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Tronco Encefálico 1 Tronco Encefálico Tronco Encefálico 2 SUMÁRIO 1. Bulbo (ou medula oblonga) ........................................................................................ 4 Limites ........................................................................................................................... 5 Substância Cinzenta do Bulbo ..................................................................................... 8 Substância Cinzenta ..................................................................................................... 9 Substância Branca do Bulbo ...................................................................................... 10 Fibras Longitudinais ................................................................................................... 11 Formação Reticular do Bulbo .................................................................................... 13 2. Ponte ........................................................................................................................... 14 Estrutura Interna da Ponte ......................................................................................... 16 Base da ponte (Parte ventral) .................................................................................... 16 Tegmento da Ponte (Parte dorsal) ............................................................................ 18 Formação Reticular da Ponte .................................................................................... 21 Tronco Encefálico 3 3. Mesencéfalo ............................................................................................................... 22 Teto do mesencéfalo.................................................................................................. 23 Pedúnculos cerebrais ................................................................................................. 24 Base ............................................................................................................................. 25 Tegmento .................................................................................................................... 26 Núcleo do nervo troclear ............................................................................................ 26 Núcleo do nervo oculomotor ..................................................................................... 26 Núcleo rubro (ou núcleo vermelho) ........................................................................... 26 Formação reticular do mesencéfalo ......................................................................... 27 4. Lesões do tronco encefálico ..................................................................................... 28 5. Referências bibliográficas ......................................................................................... 29 Tronco Encefálico 4Trauma cranioencefálico 4 O tronco encefálico é a parte mais caudal do encéfalo. É composto pelo mesencéfalo, pela ponte e pelo bulbo. Interpõe-se entre a medula e o diencéfalo e localiza-se ven- tralmente ao cerebelo. A importância do tronco encefálico repousa em várias de suas características, que, em conjunto, dão a ele a definição informal de centro de sobrevi- vência. Está associado a diversas funções vitais, como o ciclo sono-vigília, consciência e controle respiratório e cardíaco, abrange a maioria dos núcleos dos nervos cranianos e facilita a comunicação entre cérebro, medula espinal e cerebelo. Na sua constituição, entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fi- bras nervosas que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tratos, fascículos e lemniscos. Muitos desses núcleos recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. Figura 1: Tronco encefálico Fonte: Designua/shutterstock.com 1. BULBO (OU MEDULA OBLONGA) É a porção mais inferior do tronco cerebral, tem a forma de um tronco de cone e é contínua com a medula espinal abaixo e com a ponte acima. Cérebro Tronco encefálico Medula espinal Cerebelo Controla a personalidade, emoções, audição, visão e ações voluntárias Regula as funções cardíaca e respiratória Transmissão de sinais nervosos Controle motor e funções cognitivas Tronco Encefálico 5Trauma cranioencefálico 5 Limites • INFERIOR: não existe uma linha de demarcação exata entre a medula e o bulbo, mas considera-se o limite inferior uma linha imaginária horizontal logo acima do filamento radicular mais cranial do primeiro nervo cervical da medula, na altura do forame magno. • SUPERIOR: sulco bulbo-pontino (visível no contorno ventral do tronco encefálico) A superfície do bulbo é percorrida por diversos sulcos contínuos com os da medula espinal: • Fissura mediana anterior - é interrompida inferiormente pela decussação das pirâmides e termina superiormente em uma pequena depressão no sulco bul- bopontino, o forame cego. • Sulcos laterais anteriores – de onde emergem os filamentos radiculares do nervo hipoglosso (NC XII). • Sulcos laterais posteriores – de onde emergem os filamentos radiculares dos nervos glossofaríngeo (NC IX), vago (NC X) e acessório (NC XI). • Sulco intermédio posterior. • Sulco mediano posterior – termina na metade do bulbo, no obéx, onde seus lábios se abrem para formar os limites laterais do IV ventrículo. Esses sulcos delimitam estruturas no bulbo contínuas com os funículos medulares que caracterizam as áreas anterior, lateral e posterior do bulbo. Figura 2: A decussação das pirâmides Fonte: Acervo Sanar. Tronco Encefálico 6Trauma cranioencefálico 6 Na região anterior, ao lado da fissura mediana anterior, encontramos as pirâmides, feixes compactos de fibras nervosas descendentes derivadas do hemisfério ipsilateral do córtex cerebral, que ligam as áreas motoras do cérebros aos neurônios motores da medula – trato corticoespinhal. A decussação das pirâmides consiste em uma estrutura na região caudal, onde as fibras do trato corticoespinhal