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Noções Básicas sobre o Funcionamento Psíquico. Docente: Zacarias Ramalho Silvério O que é o Funcionamento Psíquico. A noção de funcionamento psíquico, baseia-se em uma complexa interação entre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais; Ao avaliarmos o funcionamento psíquico devemos considerar três fenômenos: - Comportamentos ditos normais ou patológicos variam de acordo com a idade – Crises do Estágio do Desenvolvimento Humano; - O desenvolvimento humano não prossegue de modo uniforme, são separados por períodos de mudanças bruscas ou de transição; - Relação indivíduo – ambiente exerce influência no processo; (Eizirik & Bassols, 2013) Por que compreender a base do funcionamento psíquico? O conhecimento dos estágios do desenvolvimento humano possibilita uma melhor percepção a respeito da estrutura e dos padrões normais ou de conflito psíquico; Com isto, podemos compreender os limites entre o funcionamento de forma saudável e os transtornos emocionais; Noção de CRISE – Certas CRISES estão dentro dos padrões esperados para uma determinada fase e não implica em um estado de anormalidade. Crise – Sentido Etimológico: Vento (Eizirik & Bassols, 2013) Conceituando Normalidade: Conceito ambíguo, recheado de significados e costuma ser utilizado como um juízo de valor; Esse conceito depende de normas culturais, dos valores e da época; Podemos compreender o seu conceito por QUATRO perspectivas: - Normalidade como um estado de saúde; - Normalidade como uma busca pelo equilíbrio dos diversos elementos do aparelho mental; - Normalidade como uma média – Média como sendo o normal e as extremidade da curva como desviantes; (Eizirik & Bassols, 2013) Conceituando Normalidade: - Normalidade como um processo, resultante de um sistema de interação que engloba variáveis como: biológico, psicológico e social; É importante que não se utilize do conceito de normalidade como juízo de valor; A integração dessas perspectivas vai favorecer a compreensão do sujeito como um todo, ampliando cada vez mais o conceito do saudável e do anormal; (Eizirik & Bassols, 2013) O Desenvolvimento do Sistema Nervoso Durante os nove meses de gestação, o cérebro do embrião humano adquire neurônios ao ritmo de 250 mil por minuto; Entre o 40º e 50º dias de gestação, o cérebro humana assemelha-se ao de um peixe; Entre o 100º dia, passa a assumir todas as características do cérebro de um mamífero; Existem três teorias que dissertam sobre o agrupamento neural, sendo: Teoria do Crescimento Trófico – Teoria da Competição das Células – Teoria do Movimento Dirigido pelas Fibras; (Eizirik & Bassols, 2013) O neurônio. Considerado a unidade funcional do cérebro; É o responsável por receber as informações e enviar as informações para as células; A sinapse representa as conexões funcionais entre o terminal axonal e o neurônio seguinte, sendo o ponto no qual a informação é transmitida de um neurônio para o outro; O Cérebro humano tem uma facilidade em adaptar-se as situações – Plasticidade; A interação entre os fatores genéticos e a experiência ao longo da vida do sujeito poderá vir a determinar a disfunção psíquica; (Eizirik & Bassols, 2013) Desenvolvimento Cognitivo Básico Piaget deu ênfase ao desenvolvimento cognitivo; A sua teoria ajuda na compreensão do desenvolvimento do pensamento, não o do desenvolvimento da personalidade ou da identidade; Piaget desenvolveu QUATRO estágios do desenvolvimento, sendo: Sensório-Motor; Pré Operacional; Operacional Concreto; Operacional Formal; (Eizirik & Bassols, 2013) Estágio Sensório Motor Ocorre entre 0 – 2 anos de idade; Uso de esquemas inatos para compreender o mundo, aprendizagem por ensaio e erro; Ausência de relações causais e de planejamento; Incapacidade de manipular imagens mentais. (Eizirik & Bassols, 2013) Estágio Pré - Operacional Compreende dos 2-6 anos de idade; O indivíduo desenvolve a capacidade de simbolizar, manipular mentalmente os objeto, desenvolvimento do egocentrismo; Inicia-se a fase de agrupamento de objetos; (Eizirik & Bassols, 2013) Estágio Operacional Concreto Compreende o período entre os 7 – 12 anos de idade; Elabora regras e estratégias para a compreensão do mundo; Reversibilidade (a massinha de modelar pode retornar ao estado