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FACULDADE ANHANGUERA DE SUMARÉ
UNIDADE SUMARÉ
CURSO DE PSICOLOGIA
ATIVIDADE AVALIATIVA I
DISCIPLINA: MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSICOLOGIA I
SUMARÉ
2025
ANÁLISE CRÍTICA DE UM CONCEITO PSICOMÉTRICO: A FIDEDIGNIDADE
1. INTRODUÇÃO
A avaliação psicológica constitui um processo científico e técnico voltado à compreensão de características, comportamentos e processos mentais, com base em instrumentos padronizados e teoricamente fundamentados. Esse processo busca assegurar que as interpretações obtidas sejam válidas e precisas, contribuindo para tomadas de decisão responsáveis no campo clínico, educacional, organizacional e jurídico (Pasquali, 2010).
Nesse contexto, a fidedignidade, também denominada confiabilidade, representa um dos principais critérios psicométricos que sustentam a credibilidade científica dos testes psicológicos. Tal conceito se relaciona diretamente ao grau de consistência ou estabilidade dos resultados produzidos por um instrumento de medida.
O problema de pesquisa que norteia este estudo é: por que a fidedignidade é crucial para a validade dos resultados em um processo de avaliação psicológica?
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar o conceito de fidedignidade como parâmetro essencial da avaliação psicológica. Como objetivos específicos, pretende-se: (a) definir o construto de fidedignidade e sua relação com o erro de medida; (b) apresentar os principais métodos de estimação; e (c) discutir as implicações práticas e éticas da utilização de instrumentos com diferentes níveis de confiabilidade.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: O CONCEITO DE FIDEDIGNIDADE
Na Psicometria, a fidedignidade é entendida como o grau em que um teste psicológico mede de forma estável e consistente o construto que se propõe a avaliar. Em termos técnicos, refere-se à proporção da variância verdadeira em relação à variância total observada em um teste, estando inversamente associada ao erro de medida (Urbina, 2014). Quanto menor o erro, maior é a fidedignidade e, consequentemente, mais precisas serão as inferências derivadas dos resultados.
Segundo Pasquali (2010), um teste fidedigno é aquele que produziria resultados semelhantes em diferentes ocasiões, desde que as condições e os participantes se mantenham equivalentes. Essa estabilidade é o que confere confiança à interpretação dos escores e à tomada de decisão profissional.
Diversos métodos podem ser empregados para estimar a fidedignidade de um teste. Entre os mais utilizados destacam-se:
- Teste-reteste: mede a estabilidade temporal do instrumento, aplicando-o em dois momentos distintos e correlacionando os resultados.
- Formas paralelas: avalia a equivalência entre duas versões do mesmo teste, verificando a consistência entre os resultados obtidos.
- Consistência interna: examina o grau de homogeneidade entre os itens de um teste, sendo frequentemente estimada pelo coeficiente alfa de Cronbach.
De acordo com Urbina (2014), cada método fornece uma perspectiva distinta da precisão de medida, devendo o pesquisador escolher o mais adequado conforme o objetivo do instrumento.
A fidedignidade é condição necessária, mas não suficiente, para garantir a validade de um teste psicológico. Conforme Primi (2012), um instrumento pode apresentar resultados consistentes (alta fidedignidade), mas ainda assim não medir o construto pretendido (baixa validade). Assim, a confiabilidade atua como um pré-requisito da validade, assegurando que os escores não sejam influenciados de maneira significativa por fatores aleatórios ou externos ao fenômeno avaliado.
3. DISCUSSÃO: IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
Na prática profissional, a análise dos índices de fidedignidade apresentados no manual do teste é uma etapa fundamental para a escolha do instrumento mais adequado. Conforme as diretrizes do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2018), é dever do psicólogo verificar se os coeficientes de fidedignidade são satisfatórios, preferencialmente acima de 0,70 para decisões coletivas e acima de 0,90 em contextos individuais
A leitura crítica dos coeficientes permite ao profissional avaliar a precisão das inferências que serão realizadas a partir dos resultados, reduzindo riscos de erros interpretativos ou diagnósticos equivocados.
A utilização de instrumentos com baixa fidedignidade levanta questões éticas significativas. Quando um teste é aplicado sem que sua precisão seja verificada, há risco de decisões injustas ou prejudiciais, especialmente em contextos de seleção profissional, avaliação clínica ou perícias judiciais. Segundo o Código de Ética Profissional do Psicólogo (CFP, 2005), o uso de instrumentos não validados ou imprecisos fere os princípios de responsabilidade social e competência técnica.
Portanto, compreender o conceito de fidedignidade não é apenas um requisito técnico, mas também um compromisso ético que assegura a qualidade científica e a integridade das práticas psicológicas.
4. CONCLUSÃO
A fidedignidade constitui um dos pilares da mensuração psicológica, sendo indispensável à produção de resultados consistentes e interpretativamente válidos. Através da análise dos métodos de estimação e da relação entre confiabilidade e validade, evidencia-se que um teste psicologicamente robusto depende de procedimentos rigorosos de padronização e controle do erro de medida.
Além de um conceito técnico, a fidedignidade representa um princípio ético na atuação do psicólogo, pois sustenta a credibilidade das avaliações e protege os indivíduos contra decisões baseadas em instrumentos inadequados. Assim, compreender e aplicar o conceito de fidedignidade é essencial para assegurar a cientificidade e a responsabilidade social da Psicologia como ciência e profissão.
REFERÊNCIA
Conselho Federal de Psicologia. (2005). Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília: CFP. 
Conselho Federal de Psicologia. (2018). Resolução CFP nº 009/2018: Diretrizes para a utilização de testes psicológicos. Brasília: CFP.
Pasquali, L. (2010). Psicometria: Teoria dos testes na Psicologia e na Educação. Petrópolis: Vozes.
Primi, R. (2012). Avaliação psicológica no Brasil: Fundamentos, avanços e desafios. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(spe), 1–13. https://doi.org/10.1590/S0102-37722012000500002
Urbina, S. (2014). Essentials of Psychological Testing (2nd ed.). Hoboken, NJ: Wiley.

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