cruzam obliquamente o plano mediano, para continuar como trato corticoespinhal lateral. (Imagem 2). A oliva é uma eminência presente na lateral do bulbo, entre os sulcos laterais anterior e posterior, onde se encontra o núcleo olivar inferior. (Imagem 3). Na área posterior do bulbo, há a continuação dos fascículos grácil e cuneiforme da medula, constituídos de fibras nervosas ascendentes, que terminam nos núcleos grácil e cuneiforme, respectivamente, situados na parte mais cranial desses fascículos. Eles determinam o aparecimento de duas eminências, o tubérculo do núcleo grácil, medial- mente, e do núcleo cuneiforme, lateralmente. (Imagem 2). Esses tubérculos se afastam lateralmente como um V e gradualmente continuam com o pedúnculo cerebral inferior, grosso feixe de fibras que fletem dorsalmente para penetrar no cerebelo. Figura 3: Tronco encefálico. Fonte: logika600/shutterstock.com Túber cinéreo Hipotálamo Nervo óptico Corpos mamilares Substância perfurada posterior Trato óptico Nervo oculomotor Crus cerebri do pedúnculo cerebral Nervo troclear Raiz motora do nervo trigêmeo Raiz sensitiva do nervo trigêmeo Sulco basilar Nervo facial Nervo vestibulococlear Nervo glossofaríngeo Nervo e núcleo do abducente Nervo hipoglosso Pedúnculo cerebelar inferior Nervo vago Oliva Nervo acessório espinal Pirâmide Tronco Encefálico 7Trauma cranioencefálico 7 O bulbo é dividido em: • Porção fechada – apresenta um canal central contínuo com o da medula que se abre para formar o IV ventrículo • Porção aberta – contribui com a metade inferior do assoalho do IV ventrículo Além das citadas, outra estrutura importante que caracteriza a morfologia interna o bulbo é a decussação dos lemniscos (ou sensitiva). A partir dos núcleos grácil e cuneiforme, emergem as fibras arqueadas internas, que se curvam anterolateralmen- te, cruzam o planomediano na área ventral, formando a decussação dos lemniscos e flete-se cranialmente para constituir de cada lado, o lemnisco medial. Essa estrutura conduz ao tálamo os impulsos que ascenderam pelos fascículos grácil e cuneiforme contralaterais. SE LIGA! Os fascículos grácil e cuneiforme conduzem pelo SNC impulsos relacionados a tato epicrítico, propriocepção consciente, sensibilidade vibratória e estereognosia. 6TRONCO ENCEFÁLICO O bulbo é dividido em: • Porção fechada – Apresenta um canal central contínuo com o da medula que se abre para formar o IV ventrículo • Porção aberta – Contribui com a metade inferior do assoalho do IV ventrículo Além das citadas, outra estrutura im- portante que caracteriza a morfologia interna o bulbo é a decussação dos lemniscos (ou sensitiva). A partir dos núcleos grácil e cuneiforme, emergem as fibras arqueadas internas, que se curvam anterolateralmente, cruzam o plano mediano na área ventral, for- mando a decussação dos lemniscos e flete-se cranialmente para constituir de cada lado, o lemnisco medial. Essa estrutura conduz ao tálamo os impul- sos que ascenderam pelos fascículos grácil e cuneiforme contralaterais. SE LIGA! Os fascículos grácil e cunei- forme conduzem pelo SNC impulsos re- lacionados a tato epicrítico, propriocep- ção consciente, sensibilidade vibratória e estereognosia. SE LIGA! Apesar de terem diversos ele- mentos contínuos, a medula espinhal e o tronco encefálico apresentam diferenças significativas entre suas estruturas. No tronco encefálico, a substância cinzen- ta é fragmentada em núcleos, forman- do os núcleos dos nervos cranianos, que constituem a substância cinzenta homóloga à da medula. Além destes, existem muitos núcleos que não têm correspondência com nenhuma área da medula e constituem a substância cin- zenta própria do tronco encefálico. Lemnisco medial Núcleo grácil Fásciculo grácil Fibra arqueada interna Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 8Trauma cranioencefálico 8 SE LIGA! Apesar de terem diversos elementos contínuos, a medula espinhal e o tronco encefálico apresentam diferenças significativas entre suas estruturas. No tronco encefálico, a substância cinzenta é fragmentada em nú- cleos, formando os núcleos dos nervos cranianos, que constituem a substância cinzenta homóloga à da medula. Além destes, existem muitos núcleos que não têm correspondência com nenhuma área da medula e constituem a substância cinzenta própria do tronco encefálico. Substância Cinzenta do Bulbo Substância Cinzenta Homóloga à da Medu'la NÚCLEOS DE NERVOS CRANIANOS Núcleo do hipoglosso Motor Motricidade da língua Trígono do hipoglosso (assoalho do IV ventrículo) Núcleo do trato espinhal do nervo trigêmeo Sensitivo Fibras dos nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo e vago Fibras aferentes somáticas gerais de quase toda a cabeça Núcleo do trato solitário Sensitivo Gustação Fibras dos nervos facial, glossofaríngeo e vago Núcleo salivatório inferior Inervação da parótida Fibras pré – ganglionares do nervo glossofaríngeo Núcleo ambíguo Motor Fibras dos nervos glossofaríngeo, vago e acessório Musculatura da faringe e laringe Núcleo dorsal do vago Motor parassimpático Trígono do vago (assoalho do IV ventrículo) Núcleos vestibulares (in- ferior e medial) Sensitivos Área vestibular (assoalho do IV ventrículo) Fibras do nervo vestibulococlear Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 9Trauma cranioencefálico 9 SE LIGA! Para memorizar com mais facilidade o nome e a função dos núcleos dos nervos cranianos, podemos usar um esquema baseado no ato de tomar um sorvete. Colocar a língua para fora para lamber o sorvete – núcleo do hipoglosso. Verificar se é realmente um sorvete pela temperatura – núcleo do trato espinhal do trigêmeo. Verificar o gosto do sorvete – núcleo do trato solitário. O indivíduo já está com “água na boca” pelo sorvete – núcleo salivatório inferior. Engolir o sorvete – núcleo ambíguo. O sorvete é digerido no estômago – núcleo dorsal do vago. Para completar esta ação, o indivíduo deve se manter em pé, em equilíbrio – nú- cleos vestibulares. Substância Cinzenta Própria do Bulbo • Núcleo grácil e cuneiforme → Fibras arqueadas internas → Lemnisco medial • Núcleo olivar inferior • recebe fibras do córtex cerebral, da medula (trato espinocerebelar posterior) e do núcleo rubro e liga-se ao cerebelo através das fibras olivocerebelares que cruzam o plano mediano e penetram no córtex cerebelar pelo pedúnculo cerebelar inferior. • Principal função: aprendizagem motora. • Aparece, em cortes, como uma lâmina pregueada e encurvada de substância cinzenta, de fácil identificação. • Núcleos olivares acessórios medial e dorsal: têm basicamente a mesma estrutura, conexão e função do núcleo olivar inferior, com o qual formam o complexo olivar inferior. Tronco Encefálico 10Trauma cranioencefálico 10 Figura 3. Corte transversal do bulbo na extremidade inferior do IV ventrículo Fonte: Acervo Sanar. Substância Branca do Bulbo Fibras Transversais • Fibras arqueadas internas: algumas apresentam os axônios dos núcleos grácil, enquanto outras são formadas pelas fibras olivocerebelares. • Fibras arqueadas externas: originam-se no núcleo cuneiforme acessório e diri- gem-se ao cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior. Fibras transversais Fibras arqueadas internas Fibras arqueadas externas Axônios dos neurônios dos núcleos grácil e cuneiforme Origem: Núcleo cuneiforme acessório Fibras olivocerebelares Destino: cerebelo (pedúnculo cerebelar inferior) Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 11Trauma cranioencefálico 11 Fibras Longitudinais Vias ascendentes • Fascículos grácil e cuneiforme • Lemnisco medial • Tratos espinotalâmico (anterior e lateral) • Tratos espinocerebelares (anterior e posterior) • Pedúnculo cerebelar inferior SE LIGA! As fibras que constituem o pedúnculo cerebelar inferior são: fibras olivocerebelares, fibras do trato espinocerebelar posterior e as fibras arqueadas externas. As fibras do trato espinocerebelar anterior continuam na ponte e entram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior. Vias descendentes • Tratos do sistema lateral da medula: corticoespinhal e rubroespinhal • Tratos do sistema medial da medula: corticoespinhal anterior, teto-espinhal, ves- tibuloespinhais e reticuloespinhais. • Trato corticonuclear: Fibras originadas no córtex cerebral e que, no bulbo, termi- nam nos núcleos ambíguo e do hipoglosso, participando do controle voluntário dos músculos da laringe, da faringe e da língua. • Trato espinhal do nervo trigêmeo: Fibras sensitivas que penetram na ponte pelo nervo trigêmeo e terminam ao longo do núcleo do trato espinhal do nervo trigê- meo no bulbo. • Trato solitário: Formado por fibras aferentes viscerais que penetram no tronco encefálico pelos nervos VII, IX e X e terminam ao longo do núcleo do trato solitário. Via de associação – Fascículo longitudinal medial (ou próprio) Presente em toda a extensão do tronco encefálico e nos níveis mais altos da medula, liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos, sendo especialmente importantes suas conexões com os núcleos dos nervos relacionados aos movimentos do bulbo ocular e da cabeça. Recebe ainda um contingente de fibras dos núcleos vestibulares, trazendo informações acerca da posição da cabeça. Logo, é importante para a reali- zação de reflexos que coordenam os movimentos da cabeça com os do olho, além de vários outros reflexos envolvendo estruturas situadas em níveis diferentes do tronco encefálico. Tronco Encefálico 12Trauma cranioencefálico 12 Fibras Longitudinais Vias ascendentes Vias descendentes Via de associação Fascículos grácil e cuneiforme Tratos do sistema lateral da medula Fascículo longitudinal medial Tratos espinocerebelares Tratos do sistema medial da medula Lemnisco medial Trato corticonuclear Tratos espinotalâmicos Trato espinhal do nervo trigêmeo Pedúnculocerebelar inferior Trato solitário Fonte: Elaborado pelo autor. SAIBA MAIS! Para ampliar o aprendizado, vamos revisar as funções desempenhadas pelos principais tratos citados aqui. • Fascículos grácil e cuneiforme → Tato epicrítico, propriocepção consciente, sen- sibilidade vibratória e estereognosia • T. espinotalâmico anterior → Tato protopático e pressão • T. espinotalâmico lateral → Dor e temperatura • T. espinocerebelar anterior → Propriocepção inconsciente e detecção dos níveis de atividade do t. corticoespinhal • T. espinocerebelar posterior → Propriocepção inconsciente • Sistema lateral da medula • Corticoespinhal lateral → Motricidade voluntária • Rubroespinhal → Motricidade voluntária • Sistema medial da medula • Corticoespinhal anterior → Motricidade voluntária • Teto-espinhal → Orientação sensorial da cabeça Tronco Encefálico 13Trauma cranioencefálico 13 • Reticuloespinhal pontino → Motricidade voluntária e ajustes posturais • Reticuloespinhal bulbar → Motricidade voluntária e ajustes posturais • vestibulo-espinhal lateral → Ajustes posturais • vestibulo-espinhal medial → Ajustes posturais Formação Reticular do Bulbo Ocupa grande área do bulbo, onde preenche todo o espaço não ocupado pelos nú- cleos de tratos mais compactos. Abriga o centro respiratório, o centro vasomotor e o centro do vômito. SE LIGA! A formação reticular consiste em uma agregação difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico. Sua constituição não é de substância branca e nem de substância cinzenta, sendo, de certo modo, inter- mediária entre elas. No tronco encefálico, ocupa uma grande área, preenchendo todo o espaço que não é preenchido pelos tratos, fascículos e núcleos. Pirâmides Trato corticoespinhal Núcleo grácil Tubérculo do núcleo grácil Decussação das pirâmides Núcleo cuneiforme Tubérculo do núcleo cuneiforme Oliva Núcleo olivar inferior Assoalho do IV ventrículo Porção aberta do bulbo Substância cinzenta do bulbo Núcleos de nervos cranianos Núcleo olivar inferior Vias descendentes Decussação dos lemniscos Núcleos grácil e cuneiforme Vias ascendentes Núcleos olivares acessórios Via de associaçãoLemnisco medial Substância branca do bulbo Substância branca do bulbo Fibras arqueadas internas Substância branca do bulbo Fibras arqueadas externas BULBO Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 14Trauma cranioencefálico 14 SAIBA MAIS! Lesões no bulbo apresentam como características mais comuns a disfagia (dificuldade de deglutição) e as alterações de fonação por lesão do núcleo ambíguo, assim como alterações do movimento da língua por lesão do núcleo hipoglosso. Além disso, podem ocorrer paralisias e perdas de sensibilidade nos troncos e nos membros por lesão nas diversas vias ascendentes e descendentes ali presentes. 