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JOSÉ ELMANO SILVA T30 
NEUROANATOMIA CAPÍTULO 09: Meninges e 
Circulação Liquórica 
 
 
MENINGES 
 
• O sistema nervoso central é envolvido por membranas 
conjuntivas denominadas meninges, e que são três: 
dura-máter, aracnoide e pia-máter. 
 
• A aracnoide e a pia-máter, que no embrião constituem 
um só folheto são, por vezes, consideradas como uma 
formação única, a leptomeninge, ou meninge fina, 
distinta da paquimeninge, ou meninge espessa, 
constituída pela dura-máter. 
 
• O conhecimento da estrutura e da disposição das 
meninges é importante, não só para a compreensão de 
seu papel de proteção dos centros nervosos, mas 
também porque elas podem ser acometidas por 
processos patológicos, como infecções (meningites) ou 
tumores (meningiomas). 
 
 
DURA-MÁTER 
 
• A meninge mais superficial é a dura-máter, espessa e 
resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em 
fibras colágenas, contendo vasos e nervos. 
 
• A dura-máter do encéfalo difere da dura-máter espinhal 
por ser formada por dois folhetos, externo e interno, dos 
quais apenas o interno continua com a dura-máter 
espinhal. 
 
❖ O folheto externo adere intimamente aos ossos do 
crânio e comporta-se como periósteo destes ossos. 
 
• Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do 
crânio, não existe no encéfalo um espaço epidural, como 
na medula. Em certos traumas ocorre o descolamento do 
folheto externo da dura-máter da face interna do crânio e 
a formação de hematomas epidurais. 
 
• A dura-máter, em particular seu folheto externo, é muito 
vascularizada. No encéfalo, a principal artéria que irriga 
a dura-máter é a artéria meníngea média, ramo da 
artéria maxilar interna. 
 
• A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é 
ricamente inervada. Como o encéfalo não possui 
terminações nervosas sensitivas, toda a sensibilidade 
intracraniana se localiza na dura-máter e nos vasos 
sanguíneos, responsáveis, assim, pela maioria das dores 
de cabeça. 
Pregas da dura-máter do encéfalo 
 
• Em algumas áreas, o folheto interno da dura-máter 
destaca-se do externo para formar pregas que dividem a 
cavidade craniana em compartimentos que se 
comunicam amplamente. 
 
• As principais pregas são as seguintes: 
 
❖ Tenda do cerebelo: projeta-se para diante como 
um septo transversal entre os lobos occipitais e o 
cerebelo. 
 
➢ A tenda do cerebelo separa a fossa posterior da 
fossa média do crânio, dividindo a cavidade 
craniana em um compartimento superior, ou 
supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. 
 
➢ A borda anterior livre da tenda do cerebelo, 
denominada incisura da tenda, ajusta-se ao 
mesencéfalo. Esta relação tem importância 
clínica, pois a incisura da tenda pode, em certas 
circunstâncias, lesar o mesencéfalo e os nervos 
troclear e oculomotor, que nele se originam. 
 
❖ Foice do cerebelo: pequeno septo vertical 
mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo, entre 
os dois hemisférios cerebelares. 
 
❖ Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que 
fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas 
um pequeno orifício para a passagem da haste 
hipofisária. 
 
 
 
 
 
 
 
Seios da dura-máter 
 
• Canais venosos revestidos de endotélio e situados entre 
os dois folhetos que compõem a dura-máter encefálica. 
 
• A maioria dos seios tem secção triangular e suas 
paredes, embora finas, são mais rígidas que a das veias 
e geralmente não se colabam quando seccionadas. 
 
• Alguns seios apresentam expansões laterais irregulares, 
as lacunas sanguíneas, mais frequentes de cada lado 
do seio sagital superior. 
 
• O sangue proveniente das veias do encéfalo e do globo 
ocular é drenado para os seios da dura-máter e destes 
para as veias jugulares internas. 
 
• Os seios comunicam-se com veias da superfície externa 
do crânio através de veias emissárias, que percorrem 
forames ou canalículos que lhes são próprios, nos ossos 
do crânio. 
 