anterior); Operações Matemáticas Capacidade de investigação de hipóteses; (Eizirik & Bassols, 2013) Estágio Operacional Formal Compreende a idade dos 12 anos ou mais; Capacidade de previsão não só a de constatação; Imaginação de consequências futuras para as ações presentes; Solução sistemática e metódica de problemas; Descentralização da Perspectiva egocêntrica; (Eizirik & Bassols, 2013) Noções Psicanalíticas do Funcionamento Psíquico O inconsciente como objeto de estudo; Compreende que as situações passadas (traumas/crises) em algum das fases do desenvolvimento do indivíduo poderá gerar algum transtorno na vida do sujeito; Sigmund Freud, considerado o pai da Psicanálise, formulou duas hipóteses da dinâmica organizacional do indivíduo na qual ele denominou-as de tópica: Primeira tópica corresponde aos níveis da mente: Consciência, Pré – consciente e Inconsciente; Segunda Tópica – Id, Ego e Superego (Eizirik & Bassols, 2013) Bases Psicanalíticas do Funcionamento Psíquico: Principais Percussores da Teoria Psicanalítica Melanie Klein: O conflito psíquico ocorre desde o início do desenvolvimento; O bebê percebe as pessoas como boas e más. A cisão vai ocorrer por meio da agressividade inconsciente do bebê que deverá separar os dois objetos; Bion: Sugere que todo o desenvolvimento psíquico do indivíduo ocorre a partir das experiências emocionais vividas nos vínculos humanos. Esse desenvolvimento ocorre na relação mãe-bebê na qual a mãe ‘’empresta’’ sua mente, capacidade de pensar, dentre outros para o bebê; A mãe seria o continente para as emoções do bebê; Sua resolução é quando o bebê apropria-se dessa função, sendo capaz de conter suas emoções e transformar o seu mundo; (Eizirik & Bassols, 2013) Principais Percussores da Teoria Psicanalítica Winnicott: Enfatizou o papel da ‘’mãe suficientemente boa’’ no equilíbrio entre o verdadeiro e falso self. A mãe suficientemente boa é aquela que estimula de forma repetida a segurança do latente, reconhecendo e satisfazendo o gesto espontâneo do bebê, fortalecendo o frágil ego do bebê e o permitindo a criar um self verdadeiro; Winnicott ainda enfatiza que a mãe cumpre o seu papel quando nem gratifica demais o bebê impedindo o filho de lidar com as frustrações e nem gratificando pouco o que não permite ao fortalecimento do ego e o desenvolvimento de sua autoestima. (Eizirik & Bassols, 2013) Principais Percussores da Teoria Psicanalítica Erik Erikson: Adiciona a importância da socialização no desenvolvimento infantil. Erikson considera que todos os indivíduos evoluí durante toda a fase da vida, interagindo constantemente com o ambiente. Desenvolve uma teoria voltada para o desenvolvimento do ego ao longo do ciclo vital, sendo o ego responsável por organizar as informações externas , testar percepções, realizar ações de adaptação; Erikson descreve oito estágios do desenvolvimento do ego e as suas crises instaladas; (Eizirik & Bassols, 2013) Principais Percussores da Teoria Psicanalítica John Bowlby elabora a teoria do apego. Essa teoria considera a existência de um comportamento inato na criança em buscar o seu cuidador, principalmente em situação de medo ou perigo; O apego como sendo uma capacidade cognitiva e instintiva que tem como função proteção da vida e o desenvolvimento do cuidado; O apego é desenvolvido a partir das primeiras relações do indivíduo com o ambiente; O pais funcionam como uma base segura pra os filhos. Essa forma de relação desenvolve o que se chama de Padrões de Apego ; (Eizirik & Bassols, 2013 & Bolwlb, 2002) (Eizirik & Bassols, 2013 & Bolwlb, 2002) Psicologia do EGO É o estudo das primeiras relações que contribuí significativamente para o desenvolvimento dapersonalidade do sujeito; As primeira relações do indivíduo com o objeto (o outro) é de fundamental importância para todo o desenvolvimento da criança / adulto; O bebê reage de forma consistente e repetida em resposta a face humana, organizando-se e reagindo a partir dos vínculos criados com o objeto inicial; (Eizirik & Bassols, 2013) Mecanismos de Defesa O conhecimento dos Principais Mecanismos de Defesa é de extrema utilidade para compreendermos o funcionamento da mente; Os mecanismos de defesa é uma forma do indivíduo lidar com a ansiedade em situações de estresse; Mecanismos de Defesa podem ser classificados