vista 
como a transmissão de conhecimento, e sim um profundo processo de mudança do 
indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Com a atuação de toda a vida profissional de Paulo Freire, podemos concluir que 
necessitamos que a educação seja verdadeiramente humanizadora, mas que 
infelizmente Paulo Freire partiu sem ver isso ser uma regra. Sem a educação 
humanizadora, a cada dia percebemos o declínio da sociedade e de como nosso 
progresso, enquanto seres humanos dependem desta perspectiva. 
 É possível que existam outras formas de se elevar a qualidade social do ser 
humano sem a educação humanística, mas ainda não foi inventado, e como temos todos 
os postulados de Freire e outros autores, podemos nos fazer valer e aplicar essa 
metodologia. 
 Assim, o que falta é uma sociedade que compreenda a vital importância que a 
escola tem na sociedade e de como deve ser transformada para valorizar as 
experiências, o indivíduo, seja educador ou educando. 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
A educação humanizadora depende cada vez mais de inovação, inclusão e 
criatividade. O artigo Gestão Escolar Inclusiva: Desafios E Possibilidades Para A 
Educação Humanizadora, escrito por Vivian Cristina Alves de Carvalho, Ane Patrícia de 
Mira, Guilherme Mendes e Tomaz dos Santos, apresenta os desafios de se construir 
uma escola com estes preceitos, pela perspectiva da gestão. 
 
CARVALHO, V. C. A de; MIRA, A. P. de; SANTOS, G. M. T dos. Gestão escolar inclusiva: desafios e 
possibilidades para a educação humanizadora. Educação em Debate, v. 40, n. 77, p. 91-108, 2018. 
Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39943/1/2018_art_vcacarvalhoapmira.pdf 
Acesso em: 16 out. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Educação Como Prática da Liberdade 
• Autor: Paulo Freire. 
• Editora: Paz e Terra. 
• Sinopse: Livro escrito em 1965 onde Freire trabalha a educação de adultos de maneira 
detalhada e minuciosa, com forte contextualização histórica. 
Link: disponível em: 
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/livros/educacao_pratica_lib
erdade.pdf. 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Paulo Freire – Pedagogia libertadora 
• Ano: 2021 
• Sinopse: O vídeo apresenta um breve contexto histórico de Paulo Freire tratando 
também sobre seus conceitos e metodologias aplicadas aos adultos, mas que foi 
importante para a busca pela erradicação do analfabetismo brasileiro. 
 
 
WEB 
 
• Portal Todos pela Educação é um portal web de uma organização civil independente, 
sem fins lucrativos, apartidária que tem por objetivo de provocar mudanças que permitam 
a evolução da educação. Neste site podemos encontrar artigos e iniciativas diversas. 
• Link do site: https://todospelaeducacao.org.br/. Acesso em: 07 dez. 2021. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
GUMIERO, Rosane; ARAÚJO, Kleber de. Contribuições de Paulo Freire e Célestin 
Freinet ao processo de ensino-aprendizagem. Acta Scientiarum Education, v. 41, p. 
1-10, 2019. Disponível em: 
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciEduc/article/view/41255/pdf .Acesso em: 
16 out. 2021. 
 
FREITAS, Bruno. Educação Humanizada: O saber e o fazer de cada um compartilhado 
por todos na arte de educar. Revista Ciências Humanas, v. 19, n. 2, p. 68-91, 2018. 
 
LIMA, Maria Socorro Lucena; BRAGA, Maria Margarete Sampaio de Carvalho. Relação 
ensino-aprendizagem da docência: traços da Pedagogia de Paulo Freire no Ensino 
Superior. Educar em Revista, n. 61, p. 71-88, 2016. 
 
LIRA, Joselma Dantas Braga de. et al. Concepções de Paulo Freire acerca das teorias 
da aprendizagem. Revista ESPACIOS, v. 40, n. 5, p. 1-10, 2019. Disponível em: 
http://asesoresvirtualesalala.revistaespacios.com/a19v40n05/19400511.html. Acesso 
em: 16 out. 2021. 
 
SANTOS, Bruno Freitas Santos. Educação como processo de humanização: 
educação freireana. 2020. Disponível em: 
https://www.cadernosuninter.com/index.php/intersaberes/article/view/1122. Acesso em: 
13 ago. 2021. 
 
SAUL, Ana Maria; SAUL, Alexandre. Contribuições de Paulo Freire para a formação de 
educadores: fundamentos e práticas de um paradigma contra-hegemônico. Educar em 
revista, n. 61, p. 19-35, 2016. 
 
SCOCUGLIA, Afonso Celso. Origens e prospectiva do pensamento político-pedagógico 
de Paulo Freire. Educação e Pesquisa, v. 25, n. 2, p. 25-37, 1999. 
 
SILVA, Karina da; BARBOSA. Viviane Almeida. Paulo Freire: saberes da docência no 
ensino superior, uma reflexão na prática. Ensino de Ciências e Humanidades, v. 5, n. 
2, p. 164-182, 2019. Disponível em: 
https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/rech/article/download/6800/4790/. Acesso em: 
12 ago. 2021. 
 
 
 
 
 
UNIDADE IV 
OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA PARA DO USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS 
Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
• Contexto histórico e político sobre a relação entre a educação e as tecnologias; 
• O papel e a formação docente para o uso das tecnologias; 
• Os desafios da docência no século XXI e as tecnologias digitais; 
• Tecnologias digitais e seus diferentes usos. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a inserção das tecnologias na educação; 
• Compreender a importância na evolução da formação docente para o uso das 
tecnologias; 
• Estabelecer a importância do uso das diversas tecnologias digitais na superação dos 
desafios educacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A sociedade caminha, evolui e se modifica conforme vão surgindo suas novas 
tecnologias, dessa forma, o estudante de 20 anos atrás não é o mesmo que o estudante 
de hoje, indiferente de sua idade, pois a atualidade apresenta uma presença muito maior 
da tecnologia nos mais específicos detalhes da vida em sociedade. 
Assim, o professor também deve modificar-se conforme a sociedade ao seu redor 
modifica-se e, com isso, ser este educador tecnológico que o educando tanto necessita 
para ser liberto pelo conhecimento dentro da sociedade tecnológica. 
Esta unidade vai trabalhar a integração da tecnologia nas escolas, nos 
professores, nos processos pedagógicos, e como essa dinâmica é complexa, mas tem 
o poder de contribuir para a solução de grande parte dos desafios da educação. 
 
