Prévia do material em texto
1 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 2 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 3 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A SNúcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 6 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Stefânia Rosa Santos 7 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profissional. 8 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade analisará os fundamentos históricos e epistemo- lógicos da Psicologia, a partir de um breve panorama da história da Psi- cologia e suas bases epistemológicas. Em outras palavras, esta unidade faz um esboço geral da Psicologia antes mesmo da Psicologia, ou seja, desde o seu caráter pré-científico até a consolidação e o desenvolvi- mento dos arcabouços teórico-metodológicos deste campo do saber, na contemporaneidade. Especificamente, foram enfocados: a) os caminhos percorridos pelo pensamento filosófico ocidental – e os saberes e refle- xões acerca do próprio homem; b) o desenvolvimento da Psicologia pré- -científica e sua consolidação como ciência. Para tanto, foi utilizada uma bibliografia específica, que abrange alguns aspectos: em primeiro lugar, a filosofia e suas contribuições para o conhecimento do ser humano; em segundo lugar, as principais correntes teóricas do campo da Psicologia moderna. Filosofia. Psicologia. Epistemologia. Ciência. 9 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES – O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO: Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 14 A Filosofia Grega E Suas Contribuições Para A Reflexão Da Exis- tência Humana ________________________________________________ Heráclito De Éfeso _____________________________________________ CAPÍTULO 02 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA Contextualização: O Surgimento Da Psicologia ___________ _______ O Objeto De Investigação Da Psicologia: O Desafio Da Cientificida- de ________________________________________________________________ 32 34 16Sócrates _______________________________________________________ Platão _________________________________________________________ 17 Aristóteles _____________________________________________________ 19 O Pensamento Medieval _______________________________________ 20 Agostinho De Hipona __________________________________________ 20 Tomás De Aquino ______________________________________________ 21 O Pensamento Moderno E A Influência Do Racionalismo _______ 23 Francis Bacon _________________________________________________ 24 René Descartes ________________________________________________ 25 Recapitulando _________________________________________________ 26 10 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Psicanalise ____________________________________________________ A Psicologia Social ______________________________________________ 54 57 A Atuação Do Profissional Da Psicologia Na Saúde _______________ 61 Recapitulando _________________________________________________ Fechando a Unidade ____________________________________________ Referências _____________________________________________________ 63 67 70 CAPÍTULO 03 PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES Behavorismo __________________________________________________ Gestalt __________________________________________________________ 50 52 Recapitulando _________________________________________________ 44 Psicologia Sócio- Histórica _______________________________________ 58 A Psicologia Da Saúde ___________________________________________ 60 Mediação ______________________________________________________ 40 Subjetividade Humana: Algumas Definições ___________________ 36 Apropriação/ Objetivação ________________________________________ 39 11 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S A História da Psicologia, muitas vezes, é minimizada ou deixada em segundo plano, seja em razão da natureza prática da atuação profissio- nal ou, ainda, pelas vertentes dos cursos de graduação e pós-graduação, que seguem linhas específicas de trabalho. De qualquer forma, é preciso valorizar a história das ciências, das profissões, principalmente, seu desen- volvimento ao longo do tempo. Reconhecer os caminhos percorridos,no caso da Psicologia, é compreender a relação passado-presente e todos os elementos que formaram este saber até aqui. Independentemente da área profissional, da linha de pesquisa e do campo de atuação, é importante que a (o) psicóloga (o) entenda como, quando e quais foram as condições para o surgimento e desenvolvimento de sua profissão. O capítulo 1 tem como objetivo principal fazer um resgate da história da filosofia e do pensamento ocidental – base para a compreen- são do homem e suas relações com o mundo. Este panorama, ainda que breve, trouxe alguns dos principais filósofos desde a antiguidade clássica, passando pela visão de mundo medieval e, finalmente, chegando aos tempos modernos, a era da ciência. A partir das dicas de leitura, filmes e sites é possível complementar os estudos filosóficos e aprofundar-se mais nas ideias de cada filósofo apresentado, como também outros que não foram contemplados neste estudo. É importante salientar que o pre- sente capítulo teve como eixo principal trazer um pouco da história da filosofia como um dos fundamentos epistemológicos da Psicologia. O capítulo 2 desta unidade tem como principais pontos: o contex- to do surgimento da Psicologia; a Psicologia como ciência e a cientificidade de seu objeto e, por fim, um breve esboço sobre o tema da subjetividade e alguns debates que permeiam suas definições. Longe de esgotar os assun- tos supracitados, o capítulo busca trazer algumas discussões que auxiliam no desenvolvimento desta unidade e, principalmente, na compreensão da Psicologia enquanto um saber-fazer e sua trajetória no debate científico. É de suma importância que o profissional desta área não esteja alheio à construção histórica do campo em que escolheu atuar, uma vez que seu trabalho também é construído cotidianamente, num movimento incessante que requer qualificação e aprimoramentos permanentes. O terceiro e último capítulo desta unidade tem como proposta uma apresentação geral das principais abordagens da Psicologia, com destaque para os principais conceitos e seus respectivos representan- tes. É importante enfatizar, que o objetivo geral foi sintetizar as princi- pais ideias e, por isso, torna-se imprescindível aprofundar-se nos temas através das leituras e dos complementos indicados. A partir de cada corrente teórica e seus métodos, é possível compreender a constituição da subjetividade e o desenvolvimento psíquico dos sujeitos, daí a impor- 12 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tância da psicoterapia e do processo do autoconhecimento. Palavras-chave: Filosofia, História da Psicologia, Psicanálise, Psicologia Social. 13 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S “Quando, por ignorância, seus amigos se encontravam em apuros, procurava livrá-los por intermédio de conselhos”. (Platão. Apologia de Sócrates). “Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos...”. (Heráclito de Éfeso) Para compreender os fundamentos teóricos da Psicologia é importante resgatar o seu processo histórico e a formação dos paradig- mas que delinearam essa área do saber. De forma geral, contextualizar a Psicologia é percorrer os principais caminhos da constituição de sua base científica (e pré-científica), assim como reconhecer a importância da história do pensamento ocidental. O ponto de partida passa a ser a Filosofia e suas valiosas contribuições para uma ‘escavação’ da mente BREVE HISTÓRIA DA PSICOLOGIA: CAMINHOS E BIFURCAÇÕES F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 13 14 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S humana – proposta que pertence ao campo da Psicologia, mas não ex- clusivamente. É a partir das questões filosóficas elementares: mente-cor- po/ homem-mundo/ razão-emoção, que é possível traçar a fonte comum das investigações propostas tanto pela Filosofia quanto pela Psicologia. A forma como o desejo humano é abordado/explorado está intima- mente relacionada ao contexto sócio-histórico e cultural do qual se fala, daí a importância do estudo acerca dos paradigmas científicos e seus respec- tivos processos históricos. São eles os responsáveis pela visão de mundo que é construída em determinados contextos, por diferentes indivíduos e grupos. Assim, é possível afirmar que o estudo dos fundamentos históricos da Psicologia é também o desenvolvimento de tradições do pensamento: História da psicologia é história da cultura. Como história da cultura, é história de culturas psicológicas e filosóficas, bem como é história das ideias. Como história de culturas psicológicas é história de tradições de pensamento psi- cológico. Tradições são práticas sociais de longa duração, ou simplesmente culturas, consequentemente, tradições de pensamento psicológico são cultu- ras, ou práticas culturais (ABIB, 2009, p.199). Isto posto, entede-se que o estudo que fundamenta a Psico- logia e suas vertentes teorico-metodológicas passa pela constituição do pensamento humano: o pensar sobre si, que também diz respeito ao pensar as relações e a realidade concreta. Dessa forma, compreen- der a história ‘das Psicologias’ é adentrar o processo de formação do pensamento histórico, cultural e filosófico, pois são inquestionáveis as contribuições desses saberes no desenvolvimento deste processo. A FILOSOFIA GREGA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLE- XÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA Heráclito De Éfeso Um dos grandes pensadores gregos pré-socráticos, Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C), a partir da visão do devir, do vir-a-ser e do fluxo, apresenta um conjunto de ideias voltadas para a reflexão do individuo diante das vicissitudes da vida. 15 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Imagem 1. Heráclito de Éfeso Fonte: Super Interessante, 2015. Nada mais humano e dialético: as mudanças e transformações que contribuem para a construção do sujeito. Para ele, ninguém entra duas vezes no mesmo rio, pois ao entrar no rio pela segunda vez, nin- guém é o mesmo e o rio também não. De acordo com tal pressuposto, qual a relação entre Heráclito e o sentido da Psicologia? Para responder esta questão vale ressaltar a dimensão psíqui- ca presente nas experiências filosóficas dos gregos, a partir do exercí- cio da reflexão e, principalmente, da auto-percepção. De acordo com o pensamento de Heráclito, tudo flui, nada permanece estático, “o rio nunca é o mesmo”. Assim, surge a necessidade de compreensão em torno do emaranhado de ações e acontecimentos que cercam a vida humana: a relação do mundo externo com o mundo subjetivo, interno, individual. Essa é uma relação em constante movimento, pois o que está fora também é parte constituinte de quem nos tornamos, ou seja, o indivíduo é capaz de afetar e transformar seu meio, assim como é afetado e transformado, constantemente, por ele. A filosofia de Heráclito influenciou muitos pensadores contem- porâneos (ver capítulo 3) e contribuiu para a uma compreensão mais integral da existência humana, à medida que explorou o indivíduo em relação ao movimento de sua própria vida e os desdobramentos que todo fluxo pode gerar. São as forças contrárias que impulsionam as mu- danças e, consequentemente, a forma como o homem se coloca no mundo. A partir desta ideia do fluxo e do vir-a-ser das coisas é possível fazer uma associação, em linhas gerais, entre essa base filosófica da Antiguidade e os caminhos percorridos posteriormente pela “ciência da mente”, independentemente do eixo teórico-metodológico. 16 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Neste blog, o autor Bruno Carrasco apresenta diversos artigos que podem complementar seus estudos sobre Filosofia e Psicologia. Vale a pena a leitura referente ao pensamento de Heráclito. Acesse: http://www.ex-isto.site/2017/06/heraclito-filosofo-do--devir.html. Em conclusão, os princípios da Psicologia também passam pela busca em compreender as dimensões de nossas próprias esco- lhas, além de compreender os desdobramentos desses fluxos intermi- tentes que, ora desconstroem ora reconstroem o sentido de ser/estar no mundo. Essas e outras questões serão levantadas no decorrer desta unidade como uma forma de intervenção reflexiva ou, parafraseando Heráclito: um fluxo inconstante de ideias. SÓCRATES Sócrates (470 a.C – 399 a.C), grande mestre do pensamento ocidental, já trazia ao mundo antigo a preocupação com o sentido do autoconhecimento e da problemática do homem. Para ele, a prática do diálogo é o caminho para a construção das ideias, do debate e da busca pelo saber que passa, sobretudo, pelo questionamento daquilo que é imposto. Esse método socrático ficou conhecido como maiêutica, a arte de parturejar ideias através da ironia filosófica como forma de provoca- ção intelectual, que questionava a ordem estabelecida. Outra importan- te discussão em torno do pensamento do filósofo é com relação à alma humana. Nesse sentido, afirma-se que: É a partir de Sócrates que surge a concepção de alma como sede da cons- ciência moral e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem (PESSA- NHA, 2004, p. 30). Uma das mais conhecidas máximas filosóficas, “conhece a ti mesmo”, foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos e, apesar de não ser de autoria de Sócrates (como é atribuída muitas vezes) é muito associa- da ao seu pensamento, pois resume, com precisão, o exercício do olhar 17 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S para si próprio e pensar a existência de uma forma crítica e reflexiva. O saber de si, como um posicionamento ativo diante da vida, pode parecer óbvio por um lado, mas, sua prática complexa exige um intenso esforço que, por sua vez, é um dos grandes trabalhos propostos pela Psicologia. Leandro Karnal, professor e historiador brasileiro, faz uma análise bastante apropriada do assunto que abordamos neste capítulo. Confira o vídeo: “Conhece a ti mesmo” (Fragmento da palestra: "A vida que vale a pena ser vivida em tempos líquidos"). Acesse o canal Saber filosófico, através do link: https://www. youtube.com/channel/UCWdXgfpEIZIGzah9_yCL-Xw PLATÃO E O DUALISMO CORPO/ALMA Imagem 2. Platão Fonte: Instituto Sócrates, 2017 Outro filósofo que marcou a formação do pensamento ociden- tal foi Platão (428-427 a.C. - 348-347 a.C.), cujo pensamento central consistiu no dualismo mente/corpo, mundo sensível/mundo inteligível. Em seu mito da caverna, o filósofo questiona o aprisionamento dos ho- mens, suas amarras, quando só conhece aquilo que vê e o que seus sentidos proporcionam. Para Platão, os sentidos podem enganar e im- pedir que os indivíduos conheçam o mundo existente fora da caverna. Nota-se que a filosofia de Platão buscava ressaltar a importân- cia do conhecimento e dos dilemas humanos através de um caminho 18 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S autônomo, no qual é preciso enxergar muito além do que está aparente. A alma é a principal motivação de suas reflexões, sendo o corpo uma es- pécie de cárcere. Na visão platônica, a matéria está vinculada ao mundo sensível, concreto, e pode fornecer apenas representações distorcidas da realidade. Já o mundo das ideias seria um campo reflexivo, que busca o real através do conhecimento. É a partir dele que os homens constroem possibilidades de uma vida mais livre e menos superficial. A reflexão que permeia o dualismo corpo/alma suscita diversas questões no campo filosófico, como por exemplo, a forma como o ho- mem se relaciona com seu próprio desejo – elemento protagonista para a Psicologia. A manisfestação do desejo é fonte de muitos debates e está relacionada, muitas vezes, à diferentes visões de mundo, concep- ções e modos de explorar (e até mesmo controlar) os fluxos desejantes que movimentam a vida humana. Imagem 3. Pensamento platônico Fonte: Sabedoria Política, 2016. 