Os seios da abóbada são os seguintes: 
 
• Seio sagital superior: ímpar e mediano, percorre a 
margem de inserção da foice do cérebro. Termina 
próximo à protuberância occipital interna, na chamada 
confluência dos seios, formada pela confluência dos 
seios sagital superior, reto e occipital e pelo início dos 
seios transversos esquerdo e direito. 
 
• Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice 
do cérebro, terminando no seio reto. 
 
• Seio reto: localiza-se ao longo da linha de união entre a 
foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe, em sua 
extremidade anterior, o seio sagital inferior e a veia 
cerebral magna, terminando na confluência dos seios. 
 
• Seio transverso: é par e dispõe-se de cada lado ao 
longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital, 
desde a confluência dos seios até a parte petrosa do 
osso temporal, onde passa a ser denominado seio 
sigmoide. 
 
• Seio sigmoide: em forma de S, é uma continuação do 
seio transverso até o forame jugular, onde continua 
diretamente com a veia jugular interna. 
 
❖ O seio sigmoide drena a quase totalidade do sangue 
venoso da cavidade craniana. 
 
• Seio occipital: muito pequeno e irregular, dispõe-se ao 
longo da margem de inserção da foice do cerebelo. 
 
Os seios venosos da base são os seguintes: 
 
• Seio cavernoso: um dos mais importantes seios da 
dura-máter, o seio cavernoso é uma cavidade bastante 
grande e irregular, situada de cada lado do corpo do 
esfenoide e da sela túrcica. 
 
❖ Recebe o sangue proveniente das veias oftálmica 
superior e central da retina, além de algumas veias 
do cérebro. 
❖ Drena através dos seios petroso superior e petroso 
inferior, além de comunicar-se como seio cavernoso 
do lado oposto, através do seio intercavernoso. 
 
❖ O seio cavernoso: atravessado pela artéria carótida 
interna, pelo nervo abducente e, já próximo à sua 
parede lateral, pelos nervos troclear, oculomotor e 
pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo. 
 
➢ Estes elementos são separados do sangue do 
seio por um revestimento endotelial. 
 
❖ Assim, aneurismas da carótida interna no nível do 
seio cavernoso comprimem o nervo abducente e, 
em certos casos, os demais nervos que atravessam 
o seio cavernoso, determinando distúrbios muito 
típicos dos movimentos do globo ocular. 
 
❖ Pode haver perfuração da carótida interna dentro do 
seio cavernoso, formando-se, assim, um curto-
circuito arteriovenoso (fístula carótido-cavernosa) 
que determina dilatação e aumento da pressão no 
seio cavernoso. 
 
❖ Isto faz com que se inverta a circulação nas veias 
que nele desembocam, como as veias oftálmicas, 
resultando em grande protrusão do globo ocular, 
que pulsa simultaneamente com a carótida 
(exoftálmico pulsátil). 
 
❖ Infecções superficiais da face (como espinhas do 
nariz) podem se propagar ao seio cavernoso, 
tornando-se, pois, intracranianas, em virtude das 
comunicações que existem entre as veias 
oftálmicas, tributárias do seio cavernoso, e a veia 
angular, que drena a região nasal. 
 
• Seios intercavernosos: unem os dois seios 
cavernosos, envolvendo a hipófise. 
 
• Seio esfenoparietal: percorre a face interior da pequena 
asa do esfenoide e desemboca no seio cavernoso. 
 
• Seio petroso superior: dispõe-se de cada lado, ao 
longo da inserção da tenda do cerebelo, na porção 
petrosa do osso temporal. 
❖ Drena o sangue do seio cavernoso para o seio 
sigmoide, terminando próximo à continuação deste 
com a veia jugular interna. 
 
• Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior 
entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde termina 
lançando-se na veia jugular interna. 
 
• Plexo basilar: ímpar, ocupa a porção basilar do occipital. 
Comunica-se com os seios petroso inferior e cavernoso, 
liga-se ao plexo do forame occipital e, através deste, ao 
plexo venoso vertebral interno. 
 
 
 
 
 
 
ARACNOIDE 
 
• Membrana muito delicada, justapostaà dura-máter, da 
qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, 
contendo pequena quantidade de líquido necessário à 
lubrificação das superfícies de contato das duas 
membranas. 
 