Bons estudos!1 CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO 
E AS TECNOLOGIAS 
 
 
 
Fonte: PIXABAY, [s.d]]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/congresso-nacional-
bras%c3%adlia-5991196/. Acesso em: 08 dez. 2021. 
 
 
Todo e qualquer aspecto da vida humana evolui junto com as tecnologias que são 
criadas. Relações sociais, empregos, profissões, alimentação, comportamento de 
consumo, política, pobreza, riqueza, tudo muda conforme mudam as tecnologias que 
movem o planeta, e a educação não pode ser diferente. 
Mas vale ressaltar que tecnologia não significa apenas computadores, máquinas, 
pois engloba tudo o que o homem é capaz de criar, utilizando diversos recursos naturais, 
o que faz com que, até mesmo, a linguagem, o pensamento, possam ser classificados 
como tecnologias, e que passem por evoluções. 
A humanidade vive sua era mais tecnológica, portanto, sua qualidade de vida e 
conquistas vem dependendo de como consegue transpor seus desafios, utilizando de 
suas novas tecnologias. Grande parte dos avanços dos últimos anos vem se 
concentrando no que chamamos de tecnologias digitais de comunicação e informação, 
o que antigamente tratávamos por microeletrônica. 
A educação vem fazendo um uso intenso das tecnologias de Informação e 
Comunicação, as TIC, e com isso está fazendo uma verdadeira revolução em suas 
metodologias, sempre reforçando que para o processo de ensino-aprendizagem, as TIC 
 
 
atuam de forma a promover a mediação do processo educacional pedagógico. Segundo 
Brito e Purificação (2011 apud ARAUJO et al., 2017, p. 924): 
 
A necessidade incentiva o impulso às criações tecnológicas, como o ábaco, 
instrumento utilizado por povos primitivos para auxiliar na contagem, 
considerado assim o primeiro computador. Na década de 40, em meio a segunda 
guerra mundial, os computadores modernos surgiram. Nos Estados Unidos, na 
década de 60, popularizou o microcomputador e este se tornou a principal 
ferramenta de trabalho. 
 
A popularização da internet na década de 1990 não surtiu grandes efeitos apenas 
socioeconômicos, também mexeu com a dinâmica escolar. Anos antes, a escola já 
percebia um movimento em direção à informática, mas tal movimento ia muito além do 
administrativo, sendo que partiram do governo grandes investimentos nesse sentido. 
Os saltos de desenvolvimento tecnológico dentro da educação foram sendo 
catalogados, classificados como ondas, em que a primeira foi relativa à programação, na 
segunda onda a educação apropriou-se da informática básica para, na terceira onda, 
oferecer o software educativo. A quarta onda trouxe a realidade da internet nas escolas 
e, com a quinta onda, nasce a aprendizagem colaborativa. A sexta onda é de definição 
complexa, pois ainda está em pleno desenvolvimento, mas 
 
Uma coisa é certa, o uso do computador e da internet na escola para fins 
educacionais é um passo importante. Para as autoras uma sociedade humana 
não pode sobreviver se a cultura não for transmitida de geração a geração e é a 
educação que garante esta transmissão. Para tanto, a escola precisa inserir 
ferramentas que lhe auxilie na formação mais reflexiva do ser humano na 
construção de um mundo melhor (ARAÚJO et al., 2017, p. 924). 
 
Como invariavelmente a educação é uma questão global para o país, vem do 
Poder Público as primeiras investidas na aplicação da informática, das TIC nas escolas, 
em que podemos citar o projeto UCA, Um Computador por Aluno, um projeto de 2005, 
mas que levou alguns anos para se tornar efetivo, pois tinha o “[...] objetivo de intensificar 
o uso da tecnologia da informação nas escolas. Após um longo processo de licitação em 
2008 o governo efetuou a compra de 150 mil laptops que contemplou 300 escolas 
brasileiras (ARAÚJO et al., 2017, p. 924). 
 
 
 
REFLITA 
 
A aplicação de tecnologia nas escolas depende de um projeto sistêmico, que seja 
capaz de compreender todos os atores envolvidos e a eles dar condições de receber a 
inovação, de compreender sua importância. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 
 
#REFLITA# 
E, embora a iniciativa tivesse grande mérito, acabou mostrando-se um grande 
desperdício de dinheiro público, pois a grande maioria das escolas não tinha estrutura e 
muito menos havia capacitado seus professores para incorporar tais equipamentos nos 
processos de ensino-aprendizagem. Esta experiência demonstrou que as escolas 
estavam ávidas por tecnologia, mas que a falta de um projeto maior, onde a compra dos 
computadores fosse parte e não o todo, significou que apenas as empresas, vencedoras 
do leilão, acabaram por receber alguma vantagem. 
 De acordo com Araujo et al. (2017), devemos ter a educação, não como um fim, 
e sim como um constante processo, e desta forma as TIC devem entrar neste processo 
para ampliá-lo, melhorar suas possibilidades, sua qualidade, o engajamento aluno-
professor. Porém este contato, principalmente das crianças, com os computadores, deve 
ser sempre orientado, regrado, de forma que possa contribuir para o ensino-
aprendizagem positivamente. 
A informática oferece à educação uma forma de se trabalhar mais intensamente 
com questões de raciocínio lógico e a criatividade, impactando na habilidade de pensar, 
inventar e resolver problemas (SILVA; CORREA, 2014). Porém, esse é um cenário em 
que não somente o aluno deve ser capacitado no uso do equipamento, nos novos 
processos de ensino-aprendizagem, mas o professor também, pois caberá sempre ao 
educador a tarefa de mediar esse aprendizado, tanto quanto os outros já existentes. 
 Sobre a capacitação do professor, Demo (2008, p.134 apud ARAUJO et al., 2017, 
p. 923), ressalta que “Temos que cuidar do professor, pois todas as mudanças só entram 
 
 
bem na escola se entrarem pelo professor, ele é a figura fundamental”. Não há como 
substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal. 
 O que se espera de toda evolução conduzida, criada pelo homem, é que encontre 
seus meios de se integrar na vida em sociedade, o que costuma ocorrer organicamente, 
embora com muitas influências externas, mas a tecnologia, quando aplicada à educação, 
não pode esperar que seja adotada ou que cumpra seus objetivos de forma orgânica, 
com influências indiretas. 
 