19 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Neste site você encontra cinco dicas de filmes para compreen- der a filosofia de Platão. Vale a pena conferir: Acesse: https://www.pensarcontemporaneo.com/5-filmes-pa- ra- entender- filosofia-de-platao/. Destaque para: ”O show de Truman: o show da vida”, 1998, direção de Peter Weir. Nesta obra é possível identificar muito do pensa- mento de Platão, principalmente no que se refere ao mito da caverna e às formas contemporâneas de aprisionamento de nós mesmos. Bom filme! ARISTÓTELES E O CONCEITO DE VIRTUDE Por fim, para complementar este esboço geral da formação do pensamento filosófico grego, Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) traz, en- tre outros conceitos importantes, a noção de virtude, forma pela qual os homens constroem uma boa vida. Essas atitudes, que também são éticas e políticas, (de acordo com o filósofo “homem é um animal políti- co”) contribuem para o exercício da felicidade – uma das mais antigas preocupações filosóficas. Dessa forma, afirma-se que: Uma vez que a felicidade é, então, uma atividade da alma conforme a virtude perfeita, é necessário considerar a natureza da virtude, pois isso talvez possa nos ajudar a compreender melhor a natureza da felicidade (ARISTÓTELES, 2005, p. 36). As virtudes equilibram a vida do homem em sociedade, pois são elas que o conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as faltas. Na perspectiva aristotélica, os os homens possuem a capacidade de desen- volver, pela prática, suas virtudes e sua moral. Assim, nessa perspectiva: Se cada homem é de certo modo responsável por sua disponsição moral, será também de certo modo responsável pela aparência; se não for assim, ninguém seria responsável pelos maus atos que praticar, pois todos os pra- ticariam por ignorância dos fins, julgando que com eles conseguiriam o me- lhor. Visar ao fim não depende da nossa escolha, mas é preciso ter nascido com uma visão moral, por assim dizer, que nos permita julgar corretamente e escolher o que é verdadeiramente bom (ARISTÓTELES, 2006, p.67). 20 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S A partir disso, entende-se que é pelo hábito, pelo costume (“éthos”) que torna-se possível desenvolver, racionalmente, um modo de vida mais próximo da felicidade. Por fim, vale ressaltar que Aristóteles é considerado o “pai” da psicologia, uma vez que, entre seus principais estudos, está pre- sente a precoupação com os processos subjetivos da alma humana. O PENSAMENTO MEDIEVAL: A RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO Para pensar o contexto medieval e o do desenvolvimento do pen- samento dominante ocidental, é necessário levantar a questão em torno do conceito de “homem”. Para melhor compreendê-lo há um elemento decisi- vo que marca toda a sociedade da época: a religiosidade, principalmente, a consolidação do cristianismo. A partir disso, foi definido um modelo a ser seguido socialmente e que incidia diretamente sobre as formas de vida. O exemplar ideal era, portanto, o ser cristão. Dessa maneira, o homem sem fé, nos princípios cristãos, estava fora de um padrão e, apesar das particularidades e diferenças, havia um elo que fazia daqueles homens um só ser - a criatura de Deus, segundo a antropologia cristã medieval. A fim de corroborar com uma das questões fundamentais da formação do pensamento ligado à Idade Média, cabe aqui a seguinte colocação: Ora, Filosofia e Religião são excludentes, metodologicamente excludentes: a Filosofia, por definição, só admite a argumentação racional e excluiqualquer concessão à autoridade (como já dizia Aristóteles paradigmaticamente: “sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade...”). A Religião, por sua vez, deve prescindir da razão e afirmar a autoridade (do “Livro” e/ou da hierarquia religiosa): o dogma expressa a revelação de um mistério inapreensível ra- cionalmente e afirmado pela fé. Então, como ser simultaneamente filósofo e religioso? (ESTEVÃO, 2011, p.18). Dentro deste contexto religioso, o pensamento filosófico era cons- truído, também, em uma base cristã, através de uma perspectiva racional. Diferentemente da busca pelo conhecimento da verdade, a filosofia da Ida- de Média se propõe a investigar a verdade já revelada por Deus (VASCON- CELLOS, 2007). Nesse sentido, a razão não deixa de ser um elemento constituinte do pensamento, mas o seu exercício é destinado à compreen- são da fé, a grande e principal fonte de pensamento do medievo. A seguir, serão elucidados dois grandes pensadores que representam este período. AGOSTINHO DE HIPONA (354 – 430) “Compreendo para crer, creio para compreender”, esta frase 21 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S ilustra e resume, com muita clareza, o pensamento de Agostinho, co- nhecido também como Santo Agostinho, um dos principais pensadores da chamada filosofia patristica, e contextualizado na chamada antigui- dade tardia (embora muito conhecido como um dos precursores do pen- samento medieval). Em sua concepção, a fé é o ponto de partida para o caminho de compreensão de todas as outras coisas, até mesmo da razão, que estaria, portanto, subordinada à verdade divina. Ao longo de todo o percurso religioso e filosófico, Agostinho desenvolve o pensa- mento da chamada filosofia cristã: Deus e a alma não são conhecimentos distintos em Agostinho. Um e outro estão intimamente ligados, pois a alma é o meio do qual parte, a fim de atingir o conhecimento de Deus, uma vez que este não pode ser atingido imediata- mente pela razão, só pela fé. A alma, o homem interior, no entanto, pode ser conhecido pela razão (...) (Idem, p.229). A vida e obra de Agostinho de Hipona, também conhecido como Santo Agostinho, é um caminho de busca por respostas e expli- cações acerca da existência, dos dilemas da alma, da figura de Deus. Foi no ano de 386, que se deu sua conversão ao cristianismo, após uma trajetória de vivências e experiências variadas. Em sua obra Confissões (escrita entre 397 e 398), ele desenvolve seu pensamento filosófico-teo- lógico, autobiográfico, que contribuiu para uma visão de mundo cons- truída, ainda que não somente, pelos dogmas da fé cristã. Para saber mais sobre a Filosofia Medieval e seus principais representantes, recomendamos a leitura: A Filosofia Medieval. Das Ori- gens Patrísticas à Escolástica Barroca, de Josep-Ignasi Saranyana. Boa leitura! TOMÁS DE AQUINO Tomás de Aquino foi um dos representantes da chamada filo- sofia escolástica, desenvolvida entre os séculos IX – XV. Este foi um momento de gradativas mudanças no mundo medieval, entre elas, o declínio do sistema feudal, a partir do século XIII, que marcou o perío- do da Baixa Idade Média. Este quadro histórico tornou-se um cenário propício para o surgimento de novas formas de pensar e viver. 22 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S É neste cenário que a filosofia de Tomás de Aquino foi elabora- da e desenvolvida, tornando-se uma parte importante na representação da produção filosófica medieval. Suas ideias reuniam as premissas de um tempo que já notava as mudanças de um novo paradigma que se aproximava. Com isso, é importante ressaltar a aproximação do filósoso com o pensamento racional - não sem o respaldo da fé - mas como uma forma de alcança-la e compreendê-la. Ao aproximar-se das ideias de Aristóteles, Aquino buscava conciliar a fé com a razão, assim como comprovar a existência de Deus. Mas como seria essa tentativa de explicar a verdade divina através da razão? De acordo com esta premissa, é possível chegar à uma ideia Deus a partir de fundamentos lógicos e até empíricos, ou seja, a própria existência de um ser superior demandava uma forma de racionalidade. Imagem 4. Filosofia medieval Fonte: Estadão, 2017. Pode-se dizer que o universo da fé, antes restrito ao mundo re- ligioso, transformava-se, aos poucos, em um campo de estudos da Filo- sofia. Com relação ao pensamento de Tomás de Aquino, Tarnas afirma: Tomás sustentava que o reconhecimento da ordem da natureza aperfeiçoava a compreensão humana da criatividade divina de Deus e de modo algum diminuía a onipotência divina (...). Estava convencido que a Razão e a liber- dade humana tinham valor em si (TARNAS, 2000, p.203-204). Sendo assim, considera-se que, ao final da Idade Média, o pensamento filosófico e intelectual começava a desvincular-se do domí- nio religioso, predominantemente cristão e fudamentado na fé católica, para, mais tarde, incorporar os princípios e metódos racionalistas ba- 23 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S seados na visão antropocêntrica da Era Moderna. A partr daí, a ciência surge com toda a sua inquietude para transcender os limites do homem de outrora e criar caminhos para a invenção humana. Dica: filme e livro Quer saber mais sobre a formação do pensamento medieval? “O nome da rosa” (1986), direção Jean-Jacques Annaud, é um grande clássico para uma boa aproximação com o contexto. Além disso, o filme é baseado na obra, de mesmo nome, do autor italiano Umberto Eco. O PENSAMENTO MODERNO E A INFLUÊNCIA DO RACIONALISMO Do ponto de vista histórico, a transição da Idade Média para a Idade Moderna foi marcada por muitas mudanças, entre elas, a passagem do teocentrismo (visão de mundo baseada em Deus) para o antropocen- trismo (o homem como centro, não mais Deus). Tendo esta tranformação de mentalidade como foco, é possível levantar a seguinte questão: Qual é a relação do homem com o conhecimento a partir de uma perspectiva antropocêntrica? Este é o ponto que o presente tópico terá como tema. Com o fim do período medieval (final do século XIV), o mundo europeu presenciou um rompimento significativo com o domínio religioso (cristão/católico) marcado por um movimento artístico e cul- tural que influenciou o desenvolvimento das ideias antropocêntricas: o Renascimento. Muito além de um acontecimento histórico, o movimen- to renascentista construiu as bases do pensamento moderno, centrado nas ações e potencialidades do homem e, principalmente, pela busca de um conhecimento pautado na razão. Entre os grandes teóricos que destacam-se neste contexto es- tão: Francis Bacon, René Descartes, John Locke (1632-1704), entre muitos outros. De forma geral, o debate moderno foi formulado a partir do tema do conhecimento, da forma como o homem conhece, aprende e desenvolve o pensar. Cada um a sua maneira, os filósofos raciona- listas buscavam consolidar o cientificismo a fim de superar as explica- ções de caráter não racional. Dessa forma, a “verdades” construídas ao longo do tempo passaram por um processo de ruptura decorrente dos novos paradigmas teórico-metodológicos. Segue-se, abaixo, um pano- rama geral das principais ideias suscitadas por esses filósofos. 24 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S FRANCIS BACON (1561-1626) Considerado um dos precursores do pensamento moderno, o britânico Francis Bacon valorizava as experiências com base na via da indução, que consistia nas observações de casos através de suas parti- cularidades, para chegar às verdades mais gerais. Este método diferen- ciava-se da dedução, cujas fundamentações partiam das observações gerais para explicar os casos específicos (Galileu Galilei era um dos expoentes). Uma das principais ideias de Bacon está em sua teoria dos ídolos*, uma crítica às formulações baseadas em verdades que podemdistorcer a realidade e comprometer o caráter científico do conhecimen- to. De acordo com o filósofo: (...) Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza; seja devido à natureza própria singular de cada um; seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram (Apud ARANHA & MARTINS, p. 173). Esse fragmento possibilita um debate acerca das dimensões sociais do pensamento humano, como também, o comportamento do homem de seu tempo, e das diversas influências que incidem sobre a forma como o homem enxerga a realidade ao seu redor. É possível pensar nas mais variadas formas de manipulação criadas para iludir e dominar os indivíduos, transformando-os em meros reprodutores e es- pectadores de suas vidas. Mais adiante, essa temática será desenvolvi- da tanto pelas Ciências Sociais como pela Psicologia. Em resumo, para Bacon: “Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências” (1988, p. 20-21). Saiba mais sobre a teoria dos ídolos, de Francis Bacon: Novum organum, ou, Verdadeiras indicações acerca da inter- pretação da natureza. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988. Sugestão de blog: Ensaios e notas, por Leonardo Alves: https://ensaiosenotas.com/2016/10/08/francis-bacon-os-qua- 25 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tro-idolos-da-mente/ RENÉ DESCARTES (1596-1650) O filósofo francês Descartes, muito conhecido por sua máxima “"cogito ergo sum", traduzida como "penso, logo existo", foi um impor- tante pensador racionalista do século XVII, que propôs um novo método para a Filosofia Moderna, que consistia em construir caminhos através do rigor do pensamento, por meio da razão e da dúvida metódica. Descartes destaca três tipos de ideias: as inatas, as externas e as factícias.O cogito cartesiano, portanto, não seria formado pelos sentidos nem pela imaginação, mas sim pelo espírito (ARANHA & MARTINS, 2004). E sua obra O discurso do método1 , o autor expõe os caminhos que devem ser traçados para a busca de um conhecimento verdadeiro, sem as interferências dos sentidos, mas pelo exercício da dúvida. Para ele, a existência depende do ato pensante e somente é possível co- nhecer a realidade através do questionamento. Assim, faz-se necessá- rio desvencilhar-se de todo o pensamento incutido pelo mundo externo para, então, construir uma nova forma de pensar, livre de interferências que diminuem a veracidade dos fatos. Dessa forma: (...) o pensador francês promove a razão, informada pelas regras do método, à condição de guia supremo do processo de conhecer. Ao teorizar sobre a racionalidade, ele promove uma separação entre mente e corpo, entre ma- téria e pensamento, e entre a razão e as demais formas de conhecimento, nascendo daí a ruptura da ciência com o sensível, a natureza, a imaginação e o sagrado (ÁVILA ARAÚJO, 2004, p.133-134). Para atingir esse método, Descartes propõe quatro regras: evi- dência, análise, síntese e enumeração. Tais regras seriam uma forma de organização sistemática do pensamento, para a investigação minu- ciosa do conhecimento verdadeiro, autêntico e autônomo. Em suma, o princípio fundamental de todo o método cartesiano era a dúvida – este seria o ponto de partida para a sabedoria do homem moderno. 1 DESCARTES, RENÉ. Discurso do método. São Paulo: Escala Educacional,2006. 26 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 1. (Adaptada) Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: SECULT-CE Cargo: Analista de Cultura Relacione corretamente as frases e ideias apresentadas a seguir com os respectivos autores, numerando a Coluna II de acordo com a Coluna I. Coluna I 1. Tudo é fluxo. 2. Conhece-te a ti mesmo. 3. Virtudes para uma boa vida 4. Mito da caverna Coluna II ( ) Platão ( ) Sócrates ( ) Heráclito ( ) Aristóteles Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência: A) 3, 4, 2, 1. B) 4, 2, 3, 1. C) 2, 4, 1, 3. D) 4, 2, 1, 3. QUESTÃO 02 2. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Chaui (2005) afirma que Aristóteles considerava o ponto mais alto da Filosofia, a metafisica e a teologia, de onde se derivam todos os outros conhecimentos. Afirma também, que a partir daí, definiu-se o grande campo da investigação filosófica que se desdobrou, até o século XIX, em 3 aspectos: o da ontologia, o dos valores e o epis- temológico. Levando-se em conta o que é dito pela autora, os campos de inves- tigação da Filosofia derivados da posição aristotélica são os conhe- cimentos: A) cosmológico, antropológico e teologia B) gnosiológico, empírico-formal e lógica C) do senso-comum, mítico e cientifico D) abstrato, formal e empírico E) do ser; das ações humanas e da capacidade humana de conhecer QUESTÃO 03 27 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 3. Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: SEDU-ES Cargo: Professor Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus dis- cípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida pelo diálogo, que corresponde ao filosofar. Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe de dois momentos. As etapas do método socrático são: A) a dialética e a argumentação B) a ironia e a maiêutica C) o juízo e o raciocínio D) a proposição e a discussão E) a tese e a antítese QUESTÃO 04 4. Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Cargo: Professor São Tomás de Aquino, principal representante da __________, de- senvolve um pensamento profundamente ligado ao de __________. Seu papel principal foi o de organizar as verdades da religião e de harmonizá-las com a filosofia. Para ele, então, a __________ criada por Deus, e a __________, revelação de Deus, não podem entrar em __________, porque procedem do mesmo Princípio. Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto apresentado. A) Escolástica – Aristóteles – razão – fé – contradição. B) Patrística – Platão – razão – fé – conflito. C) Escolástica – Aristóteles – fé – razão – acordo. D) Patrística – Platão – fé – razão – contradição. E) Sofística – Sócrates – razão – fé – conflito QUESTÃO 05 5. Leia o trecho a seguir: “[…] é quase impossível que nossos juí- zos sejam tão puros e tão sólidos como teriam sido se tivéssemos tido inteiro uso de nossa razão desde a hora de nosso nascimento, e se tivéssemos sido conduzidos sempre por ela.” (DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fon- tes. 1996, p. 17). A Razão Cartesiana inaugurou, na modernidade, uma forma de se pensar a partir de uma linguagem racionalista, inspirada em mode- los matemáticos. Esse modelo racional pretendia servir como guia para o conhecimento da realidade. Sobre o método cartesiano, é correto afirmar que: 28 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S A) tem sua formulação mais bem acabada na obra “Crítica da Razão Pura” B) consistia em colocar o mundo, a realidade, “entre parênteses”, ope- rando assim em uma “redução fenomenológica” C) foi duramente combatido pelos filósofos contemporâneos a Descar- tes, não tendo assim exercido influência em nenhuma geração posterior D) consistia em duvidar de tudo e, a partir da dúvida, reconduzir o pen- samento à possibilidade da realidade, processo que se sintetiza na fra- se: “penso, logo existo” E) tem seu apogeu no século XV, quando a entra em declínio a filosofia escolástica QUESTÃO DISSERTATIVA (com adaptações) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: SEDUC-AL Cargo: Professor - Filosofia Texto associado Mas é naturalque tais amizades não sejam muito frequentes, pois que tais homens são raros. Acresce que uma amizade dessa espécie exige tempo e familiaridade. Como diz o provérbio, os homens não podem conhecer-se mutuamente enquanto não houverem “provado sal juntos”; e tampouco podem aceitar um ao outro como amigos enquanto cada um não parecer estimável ao outro e este não depositar confiança nele. Os que não tardam a mostrar mutuamente sinais de amizade desejam ser amigos, mas não o são a menos que ambos sejam estimáveis e o saibam; porque o desejo da amizade pode surgir depressa, mas a ami- zade não. Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 382 (com adaptações) Tendo o texto precedente como referência inicial – Explique o conceito de virtude, em Aristóteles. QUESTÃO INÉDITA Analise o trecho da canção “Como uma onda”, de Lulu Santos, e assinale a alternativa correta: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XFa73hlzR-4 “Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas Como um mar/ Num indo e vindo infinito”. A) o trecho destacado pode ser relacionado com o pensamento racional de René Descartes B) a ideia de uma onda que vai e vem remonta ao filósofo Platão e o dualismo corpo e alma 29 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S C) é possível compreender, a partir da canção, um pouco da concepção de fluxo, de Sócrates D) a trecho pode ser relacionado com a filosofia de Heráclito e sua ideia de fluxo E) não é possível relacionar este trecho da canção com a Filosofia NA MÍDIA FILOSOFIA É USADA COMO GUIA PARA VIVER MELHOR Ensinamentos de pensadores clássicos prometem revolucionar até mesmo a terapia. Entenda como esses sábios do passado podem nos ajudar com os problemas de hoje Tiago Cordeiro | Ilustrações: André Bergamin Veja a matéria na íntegra em: h t t p : / / r e v i s t a g a l i l e u . g l o b o . c o m / R e v i s t a / C o m - mon/0,,ERT299871-17773,00.html NA PRÁTICA As indagações acerca dos dilemas e das questões que permeiam a vida humana, fazem parte de uma longínqua trajetória percorrida pela his- tória do pensamento ocidental. O dia-a-dia do trabalho, as obrigações cotidianas, as preocupações diversas, muitas vezes impossibilitam o olhar mais atento e reflexivo para a vida. Ao negligenciar os sentimentos e as emoções, o sujeito passa a alienar-se de suas próprias necessida- des e desejos, por não ter um conhecimento profundo sobre si mesmo. A filosofia se coloca como uma base para uma série de conhecimentos práticos, sobretudo o autoconhecimento, a tomada de decisões, a sabe- doria, a maturidade – que são elementos fundamentais num processo psicoterapêutico. Assuntos como: amor, trabalho, política, problemas sociais, modos de vida, costumes, crenças, enfim, uma série de temáti- cas que, inevitavelmente, chegam para o psicólogo todos os dias, seja no campo clínico ou institucional, social ou organizacional. DICA DE VÍDEO Filosofia e felicidade, com Marcia Tiburi e Mario Sergio Cortella “O que é felicidade? Essa é uma pergunta que acompanha a humani- dade, há séculos, e que, com o passar do tempo vai ganhando inter- pretações diferentes, de acordo com o comportamento, a cultura e a identidade de uma época”. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=W_1EtLeJEh0 30 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S “A história das ciências é um tecido de juízos implícitos sobre o valor dos pensamentos e das descobertas científicas. O papel da epistemologia é de explicitá-los”. (JAPIASSU, Hilton) “Cada indivíduo aprende a ser homem”. (LEONTIEV) O presente capítulo “A psicologia como ciência” tem como ob- jetivo central contextualizar a Psicologia e seu desenvolvimento cientí- fico, assim como suscitar uma breve discussão em torno de seu objeto de estudo: a subjetividade humana. A partir disso, buscar-se-á ressaltar uma das grandes questões no campo das ciências: a relação sujeito- -objeto e o debate acerca da dicotomia objetividade-subjetividade. A A PSICOLOGIA NOS CAMINHOS DA CIÊNCIA F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 30 31 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S discussão em torno da ciência – principalmente quando se trata do grau de cientificidade de um saber – aponta para um aspecto importante na construção do conhecimento: a objetividade. Ora, aquilo que é cientí- fico é comprovado e torna-se um estudo objetivo, delimitado pelo seu campo de atuação e seu arcabouço teórico-metodológico. Mas, como lidar com essa questão quando o interesse científico é voltado para os elementos subjetivos da vida humana? Como analisar comportamento e subjetividade? Estes e outros questionamentos são inerentes ao pro- cesso de consolidação do campo da Psicologia. No site do Conselho Federal de Psicologia você pode conferir uma linha do tempo da Psicologia no Brasil. O material faz parte do Pro- jeto Memórias da Psicologia Brasileira. Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-da- -psicologia-brasileira/outros/ Para BOCK (1989, p. 23) “a identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de ma- neira particular”. Dessa forma, o tema da subjetividade suscita inúmeras questões para debate, principalmente no que se refere à formação do sujeito enquanto ser biopsicossocial. Este é o principal papel da Psico- logia: compreender a diversidade que marca os aspectos subjetivos, sociais e cognitivos dos indivíduos em permanente construção. Além disso, é importante ressaltar que toda subjetividade é situada sócio-his- toricamente e, por isso, cada sujeito possui sua singularidade e sua for- ma de ser/estar no mundo. Diante desse debate, a Psicologia percorre diferentes caminhos (às vezes divergentes) para estudar e compreen- der as dimensões da vida humana: comportamentos, sentimentos, rela- ções, políticas, questões sociais. Assim, é possível afirmar que: Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos to- dos assim) – é o homem – corpo, homem afeto, homem ação e tudo isso está sintetizado, isso está no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural (BOCK, 1989, p. 24). 32 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Através de diversos olhares, por meio de múltiplos instrumen- tos, esse campo do conhecimento busca cada vez mais engajar-se na vida social e possibilitar novas formas de enxergar as pessoas. Barros e Passos analisam a noção de ‘campo’ da Psicologia e afirmam que “es- tamos frequentemente tão engajados nele que já não poderíamos dis- criminar as forças que o constituem, ao mesmo tempo que nele somos constituídos como uma de suas partes integrantes”. Os autores também alertam para a condição crítica das práticas psicológicas em seu duplo significado: pela atividade de crítica e como situação de crise – aspec- tos que marcam o processo de consolidação deste campo. Por fim, eles apontam para o seguinte questionamento: “E do que partimos quando nos engajamos neste campo?” (BARROS & PASSOS 2000, p.78). CONTEXTUALIZAÇÃO: O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO Imagem 5. Wilhelm Wundt Fonte: Psicoativo, 2016. A Psicologia surgiu, enquanto uma disciplina científica, a partir do século XIX, através dos estudos de Wilhelm Wundt e William James, com o objetivo principal de investigar o comportamento humano através de estudos experimentais acercado funcionamento da mente. Um dos precursores deste campo foi o médico Wilherm Wundt (1832 – 1920). Considerado o “pai da Psicologia”, fundou o primeiro laboratório experimental na área, no ano de 1879, na Alemanha. Ele marca uma divisão da ciência psicológica experimental e social. Seu método era baseado na percepção sensorial e na descrição de elemen- tos da experiência imediata por indivíduos treinados. Segundo Abib: 33 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Para Wundt [1897]), psicologia como ciência é psicologia empírica. E, como tal, interpreta a experiência psíquica a partir da própria experiência psíqui- ca; deduz os processos psíquicos de outros processos psíquicos; faz uma interpretação causal de processos psíquicos com base em outros processos psíquicos; não recorre a substratos diferentes desses processos, tais como uma mente-substância ou processos e atributos da matéria, para explicá-los (ABIB, 2009, p.197). A partir dos estudos de Wundt, a Psicologia passava a ocupar um lugar no campo