• A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço 
subaracnóideo, que contém o líquido cerebroespinhal, ou 
liquor, havendo ampla comunicação entre o espaço 
subaracnóideo do encéfalo e da medula. 
 
• Consideram-se também como pertencendo à aracnoide 
as delicadas trabéculas que atravessam o espaço para 
se ligar à pia-máter, e que são denominadas trabéculas 
aracnóideas. 
 
Cisternas subaracnóideas 
 
• A aracnoide justapõe-se à dura-máter e ambas 
acompanham grosseiramente a superfície do encéfalo. 
 
• A pia-máter, entretanto, adere intimamente a esta 
superfície, que acompanha em todos os giros, sulcos e 
depressões. 
 
• Desse modo, a distância entre as duas membranas, ou 
seja, a profundidade do espaço subaracnóideo é 
variável, sendo muito pequena no cume dos giros e 
grande nas áreas onde parte do encéfalo se afasta da 
parede craniana. 
• Formam-se assim, nessas áreas, dilatações do espaço 
subaracnóideo, as cisternas subaracnóideas, que 
contêm grande quantidade de liquor. 
 
• As cisternas mais importantes são as seguintes: 
 
❖ Cisterna cerebelo-medular ou cisterna magna: 
ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo, o 
teto do IV ventrículo e a face dorsal do bulbo. 
 
➢ Continua caudalmente com o espaço 
subaracnóideo da medula e liga-se ao IV 
ventrículo através de sua abertura mediana. 
 
➢ A cisterna cerebelo-medular é a maior e mais 
importante, sendo às vezes utilizada para 
obtenção de liquor através das punções 
suboccipitais, em que a agulha é introduzida 
entre o occipital e a primeira vértebra cervical. 
 
❖ Cisterna pontina: situada ventralmente à ponte. 
 
❖ Cisterna interpeduncular: localizada na fossa 
interpeduncular. 
 
❖ Cisterna quiasmática: situada adiante do quiasma 
óptico. 
 
❖ Cisterna superior (cisterna da veia cerebral 
magna): situada dorsalmente ao teto do 
mesencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo 
caloso. 
 
❖ Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde 
à depressão formada pelo sulco lateral de cada 
hemisfério. 
 
Granulações aracnóideas 
 
• Em alguns pontos a aracnoide forma pequenos tufos que 
penetram no interior dos seios da dura-máter, 
constituindo as granulações aracnóideas, mais 
abundantes no seio sagital superior. 
 
• As granulações aracnóideas levam pequenos 
prolongamentos do espaço subaracnóideo, verdadeiros 
divertículos deste espaço, nos quais o liquor está 
separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e 
uma delgada camada da aracnoide. 
 
• São, pois, estruturas admiravelmente adaptadas à 
absorção do liquor que, neste ponto, cai no sangue. 
 
• A passagem do liquor através da parede das 
granulações se faz por meio de grandes vacúolos, que o 
transportam de dentro para fora. 
❖ No adulto e no velho, algumas granulações tornam-
se muito grandes, constituindo os chamados corpos 
de Pacchioni, que frequentemente se calcificam e 
podem deixar impressões na abóbada craniana. 
 
 
PIA-MÁTER 
 
• A pia-máter é a mais interna das meninges, aderindo 
intimamente à superfície do encéfalo e da medula 
descendo até o fundo dos sulcos cerebrais. 
 
• Sua porção mais profunda recebe numerosos 
prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, 
constituindo assim a membrana pio-glial. 
 
• A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, uma vez 
que o tecido nervoso é de consistência muito mole. 
 
• A pia-máter acompanha os vasos que penetram no 
tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, 
formando a parede externa dos espaços perivasculares. 
 
• Nestes espaços existem prolongamentos do espaço 
subaracnóideo, contendo liquor, que forma um manguito 
protetor em torno dos vasos, muito importante para 
amortecer o efeito da pulsação das artérias ou picos de 
pressão sobre o tecido circunvizinho. 
 
• O fato de as artérias estarem imersas em liquor no 
espaço subaracnóideo também reduz o efeito da 
pulsação. 
 
 
LIQUOR 
 
• O liquor ou líquido cérebro espinhal é um fluido aquoso 
e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as 
cavidades ventriculares. 
 