SAIBA MAIS 
 
A Escola nas ondas do Rádio! 
 
Devido às restrições sanitárias da Pandemia Covid-19 a educação passou a migrar para 
tecnologias como as utilizadas pela Educação a Distância, mas em muitas regiões são 
poucos os que têm equipamentos, seja computadores ou smartphones para aderir a esta 
modalidade, o que faz com que a educação se volte a tecnologias ainda bastante 
democráticas como o rádio. Ouça esta entrevista sobre o tema feita pelo jornalista 
Adriano Faria. 
 
Fonte: FARIA, Adriano. Entrevista: uso do rádio para educação durante a pandemia. Rádio Senado, 
2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/radio/1/conexao-senado/2020/08/04/entrevista-uso-
do-radio-para-educacao-durante-pandemia. Acesso em: 14 out. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
Portanto, as práticas pedagógicas precisam buscar e se apropriar das diferentes 
tecnologias, desde que exista um processo, um estudo que seja capaz de integrar todos 
os atores no uso das tecnologias, ou vai acabar promovendo apenas a troca de um 
equipamento tido obsoleto, por algo novo, “[...] mas sim tornar a tecnologia um recurso 
eficaz, dentro do ambiente escolar. Para isso uma mudança na postura docente se torna 
essencial pois a escolha de recursos passa pelo professor e a possibilidade de torná-lo 
significativo também (ARAÚJO et al., 2017, p. 924). 
 
 
2 O PAPEL E A FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO DAS TECNOLOGIAS 
 
 
Fonte: PIXABAY, [s.d]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/sala-de-aula-escola-china-
%c3%a1sia-467730/. Acesso em: 08 dez. 2021. 
 
 
Longe do projeto UCA de 1990, no ano de 2021 a tecnologia dos computadores 
está madura o suficiente para ser menoscustosa, com relação a sua aquisição e 
utilização, afinal, já se passaram gerações de novos produtos, e as crianças e 
adolescentes de hoje nasceram com tais tecnologias. Porém, ainda existe uma grande 
lacuna na aplicação das TIC nas escolas públicas brasileiras. De acordo com censo 
escolar realizado em 2017 pelo Ministério da Educação, mais da metade das escolas 
ainda não possuem equipamentos suficiente para projetos escolares digitais: 
 
Conforme o censo, a presença de recursos tecnológicos como laboratórios de 
informática e acesso à internet ainda não é realidade para muitas escolas 
brasileiras. Apenas 46,8% das escolas de ensino fundamental dispõem de 
laboratório de informática; 65,6% das escolas têm acesso à internet; em 53,5% 
das escolas a internet é por banda larga. Além disso, a inclusão dessas 
tecnologias pela escola e pelo professor enfrenta alguns desafios, pois o modelo 
escolar brasileiro pode ser descrito como calcado num ensino propedêutico 
centrado na figura do professor como detentor de um conhecimento (NUNES; 
KLINSKI 2019, p. 02). 
 
 
A integração das TIC nas escolas depende de profundas modificações no modelo 
de ensino aplicado, pois o professor precisa ser muito mais do que um transmissor de 
conhecimento, para um facilitador, um mediador da construção do conhecimento. A 
didática traz a essa interação TIC - escola um desafio, quase um paradoxo, pois são 
processos dependentes, um do outro, e ao mesmo tempo é preciso construir um para 
que seja construído o outro. 
 Essa questão da construção significa que é preciso revisitar as teorias 
educacionais de forma que se integrem adequadamente à tecnologia, que sejam 
enaltecidas durante o processo de mudança para o digital (PÚBLIO JÚNIOR, 2018). 
Nesse sentido, a formação docente torna-se ainda mais desafiadora, pois necessita 
antever todas as mudanças que a metodologia fará, “[...] como pode ser feita a partir da 
utilização dessas novas tecnologias, para evitarmos o dualismo entre uma sociedade 
fundada em informação e conhecimento como mercadoria, versus uma formação crítica 
para a construção da autonomia.” (NUNES; KLINSKI, 2019, p. 02). 
 Nesse sentido, a escola fará uma completa avaliação do cenário que deseja 
oferecer, da formação que deseja aprimorar para o educando, quais competências 
deseja fomentar, quais conceitos, quais conteúdos necessita transmitir em vias digitais, 
de forma que o currículo escolar seja aprimorado, que o ensino tenha sua qualidade 
ampliada. 
 O trabalho de se levar tecnologia à educação, principalmente, na forma do uso 
das TIC faz com que os educadores se empenhem, sempre, na busca de 
aperfeiçoamento docente, de forma a compreender como potencializar o uso de 
determinada tecnologia em sua sala de aula. Claro que o efeito desse aprimoramento de 
formação docente não age apenas na esfera individual de cada professor, e sim no 
coletivo, uma vez que muitas das capacitações são oferecidas pela própria escola a toda 
sua comunidade docente. 
 O processo de ensino-aprendizagem, quando aplicadas as TIC, exalta qualquer 
problema ou deficiência que eventualmente possua, principalmente no que diz respeito 
à democratização do conhecimento, o que pode ser observado nos PCNs (Parâmetros 
Curriculares Nacionais) (BRASIL, 1998), quando apresentam que o acesso ou 
indisponibilidade do acesso à informação constitui fator discriminador. 
 