2. PONTE Localizada entre o bulbo e o mesencéfalo, a ponte situa-se ventralmente ao cerebe- lo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do osso esfenoide. Na superfície anterior, a transição entre o bulbo e a ponte é demarcada pelo sulco bulbo-pontino, enquanto na parte dorsal, não há demarcação clara, pois ambas as estruturas constituem o assoalho do IV ventrículo. 13TRONCO ENCEFÁLICO 2. PONTE Localizada entre o bulbo e o mesen- céfalo, a ponte situa-se ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do osso esfenoide. Na superfície anterior, a transição entre o bulbo e a ponte é demarcada pelo sul- co bulbo-pontino, enquanto na parte dorsal, não há demarcação clara, pois ambas as estruturas constituem o as- soalho do IV ventrículo. Figura 8: Ponte. Disponível em: https://www.kenhub. com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-cerebral SE LIGA! Os nervos facial, vestibulo- coclear e glossofaríngeo emergem nas laterais do sulco bulbo-pontino, local co- nhecido como ângulo ponto-cerebelar. A presença de tantas raízes de nervos cranianos em uma área relativamente pequena explica a riqueza de sintomas observados nos casos de tumores que acometem esta área, levando à com- pressão dessas raízes e causando a chamada síndrome do ângulo ponto-ce- rebelar. Estriações transversais percorrem a base ventral da ponte e convergem de cada lado para formar o pedúnculo cerebelar médio. A superfície da base tem um raso sulco mediano, o sulco basilar da ponte, que aloja a artéria basilar e é delimitado bilateralmen- te por proeminências formadas par- cialmente por fibras corticoespinhais subjacentes à medida que elas des- cem através da ponte. SE LIGA! No limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio, emergem as duas raízes do nervo trigêmeo, uma raiz maior, a sensitiva e uma raiz menor, a motora. SAIBA MAIS! Lesões no bulbo apresentam como características mais comuns a disfagia (dificuldade de de- glutição) e as alterações de fonação por lesão do núcleo ambíguo, assim como alterações do movimento da língua por lesão do núcleo hipoglosso. Além disso, podem ocorrer paralisias e perdas de sensibilidade nos troncos e nos membros por lesão nas diversas vias ascendentes e descendentes ali presentes. PONTE Figura 4: Ponte. Fonte: Disponível em: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-cerebral Tronco Encefálico 15Trauma cranioencefálico 15 SE LIGA! Os nervos facial, vestibulococlear e glossofaríngeo emergem nas laterais do sulco bulbo-pontino, local conhecido como ângulo ponto-cerebe- lar. A presença de tantas raízes de nervos cranianos em uma área relativamente pequena explica a riqueza de sintomas observados nos casos de tumores que acometem esta área, levando à compressão dessas raízes e causando a chamada síndrome do ângulo ponto-cerebelar. Estriações transversais percorrem a base ventral da ponte e convergem de cada lado para formar o pedúnculo cerebelar médio. A superfície da base tem um raso sulco me- diano, o sulco basilar da ponte, que aloja a artéria basilar e é delimitado bilateralmente por proeminências formadas parcialmente por fibras corticoespinhais subjacentes à medida que elas descem através da ponte. SE LIGA! No limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio, emergem as duas raízes do nervo trigêmeo, uma raiz maior, a sensitiva e uma raiz menor, a motora. Figura 5: Vista ventral da ponte. Fonte: Acervo Sanar. Tronco Encefálico 16Trauma cranioencefálico 16 Estrutura Interna da Ponte 14TRONCO ENCEFÁLICO Base da ponte (Parte ventral) É uma área própria da ponte, sem correspondente em outros níveis do tronco encefálico. Figura 9:Vista ventral da ponte. Fonte: Neuroanatomia funcional/ Angelo B. M. Machado, Lucia Machado Haertel: 3º ed; São Paulo: Editora Atheneu, 2014 Estrutura Interna da Ponte Figura 10: Corte transversal do terço médio da ponteDisponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.htmlFigura 6: Corte transversal do terço médio da ponte. Fonte: Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.html Base da ponte (Parte ventral) É uma área própria da ponte, sem correspondente em outros níveis do tronco encefálico. Base da Ponte Fibras longitudinais Fibras transversais Núcleos pontinos Trato corticoespinal Trato corticonuclear Trato corticopontino Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 17Trauma cranioencefálico 17 Fibras longitudinais Essas fibras descem do mesencéfalo para a ponte de forma compacta e se disper- sam em fascículos, os quais estão separados pelos núcleos pontinos e pelas fibras pontinas transversais. • Trato corticoespinhal: forma vários feixes dissociados, não tendo a estrutura compacta que apresenta nas pirâmides do bulbo. • Trato corticonuclear: as fibras destacam-se do trato à medida que se aproximam de cada núcleo motor, podendo terminar em núcleos do mesmo lado ou do lado oposto. No caso da ponte, nos núcleos dos nervos facial, trigêmeo e abducente.• Trato corticopontino: as fibras corticopontinas, derivadas das áreas frontal, tem- poral, parietal e occipital do córtex cerebral, terminam em neurônios nos núcleos pontinos. Fibras transversais (ou pontinas ou pontocerebelares) Essas fibras são caracterizadas pelos axônios dos neurônios de núcleos pontinos, cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio ou braço da ponte. Assim, forma-se a importante via córtico-ponto-cerebelar. Núcleos pontinos São pequenos aglomerados de neurônios dispersos em toda a base da ponte. A maioria projeta para o córtex cerebelar contralateral. 16TRONCO ENCEFÁLICO Tegmento da Ponte (Parte dorsal) Assemelha-se estruturalmente e é con- tínuo com o tegmento do mesencéfalo. Núcleos dos nervos cranianos Núcleos do nervo vestibulococlear • Núcleos cocleares As fibras da divisão coclear do nervo vestibulococlear envolvem parcialmen- te o pedúnculo cerebelar inferior lateral- mente e terminam nos núcleos cocleares ventral e dorsal. Essas fibras correspon- dem aos prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos do gânglio espiral situado na cóclea. A maioria das fibras originadas nos núcleos cruza para o lado oposto, formando o corpo trapezoide. A seguir, contornam o núcleo olivar superior e dirigem-se cranialmente para formar o lemnisco lateral, terminando no colícu- lo inferior (presente no mesencéfalo), de onde os impulsos nervosos seguem para o corpo geniculado medial (estrutura talâ- mica). No entanto, muitas fibras dos nú- cleos cocleares terminam no núcleo olivar superior, contra ou ipsilateral, de onde os impulsos seguem pelo lemnisco lateral. Todas essas informações transmitidas aos núcleos cocleares são parte da via da audição e são levadas ao córtex ce- rebral para sua interpretação. SE LIGA! Como as fibras cocleares po- dem ser encaminhadas ao lemnisco la- teral contra ou ipsilateral, a via auditiva apresenta componentes cruzados e não cruzados, ou seja, o hemifério cerebral de um lado recebe informações auditi- vas provenientes dos dois ouvidos. Figura 11: Corte transversal do terço médio da ponte. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.htmlFigura 7: Corte transversal do terço médio da ponte. Fonte: Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.html Tronco Encefálico 18Trauma cranioencefálico 18 Tegmento da Ponte (Parte dorsal) Assemelha-se estruturalmente e é contínuo com o tegmento do mesencéfalo. Núcleos dos nervos cranianos Núcleos do nervo vestibulococlear • Núcleos cocleares As fibras da divisão coclear do nervo vestibulococlear envolvem parcialmente o pedúnculo cerebelar inferior lateralmente e terminam nos núcleos cocleares ventral e dorsal. Essas fibras correspondem aos prolongamentos centrais dos neurônios sensi- tivos do gânglio espiral situado na cóclea. A maioria das fibras originadas nos núcleos cruza para o lado oposto, formando o corpo trapezoide. A seguir, contornam o núcleo olivar superior e dirigem-se cranialmente para formar o lemnisco lateral, terminando no colículo inferior (presente no mesencéfalo), de onde os impulsos nervosos seguem para o corpo geniculado medial (estrutura talâmica). No entanto, muitas fibras dos núcleos cocleares terminam no núcleo olivar superior, contra ou ipsilateral, de onde os impulsos seguem pelo lemnisco lateral. Todas essas informações transmitidas aos núcleos cocleares são parte da via da audição e são levadas ao córtex cerebral para sua interpretação. SE LIGA! Como as fibras cocleares podem ser encaminhadas ao lem- nisco lateral contra ou ipsilateral, a via auditiva apresenta componentes cruzados e não cruzados, ou seja, o hemifério cerebral de um lado recebe informações auditivas provenientes dos dois ouvidos. • Núcleos vestibulares O complexo vestibular consiste nos núcleos vestibulares medial, lateral, superior e inferior e localiza-se na área vestibular, no assoalho do IV ventrículo. Através de suas conexões, o sistema vestibular influencia os movimentos dos olhos, da cabeça, dos músculos do tronco e dos membros, a fim de manter o equilíbrio. Recebem fibras derivadas da partevestibular do nervo vestibulococlear, do cerebelo, da formação reticular e da medula espinal e enviam axônios para o cerebelo, para o fascículo longitudinal medial, para a medula espinal e para o lemnisco lateral. As fibras eferentes dos núcleos vestibulares formam ou entram na composição dos seguintes tratos e fascículos: • Fascículo vestibulocerebelar • Fascículo longitudinal medial • Trato vestibuloespinhal • Fibras vestibulotalâmicas Tronco Encefálico 19Trauma cranioencefálico 19 Núcleos do nervo facial e abducente As fibras que emergem do núcleo do nervo facial têm inicialmente direção poste- romedial, formando um feixe compacto que, logo abaixo do IV ventrículo, se encurva em direção cranial. Após percorrerem certa distância medialmente ao núcleo do nervo abducente, essas fibras encurvam-se lateralmente sobre a superfície dorsal deste nú- cleo, constituindo o joelho interno do nervo facial. Esse trajeto provoca uma elevação do assoalho do IV ventrículo, denominada colículo facial (Imagem 3). Após contornar o núcleo do abducente, as fibras do nervo facial tomam direção ventrolateral e ligeira- mente caudal, para emergir no sulco bulbo-pontino. 17TRONCO ENCEFÁLICO • Núcleos vestibulares O complexo vestibular consiste nos núcleos vestibulares medial, lateral, su- perior e inferior e localiza-se na área vestibular, no assoalho do IV ventrícu- lo. Através de suas conexões, o siste- ma vestibular influencia os movimentos dos olhos e da cabeça, e dos múscu- los do tronco e dos membros, a fim de manter o equilíbrio. Recebem fibras derivadas da parte vestibular do nervo vestibulococlear, do cerebelo, da formação reticular e da medula espinal e enviam axônios para o cerebelo, para o fascículo lon- gitudinal medial, para a medula espi- nal e para o lemnisco lateral. As fibras eferentes dos núcleos vesti- bulares formam ou entram na compo- sição dos seguintes tratos e fascículos: • Fascículo vestibulocerebelar • Fascículo longitudinal medial • Trato vestibuloespinhal • Fibras vestibulotalâmicas Núcleos do nervo facial e abducente As fibras que emergem do núcleo do nervo facial têm inicialmente direção posteromedial, formando um feixe compacto que, logo abaixo do IV ven- trículo, se encurva em direção cra- nial. Após percorrerem certa distân- cia medialmente ao núcleo do nervo abducente, essas fibras encurvam-se lateralmente sobre a superfície dorsal deste núcleo, constituindo o joelho in- terno do nervo facial. Esse trajeto pro- voca uma elevação do assoalho do IV ventrículo, denominada colículo facial (Imagem 3). Após contornar o núcleo do abducente, as fibras do nervo fa- cial tomam direção ventrolateral e li- geiramente caudal, para emergir no sulco bulbo-pontino. Figura 12: Ponte (Nível Inferior. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.htmlFigura 8: Ponte (Nível Inferior). Fonte: Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.html SAIBA MAIS! O reflexo corneano caracteriza o fechamento de am- bos os olhos rapidamente ao haver um toque na córnea, ou a incidência de uma luz brilhante no olho. Para tal, impulsos aferentes entram no sistema nervoso central e ativam neurônios no núcleo do nervo facial na ponte. Os impulsos que saem do sistema nervoso em direção ao órgão vão pelo nervo facial e ativam a parte ligada a pálpebra do músculo orbicular, o qual contrai-se e gera a piscada. Núcleos do nervo trigêmeo Tronco Encefálico 20Trauma cranioencefálico 20 Na ponte, o nervo trigêmeo possui o núcleo sensitivo principal, o núcleo do trato mesencefálico e o núcleo motor. O núcleo motor recebe aferências derivadas dos núcleos sensitivos do nervo trigêmeo e emite fibras para os músculos mastigadores, sendo frequentemente denominado núcleo mastigador. Os demais núcleos recebem impulsos recebem impulsos relacionadoscom a sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça. Deles saem fibras ascendentes, que constituem o lemnisco trigeminal que termina no tálamo. SE LIGA! O nervo trigêmeo é o único nervo a apresentar origem apa- rente na ponte, situada na face anterolateral, entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio. SAIBA MAIS! O nervo trigêmeo é responsável pelo reflexo de aber- tura da mandíbula e quaisquer alterações na avaliação clínica desse reflexo pode indicar lesão em seus núcleos. A rápida distensão dos músculos que fecham a mandíbula (masseter, temporal, pterigoide medial) ativa aferências que seguem pela divisão mandibular do nervo trigêmeo até seu núcleo mesencefálico. Esses impulsos são projetados por meio de fibras colaterais para o núcleo motor, a partir do qual, partem axônios motores do nervo mandibular que inervam os músculos que fecham a mandíbula. Núcleo salivatório superior e núcleo lacrimal Pertencentes à parte craniano do sistema nervoso parassimpática, dão origem a fibras pré- ganglionares que conduzem impulsos para a inervação das glândulas sub- mandibular, sublingual e lacrimal por meio do nervo intermédio (raiz sensitiva e visceral do nervo facial) Figura 9: Corte transversal da ponte. Fonte: Acervo Sanar. Tronco Encefálico 21Trauma cranioencefálico 21 Fibras longitudinais As fibras longitudinais originadas no tegmento da ponte são os lemniscos lateral e trigeminal. Percorrem também o tegmento feixes de fibras ascendentes com diversas origens: • Lemnisco medial – suas fibras cruzem perpendicularmente as fibras do corpo trapezoide, sobem e terminam no tálamo • Lemnisco espinhal – formado pela união dos tratos espinotalâmico lateral e anterior • Pedúnculo cerebelar superior – constitui a parede dorsolateral da metade cranial do IV ventrículo, aprofunda-se no tegmento da ponte e já no limite com o mesen- céfalo suas fibras cruzam-se com as do lado oposto, dando início a decussação dos pedúnculos cerebelares superiores. Formação Reticular da Ponte Apresenta o locus ceruleus, constituindo de neurônios ricos em noradrenalina, e os núcleos da rafe, ventralmente localizados na linha média e contendo neurônios ricos em serotonina. PONTE Base Tegmento Fibras longitudinais Núcleos do nervo vestibulococlear Núcleo salivatório superior Fibras transversais Núcleos dos nervos facial e abducente Núcleo lacrimal Núcleos pontinos Núcleos do nervo trigêmeo Fibras longitudinais Trato corticoespinhal Núcleos cocleares Lemniscos (medial, espinhal, lateral e trigeminal) Núcleos vestibulares Colículo facial Trato corticonuclear Corpo trapezoide Pedúnculo cerebelar superior Trato corticopontino Lemnisco lateral Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 22Trauma cranioencefálico 22 SAIBA MAIS! Lesões na ponte costumam ser caracterizas pela oftalmoplegia (lesão do nervo abducente), perda de sensibilidade facial e fraque- za dos músculos da mastigação por conta de lesão no nervo trigêmeo, fraqueza facial por lesão no nervo facial, surdez e vertigem por conta de presença de lesão no nervo vestibulococlear. A estes sinais podem associar-se paralisias ou perdas de sensibilidade no tronco e membros por lesão das vias ascendentes e descen- dentes que transitam pela ponte. 3. MESENCÉFALO 21TRONCO ENCEFÁLICO 3. MESENCÉFALO Figura 14: Mesencéfalo. Disponível em: https://www. kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-ce- rebral O mesencéfalo é o segmento mais curto do tronco encefálico, interpõe – se entre a ponte e o diencéfalo e sua maior parte se encontra na face pos- terior do crânio. Seu limite superior, que o separa do cérebro, é um plano horizontal entre os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo. O mesencéfalo pode ser dividido pos- teriormente em teto e anteriormen- te em pedúnculos cerebrais direito e esquerdo, cada um dos quais sendo subdivididos em tegmento e base por uma lâmina pigmentada, a substân- cia negra. SAIBA MAIS! Lesões na ponte costumam ser caracterizas pela oftalmoplegia (lesão do nervo abducente), perda de sensibilidade facial e fraqueza dos músculos da mastigação (lesão do nervo trigê- meo), fraqueza dos músculos da face (lesão do nervo facial), surdez e vertigem (lesão do nervo vestibulococlear). A estes sinais podem associar-se paralisias ou perdas de sensibilidade no tronco e membros por lesão das vias ascendentes e descendentes que transitam pela ponte. CORPOS MAMILARES MESENCÉFALO TETO PEDÚNCULO CEREBRAL SULCO MEDIAL DO PEDÚNCULO CEREBRAL AQUEDUTO CEREBRAL SULCO LATERAL DO MESENCÉFALO SUBSTÂNCIA NEGRA NERVO OCULOMOTOR Figura 15: Corte transversal do mesencéfalo. Fonte: Neuroanatomia funcional/ Angelo B. M. Machado, Lucia Machado Haertel: 3º ed; São Paulo: Editora Atheneu, 2014. Figura 10: Mesencéfalo. Fonte: Disponível em: https://www. kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-cerebral O mesencéfalo é o segmento mais curto do tronco encefálico, interpõe – se entre a ponte e o diencéfalo e sua maior parte se encontra na face posterior do crânio. Seu limite superior, que o separa do cérebro, é um plano horizontal que fica entre os corpos mamilares os quais fazem parte do diencéfalo. O mesencéfalo pode ter sua divisão em teto, pendúnculos direito e esquerdo. Os pendúnculos podem ser divididos por uma lamina pigmentada chamada de substancia negra em tegmento e base. Tronco Encefálico 23Trauma cranioencefálico 23 Figura 11: Vista ventral do mesencéfalo. Fonte: logika600/shutterstock.com É atravessado por um estreito canal que une o III ao IV ventrículo chamado de aqueduto cerebral, circundado por uma espessa camada de substância cinzenta que apresenta papel importante na regulação da dor – substância cinzenta central ou periaquedutal. Com base na posição da substância negra, a superfície do mesencéfalo é caracterizada pela presença de dois sulcos longitudinais: um lateral, sulco lateral do mesencéfalo, e outro medial, sulco medial do pedúnculo cerebral. SE LIGA! A substância negra constitui um núcleo compacto de neu- rônios dopaminérgicos que contém melanina. Do ponto de vista funcional, suas conexões mais importantes são com o corpo estriado, pertencente ao diencéfalo. Degenerações desses neurônios causam diminuição de dopamina no corpo estria- do, provocando as perturbações motoras características da Doença de Parkinson. O nervo oculomotor, III par craniano, emerge do sulco medial do pedúnculo cerebral. Teto do mesencéfalo Encontra-se posterior ao aqueduto do mesencéfalo e consiste na área pré – tetal e nos pares de colículos superiores e inferiores. A área pré–tetal, situada na extremidade cranial dos colículos superiores, no limite do mesencéfalo com o diencéfalo, relaciona-se com o controle reflexo das pupilas. Os colículos constituem quatro eminências arredondadas que se ligam a pequenos corpos ovais do diencéfalo, os corpos geniculados, através de estruturas alongadas Cérebro humano (vista inferior) Trajeto do nervo oculomotor Crus cerebri (ou base do pedúnculo cerebral) Substância negra Lemnisco medial Aqueduto cerebral Núcleos do nervo oculomotor Substância cinzenta Núcleo rubro Tronco Encefálico 24Trauma cranioencefálico 24 que são feixes de fibras nervosas denominados braços dos colículos. O colículo infe- rior é constituído por uma massa de substância cinzenta, o núcleo do colículo inferior, se liga ao corpo geniculado medial, recebe fibras auditivas do lemnisco lateral e faz parte da via auditiva. Algumas fibras cruzam de um colículo para o outro constituindo a comissura do colículo inferior. Enquanto isso, o colículo superior é formado por uma série de camadas superpostas e alternadas entre substância branca e cinzenta. Ele se liga ao corpo geniculado lateral, recebe fibras oriundas da retina, do córtex occipital e do trato tetoespinhal e faz parte da via óptica. O braço do colículo superior tem parte de seu trajeto escondido entre o pulvinar do tálamo e o corpogeniculado medial e faz parte da via auditiva. SE LIGA! Para regular o movimento dos olhos, há fibras do colículo superior que se ligam ao núcleo do nervo oculomotor. Com isso, lesões desse colículos podem causar perda da capacidade de mover os olhos no sentido ver- tical, voluntária ou reflexivamente. O nervo troclear é o único do pares cranianos que emerge dorsalmente. Desse modo, emerge caudalmente a cada colículo inferior, contorna o mesencéfalo e surge ventralmente entre a ponte e o mesencéfalo. Pedúnculos cerebrais Em uma vista anterior, os pedúnculos cerebrais aparecem como 2 grandes feixes de fibras, que surgem na borda superior da ponte e divergem cranialmente para penetrar profundamente no cérebro. São estruturas por onde transitam informações que chegam e saem do cerebelo. Delimitam uma profunda depressão triangular na linha média, a fossa interpeduncular, formando a parte mais ventral do mesencéfalo. Ela é limitada anteriormente pelos corpos mamilares, eminências pertencentes ao diencéfalo e seu fundo apresenta pequenos orifícios para a passagem de vasos-substância perfurada posterior. Tronco Encefálico 25Trauma cranioencefálico 25 Figura 12: Vista ventral do mesencéfalo. Fonte: Acervo Sanar. 24TRONCO ENCEFÁLICO Base É formada pelas fibras descendentes dos tratos corticoespinhal, corticonu- clear e corticopontino, que formam um conjunto compacto. Desse modo, lesões nesse local causam paralisias do lado oposto ao da lesão. Tegmento É contínuo com o tegmento ponti- no. Ao nível dos colículos inferiores, a substância cinzenta está restrita a coleções espalhadas de neurônios na formação reticular e a região peria- quedutal. No tegmento mesencefáli- co, estão os núcleos dos nervos ocu- lomotor, troclear e trigêmeo (deste último, apenas o núcleo do trato me- sencefálico que se estende da ponte e recebe informações proprioceptivas). A substância branca do tegmento mesencefálico contém a maioria dos tratos presentes no tegmento pon- tino. Numerosas fibras ascendentes (os quatro lemniscos e o pedúnculo cerebelar superior) entram no teg- mento do mesencéfalo a partir do cerebelo e seguem para decussar na linha mediana. Consequentemente, essas fibras penetram no núcleo ru- bro, no qual algumas terminam. No entanto, a maioria das fibras ascende para terminar no tálamo. Ao nível do colículo inferior, os qua- tro lemniscos aparecem agrupados Figura 18: Mesencéfalo. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.htmlFigura 13: Mesencéfalo. Fonte: Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/bineucerebelotronco.html Base É formada pelas fibras descendentes dos tratos corticoespinhal, corticonuclear e corticopontino, que formam um conjunto compacto. Desse modo, lesões nesse local causam paralisias do lado oposto ao da lesão. Tronco Encefálico 26Trauma cranioencefálico 26 Tegmento É contínuo com o tegmento pontino. Nos colículos inferiores a substancia cinzenta se restringe em coleções espaçadas, na formação reticular e região periquedutal, de neurônios. No tegmento mesencefálico, estão os núcleos dos nervos oculomotor, tro- clear e trigêmeo (deste último, apenas o núcleo do trato mesencefálico que se estende da ponte e recebe informações proprioceptivas). A substância branca do tegmento mesencefálico contém a maioria dos tratos pre- sentes no tegmento pontino. Numerosas fibras ascendentes (os quatro lemniscos e o pedúnculo cerebelar superior) entram no tegmento do mesencéfalo a partir do cerebelo e seguem para decussar na linha mediana. Consequentemente, essas fibras penetram no núcleo rubro, no qual algumas terminam. No entanto, a maioria das fibras ascende para terminar no tálamo. Ao nível do colículo inferior, os quatro lemniscos aparecem agrupados em uma só faixa na região lateral, onde, em sequência mediolateral, se dispões os lemniscos medial, espinhal, trigeminal e lateral. Este último termina no núcleo do colículo inferior, enquanto os demais sobrem para o colículo superior. Núcleo do nervo troclear Suas fibras saem de sua face dorsal, contornam a substância cinzenta central, cruzam com a do lado oposto e emergem do véu medular superior, caudalmente ao colículo inferior. Além de ser o único nervo que emerge da região dorsal, suas fibras são as únicas que decussam antes de emergir do sistema nervoso central. Núcleo do nervo oculomotor Localiza-se ao nível do colículo superior e está intimamente relacionado com o fas- cículo longitudinal medial. Funcionalmente, pode ser dividido em uma parte somática – contendo neurônios motores responsáveis pela inervação dos músculos reto supe- rior, reto inferior, reto medial e levantador da pálpebra – e uma parte visceral – contém neurônios pré-ganglionares que fazem sinapse no gânglio ciliar para a inervação do músculo ciliar e do esfíncter da pupila, importantes para o controle reflexo do diâmetro da pupila diante de diferentes intensidades de luz. Núcleo rubro (ou núcleo vermelho) Caracteriza-se por sua coloração róseo-amarelada, em sua posição central, e por sua “cápsula envoltória” formada pelas fibras do pedúnculo cerebelar superior. As princi- pais conexões aferentes do núcleo rubro são as fibras oriundas de áreas motoras do córtex cerebral e do cerebelo. Em seguida, forma-se o trato rubro-espinal que termina nos neurônios motores da medula e participa do controle da motricidade voluntária da Tronco Encefálico 27Trauma cranioencefálico 27 musculatura distal dos membros. Além disso, muitas fibras ligam-se ao complexo olivar inferior (fibras rubro-olivares), integrando o circuito rubro-olivo-cerebelar. Formação reticular do mesencéfalo Suas principais estruturas são: a área tegmental ventral, contendo neurônios ricos em dopamina, e os núcleos da rafe, continuação das estruturas de mesmo nome da ponte, contendo neurônios ricos em serotonina. SAIBA MAIS! Lesões no mesencéfalo causam oftalmoplegia, dila- tação pupilar e ptose (paralisia do nervo oculomotor), além de paralisias e perdas de sensibilidade de tronco e membro haja vista que todas as vias ascendentes que vão ao diencéfalo e cinco trato descendentes atrelados a motricidade atra- vessam o mesencéfalo. MESENCÉFALO Colículos superiores Colículos inferiores Área pré-tetal Substância cinzenta periaquedutal Via auditivaVia óptica Liga-se ao corpo geniculado medial Liga-se ao corpo geniculado lateral Controle reflexo das pupilas Base Substância negraTegmentoFossa interpeduncular Núcleo rubro Trato corticonuclear Lemniscos (medial, lateral, trigeminal e espinhal) Trato corticopontino Pedúnculo cerebelar superior Núcleos dos nervos oculomotor, troclear e trigêmeo Substância perfurada posterior Neurônios dopaminérgicos contendo melanina Trato corticoespinhal Teto Pedúnculos cerebrais Aqueduto cerebral Fonte: Elaborado pelo autor. Tronco Encefálico 28Trauma cranioencefálico 28 4. LESÕES DO TRONCO ENCEFÁLICO As lesões unilaterais podem se originar de uma compressão extrínseca por tumo- res que ocupem espaço, ou por alguma doença intrínseca, como desmielienização ou AVC. A depender do local da lesão podemos associar a síndrome clínica. Assim, uma lesão no nível segmentar fará com que ocorra uma paralisia dos nervos cranianos de maneira ipsilateral. Abaixo do nível lesionado clinicamente se apresentará com perda contralateral de força e sensibilidade, por conta de uma falha na função da via corti- coespinal em decussação e das vias ascendentes que são sensitivas, e uma falta de coordenação de forma ipsilateral nos membros por conta da falta de conexão da vias cerebelares que chegam e que partem do sistema nervoso. Lesões que ocorram de maneira bilateral e destrutiva no tronco encefálico podem ser fatais uma vez que o bulbo controla ações vitais como respiração, pressão do sangue e a frequência do coração. Danos no sistema reticular danificam o estado de consciência levando ao estupor seguido de coma. Assim, a vida só consegue sersustentada de maneira artificial. Tronco Encefálico 29Trauma cranioencefálico 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Gray’s, Anatomia / Susan Standring ; [tradução Denise Costa Rodrigues... et al.]. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 2. Neuroanatomia aplicada/ Murilo S. Meneses. - 3.ed. - [Reimpr.]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 3. Neuroanatomia funcional/ Angelo B. M. Machado, Lucia Machado Haertel: 3º ed; São Paulo: Editora Atheneu, 2014 4. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cerebelo-e-tronco-cerebral 5. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: . Acesso em: 16 de fevereiro de 2023 6. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: . Acesso em: 16 de fevereiro de 2023 7. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: . Acesso em: 16 de fevereiro de 2023 sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770