da ciência, através do princípio da comprovação sis- temática e da experimentação. Dentro de um ideal positivista (corrente filosófica predominante no século XIX) as ciências humanas buscavam consolidar-se, com seus métodos e objetivos próprios e a preocupação do estudo do homem e suas relações em sociedade. Segundo Freire (1997), Wundt estudava os processos mentais através de métodos ex- perimentais pertencentes às outras ciências. Os fundamentos de seu trabalho consistiam na observação, experimentação e quantificação. William James (1842 – 1910), por sua vez, é considerado o pai da psicologia funcional. Considerado o pai da nova psicologia ameri- cana, sua ênfase no funcionalismo era baseada na teoria da evolução humana e, por isso, para ele a Psicologia era uma ciência natural, ou uma “esperança de ciência” relacionada diretamente com os aspectos físicos e cerebrais (ABIB, 2009). Imagem 6. William James Fonte: Livraria Cultura, 2017. O funcionalismo, de forma geral, tratava do caráter adaptativo da consciência e questionava qual seria a função da mente, através de uma visão pragmática e instrumental. Dessa forma, Freire (1997, p.102) enfatiza que a questão passa a ser de ordem mais prática, dentro da 34 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S qual o homem se adapta ao meio físico e social, pois: “a psicologia, para o funcionalismo, é o estudo da vida psíquica, considerada como um instrumento de adaptação ao meio”. Em suma, as primeiras experiências da Psicologia buscaram de- senvolver um papel teórico e metodológico de acordo com as premissas científicas modernas, voltadas às ciências naturais. Segundo Nunes: Apesar da unidade do homem com a natureza, as ciências naturais são com- pletamente diferentes das ciências humanas. Há dois tipos de experiências a serem apreendidas: a externa e a interna (...). O objeto das ciências huma- nas consiste em apreender a realidade histórica e social naquilo que ela tem de singular e individual, bem como estabelecer as regras e os fins de seu desenvolvimento (NUNES, 2003, p.67). É dentro deste contexto maior que surge a necessidade de di- ferenciação entre as ciências naturais e exatas e as ciências cujo princi- pal foco de análise era o homem e sua relação com o meio, e ainda, dos fenômenos psíquicos e subjetivos. Dilthey (1883 apud NUNES, 2003), foi um historiador que defendeu uma epistemologia autônoma das ciên- cias humanas e conferiu a elas um caminho próprio através de um mé- todo compreensivo, diferentemente do explicativo atribuído às ciências naturais. De acordo com o autor, o homem é o criador do meio social em que vive e é isso que confere às ciências humanas uma historicidade. Assista ao vídeo: Wilhelm Wundt: Por que ele é o Pai da Psico- logia Moderna? do canal Psicoativo TV. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c O OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA PSICOLOGIA: O DESAFIO DA CIENTIFICIDADE A partir das transformações ocorridas na sociedade ocidental, so- bretudo no século XIX, as ciências humanas começaram a conquistar um espaço no estudo e na compreensão do homem, não somente como um corpo biológico, mas um ser social, que vive, que trabalha, se relaciona com o mundo. Toda a esfera na qual ele está inserido deveria, pois, ser analisada, compreendida. Desse modo, disciplinas como a Sociologia, An- tropologia, Psicologia, vão de encontro com essa nova preocupação cien- 35 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tífica. É nessa perspectiva que DOSSE (2004) pensa as ciências humanas como disciplinas interpretativas, que outrora se separaram da Filosofia, na tentativa de adquirir sua autenticidade como ciência. Mas atualmente se reaproxima, assimilando as teorias filosóficas em suas abordagens. A consolidação da Psicologia no meio científico construiu-se, prin- cipalmente, em torno da natureza de seu objeto de investigação: a subjeti- vidade humana - as questões mentais, os sentimentos, o comportamento de forma geral. De acordo com este pressuposto, Castañon (2009) elucida alguns dos problemas ontológicos da Psicologia quanto à inserção de seu objeto de estudo no campo científico: da natureza inquantificável do objeto da psicologia; da impossibilidade de o sujeito ser ao mesmo tempo objeto; da indivisibilidade do fenômeno psíquico; da alteração do objeto da psico- logia pela interação e pelo conhecimento, entre outros. Nota-se que um dos objetivos centrais nessa discussão acerca da cientificidade era a questão do método como uma importante ferra- menta das produções científicas. Figueiredo aponta para a constituição de um “sujeito epistêmico pleno”, consciente de si e senhor absoluto de sua consciência, ou seja, um sujeito construído metodologicamente. “Ao método caberia a tarefa de expurgar de cada sujeito tudo aquilo que o tornasse suspeito, não confiável, irregular” (FIGUEIREDO, 1995, p.17). Portanto, o desafio principal era conferir cientificidade a um material incomensurável, não quantificável como outros processos ex- perimentais relativos a diferentes áreas do conhecimento. Diante deste pressuposto, como seria definida a subjetividade? De que forma passou a ser estudada cientificamente? Essas questões são de grande rele- vância no processo de consolidação do campo da Psicologia, principal- mente no que se refere à delimitação de seu “objeto” de estudo. Diante disso, é válido ressaltar que: Tratar do nascimento de um sujeito nos domínios da Psicologia implica fa- lar da sua colocação como objeto para um discurso científico socialmente autorizado a enunciar verdades a respeito de instâncias psicológicas que compõem este sujeito (...) universalizando-as, substancializando-as e natu- ralizando-as ancorado nas objetividades do corpo e da natureza, bem ao estilo do modelo de ciência da época (PRADO FILHO, 2007, p.14). Nesse sentido, as temáticas referentes ao universo psíquico direcionavam-se para a “compreensão do significado da experiência humana, e não a busca de teorias de aplicação generalizada” (CAS- TAÑON, 2009). Essa discussão sobre o caráter científico da Psicologia (e das ciências humanas em geral) ainda persiste até os dias atuais, tanto no universo acadêmico como no mercado de trabalho. É importan- te reconhecer esse histórico de construção do conhecimento, pois é a 36 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S partir dele que se edificam as bases da profissão do psicólogo (a), suas formas de atuação, suas ferramentas teórico-metodológicas, enfim, seu espaço singularizado na sociedade. Sobre o papel do (a) psicólogo (a) na sociedade, recomenda- mos o Vídeo Institucional - Papel do psicólogo em todos os lugares, no canal do CRP – SC. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=Oc1vjYVT5ak A SUBJETIVIDADE HUMANA: ALGUMASDEFINIÇÕES Imagem 7. Fluxos mentais Fonte: YouTube, 2017. Segundo o dicionário Michaelis2 , sub•je•ti•vi•da•de significa: 1. Caráter ou qualidade de subjetivo; 2. Filos. Aquilo que se relaciona unicamente a um indivíduo, sendo inacessível a outrem; 3. Característica de todos os fenômenos psíquicos que se rela- cionam ao próprio indivíduo e considerados por ele seus. O conceito de subjetividade é intrínseco ao paradigma histórico e cultural de cada teoria.Em linhas gerais, há vários olhares e definições diferentes, a partir de estudos e suas respectivas linhas teóricas, mas é possível destacar, pelo menos, duas concepções que norteiam essa 2 Dicionário eletrônico. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/ busca/portugues-brasileiro/SUBJETIVIDADE/ 37 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S discussão: de um lado, a subjetividade pode ser explicada a partir do campo intrapsíquico, diretamente ligado aos aspectos mentais e indivi- duais. Por outro lado, o sentido pode estar relacionado com o meio no qual o indivíduo vive, suas experiências, sua relação com o contexto social. É importante compreender que uma visão não exclui a outra, necessariamente, uma vez que a subjetividade não é cindida, fragmen- tada entre individual/social. Ela é composta por esses dois universos repletos de outros fatores. Entretanto, do ponto de vista teórico-metodológico, ao longo da história da Psicologia, essa questão protagoniza uma série de con- cepções que se complementam e também se distanciam. Este capítulo não alongará o tema, mas o próximo fará um apanhado geral das prin- cipais vertentes da Psicologia, o que explica, de certa forma, o sentido da subjetividade e como ela se constrói de acordo com cada visão. De acordo com esta premissa, Abib entende que: “Como práticas culturais ou culturas, tradições de pensamento psicológico se constituem como práticas de pesquisa, com desfechos favoráveis para algumas e desfa- voráveis para outras” (ABIB, 2009, p. 199). São estas práticas culturais formadoras do pensamento psi- cológico que influenciam na forma como o comportamento humano é trabalhado e na construção de sentido da subjetividade, ou melhor, das subjetividades múltiplas. Portanto, enquadrar o comportamento humano e todas as suas formas de relação com o mundo numa visão determi- nista é reduzir demasiadamente seu caráter diverso. Um dos principais conceitos que marcam os estudos e práticas em Psicologia é a ideia do inconsciente e sua influência na formação do sujeito. De acordo com uma visão psicanalítica, o aparelho psíquico possui compartimentos em que censura e reprime determinados fatos da vida. Para complementar o assunto, recomendamos a você a fala do professor Christian Dunker: “Nascimento da Psicologia: Sujeito ou objeto?”. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=i3t5PH0kAbE Dessa forma, essas lembranças que ressurgem no decorrer do tempo trazem à tona questões que atuam diretamente na subjetividade, uma vez que: O processo de constituição subjetiva está intimamente relacionado com a 38 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S concepção de que o campo do sujeito é efeito, em especial, da linguagem e de uma trama de relações pré-existentes ao nascimento, constituindo o que será o mito fundador de uma história singular. O sujeito, para a psicanálise, é aquele que se constitui na relação com o Outro através da linguagem (TO- REZAN e AGUIAR, 2011). O sujeito, de um ponto de vista psicanalítico, compõe-se por meio do desejo, e é ele que vai “guiar” a sua construção subjetiva e a forma como se coloca diante da vida. A partir dessa dinâmica psíquica os processos de subjetivação se desenvolvem com base nos impulsos do Inconsciente (o capítulo 3, desta unidade, abordará com mais deta- lhes a Teoria Psicanalítica). Dentro de uma visão histórico-cultural, Gonzáles Rey enfatiza a noção de sujeito e subjetividade de acordo com um processo dialético. Sua ideia consiste em anular a dicotomia entre social e individual, numa tentativa de apresentar o sujeito como um agente ativo dentro de seu contexto histórico-social. Para ele, a subjetividade não se internaliza, não vem como algo externo ao indivíduo, ou seja: Trata-se de compreender que a subjetividade não é algo que aparece somen- te no nível individual, mas que a própria cultura dentro da qual se constitui o sujeito individual, e da qual é também constituinte, representa um sistema subjetivo, gerador de subjetividade (REY, 2005, p. 78). Entende-se, assim, que o conceito de subjetividade não é fixo e imutável, como, por exemplo, ocorre com a personalidade. Muitas ve- zes, os dois termos se confundem, sugerindo a forma de ser/estar de um sujeito. Entretanto, ao falar em personalidade, vem à tona uma ideia de ‘jeito’ de ser ou maneiras de se comportar, como um conjunto de atributos de um indivíduo. Assista à palestra do professor citado acima, Fernando Gonzaléz Rey: "A Teoria da Subjetividade e a Epistemologia Qualitativa na Pesquisa". Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=lnRAwQUjjLs A subjetividade, por sua vez, pode apontar para uma noção de constituição e formação do ser humano que é constante e está vin- culada a uma variedade de fatores. Ela representa uma das categorias 39 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S mais singulares do sujeito. É aquilo que ele pode ter de mais genuíno e autêntico. De acordo com um enfoque Histórico-cultural, a subjetivi- dade é constituída dentro do quadro social. “Todo processo psicológico é volitivo, sendo que a vontade é inicialmente social, interpsicológica e posteriormente intrapsicológica” (MOLON, 2003, p.91). Nesse sentido, a Teoria Histórico-cultural propõe uma relação dialética das dimensões interpsicológica e intrapsicológica. Para Vygo- tsky, as funções psicológicas superiores formam-se primeiro no coletivo para, depois, transformarem-se em funções da personalidade. O social constitui o sujeito ao mesmo tempo em que é constituído por ele. Na atividade animal, o desenvolvimento biológico é dado de modo imediato, ausente de consciência, sem constituir cultura e sem apropriação de um conhecimento histórico de atividades, exercendo apenas as funções psicológicas inferiores (inatos como, por exemplo, virar o pescoço na dire- ção de um ruído) de acordo com sua filogênese (naturais da espécie). O homem, por sua vez, além de apresentar essas funções psi- cológicas inferiores, dadas a priori, apresenta as funções psicológicas superiores que se originam de modo sociocultural, como a apropriação da linguagem, a sua lógica e capacidade de aprendizado social media- do. “O homem definitivamente formado possui já todas as propriedades biológicas necessárias ao seu desenvolvimento sócio-histórico ilimitado” (LEONTIEV, 1978, p. 263). Assim, o que constitui o ser humano é a sua capacidade de apropriação e objetivação da realidade por mediação. Para complementar seus estudos acerca das definições do conceito de subjetividade, indicamos a seguinte leitura: LEONTIEV, Alexis. O homem e a cultura. In: O desenvolvimen- to do psiquismo. Apropriação/ objetivação Na Teoria Histórico-cultural apropriação e objetivação são con- ceitos fundamentais para o processo de humanização. Apropriação é a reorganização das habilidades motoras e psíquicas, é através dela que o individuo cria novas aptidões; já a objetivação é o resultado de uma práti- ca social. De acordo com Duarte, a relação entre apropriação e objetiva- ção se dá na produção de instrumentos: “o homem se apropria da nature- 40 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S