 
 O estudante deve ser conduzido a uma educação tecnológica, científica e com 
isso sua escola deve se aproximar do seu mundo real, que é altamente tecnológico, 
voltado aos aparelhos digitais, as mídias digitais. Diante disso, a docência precisa ser 
colocada em uma perspectiva que possibilite os docentes serem treinados a usufruir 
melhor desse mundo digital que vivemos. 
 Assim, os PCNs devem ser a base de informação utilizada para que sejam 
determinados os elementos tecnológicos que assistiram os componentes pedagógicos, 
de forma a construir um melhor caminho tanto na formação docente quanto na aplicação 
dessa metodologia. Tal perspectiva é recente e de acordo com Nunes e Klinski (2019): 
 
Algumas pesquisas têm sido realizadas tendo como finalidade acompanhar e 
analisar o impacto da chegada da tecnologia nas escolas e se tem observado 
que as pessoas disseminam mais o uso de computadores e outras tecnologias. 
Neste cenário, foram analisados alguns artigos que tem[sic]pesquisas 
relacionadas com esse campo do saber. (NUNES; KLINSKI, 2019, p. 03) 
 
A evolução da internet, em termos de serviços e conteúdo que oferece, tem feito 
com que seu uso em ambiente pedagógico seja cada vez mais frequente e necessário. 
Dessa forma, a internet passa a ser vista como aliada do professor, embora, ainda 
dependa da forma com que a metodologia utilizada fará uso do recurso. 
 O uso da internet como complemento à sala de aula é inevitável e, dessa forma, 
deve ser feita sua capacitação para que o educador seja capaz de adequadamente 
incorporar esse elemento, mas é notório que vai muito além de se treinar professores, o 
próprio modelo pedagógico deve ser modificado de forma que aceite bem a velocidade 
com que as tecnologias mudam a vida em sociedade. 
 
SAIBA MAIS 
 
Seja qual for o uso, a internet é uma poderosa ferramenta: capaz de oferecer o melhor 
em diversão, negócios, pesquisa científica e uma poderosa ferramenta pedagógica. Para 
saber mais sobre como a internet pode ser destaque no ensino, leia o artigo a seguir: 
 
 
 
Fonte: PORTELA, Priscila; NÓBILE, Márcia. O uso da internet por estudantes de Ensino Fundamental: 
reflexão sobre a internet como ferramenta pedagógica. Educação Pública, 2019. Disponível em: 
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/33/o-uso-da-internet-por-estudantes-de-ensino-
fundamental-reflexao-sobre-a-internet-como-ferramenta-pedagogica. Acesso em: 14 out. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
O facilitador é que grande parte dos professores desejam que suas formações 
curriculares tenham grande teor tecnológico, eles desejam estar conectados e querem 
que sua sala de aula seja também conectada, pois sabem que seus alunos são 
conectados. 
REFLITA 
 
O professor precisa compreender o uso pedagógico de todas as tecnologias que 
o cerca e que cercam seus estudantes, dessa forma entenderá a relevância de trazer 
tais tecnologias para a sala de aula. 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
#REFLITA# 
 
Essa latente necessidade não é algo novo, embora esteja sendo melhor tratada 
agora, o que se comprova pelo fato do tema estar sendo mais frequentemente debatido 
“[...] entre pesquisadores da área da educação, devido a sua importância e complexidade 
de questões, esse estudo está relacionado aos desafios, as dificuldades e 
complexidades que envolvem o uso das tecnologias na formação dos docentes”. 
(NUNES; KLINSKI, 2019, p. 04) 
 Sob a perspectiva de Paulo Freire e a ideia de que a escola deve, com sua prática 
pedagógica, promover a libertação, humanização, emancipação do educando, as novas 
tecnologias são mais do que bem-vindas a esse cenário. Assim, os objetivos de Freire 
podem ser conquistados, inclusive os relativos à formação docente. 
 O que se percebe é que o uso das TIC nas escolas deriva tanto do modelo 
 
 
pedagógico adotado, da formação docente orientada a tais objetos, e da vontade do 
professor em integrar as ferramentas na realidade de seus alunos. A grande realidade 
da revolução da educação pela tecnologia é que se trata de um aprendizado global, tanto 
em termos do desenvolvimento de novas metodologias, quanto da busca dos 
professores pela capacitação. 
 O aprendizado também está no sentido humanístico do processo de ensino-
aprendizagem, pois o aspecto humano precisa se integrar ao tecnológico, assim como 
ao aspecto social, grupal. 
 
 
 
 
 
3 OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO SÉCULO XXI E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS 
 
 
 
Fonte: PIXABAY, [s.d]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/sala-de-aula-tecnologia-1541042/.Acesso em: 07 dez. 2021. 
 
 
De forma direta, podemos conceber que o maior desafio do docente, do educador 
moderno está em ser relevante aos seus educandos. E ser relevante significa que não 
somente sabe utilizar a internet, as diversas tecnologias portadas ao ambiente 
pedagógico, mas o faz nos termos de seus estudantes, em seu universo. 
 A sociedade moderna em que vivemos é conectada, ou seja, diversas tecnologias 
e a internet fazem parte integral da vida da esmagadora maioria das pessoas, o que nos 
diz que em algum grau essa influência tecnológica chega, ou, ao menos, deveria chegar 
nas escolas. Mas existem complicações de se ter tamanha conectividade em que 
podemos exemplificar a velocidade com que a informação se transmite, conforme afirma 
Martino (2014): 
 
A circulação de informações encontra nas redes o melhor tipo de arquitetura. A 
velocidade da circulação de informações significa também que novidades estão 
presentes o tempo todo, gerando como padrão uma instabilidade constante. 
Qualquer informação pode ser alterada, completada ou cancelada por uma nova, 
muitas vezes sem deixar indícios dos caminhos seguidos. Um dos desafios que a 
sociedade e as instituições de ensino encontram neste momento é a falta de 
conhecimento e treinamento em mídias digitais de toda comunidade acadêmica. 
Esse pode ser um dos fatores que têm contribuído para a não utilização adequada 
 
 
das novas tecnologias disponíveis nas atividades de ensino e aprendizagem. 
(MARTINO, 2014 apud BITTENCOURT; ALBINO, 2017, p. 206). 
 