• A função primordial do liquor é de proteção mecânica do 
sistema nervoso central, formando um verdadeiro coxim 
líquido entre este e o estojo ósseo. 
 
• Qualquer pressão ou choque que se exerça em um ponto 
deste coxim líquido, em virtude do princípio de Pascal, 
irá se distribuir igualmente a todos os pontos. 
 
• Por outro lado, em virtude da disposição do espaço 
subaracnóideo, o SNC fica totalmente submerso em 
líquido, o que o torna mais leve e, de 1.500 gramas passa 
ao peso equivalente a 50 gramas, flutuando no liquor, o 
que reduz o risco de traumatismos do encéfalo 
resultantes do contato com os ossos do crânio. 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS CITOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS 
DO LIQUOR 
 
• Através de punções lombares, suboccipitais ou 
ventriculares, pode-se medir a pressão do liquor, ou 
colher certa quantidade. 
 
• O estudo do liquor é especialmente valioso para o 
diagnóstico dos diversos tipos de meningites. O 
liquor normal do adulto é límpido e incolor. 
 
• Embora o liquor tenha mais cloretos que o sangue, 
a quantidade de proteínas é muito menor do que a 
existente no plasma. 
 
• O volume total do liquor é de 100 mL a 150 mL, 
renovando-se completamente a cada oito horas. 
 
• Os plexos corioides produzem cerca de 500 mL por 
dia através de filtração seletiva do plasma e da 
secreção de elementos específicos. 
 
 
 
 
 
FORMAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ABSORÇÃO DO LIQUOR 
 
• Durante muito tempo acreditou-se que o liquor seria 
formado somente pelos plexos corioides. Entretanto, o 
liquor é produzido mesmo na ausência de plexos 
corioides, sendo o epêndima das paredes ventriculares 
responsável por 40% do total do liquor formado. 
 
• O liquor é ativamente secretado pelo epitélio 
ependimário, sobretudo dos plexos corioides, e sua 
composição é determinada por mecanismos de 
transporte específicos. 
 
• Existem plexos corioides nos ventrículos laterais (corno 
inferior e parte central) e no teto do III e IV ventrículos. 
 
• Destes, sem dúvida, os ventrículos laterais contribuem 
com o maior contingente liquórico, que passa ao III 
ventrículo pelos forames interventriculares e daí ao IV 
ventrículo através do aqueduto cerebral. 
 
 
 
• Por meio das aberturas mediana e laterais do IV 
ventrículo, o liquor formado no interior dos ventrículos 
ganha o espaço subaracnóideo, sendo reabsorvido, 
sobretudo através das granulações aracnóideas que se 
projetam no interior dos seios da dura-máter, pelas quais 
chega à circulação geral sistêmica. 
 
• Como essas granulações predominam no seio sagital 
superior, a circulação do liquor no espaço subaracnóideo 
se faz de baixo para cima, devendo, pois, atravessar o 
espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo. 
 
• No espaço subaracnóideo da medula, o liquor desce em 
direção caudal, mas apenas uma parte volta, pois há 
reabsorção liquórica nas pequenas granulações 
aracnóideas existentes nos prolongamentos da dura-
máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais. 
 
• A circulação do liquor é extremamente lenta. 
 
• Além de sua função de proteção mecânica do encéfalo, 
em torno do qual forma um coxim líquido, o liquor tem as 
seguintes funções: 
 
❖ Manutenção de um meio químico estável no sistema 
ventricular, por meio de troca de componentes 
químicos com os espaços intersticiais, 
permanecendo estável a composição química do 
liquor, mesmo quando ocorrem grandes alterações 
na composição química do plasma. 
 
❖ Excreção de produtos tóxicos do metabolismo das 
células do tecido nervoso que passam aos espaços 
intersticiais de onde são lançados no liquor e deste 
para o sangue.❖ Veículo de comunicação entre diferentes áreas do 
SNC. Por exemplo, hormônios produzidos no 
hipotálamo são liberados no sangue, mas também 
no liquor podendo agir sobre regiões distantes do 
sistema ventricular. 
 
 
HIDROCEFALIA 
 
• Existem processos patológicos que interferem na 
produção, circulação e absorção do liquor, causando as 
chamadas hidrocefalias. 
 
• Estas se caracterizam por aumento da quantidade e da 
pressão do liquor, levando à dilatação dos ventrículos e 
compressão do tecido nervoso de encontro ao estojo 
ósseo, com consequências muito graves. 
 
• Por vezes, a hidrocefalia ocorre durante a vida fetal, 
geralmente em decorrência de anomalias congênitas do 
sistema ventricular. 
 
• Nesses casos, assim como em lactentes jovens, já que 
ossos do crânio ainda não estão soldados, há grande 
dilatação da cabeça da criança, o que confere alguma 
proteção ao encéfalo. 
 
• No adulto, como o crânio não se expande, a pressão 
intracraniana se eleva rapidamente, com compressão 
das estruturas e sintomas típicos de cefaleia e vômitos, 
evoluindo para herniação, coma e óbito, caso não ocorra 
tratamento de urgência. 
• Existem dois tipos de hidrocefalias: comunicantes e não 
comunicantes. 
 
❖ As hidrocefalias comunicantes resultam do 
aumento na produção ou deficiência na absorção do 
liquor, em razão de processos patológicos dos 
plexos corioides ou dos seios da dura-máter e 
granulações aracnóideas. 
 
❖ As hidrocefalias não comunicantes são muito 
mais frequentes e resultam de obstruções no trajeto 
do liquor, o que pode ocorrer nos seguintes locais: 
 
➢ Forame interventricular: provocando dilatação 
do ventrículo lateral correspondente. 
 
➢ Aqueduto cerebral: provocando dilatação do III 
ventrículo e dos ventrículos laterais, 
contrastando com o IV ventrículo, que 
permanece com dimensões normais. 
 
➢ Aberturas medianas e laterais do IV 
ventrículo: provocando dilatação de todo o 
sistema ventricular. 
 
➢ Incisura da tenda: impedindo a passagem do 
liquor do compartimento infratentorial para o 
supratentorial, provocando também dilatação 
de todo o sistema ventricular 
 
❖ Existem vários procedimentos cirúrgicos visando 
diminuir a pressão liquórica nas hidrocefalias. Pode-
se, por exemplo, drenar o liquor por meio de um 
cateter, ligando um dos ventrículos à cavidade 
peritoneal, nas chamadas derivações ventrículo-
peritoneais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIPERTENÇÃO CRANIANA 
 
• Um dos aspectos mais importantes da cavidade crânio-
vertebral e seu revestimento de dura-máter é o fato de 
ser uma cavidade completamente fechada, que não 
permite a expansão de seu conteúdo. 
 
• Desse modo, o aumento de volume de qualquer 
componente da cavidade craniana reflete-se sobre os 
demais, levando ao aumento da pressão intracraniana. 
 
• Tumores, hematomas e outros processos expansivos 
intracranianos comprimem não só as estruturas em sua 
vizinhança imediata, mas todas as estruturas da 
cavidade crânio-vertebral, determinando um quadro de 
hipertensão craniana com sintomas característicos, entre 
os quais se sobressai a cefaleia, podendo também 
ocorrer vômitos. 
• Pode haver também formação de hérnias de tecido 
nervoso. 
 
• Quando se comprimem no pescoço as veias jugulares 
internas que drenam o sangue do encéfalo, há estase 
sanguínea, com aumento da quantidade de sangue nos 
vasos cerebrais. 
 
• Isso resulta em imediato aumento da pressão 
intracraniana que se reflete na pressão liquórica, o que 
pode ser detectado medindo-se essa pressão durante 
uma punção lombar. 
 
 
 
• O fenômeno é utilizado para verificar se o espaço 
subaracnóideo da medula está obstruído, o que 
obviamente impede o aumento da pressão liquórica 
abaixo do nível da obstrução. 
 
• Leva à compressão do nervo óptico, por ser envolvido 
por um prolongamento do espaço subaracnóideo. 
 
• Isso causa obliteração da veia central da retina, a qual 
passa em seu interior, o que resulta em ingurgitamento 
das veias da retina, com edema da papila óptica 
(papiledema). 
 
• Essas modificações são facilmente detectadas no exame 
do fundo de olho, permitindo diagnosticar o quadro da 
hipertensão craniana e acompanhar sua evolução. 
 
 
HÉRNIAS INTRACRANIANAS 
 
• As pregas da dura-máter dividem a cavidade craniana 
em compartimentos separados por septos mais ou 
menos rígidos. 
 
• Processos expansivos, como tumores ou hematomas 
que se desenvolvem em um deles, aumentam a pressão 
dentro do compartimento, podendo causar a protrusão 
de tecido nervoso para o compartimento vizinho. 
 
• Assim, um tumor em um dos hemisférios cerebrais pode 
causar hérnias do giro do cíngulo, que se insinua entre a 
borda da foice do cérebro e o corpo caloso, fazendo 
protrusão para o lado oposto. 
 
• Entretanto, são mais importantes, pelas graves 
consequências que acarretam as hérnias do úncus e das 
tonsilas. 
 
• Hérnias do úncus 
 
❖ Nesse caso, um processo expansivo cerebral, 
determinando aumento de pressão no 
compartimento supratentorial, empurra o úncus, que 
faz protrusão através da incisura da tenda do 
cerebelo, comprimindo o mesencéfalo. 
 
❖ Inicialmente há compressão do nervo oculomotor na 
base do pedúnculo cerebral. 
 
❖ Ocorre dilatação da pupila do olho do mesmo lado 
da lesão com resposta lenta à luz, progredindo para 
dilatação completa, desvio lateral do olhar, com 
paralisia contralateral. 
 
 
❖ A sintomatologia mais característica e mais grave é 
a rápida perda da consciência, ou coma profundo 
por lesão das estruturas mesencefálicas, 
responsáveis pela ativação do córtex cerebral. 
 
• Hérnias das tonsilas 
 
❖ Um processo expansivo na fossa posterior, como 
um tumor em um dos hemisférios cerebelares, pode 
empurrar as tonsilas do cerebelo através do forame 
magno, produzindo hérnia de tonsila. 
 
❖ Nesse caso, há compressão do bulbo, levando 
geralmente à morte por lesão dos centros 
respiratório e vasomotor que nele se localizam. 
 
❖ O quadro pode ocorrer também quando se faz uma 
punção lombar em pacientes com hipertensão 
craniana. 
 
❖ Nesse caso, há súbita diminuição da pressão 
liquórica no espaço subaracnóideo espinhal, 
causando a penetração das tonsilas através do 
forame magno. 
 
❖ Não se deve, portanto, na suspeita de hipertensão 
intracraniana, realizar uma punção liquórica sem 
antes realizar o fundo de olho ou exame de imagem, 
em razão do risco de herniação do tecido nervoso. 
 
 
 
 
 
 
 
HEMATOMAS EXTRADURAIS E SUBDURAIS 
 
• Uma das complicações mais frequentes dos 
traumatismos cranianos são as rupturas de vasos que 
resultam em acúmulo de sangue nas meninges sob a 
forma de hematomas. 
 
 
• Assim, lesões das artérias meníngeas, ocorrendo 
durante fraturas de crânio, sobretudo da artéria 
meníngea média, resultam em acúmulo de sangue entre 
a dura-máter e os ossos do crânio, formando-se um 
hematoma extradural. 
 
• O hematoma cresce, separando a dura-máter do osso, e 
empurra o tecido nervoso para o lado oposto, levando à 
morte em poucas horas se o sangue em seu interior não 
for drenado. 
 
• Nos hematomas subdurais, o sangramento se dá no 
espaço subdural, geralmente em consequência da 
ruptura de uma veia cerebral no ponto em que ela entra 
no seio sagital superior. 
 
• São mais frequentes os casos em que o crescimento do 
hematoma é lento, e a sintomatologia aparece 
tardiamente. 
 
• No caso de hemorragias no espaço subaracnóideo, não 
se formam hematomas, uma vez que o sangue se 
espalha no liquor, podendo ser visualizado em uma 
punção lombar. 
 
• Ocorre nos casos de ruptura de vasos de malformações 
arteriovenosas ou de aneurismas cerebrais. O quadro 
clínico é agudo, com cefaleia muito intensa, podendo 
ocorrer alteração de consciência.

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