za objetivando-se nela para inseri-la em sua atividade social” (DUARTE, 1996, p. 35). Essa relação impulsiona o desenvolvimento histórico e, ao mes- mo tempo, é constituída por ele. Nesse processodialético, a apropriação de um objeto gera novas necessidades e, na medida em que o homem se apropria, ele se objetiva, se humaniza. Ambos os processos, apropriação e objetivação, acontecem constantemente durante toda a vida do indiví- duo, aprimorando cada vez mais suas capacidades motoras e psíquicas. “Cada processo de apropriação e objetivação gera a necessidade de no- vas apropriações e novas objetivações” (Ibidem, p.120). Para resumir o pensamento central de Vygotsky destacam-se algumas palavras-chave, tais como: sociabilidade do homem; intera- ção social; signo e instrumento; cultura; história; entre outros conceitos (IVIC, 1994). Mediação Para Vygotsky, mediação é a principal categoria da Teoria His- tórico-cultural, ao contrário de Luria e Leontiev, que a consideravam apenas um conceito. Não é propriamente um conceito, mas sim, uma categoria pela qual o homem consegue chegar à aprendizagem, não é um terceiro na relação sujeito-objeto, mas está inserido dentro dela. Dessa forma, afirma-se que: A mediação é processo, não é o ato em que alguma coisa se interpõe; me- diação não está entre dois termos que estabelecem uma relação. É a própria relação. (...) A mediação não é presença física do outro, não é a corporeidade do outro que estabelece a relação mediatizada, mas ela ocorre através dos signos, da palavra, da semiótica, dos instrumentos de mediação. A presença corpórea do outro não garante a mediação (MOLON, 2003, p.102). Os instrumentos têm a função de transformar o objeto, ope- rando exatamente dessa forma. Para Vigotski todo instrumento é um estímulo, mas nem todo estímulo é um instrumento (VIGOTSKI, 1996). Ambos (signos e instrumentos) são atividades mediadas que possuem naturezas diferentes, mas que estão interligadas. A partir desse pres- suposto observa-se que o mais subjetivo dos pensamentos é também 41 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S intermediado por aspectos do processo histórico-social da vida de um indivíduo. A subjetividade é construída, portanto, no decorrer da história de cada um. O homem é um ser de natureza social e constrói-se como humano a partir de suas relações em sociedade. Imagem 8. Lev Vygotsky Fonte: Instituto Net Claro Embratel, 2018. São inúmeras as definições acerca do tema da subjetividade, sobretudo ao se tratar das questões: indivíduo/sociedade, psíquico/social e tantas outras reflexões que este assunto promove. Não se trata aqui de abarcar toda essa discussão, mas de apresentar alguns eixos para desenvolver o debate em questão neste tópico. Falar em subjetividade é como pensar no “objeto primordial”, quase mítico que é a mente, como um resultado e efeito das relações diversas e não universais. “A subje- tividade se produz na relação das forças que atravessam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo saber/ poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007, p.17). Este mundo psíquico precisa ser pensado dialeticamente com outros elementos da vida humana, pois pensar o indivíduo é também refletir toda a sua história, sua cultura, seu modo de viver. De acordo com Rey (2005), a subjetividade não é internalizada pelo sujeito, como algo externo, mas sim, forma-se através de um sistema subjetivo que considera o social e o individual em relação, e não isolados um do outro. Assim, é possível definir que: A singularidade é o que distingue um homem de outros, é o que o torna único na ontogênese humana. A singularidade é produto da história das condições sociais e materiais do homem, a forma como ele se relaciona com a natureza e com outros homens. Conforme a complexificação dessas relações (que foram perdendo o caráter eminentemente imediato para mediato), o indivíduo se distancia das relações imediatas, apropria-se das mediações e objetiva outras (SILVA, 2009, p. 172). Diante desses apontamentos, é possível pensar numa clínica transdisciplinar, que se constitui não somente como espaço físico, mas 42 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S como sistema aberto, no qual são construídos os modos de subjetivação, a partir de uma polifonia que contempla as inúmeras variáveis da subjeti- vidade humana, pois “não se trata de modo algum de reunir, unificar, mas de construir redes por ressonâncias, deixar nascer mil caminhos que nos levariam a muitos lugares” (PASSOS & BARROS, 2000, p.78). No site do Conselho Federal de Psicologia você pode ter aces- so à diversas indicações bibliográficas dessa área. Acesse: https://site.cfp.org.br/multimidia/projeto-memorias-da- -psicologia-brasileira/livros/ Imagem 9. O grito, de Edvard Munch. 1893. Fonte: Cultura Mix, 2011. Assim, o estudo desse emaranhado subjetivo deve ser caute- loso quanto às visões reducionistas, que ora podem ser pautadas so- mente na perspectiva individual (como se a relação sujeito-subjetivida- de fosse exclusivamente interna, sem outras associações), ora na visão restrita no meio social, internalizado pelo sujeito e responsável por todo o seu desenvolvimento psíquico. Nas palavras de Bock: Podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas for- mas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento à perda de memória imposta pela fugacidade da informação (...). Estudar a subjetividade, nos 43 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica (BOCK, 1989, p. 24). Portanto, entende-se que a Psicologia direciona-se à multipli- cidade dos sujeitos e oferece seu repertório para compreendê-la, res- peitá-la e potencializá-la, diante de toda imprevisibilidade que marca a existência humana. Não há como restringir a subjetividade a um objeto inerte e mensurável, dada a complexidade de sua natureza. No próximo capítulo desta unidade serão abordadas algumas das principais linhas teóricas da Psicologia através de um panorama geral que busca com- preender o sujeito e a formação da subjetividade. 44 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 1. Ano: 2012 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: MPE-AL Cargo: Psicólogo Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como disciplina aca- dêmica formal. Ele instalou o primeiro laboratório, lançou a pri- meira revista especializada e deu início à Psicologia Experimental como ciência. Qual a opção abaixo sobre esta fase das bases das Teorias e Sistemas Psicológicos está correta? A) Sensação, percepção, atenção, sentimentos, reação e associação não foram temas das pesquisas de Wundt. B) As criações de Fechner são posteriores a Psicologia como ciência. C) O uso do termo “Psicologia Experimental” não é de autoria de Wundt. D) A Psicologia Experimental de Wundt tratou do desenvolvimento men- tal humano expresso na linguagem, nas artes, nos mitos, nos costumes sociais, na lei e moral. E) As publicações de Wundt inauguram a divisão da ciência psicológica entre Psicologia Experimental e Psicologia Social. QUESTÃO 02 2. (Adaptada) Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Cargo: Especialidade em Psicologia Social Philip Zimbardo, conhecido pesquisador estadunidense e profes- sor da Universidade de Stanford, foi responsável por um polêmico estudo experimental no qual simulou num laboratório as condi- ções de uma prisão (1971). O experimento precisou ser cancelado, mas repercute até hoje. Inspirado neste experimento, foi realizado um filme em 2010 que, em português, recebeu o nome de: A) A noite dos desesperados B) Fome de viver C) Acossados D) O experimento E) Experiência macabra QUESTÃO 03 3. Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CFP Cargo: Especialista em Psicologia - Clínica Naquestão da validação do conhecimento psicológico que se apresenta como sendo científico, é correta a afirmação de que: A) há um abandono no intento de fazer repousar o conhecimento cien- tífico em bases sólidas e inquestionáveis. B) há que se atingir um conhecimento imediato e indiscutível. 45 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S C) é consenso que o conhecimento científico só é reconhecido com bases na tradição cartesiana. D) não se pode fugir de projetos epistemológicos da modernidade, de inspiração Baconiana. E) todos os pressupostos deverão ser verificados ou refutados. QUESTÃO 04 4. Ano: 2016 Banca: Gestão Concurso Órgão: Consurge - MG Car- go: Psicólogo Há uma afirmativa no senso comum que diz: “de psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco”; como, por exemplo, quando se ouve o problema de um amigo, ajudando a solucioná-lo. No entanto, o senso comum não é ciência. Para ser uma ciência, torna-se neces- sário fundamentá-lo em bases científicas. Nesse contexto, é CORRETO afirmar: A) A Psicologia é um ramo das ciências naturais que utiliza métodos científicos para o estudo do ser humano em toda a sua amplitude de mente e de corpo. B) A Psicologia utiliza-se de técnicas como o tarô, a astrologia, a qui- romancia, entre outras práticas associadas ao saber psicológico para resolução dos problemas humanos. C) A Psicologia é uma área das Ciências Humanas que estuda o com- portamento e a psique humana e vem se desenvolvendo na história desde 1875, quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Ex- perimentos em Psicofisiologia. D) A psicologia é uma área das Ciências Sociais que parte de observa- ções empíricas do comportamento humano no cotidiano com foco em condutas anormais como: fobias, alucinações, agressividade, descon- trole emocional, entre outros aspectos. E) Todas as afirmativas estão corretas. QUESTÃO 05 5. Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicolo- gia Cargo: Especialidade em Psicologia Social De acordo com Furtado, O.: “... o repertório de ‘ideias’ de uma de- terminada cultura, de uma determinada nação, de um grupo social, tem como base o processo histórico do desenvolvimento das for- ças produtivas e, ao mesmo tempo, acaba influindo no próprio pro- cesso econômico, ou seja, no desenvolvimento das formas subje- tivas de expressão desse processo de desenvolvimento”. O autor está discutindo: A) que a subjetividade coincide com a noção popular de “ideia” 46 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S B) sobre as “dimensões subjetivas da realidade” C) sobre desenvolvimento humano como foco da análise psicológica D) que a objetividade é central no estudo da psicologia social E) que o repertório de “ideias” enquanto ideologia influencia as forças produtivas QUESTÃO DISSERTATIVA Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: Conselho Federal de Psicologia Car- go: Especialidade em Psicologia Social - (Adaptada) GONZÁLEZ REY (2004, p.125) afirma: “A subjetividade permite uma reconstrução não só da psique individual, como também das várias for- mas de produção psíquica, próprias dos cenários sociais em que vive o homem, assim também da própria cultura”. De acordo com o fragmento citado, explique o conceito de subjetividade proposto pelo autor. QUESTÕES INÉDITAS 1. Um dos principais desafios da Psicologia científica moderna foi: A) a sua indissociabilidade da Filosofia B) o caráter especulativo de seus estudos C) a natureza não quantificável de seu objeto de estudo D) a falta de observação em suas pesquisas E) nenhuma das alternativas 2. William James é considerado o pai do funcionalismo. A principal característica dessa abordagem era: A) explicações meramente filosóficas B estudo do inconsciente C) o caráter adaptativo da consciência D) o método da introspecção E) todas as alternativas estão corretas 3. “A subjetividade se produz na relação das forças que atraves- sam o sujeito, no movimento, no ponto de encontro das práticas de objetivação pelo saber/poder com os modos de subjetivação” (PRADO FILHO, 2007, p.17). De acordo com o fragmento acima: A) a subjetividade não faz parte do campo científico B) existem forças que impedem o sujeito de construir sua subjetividade C) a produção de subjetividade faz parte de um jogo de forças D) não há subjetividade nas práticas de objetivação E) o conceito de subjetividade é unilateral, fixo e individual. 47 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S NA MÍDIA O controverso 'Experimento de Aprisionamento de Stanford', inter- rompido após sair do controle. Estudo conduzido pelo professor de Psicologia Social Philip Zimbardo em 1971 deveria se estender por duas semanas, mas não passou de seis dias. Esse é um dos experimentos sociais mais famosos da história, contado tantas vezes que alguns o consideram um mito. Talvez você já tenha escutado: um professor universitário de Psicologia recruta um grupo de estudantes e lhes pede que imaginem que estão em uma prisão. Fonte: BBC Data: 02/12/2018 Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noti- cia/2018/12/02/o-controverso-experimento-de-aprisionamento-de-stan- ford-interrompido-apos-sair-do-controle.ghtml NA PRÁTICA A subjetividade humana é um tema fundamental no campo da Psico- logia e influencia diretamente nos trabalhos realizados no cotidiano da vida profissional. Um exemplo disso pode ser evidenciado nas práticas. Em uma unidade de saúde, há dificuldades em trabalhar com pacientes diabéticos, pois resistem em participar de um determinado programa de qualidade de vida. Nesse caso, é importante que o processo tera- pêutico dos pacientes com diabetes não seja focado no adoecimento, tampouco em atividades com objetivo de impor mudanças no estilo de vida. Isso precisa passar por um processo de conscientização, com um grupo terapêutico, para que se possa discutir estratégias de promoção de saúde e, principalmente, trabalhar na construção coletiva do sentido e da ressignificação do conceito de saúde para estes pacientes. PARA SABER MAIS Quer saber mais sobre os “pais” da psicologia moderna? Acesse o canal Psicoativo TV através do link abaixo: Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-D-FaDcn75c DICA DE FILME: O experimento de aprisionamento de Stanford Ano: 2015 - Direção: Kyle Patrick Alvarez. O filme retrata a famosa experiência do professor Philip Zimbardo reali- zado na Universidade de Stanford, no qual alguns jovens foram recruta- dos para serem guardas e prisioneiros em uma prisão improvisada nos corredores da universidade. 