em termos patológicos ou normais: Defesa Narcísica – Imaturas - Neurótica – Maduras; (Eizirik & Bassols, 2013) Mecanismos de Defesa Defesas Maduras: São as defesas consideradas adaptativas. Esses mecanismos envolvem um balanço adequado entre manter a ideia e o afeto na mente enquanto atenuam o conflito. Indica uma adaptação mais favorável no manejo dos eventos estressores; Defesa Neurótica: São defesas que alteram os afetos, sentimentos internos ou expressão dos instintos, fazendo com que os indivíduos pareça estar sempre às voltas com suas preocupações pessoais e problemas insolúveis; Defesas Imaturas ou Narcísicas: Mantém afetos desagradáveis ou inaceitáveis fora da consciência , tendem a ser usadas por pessoas que se sentem ameaçadas pela intimidade pessoal, está ligada a autoestima; (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Sublimação: Obter gratificação de impulsos, permite a canalização dos instintos, busca lançar-se em atividades socialmente aceitas. (Defesa Madura) – Ex: Um artista que lança para a tela os seus sentimentos; Humor: Usa do humor como forma de expressar seus sentimentos e pensamentos sem desconforto, essa mecanismo não produz desconforto a outro (Defesa Madura); Antecipação: Antecipar REALISTICAMENTE algum desconforto futuro. É voltado a uma meta e implica um planejamento cuidadoso (Defesa Madura); (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Supressão: Consiste em adiar ou prestar atenção a um impulso ou conflito. O indivíduo não evita o conflito (Defesa Madura); Racionalização: Oferecer explicações racionais em uma tentativa de justificar atitudes, crenças ou comportamentos (Defesa Madura); Anulação: Tentativa de lidar com um conflito emocional mediante palavras ou comportamentos que visam negar ou corrigir ações inaceitáveis (Defesa Neurótica); (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Pseudoaltruísmo: O indivíduo ajuda ao outros com o intuito de receber uma gratificação ou de sentir-se gratificado (Defesa Neurótica); Idealização: Lidar com conflitos emocionais sejam eles internos ou externos atribuindo ao outro qualidades positivas exageradas (Defesa Neurótica); Formação Reativa: Transformar um impulso ou sentimento inaceitável em seu oposto; Projeção: Atribuir ao outro seus próprios sentimentos e desejos por serem intoleráveis ou dolorosos (Defesa Imatura); (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Agressão Passiva: Expressar agressividade em relação aos outros por meio da passividade e masoquismo e voltar-se contra sí (Defesa Imatura); Atuação (acting out): Expressar um desejo ou impulso inconsciente por meio de ações, evitando tomar consciência de um afeto (Defesa Imatura); Isolamento: Dissociar ou separar uma ideia de um afeto (Defesa Imatura); Desvalorização: Lidar com conflito externo ou interno atribuindo para sí ou para o outro qualidades negativas (Defesa Imatura); (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Fantasia Autística: Lidar com um conflito emocional buscando um substituto para relacionamentos (Defesa Imatura); Negação: Evitar a percepção de algum aspecto doloroso (Defesa Imatura); Deslocamento: Deslocar uma emoção para um outro objeto (Defesa Imatura); Dissociação: Modificar de forma temporário e drástico, o caráter de uma pessoa ou o próprio sentimento de identidade pessoal para evitar a angústia (Defesa Imatura) (Eizirik & Bassols, 2013) Outros Mecanismos de Defesa: Cisão: Lidar com o conflito emocional ou estressores não integrando estados afetivos (Defesa Imatura); Somatização: Converter derivados psíquicos sem sintomas corporais e tender a reagir com manifestações corporais (Defesa Imatura); (Eizirik & Bassols, 2013) O Manejo Terapêutico com o Paciente: A importância do fenômeno da transferência no Setting Terapêutico; Cabe ao profissional decodificar sentimentos, sensações e emoções trazidas pelo paciente, buscando o alívio do sintoma através da validação e do acolhimento das demandas. (Eizirik & Bassols, 2013) Referências Bibliográficas EIZIRIK, Cláudio Laks; BASSOLS, Ana Margareth Siqueira. O ciclo da vida humana: Uma perspectiva Psicodinâmica. 2ª Ed. ArtMed. 2013; BOWLBY, John. Apego: A natureza do Vínculo. 3ª Ed. Martins Fontes. 2002; image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg