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Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR O advogado DANIEL ZALEWSKI CAVALCANTI, brasileiro, inscrito na OAB/RS sob o nº 120.120, com escritório profissional situado na capital do Estado do Rio Grande do Sul, vem, respeitosamente, à elevada presença de Vossa Excelência impetrar a presente ordem de: HABEAS CORPUS Em favor de MARCOS VINICIUS ZIMMER, brasileiro, nascido em 19/07/1987, domiciliado na Rua Marques de Souza, nº 776, bairro Hamburgo Velho, Novo Hamburgo/RS, em razão de constrangimento ilegal decorrente da decisão proferida pelo MM. Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente/SP, que recebeu a denúncia apresentada contra o paciente. O impetrante arrima-se no disposto no art. 5º, incisos LXVIII e IX, da Constituição Federal, nos arts. 647 e 648, inciso VI, e art. 315, § 2º, todos do Código de Processo Penal, além dos relevantes fundamentos de fato e de direito que passa a expor. Nestes termos, pede deferimento. Porto Alegre, datado eletronicamente. Daniel Zalewski Cavalcanti OAB/RS 120.120 Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 2 COLENDA CÂMARA, EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ILUSTRES DESEMBARGADORES RESUMO DA IMPETRAÇÃO O presente habeas corpus impugna decisão que recebeu denúncia contra o paciente sem fundamentação concreta, em afronta ao art. 93, IX, da Constituição Federal e ao art. 315, § 2º, do Código de Processo Penal. O juízo singular limitou-se a acolher, de forma genérica, a manifestação ministerial, sem enfrentar as teses defensivas oportunamente apresentadas — notadamente, a inépcia da denúncia, a ausência de justa causa e a atipicidade da conduta. Embora o Ministério Público tenha imputado ao paciente a participação no crime de extorsão, não há nos autos qualquer prova de que ele tenha praticado, instigado ou sequer conhecido os atos de ameaça dirigidos à vítima. A única evidência apresentada é o fato de que valores transferidos pela vítima passaram por conta bancária de titularidade do acusado — circunstância que, isoladamente, configura mero exaurimento do tipo penal, conforme entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Súmula 96/STJ). Diante da ausência de indícios mínimos de autoria e da falta de fundamentação individualizada na decisão que recebeu a denúncia, requer-se o trancamento da ação penal. Alternativamente, pleiteia-se a decretação da nulidade do ato coator ou, ao menos, o reconhecimento da omissão judicial quanto ao enfrentamento das teses defensivas, com a consequente renovação da análise, sob pena de nulidade. DO ATO COATOR I. O presente remédio constitucional tem por objeto o constrangimento ilegal consubstanciado no recebimento da denúncia pela autoridade coatora sem a devida fundamentação constitucional, conforme exige o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, bem como em desrespeito ao disposto no art. 315, § 2º, do Código de Processo Penal. Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 3 II. Ao contrário do que se espera de um juízo imparcial e comprometido com a legalidade, a decisão limitou-se a reproduzir, de forma genérica e sem qualquer análise crítica, a manifestação ministerial, ignorando por completo as teses defensivas expostas na resposta à acusação — verdadeira violação aos preceitos constitucionais. Registra-se, com preocupação, o seguinte trecho: “Os argumentos apresentados pela defesa não merecem prosperar. Acolho integralmente a manifestação do Ministério Público de fls 605/606, por entender que a denuncia preenche os requisitos exigidos pelo artigo 41 do CPP III. A ausência de análise por parte da autoridade coatora quanto aos fundamentos jurídicos apresentados pela defesa técnica, no momento do recebimento da denúncia, representa não apenas uma afronta ao devido processo legal, como também evidencia a omissão quanto ao exame da ausência de justa causa e da tipicidade da conduta narrada. • A inépcia da denúncia, por ausência de descrição objetiva e mínima da conduta imputada ao acusado; • A ausência de justa causa, já que não há qualquer indício de que o acusado tenha participado do ato de constranger a vítima ou de qualquer vínculo com os autores da ameaça; • A atipicidade da conduta, pois o recebimento do valor na conta bancária, isoladamente, não configura o crime de extorsão — sendo juridicamente caracterizado como exaurimento. Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 4 IV. O Ministério Público não apresentou sequer um elemento, seja ele colhido na investigação ou proveniente de qualquer outro meio de prova, que demonstre a participação do paciente no delito que lhe foi imputado. V. Pelo contrário, limitou-se a apresentar elementos de convicção no sentido de que o agora indevidamente réu, teria recebido em sua conta bancária valores supostamente oriundos de um crime de extorsão. VI. A defesa apresentou resposta à acusação apontando, de forma clara e objetiva, a inépcia da peça inaugural, a ausência de justa causa para a deflagração da ação penal, bem como a atipicidade dos fatos narrados, uma vez que a conduta atribuída — para a qual há elementos probatórios — restringe-se ao recebimento de valores em sua conta bancária, sem qualquer vinculação objetiva com os elementos essenciais do tipo penal imputado. DO CABIMENTO DO REMÉDIO HEROICO VII. É plausível a submissão da matéria ao crivo desse e. Tribunal de Justiça, mormente por se tratar de medida de extração constitucional, posto que, “seja a ameaça direta ou frontal, seja ela indireta ou tangencial, aberta está a via constitucional para amparar o direito do cidadão à liberdade, não cabendo limitar-se, ao argumento de que os tribunais já se encontram assoberbados por recursos outros, o exercício de um direito constitucionalmente assegurado no rol maior das garantias individuais” (HABEAS CORPUS nº 113.198, PIAUÍ – PLENÁRIO DO STF - Rel. MIN. DIAS TOFFOLI)”. VIII. Não poderia, desse modo, eximir-se o Impetrante de “bater às portas” deste Egrégio Tribunal, por meio do presente remédio constitucional, a fim de conjurar a flagrante ilegalidade consubstanciada no recebimento de uma denúncia infundada, baseada em fatos atípicos, desprovidos de respaldo mínimo probatório e proferida sem a devida fundamentação exigida pela Constituição Federal. IX. Trata-se, portanto, de uma denúncia inepta, carente de justa causa, cuja subsistência representa grave afronta ao devido processo legal, à ampla defesa e ao princípio da legalidade penal. DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E DA TIPICIDADE DA CONDUTA Falta de justa causa por atipicidade da conduta, pois o recebimento do valor na conta bancária, isoladamente, não configura o crime de extorsão — sendo juridicamente caracterizado como exaurimento. Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 5 Não se fazem presentes elementos mínimos de autoria, exigidos para o recebimento da denúncia, em relação à efetiva participação dos denunciados nos supostos crimes ocorridos nos anos de 2006 e 2007, ou mesmo que tenham eles, no período imediato, recebido vantagem indevida em razão do mandato parlamentar INQUÉRITO: Inq 3983 DF X. O fato imputado é o crime de extorsão, contudo, as provas apresentadas não são capazes de respaldar a acusação formulada pelo parquet. Isso porque se limitam,de forma superficial, a indicar uma suposta participação do paciente no exaurimento do tipo penal, uma vez que o mero recebimento de valores supostamente ilícitos, por si só, é incapaz de demonstrar qualquer vínculo com a conduta típica exigida pelo art. 158 do Código Penal. XI. Ensina Nelson Hungria que a consumação do delito de extorsão exige a presença de três elementos: a) emprego de violência física ou moral (grave ameaça); b) coação daí resultante para fazer, tolerar ou omitir alguma coisa; e c) intenção de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica. XII. Em resumo, a consumação do delito de extorsão ocorre no momento em que o agente criminoso constrange a vítima mediante grave ameaça, obrigando-a a fazer, tolerar ou omitir determinada conduta, com a intenção de obter, para si ou para outrem, vantagem econômica indevida. XIII. SÚMULA N. 96 do STJ O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. STJ (AgRg no AREsp1880393) A consumação do delito de extorsão ocorre quando há o efetivo constrangimento, independente da obtenção da vantagem. Isso porque o crime de extorsão é formal, consumando-se no momento em que o agente, mediante violência ou grave ameaça, constrange a vítima com o intuito de obter vantagem econômica indevida. O recebimento da vantagem, por sua vez, constitui mero EXAURIMENTO do crime. XIV. A obtenção da vantagem econômica, por sua vez, é considerada mero exaurimento do crime, ou seja, um resultado que pode ou não ocorrer após a consumação do delito. XV. Ou seja, o parquet denunciou o paciente por fato atípico, e essa denúncia foi recebida pela autoridade coatora que, com a devida vênia, agiu de forma equivocada, uma vez que o r. despacho não enfrentou adequadamente a matéria suscitada pela defesa. A decisão de fls. 623/626, que confirmou o recebimento da denúncia, limitou-se a reproduzir argumentos genéricos e a remeter-se à manifestação ministerial, sem analisar, de modo específico, as teses defensivas articuladas na resposta à acusação. https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/862923248 https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/862923248 Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 6 XVI. Sabe-se que, dentro do que se convencionou chamar de iter criminis, ocorrem, segundo a melhor doutrina, fases internas, externas e posteriores, sendo as internas (cogitação) penalmente impuníveis. As fases externas compreendem o ato preparatório, os atos executórios e a consumação, culminando com o exaurimento. Este último, por sua vez, é irrelevante para os crimes formais, uma vez que a consumação já caracteriza o delito. XVII. Ou seja, o Parquet não apresentou ao Juízo sequer a descrição de uma conduta criminosa praticada pelo réu. Argumentos nesse sentido foram devidamente trazidos na peça inaugural da defesa técnica, mas não receberam a devida atenção por parte do nobre Juízo. XVIII. Submeter um cidadão à persecução penal por meio de denúncia que sequer descreve e apresenta provas de um fato típico constitui grave violação ao devido processo legal e aos direitos fundamentais da ampla defesa e do contraditório. XIX. Nas palavras do eminente MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA, no Recurso em Habeas Corpus nº 56.980/SC, em caso análogo: Todavia, no caso presente, o julgador, nem mesmo de forma concisa, ressaltou a presença dos requisitos viabilizadores da ação penal. Limitou-se a dizer que estavam ausentes as hipóteses do art. 395 do Código de Processo Penal, sem demonstrar, nem minimamente, o que o teria levado a acolher a pretensão ministerial. Sabe-se, entretanto, que responder a uma ação penal propala efeito negativo e estigmatizante. O simples fato de figurar como denunciado aplica ao agente um estigma de "criminoso", torna-o afetado por um processo seletivo e discriminatório. O indivíduo passa a ser "condenado" a partir da etiqueta que lhe é colocada, não exatamente pelo ato praticado. Em que pese toda essa arbitrariedade seletiva dirigida aos acusados, vê- se que, neste caso, o Magistrado deixou de verificar a existência dos pressupostos processuais e das condições da ação, não tratando, ademais, da existência de justa causa para o exercício da ação penal. Ressalte-se que "a falta de fundamentação não se confunde com fundamentação sucinta. Interpretação que se extrai do inciso IX do art. 93 da CF/88" (STF, Segunda Turma, AgRg no HC-105.349/SP, Rel. Min. AYRES BRITTO, j. em 23/11/2010, DJ de 17/2/2011). Note-se, por fim, que a decisão viabilizadora da ação penal há de implicar constrangimento ilegal ao denunciado, por poder afetar o seu direito de locomoção. Ainda que a defesa tenha toda a instrução criminal para sustentar suas teses e produzir provas de suas alegações, com observância do princípio do contraditório, não se pode negar a carga negativa que possui o recebimento de uma denúncia, tampouco se pode retirar da demanda criminal a possibilidade de acarretar o cárcere. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 7 XX. Mesmo após a análise detalhada apresentada pela defesa técnica, o nobre Juízo — aqui apontado como autoridade coatora — limitou-se a afirmar: “Os argumentos apresentados pela defesa não merecem prosperar. Acolho integralmente a manifestação do Ministério Público de fls 605/606, por entender que a denuncia preenche os requisitos exigidos pelo artigo 41 do CPP. XXI. Como se observa, não houve enfrentamento efetivo das teses defensivas. Ao contrário, o juízo resumiu-se a uma referência genérica ao texto legal, sem demonstrar de que forma os requisitos do art. 41 do CPP estariam concretamente presentes no caso em exame, tampouco **indicou quais elementos dos autos sustentariam o recebimento da denúncia. XXII. Há uma notória Omissão no enfrentamento das teses defensivas XXIII. A decisão ora impugnada não examinou adequadamente as teses defensivas apresentadas de forma fundamentada na resposta à acusação. O silêncio judicial quanto aos pontos centrais da defesa técnica representa mais do que uma falha de estilo: configura omissão relevante que compromete a legalidade da decisão e torna impossível o seu controle jurisdicional. XXIV. A defesa demonstrou, com base na doutrina e na jurisprudência: • A inépcia da denúncia, por ausência de descrição objetiva e mínima da conduta imputada ao acusado; • A ausência de justa causa, já que não há qualquer indício de que o acusado tenha participado do ato de constranger a vítima ou de qualquer vínculo com os autores da ameaça; • A atipicidade da conduta, pois o recebimento do valor na conta bancária, isoladamente, não configura o crime de extorsão — sendo juridicamente caracterizado como exaurimento. XXV. A decisão de recebimento da denúncia, no entanto, limitou-se a afirmar genericamente que estariam preenchidos os requisitos do art. 41 do CPP e ausentes as hipóteses do art. 395, sem indicar, nem mesmo de forma concisa, quais elementos dos autos justificariam essa conclusão. A mera remissão à manifestação ministerial, ainda que extensa, não substitui a fundamentação judicial exigida constitucionalmente. XXVI. Trata-se, pois, de omissão substancial, que impede o exercício do contraditório, frustra o direito à ampla defesa e fragiliza a validade do próprio processo penal. XXVII. Em casos como este, não basta a presença formal da denúncia: é preciso demonstrar, com base nos autos, que há justa causa, lastro Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 8 mínimo probatório e imputação juridicamente possível. A ausência desse exame impede o controle e a transparência do processo penal, que não podese iniciar com base em presunções, inferências ou automatismos. XXVIII. Nos termos do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.” XXIX. O mesmo se extrai do art. 315, § 2º, do Código de Processo Penal, de aplicação analógica ao caso: “A decisão será fundamentada com base em elementos concretos dos autos, e não em suposições abstratas ou em argumentos padronizados.” XXX. A r. decisão que recebe a denúncia é ato jurisdicional que inaugura a persecução penal em juízo. Por isso mesmo, não pode ser chancelada com fundamentação padronizada ou por remissão genérica à manifestação ministerial. XXXI. A ausência de fundamentação idônea e individualizada na decisão que recebe a denúncia compromete o devido processo legal. Tornando um homem honesto em réu fazendo com que este carregue toda carga preconceituosa e estigmatizada sobre si. FRAGILIDADE DA DENÚNCIA E POSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NESTA FASE XXXII. A análise da denúncia oferecida pelo Ministério Público evidencia que não há imputação minimamente individualizada em relação ao acusado Marcos Vinicius Zimmer. XXXIII. A peça acusatória limita-se a narrar que a vítima realizou três transferências bancárias e que duas delas tiveram como destino conta bancária de titularidade do acusado. Com base nisso, o Ministério Público presume, sem qualquer dado concreto, que o acusado participou da prática do crime de extorsão. XXXIV. Contudo, não há qualquer elemento que demonstre que o acusado tenha praticado, instigado, facilitado ou sequer tomado conhecimento dos atos de ameaça ou constrangimento atribuídos ao suposto grupo criminoso. XXXV. Não se indica que Marcos tenha feito contato com a vítima, tampouco que tenha participado das ligações, ou que tenha recebido qualquer valor com consciência da origem ilícita ou com intenção de dividir vantagem. XXXVI. O único fato descrito na denúncia e que encontra algum respaldo probatório é a titularidade de uma conta bancária em nome do acusado Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 9 que recebeu valores da vítima, sendo essa conduta, quando isoladamente considerada, manifestamente atípica, conforme reiterada jurisprudência XXXVII. Tal fragilidade material da peça inaugural compromete seu recebimento e, alternativamente, impõe a absolvição sumária. XXXVIII. Nos termos do art. 397, inciso III, do Código de Processo Penal, o magistrado poderá absolver sumariamente o acusado se o fato narrado evidentemente não constituir crime. DA MEDIDA LIMINAR XXXIX. A medida liminar pleiteada justifica-se diante da iminente realização da audiência de instrução designada para o dia 1º de julho de 2025, a qual ocorrerá sem que se tenha previamente analisado as preliminares arguidas pela defesa, notadamente a inépcia da denúncia, a ausência de justa causa e a atipicidade da conduta imputada. XL. A realização do ato instrutório nessas condições representa prejuízo irreparável ao paciente, uma vez que o processo penal prosseguirá com base em acusação manifestamente inepta e infundada, afrontando os princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. XLI. Presentes, portanto, os requisitos autorizadores da concessão da tutela de urgência: o fumus boni iuris, evidenciado pela manifesta nulidade do recebimento da denúncia sem fundamentação concreta; e o periculum in mora, caracterizado pela proximidade da audiência e pelos efeitos prejudiciais irreversíveis à defesa. XLII. Diante disso, requer-se, liminarmente, a suspensão da tramitação da Ação Penal até o julgamento final deste habeas corpus, a fim de se evitar a prática de atos processuais cuja nulidade já se anuncia desde agora. Dos requerimentos Diante de todo o exposto, demonstrada a flagrante ilegalidade consubstanciada no recebimento da denúncia sem fundamentação concreta, em manifesta afronta ao art. 93, IX, da Constituição Federal e ao art. 315, § 2º, do Dom Pedro II, 1220, Sala 511, Porto Alegre - RS | (51) 98251-8212 | penalempresarial.rs@gmail.com Página | 10 Código de Processo Penal, bem como a ausência de justa causa e a atipicidade da conduta imputada ao paciente, requer-se: I. A concessão de medida liminar, para suspender de imediato a tramitação da Ação Penal nº 1505300-09.2022.8.26.0482, que tramita perante a 1ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente/SP, até o julgamento final do presente habeas corpus, especialmente diante da proximidade da audiência de instrução designada para o dia 1º de julho de 2025; II. Ao final, a concessão definitiva da ordem, para que se determine o trancamento da ação penal, por ausência de justa causa, inépcia da denúncia e atipicidade da conduta atribuída ao paciente; III. Alternativamente, a decretação da absolvição sumária do acusado, nos termos do art. 397, III, do CPP Subsidiariamente, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência: IV. Que se reconheça a nulidade da decisão de recebimento da denúncia, por ausência de fundamentação concreta; Ou, ainda, que se determine o saneamento da omissão judicial, com o enfrentamento específico, fundamentado e individualizado das teses defensivas expostas na resposta à acusação; V. A notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo legal; VI. A posterior manifestação do Ministério Público; VII. E, por fim, que seja deferido o processamento do presente writ com a máxima urgência, a fim de evitar prejuízo irreversível ao paciente, atualmente submetido a ação penal fundada em elementos frágeis, sem lastro probatório mínimo e amparada em decisão padronizada e inconstitucional. Nestes termos, pede deferimento. Porto Alegre, datado eletronicamente. Daniel Zalewski Cavalcanti OAB/RS 120.120