48 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S SAIBA MAIS Para saber mais sobre o pensamento de Vygotsky e a constituição da subjetividade, confira o vídeo: Coleção grandes educadores Lev Vygotsky. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=T1sDZNSTuyE 49 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Será a solução específica que uma dada teoria psicológica consegue articu- lar que irá definir o seu ethos, ou seja, a morada que oferece ao homem (...). Luís Figueiredo Desde o seu desenvolvimento no campo científico, a Psicolo- gia não tem sido centrada em uma única abordagem, muito diferente disso, é uma área na qual se ramificam os olhares sobre o homem e sua forma de ser e estar no mundo. Mais do que uma questão biológica e mental, a vida humana demanda muitas explicações, sejam elas emo- cionais, profissionais, afetivas, comportamentais, etc. Nesse sentido, cada linha teórica tem seus métodos e formas de atuação, assim como espaços específicos de trabalho e uma diver- PRINCIPAIS PARADIGMAS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA PSICOLOGIA F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 49 50 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S sidade na demanda, seja naárea pública ou privada. Neste bloco serão apresentadas algumas das principais cor- rentes teóricas que compõem o campo da Psicologia, os representantes mais significativos e suas respectivas ideias. Vale ressaltar que este é um esboço geral que pretende apontar algumas características de cada abordagem, sendo necessário, portanto, o aprofundamento das temáti- cas a partir da bibliografia proposta. BEHAVIORISMO: Watson, Pavlov e Skinner. A palavra behavior (do inglês: comportamento) foi incorporada à Psicologia em 1913, e passou a ser o centro dos estudos da corrente denominada de behaviorismo, que é subdividido em: behaviorismo me- todológico e radical. De forma geral, o behaviorismo buscava enfatizar o caráter ob- jetivo e quantitativo da ciência, no qual o comportamento era estudado através da técnica do condicionamento clássico, proposto por Ivan Pa- vlov (1849-1936). Seu método era baseado na associação de estímu- los. É famoso o seu experimento da salivação dos cachorros diante dos estímulos associados à comida. John Broadus Watson (1878-1958) é considerado o “pai” do behaviorismo metodológico, e seu estudo tinha como foco principal o comportamento humano mediante observação sistemática. Seus mé- todos aproximaram a Psicologia das ciências naturais, dentro de uma perspectiva biológica, além de ter como base as pesquisas feitas em animais. Nesse sentido, o behaviorismo era pautado na seguinte ideia: O homem seria uma espécie de animal entre os outros. As suas reações poderiam ser estudadas como qualquer outro fato da natureza e, portanto, da mesma forma que os animais são estudados (...). A psicologia científica assemelha-se, pois, às ciências naturais que são mecanicistas, materialistas, deterministas e objetivas (FREIRE, 1997, p.108). Neste vídeo é apresentado o experimento de Pavlov mencio- nado no texto. Vale a pena assistir! Acesse o link abaixo: O cão de Pavlov https://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U 51 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O behaviorismo radical tem como precursor Burrhus F. Skinner (1904-1990) e difere, em alguns pontos, da abordagem metodológica de Watson, principalmente por negar a existência da mente e considerar o comportamento como função biológica do organismo. Um dos concei- tos mais elucidativos de sua teoria é o de comportamento operante, que representa uma classe de respostas definida pelas relações funcionais do comportamento com suas consequências, com o estado de motiva- ção e com as condições ambientais presentes no momento em que a resposta ocorre (FIGUEIREDO, 1995, p.85). Nesse sentido, o pensamento de Skinner vai de encontro à questão da aprendizagem, ou seja, a forma como o homem aprende e se desenvolve de acordo com seu comportamento. Tal processo é construído a partir da relação comportamento-ambiente composta, prin- cipalmente, pelos estímulos discriminativos (contexto em que o compor- tamento ocorre) e o reforço (consequência que repete ou não a ocorrên- cia de uma determinada resposta), assim: A organização do comportamento não se localiza no sujeito, mas nas suas relações com o ambiente, o que se expressa no conceito de “contingência tríplice” (estímulo discriminativo – resposta instrumental - consequência re- forçadora), que é apenas uma forma de se referir à classe operante (Ibidem, p.86). Em suma, o behaviorismo traz, na concepção comportamental, o cerne de sua pesquisa, sendo muito utilizado nas práticas psicoterapêuti- cas através da vertente cognitivo-comportamental. Nos estudos de casos desta unidade será apresentado um exemplo com esta abordagem. Há muitos trabalhos e pesquisas sobre o behaviorismo. Além da bibliografia indicada, você pode conferir, no link abaixo, um artigo com diversas referências no assunto. Acesse: https://psibr.com.br/leituras/cognicao-e-comportamen- to/skinner-sobre-ciencia-e-comportamento-humano Bons estudos! 52 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Imagem 10. B. F. Skinner Fonte: Harvard, 2016. GESTALT A Gestalt (em alemão, forma) é uma das correntes teóricas e metodológicas da Psicologia, que tem a percepção como eixo central de seus estudos. Seus principais representantes foram: Kurt Kofka (1886- 1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Max Werteimer (1880-1943). Suas leis básicas giram em torno de alguns conceitos-chave, tais como: pregnânica, unidade, semelhança, proximidade, continuidade, fecha- mento e segregação. Segundo a Psicologia da Gestalt, o funcionamento mental é organizado a partir das leis acima referidas, e são elas que influenciam as percepções e sensações diante dos mais diversos estímulos visuais. Este pressuposto está diretamente relacionado às formas como o cére- bro interpreta o meio externo, ou seja, de um ponto de vista psicológico é possível pensar nas construções interpretativas, que são criadas pe- los indivíduos para compreender a sua realidade. Imagem 11. Percepção Fonte: Matlin & Folley (1996 apud OVIEDO, 2004). 53 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S A máxima que sintetiza este complexo mental é: “o todo é dife- rente das somas de suas partes (...). Uma parte num todo é algo bem di- ferente desta mesma parte isolada ou incluída num outro todo” (GINGER e GINGER, 1995). Nesse sentido, entende-se que a Gestalt diferencia o todo das partes que o compõem, e este é o princípio da percepção hu- mana. A imagem abaixo ilustra as principais leis da psicologia da Gestalt: Imagem 12. GESTALT Fonte: Heller de Paula, 2015. GESTALT - TERAPIA A Gestalt-terapia, diferentemente da Psicologia da Gestalt, é uma abordagem psicoterapêutica criada por Fritz Perls (1893 – 1970). De base humanista, existencialista e fenomenológica, esta área tem, como ponto de partida, o processo de conhecimento e a responsabilidade de si, a partir do momento atual em que o sujeito está situado. Segundo Ginger e Ginger: A Gestalt me encoraja, de certa maneira, a navegar no sentido de minha própria corrente e não me exaurir lutando contra ele: observar as profundas correntes internas de minha personalidade, explorar os ventos variáveis de meu meio, e ainda mantendo a responsabilidade vigilante pelas velas e pelo leme, para realizar aquilo que sou e traçar meu rastro efêmero na superfície do oceano, conforme o caminho que escolhi para mim3 (GINGER e GIN- GER, 1995, p.19). Esta busca própria que move o sujeito, na perspectiva da Ges- talt-terapia, vai de encontro com uma visão humanista e holística, que 3 Grifos do autor 54 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S permeia a relação terapeuta-cliente (MONTEIRO JÚNIOR, 2009). Os indivíduos são maiores que suas partes fragmentadas, reduzidas. A rea- lidade também é assim. É preciso enxergar as coisas em sua integralida- de, principalmente quando se trata de um processo terapêutico, no qual estão presentes duas pessoas (ou mais) em relação umas com as outras. A partir deste pensamento, a Gestalt-terapia, segundo Rodri- gues, “considera a existência do ser humano de uma maneira completa: não apenas sua doença, sua mente ou seu discurso. Essa maneira de ver o ser humano como um todo é chamado de holismo (do grego: “ho- los” = unidade, todo)” (RODRIGUES, 2011, p. 48). Neste vídeo, a psicóloga Teresa Amorim explica alguns concei- tos básicos da Gestalt – terapia. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4qKe_VKKl10 PSICANÁLISE Considerada uma das principais correntes da Psicologia, a Psica- nálise surgiu e se desenvolveu a partir de Sigmund Freud (1856 – 1939) e, mais especificamente, de sua obra A interpretação dos sonhos (1899/1900). Esta obra representou um marco para a história da Psicanálise, mas já ha- via outros estudos de Freud sobre a histeria e a técnica da hipnose. Os pilares da teoria psicanalítica são: a teoria dos impulsos, a libido, oinconsciente, a repressão e o complexo de Édipo. Esses são, em li- nhas gerais, os conceitos que permeiam toda a psicanálise freudiana. Para Freud: “A teoria do recalque é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise” (FREUD, 1974, apud GARCIA- ROZA, 2009). Freud e o inconsciente O inconsciente, para Freud, representa um estado psíquico ge- rado a partir do processo de repressão, que consiste em evitar que um impulso se torne consciente. No entanto, a ideia reprimida pode produzir efeitos que podem até mesmo alcançar a consciência. “Tudo que é re- primido deve permanecer inconsciente; mas logo de início, declaremos que o reprimido não abrange tudo que é inconsciente (...) o reprimido 55 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S é apenas uma parte do inconsciente” (FREUD, 1970, pág. 191). Vale ressaltar que a ideia de “inconsciente” já era utilizada antes de Freud. Imagem 13. Sigmund Freud Fonte: Zahar, 2018. Para elucidar a dinâmica do estado inconsciente no mecanismo psíquico, Freud começa por justificar o conceito. Dentro de seu pressu- posto psicanalítico, não há como ignorar a ideia de inconsciente dadas as lacunas apresentadas pela nossa consciência. Isso pode ser exemplifica- do por elementos como parapraxias (atos falhos), sonhos ou obsessão. Nesse sentido, um ato psíquico passa por duas fases: a primei- ra, na qual prevalece o sistema inconsciente (Ics.), dentro do qual o ato psíquico é reprimido, impedido pela censura de passar para a segunda fase, representada pelo sistema consciente (Cs.), que ainda não signi- fica a consciência propriamente dita, mas a possibilidade de tornar-se consciente, sem resistência. Quanto às emoções inconscientes, é necessário pontuar que os impulsos não podem tornar-se conscientes, somente a ideia que o representa. Tanto o “afeto inconsciente” e a “emoção inconsciente” estão ligados à repressão. Segundo Freud, as ideias são catexias, ou seja, investimentos libidinais, relacionados com a memória. Já os afetos e as emoções correspondem aos processos de descarga e estão liga- dos aos sentimentos. Id, Ego e Superego De acordo com a psicanálise freudiana, a psique é dividida em 56 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S três instâncias: o Id, o Ego e o Superego. É por meio desta configura- ção que a personalidade se forma. O Id corresponde ao campo das paixões e desejos do sujeito, está ligado aos impulsos. O Ego é a parte da organização coerente dos processos psíquicos, a parte consciente e racional. Já o Superego faz parte dos valores, dos princípios morais construídos socialmente. Outro conceito fundamental na teoria psicanalítica é o desejo, que representa o retorno de uma experiência. É através dos sonhos que este desejo “volta” Segundo Garcia-Roza: O desejo é como certos personagens importantes de uma peça ou de um filme; sua entrada em cena requer uma preparação prévia do espectador, a criação de um clima que valorize o momento de seu aparecimento. Não há necessidade de trompas anunciando a sua chegada, mas também não podemos minimizar sua importância introduzindo-o no meio dos demais per- sonagens (GARCIA-ROZA, p.83). Vale ressaltar que o desejo, para Freud, diferentemente do con- ceito de necessidade biológica, é sempre inconsciente (ROUDINESCO, 1998). O desejo é, portanto, um anseio (wunsch) inerente à existência humana e que movimenta a vida na medida em que está relacionado diretamente com o sonho, o recalque e a fantasia. Lacan e o sujeito Jacques-Marie Émile Lacan (1901 – 1981) foi um psicanalista francês que interpretou a teoria freudiana e abriu uma nova linha da corrente psicanalista, a partir de uma visão estruturalista, que divide os modos de subjetivação em três grupos: neurose, psicose e perversão. A psicanálise lacaniana retoma pontos importantes das ideias de Freud, por meio da revisão de alguns conceitos, tais como incons- ciente e desejo. A constituição do sujeito, para Lacan, é formada por três dimensões: o Real, Imaginário e o Simbólico. Outro ponto central, em Lacan, é a questão do inconsciente estruturado pela linguagem, através da articulação entre metáfora e metonímia. O eu e o sujeito Para Lacan, existe uma diferença entre o eu e o sujeito, “pois o sujeito do inconsciente é o sujeito por excelência e se distingue do eu, função imaginária, que pode ser consciente” (BRUDER e BRAUER, 57 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 2007, p.517). O eu é, desde sempre, alienado, pois se vale de uma ima- gem que não é a dele mesmo, mas de um outro - momento inaugural que Lacan denominou o Estádio do Espelho (JORGE, 2008). Para Lacan: “O estádio do espelho é o encontro com uma ima- gem virtual que desempenha um papel decisivo numa certa cristaliza- ção do sujeito” (LACAN, 1999, p.233). Esse processo de identificação da criança, segundo Roudinesco (1998), estaria situado entre os primei- ros seis e dezoito meses de vida. Assim, quando Lacan postula que "o inconsciente é estrutu- rado como uma linguagem" e, ainda, que "o sujeito é efeito do signifi- cante", ele segue os passos de Lévi-Strauss, indicando um sistema de relações pré-existentes ao sujeito, assim, entende-se que: Ao nascer, o homem é inserido em uma ordem humana que lhe é anterior, uma ordem social na qual ele adentra através da linguagem e da família. Assim, a história do sujeito o antecede por um mito familiar que passa a re- cobri-lo a partir de seu