O desafio da docência em acompanhar a evolução tecnológica está na busca por 
se integrar à realidade de cada educando, de forma que o aprendizado seja melhorado 
pelo uso das TIC e ao mesmo tempo tenha relevância, cative esse aluno. Atualmente as 
mais diversas escolas, instituições de ensino, estão pesquisando o uso de mídias 
variadas, dessa forma, buscando se adaptar às novas tecnologias. 
 Mas, ainda são muitos os que questionam a validade dessa busca, respaldando-
se em metodologias clássicas em que existe apenas a transmissão do conhecimento, o 
que deixa de lado a realidade e as especificidades dos alunos, de seu meio e, com isso, 
não é mais capaz de entregar uma educação plena. De acordo com Barros (2019), para 
ser possível melhorar o processo de aprendizagem e também a familiaridade dos alunos 
com novas tecnologias é necessário o desenvolvimento de competências alinhadas com 
essas novas tecnologias e comunicações. 
 Se o mundo é conectado, digital, então, existem diversas novas competências e 
habilidades que há 20 anos não eram nem sequer cogitadas, mas que hoje são tratadas 
como básicas (PRATA-LINHARES; ARRUDA, 2017). Hoje a tecnologia é incorporada na 
sociedade em tal nível, que é considerada uma competência básica. 
 O educador pode fomentar as habilidades tecnológicas de seus educandos 
através do uso de softwares educacionais que oferecem desde cenários, estudos de 
caso, simulações e soluções de problemas diversos, e conforme Bariani (2011 apud 
BITTENCOURT e ALBINO 2017, p. 207), ainda podemos perceber grande disparidade 
“[...] entre o papel interativo do indivíduo desempenhado fora das salas de aula em meio 
aos ambientes virtuais (os adolescentes “nativos digitais”) e entre o posicionamento 
usualmente passivo ao qual o estudante é condicionado (na sala de aula)”. 
 
REFLITA 
 
 
 
A realidade de vida de muitos brasileiros ainda os afasta das novas tecnologias. 
Assim, cabe à escola apresentar esse mundo ao estudante e, com isso, permitir-lhe um 
total potencial de futuro. 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
#REFLITA # 
 
A educação modernizada e modificada pelas TIC é capaz de se converter, de 
desenvolver novos processos de aprendizagem, de reunir diversas tecnologias, pois o 
educando está diferente, ele está conectado, uma vez que as metodologias mais 
aplicadas, as clássicas, foram construídas em uma época em que as TIC estavam em 
gerações anteriores, rudimentares. 
 Assim, pelas palavras de Bittencourt e Albino (2017, p. 208) a educação carece 
de coesão, ou seja, “ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos, 
evitando tornar-se um fator de exclusão social, pois o respeito pela diversidade e pela 
especificidade dos indivíduos constitui, de fato, um princípio fundamental”. 
 Para que a estrutura digital dentro das escolas seja realmente efetiva, é preciso 
que o Governo e suas políticas promovam o acesso facilitado à internet, aos 
equipamentos como computadores e laptops. Somente dessa forma, a tecnologia e seus 
avanços surtem efeitos positivos socialmente. De acordo com Lutz (2014): 
 
[...] as novas tecnologias, em especial na área da informática, estão cada vez 
mais presentes no cotidiano dos alunos, sendo que aqueles que não se 
adaptarem a essa realidade, correm o risco de serem considerados analfabetos 
tecnológicos. Portanto, para evitar tal situação, as escolas, com a 
responsabilidade de preparar e desenvolver o aluno para atuar como 
cidadão crítico e ativo na sociedade, começam a observar a necessidade de 
seguir o ritmo do desenvolvimento tecnológico. (LUTZ, 2014 apud 
BITTENCOURT; ALBINO 2017, p. 209) 
 
De forma ampla e generalista as diversas tecnologias modificam costumes, 
comportamentos, o modo com que as pessoas socializam, interpretam sua realidade, e 
 
 
essa amplitude pode se mostrar desafiadora quando se necessita adaptar os modelos 
educacionais a essa nova realidade, nova necessidade. Dessa forma, o educando está 
mudando e se tornando um ávido consumidor de tecnologias, o que não é diferente 
dentro do ambiente acadêmico. 
SAIBA MAIS 
 
Robótica 
 
A evolução da tecnologia apresentou há alguns anos à humanidade a robótica, 
aplicada em conjunto com a inteligência artificial, e essa revolução está agora também 
dentro das escolas com cursos de lógica e robótica básica para crianças de todas as 
idades. Para saber mais sobre isso, recomendo a leitura do artigo a seguir. 
 
Fonte: ROBÓTICA educacional: o que é, como funciona e importância. Fundação Instituto de 
Administração, 2021. Disponível em: https://fia.com.br/blog/robotica-educacional/. Acesso em: 14 out. 
2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
A existência de diversas tecnologias não pode ser vista pela instituição de ensino 
como um problema e, sim, como a oportunidade de se apresentar, transmitir o 
conhecimento de maneiras mais envolventes, condizentes com a realidade do aluno, o 
que podemos complementar com os dizeres de Bitencourt e Albino (2017, p. 209), ao 
afirmar que “Há algum tempo as mídias digitais estão disponíveis para a utilização em 
vários locais, como: empresas, supermercados, em casa, em terminais de agência 
bancária, para compra de ingressos de shows, teatros e cinema e tantos outros”. 
 Porém, a realidade é que o ambiente acadêmico ainda faz pouco uso do potencial 
que as TIC têm a oferecer a qualquer modelo educacional que pretenda ser moderno. 
As tecnologias estão transformando a sociedade, o que significa que as instituições estão 
buscando aplicar modelos educacionais construídos para uma sociedade que não existe 
mais. 
 
 
 
4 TECNOLOGIAS DIGITAIS E SEUS DIFERENTES USOS 
 
 
Fonte: PIXABAY, [s.d]. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/ipad-escola-filho-kahoot-3765920/. 
Acesso em: 08 dez. 2021. 
 
 
Quando a tecnologia é bem desenvolvida, embora inicialmente seja destinada a 
uma aplicação específica, seu design permite que sejam criadas derivações com 
aplicações diferentes. Essa adaptabilidade das tecnologias é algo que a educação vem 
se fazendo valer há anos, o que se comprova pela evolução da Educação a Distância, 
que deixou de utilizar os correios como canal de envio de conhecimento, para dentro da 
internet utilizar as mais diversas tecnologias possíveis. 
 Dessa forma, dentro dessa sociedade da informação acelerada, a escola observaseu meio e tenta integrar toda e qualquer tecnologia relevante aos alunos e passível de 
ser convertida dentro do processo de ensino e aprendizagem. Vale ressaltar que não é 
apenas a escola que busca ou que deve buscar se adaptar às novas tecnologias, “Nesta 
nova fase o professor também terá que se adaptar, compreendendo que o uso do 
computador não é mais apenas um luxo ou algo que ele não goste.” (BADALOTTI, 2017, 
p. 18). 
 O impacto da tecnologia não é superficial na educação, uma vez que ao 
 
 
apresentar sua capacidade de mudar a sociedade, as tecnologias passam a ser exigidas 
em empregos, em relações sociais, o que implica na necessidade da escola fornecer um 
currículo que forme adequadamente este novo cidadão, que o torne um ser consciente 
do mundo ao seu redor, mas conectado, tecnológico. 
 O primeiro ponto do currículo escolar que as tecnologias tendem a modificar é na 
interdisciplinaridade, pois ao incorporar diversos temas em suas apresentações mais 
modernas, é fato que se entrará no domínio de alguma nova tecnologia. Desta forma, as 
escolas precisam estar constantemente repensando seu processo de ensino-
aprendizagem, pois: 
 
Ela não poderá mais ser uma instituição que apenas detém o conhecimento e o 
transmite. A nova escola terá que incentivar e trabalhar a capacidade de análise, 
resolução de problemas, ao aprende-a-aprender e, principalmente, adaptar-se 
às novas formas de trabalhar com os alunos, ou seja, trabalhar em equipes. Não 
poderá mais pensar em uma escola apenas que visa à memorização. 
(BADALOTTI, 2017, p.18). 
 
A escola passa a ser uma consumidora de tecnologia e deve trabalhar para que 
seu educando faça bom uso dos recursos e que tais recursos coloquem estes alunos em 
contato com o mundo, uma das maiores vantagens da internet. Assim, os alunos de 
escolas que investem em metodologias tecnológicas têm maior possibilidade de 
compartilhar suas experiências, sua cultura com outros alunos e suas outras culturas, 
experiências. 
REFLITA 
 
Se determinada tecnologia faz parte do dia a dia do aluno, deve fazer parte de 
sua experiência pedagógica! 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021). 
 
#REFLITA # 
 
 
 
Quando se trata de tecnologia o que o consenso apresenta por conceito, exemplo, 
são máquinas, equipamentos, mas softwares também são tecnologias e vem passando 
por grandes revoluções e evoluções nos últimos anos, o que inclui os Softwares 
Educacionais (SILVA; LEITE FILHO, 2020). Os softwares educacionais fazem com que 
a aplicação da informática nas escolas seja muito mais proveitosa, focada, pois 
apresentam inúmeras atividades, estimulam a criatividade das crianças, oferecem 
acesso a desenhos, histórias e, com o uso da internet, permitem estender ainda mais a 
sala de aula, colocando o aluno em contato com um mundo muito maior que sua 
comunidade. 
 Mas com relação ao professor, os softwares educacionais necessitam de 
integração na metodologia da escola assim como estarem dentro das habilidades, do 
conhecimento do professor que vai usar tal recurso (MAZIERO; ANDRADE; RUBIO, 
2020). Badalotti (2017) também defende que o bom uso dos softwares educacionais 
depende da capacidade de percepção do professor em utilizar e relacionar a tecnologia 
a sua proposta educacional. Por meio dos softwares podemos ensinar a aprender, 
simular, estimular a curiosidade ou, simplesmente, produzir trabalhos com qualidade. A 
respeito das características e aplicabilidades, os softwares podem ser classificados em 
grandes grupos: 
 
● Tutoriais: são os softwares que apresentam conceitos e instruções para realizar 
algumas tarefas em específico; geralmente possuem baixa interatividade. Os 
conceitos se limitam ao enfoque da equipe de desenvolvimento, o que, muitas 
vezes, não coincide com a necessidade e abordagem da orientação do 
professor. 
● Exercitação: são os que possibilitam atividades interativas por meio de 
respostas às questões apresentadas. Com esses softwares, os professores 
podem inicialmente apresentar conceitos dos seus conteúdos disciplinares, na 
sala de aula sem tecnologia e, por fim, efetuar exercitações sobre tais conceitos 
no computador. 
● Investigação: neste grupo encontramos as enciclopédias. Por meio desses 
programas podemos localizar várias informações a respeito de assuntos 
diversos. 
● Simulação: nada melhor do que podermos visualizar digitalmente grandes 
fenômenos da natureza, ou fazer diferentes tipos de experimentos em situações 
bastante adversas. 
● Jogos: são os softwares de entretenimento, indicados para atividades de lazer 
e diversão. Com certeza, os jogos apresentam grande interatividade e recursos 
de programação muito sofisticados. 
 
 
● Abertos: são os de livres produções. O que será elaborado dependerá muito da 
criatividade do usuário. Oferecem várias ferramentas, as quais podem ser 
relacionadas conforme o objetivo a ser atingido. Dentre eles podemos citar: os 
editores de textos, os bancos de dados, as planilhas eletrônicas, os programas 
gráficos, softwares de autoria, softwares de apresentação e de programação 
(TAJRA, 2000, p. 61 apud BADALOTTI, 2017, p.19). 
 
A Internet tem promovido diversos avanços nas metodologias da educação, se 
mostrando ao mesmo tempo um componente pedagógico poderoso, com severo e 
positivo impacto na pesquisa, e também um elemento que deve ser utilizado com grande 
cautela, para que seja efetivo no ensino-aprendizagem. 
 
SAIBA MAIS 
 
A aplicação de tecnologia na educação vem se intensificando nos últimos anos, o 
que atraiu um olhar mais atento das grandes empresas de tecnologia como a Microsoft 
e a Google. A Google apoia a educação digital com sua plataforma educacional ao 
Google Classroom que você pode conhecer em detalhes pela indicação seguir: 
 
Fonte: SAIBA o que é Google Classroom. Grupo Escolar, s. d. Disponível em: 
https://www.grupoescolar.com/pesquisa/saiba-o-que-e-o-google-classroom.html. Acesso em: 16 out. 
2021. 
 
 
 
#SAIBA MAIS# 
 
Mas vale ressaltar que o professor precisa integrar-se com a ferramenta, ter boa 
habilidade de uso para que seja capaz de potencializar os efeitos e alcançar os objetivos 
pedagógicos, mesmo sendo um componente curricular que está deixando de ser um 
acessório e passando a ser padrão no ensino. O fato é que, de acordo com Badalotti 
(2017): 
 
 
 
Escolas conectadas à internet conseguem atingir novos horizontes. Essas 
escolas têm a oportunidade de acessar grandes bibliotecas pelo mundo, antes 
apenas acessadas fisicamente. Os alunos, através desta conexão com a 
internet, podem estar ligados ao contexto atual, podendo se transformar em 
pessoas ativas e críticas na sociedade. (BADALOTTI, 2017, p. 21) 
 
A escola deve tomar diversos cuidados quando integra em suas metodologias 
tecnologias variadas. A internet, por exemplo, exige um perfil diferente do professor 
clássico, aquele focado apenas na transmissão de conteúdo. Dessa forma, se a escola 
dominar a aplicação de recursos tecnológicos como a internet, terá uma metodologia de 
ensino poderosa, engajadora, libertadora. 
 A internet, quando bem utilizada, dá ao educador e educando, uma poderosa 
ferramenta que pode aprimorar a comunicação e expressão do aluno, ampliando sua 
visão de mundo, inclusive com a integração às redes sociais, onde o estudante pode 
dialogar e trocar experiências com outros estudantes seja qual for à distância entre eles. 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A sociedade atual está praticamente submersa em tecnologia, o que deveria 
representar uma enorme facilidade da incorporação de grande parte dessas tecnologias 
no desenvolvimento de novas metodologias de ensino, mas existe uma grande barreira 
a ser vencida: a formação docente, a incorporação da tecnologia na capacitação do 
professor. 
 Podemos atribuir essa dificuldade ao fato de que a formação da maioria dos 
docentes vêm de escolas tradicionais, clássicas, onde o alunonão era, nem de longe, 
um protagonista de seu aprendizado, e onde uma educação inclusiva, esclarecedora, 
libertadora, estava mais nos conceitos e livros do que na prática pedagógica. 
 A maioria dos professores são ávidos consumidores de tecnologias, das mesmas 
tecnologias que apresentam resistência em aplicar na sala de aula, como o uso da 
internet e das redes sociais, portanto a educação poderá se renovar assim que vencer 
essa barreira, aplicando novas formas de capacitar seus educadores, engajar esses 
professores nas inovações tecnológicas. 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
A pandemia apresentou uma nova realidade de vida às pessoas, o que impactou 
severamente muitos aspectos da vida em sociedade e repercutiu na educação, 
incentivando o uso das tecnologias como a internet na transmissão do conhecimento, na 
interação entre professor e aluno. Faço a sugestão de leitura do artigo “Tecnologia E 
Educação: Limites E Possibilidades Para A Aprendizagem No Ensino Remoto” escrito 
por Flávia Grecco Resende. 
 
RESENDE, Flávia Grecco. Tecnologia E Educação: Limites E Possibilidades Para A Aprendizagem No 
Ensino Remoto. Estudos e Negócios Academics, n. 2, p. 68-74, 2021. Disponível em: 
http://portalderevistas.esags.edu.br:8181/index.php/revista/article/view/50/43. Acesso em: 16 out. 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
• Título: Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação 
• Autor: BACICH, Lilian (Org). 
• Editora: Penso. 
• Sinopse: “Ensino híbrido: personalização e tecnologia da educação é um livro feito por 
professores para professores. Resultado das reflexões dos participantes do Grupo de 
Experimentações em Ensino Híbrido desenvolvido pelo Instituto Península e pela 
Fundação Lemann, este livro apresentar aos educadores possibilidades de integração 
das tecnologias digitais ao currículo escolar, de forma a alcançar uma série de benefícios 
no dia a dia da sala de aula, como maior engajamento dos alunos no aprendizado e 
melhor aproveitamento do tempo do professor para momentos de personalização do 
ensino por meio de intervenções efetivas.” 
 
 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: O poder da tecnologia na educação: João Gabriel Alkmim at TEDxLacador 
• Ano: 2014 
• Sinopse: Neste vídeo para o TED, o prof. João Gabriel Alkmim trata do poder da 
tecnologia na Educação. 
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=b5TdZ_ox99A. Acesso em: 13 de Setembro 
de 2021. 
 
 
 
 
WEB 
 
• A PORVIR é uma plataforma focada em inovação educacional, e através do link a seguir 
trabalha forte no tema da tecnologia para a educação, uma leitura rica e completa sobre 
o tema. 
• Link do site: https://tecnologia.porvir.org/aplicacao-na-pratica/. Acesso em: 13 set. 2021 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAUJO, Sérgio Paulino de; VIEIRA, Vanessa Dantas; KLEM, Suelen Cristina dos 
Santos; KRESCIGLOVA, Silvana Binde. Tecnologia na educação: contexto histórico, 
papel e diversidade. III Seminário de Pesquisa do CEMAD, fev. 2017. Disponível em: 
http://www.uel.br/eventos/jornadadidatica/pages/arquivos/IV%20Jornada%20de%20Did
atica%20Docencia%20na%20Contemporaneidade%20e%20III%20Seminario%20de%2
0Pesquisa%20do%20CEMAD/TECNOLOGIA%20NA%20EDUCACAO%20CONTEXTO
%20HISTORICO%20PAPEL%20E%20DIVERSIDADE.pdf. Acesso em: 21 ago. 2021. 
 
BADALOTTI, Greisse Moser. Educação e tecnologias. Indaial: UNIASSELVI, 2017. 
 
BARROS, Renata. Tecnologias e Educação: possibilidades de produção de 
conhecimento. Revista de Educação a Distância, v. 1, n. 1, p. 1-7, 2019. 
 
BITTENCOURT, Priscilla Aparecida Santana; ALBINO, João Pedro. O uso das 
tecnologias digitais na educação do século XXI. Revista Íbero-Americana de Estudos 
em Educação, v. 12, n. 1, p. 205-214, 2017. Disponível em: 
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/9433/6260. Acesso em: 22 
ago. 2021. 
 
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais, terceiro e quarto ciclos: apresentação 
dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ttransversais.pdf. Acesso em: 22 ago. 2021. 
 
MAZIERO, R.; ANDRADE, G. de O.; RUBIO, J. C. C. Novas tecnologias: O uso de 
softwares educacionais no ensino e aprendizagem da furação de materiais compósitos. 
RETEC-Revista de Tecnologias, v. 13, n. 1, p. 36-47, 2020. 
 
NUNES, Felipe Becker; KLINSKI, Cláudia dos Santos. Formação Docente e o uso das 
Tecnologias no Âmbito Escolar. Revista de Gestão e Avaliação Educacional, v. 8, n. 
17, p. 1-15, 2019. Disponível em: 
https://www.researchgate.net/publication/336313389_Formacao_docente_e_o_uso_da
s_tecnologias_no_ambito_escolar. Acesso em: 22 ago. 2021. 
 
PRATA-LINAHRES, Martha; ARRUDA, Rogério Dias de. Inovação e integração de 
tecnologias digitais na docência universitária: conceitos e relações. Revista Reflexão e 
Ação, v. 25, n. 2. p. 250-268, 2017. 
 
PÚBLIO JÚNIOR, Claudemir. Formação docente frente às novas tecnologias: desafios e 
possibilidades. InterMeio: Revista do Programa de Pós-graduação em Educação, v. 
24, n. 47, p. 189-210, 2018. 
 
SILVA, Reinaldo Franco da; CORREA, Emilce Sena. Novas tecnologias e educação: a 
evolução do processo de ensino e aprendizagem na sociedade contemporânea. 
Educação & Linguagem, v. 1, n. 1, p.23-35, 2014. Disponível em: 
 
 
<https://www.fvj.br/revista/wp-content/uploads/2014/12/2Artigo1.pdf> Acesso em: 16 
out. 2021. 
 
SILVA, Josué de Paulo Bailo da; LEITE FILHO, Dionisio Machado. Softwares educacionais e 
suas aplicações em tempos de pandemia: estudo sobre possibilidades de aplicação. Brazilian 
Journal of Development, v. 6, n. 7, p. 50866-50878, 2020. Disponível em: 
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/13835/11577 Acesso em: 16 out. 
2021. 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/13835/11577
CONCLUSÃO GERAL 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Neste material busquei trazer para você os principais conceitos a respeito 
da prática de ensino, identidade docente, descrevendo e detalhando sobre o 
processo de ensino e aprendizagem, a formação do docente e os desafios diante 
da cultura digital. 
Destacamos também sobre o papel social do professor, sua identidade, 
os saberes da docência e a práxis pedagógicas, pontuamos, assim, o que é 
preciso saber para lecionar uma disciplina; e, podemos destacar, sobre o saber 
pedagógico, que também podemos chamar de conhecimento prático, que são 
aqueles conhecimentos sobre metodologias, técnicas e ferramentas que 
utilizamos em sala de aula, é saber articular tudo isso as outras variáveis que 
incidem sobre a aprendizagem: a interação, a experiência e uma boa relação 
professor/aluno. 
 Aprendemos sobre a reflexão de como política, história e educação 
andam lado a lado, uma não existe sem a outra. Voltamos no tempo para 
aprender onde surgiram os primeiros professores no mundo e no Brasil, quais 
foram seus caminhos traçados pela educação em nosso país desde o tempo dos 
Jesuítas, vimos ainda sobre os três grandes períodos da evolução da formação 
de professores. Também compreendemos a importância do docente para o 
desenvolvimento da educação, passamos pelos períodos de formação no 
magistério, a escola nova com o Manifesto do Pioneiros e a concepção 
pedagógica produtivista, ressaltamos sobre alguns artigos da LEI LDB 9394/96 
e nos baseamos nela para compreender sobre os processos de ensino. 
 Além disso, refletimos sobre as contribuições de Paulo Freire, podemos 
concluir que necessitamos que a educação seja verdadeiramente humanizadora, 
mas que, infelizmente, Paulo Freire partiu sem ver isso ser uma regra e não 
como algumas exceções. Sem a educação humanizadora, a cada dia 
percebemos o declínio da sociedade e de como nosso progresso, como seres 
humanos, depende dessa perspectiva. 
E, por fim, aprendemos que a maioria dos professores são ávidos 
consumidores de tecnologias, das mesmas tecnologias que apresentam 
resistência em aplicar na sala de aula,como o uso da internet e das redes 
sociais. Portanto, a educação poderá se renovar assim que vencer essa barreira, 
aplicando novas formas de capacitar seus educadores, engajando esses 
professores nas inovações tecnológicas. 
A partir de agora, acreditamos que você já está preparado para seguir em 
frente, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo desta disciplina em sua 
futura jornada docente. 
 Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

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