nascimento e através da linguagem - linguagem que é, em essência, sempre equívoca e passível de múltiplas interpretações, fa- cilitadora da construção de um mito individual em referência ao mito familiar (LACAN, 1964/1988, p.25, apud TOREZAN e AGUIAR, 2011, s/p). Em suma, a teoria psicanalítica apresenta uma gama de con- ceitos acerca da formação psíquica do sujeito e a construção da subje- tividade – constituída sempre através da alteridade, na relação com o outro e, sobretudo, na busca incessante do objeto perdido que se reflete através da falta. Para complementar seus estudos em Psicanálise, além das lei- turas, indicamos o canal do professor e psicanalista Christian Dunker, no Youtube. Acesse: https://www.youtube.com/channel/UCF6VjYfikYP2v- fUx3c6GvVw/videos Bons estudos! A PSICOLOGIA SOCIAL O trabalho do psicólogo e/ou do pesquisador na área da Psi- cologia têm sido direcionado, cada vez mais, às questões políticas e 58 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S sociais que circundam os sujeitos. A ideia de um indivíduo isolado e des- contextualizado é deixada de lado, para dar espaço a um pensamen- to mais crítico, que considera as implicações do homem em seu meio social. Segundo Spink (2000) foi a partir dos anos sessenta e setenta que começou a surgir, no campo da Psicologia Social, reflexões críticas acerca dessa dimensão do fenômeno psicológico naturalizado, como também sobre a despolitização da disciplina. É neste contexto, portanto, que a Psicologia passa a desenvolver uma postura mais crítica, preocupada não só com os aspectos intrapsíqui- cos desvinculados do meio social, mas engajada com os problemas da so- ciedade brasileira, contribuindo, juntos às outras Ciências Sociais, à com- preensão da dimensão sócio-política que atravessa a vida dos sujeitos. Diante de tais pressupostos, Spink indaga sobre o sentido da psicologia social da saúde, e afirma que sua característica primeira é o compromisso com os direitos sociais, pensados numa ótica coletiva. “Dessa forma, diria que o psicólogo social da saúde é um pesquisador e um profissional que não foge da complexidade e transita dos micro- processos de produção de sentido às questões institucionais e políticas” (SPINK, 2003, p.27). Imagem 14. Psicologia Social Fonte: Mundo da Psicologia, 2016. PSICOLOGIA SÓCIO- HISTÓRICA A Psicologiado final do século XIX, enquanto uma “ciência multifacetada” foi marcada por uma série de divergências teórico- meto- dológicas que, segundo Vigotski (1997), caracterizavam-na em “várias psicologias”. Sua proposta não consistiu em postular uma “psicologia marxista”, mas sistematizar as bases gerais da psicologia científica. A Psicologia Sócio-Histórica ou Histórico-Cultural tem sua abordagem 59 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S pautada nas teorias da tróika: Luria, Vigotski e Lontiev. Tais autores de- senvolveram uma concepção da realidade humana baseada no mate- rialismo histórico-dialético de Karl Marx. “Essa teoria do materialismo psicológico ou dialética da psicologia é o que eu considero psicologia geral” (VIGOTSKI, 1997). As principais assertivas dessa perspectiva teórica são: a con- cepção de homem, seu processo de humanização; o trabalho como ativi- dade vital humana; o desenvolvimento do psiquismo, os conceitos apro- priação/objetivação, isto é, a forma como o sujeito apreende a realidade que o cerca e como se desenvolve a partir disso; a construção da sub- jetividade; a relação entre aprendizagem e desenvolvimento, passando também por uma máxima da teoria de Vigotski, o conceito de mediação. O ponto de partida da teoria é a concepção de historicidade, de transformação e movimento da realidade, a lógica dialética: “(...) A histó- ria é o produto dos modos pelos quais os homens organizam sua exis- tência ao longo do tempo e diz respeito ao movimento e as contradições do mundo, dos homens e de suas relações.” (MARTINS, 2008, pág. 42). O marxismo é a teoria da práxis, ou seja, da prática que pres- supõe a transformação da natureza pelo homem através da atividade, do trabalho. Propõe a relação do ser (categoria ontológica) com o pen- samento, o saber (categoria gnosiológica). Para a teoria histórico-cultural o materialismo histórico represen- ta a teoria. O dialético, por sua vez, refere-se ao método. Toda e qualquer realidade é passível de compreensão a partir do método dialético, que possibilita o alcance da essência dos fenômenos, seguindo três elemen- tos: a totalidade (o concreto pensado), a contradição e o movimento. A hominização e a humanização do ser Em linhas gerais, a ideia de Homo sapiens e ser humano, pare- ce ser a mesma. Entretanto, para a teoria histórico-cultural há um gran- de distanciamento entre esses dois conceitos, ou seja, hominização e humanização são processos distintos na vida do individuo. A hominização está atrelada a um longo processo de evolução da espécie, na qual as leis biológicas criaram um ser vivo com potencial para obter capacidades psíquicas e motoras especificas. Segundo Leontiev: A hominização resultou da passagem à vida numa sociedade organizada na base do trabalho; que esta passagem modificou a sua natureza e marcou o início de um desenvolvimento que, diferentemente do desenvolvimento dos animais, estava e está submetido não às leis biológicas, mas a leis sócio-his- tóricas (LEONTIEV, 1978, pág.264). 60 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Uma vez formado biologicamente, resta ainda ao indivíduo tornar-se um ser humanizado, a partir de um processo de apropriação da cultura do gênero humano adaptadaa. Nesse sentido, o indivíduo aprende a ser homem (Ibidem, p.267). O convívio em sociedade fará com que esse ser humanize-se, aprendendo o principal fator que o dis- tingue dos animais: o trabalho, sua atividade vital. A Psicologia sócio-histórica contribui para uma compreensão social do ser humano e aponta alguns caminhos para desvendar confli- tos e situações inerentes à vida em sociedade! A PSICOLOGIA DA SAÚDE Imagem 15. A Psicologia faz a diferença Fonte: Conselho Regional de Psicologia/RS, 2018. A Psicologia da saúde, no Brasil, está relacionada com o pro- cesso de democratização da saúde e as mudanças decorrentes dos movimentos sociais que marcaram a forma de compreensão do modelo médico. A segunda metade do século XX, foi marcada pela perspectiva higienista, positivista e médico-previdenciária, a partir de um modelo ba- seado na doença. O subsistema hegemônico era o subsistema privado, contratado e conveniado com a Previdência social (MENDES, 1996). A partir da década de 1970, através dos movimentos sociais e da busca pela autonomia, surge a necessidade de olhar para a questão 61 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S do direito aos direitos, o que, gradativamente, foi garantindo a expansão de uma ideia mais ampliada de saúde. Os anos 80 foram marcados pe- las conferências de saúde, acompanhadas pelo cenário político e eco- nômico do Brasil e o processo de redemocratização. Assim, em 1987 criou-se o SUDS (Sistema Unificado e Des- centralizado de Saúde) e, em 1988, a partir da elaboração da Nova Constituição, que colocava a saúde como resultante de uma política social e econômica, além de ser um direito assegurado por lei. Era o nascimento o SUS (Sistema Único de Saúde), regulamentado em 1990 pelas leis 8.080 e 8.142 (Ibidem, p. 49). No site ‘Sabedoria Política’ você pode conferir a “linha do tem- po do SUS” e ficar por dentro das principais conquistas no campo da saúde pública no Brasil. Acesse: http://m.sabedoriapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-poli- tica/politicas-publicas/saude/linha-do-tempo-do-sus/ A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA PSICOLOGIA NA SAÚDE A Psicologia na área da saúde abrange diversos campos e mo- dalidades de atuação. Com o desenvolvimento do setor e, sobretudo, a partir das conquistas sociais, houve uma ressignificação da ideia de saúde, que deixou de ser simplesmente a ausência de doença , para transitar em todos os setores da vida social. Dessa forma, a atuação dos profissionais da área e, especificamente, do (a) psicólogo (a), pas- sou a ser uma demanda para o processo de promoção e recuperação da saúde da população, uma vez que: A Psicologia da Saúde não está interessada diretamente pela situação, que cabe ao foro médico. Seu interesse está na forma como o sujeito vive e experimenta o seu estado de saúde ou de doença, na sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Objetiva fazer com que as pessoas incluam no seu projeto de vida, um conjunto de atitudes e comportamentos ativos que as levem a promover a saúde e prevenir a doença, além de aper- feiçoar técnicas de enfrentamento no processo de ajustamento ao adoecer, à doença e às suas eventuais consequências (Barros, 1999 apud ALMEIDA e MALAGRIS, 2011, p.184-185). 62 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O papel do (a) psicólogo (a) nesta área possibilita ampliar ain- da o bem estar e a qualidade de vida das pessoas, além de permitir uma ampliação do que é ter saúde/estar saudável não só biologicamente, mas também emocionalmente. As emoções ocupam um lugar primor- dial na saúde mental, o que gera uma demanda de escuta e cuidado cauteloso e atento por parte do profissional. De acordo com esta pre- missa, Macedo e Dimenstein afirmam que: Parte-se da compreensão de que, dependendo da maneira como cada pro- fissional se insere, organiza e maneja os conhecimentos teórico-técnicos e prático-profissionais necessários para atuar na Saúde Mental, e se movimen- ta politicamente nos espaços de luta dentro e fora dos serviços, pode ou não efetivar e dar sustentação para a defesa das mudanças que se quer implan- tar nesse campo no País (MACEDO e DIMENSTEIN, 2012). Portanto, é fundamental a conscientização para a importância do cuidado de si e da saúde mental que também é parte integrante do processo biopsicossocial. Quaisquer que sejam os espaços de trabalho: unidades básicas, hospitais, clínicas, escolas, enfim, toda a prática que envolve o profissional da Psicologia, deve estar ancorada no modelo humanizado de cuidado com o outro. Neste site você encontra vários artigose vídeos relacionados ao tema da saúde pública no Brasil. Vale a pena conferir! Acesse: https://pensesus.fiocruz.br/reforma-sanitaria 63 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 1. Ano: 2014 Banca: MS CONCURSOS Órgão: UFAC Cargo: Psicólogo Considere duas crianças. A primeira, ao levantar-se, escova os dentes e tem uma sensação de frescor na boca que aumenta a pro- babilidade de ocorrer o comportamento de escovar os dentes. A segunda, ao não escovar os dentes pela manhã, sente um gosto ruim na boca, e sente que se puder retirar este gosto ruim pelo hábito de escovar os dentes aumentará a frequência da resposta de escovar os dentes. A que conceitos sobre a teoria da aprendiza- gem eles se referem respectivamente? A) Reforço positivo e reforço negativo. B) Condicionamento clássico e condicionamento operante. C) Reforço positivo e extinção. D) Discriminação e generalização. E) Aceitação e esquiva. QUESTÃO 02 2. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT - 14ª Região (RO e AC) Cargo: Analista Judiciário - Psicologia Para Freud, a associação livre é um método que A) consiste em reprimir conteúdo do inconsciente, favorecendo uma sensação de bem-estar ao cliente, que sofre traumas advindos de um Complexo de Édipo não constelado. B) reproduz de forma linear os pensamentos do cliente codificando os estí- mulos que provocaram dor e hoje são vivenciados pelo cliente como fobias. C) evidencia respostas negativas a estímulos sensoriais que se expres- sam diante de eventos positivos que mereciam ser vivenciados sem dor. D) leva à cura do paciente que apresenta um comprometimento do sis- tema nervoso central. E) consiste em o paciente exprimir indiscriminadamente todos os pen- samentos que vem à sua mente, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea. QUESTÃO 03 3. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT - 2ª REGIÃO (SP) Cargo: Ana- lista Judiciário - Psicologia Considere o caso de uma mulher que parece ferozmente indepen- dente e agressiva em certas ocasiões e cálida, passiva e depen- dente em outras. Os teóricos psicanalíticos ou do traço poderiam 64 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S considerar tal pessoa como basicamente agressiva, com uma fa- chada de passividade. Ou poderiam julgar a mulher essencialmen- te cálida, passiva e dependente com defesas agressivas. Skinner e muitos outros behavioristas defendem o ponto de vista de que o comportamento da mulher em qualquer ocasião depende de A) sua estrutura de ego e dos seus conteúdos inconscientes. B) sua formação moral e dos seus conteúdos inconscientes. C) sua história de aprendizagem e das condições correntes. D) como associa a figura paterna às figuras de autoridade com as quais se relaciona e de sua energia vital para lidar com situações de conflito. E) como opera seu pensamento consciente e inconsciente e como lida com suas pulsões motivacionais. QUESTÃO 04 4. Ano: 2018 Banca: SUGEP - UFRPE Órgão: UFRPE Prova: SUGEP - UFRPE - 2018 - UFRPE - Psicólogo “Nasceu na Europa e surge como uma negação e uma tentativa de superação da fragmentação das ações e dos processos humanos realizados pelas tendências da Psicologia científica do século XIX, postulando a necessidade de compreender o ser humano como uma totalidade. É o mais ligado á Filosofia, tendo suas origens na Fenomenologia”. Esta é uma descrição de qual modelo teórico? A) Behaviorismo. B) Psicanálise. C) Psicologia Analítica. D) Gestalt. E) Funcionalismo. QUESTÃO 05 5. Ano: 2018 Banca: COMVEST UFAM Órgão: UFAM Prova: COM- VEST UFAM - 2018 - UFAM - Psicólogo De acordo com Aquino (2005), “Psicologia Social é o espaço de in- terseção entre duas premissas. Pensar o indivíduo separado da so- ciedade ou a sociedade sem os indivíduos é um exercício de impos- sibilidade ou de vazio da realidade.” Que perspectivas são essas? A) Perspectivas comportamental e cognitiva. B) Perspectivas interacionistas e construcionista. C) Perspectivas sociológica e psicológica. D) Perspectivas comportamental e sócio histórica. E) Perspectivas Vertentes construtivista e sócio histórica. QUESTÕES INÉDITAS 65 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 1. O pensamento de Skinner é fundamentado no processo: A) inconsciente B) de aprendizagem C) das formas e percepções D) de promoção e recuperação da saúde E) Todas as afirmativas estão corretas 2. A psicologia de orientação psicanalítica fundamenta-se, sobre- tudo no (a): A) consciência B) comportamento C) inconsciente D) corpo E) todas as afirmativas estão corretas QUESTÃO DISSERTATIVA: 1. A atuação da psicologia na saúde deve estar atenta à diversidade de fatores que influenciam a vida dos indivíduos. Comente alguns desses pontos. NA MÍDIA Freud explica: entenda sete conceitos básicos da psicanálise O campo de conhecimento estudado por Sigmund Freud busca enten- der os significados do inconsciente humano 06/11/2017 - 16H17/ atualizado 16H17 / por Rachel Botelho Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/11/ freud-explica-entenda-sete-conceitos-basicos-da-psicanalise.html Transtorno de ansiedade: sem tempo para o agora Como a inquietação e a agitação fora dos eixos impactam a saúde e o que pode ser feito para apaziguar as crises, de medicamentos a psicoterapia Por André Biernath Publicado em 10 ago 2018, 10h02 Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/ansiedade- -afeta-o-organismo-e-pode-paralisar-sua-vida/ DICA DE SÉRIE! Se você gosta de séries, indicamos “Psi”, do canal HBO - Brasil. Criação: Contardo Calligaris; Direção: Marcus Baldini Ano: 2014 – atual Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qg71PfFa3tA Boa maratona! 66 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S NA PRÁTICA A atuação do (a) psicólogo (a) na área da saúde requer um trabalho inter- disciplinar voltado para a promoção da saúde e melhoria das condições de vida. Algumas situações têm revelado a importância de práticas aten- tas às queixas e necessidades da população. Uma das questões que têm sido recorrentes em unidades de pronto atendimento está diretamente relacionada com quadros de ansiedade. No caso de um paciente que pro- cura a unidade e relata sintomas de uma crise aguda, muitas vezes com a sensação de morte ou descontrole, um acompanhamento contínuo seria importante para um estudo mais aprofundado de seu histórico. Um cami- nho possível seria a psicoterapia e/ou a construção de um vínculo com a unidade de saúde para que sejam estabelecidas as linhas de cuidado. Vale ressaltar que as crises de ansiedade podem revelar um quadro mais complexo que merece acompanhamento adequado e interdisciplinar. Para complementar seus estudos, recomendamos o conteúdo abaixo so- bre Arte e Psicanálise. Acesse: http://tvbrasil.ebc.com.br/artedoartista/post/joel-birman-a-arte- -mais-proxima-da-psicanalise-e-o-teatro 67 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S GABARITOS CAPÍTULO 01 QUESTÕES DE CONCURSOS 1 2 3 4 5 D E B A D QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE As virtudes, para Aristóteles, equilibram a vida do homem em socieda- de, pois são elas que o conduzem à temperança. Assim, seria legítima a busca de um caminho do meio, numa tentativa de evitar os excessos e as faltas. Na perspectiva aristotélica, os homens possuem a capacidade de desenvolver, pela prática, suas virtudes. TREINO INÉDITO GABARITO: D 68 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 02 QUESTÕES DE CONCURSOS 1 2 3 4 5 E D A C B QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Um dos principais desafios da Psicologia no campo científico foi o ca- ráter não mensurável de seu objeto: a subjetividade humana. No iníciodeste processo, a partir do final do século XIX, as pesquisas psicológicas precisaram se aproximar aos métodos das ciências naturais. Segundo González Rey, a subjetividade não é constituída somente pelo plano indi- vidual, mas também, é produzida a partir das influências do meio social, da cultura, da história de cada um. É importante ressaltar que para o autor a subjetividade não se internaliza, pois não faz parte de um movimento unilateral, que se expressa somente de fora do indivíduo. O fragmento destacado expressa o caráter multifacetado da Psicologia, uma vez que as linhas e correntes teóricas e metodológicas se dividem, e às vezes, até mesmo se conflitam. Portanto, o saber psicológico é atrelado à vários saberes, de acordo com cada paradigma e contexto. TREINO INÉDITO 1 2 3 C C C 69 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 03 QUESTÕES DE CONCURSOS 1 2 3 4 5 A E C D C QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A Psicologia da Saúde está diretamente relacionada aos processos his- tóricos, sociais e culturais que constituem a vida. Neste campo é impor- tante levar em consideração fatores como: o contexto em que vivem as pessoas, a importância do cuidado de si, as questões familiares, o tra- balho, estilo de vida, os fatores socioeconômicos, etc. Esses aspectos, que regem a vida humana e social, são fundamentais para um cuidado integral do ser humano, com base na perspectiva biopsicossocial. TREINO INÉDITO 1 2 B C 70 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S ABIB, José Antônio Damásio. Epistemologia pluralizada e história da psicologia. Sci. stud. [online]. 2009, vol.7, n.2, pp.195-208. Dis- ponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S1678-31662009000200002&lng=en&nrm=iso>.ISSN1678-3166. http://dx.doi.org/10.1590/S1678-31662009000200002 ALMEIDA, Raquel Ayres de; MALAGRIS, Lucia Emmanoel Novaes. A prá- tica da psicologia da saúde. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 14, n. 2, p. 183- 202, dez. 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S1516-08582011000200012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 12 fev. 2019. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filo- sofando. São Paulo : Editora Moderna Ltda., 2004. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo : Editora Martin Claret, 2005. AVILA ARAUJO, Carlos Alberto. A ciência como forma de conhecimen- to. Ciências & Cognição. Rio de Janeiro , v. 8, p. 127-142, ago. 2006. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S1806-58212006000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 jan. 2019. BOCK, Ana Maria. A Psicologia e as Psicologias. Digital source: 1989. Acesso em 28/08/2019. Disponível em: http://groups-beta.google.com/ group/digitalsource BRUDER, Maria Cristina R. e BRAUER, Jussara F. A constituição do sujeito na psicanálise lacaniana: impasses na separação. Psic. Em es- tudo. Maringá, v.12, n.3, 2007. CASTANON, Gustavo Arja. Psicologia como ciência moderna: vetos his- tóricos e status atual. Temas psicol. [online]. 2009, vol.17, n.1 [citado 2019- 02-04], pp. 21-36. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100004&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1413-389X DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973. DOSSE,François. História e Ciências Sociais - Bauru, SP: Edusc, 2004. ESTEVÃO, José Carlos. Afinal, para que serve Filosofia Medieval? In: 71 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Cadernos de filosofia alemã, n.17, 2011. FIGUEIREDO, Luís Cláudio M. Revisitando as Psicologias: da epis- temologia à ética das práticas e discursos psicológicos. – São Paulo: EDUC; Petrópolis: Vozes, 1995. FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da psicologia. – Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. FREUD, SIGMUND. A interpretação dos sonhos. Edição standard brasi- leira das obras completas. Rio de Janeiro: Imago: 1970. _______________. O inconsciente. Edição standard brasileira das obras completas. Rio de Janeiro: Imago: 1970. Vol.XIV, pág. 183-233. GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. – 24. ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. GINGER, SERGE e GINGER, ANNE. Gestalt: uma terapia do contato [trad. Sonia de Souza Rangel]. – São Paulo: Summus, 1995. JAPIASSÚ, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro, 1992. JORGE, Marco Antônio Coutinho. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan. - 5.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. LACAN, Jacques. As formações do inconsciente - Seminário, livro 5. – Rio de Janeiro: Zahar, 1999. LEONTIEV, A. O homem e a cultura. In: O desenvolvimento do psiquis- mo. Lisboa: Livros horizonte, 1978. MACEDO, João Paulo; DIMENSTEIN, Magda. Modos de inserção dos psi- cólogos na saúde mental e suas implicações no comprometimento com a reforma psiquiátrica?. Rev. Mal-Estar Subj, Fortaleza , v. 12, n. 1-2, p. 419- 456, jun. 2012 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?s- cript=sci_arttext&pid=S1518-61482012000100015&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 12 fev. 2019. MARTINS, Lígia Márcia. Sociedade, educação e subjetividade: refle- xões temáticas à luz da Psicologia Sócio-Histórica. 1. ed.- São Paulo: 72 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Cultura Acadêmica, 2008. MENDES, Eugênio Vilaça. O sistema único de saúde: Um processo social em construção. In: Uma agenda para a saúde. Hucitec, - São Paulo, 1996. MOLON, S.I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vigotski. São Paulo: Ed. Vozes, 2003. MONTEIRO JÚNIOR, FRANCISCO A. DE BRITO. Da teoria à terapia: o jeito de ser da Gestalt. Revista Interdisc. NOVAFAPI. Teresina. V.3, n.1, p.49-53, 2010. NUNES, Everaldo Duarte. As ciências humanas e a saúde: Algumas considerações. Revista brasileira de educação médica. Rio de Janeiro, v.27, nº1, 2003. PASSOS, E.; BARROS, R. B. A construção do plano da clínica e o con- ceito de transdisciplinaridade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 16, n. 1, p. 71-79, 2000. PLATÃO. Defesa de Sócrates. Coleção Os Pensadores. São Paulo : Editora Nova Cultural, 1987. PRADO FILHO, Kleber and MARTINS, Simone. A subjetividade como objeto da(s) psicologia(s). Psicol. Soc. [online]. 2007, vol.19, n.3, pp.14-19. ISSN 0102-7182. http://dx.doi.org/10.1590/S0102- 71822007000300003. REY, Fernando L. González. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico - cultural. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. RODRIGUES, HUGO ELÍDIO. Introdução à Gestalt- terapia: conversan- do sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. 8.ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães. – Rio de Janeiro: Zahar, 1998. TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental: para compreen- der as ideias que moldaram nossa visão de mundo. Trad. Beatriz Sidou. -2.ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2000. TOREZAN, Zeila C. Facci; AGUIAR, Fernando. O sujeito da psicanálise: 73 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S particularidades na contemporaneidade. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza , v. 11, n. 2, p. 525-554, 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482011000200004&lng=pt&nrm=i- so>. Acesso em 07 fev. 20 VIGOTSKI, L.S ; LURIA, A.R ; LEONTIEV, A.N . Linguagem, desenvol- vimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2001 XENOFONTE. Apologia de Sócrates. São Paulo : Editora Nova Cultural, 1987. REFERÊNCIAS DE VÍDEOS: Psicologia da Gestalt. Canal Didatics. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=sdujGoIj62M. Acesso em: 09/02/2019. Skinner: Sobre ciência e comportamento humano Disponível em: https://psibr.com.br/leituras/cognicao-e-comportamento/skin-ner-sobre-ciencia-e-comportamento-humano?highlight=WyJiZWhhdml- vcmlzbW8iXQ==Acesso em: 08/02/2019. Christian Dunker. Canal Falando nisso (sobre Psicanálise e outros as- suntos)Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCF6VjY- fikYP2vfUx3c6GvVw/videos Acesso em: 10/02/2019 REFERÊNCIAS DE SITES E ARTIGOS (IMAGENS): Figura 1. Heráclito de Éfeso. Revista Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br/ideias/tudo-flui-e-nada-permanece-heraclito/. Acesso em: Agosto/2019. Figura 2. Platão. Instituto Sócrates. Disponível em: https://www.institu- tosocrates.com.br/single-post/2017/10/16/As-formas-de-governo-pro- postas-por-Plat%C3%A3o. Acesso em: Agosto/2019. Figura 3. O pensamento de Platão. Sabedoria Política, 2016. Disponível em: https://www.sabedoriapolitica.com.br/filosofia-politica/filosofia-anti- ga/platao/. Acesso em: Agosto/2019. Figura 4. Idade Média. Estadão, 2017. Disponível em: https://www.esta- dao.com.br/. Acesso em: Agosto/2019. 74 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 5. Wilhelm Wundt. Blog Psicoativo, 2016. Disponível em: https:// psicoativo.com/2016/08/as-contribuicoes-de-wundt-para-psicologia. html. Acesso em: Agosto/2019. Figura 6. William James. Livraria Cultura, 2017. Disponível em: https://www. livrariacultura.com.br/e/william-james-8199. Acesso em: Agosto/2019. Figura 7. Subjetividade. YouTube, 2017. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=Talh-BppEFM. Acesso em: Agosto/2019. Figura 8. Lev Vygotsky. Instituto Net Claro Embratel, 2018. Disponível em: https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao. Acesso em: Agosto/2019. Figura 9. O grito, de Edvard Munch (1893). Cultura Mix, 2011. Dispo- nível em: https://cultura.culturamix.com/arte/pinturas-de-edvard-munch. Acesso em: Agosto/2019. Figura 10. Skinner and Behaviorism. Harvard, 2016. Disponível em: https://braintour.harvard.edu/archives/portfolio-items/skinner-and-beha- viorism. Acesso em: Agosto/2019. Figura 11. Percepção. Matlin & Folley, 1996. In: OVIEDO, Gilberto Leo- nardo. La definición del concepto de percepción en psicología con base en la Teoría Gestalt. rev.estud.soc., Bogotá , n. 18, p. 89-96, Aug. 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=s- ci_arttext&pid=S0123-885X2004000200010&lng=en&nrm=iso>. Aces- so em: Agosto/2019. Figura 12. Gestalt. Blog Heller de Paula, 2015. Disponível em: http:// www.hellerdepaula.com.br/tag/gestalt/. Acesso em: Agosto/2019. Figura 13. Sigmund Freud. Editora Zahar, 2018. Disponível em: https:// zahar.com.br/blog/post/livros-de-psicanalise-com-desconto-no-aniver- sario-de-freud. Acesso em: Agosto/2019. Figura 14. Psicologia Social. Mundo da Psicologia, 2016. Disponível em: http://mundodapsi.com/psicologia-social-teoria-pratica/. Acesso em: Agosto/2019. Figura 15. A Psicologia faz a diferença. Conselho Regional de Psico- logia/RS, 2018. Disponível em: http://www.crprs.org.br/comunicacao/ 75 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S noticias/crprs-lanca-campanha-eletronica-do-encontro-gaucho-da-psi- cologia-4179. Acesso em Agosto/2019. 76 F U N D A M E N TO S D A P SI C O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S